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Aula teórica: 05
- Diferênças finitas;
- Fórmulas de interpolação de Gregory-Newton.
. .
Objectivos
No fim desta aula, os estudantes devem ser capazes de:
• Interpolar funções tabeladas e analíticas, usando as fórmulas de interpolação de Gregory-
Newton;
• Utilizar os polinómios interpoladores de Gregory-Newton para determinar os valores aproxi-
mados de funções tabeladas e analíticas.
. .
1
3.4.1. Caminho descendente
Considere que a função f (x) é definida no seguinte conjunto de pontos:
xi = ..., x−3 , x−2 , x−1 , x0 , x1 , x2 , x3 , ...., onde ..., −3, −2, −1, 0, 1, 2, 3, ... são índices.
x y △y △2 y △3 y △4 y ...
.. .. .. .. .. ..
. . . . . . ...
x−3 y−3
△y−3
x−2 y−2 △2 y−3
△y−2 △3 y−3
x−1 y−1 △2 y−2 △4 y−3
△y−1 △3 y−2
x0 y0 △2 y−1 △4 y−2 ...
△y0 △ y−1
3
x1 y1 △2 y0 △4 y−1
△y1 △3 y0
x2 y2 △ y1
2
△y2
x3 y3
.. .. .. .. .. ..
. . . . . . ...
Na tabela anterior, mantendo um índice constante, por exemplo i = −2, temos um caminho
descendente do ponto x−2 . Os termos sublinhados constituem os elementos do caminho
descendente do ponto x−2
2
x y ∇y ∇2 y ∇3 y ∇4 y ...
.. .. .. .. .. ..
. . . . . . ...
x−3 y−3
∇y−2
x−2 y−2 ∇2 y−1
∇y−1 ∇ 3 y0
x−1 y−1 ∇2 y0 ∇ 4 y1
∇y0 ∇ 3 y1
x0 y0 ∇ y1
2
∇ 4 y2 ...
∇y1 ∇ y2
3
x1 y1 ∇ y2
2
∇ 4 y3
∇y2 ∇ y3
3
x2 y2 ∇ y3
2
∇y3
x3 y3
.. .. .. .. .. ..
. . . . . . ...
Mantendo, na tabela das diferênças acima, um índice constante, por exemplo i = 1, obtém-se
um caminho ascendente do ponto x1 . Os termos sublinhados constituem os elementos do
caminho ascendente do ponto x1 .
Sejam dados n + 1 pontos (x0 , y0 ), (x1 , y1 ), ..., (xn , yn ), sendo xi , i = 0, 1, ..., n, igualmente
espaçados tal que yi = f (xi ), xi = x0 + ih, x ∈ [x0 , xn ], onde h é o espaçamento entre os xi .
Pretende-se construir um polinómio Pn (x), de grau não superior a n, tal que
Pn (x) = c0 +c1 (x−x0 )+c2 (x−x0 )(x−x1 )+...+cn (x−x0 )(x−x1 )(x−x2 )...(x−xn−1 ) (11)
Pn (x0 ) = c0 =⇒ c0 = y0
y1 − y0 △y0
Pn (x1 ) = c0 + c1 (x1 − x0 ) =⇒ c0 + c1 (x1 − x0 ) = y1 ⇐⇒ c1 = ⇐⇒ c1 =
x1 − x0 h
Pn (x2 ) = c0 + c1 (x2 − x0 ) + c2 (x2 − x0 )(x2 − x1 ) =⇒ c0 + c1 (x2 − x0 ) + c2 (x2 − x0 )(x2 − x1 ) =
y1 − y0
y2 ⇐⇒ c2 (x2 − x0 )(x2 − x1 ) = y2 − y0 − (x2 − x0 ) ⇐⇒ c2 2h2 = y2 − y0 − 2y1 + 2y0 ⇐⇒
x1 − x0
y2 − 2y1 + y0 △2 y0
c2 = ⇐⇒ c2 =
2h2 2h2
Analogamente, se determinam os restantes coeficientes:
3
△3 y0 △4 y0 △n y0
c3 = , c 4 = , ..., c n = .
h3 · 3! h4 · 4! hn · n!
Substituindo estes resultados na equação (11), se obtém a fórmula de interpolação de Gregory-
Newton descendente:
△y0 △2 y0 △3 y0
Pn (x) = y0 + (x − x0 ) + (x − x0 )(x − x1 ) 2 + (x − x0 )(x − x1 )(x − x2 ) 3 + ... +
h · 1! h · 2! h · 3!
△ y0
n
(x − x0 )(x − x1 )(x − x2 )...(x − xn−1 ) n (12)
h · n!
