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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AMBIENTE E


TECNOLOGIAS

CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

PERCEÇÃO DOS IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS SOBRE OS


CUIDADOS RECEBIDOS: REVISÃO INTEGRATIVA DA
LITERATURA

DILMA ANDRADE VEIGA

ASSOMADA

2019
DILMA ANDRADE VEIGA

PERCEÇÃO DOS IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS SOBRE OS


CUIDADOS RECEBIDOS: REVISÃO INTEGRATIVA DA
LITERATURA

Projeto de conclusão de cursoMonografia


apresentado ao Departamento de Ciências da Saúde,
Aambiente e Tecnologias da Universidade de
Santiago, como parte dos requisitos para obtenção
do grau do licenciado em Enfermagem.
Orientadora: Profª. Cilliavini Afonso Varela

ASSOMADA
2019
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

INE- Instituto Nacional de Estatística


OMS- Organização Mundial da Saúde

TCC- Trabalho de Conclusão do Curso


1. INTRODUÇÃO
O presente documento representa o projeto do trabalho de conclusão de curso de
licenciatura em Enfermagem, a ser apresentado à Universidade de Santiago (US) como
um dos requisitos para obtenção do grau de licenciatura em Enfermagem. Este projeto
de pesquisa pretende abordar sobre a perceção dos idosos institucionalizados sobre os
cuidados recebidos.

Segundo a A Organização Mundial de Saúde (OMS, 2002) classifica


cronologicamente como idosos as pessoas com mais de 65 anos de idade em países
desenvolvidos e com mais de 60 anos em países em desenvolvimento.
Na visão de Creutzberg, Gonçalvez e Sobottka (2008), o processo de
institucionalização vem aumentando cada vez mais, envolvendo desde aspetos
demográficos como da saúde e também social, a instituição veio substituir os termos
usados antigamente como casa de abrigo, lares, e outros, pois ela é vista como um
sistema social e organizacional com fim de prestar auxílio aà pessoa idosa quando este
não possui condições básicas para cuidar de si mesma.
A instituição não só apresenta os benefícios mas também poderá apresentar
aspetos de ponto de vista negativos na qualidade de vida dos idosos por isso Vieira
(2004) comenta essa visão dualista dos efeitos da institucionalização, de um lado ela é
fruto para responder as necessidades da sociedade e do outro poderá levar a
despersonalização e a segregação dos idosos devido a fatores desumanizadoras do
mundo moderno.
A importância de estudar o tema se deve ao reconhecimento de que a
longevidade vem crescendo ao longo dos anos e, no futuro, com o aumento da
população idosa, haverá necessidade de ampliação da rede de apoio, principalmente de
instituições com estrutura que possibilite abrigar e cuidar desse contingente
populacional.
Segundo o INE, (2010) os resultados obtidos através do Recenseamento Geral da
População e Habitação em 2010 revelaram que a faixa etária dos 60 anos e mais,
denominada “População Idosa“, abarca um efetivo de 37.540 idosos (7,6% do total da
população residente). As mulheres idosas, comum efetivo de 22.543 indivíduos,
representam cerca de 9,1% da população feminina residente no país, enquanto os
homens idosos, com um efetivo de 14.997, representam apenas 6,2%, ou seja, do total
de mulheres residentes, 9 em cada 100 pertencem à faixa etária dos 60 e mais anos de
idade e para os homens apenas 6 em cada 100 pertencem a essa mesma faixa etária. 

