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Capítulo IX

Forças distribuídas – Momentos de inércia

9.3 – Determinar por integração direta os momentos de inércia da


figura abaixo, em relação aos eixos x e y.

a – estabelece-se inicialmente uma faixa elementar retangular conforme o


desenho abaixo. Esta faixa terá uma dimensão infinitesimal, ou seja dx ou dy, e a
outra dimensão x ou y. Poder-se-ia tomar como elemento infinitesimal um
quadrado elementar dxdy, mas teríamos que fazer uma integração dupla. Com o
auxílio do retângulo podemos resolver o problema com uma integração simples..

y
x Momento de (-) momentode:

y2 y2
y1
y1
x x x

dx

b – verificação da equação das curvas:

- equação da reta y2 = m.x No ponto y2 = b temos x = a Então b = m.a e m = b/a


b
Substituindo na equação teremos y 2 = x
a

- equação da parábola y1 = k x2 No ponto y1 = b temos x = a Então b = k a2 e k


b 2
= b/a2 . Substituindo na equação teremos y1 = 2 x
a

c – momento em relação ao eixo y:

144
d Iy = x2.dA porque Iy = ∫ x2 . dA , por definição. Então

d Iy = x2 . dA = x2 . y . dx = x2 (y2-y1).dx
a
b b 2 ba 3 b a 4
I y = ∫ dI y = ∫ x ( x − 2 x )dx = ∫ x dx − 2 ∫ x dx
2

0 a a a0 a 0

b  x 4  b  x 5  ba 4 ba 5  1 1  3 1 3
Iy =   − 2   = − =  − a b Iy = a b
a  4  a  5  4 a 5a 2  4 5  20

d – momento em relação ao eixo x:

Podemos utilizar o mesmo retângulo elementar do item anterior uma vez que
conhecemos o valor de seu momento de inércia em relação ao eixo x, que passa
1 3
por sua base, e que vale : dI x = y dx
3

Subtraindo os momentos de inércia dos dois retângulos elementares da figura,


entre o eixo x e a curva y2 e entre o eixo x e a curva y1 teremos:

1 1
dI y = y 3 dx − y13 dx Substituindo y1 e y2 em função de x:
3 3

1 b3 3 1 b3 6 b3 a 3 b3 a 6
dI x = x dx − x dx I x = ∫ dI x = 3 ∫ x dx − 6 ∫ x dx =
3 a3 3 a6 3a 0 3a 0

b3 a 4 b3 a7  1 1 1
= − =  − ab 3 Ix = ab 3
3a 4 3a 7  12 21 
3 6
28

Note que como usamos uma faixa elementar paralela ao eixo y fica mais fácil
calcular o momento de inércia em relação a y, Iy, por integração direta, uma vez
que todos os pontos do retângulo elementar se encontram ‘a mesma distância x
do eixo y. Por outro lado em relação ao eixo x as distâncias y são variáveis, já que
o retângulo elementar é perpendicular ao eixo x. Assim é mais fácil resolver o
problema utilizando o momento de inércia do retângulo elementar com relação ‘a
bh 3
sua base (eixo x) usando a fórmula conhecida I x = onde, substituindo y=h e
3
y 3 dx
b=dx teremos x dI = .
3
e - No entanto podemos calcular o valor de Ix empregando um retângulo
elementar paralelo ao eixo x, e , neste caso, como todos os pontos do retângulo
estarão ‘a uma mesma distância do eixo x, poderemos utilizar a fórmula derivada
da definição de momento de inércia: I x = ∫ y dA
2

145
y
x1

x2

dy b

y
x

a
1
y 2a
Obtendo as equações em função de y teremos x1 =  1
y a2 2 x2 =
 :
 e
b
 b 

Portanto I x = ∫ y dA = ∫ y ( x1 − x 2 ) dy = ∫ y  1
y a2 2 2 y a 
2
2 2 2
1

 dy − ∫ 2 b dy
y 
 b   

b
5  7 7
y
a  2
b
b
ay
2
a 3
b
a  y4  2ab 2 ab 4
I x = ∫ 1 dy − ∫ y dy = 1   −   = −
0 b0 2 
7  b 4  1
4b
b 2
b 7b 2

 2 

2 3 ab 3 8 − 7 3 1
Ix = ab − = ab Ix = ab 3 resultado igual ao obtido anteriormente.
7 4 28 28

9.6 - Determinar o produto de inércia do triângulo retângulo.


