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DISCIPLINA: ENFERMAGEM PROFESSOR: MARCIUS

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Data: 29/06/2017

“ Na vida, a vitória só é alcançada por aqueles que não ficam


imobilizados pelo medo da derrota.”

Anatomia do Sistema Gastrointestinal


O trato GI é um trajeto com 7 a 7,9 m de comprimento que se estende desde a boca,
passando pelo esôfago, estômago, intestinos delgado e grosso e reto até a estrutura
terminal, o ânus. O esôfago está localizado no mediastino, anteriormente à coluna
vertebral e posteriormente à traqueia e ao coração. Esse tubo muscular oco, de
aproximadamente 25 cm de comprimento, atravessa o diafragma em uma abertura
chamada de hiato diafragmático.
A porção restante do trato GI está localizada dentro da cavidade peritoneal. O
estômago está situado na porção superior esquerda do abdome, debaixo do lobo
esquerdo do fígado e do diafragma, sobrepondo-se à maior parte do pâncreas. O
estômago é um órgão muscular oco com uma capacidade de aproximadamente 1.500
ml, que armazena o alimento durante a refeição, secreta líquidos digestivos e impulsiona
o alimento parcialmente digerido, ou quimo, para dentro do intestino delgado. A junção
gastresofágica é a entrada do estômago. O estômago tem quatro regiões anatômicas: a
cárdia (entrada), o fundo, o corpo e o piloro (saída). O músculo liso circular na parede
do piloro forma o esfíncter pilórico e controla a abertura entre o estômago e o intestino
delgado.
O intestino delgado é o segmento mais longo do trato GI, representando cerca de 66%
do comprimento total. Dobra-se para trás e para diante sobre si mesmo, proporcionando
aproximadamente 7.000 cm (70 m) de área de superfície para secreção e absorção - o
processo pelo qual os nutrientes entram na corrente sanguínea através das paredes
intestinais. Ele é dividido em três partes: a parte mais proximal é o duodeno, a parte
média é o jejuno e a parte distaI é o íleo. O íleo termina na válvula ileocecal. Essa
válvula ou esfíncter controla o fluxo de material digerido a partir do íleo para dentro da
porção cecal do intestino grosso e impede o refluxo de bactérias para dentro do intestino
delgado. Acoplado ao ceco está o apêndice vermiforme, que possui pouca ou nenhuma
função fisiológica. Desembocando no duodeno pela ampola de Vater, está o dueto biliar
comum, que permite a passagem da bile e das secreções biliares.
O intestino grosso consiste em um segmento ascendente no lado direito do abdome,
um segmento transverso que se estende da direita para a esquerda na porção superior do
ab- dome, e um segmento descendente no lado esquerdo do abdome. O cólon sigmoide,
o reto e o ânus completam a porção terminal do intestino grosso. Uma rede de músculo
estriado, que forma tanto o esfíncter anal interno quanto o externo, regula a saída anal.
O trato GI recebe sangue das artérias que se originam ao longo de toda a extensão da
aorta torácica e abdominal e de veias que retomam o sangue dos órgãos digestivos e do
baço. Esse sistema venoso portal é composto de cinco grandes veias: a veia mesentérica
superior, mesentérica inferior, gástrica, esplênica e cística e, mais adiante, formam a
veia porta que penetra no fígado. Uma vez no fígado, o sangue é distribuído por todo o
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órgão e coletado nas veias que então terminam na veia cava inferior. De particular
importância são a artéria gástrica e as artérias mesentéricas superior e inferior. O
oxigênio e os nutrientes são supridos ao estômago pela artéria gástrica e ao intestino
pelas artérias mesentéricas. O sangue venoso retoma do intestino delgado, ceco e
segmentos ascendente e transverso do cólon pela veia mesentérica superior, o que
corresponde à distribuição dos ramos da artéria mesentérica superior. O fluxo
sanguíneo para o trato GI é cerca de 20% do débito cardíaco total e aumenta
significativamente após a alimentação.
Tanto a porção simpática quanto a parassimpática do sistema nervoso autônomo
inervam o trato GI. Em geral, os nervos simpáticos exercem um efeito inibidor sobre o
trato GI, diminuindo a secreção e a motilidade gástricas e provocando a constrição dos
esfíncteres e dos vasos sanguíneos. A estimulação nervosa parassimpática causa a
peristalse e aumenta as atividades secretoras. Os esfíncteres relaxam-se sob a influência
da estimulação parassimpática, exceto o esfíncter da porção superior do esôfago e o
esfíncter anal externo, que estão sob controle involuntário.