Apesar de ter havido um crescimento do efetivo de idosos comparativamente ao


Censo 2000 em torno de 1,1% (0,1% de taxa de crescimento médio anual), o peso
relativo dessa faixa da população residente diminuiu 1 p.p., passando de 8,6% em 2000
para 7,6% em 2010. Essa redução deu-se no sexo masculino cujo efetivo decresceu
(1,8%) passando de 15.265 em 2000 para 14.997 indivíduos em 2010.
 Segundo Fabrício (2002) mostra que a institucionalização pode surgir como a
única saída para o amparo dos idosos, uma vez que, elas sofrem perdas e limitações
fisiológicas e/ou patológicas tornando-os incapazes de se autocuidarem.
Para Filho e Alencar (2000, p. 1), “cuidar bem do idoso requer amor, paciência,
habilidade e respeito à sua forma peculiar de ser e pensar; paciência com seu caminhar
lento, sua visão diminuída, sua memória que falha, e todas suas outras limitações, bem
como para com suas queixas, reclamações e carências. É preciso disposição para ouvir e
respeitar seus desejos, compreendendo-o como um ser dotado de direitos e autonomia”.
Segundo Tavares (2007,)Em relação a perceção dos idosos sobre os cuidados
recebidos nas instituições varia, alguns sentem tensão, angústia, desespero, insegurança,
e, quanto maior for o potencial para a perda desse vínculo, mais intensa e variadas serão
essas reações, podendo vir a prejudicar o indivíduo., (TAVARES, 2007). O que
contradiz com a
Uma pesquisa feita por Davim (2004) e demais pesquisadores, onde estes
afirmaram que, os idosos sentem-se bem nas instituições onde residem e afirmaram que
não desejariam sair do convívio asilar, justificando gostarem de morar no local Nesse
sentido, apesar de o ambiente institucional ser distante de um ambiente familiar, os
participantes do estudo o vêem como um lugar agradável e preferem viver ali a viverem
sozinhos.
Outros idosos relataram que, a instituição é hoje a sua casa e que os residentes
são sua família, por não haver outra opção. Contribuem para essa reflexão BASTIANI e
SANTOS (2000).
Estrutura do trabalho
1.1 PROBLEMÁTICA

Conforme a literatura percebe-se a importância que os idosos dão ao convívio


familiar para uma melhor qualidade de vida. De acordo com Espitia e Martins (2006),
nos últimos tempos o que vem contribuindo para ocorrer o oposto, é a dificuldade no
convívio entre gerações e a sociedade, pois diante da acelerada industrialização,
crescimento da família e de salários insuficientes para mantê-la, a classe trabalhadora
vê-se impossibilitada de abrigar seu familiar idoso. Por conseguinte, as instituições de
longa permanência constituem importantes opções de atendimento para receber esses
indivíduos. Mas para que os mesmos tenham um bom atendimento, é preciso que as
mesmas disponham de infraestrutura que correspondam às necessidades do idoso, que
nessa fase merece uma atenção especial.
É de consenso geral que as equipas de saúde apresentam um papel importante na
identificação, na denúncia e na prevenção dos maus-tratos a idosos, particularmente os
médicos e os enfermeiros, uma vez que estão em posição privilegiada para os
reconhecer. Contudo, pouco ainda se sabe acerca dos conhecimentos e compreensão dos
profissionais acerca deste problema, (Tonks e Bennett, 1999; Krug et al., 2002).
Assim, num estudo recente, desenvolvido na suécia por Almogue, Weiss,
Marcus e Beloosesky (2010) percebeu-se que existia um conhecimento reduzido por
parte destes profissionais acerca dos aspectos relacionados com os maus-tratos, sem
diferenças significativas entre profissionais que trabalhassem em hospitais gerais ou
geriátricos, nem em termos de anos de experiência profissional, nem mesmo quem
apresentava experiência na área geriátrica. Contudo, verificaram altos níveis de
conhecimento nos enfermeiros licenciados, quando comparados com aqueles que
obtiveram uma formação mais básica.
Helmes e Cuevas (2007), na Austrália, examinaram as perceções acerca dos
maus-tratos a idosos entre a população adulta, a população idosa e funcionários de
instituições hospitalares, através de um questionário em que se explora a gravidade de
vários cenários violentos. Os funcionários tendem a percecionar os cenários como
menos violentos que os restantes grupos. Dentro do grupo da população idosa, aqueles
que cuidam tendem também a ver estes cenários como menos abusivos.
Estes autores consideram que se torna evidente a necessidade de se
desenvolverem estratégias efetivas de avaliação, no sentido de possibilitar o aumento da
consciencialização de toda a população para esta problemática.
1.2 JUSTIFICATIVA
De acordo com Almeida (2012), a população idoso padece de perdas e
diminuição da capacidade funcional envolvendo a redução da força muscular, alterações
de marcha e alterações de equilíbrio estático está profundamente assinalada como um
fator de risco promotor para a ocorrência de quedas, surge assim a tal necessidade de
cuidados específicos a essas pessoas que padecem de muitas limitações.

