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BASE DE DADOS SOBRE AS MULHERES INDÍGENAS ENVOLVIDAS


EM CONFLITOS ENTRE POVOS INDÍGENAS E COLONOS NO
NORDESTE COLONIAL: NATIVAS ENVOLVIDAS EM GUERRAS,
REPARTIMENTO DE PRESAS, ENTRADAS, LEVANTES E
SUBLEVAÇÕES DESTES POVOS INDÍGENAS, ASSALTOS, ATAQUES
E ASSASSINATOS REALIZADOS POR AMBAS AS PARTES.

Ficha 235 – 23/12/1672 – CCU – sobre o governador do Brasil dar conta do Estado em que
fica a conquista dos Bárbaros que várias vezes têm invadido o recôncavo. Informa que capitão
da conquista Braz Rodrigues Arzão havia tido grandes dificuldades. O sargento-mor Antônio
Soares Ferreira tinha ido ao sertão seguindo os da aldeia do Utinga que haviam faltado a
promessa de se renderem e lutando com uma tropa de que lhe morreram alguns, aprisionou
mais de trinta, entre eles o principal, a que obedeciam todas as aldeias vizinhas, com mulher e
filhos e um velho. Que o sargento-mor certificara ao velho que os que faziam a guerra não
eram moradores da Bahia mas naturais de São Paulo mandou logo um filho seu ao alcance da
mais gente daquela aldeia para que viesse render-se . Afirmava que sendo socorridos de
pólvora e o mais necessário estaria acabada a conquista e para isso mandou fabricar um
armazém no sítio das Peraúbas. Desbaratados os Topins e a nação dos Maracá ficariam
extintas todas as aldeias. Ao conselho parece dizer ao rei ordenar ao governador que continue
a dita guerra. AHU Cd 17 f 75/75v

Arquivo Histórico Ultramarino - AHU (Lisboa). Códice 1919. [Complementar].

- Relato – constante da Carta de Jerônimo Mendes da Paz ao Governador e Capitão Geral de


Pernambuco, redigida no Alojamento da Serra Talhada da Ribeira em 13/07/1760 – referente
à captura de 18 índios Tamanquiús e 6 Caracuiz na área do Rio São Francisco, chegados no
local onde então se encontrava o referido sargento-mor no dia 7 daquele mês. Da
correspondência consta ainda a informação que, dos nativos colhidos, estava-se mandando
algumas mulheres e velhos de volta para as matas do sertão para ver se estes convenciam aos
demais “a descerem” (AHU, Códice, 1919: fls. 93/93v).
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Arquivo Histórico Ultramarino - AHU (Lisboa). Códice 268. Cartas do Maranhão.


[AHU_ACL_CU_CARTAS DO MARANHÃO, Cod. 268, 269, 270, 271, 272, 273.]. 1673
– 1712
LIVRO DE REGISTO de cartas régias, provisões e outras ordens para o Maranhão e Grão-
Pará, do Conselho Ultramarino.
1º vol.; 423x289 mm.; 287 fls.
AHU_ACL_CU_CARTAS DO MARANHÃO, Cod. 268.

Ficha 344 – 26/11/1687 – carta ao gov. do MA – sobre o que escreveu em 02/07/1687 acerca
de uns índios da nação Taramambezes que foram à cidade de S. Luiz ajustar pazes que
quebraram no tempo do Governo Ignácio Coelho da Silva, sendo de grande utilidade para o
novo caminho que João Velho do Vale andava descobrindo e que por uma [...] que recebera
entre os Tremembé e os índios do Maranhão topinambazes de que resultaram algumas mortes
trouxeram 04 mulheres a que se deu bom tratamento e mandaste levar logo 02 para sua
terra e dissessem ao seu principal que viesse buscar as outras duas por ser uma sua filha
e pelo deixar de fazer os mandastes conduzir a mesma forma que as primeiras, e lhes
destes algumas drogas; e das ditas índias alcançastes que ao seu sertão iam os holandeses
e outras nações comerciar com os índios e lhes resgatavam âmbar, escravos e madeiras e
que lhes podia obuzar (?) sem as fortalezas que mandei desenhar na costa do CE. Ordena
continuar havendo ocasião, com o bom tratamento com os Tremembé. AHU Cd 268 fl. 55v.
[PESQUISAR O ORIGINAL NA INTERNET].

Arquivo Histórico Ultramarino - AHU (Lisboa). Códice 256. Registros de Consultas para o
Brasil [AHU_ACL_CU_CARTAS DE PERNAMBUCO, Cod. 256, 257, 258, 259, 260,
261, 262, 263.].
1673 – 1698
LIVRO DE REGISTRO de cartas régias, provisões e outras ordens para Pernambuco, do
Conselho Ultramarino.
1º vol.; 430x290 mm.; 285 fls.
AHU_ACL_CU_CARTAS DE PERNAMBUCO, Cod. 256.

