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Direito Digital
25/07/2019
04/01/2019
ISSN – 1518-0360
PALAVRAS-CHAVE:
Abstract: Digital Law is the fusion between Legal Science and Computer Science and
aims, through its norms, to regulate the relations between law and technology. Based
on the analysis of social evolutions it is evident that the Digital Law has been
marginalized by the legal community, since the law did not follow the advances of the
society. In this sense, the present study tries to address the blocking of WhatsApp in the
national territory by judicial means, as a way to highlight the little importance given by
students and legal professionals to Digital Law, which can lead to mistaken decisions
that harm society.
KEYWORDS:
Para uma melhor compreensão deste trabalho é necessário conceituar Direito Digital e
tornar evidente a sua importância. Segundo Marcelo Camilo de Tavares Alves, “O
Direito Digital é o resultado da relação entre a ciência do Direito e a Ciência da
Computação sempre empregando novas tecnologias. Trata-se do conjunto de normas,
aplicações, conhecimentos e relações jurídicas, oriundas do universo digital. (ALVES,
2009) ”. Com o avanço tecnológico surge a necessidade de regular a relação entre o
homem e a tecnologia, e o Direito Digital nasce com tal intuito. Não é fácil acompanhar
o avanço da sociedade, porém o especialista do Direito precisa manter-se atualizado no
que tange o Direito Digital, uma vez que esse novo ramo está cada vez mais arraigado
na sociedade.
Este artigo tem por objetivo analisar a inobservância do poder judiciário acerca do
direito digital, levando em consideração a seguinte problemática: Qual medida deve ser
tomada para sanar a ausência de conhecimento sobre direito digital da magistratura
brasileira?Demonstrado através das sentenças incoerentes no que tange ao bloqueio do
aplicativo de mensagens instantâneas WhatsApp, bem como os transtornos e prejuízos
causados por um despacho errôneo e inconsequente.
A pesquisa terá como método de abordagem o método dedutivo, uma vez que
partirá de uma situação geral para o específico, ou seja, observará primeiramente que
julgamentos incorretos quanto ao direito digital ilustram a falta de conhecimentos do
corpo de magistrados, em seguida mostrará os veredictos dos juízes como exemplo de
insipiência da matéria citada chegando à iminente conclusão de que tais veredictos
exibem a imperícia dos aplicadores da lei.
Para a realização da pesquisa serão adotados como critérios de inclusão estudos que
relatam sobre o bloqueio do WhatsApp e a importância de se estudar o direito digital.
Serão excluídos estudos publicados em idioma diferente do português. Segundo
Marconi e Lakatos (1992), a pesquisa bibliográfica é o levantamento de toda a
bibliografia já publicada, em forma de livros, revistas, publicações avulsas e imprensa
escrita. A sua finalidade é fazer com que o pesquisador entre em contato direto com
todo o material escrito sobre um determinado assunto, auxiliando o cientista na análise
de suas pesquisas ou na manipulação de suas informações. Ela pode ser considerada
como o primeiro passo de toda a pesquisa científica.
A proteção dos dados pessoais e a privacidade dos usuários são garantias estabelecidas
por essa Lei. Afinal, o Marco Civil da Internet estabelece que os dados são seus, não de
terceiros. O Marco Civil garante também a privacidade de comunicações. O conteúdo
das comunicações privadas em meios eletrônicos passou a ter a mesma proteção de
privacidade que já estava garantida nos meios de comunicação tradicionais, como
cartas, conversas telefônicas, etc.
A constante atualização desses profissionais é crucial para a aplicação da lei, pois o seu
despreparo pode trazer inúmeras consequências negativas, como o acúmulo de conflitos
sem solução ou com resolução inadequada (relembremos os casos de bloqueio do
WhatsApp), haja vista a ausência de normatização desses assuntos por parte do Estado
que, por sua vez gera insegurança jurídica; desprestígio do judiciário e o sentimento de
injustiça na sociedade.
“O Direito Digital já se tornou uma disciplina essencial para qualquer gestor, seja
público ou privado. É inovador e estratégico. Sua dimensão é multidisciplinar e
transversal, com muitas fontes de Direito Comparado, o que exige estudo e atualização
contínua. Por isso, todo profissional, seja de área jurídica, técnica ou administrativa,
deve acompanhar sua evolução. ” (FONTES, 2016).