Observe que a determinação do produto de inércia por integração parte sempre
do valor do produto de inércia do retângulo elementar em relação aos seus eixos
baricentrais, o qual é nulo devido à simetria da figura. Note que em seguida
transferimos este valor para os eixos x e y e procedemos a integração com este
novo valor.
a - Para o retângulo elementar:
dPxy = dPx’y’ + x y A, onde dPx'y' = 0 (devido simetria do retângulo)

146
b – determinação da equação da reta – relação entre as variáveis x e y
Do triângulo tiramos:

h−y h x.h  x
= ∴h − y = e y = h1 − 
x b b  b 
1 1  x x
também: xel = x , y el = y = h1 −  e dA = ydx = h(1 − )dx
2 2  b b
c – determinação de Pxy:
2
b 1   x b x x2 x3 
Pxy = ∫ dPxy = ∫ x el . y el .dA = ∫ x .h 2 1 −  .dx = h 2 ∫  − + 
.dx
0 2 2b 2
0
2  b  b 
b
 x2 x3 x4  1 2 2
Pxy = h  −2
+ 2  ∴ Pxy = b .h
 4 3b 8b  0 24

Este valor corresponde ao produto de inércia em relação aos eixos x e y. devemos


agora utilizar o teorema dos eixos paralelos para obter o produto de inércia em
relação aos eixos que passam pelo centróide do triângulo:
d - Px ′y ′em relação ao baricentro do triângulo:
Coordenadas do baricentro
1 1
x= b y= h
3 3
Pelo teorema dos eixos paralelos
Pxy = Px ′y ′ + x . y. A

147
1 2 2 1 1  1  1 2 2 1
Px ′y ′ = b h −  b . h . b.h  = b h − b2h2 ∴
24  3  3  2  24 18
1 2
Px ′y ′ = − b h
72

Note que como o centróide está acima e ‘a direita dos eixos x e y as distâncias x e
y são tomadas com o sinal positivo.
e - Suponhamos agora o triângulo em outra posição:

1
para o retângulo elementar temos : dPxy = x el . y el .dA , xel = x e y el = y
2
y h h
do triângulo: = ⇒ y = x equação da reta que passa pela origem
x b b
Cálculo de Pxy , produto de inércia do triângulo em relação a xy:
2
1 h 
dPxy = x. . x  dx e
2 b 
1 h2 b 1 h2 b4
∫ dPxy = Pxy = .
2 b2 ∫
0
x 3 .dx = . .
2 b2 4
Cálculo de em relação aos eixos que passam pelo centróide da área:
As coordenadas do baricentro são:
2 h
x= b e y=
3 3
Pxy = Px ′y ′ + x . y. A
1 2 2  2   h   b.h  1 2 2 1 2 2 1 2 2
Px ′y ′ = b .h −  b . . = b h − b h Px ′y ′ =
72
b h
8  3  3  2  8 9

Comparando os valores para os produtos de Inércia baricentrais do triângulo nas


duas posições, observamos que os dois valores são diferentes. Como o triângulo
não foi rebatido em relação eixos x e y, os valores obtidos não têm nenhuma
relação entre si. No entanto, caso a figura fosse rebatida em relação ao eixo x ou
y como nas figuras abaixo, obteríamos o mesmo valor, porém com sinais trocados
a cada rebatimento. Verifique.