A fórmula (12) é utilizada para interpolar valores de f nas proximidades de x0 . Nos casos em
que o valor a interpolar não pertença a vizinhança de x0 , se determina uma marca de interpo-
lação xN D que substitua x0 , isto é,
△yN D △2 yN D
Pn (x) = yN D + (x − xN D ) + (x − xN D )(x − xN D+1 ) 2 + (x − xN D )(x − xN D+1 )(x −
h · 1! h · 2!
△3 yN D △n yN D
xN D+2 ) 3 +...+(x−xN D )(x−xN D+1 )(x−xN D+2 )...(x−xN D+(n−1) ) n (13)
h · 3! h · n!
Onde:
Na prática, não se utilizam directamente as fórmulas (12) e (13), introduz-se a grandeza θ tal
que
x − xN D
θ= ⇐⇒ x − xN D = θh.
h
Analogamente, se obtém:
x − xN D+1 = x − (xN D + h) = x − xN D − h = θh − h = (θ − 1)h
x − xN D+2 = x − (xN D + 2h) = x − xN D − 2h = θh − 2h = (θ − 2)h
x − xN D+3 = x − (xN D + 3h) = x − xN D − 3h = θh − 3h = (θ − 3)h
..
.
x − xN D+k = (θ − k)h, k = 0, 1, 2, 3, ...
△yN D △2 yN D △3 yN D
Pn (xN D + θh) = yN D + θ + θ(θ − 1) + θ(θ − 1)(θ − 2) + ... + θ(θ −
1! 2! 3!
△ yN D
n
1)(θ − 2)...[θ − (n − 1)] , (14)
n!
Os coeficientes do polinómio (14) podem ser calculados da seguinte forma:
4
N1 = θ
θ(θ − 1) (θ − 1)
N2 = = N1
2 2
θ(θ − 1)(θ − 2) θ(θ − 1) (θ − 2) (θ − 2)
N3 = = · = N2
6 2 3 3
θ(θ − 1)(θ − 2)(θ − 3) (θ − 3)
N4 = = N3
24 4
..
.
[θ − (k − 1)]
Nk = Nk−1 , K = 2, 3, 4, ...
k
Deste modo, a fórmula (14) toma a forma:
Resolução
Calculemos as diferêncas finitas e apresentemos o resultado numa tabela:
x y △y △2 y △3 y △4 y △5 y △6 y △7 y
1.0 −5
8
1.2 3 −21
−13 47
1.4 −10 26 −83
13 −36 120
1.6 3 −10 37 −139
3 1 −19 101
1.8 6 −9 18 −38
−6 19 −57
2.0 0 10 −39
4 −20
2.2 4 −10
−6
2.4 −2
Sejam dados n + 1 pontos (x0 , y0 ), (x1 , y1 ), ..., (xn , yn ), sendo xi , i = 0, 1, ..., n, igualmente
espaçados tal que yi = f (xi ), xi = x0 + ih, x ∈ [x0 , xn ], onde h é o espaçamento entre os xi .
Pretende-se construir um polinómio Pn (x), de grau não superior a n, tal que
Pn (xn ) = c0 =⇒ c0 = yn
yn − yn−1 ▽yn
Pn (xn−1 ) = c0 +c1 (xn−1 −xn ) =⇒ c0 +c1 (xn−1 −xn ) = yn−1 ⇐⇒ c1 = ⇐⇒ c1 =
xn − xn−1 h
Pn (xn−2 ) = c0 + c1 (xn−2 − xn ) + c2 (xn−2 − xn )(xn−2 − xn−1 ) =⇒ c0 + c1 (xn−2 − xn ) + c2 (xn−2 −
yn − yn−1
xn )(xn−2 −xn−1 ) = yn−2 ⇐⇒ c2 (xn−2 −xn )(xn−2 −xn−1 ) = yn−2 −yn − (xn−2 −xn ) ⇐⇒
xn − xn−1
yn − 2yn−1 + yn−2 ∇2 yn
c2 2h = yn−2 − yn + 2yn − 2yn−1 ⇐⇒ c2 =
2
⇐⇒ c2 =
2h2 2h2
Analogamente, se determinam os restantes coeficientes:
∇ 3 yn ∇4 yn ∇n yn
c3 = , c 4 = , ..., c n = .
h3 · 3! h4 · 4! hn · n!
Substituindo estes resultados na equação (17), se obtém a fórmula de interpolação de Gregory-
Newton ascendente:
6
∇yn ∇2 yn
Pn (x) = yn + (x − xn ) + (x − xn )(x − xn−1 ) 2 + (x − xn )(x − xn−1 )(x −
h · 1! h · 2!