Quando os profissionais da área não estão aptos a lidar com o Direito Digital acontece o
que vimos ocorrer em relação ao WhatsApp. Reconhecendo-se a supremacia da Carta
Magna e a importância das cláusulas pétreas no nosso ordenamento jurídico, fica
explícito através das quatro decisões judiciais vistas anteriormente que o magistrado não
dá a devida atenção ao Direito Digital, afrontando o sistema jurídico, quando
desrespeita o art. 5°, X da Constituição Federal, que garante a inviolabilidade à vida
privada. (BRASIL, 1988).
Essa negligência com o Direito Digital pode causar transtornos para a população. É
desproporcional o fato de uma investigação policial sobre tráfico de drogas em uma
pequena cidade de 100 mil habitantes afetar diretamente a vida de 100 milhões de
brasileiros. “A decisão (de bloquear o WhatsApp) foi um pouco desproporcional do
ponto de vista jurídico, porque prejudicou pessoas que nada tinham a ver com a questão
– no caso, os usuários do aplicativo no Brasil”, afirma o desembargador Raimundo
Nonato da Costa Alencar, do Tribunal de Justiça do Piauí (ALENCAR, 2015). É claro
que os motivos que levaram os juízes a essas decisões são compreensíveis, mas o art. 12
do Marco Civil prevê sanções menos danosas e mais coerentes, como advertências,
multa e em último caso a suspensão do aplicativo. “O Marco Civil prevê mecanismos
menos graves, como elevar a multa ou entrar com uma ação por obstrução da Justiça,
que afetem menos a coletividade”, afirma Carlos Affonso Souza, diretor do Instituto de
Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS-Rio) e professor de Direito da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (SOUZA, 2015). A advogada especialista em
Direito Digital, Patrícia Peck Pinheiro, sobre as decisões judiciais afirma que “O
entendimento do Ministério Público é de que a punição deve ser proporcional, ou seja,
deve proteger uma pessoa em um determinado caso, mas não pode gerar um dano
coletivo.”(PINHEIRO, 2015).
O jurista deve sempre se manter atualizado, pois não se pode aplicar leis, conceitos e
princípios tradicionais em todas as situações do Direito, é válido ressaltar a estreita
ligação entre o Direito Digital e o Direito do Consumidor. Aplicar a Lei 8.078/90
(Código de Defesa do Consumidor) nos casos de comércio eletrônico seria um
retrocesso na história das ciências jurídicas. Em seu art. 49, parágrafo único, o CDC
declara que “O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua
assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de
fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial,
especialmente por telefone ou a domicílio. ” (Código de Defesa do Consumidor, 1990).
Nota-se o enfoque na compra de produtos por meio do telefone e nenhuma referência a
aquisição por meio da internet, a prova disso está no artigo 1°, I, da Lei n° 7.962/13 que
procura garantir o respeito ao direito de arrependimento do consumidor.
O Direito Digital também é muito significativo e primordial nas relações entre internet e
tributação, para regular impostos sobre transações online; internet e Constituição, a fim
de analisar a questão da privacidade quanto ao monitoramento de e-mails; no âmbito
Civil, em razão da usual ação de danos morais contra difamações na web; e em muitos
outros assuntos regulados pelo Direito. Tais situações comprovam a substancialidade do
Direito Digital como disciplina obrigatória no ensino superior brasileiro.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O direito digital surge na gama jurídica com o intuito de solucionar os dilemas advindos
do contínuo avanço tecnológico viabilizado pela globalização, daí a importância de
fazer com que esse ramo ganhe cada vez mais destaque nos cursos de direito. Sua
valorização é de fundamental importância se quisermos nos ater ao meio tecnológico
que não cessa de se inovar e consequentemente gerar questões que carecem de respaldo
jurídico.
Ele se faz presente em todos as áreas jurídicas: no Processo Civil e Penal, com o
Processo Judicial Eletrônico, Direito Penal, com crimes digitais próprios e impróprios;
no Direito do Consumidor, regulamentando compras online, as famosas propagandas
enganosas, entre outros. Também está nos direitos autorais, tratando da pirataria por
exemplo, tributário (como tributar serviços prestados pela Internet e trabalhista (horas
extras, entre outros). Menosprezar e reduzir o Direito Digital à submisso de outros
ramos das Ciências Jurídicas é um retrocesso em contrapartida ao avanço.
REFERÊNCIAS
LOSANO, Mário. A Informática Jurídica 20 anos depois. Revista dos Tribunais, n. 715,
maio de 1995, pp. 350-367.