148
9.17 – Determine o momento polar de inércia e o raio polar
de giração do trapézio em relação ao ponto p2.

a – iniciamos estabelecendo uma faixa elementar conveniente, conforme ilustrado


na figura:

A a

x
x y
a dy

a/2

b – estabelecemos em seguida as relações entre as variáveis, a partir


da semelhança entre os triângulos:

v (2 a )/a =(2 a – v)/x


dv
a Logo 2x = 2 a - v e x = a – v/2
x
a/2

a/2 a/2

c – cálculo da área do trapézio:

149
a
1 a a a
 1  1 v 2  a2 3 2
A = ∫ dA = ∫ xdv = ∫  a − v dv = [ a.v ] 0 −  = − = a Então
a
 a 2

2 0 0 0  2  2 2 0 4 4
3 3
A = 2 a2 A = a 2 = área do trapézio
4 4
d – determinação de Ix :
a
1 a
 1  a
 1   v3 1  1 1
I x = ∫ v 2 dA = ∫ v 2 1 − v dv = ∫  av 2 − v 3 dv = a − v 4  =  − a 4
2 0  2  0  2   3 8 0  3 8
1 5 4 5 4
Ix = a Logo I x = a
2 24 12

d – determinação de Iy:

Lembrando da fórmula do momento fletor do retângulo elementar em relação ao


eixo que passa por sua base:

a
2 1   − 2  a  
3 4 4
1 1 2 a 1  1 
dI y = ∫ x 3 dv → I y = ∫  a − v  dv =   a − v  ( − 2 )  =   − a  =
4

2 3 3 0 2  3 4  2  0 6  2  
2 15  4 5
=  a Então I x = a4
6 16  16
3
 1 
A integral a ∫  a − v  dv é uma integral de função racional obtida pela fórmula
0  2 

( a + bx ) n +1
1
∫ ( a + bx )
n
dx = +c onde b = −
( n + 1) b
2

É importante observar que o aluno deve saber manusear as tabelas de integrais


imediatas, de funções trigonométricas, de momentos de inércia de seções
padronizadas, de centróides de áreas, enfim, de todos os elementos de cálculo
indispensáveis ‘a resolução de problemas de Engenharia. Na prática da
Engenharia a solução de problemas passa pela obtenção de dados de tabelas e
raramente é necessário montar as equações partindo de figuras elementares com
dimensões infinitesimais. No entanto o aluno não deve ficar apavorado quando
tiver que resolver uma integral e deve estar preparado para abrir um livro e
procurar os elementos necessários nas tabelas existentes.

e – determinação do momento polar para P2:

150
5 5  35 4
Jp2 = Ix + Iy =  + a 4 Logo Jp2 = a
12 16  48
f – determinação do momento polar para o ponto P1:

35 4 3
Jp2 = Jp2 + a2 . A - teorema dos eixos paralelos. Assim : Jp 1 = a +a 2 a 2 =
48 2
 35 3  4 107 4
= + .a Logo Jp 1 = a
 48 2  48

g – determinação do raio de giração relativo a P2:

35 4
a
Jp 2 48 35 2 35
Jp 2 = k p2 2 . A → k p2 2 = = = a Logo k p 2 = a
A 3 2 72 72
a
2

9.18 – determinar o momento polar de inércia e os momentos de


inércia em relação ao ponto O e aos eixos x e y.

9.49 - Determinar o produto de inércia da área abaixo:

151
 x x2 
A relação entre as variáveis é dada pela equação y = 4.h. − 2 
a a 
y
Do retângulo elementar: xel = x , y el = e dA = y.dx
2
2
a 1  1 a  x x2  a x
3
x4 x5 
Pxy = ∫ dPxy = ∫ x. y  y.dx = ∫ 16 .h 2 .x − 2  dx = 8h 2 ∫  2 − 2 3 + 4 dx
0
2  2 0 a a  0
a a a 
a
x4 2x5 x6
Pxy = 8h 2 − +
4 a 2 5a 3 6 a 4
∴ Pxy =
2 2 2
15
a h
0

Note que o problema poderia ser resolvido sabendo que se trata da equação de
uma parábola (ver elementos na fig. 5.8, pág. 295).
2 a 2
A= a.h x= y= h
3 2 5
a 2  2  2
Pxy = Px ′y ′ + x. y. A = 0 +   ⋅  h  ⋅  a.h  = a 2 h 2
2 5  3  15
ou seja partimos do valor do produto de inércia para os eixos que passam pelo
centróide da área, que é nulo, já que a figura é simétrica em relação a estes eixos,
e aplicamos o teorema dos eixos paralelos. O resultado obtido é o mesmo.