Ficha 203 – 23/01/1685 – carta do rei ao gov. de PE. Sobre cap. do CE escrever cerca da
opressão que padeciam aqueles moradores com o gentio bárbaro e ser muito conveniente
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conservarem-se duas aldeias que ali havia uma para a parte do norte e outra do sul, e que os
missionários religiosos entrassem ao sertão a converter o gentio, e não assistissem sempre nas
aldeias dos que já estavam convertidos e os concedessem aos moradores índios e índias
para os servirem pois não possuíam escravos de Guiné. O rei manda dar informação exata
sobre todos estes assuntos. AHU Cd 256 f 54v

Ficha 205 – 26/11/1689 – Carta do rei para gov. de Cap. PE [João da Cunha Souto Maior?] –
Sobre carta que escreveu prov. da Fazenda da cap. do Rio Grande “[…] tereis entendido
haver mandado o cap. Mor à aldeia do Gajeru onde assistiam os religiosos da
Companhia mais de 30 homens a pôr-lhe sítio donde levaram mais de 50 mulheres e
filhos dos tapuias, que iam em companhia do mestre de campo paulista a dar guerra aos
bárbaros, que se ficou o dito capitão-mor com a maior parte repartindo os outros por quem lhe
pareceu e por ordem do dito mestre de campo os restituíra à dita aldeia, e tanto que ele partiu
para o sertão tornara o dito cap. Mor à dita aldeia 50 homens e de lá trouxeram cento e
quarenta e tantas mulheres, e filhos dos ditos tapuias, dos quais ele ficou com a maior
parte. O rei manda informar-se do procedimento do cap. mor , ouvindo ele e o mestre de
campo. AHU Cd 256 fl. 98.

Ficha 207 – 31/01/1691 – (ligada à ficha 549 e 550) Carta do rei ao gov. de PE. O capitão mor
do Rio Grande escreveu sobre a causa que tivera o cap. Mor Manuel de Abreu Soares degolar
alguns cabos principais dos bárbaros [...] O principal de todos por nome André Vidal que o
dito capitão-mor do Rio Grande vos envia preso e do procedimento que houvera o capitão dos
paulistas Domingos Jorge Velho com os índios que estavam perdoados, e de paz e em uma
aldeia dos padres da companhia levando muitos deles, mulheres e crianças batizadas de que
vendera alguns por cativos. O rei manda tomar procedimento do ocorrido. AHU Cd 256 fls.
116v/117. [PESQUISAR O ORIGINAL NA INTERNET].

BNL – Biblioteca Nacional de Lisboa – PBA – Coleção Pombalina. Códice 239 – Brasil.
Governo de Pernambuco. 1690-1693. Portarias, Bandos, Editais, etc. sendo o D. Antônio
Félix Machado, Marquês de Montebelo – Governador da Capitania de Pernambuco.
Correspondência Oficial do Mesmo Governador.

Ficha 538 – 24/07/1691 – [Ligada a situação descrita nas fichas 207, 549 e 550] Bando do
gov. de PE [D. Antônio Félix Machado, Marquês de Montebelo] sobre a liberdade dos tapuias
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da guerra do RG. Ordena que toda pessoa de qualquer qualidade ou condição que seja
morador desta praça ou fora dela a quem os paulistas venderam assim machos como fêmeas
compareçam à sua presença com eles, por si ou por seus procuradores, no termo de 15 dias
depois de publicado este bando para que tomando-se inteira informação e constando do preço
que pagaram por estes mande restituir a mesma quantia e fiquem os índios livres. BNL PBA
Cd 239 f 124/125

