Você está na página 1de 23

INSTITUTO TERCEIRA VISÃO

Ensino Multidisciplinar em Terapias Naturais,


Holísticas e Complementares
PARADIGMAS E MITOS
Mitos e paradigmas influenciam a maneira como o ser
humano relaciona-se com a saúde e a doença e como
lida com elas.

Os mitos dão ao sujeito a possibilidade de moldar a sua


percepção do mundo e dos fenômenos, visto que estes
florescem durante a busca do significado da vida e, por
meio deles, passa-se a ter uma compreensão mais
racional sobre o mundo.
PARADIGMAS E MITOS
Paradigma significa um modelo, algo que serve como
parâmetro de referência para uma ciência, como um
farol ou estrutura considerada ideal e digna de ser
seguida.

Para auxiliar ao futuro terapeuta holístico, na


compreensão entre os paradigmas, Holístico e
Cartesiano, vamos abordar de forma simples e objetiva,
mas primeiramente vamos viajar no tempo e saber um
pouco mais sobre este assunto.
O Paradigma Primitivo:

Inicialmente o homem era subjugado ao poder das


forças ditas naturais, as quais a sua mente não
conseguia assimilar.

Na maioria das religiões arcaicas, a natureza era vista


como transcendente e, este fato, levou ao
desenvolvimento de uma medicina em que a
consideração pelo espiritual e pela busca de um
significado maior para a saúde e a doença eram
essenciais.
O curador era considerado o mediador entre as forças
cósmicas e o doente era uma espécie de extensão entre
o primitivo e o universo. O Xamã era o responsável por
fazer essa mediação e a cura nunca era atribuída a ele,
mas sim ao mundo espiritual.

A enfermidade era vista como uma consequência da


violação de um tabu ou uma ofensa aos deuses. Para
atingir a cura, o doente deveria restabelecer sua ligação
com o divino via arrependimento e sacrifício.
O curador (xamã) era considerado o mediador entre as
forças cósmicas e o doente, uma espécie de extensão
entre o primitivo e o universo. O Xamã era o responsável
por fazer essa mediação e a cura nunca era atribuída a
ele, mas sim ao mundo espiritual.

A enfermidade era vista como uma consequência da


violação de um tabu ou uma ofensa aos deuses. Para
atingir a cura, o doente deveria restabelecer sua ligação
com o divino via arrependimento e sacrifício.
A doença é o principal responsável pela criação de
crenças e religiões, pois desde os primórdios ela
representa a transgressão de alguma regra ou padrão.

O Xamã foi o pioneiro no uso de técnicas de transe,


psicodrama, análise de sonhos e análise de imaginação.
Ele era a ferramenta de interpretação das vontades dos
deuses e estas eram seguidas à risca para que a doença,
fosse eliminada.
O Paradigma Grego:

Precursores em dividir a categoria espiritual da material,


além de desenvolver teorias científicas baseadas em
observação, análise e dedução, foram os médicos da
Grécia Antiga (1100 a.C. – 146 a.C.).

Para os médicos gregos, tudo o que existia no mundo e


no cosmo era passível de ser explorado e conhecido.
Contudo, a ideia de um princípio cósmico controlador
ainda foi mantida pela cultura grega. Era espécie de
inteligência condutora.

O uso da música e das palavras de encantamento eram


habituais nos processos de cura. Os povos admitiam o
poder curador e mágico destes elementos.

A recuperação era obtida pelo intermédio das músicas,


compreensão dos sonhos, dietas e meditações.
Com o advento de Sócrates (469 a.C. – 399 a.C.),
gradualmente surgiu a ideia de que o homem seria
constituído não apenas por um substrato material, mas
também de uma essência imaterial, vinculada aos
sentimentos e emoções, e, à atividade do pensamento, a
alma.

Platão (428 a.C. 348 a.C.) concluiu que: "O grande erro de
nossos dias no tratamento do corpo humano é que o
médico separa a alma do corpo.”
No período de Platão foram criados templos de incubação
pela Grécia, Turquia e Itália, onde realizavam tratamentos
com ervas, banhos, sono, interpretação dos sonhos, entre
outras. O homem nestes centros era visto de forma
global.

Entre 460 e 377 a.C viveu Hipócrates, o pai da medicina.


Para ele o corpo humano é um todo cujas partes se
interpenetram. Introduziu a ideia de unidade funcional do
corpo, em que a alma exerce uma função reguladora. O
homem para ele, era uma unidade organizada, que
poderia desorganizar-se, o que propiciaria o surgimento
de doenças.
Paradigma Cartesiano:

Para Descartes (1596-1650) o corpo equivalia a uma


máquina que funcionaria tendo ou não psique. A matéria
era uma realidade separada da atividade mental, embora
estivessem ligadas pelo plano divino.