Ainda Almeida (2008), refere que devido o alterações demográficas e sociais


levaram familiares a transferir os seus idosos para as instituições com objetivo de serem
cuidados de melhor forma possível uma vez que eles não conseguiam dar resposta as
necessidades que os idosos padeciam.

Nem todos os idosos demonstram satisfação com os cuidados que recebem nas
instituições. Assim sendo, para compreender melhor o dia-dia dessas pessoas, seus
medos, emoções, fragilidades, e a razão pelo qual uma pessoa idosa deixa sua casa para
viver num lar surge o tema.

Essa revisão bibliográfica poderá contribuir para os idosos institucionalizados


em forma de chamar a atenção para um repensar de políticas, programas e ações
destinados a um seguimento eficiente e eficaz de qualidade de vida, que devem ser
oferecidos para todo o conjunto da população idosa.

Acreditamos que este estudo possa contribuir para uma compreensão da


qualidade de vida dos idosos, visando a reflexão e a consciencialização necessária,
promovendo uma educação transformadora na construção do processo de cuidar e
educar em saúde.

Nessa perspetiva surge a necessidade de compreender os demais fatores a volta


do processo de envelhecimento, dando ênfase a satisfação com a vida nessa fase,
nomeadamente quando se fala dos cuidados que eles recebem nesses lugares.

Os idosos sentem-se muitas vezes abandonados, tristes, carentes e falta de


pequenas atividades como um simples passeio, convívio com os familiares e amigos, a
interação social que se encontra ausente quando estes se encontram nos lares.
1.3 PERGUNTA DE PARTIDA
Tendo em conta esta temática que trás grande constrangimento na nossa
sociedade, Born (2002) muitos idosos encaram o processo de institucionalização como
perda de liberdade, abandono pelos filhos, aproximação da morte, além da ansiedade
quanto a condição do tratamento pelos funcionários, levou a formular a seguinte
pergunta de partida:

O que diz as literaturas atuais sobre a perceção dos idosos institucionalizados


sobre os cuidados recebidos?

1.4 HIPOTESES
Segundo Prodanov e Freitas, (2013) As hipóteses constituem “respostas” supostas e
provisórias ao problema. A principal resposta é denominada hipótese básica, podendo
ser complementada por outras, que recebem a denominação de secundárias.
Tendo em conta a pergunta de partida surgiu a seguinte hipótese:

H1- Os idosos possuem uma perceção positiva em relação a sua


institucionalizaçãoestão satisfeito com os cuidados prestados pelas instituições.
H2- Para os idosos os cuidados recebidos são menos humanizadas.

1.5 OBJETIVOS

1.5.1 OBJETIVO GERAL


 Compreender a perceção dos idosos sobre os cuidados recebidos
nas instituições.

1.5.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS


 Verificar os estudos relacionado ao tema já realizados entre 2010 a
2018.
 Identificar as características das pessoas idosas que residem nas
instituições;
 Demonstrar a situação do idoso perante o processo de
institucionalização;
 Descrever os cuidados dos profissionais de saúde desenvolvidos
com as pessoas idosas nas instituições
2. Metodologia
Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, para identificação de produções
sobre a perceção de idosos institucionalizados sobre os cuidados recebidos, entre
2010 a 2019
Adotou se a revisao integrativa da literatura, pois ela contribui para organização e
análise de dados já produzidos sobre esse tema, possibilitando uma reflexão mais
aprofundada;
A revisão integrativa da literatura, para seguir o rigor metodológico, propõe os
seguintes passos, de acordo com (Ganong, 1997):
1) Seleção da pergunta de pesquisa;
2) Definição dos critérios de inclusão e exclusão de estudos e seleção da
amostra;
3) Representação dos estudos selecionados em formato de tabelas,
considerando todas as características em comum;
4) Análise crítica dos achados;
5) Interpretação dos resultados;
6) Reportar, de forma clara, a evidência encontrada.