Função do Sistema Digestivo


Todas as células do corpo precisam de nutrientes. Esses nutrientes derivam da ingestão
de alimentos que contenham proteínas, gorduras, carboidratos, vitaminas, minerais e
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fibras de celulose e outras matérias vegetais, algumas das quais não têm valor
nutricional. As funções principais do trato GI são as seguintes:
A clivagem das partículas de alimento na forma molecular para a digestão.
A absorção de pequenas moléculas de nutrientes produzidas pela digestão para dentro
da corrente sanguínea.
A eliminação de alimentos não absorvidos e não digeridos e de outros produtos
residuais.
Após o alimento ser ingerido, ele é impulsionado através do trato GI, entrando em
contato com uma ampla variedade de secreções que auxiliam em sua digestão, absorção
ou eliminação do trato GI.
Mastigação e Deglutição
O processo da digestão começa com o ato da mastigação, quando então o alimento é
fracionado em partículas pequenas que podem ser deglutidas e misturadas com enzimas
digestivas. A alimentação - ou mesmo a visão, olfato ou sabor do alimento, - pode
provocar a salivação reflexa. Aproximadamente 1,5l de saliva é secretado diariamente
pelas glândulas parótida, submaxilares e sublinguais. A ptialina, ou amilase salivar, é
uma enzima que começa a digestão de amidos. A água e o muco, também contidos na
saliva, ajudam a lubrificar o alimento quando ele é mastigado, facilitando, com isso, a
deglutição.
A deglutição começa com um ato voluntário que é regulado pelo centro da deglutição
na medula oblonga do sistema nervoso central (SNC). Quando um bolo de alimento é
deglutido, a epiglote move-se para cobrir a abertura traqueal e evitar a aspiração de
alimento para dentro dos pulmões. A deglutição, que impulsiona o bolo alimentar para
dentro da parte superior do esôfago, termina então como uma ação reflexa. O músculo
liso na parede do esôfago contrai-se em uma sequência rítmica a partir da porção
superior do esôfago, no sentido do estômago, para impulsionar o bolo alimentar ao
longo do trato. Durante esse processo de peristalse esofágica, o esfíncter esofágico
inferior relaxa e permite que o bolo alimentar entre no estômago. Em seguida, o
esfíncter esofágico inferior se fecha firmemente para evitar o refluxo do conteúdo
gástrico para dentro do esôfago.

Função Gástrica
O estômago, que armazena e mistura o alimento com as secreções, secreta um líquido
altamente ácido em resposta à presença ou à ingestão antecipada do alimento. Esse
líquido, que pode totalizar 2,4 l/dia, pode ter um pH baixo, de até 1, e deriva sua acidez
do ácido clorídrico (HCl) secretado pelas glândulas do estômago. A função dessa
secreção gástrica é dupla: clivar o alimento em componentes mais absorvíveis e ajudar
na destruição da maioria das bactérias ingeridas. A pepsina, uma enzima importante
para a digestão da proteína, é o produto final da conversão do pepsinogênio a partir das
células principais. O fator intrínseco, também secretado pela mucosa gástrica, combina-
se com a vitamina B12 da dieta, de modo que a vitamina possa ser absorvida no íleo. Na
ausência do fator intrínseco, a vitamina B12 não pode ser absorvida, provocando a
anemia perniciosa.
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As contrações peristálticas no estômago impulsionam o conteúdo gástrico na direção


