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Data: ​28/04/2020 - 17h

Tema:​ Pense simples e faça acontecer


Palestrantes:​ Aloísio Sotero (Co-fundador da Wine), Gustavo Caetano (CEO da
Sambatech) e Igor Lopes (Sócio e Diretor de Conteúdo da TD)

Enxergando oportunidades com pensamento simples

Gustavo Caetano começa contando que a Sambatech justamente surgiu a partir de uma
demanda de mercado. Mesmo sem formação em tecnologia, ele entrou de cabeça nesse
mundo, por conta da demanda. Começando com jogos de celular, ele viu oportunidades de
levar o negócio a outras frentes, reinventando o negócio. ​"Aconteceu aquela reinvenção
obrigatória"​, conta. Isso porque, à medida que a conexão de internet foi ganhando mais
velocidade pelo celular, a demanda por vídeos mobile cresceu, e Gustavo surfou nessa
onda. Ele teve a ideia de criar uma plataforma de vídeos para emissoras de TV se
digitalizarem na internet, antes mesmo de o YouTube existir! ​"Nosso cérebro se acostuma
com o mais fácil, mas nem sempre o mais fácil é o melhor"​.

Aloísio Sotero conta sua experiência na criação da Wine, um serviço de envio de vinhos
pela internet. Ele já dava aulas numa proto-internet desde a época da BBS, então ele
evoluiu seu pensamento de negócios junto à evolução da internet. ​"É importante você ter
a capacidade de olhar e perguntar 'por que não?'"​. O que é pensar simples? "É tirar os
excessos", diz, citando como exemplo a simplicidade dos primeiros produtos de sucesso da
Apple, com o olhar visionário de Steve Jobs.

Exemplo atual de pensar simples em meio a uma crise: a revolução dos feirantes vendendo
pelo WhatsApp. Com as feiras vazias ou até mesmo sem acontecer na pandemia, os
feirantes não deixam de vender, mas também não complicam a coisa, de repente
inventando apps mirabolantes para vender: eles vendem diretamente pelo WhatsApp, se
divulgando nas redes sociais e contando com o boca-a-boca virtual. ​"O momento atual é
para fazer acontecer com menos coisas"​, diz.

"O seu negócio se movimenta pelos dedos? Eu consigo fazer meu negócio acontecer
na ponta dos dedos? Então ele já pode ficar digital!"​, reflete. ​"O momento não é para
exageros tecnológicos, é para se fazer do jeito mais simples possível"​.

Como começar agora na crise

Para começar, Aloísio recomenda descobrir como entregar o seu produto. Costureiras, por
exemplo, estão ganhando dinheiro produzindo máscaras faciais estilizadas das mais
diversas formas. É uma forma de entregar sua especialidade aproveitando o momento da
crise de maneira simples, sem complicar a coisa toda.

E para quem não tem uma base de clientes, quem precisa criar uma base digital, o
pensamento simples também entra em cena. ​"Comece com seus amigos e familiares,
divulgue-se pelo Instagram, WhatsApp, grupos no Facebook"​, recomenda. Assim, os
clientes vão aparecendo gradualmente.

"É preciso descomplicar os meios digitais. O que você publica em uma rede social,
não é a mesma coisa que você publica em outra. O meio é a mensagem"​, diz. Saiba
aproveitar o perfil de cada plataforma a seu favor, sem complicar.

Gustavo concorda, e reforça: ​"No final das contas, a gente tem que entender qual é o
problema que queremos resolver"​. Ele cita a pandemia como o pior momento enfrentado
na história recente, porém a pandemia aconteceu no melhor momento tecnologicamente
falando. A tecnologia fornece meios de não apenas sobreviver, como de também crescer na
crise. Porém, neste momento,​ "todo mundo precisa virar produtor de conteúdo, acabou
aquele marketing de intromissão, porque o marketing moderno é o marketing de
conteúdo, você atrai as pessoas por meio da produção de conteúdo"​. E, claro, fazer
tudo isso de um jeito simples: simplificar a mensagem, simplificar a comunicação. Menos é
mais!

Ainda, ​"quanto mais focado, mais valor você vai ter​", diz Gustavo, citando a Wine como
case de sucesso ao escolher um único produto com público-alvo específico onde focar.
Aloísio continua: ​"vá aonde sua audiência está"​. E mais: ​"tudo no momento é serviço;
seja um servo a seu cliente, faça o que ele não sabe fazer"​.

E não deixe de se anunciar! Divulgue-se, foque na sua história, nos seus diferenciais,
enquanto negócio, enquanto pessoa. ​Tudo é marketing​, tudo pode se reverter em vendas.
E pense simples aqui também: dá para se anunciar e se divulgar sem gastar nada, se for o
caso, mandando recados que levantem a sua bola no WhatsApp, por exemplo. As pessoas
podem encaminhar aquela mensagem a seus contatos, que vão encaminhar para outros, e
isso vira uma corrente espontânea de divulgação. ​"Com o digital, você consegue chegar
a mais pessoas"​, diz Gustavo.

Tecnologia a seu favor

Aloísio levanta que a internet está em sua fase mais promissora, com possibilidades
surgindo a todo instante. Ao mesmo tempo, permite soluções cada vez mais simples, se a
pessoa tiver essa visão.
Gustavo ainda adiciona: ​"quando falamos em inovação, muitas vezes isso é justamente
pegar o negócio e torná-lo mais simples"​, e a tecnologia tem papel fundamental nessa
simplificação.