Ficha 549 – 07/08/1691 – Carta de Domingos Jorge Velho ao gov. de PE [D. Antônio Félix
Machado, Marquês de Montebelo] sobre o levantamento dos tapuias que estavam em sua
companhia. “Esmo Sr. Desde o dia em que chegou à minha presença o meu sargento mor com
a carta de v. senhoria tem sido o tempo tão rigoroso com invernadas que impediam os rios as
marchas dos caminhantes e essa foi a causa e outras mais que darei parte a v s de não estar já
avizinhado dos Palmares. Saberá v s em como os rendidos, em minha companhia tinha para
levar para a conquista do Palmar , vendo que eu tratava de marchar se rebelaram enganando-
me , dizendo que iam ao mato furar seus meles, para sustento de suas famílias, e vendo me
tardavam passado o prazo que lhe consignei. E tendo eu tanto conhecimento destes bárbaros
dificultosamente me podiam enganar. Tomei duzentos homens dos meus e me pus em marcha
em seu seguimento, e chegando a sua primeira rancharia a tinham queimado e eles encobrindo
os rastos marchei toda uma noite, e outro dia, pelas três horas da tarde, os alcancei e
perguntei-lhes por intérprete que razão havia para fazer aquela fuga, ao que me responderam
resolutamente que não se buliam para fora que aquela terra era sua e que ali queriam moram e
dizendo-lhes que o senhor grande lhe ordenara a eles .... minha companhia, me disseram que
não se lhes davam nada disso, e que o seu pai grande era o seu chamado rei, e vendo eles
insistia eu a traze-los parece que por ver se me podiam [...] “Relata que os índios então
falaram da existência de uma mina de prata que havia próximo. Mandou os bárbaros buscar
ferramentas para cavar mas estes responderam que dali não saiam e se puseram em posição de
combate. Solicitou aos mesmos que fossem até uma paragem chamada a Caiçara para os
contar e que aí os deixaria, “e faltavam deles cento e cinqüenta almas, donde não entravam
mais que oito até dez homens de guerra, que os mais eram mulheres e filhos, que já tinham
mandado diante por irem mais escuteiros, pedi que os mandasse chamar: nunca o fizeram [...]
sempre com engano cheguei a paragem suficiente, e querendo aprisioná-los se puseram em
defesa, o que vendo eu os mandei levar todos ao cutelo, donde não escapou nenhum de guerra
mais que o seu chamado rei, com alguns seus […] os quais tenho prisioneiro em uma corrente
ao dispor de V.S que rendidos e rebelados são o mesmo que inimigos declarados, com que me
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parece está esta capitania mais sossegada […] é como digo e notório a esta capitania que
quinze dias andei em seu seguimento, vou de marcha para os Palmares, e por respeito das
cheias, vou buscando a Cupaoba para dela buscar o Ararobá. Também faço presente a V. S
em como haverá dois dias, veio Pedro de Albuquerque desses sertões donde tinha ido junta
alguns gados arredios, e diz lhe deu o tapuia uma assaltada de noite e lhe levou algumas
bestas, e lhe atiraram cinco ou seis tiros, donde escapou milagrosamente, e lhe disseram que
se viesse embora, que aquela terra era sua e que os gados que os queriam comer e que tinham
pólvora e chumbo, e armas para a defender, as quais munições e armas disseram que as
tomaram ao padre da companhia que ia para o Ceará, e disseram que o mataram e aos mais
que iam com ele. BNL PBA Cd 239 fls. 355/357.

Ficha 550 – 30/08/1691 – carta do gov. de PE [D. Antônio Félix Machado, Marquês de
Montebelo] ao cap. Mor dos paulistas Domingos Jorge Velho – Responde carta (ficha 549).
V.Magte que Deus guarde foi servido ordenar-me que por conta de sua real fazenda resgatasse
e pusesse em liberdade os 100 índios machos e fêmeas que no tempo de meu antecessor o se.
Antônio Luiz se venderam nessa capitania tomados na guerra do Rio Grande, declarando que
não eram cativos, mas contudo se reputassem prisioneiros de guerra os tomados nela. Eu tive
meu gosto particular que havendo de me chegar esta ordem, fosse já em tempo que V.M se
acha com empresa diferente entre mãos. Prossegue: “vejo a obstinação com que os rendidos
se houveram, não somente em não quererem obedecer a V.M. , mas fazerem-se fortes,
chamando a terra sua e desprezando a voz de El rei, em cujo nome V.M. lhes mandou intimar
a marcha declarando-se ultimamente que o não conheciam por senhor grande, e só deviam
obediência ao seu chamado rei, “o governador ordena que logo que cheguem aos campos do
Garanhum remeta o tal rei e os seus companheiros presos para a cidade de Olinda. BNL PBA
Cd 239 fls. 357/358.

BNL – Biblioteca Nacional de Lisboa – PBA – Coleção Pombalina. Códice 623. Cartas do
Ultramar – 1753-1758.

Ficha 558 – 22/09/1753 – Carta de Jacinto de S.Payo Soares ao Gov. Francisco Xavier de
Mendonça Furtado. No que respeita aos manajós não me consta que da minha tropa se tinha
vendido nenhum só. Esse homem mal procedido Antônio .. vendera há essa índia e agora
examinando eu pela carta de V. Excia me dizem que um índio por nome Baltazar da
aldeia de Turiaçu vendera ou dera em pagamento dos jornais de uma índia que trazia
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furtada a um homem do Maranhão mas que já lhe morrera, me não consta mais
nenhum. PBA Cd 623 p. 16/16v

OBS: PROCURAR A REFERÊNCIA DE ONDE AS CAPITULAÇÕES ABAIXO FORAM


TRANSCRITAS.