do piloro. Como as grandes partículas de alimento não podem atravessar o esfíncter
pilórico, elas são devolvidas para o corpo do estômago. Dessa maneira, o alimento no
estômago é agitado mecanicamente e clivado em partículas menores. O alimento
permanece no estômago urante um intervalo de tempo variável, de 30 min até várias
horas, dependendo do volume, pressão osmótica e composição química do conteúdo
gástrico. A peristalse no estômago e as contrações do esfíncter pilórico permitem que o
alimento parcialmente digerido entre no intestino delgado em uma velocidade que
possibilite a absorção eficiente dos nutrientes. Esse alimento parcialmente digerido
misturado com secreções gástricas é chamado de quimo. Hormônios, neurorreguladores
e reguladores locais encontrados nas secreções gástricas controlam a velocidade das
secreções gástricas e influenciam a motilidade gástrica.
Função do Intestino Delgado
O processo digestivo continua no duodeno. As secreções duodenais originam-se dos
órgãos digestivos acessórios - pâncreas, fígado e vesícula biliar - e das glândulas na
parede do próprio intestino. Essas secreções contêm enzimas digestivas: amilase, lipase
e bile. As secreções pancreáticas têm um pH alcalino devido à sua elevada concentração
de bicarbonato. Essa alcalinidade neutraliza o ácido que penetra no duodeno a partir do
estômago. As enzimas digestivas secretadas pelo pâncreas incluem a tripsina, que ajuda
na digestão da proteína; a amilase, que ajuda na digestão do amido; e a lipase, que
auxilia na digestão dos lipídios. Essas secreções drenam para dentro do dueto
pancreático, que desemboca no dueto biliar comum na ampola de Vater. A bile,
secretada pelo fígado e armazenada na vesícula biliar, auxilia na emulsificação das
gorduras ingeridas, facilitando sua digestão e absorção. O esfíncter de Oddi, encontrado
na confluência do dueto biliar comu com o duodeno, controla o fluxo da bile.

Os hormônios, neurorreguladores e reguladores locais encontrados nessas secreções


intestinais controlam a velocidade das secreções intestinais e também influenciam na
motilidade GI. As secreções intestinais totalizam aproximadamente 1 l/dia de suco
pancreático, 0,5 l/dia de bile e 3 l/dia de secreções a partir das glândulas do intestino
delgado. As tabelas abaixo fornecem informações adicionais sobre as ações das enzimas
digestivas e substâncias reguladoras GI.

Dois tipos de contrações ocorrem regularmente no intestino delgado: as contrações de segmentação e a


peristalse intestinal. As contrações de segmentação produzem as ondas de mistura que movem o conteúdo
intestinal para frente e para trás em um movimento de trituração. A peristalse intestinal impulsiona o conteúdo
do intestino delgado no sentido do cólon. Ambos os movimentos são estimulados pela presença do quimo.

O alimento, ingerido na forma de gordura, proteínas e carboidratos, é clivado em partículas absorvíveis


(nutrientes constituintes) pelo processo da digestão. Os carboidratos são clivados em dissacarídios (p. ex.,
sacarose, maltose e galactose) e monossacarídios (p. ex., glicose, frutose). A glicose é o principal carboidrato
que as células teciduais utilizam como combustível. As proteínas são uma fonte de energia depois de
fracionadas em aminoácidos e peptídios. Os lipídios ingeridos transformam-se em monoglicerídios e ácidos
graxos através do processo de emulsificação, que os tornam menores e de absorção mais fácil. O quimo
permanece no intestino delgado por 3 a 6 h, permitindo a clivagem e absorção continuadas dos nutrientes.