9.65 - Usando o perfil cantoneira de 40x80x0,6 cm, determinar: a)os


momentos de inércia obtidos girando os eixos de θ = -30º.; b) os momentos
baricentrais máximo e mínimo (principais).

152
40mm 40 mm

y0 = 29,2

x 300 x

80mm
x,
9,16 y’,

y y
6mm

a – ao invés de calcularmos os valores a partir dos retângulos podemos procurar


em manuais os valores tabelados. Todos os perfis comerciais produzidos pelas
siderúrgicas têm suas características de inércia tabeladas e fornecidas aos
clientes. Da tabela de características dos perfis (pág. 1340-manual do engenheiro
Globo) obtemos:
b = 40 mm A = 6,89 cm 2 Ix = 44 ,5cm 4

c = 80 mm x 0 = 9,16 mm Iy = 7,8cm 4

d = 6mm y 0 = 29 ,2mm

b - determinação de Pxy:
Este valor normalmente não é fornecido nas tabelas e deve ser calculado.Os
valores de x0 e y0 são medidos a partir das arestas externas do perfil.
Pxy = x 0 . y 0 . A (descontar metade da espessura do perfil)
então: Pxy = +( 9,16 mm − 3) ⋅ [ − ( 29 ,2mm − 3) ] ⋅ 6,89 cm = −11,12 cm 4

c - rotação de θ = -30º

Ix + Iy Ix − Iy
I x′y ′ = ± cos 2θ Pxy . sen 2θ
2 2
Ix + Iy 44 ,5 + 7,8 Ix − Iy 44 ,5 − 7,8
= = 26 ,15 = = 18 ,35
2 2 2 2

então: I x′y′ = 26,15 ± 18,35 ⋅ cos( − 60º ) 11,12 ⋅ sen ( − 60º )


Ix ′ = 26,15 + 18,35 ⋅ 0,5 − 11,12 ⋅ ( − 0,866 ) ∴ Ix ′=4
4 ,9
5 c
m 4

Iy ′ = 26,15 − 18,35 ⋅ 0,5 + 11,12 ⋅ ( − 0,866 ) ∴ Iy ′=7,3


4 c
m 4

153
d - cálculo dos momentos principais de inércia:

2
Ix + Iy  Ix − Iy 
I max, min = ±   + Pxy
2

2  2 

I max, min = 26 ,15 ± 18 ,35 2 +11,12 2

I max, min = 26 ,15 ± 21 ,45 ∴ I max =47 ,60 cm 4

I min =4,70 cm 4

Deve-se observar que qualquer que seja o ângulo de rotação dos eixos
conjugados perpendiculares, a soma dos momentos de inércia nas duas direções
é constante.
Assim: I max + I min = Ix + Iy = Ix ′ + Iy ′

e - determinação do ângulo θm dos eixos para os momentos principais de inércia:

2θm = −31,4º ∴θ m = −15 ,7 º

Observar que tanto os momentos principais de inércia como a tangente de θ m são


dados na tabela da pág. 1340. As diferenças pequenas de valores devem-se a
aproximações nos cálculos.

f - círculo de Mohr:

154
44,5 cm4

7,8cm4

-11,12cm4
0
Imin = 4,70 -31,4

-600 IMax = 47,60


I

X,

7,34cm4 44,55cm4

I max = 47 ,60 I min = 4,70 Pmax, min =0

I x = 44 ,5 I y = 7,8 Px , y = −11 ,12

I x′ = 44 ,55 I y ′ = 7,34 Px′, y′ = calcular

Notar que como o eixo y está orientado para baixo no desenho da cantoneira o
eixo dos Pxy foi igualmente orientado para baixo e o valor negativo de P xy = - 11,12
cm4 foi marcado para cima, isto é, no sentido contrário do eixo P xy . No entanto o
ângulo formado pelo eixo X com o eixo principal de inércia ( que corresponde ao
IMax ) foi marcado no sentido horário, já que resultou negativo no cálculo. O valor
do ângulo 2θ = -600 , que corresponde ‘a rotação de 300 no sentido horário
(negativo) para a cantoneira, foi marcado a partir do eixo X e resulta no eixo X ’ ‘ no
Círculo de Mohr.

155

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