Ficha 578 – 10/04/1692 - Cópias das Capitulações realizadas entre o Governador Geral do
Brasil Antônio Luiz Gonçalves da Câmara e Canindé Rei dos Janduins, em 10 de abril de
1692. “Em os cinco de Abril do presente ano, chegaram a esta cidade da Bahia Joseph de
Abreu Vidal, Tio do Canindé rei dos Janduins, Maioral de três aldeias sujeitas ao mesmo rei:
e Miguel Pereira Guarejú Pequeno, maioral de três aldeias sujeitas também ao mesmo
Canindé; e com eles o capitão João Paes Floriam português, em nome de seu sogro putativo
chamado Neongugê; maioral da sua aldeia Sucurû da mesma nação Janduim, e cunhado
recíproco do dito rei Canindé, a cuja obediência, e poder absoluto está sujeita toda a nação
Janduim, dividida em vinte, e duas aldeias; sitas no sertão que sobre as capitanias de
Pernambuco, Itamaracá, Paraíba e Rio Grande; nas quais há treze, para catorze mil almas, e
cinco mil homens de arcos, destros nas armas de fogo.” (fl. 422) E vindos estes maiorais
nomeados com mais quinze índios, e índias que o acompanhavam na presença do governador
geral do Brasil em nome do rei dos Janduins Canindé, “uma paz perpétua para viver a sua
nação, e a portuguesa como amigas.” Estabeleceram seguintes pontos:
1. Reconhecimento do Rei de Portugal
2. Direito de liberdade
3. Índios seriam batizados
4. Auxílio aos portugueses contra os estrangeiros
5. Auxílio aos portugueses contra índios de outras nações
6. Informar ao Governador Geral a descoberta de metais nas suas terras
7. Garante às aldeias dos Janduins dez léguas de terra de cada banda
8. O trabalho indígena deveria ser pago ao governador da aldeia
9. Os índios deveriam ajudar na reconstrução da fortaleza do Rio Grande
10. Nenhum Governador, ou cabo de paulista poderia perturbar os índios. fls. 422/426

BNI - Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro – 1238 [?]. DHBN 38 [?]. Recife, 1760-1762.
BN – Ms. I – 12, 3, 38 [?]. [Documentos Históricos da Biblioteca Nacional – DHBN].
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Ficha 668 – 14/12/1696 – Carta do gov. geral do Brasil ao mestre de campo Domingos Jorge
Velho. Fui informado que alguns paulistas deste terço deram no riacho dos Cabaços, em um
rancho onde estavam os bárbaros de que é capitão o Paxicú, e entre outros lhe cativaram a
mulher de que se temia alguma revolução nas aldeias, com que o Paxicú se levantara: e que
falando o cap.mor. daqueles distritos com os paulistas para os divertir de cativar aqueles
tapuias, que estavam de paz com os brancos, lhe disseram que tiveram ordem de S. M que
Deus guarde para cativarem todo o gentio que não fosse batizado e não estivesse aldeado. Se
V.M. tem esta ordem de S.M me envie V.M originalmente para eu a ver: e se não faça V.M
recolher logo os paulistas: e lhes ordene, que restituam logo ao Paxicú sua mulher; e que de
nenhum modo inquietem as nações dos Carinayós, Jacôs, Paraquios, e a do mesmo Paxicú
V.M manda fazer guerra aos negros dos Palmares e não aos bárbaros amigos dos brancos que
se opõem aos que lhe vem fazer hostilidades. DHBN 38 fls. 425/426.

BNI - Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro – 1238 [?]. DHBN 44 [?]. Recife, 1760-1762.
BN – Ms. I – 12, 3, 44 [?]. [Documentos Históricos da Biblioteca Nacional – DHBN].

Ficha 655 – 20/10/1720 – Ordem do gov. geral para cap. João Barbosa Rebelo sobre índios
para guerra do Piauí. Ordena junte casais de índios e índias solteiros de guerra que puder
conduzir da aldeia do Jerimuabo para a aldeia que se mandou criar no Piauí. DHBN 44:1/2

Arquivo Histórico Ultramarino - AHU (Lisboa). Documentos Avulsos - Pernambuco.