Dessa forma, realizou-se busca dos dados no mês de Setembro de 2018, nas bases
Google Académico Scielo, Who.
Foram adotados os seguintes critérios para seleção dos artigos:
1) Artigo original, revisão de literatura, reflexão, atualização, relato de
experiência, estudos descritivos ou experimentais.
2) Artigos com resumos e textos completos disponíveis para análise.
3) Artigos publicados nos idiomas portugueses, inglês ou espanhol.
4) Período de publicação compreendido entre os anos 2010 e 2019.
5) Artigos que contivessem em seus títulos e/ou resumos os seguintes
descritores:.
Idosos institucionalizados, o processo da institucionalização, idosos
residentes em instituição de longa permanência, perceção sobre os cuidados que os
idosos recebem nas instituições.
O critério de exclusão dos artigos foram os estudos que não atendessem os
critérios de inclusão mencionados.
3. REFERENCIAL TEORICO
3.1 A pessoa idosa na sociedade

Quando o individuo chega na fase do envelhecimento, ele confronta com varias


barreiras tornando-se vitima de descriminação pela sociedade, quando ele entra na
reforma, isto é, para a vida inativa, ele é visto como inútil, incapaz e sem autonomia
para tomar certas decisões, mas também às vezes sendo ele ativo é alvo de estereótipos
discriminatório, visto como alguém que já esta no fim da vida e não tem futuro,
(BERZINS e WATANABE, 2005).
De fato, como confirma Goldman (2007), citado por Soriano et al. (2012), «há um
paradoxo salientado por motivos culturais que veneram o moderno, tudo o que é novo, a
juventude e desprezam tudo o que é antigo, assim como tudo o que é velho. Essa
adoração da sociedade pela juventude leva a que o idoso acabe por rejeitar a sua auto-
imagem e assumir como próprios, os valores da sociedade que o ostraciza. Dessa forma,
a marginalização do idoso acontece no contexto social, tornando-se muitas vezes,
assumida pelo próprio idoso que, como não consegue vencer as contrariedades naturais
do envelhecimento, deixa-se levar por modelos de estereótipos que os excluem da
sociedade».
4. CRONOGRAMA

O estudo sera realizado num periodo de 9 meses, com a previsão do início no mês
de Abril de 2019 e a apresentação do resultado no final do mês de janeiro do ano
2020, como ilustra o quadro abaixo:

Periodo Abr. Maio Jun. Jul. Agost Set. Out. Nov Dez. Jan.
. .
Preparação do
Projeto
Revisão
bibliográfica
Redação do
Projeto
Entrega do
Projeto
Defesa do
Projeto
5. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
Almeida, A. (2008) A Pessoa Idosa Institucionalizada em Lares: Aspetos e Contextos da
Qualidade de Vida. Porto: Universidade do Porto.
Almeida, A. (2012) Risco de quedas nas UCCI do Distrito de Viseu-estudo comparativo
escala de Morse e escala de Dawton. Viseu: Instituto Politécnico de Viseu.

Alcantara, E. G. e Hor-meyll, L. F, (2013). Asilados idosos de baixa renda: fatores de


insatisfação com o serviço sob as perspetivas dos pacientes e dos familiares.
Departamento de Administração.

Araujo, G. da S. et al, (2014). Qualidade de vida de idosos residentes na Vila Vicentina


de Bausu/SP. SALUSVITA, Bauru, v. 33, n.1, p.57-75.

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Curso de Serviço Social)- Centro de Ensino Superior do Ceará, Faculdade Cearense,
Fortaleza.

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