Pequenas projeções digitiformes, chamadas vilosidades, estão presentes por todo o intestino e funcionam para
produzir as enzimas digestivas, bem como para absorver nutrientes. A absorção é a função principal do
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intestino delgado. As vitaminas e os minerais são absorvidos essencialmente inalterados. A absorção começa no
jejuno e é realizada pelo transporte ativo e por difusão através da parede intestinal para dentro da circulação. Os
nutrientes são absorvidos em localizações específicas no intestino delgado e no duodeno, enquanto as gorduras,
proteínas, carboidratos, sódio e cloreto são absorvidos no jejuno. A vitamina B12 e os sais biliares são absor-
vidos no íleo. O magnésio, fosfato e potássio são absorvidos por todo o intestino delgado.

Função Colônica

Dentro de 4 h após a alimentação, o material residual passa para dentro do íleo terminal e, lentamente, para
dentro da porção proximal do cólon direito através da válvula ileocecal. A cada onda peristáltica do intestino
delgado, a válvula se abre por um breve período e permite que parte do conteúdo passe para dentro do cólon.

As bactérias, um componente importante do conteúdo do intestino grosso, ajudam a terminar a clivagem do


material residual, principalmente das proteínas e sais biliares não digeridos ou não absorvidos. Dois tipos de
secreções colônicas são adicionados ao material residual: uma solução eletrolítica e muco. A solução
eletrolítica é, principalmente, uma solução de bicarbonato que age para neutralizar os produtos finais formados
pela ação bacteriana colônica, enquanto o muco protege a mucosa colônica contra o conteúdo interluminal e
fornece a adesão para a massa fecal.

A atividade peristáltica lenta e fraca move o conteúdo colônico ao longo da via. Esse transporte lento permite
a reabsorção eficiente de água e eletrólitos, que é a função primária do cólon. As fortes ondas peristálticas
intermitentes impulsionam o conteúdo a distâncias consideráveis. Geralmente, isso ocorre após outra refeição
ter sido ingerida, quando os hormônios estimulantes do intestino são liberados. Os materiais residuais de uma
refeição chegam mais adiante e distendem o reto, geralmente em cerca de 12 h. Até 25% dos materiais residuais
de uma refeição ainda podem permanecer no reto 3 dias depois da sua ingestão.

Produtos Residuais da Digestão


As fezes consistem em alimentos não digeridos, materiais inorgânicos, água e bactérias. A matéria fecal tem
cerca de 75% de líquido e 25% de material sólido. A composição não é relativamente afetada por alterações na
dieta porque uma grande porção de massa fecal é de origem não alimentar derivada das secreções da via GI. A
coloração acastanhada das fezes resulta da clivagem da bile pelas bactérias intestinais. As substâncias químicas
formadas pelas bactérias intestinais são responsáveis, em grande parte, pelo odor fecal. Os gases formados
contêm metano, sulfeto de hidrogênio e amônia, entre outros. O trato GI normalmente contém aproximadamen-
te 150 ml desses gases, que são absorvidos para dentro da circulação portal e detoxificados pelo fígado ou
expelidos pelo reto como flatos.
A eliminação das fezes começa com a distensão do reto, que inicia contrações reflexas da musculatura retal e
relaxa o esfíncter anal interno normalmente fechado. O esfíncter interno é controlado pelo sistema nervoso
autônomo; o esfíncter externo está sob controle consciente do córtex cerebral. Durante a defecação, o esfíncter
anal externo relaxa voluntariamente para permitir que o conteúdo colônico seja expelido. Normalmente, o
esfíncter anal externo é mantido em um estado de contração tônica. Dessa maneira, observa-se que a defecação
é um reflexo espinal (envolvendo as fibras nervosas parassimpáticas) que pode ser inibido voluntariamente
mantendo-se o esfíncter anal externo fechado. A contração dos músculos abdominais (esforço) facilita o
esvaziamento do cólon. A frequência média da defecação em seres humanos é de 1 vez/dia, porém isso varia
entre as pessoas.

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