Ficha 443 – 30/11/1699 – “Auto de devassa que mandou fazer o reverendo padre vigário da
cap. do CE João de Matos Serra por ordem do Il.mo fr. Francisco de Lima por mercê de Deus
e da Santa Sé apostólica Bispo de Pernambuco e do conselho de sua majestade que Deus
guarde do excesso que cometeu o mestre de campo Manuel Álvares de Moraes Novarro
matando e cativando os índios da ribeira do Jaguaribe debaixo de paz estando os ditos índios
aldeados e a maior parte deles batizados assistindo debaixo da proteção do missionário Padre
João da Costa.” 1 ª testemunha – Cristóvão Soares de Carvalho – capitão de uma companhia
de ordenanças desta ribeira de Jaguaribe – 45 anos. Testemunha que os ditos tapuias estavam
de paz a qual fizeram com o capitão mor do Ceará Fernão Carrilho em presença dos
moradores. Estes tapuias foram combater logo os tapuias Icós e os Caratius ambos inimigos
dos portugueses demonstrando sua lealdade. Devido às pazes a ribeira já se encontrava com
mais de 100 fazendas de gado. A maior parte destes tapuias está reduzida e tem ajudado os
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moradores a fazerem os seus currais. Por ser esta nação muito dilata e dividida em vários
ranchos não puderam aldear-se todos juntos por lhes ser impossível sustentarem-se todos para
o que determinaram edificar outra aldeia distante desta da Madre de Deus quase 17 léguas. Ao
30 de julho entrou nesta ribeira o mestre de campo M. A M Novarro com seu terço e muitos
tapuias do Açu da nação Janduins e foram recebidos na aldeia da Madre de Deus com muita
cortesia e retirando-se o mestre de campo e publicando por esta ribeira acima que ia fazer
guerra ao gentio Caratejú, chegando em frente ao presídio que está nesta ribeira daí mandou
chamar a um capitão por nome Jenipapoçu que era um dos que tinha dado princípio a esta
nova aldeia desta mesma nação dos Paiacuses escrevendo-lhe que fosse com toda a sua gente
para ajudar a dar guerra aos Caratiús e trouxesse mulheres e filhos pois queria lhes dar
dádivas o que o dito capitão obedeceu obrigando os ditos tapuias prostrando-se aos seus pés e
rendendo-lhe vassalagem como a seu senhor, o dito cap.mor matou o dito com uma
carabinada quando se lhes prostrava aos pés sendo esta a senha para os seus soldados
degolassem os mais tapuias Paiacuses. Dizem que mataram mais de 400 e cativaram
outros tantos entre grandes e pequenos, velhos e mulheres entrando nestes muitos
batizados e os mais catecúmenos. O que provocou temor na dita ribeira pois o dito capitão
retirou-se logo para o Açu e os tapuias podiam se rebelar contra os moradores. 2 ª Testemunha
– Domingos Pereira Ramos – solteiro – 47 anos. Relata que o padre João da Costa da missão
sabendo que o dito capitão levava alguns índios batizados mando o livro de batismo para que
ele enviasse ao menos os que eram ao menos batizados e o mestre mandou o padre buscá-los
na ribeira do Açú, distante 80 léguas. O padre foi ao Açu e além de não ter entregue os índios
o mestre de campo e soldados ainda zombaram dele e o ameaçaram. 3ª testemunha. O padre
foi enviado à missão em 1696. O principal de toda a nação era Mathias Pequa. Relata que o
mestre de campo ao chegar ao Açu mandou chamar alguns tapuias da nação dos Paiacuses e
os mandou com somente 10 soldados do seu terço fazer guerra aos tapuias Icozes. Fizeram a
guerra e entregaram a presa que foi remetida à Bahia. AHU PE d. a. (documentos avulsos)
1700.06.29.

Ficha 441 – 06/05/1700 – (ligada à ficha 443, manifestando a posição de Novarro aos autos da
devassa que envolvia seus atos com relação aos índios Paiacú) Carta de Manuel Álvares de
Moraes Novarro ao rei. Dá conta do castigo que deu aos tapuias do rancho Janipabussú da
nação Paiacu e tenta esclarecer as acusações feitas contra ele pelos seus inimigos, entre eles o
Pe. João da Costa recoleta da congregação de São Felipe Neri, que assiste na ribeira do rio
Jaguaribe que é missionário de um rancho de Paiacús, de que foi cabeça Matias Peca que o
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facilitou a guerra aos tapuias do rancho de Janipabussú e pediu que acabado de castigar os da
sua missão, pois se mostravam muito desobedientes e rebeldes, contentando-se que lhe
deixasse só os pequenos. Depois disso relata que como não se fez o que lhe pediu, mandou
dizer que entre aqueles que ele havia combatido havia índios batizados e que os mandasse o
qual respondeu que a este respeito consultaria o gov. geral. Este então se juntou ao Pe. João
de Matos, vigário do Ceará e ao cap. Mor do Rio Grande Bernardo Vieira de Melo e fizeram
uma devassa incriminando-o. Finalmente, ressalta que como a guerra que fez foi considerada
justa na Bahia, ordenou ao gov. de PE que os tapuias de presa que estavam retidos em PE
fossem entregues aos soldados dele, porém quando chegou esta ordem já era a maior parte
fugida, e os que ficaram no arraial, fizeram o mesmo, ficando estes pobres sem o lucro que a
custa do seu sangue tinham granjeado, pois por causa de excomunhão não os podiam vender,
e menos sustentar, pela esterilidade da campanha não dar lugar a se remediarem a si, quanto
mais aos tapuias com tanta demora. AHU PE d a 06/05/1700.