E como migrar do 100% analógico para o digital, quando você é uma pessoa que não
entende nada de tecnologia? Na verdade, qualquer pessoa hoje já é digital mesmo sem
saber. Todo mundo tem um celular, um WhatsApp, assiste a vídeos no YouTube, tem login
no Google. Aloísio volta ao ponto de que basta começar a divulgar seu negócio no
WhatsApp para sua rede de contatos próximos, para a coisa começar a se espalhar e
crescer. É possível criar grupos no WhatsApp, e os membros vão se convidando.

Além disso, existem links de pagamento: qualquer um, mesmo pessoas físicas, podem criar
links de pagamento em plataformas de transações digitais para vender online sem ter uma
loja virtual. O produto ou serviço é oferecido, o vendedor oferece o link, o comprador paga
por meio do link, com a segurança da plataforma por trás, e o vendedor recebe o dinheiro
em sua conta. Sem ter conhecimento algum de e-commerce para isso.

Gustavo fala também que é importante a pessoa não criar uma crença limitante de que "não
entendo nada de tecnologia". Isso se torna um bloqueio, e se a pessoa simplificar sua linha
de pensamento, vai descobrir que entende alguma coisa de internet, sim — o suficiente
para levar seu negócio ou começar um novo negócio online.

E sem medo de errar:​ "todo mundo tem um plano, até tomar um soco na cara"​.
Tentativa e erro rende muitos aprendizados. ​"Não tenha medo de errar. Tenha medo de
não ter tempo de reparar seus erros"​, recomenda Aloísio. E, claro, aprender com seus
erros é o que vai te dar conhecimentos para, na próxima vez, acertar.

Inovação em tempos de crise

Gustavo também recomenda sempre buscar referências em outros negócios do mercado.


Pensar no que os demais fazem de melhor e buscar insights de como trazer aquelas ideias
para o seu negócio — não é copiar, é se inspirar no sucesso alheio. ​"Muitas das grandes
inovações vieram em épocas de guerra, em momentos de crise… radar, GPS… várias
coisas se aceleraram nessas épocas, porque havia a necessidade. Ou se cria
inovações nesses momentos, ou a tragédia é certa".

E pensamento simples aqui: ​"mais importante do que ficar preso ao pensamento da


tecnologia, é pensar em solucionar problemas do momento"​. A tecnologia surge como
ferramenta para proporcionar a implementação e a oferta desta solução.

Aloísio lembra, ainda, que ​"a mente é preguiçosa, então se você entrar no atoleiro de
sua mente, você não vai sair do lugar"​. Por isso, é preciso sair da zona de conforto e
também controlar as barreiras mentais que te impedem de se mover. Ter muitas ideias para
selecionar as que realmente valem a pena é um exercício indicado por ele. ​"Não tenha
medo de suas ideias, elas são suas amigas"​.

"Quando você pensa, experimenta, executa… depois você descobre que aquilo não
era tão complicado assim, que sentiu medo à toa"​, Gustavo diz, ao citar exemplos de
quem tinha medo de começar a vender pela internet antes de se jogar no mundo digital e,
pensando simples, viu a coisa dar tão certo que as vendas aumentaram muito mais do que
poderiam crescer fora do digital.

A Sympla, por exemplo, é uma empresa que, para não se impactar tanto com a falta de
eventos ao vivo, está criando um marketplaces de eventos online. Novamente, é preciso
pensar em qual o problema você pretende resolver, para depois decidir qual o canal usado
para levar essa solução ao público.

Proximidade com o cliente é importante

No fim das contas, a conclusão deste ponto da conversa é a de que ​"todo mundo quer
voltar aos tempos da cidade pequena, do comércio de bairro, em que o lojista sabia o
nome de todos os seus clientes, conhecia suas famílias, seus gostos, suas
necessidades"​. E Aloísio lembra que, com a pandemia global, no Reino Unido até mesmo
a finada atividade do leiteiro, entregando leite na porta de casa, voltou à ativa.

Agora, falando do mundo virtual… Exemplo: o mercado de eventos. Muitos eventos online
rolando, já que não se pode mais fazer no mundo presencial. Pense em como gerar
relacionamento com sua base de fãs e clientes por meio desses eventos, em como vender
experiências agregadas aos eventos. As lives de shows, por exemplo, são gratuitas. Como
vender em cima disso e criar relacionamento? Que tal pensar em uma parceria com a
banda, vendendo kits de bebidas para se preparar em casa para o público assistir à live
enquanto curte uns drinks — como se estivessem mesmo naquele show ao vivo? E se
você, por exemplo, enviar os drinks com um tutorial para o cliente preparar a bebida como
se fosse um bartender de verdade, ele ficará tão agradecido que lembrará do seu serviço no
próximo show que assistirá pela internet. Onde entra o relacionamento? Manter essa base
de clientes conectada em canais como o WhatsApp, por exemplo, que é extremamente
popular, usado por quase todos os brasileiros que têm um celular. ​Manter o diálogo com
seus clientes​, perguntar se eles gostaram da bebida, se tiveram dificuldade para
prepará-la, prestar aquele atendimento cuidadoso… isso é venda com experiência
agregada e relacionamento estreitado — usando a tecnologia para permitir tudo isso, de
maneira simples!

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