∇ yn
3
∇ n yn
xn−2 ) 3 + ... + (x − xn )(x − xn−1 )(x − xn−2 )...(x − x2 )(x − x1 ) n (18)
h · 3! h · n!
∇yN A ∇2 yN A
Pn (x) = yN A + (x − xN A ) + (x − xN A )(x − xN A−1 ) 2 + (x − xN A )(x − xN A−1 )(x −
h · 1! h · 2!
∇3 yN A ∇n yN A
xN A−2 ) 3 +...+(x−xN A )(x−xN A−1 )(x−xN A−2 )...(x−xN A−(n−1) ) n , (19)
h · 3! h · n!
Onde:
x − xN A
Introduzindo a grandeza θ tal que θ = , temos:
h
x − xN A = θh
x − xN A−1 = x − (xN A − h) = x − xN A + h = θh + h = (θ + 1)h
x − xN A−2 = x − (xN A − 2h) = x − xN A + 2h = θh + 2h = (θ + 2)h
x − xN A−3 = x − (xN A − 3h) = x − xN A + 3h = θh + 3h = (θ + 3)h
..
.
x − xN A−k = (θ + k)h, k = 0, 1, 2, ...
Substituindo estes valores na fórmula (19) obtemos a seguinte fórmula mais compacta:
∇yN A ∇ 2 yN A ∇ 3 yN A
Pn (xN A + θh) = yN A + θ + θ(θ + 1) + θ(θ + 1)(θ + 2) + ... + θ(θ + 1)(θ +
1! 2! 3!
∇n yN A
2)...[θ + (n − 1)] (20)
n!
Os coeficientes do polinómio (20) podem ser calculados da seguinte forma:
N1 = θ
θ(θ + 1) (θ + 1)
N2 = = N1
2 2
θ(θ + 1)(θ + 2) θ(θ + 1) (θ + 1) (θ + 2)
N3 = = · = N2
6 2 3 3
θ(θ + 1)(θ + 2)(θ + 3) (θ + 3)
N4 = = N3
24 4
..
.
(θ + (k − 1))
Nk = Nk−1 , K = 2, 3, 4, ...
k
7
Assim, a fórmula (20) toma a seguinte representação:
Calculando as diferênças finitas até a quinta ordem, determine f (2, 15) usando a fórmula de
Newton ascendente (NA).
Resolução
Calculemos as diferêncas finitas e apresentemos numa tabela:
x y △y △2 y △3 y △4 y △5 y
1.0 −5
8
1.2 3 −21
−13 47
1.4 −10 26 −83
13 −36 120
1.6 3 −10 37
3 1 −19
1.8 6 −9 18
−6 19 −57
2.0 0 10 −39
4 −20
2.2 4 −10
−6
2.4 −2
8
Utilizando a fórmula (21), se obtém:
f (2, 15) ≈ 4 + (−0, 25) · 4 + (−0, 09375) · 10 + (−0, 0546875) · 19 + (−0, 037597656) · 18 +
(−0, 028198242) · (−19) = 0.88244629
Notas:
3) Naturalmente, a interpolação cria uma expectativa de que se a função original for conti-
nua então estará bem aproximada em todos os pontos intermedios e que, a medida que
se aumente o número de nodos, a aproximação será cada vez melhor. Trata-se de uma
expectativa mal fundada pois na interpolação polinomial, por exemplo, quando se con-
sidera uma grande quantidade de nodos produz-se um fenómeno oscilatório, isto é, se
aumenta o erro nos pontos não nodais, próximos dos extremos do intervalo de interpola-
ção. Portanto, no processo de interpolação polinomial, não se recomenda a utilização de
polinómios interpoladores de elevada ordem, embora, nesses casos, se pode minimizar o
fenómeno oscilatório com a selecção criteriosa dos pontos nodais através do uso dos no-
1
dos de Chebyshev1 . Uma função simples, digamos, a função de Runge2 , f (x) = ,
1 + x2
tomando, por exemplo, 9 pontos igualmente espaçados no intervalo [−5; 5], pode ilustrar
melhor este fenómeno.
1
Embora a função f (x) = seja positiva no intervalo [−5; 5], a figura anterior
1 + x2
mostra que o polinómio interpolador apresenta oscilações e é negativa nas proximidades
dos extremos do intervalo considerado.
4) Não obstante o fenómeno oscilatório, a interpolação não é uma opção acertada quando se
sabe previamente que a aquisição dos dados foi sujeita a erros de medições, de métodos
ou de instrumentos utilizados. Neste caso, a aproximação de funções é feita mediante o
critério de ajuste.
1
L’vovitch Chebyshev (1821–1894) — matemático russo
2
Carle David Tolmé Runge (1856 – 1927) — matemático e físico alemão