Arquivo Histórico Ultramarino - AHU (Lisboa). Códice 265. [?].

Ficha 44 – 18/01/1702 – (ligada às fichas 441 e 443, manifestando os problemas resultantes


das atitudes de Novarro para com os índios Paiacú) Sobre devassa das hostilidades e danos
que tinha feito o gentio das nações dos tapuias Icós e Paiacus sublevados pelo mestre de
campo Manuel Álvares de Moraes Novarro do terço do Açu aos moradores da cap. do CE.
AHU Cd 265 f 159.

Ficha 246 – CCU – 23/12/1710 – Sobre o que escreveu o sargento-mor do terço do Açu
acerca do crime que cometeram alguns oficiais e soldados dele na assaltada que deram no
tapuia Panicuguaçu e da paz que fez com eles. “O sargento-mor do terço dos paulistas que
se acha na campanha do Rio Grande dá conta que querendo o mestre de campo do mesmo
terço antes da sua partida para São Paulo, continuar a guerra aqueles bárbaros daquelas
capitanias, ajuntara consigo e com alguns capitães do terço reduzir à fidelidade o rancho do
principal chamado Panicuguaçu tanto por ser este o que alguma inclinação mostrara sempre
aos brancos, como por alcançar que para a conquista dos rebeldes era necessário meter-lhe
inimigo de dentro ao qual não faltasse o conhecimento das serras em que se costumam
ocultar, como o das águas para sustento dos soldados, que pondo esta diligência em execução
e passando para a conseguir alguma fazenda que em dádivas com o dito rancho despendera:
Reduzira o dito Panicugassú a vir ao arraial com toda a sua gente de guerra e família a quem
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propôs o dito mestre de campo que não desprezassem a sua amizade e se conformassem a
reconhecer a vassalagem à Coroa de V.M. [rei português], porquanto tinha ordem expressa
para lhes fazer uma muito efetiva e fervorosa guerra e que se das hostilidades dela e cativeiro
dela e cativeiro se quisessem livrar se declarassem vassalos de V. M. e o ajudassem a fazer
guerra aos mais que na rebeldia eram pertinazes e aceitando o dito Panicuguaçu o partido e
prometendo não saírem mais do arraial, senão para a guerra onde os mandassem e que ficaram
suas famílias no mesmo arraial para penhor de sua fidelidade, e com a assistência deles, e
vista de suas famílias nasceram e cresceram em alguns capitães do terço tão grande
ambição de lhes cativar as mulheres e filhos que cavilosamente se concertaram com
alguns oficiais menores, a que avisassem aos tapuias do Podi da nação Paiacu aldeados e
domesticados por nós viessem a certo lugar perto do arraial e nele se ajuntassem com os
moradores confederados com os ditos capitães e que estes dariam modo e traca (?) para
que livremente entrassem e matassem os tapuias e que ao mesmo tempo sairiam eles capitães
a ajudá-los , e que conseguindo o intento repartiriam a família, e vindo com efeito os tapuias
guiados por dois oficiais do terço e ajuntando-se no lugar consignado com os moradores
vieram ao efeito porém o mestre de campo que de tudo tivera aviso (por revelação de um
soldado) vendo que outro remédio, nem castigo podia dar aos cúmplices neste delito por ser
nele incurso a maior parte do terço mandara ao tapuia se retirasse todo aquela noite, e que
escondido observasse se vinham, ou não aquela madrugada a madallos (?) e fazendo-o assim,
e rompendo o dia lhes deram assalto e se acharam só com fogos que por negacia (?) e exame
deixaram os tapuias aceso e vendo que não haviam conseguido o mau intento seguiram o
tapuia pela trilha, e pelejaram ainda com alguns, e mataram um, que isto sucedera já estando
de partida para São Paulo o mestre de campo e que pouco tempo depois deste sucesso
despedira ele sargento mor uma bandeira a qual pelejando com um rancho de tapuias
acharam nele alguns Panicugassú os quais ajuntando-se com o seu principal lhes foram pedir
pazes e prometeram de novo queriam ser vassalos de V.M. o que se lhes concedera e se
tinham havido de sorte que muitas vitórias que se conseguiram se lhes deviam por serem (...)
soldados, e tão noticiosos da campanha como filhos dela que de tudo isto se dera conta ao
gov. de PE. O conselho é de parecer que os punidos sejam castigados. AHU Cd 265 f
235/236.

