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O presente trabalho tem como fito analisar a importância das constelações familiares na

promoção de soluções consensuais de conflito, bem como explicitar os caminhos que devem ser
percorridos para consolidação do método. A concepção de acesso à justiça no Brasil se
amoldou, ao passar do tempo, com vistas à facilitação do acesso a uma demanda judicial.
Ocorre que, apenas o acesso facilitado a um processo não se mostrou suficiente a promover a
satisfação popular em relação à solução dos conflitos. Percebeu-se que não era um processo que
se buscava, mas uma resposta adequada. Em assim sendo, novas vias de se resolver conflitos
consensualmente foram se solidificando, sendo esses caminhos abertos pela Resolução Nº 125
de 2010 do Conselho Nacional de Justiça - CNJ, que incentiva as resoluções de controvérsias
entre particulares da forma que se mostrar mais adequada. A constelação familiar é uma técnica
alemã desenvolvida pelo psicoterapeuta Bert Hellinger e consiste na utilização de meios
característicos da psicoterapia para resolver as causas de origem familiar trazidas ao judiciário.
Vem sendo aplicada no Brasil desde 2012 e tem o objetivo de equilibrar as relações familiares.
As sessões proporcionam aos envolvidos uma forma de ilustrar e analisar os fatores que levaram
ao nascedouro do conflito. Em suma, é feita uma interligação entre as relações familiares, pondo
em voga que os problemas que se discutem ali são oriundos da hereditariedade. Um método que
se utiliza de técnicas que envolvem psicologia e espiritualidade.

Pelo caminho percorrido, pôde-se notar que as constelações familiares têm se mostrado um
método próspero na busca pelo real acesso à justiça no Brasil. No entanto, resta evidenciado que
só haverá avanço concreto na afirmação do método, havendo esforços concernentes à precisão
dos dados quanto à eficácia da mesma. Segundo dados de 2017 do CNJ, no Tribunal de Justiça
do Rio de Janeiro, foi de 80% o índice de acordos em pesquisa realizada em 300 sessões do
método. Dados de 2016 do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de
Conflitos – NUPEMEC do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) firmaram que o índice de
solução de conflitos com a técnica foi de 94%. Os resultados, de imediato, dessa técnica são
bons demonstrativos de efetividade. Contudo, o que pode obstar a consolidação desse método é
a carência de dados a respeito da eficácia a médio e longo prazo. Não basta a informação de que
resultaram em acordo logo após a realização dos mesmos. É preciso saber se as questões
levadas à resolução naquela oportunidade foram encerradas, ou se há retorno com a mesma
problemática ao judiciário.

Posto isso, faz-se imprescindível firmar que, visando que este novo instituto das constelações
familiares caminhe para a consolidação, como ocorreu com a mediação, por exemplo, é vital
que existam ações a permitir o aclaramento dos benefícios do mesmo. Em primeira análise,
devem ser feitos pelos NUPEMECs dos Tribunais que já aplicam esse método consensual,
esforços no sentido de realizar um acompanhamento das causas que passam pela técnica das
constelações familiares para que os dados de efetividade sejam precisos, possibilitando estudos
mais minuciosos a respeito dos efeitos da técnica. A solução consensual de conflitos é uma das
longa manus do princípio constitucional do acesso à justiça, “o mais básico dos direitos
humanos” segundo Cappelletti e Garth (1998, p.12). A constelação familiar, como medida
tendente a resguardar os direito à celeridade, duração razoável do processo e, principalmente, a
uma ordem jurídica justa, merece ser trazida a debate e para possibilitar a afirmação a afirmação
desse método aliado da finalidade-mor do Direito: pacificação social.

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