Ele não negava a ligação entre mente e corpo, acreditando


que a glândula pineal era a responsável pela interação de
ambos, embora, para ele o corpo poderia funcionar sem a
intervenção direta da alma e vice-versa.
Isso foi um dos maiores incentivos ao pensamento
científico, somado a uma dificuldade na compreensão do
ser humano de forma global.

No final do século XVIII a razão ganha destaque e o


racionalismo ascende seu status. Com isso a religião e a
ciência separam-se cada vez mais.

Isso promoveu a ruptura entre o ego e os conteúdos


inconscientes, possibilitando assim a desconexão de seus
conteúdos internos e externos.
Paradigma Romântico:

Metade do século XIX - Seres humanos passaram a ser


vistos como um campo global que não poderia ser
contemplado apenas como um conjunto de partículas.
Estar ou não sadio é resultado da interação de diversos
fatores.

Os médicos perceberam que mesmo quando a doença


localizava-se em um determinado órgão, o organismo
reagia como um todo.
Doenças corpóreas possivelmente estavam expressando
perturbações da consciência e as doenças psicológicas se
relacionavam com o campo orgânico.

O tratamento das doenças variava conforme as condições


do paciente, sendo prescritos medicamentos, dietas,
mudanças de moradia, modificações de comportamento,
etc.

Isso exigia do médico um profundo conhecimento da vida


e do cotidiano de seus pacientes.
Paradigma Biomédico:

No final do século XIX o paradigma romântico passou a ser


rejeitado, principalmente porque ele era baseado no
empirismo.

O aprofundamento era tanto, que o tratamento de um


paciente não se aplicaria a outro e isso exigiria uma
observação clínica muito específica para cada caso. A
doença continuou a ser vista como um desvio da
normalidade, mas não era vista de forma ampla, como um
todo.
Os fatores não materiais foram negligenciados. As ideias
não tinham poder material e não eram levadas em
consideração.

O corpo é visto como um conjunto de sistemas


relacionados, mas relativamente independentes.

Era uma visão reducionista, não levava em conta os


aspectos subjetivos, mesmo assim permitiu avanços a
respeito de como cada parte funcionava no todo.
Paradigma Holístico:

Não é apenas o conjunto de elementos isolados que


formam o universo de fenômenos estudado pela ciência. É
sim a interação, a relação que existe entre esses
elementos.

Aliás, pela visão holística, é mais provável que os


elementos sejam frutos da própria relação tanto quanto
esta é fruto destes.
O Paradigma Holístico compreende a realidade como um
processo de troca de informações entre todas as
instâncias: físicas, biológicas, psicológicas e sociais do
indivíduo.

Considera também os aspectos espirituais da pessoa, seu


sistema de crenças e fé.

Esta proposta considera o SER como uma composição de


todas as instâncias interligadas, conectadas, que se
contrapõe ao modelo mecanicista e reducionista
(cartesiano), ainda dominante na biologia e na medicina.
Stanley Krippner, diretor do Centro de Estudos da
Consciência, assim definiu os quatro princípios básicos do
paradigma holístico:

1 - A consciência humana ordinária (relativa à


percepção corporal e do ego) compreende apenas uma
parte ínfima da atividade total do psiquismo humano;

2 - A consciência humana, ou o espírito humano,


estendem-se no tempo e no espaço, existindo em uma
unidade dinâmica, em uma relação contínua com o
mundo que observam;
3 - O potencial de criatividade e intuição é mais global
do que se imagina comumente, abrangendo todos os
seres vivos, pois estes estão integrados;

4 - O processo de evolução para níveis de maior


complexidade e transcendência é algo de muito valioso
e importante - tendência à auto atualização, segundo
Maslow e Rogers.
O HOLISMO - SÍNTESE
Holismo foi um termo adotado por Jan Smuts no seu livro
“Holism and Evolution” de 1926. Ele definiu esta ideia
como "A tendência da Natureza a formar, através de
evolução criativa, ‘todos’ que são maiores do que a soma
de suas partes".

Desde Aristóteles, podemos ver as raízes desta ideia,


quando em sua metafísica ele afirma: “o inteiro é mais do
que a simples soma de suas partes”.
Embora antiga, a concepção de Aristóteles só tomou força
a partir da década de 1980 quando passou a ser
empregada para tentar explicar um novo paradigma que
deveria ser utilizado com o objetivo de minimizar os
diversos distúrbios causados pelo homem na natureza.

Podemos compreender então que o Paradigma Holístico


não engloba somente a questão da saúde do indivíduo
isoladamente, e sim que a saúde o indivíduo é o resultado
do Todo, de suas escolhas, de suas instâncias e também
do ambiente e quem vive, pois se este entra em
desequilíbrio, adoece, o indivíduo também adoece.

Você também pode gostar