Ficha 247 – 19/01/1711 – CCU – (ligada à ficha 246) Sobre o que escreveu cap. Mor PB
sobre devassa da guerra que os moradores das Piranhas fizeram aos tapuias. Devassa apurou
que os tapuias atacavam isoladamente para furtar e não em comum e desta forma os
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moradores das Piranhas não poderiam ter-lhes declarado guerra. Manda prender os culpados e
soltar tapuias injustamente cativos. Relata sobre a presença de uns 20 homens brancos que no
sertão estavam junto à uma nação de tapuias e mais alguns escravos cometendo mortes e
insultos. Diz também que os moradores das Piranhas não queriam consentir que o gentio
Panati tornasse para as terras que lhes foram assinadas naquele sítio donde os lançaram fora
com a injusta guerra acima mencionada. Aconselha que mande o governador os faça logo
meter de posse das terras. O conselho acrescenta que os índios que cometeram hostilidades
também devem ser punidos. AHU Cd 265 f 238/239.

Arquivo Histórico Ultramarino - AHU (Lisboa). Códice 257. Registros de Consultas para o
Brasil.

Ficha 50 – 13/01/1699 – carta do rei ao gov. de PE – sobre o mau-trato que dão os soldados e
os moradores aos padres missionários e especialmente o caso que sucedera de arrancar um
punhal um soldado para ofender ao padre Marcelino Gomes, por se não consentir tirar uma
índia de sua aldeia que se crê provavelmente para fins ilícitos. Ordena examinar essa
matéria, informada segundo bispo de PE pela junta das missões. AHU Cd 257 f 07

Ficha 51 – 13/01/1699 – Carta do rei ao gov. de PE. Sobre o que escreve o bispo de PE pela
junta das missões “sobre haverem tirado de uma aldeia junto ao Piauí uns soldados, umas
índias, em que entrara a filha de um principal, sendo postas da sua mão para usarem
mal delas.” Manda investigar o caso e punir os culpados. AHU Cd 257 f 7 e 7v.

Ficha 41 – 05/09/1699 – carta do rei ao gov. de PE. Sobre dar conta de esperardes pela muda
dos soldados que assistem no presídio do CE que cometeram o delito de tirarem umas
índias da aldeia Piagui para usarem mal delas. AHU Cd 257 f 18

Ficha 18 – 31/01/1701 – Carta do rei ao gov. de PE. Sobre sucesso que houve na aldeia de
Ararobá de querer um curraleiro fazer força a uma índia donzela. AHU Cd 257 f 68

Ficha 140 – 13/09/1709 – Carta da rainha para o desembargador Cristóvão Soares Reimão.
Sobre se acharem, na capitania do Ceará, diversos moradores com índias furtadas a seus
maridos sem as quererem largar e sobre o capitão-mor impedir os índios de trabalhar sem
licença sua. AHU Cd. Cd 257 f 260
12

Ficha 7 e 96 – 03/03/1702 - (ligada às fichas 44, 441 e 443, manifestando os problemas


resultantes das atitudes de Novarro para com os índios Paiacú) Carta do rei ao gov. de PE
[João da Cunha Souto Maior]. Ordenar ao mestre de campo dos paulistas [Manuel Álvares de
Moraes Novarro] que assiste no Açu que não mova guerra ofensiva aos índios sem primeiro
dar conta ao gov. da capitania. AHU Cd. 257 f 104 e 104v.

Ficha 97 – 03/03/1702 - (ligada às fichas 7, 44, 96, 441 e 443, manifestando os problemas
resultantes das atitudes de Novarro para com os índios Paiacú) Carta do rei a Cristóvão Soares
Reimão – Sobre conta que o gov. do CE dá dos furtos e excessos que os tapuias da nação
Piacus aldeados naquela ribeira haviam cometido fomentados pelos soldados do terço dos
paulistas do mestre de campo Manuel A. M Novarro, dando-lhes para este efeito pólvora e
bala pondo-se em armar os ditos tapuias contra os moradores, ficando um deles ferido por
cuja causa mataram alguns. Ordena que tire devassa. AHU Cd 257 f 104v.

Ficha 141 – 13/11/1709 - carta do rei ao gov. de PE [João da Cunha Souto Maior?] – Sobre
conta de que tendo ajustado o mestre de campo do terço do Açu [Manuel Álvares de Moraes
Novarro] com os maiores de um rancho do gentio Panacú Açu fossem conduzir a sua gente
para se aldear perto do arraial, e se lhe dar padre para os doutrinar, e eles se empregarem em o
meu serviço e a favor dos brancos e contra os mais tapuias inimigos dera com eles uma tropa
do coronel Antônio da Rocha e investindo-os lhes matara mais de oitenta e cativara 200 sendo
a maior parte mulheres e rapazes por não poderem fugir. O dito cel. declarou na devassa não
ser sabedor do acordo antecedente e haver encontrado o gentio muito ao sertão. AHU Cd 257
f 273v.

Arquivo Histórico Ultramarino - AHU (Lisboa). Códice 257. Registros de Consultas para o
Brasil.

Ficha 146 – 27/01/1711 – (ligada às fichas 246 e 247) Carta do rei ao gov. de PE. Sobre
raivosa ação que os capitães oficiais menores do terço dos Paulistas de Manuel de Moraes
Navarro e moradores intentaram contra a gente do principal Panicugassú, que se havia
arraiado e unido à nossa sujeição e minha obediência. Ordena que se faça devassa e se restitua
a liberdade aos índios injustamente cativos [entre eles, as mulheres e filhos dos ditos tapuias].
Obs. Carta para o ouvidor geral de PE sobre o mesmo na mesma data. AHU Cd 257 f 304.
13

Ficha 147 – 09/03/1711 – (ligada às fichas 146, 246 e 247) Carta do rei ao cap.mor da PB.
Sobre devassa que se fez ao sertão dos tapuias, mandar castigar os índios e soldados que
foram considerados culpados. Quanto aos 20 homens que se achavam associados a certa
nação de tapuias fazendo mortes e insultos e sendo couto de escravos fugitivos, ordena que
prenda estes homens. E suposto o que diz o juiz Pantaleão Lobo que os moradores das
Piranhas não querem consentir que o gentio Panati torne para as terras que lhes foram
assinadas naquele sítio, donde o lançaram fora com a injusta guerra que lhes deram. Ordena
lhe dê posse das ditas terras. Ordena também castigar as pessoas que com a bandeira do Apodi
não só vexaram os índios Icó que se achavam aldeados e em paz no rio do Peixe mas também
lhes cativaram as mulheres e alguns meninos que devem ser restituídos. AHU Cd 257 f 312
e 312v.

Ficha 150 – 03/04/1712 – (ligada à ficha que se segue, de número 464) Carta do rei ao gov. de
PE – sobre a alteração em que se acham os tapuias do rancho do chamado do Caboré Assú da
nação Jandoim pelo excesso que cometeram alguns moços moradores da ribeira do Açu
contra uns poucos que se achavam no dito rancho, com a ausência dos mais, matando muita
gente que já se contavam cinqüenta e duas pessoas, entre brancos e escravos e todo o gado e
cavalos. Ordena procurar por todo o bom modo pacificar o dito gentio e se não possais reduzir
por meio de suavidade lhes dareis guerra. Obs. Carta para o cap.mor do RG sobre o mesmo na
mesma data. AHU Cd 257 f 341.

BNL – Biblioteca Nacional de Lisboa – PBA – Coleção Pombalina. Códice 115 – Brasil.
Governo de Pernambuco – 1712-1715. Livro de Assentos da Junta das Missões, Cartas
Ordinárias, Ordens e Bandos Que Se Escreveram em Pernambuco no Tempo do Governador
Félix José Machado – 1712-1715.

Ficha 464 – 05/09/1712 – Assento da Junta das Missões. Nesta junta foi proposto se foi justa
a guerra que se fez ao gentio da nação Jandoim, Caboré e Capela e se estavam legitimamente
cativos todos os que foram aprisionados sem embargo das dúvidas que se propuseram em
razão de algumas vexações e injustiças que haviam feito, a um rancho do dito tapuia,
cativando-lhe o mulherio que levaram para as minas , por cuja causa se uniram os ditos
tapuias agregando-se-lhe os da Capela com o receio da mesma injúria, em vingança delas
fizeram as ditas hostilidades. Apurou-se na junta que se devia tirar devassa do caso. Votaram
14

também que de nenhuma maneira convinha ficarem na terra e que deveriam ser os tapuias
alimentados pela fazenda real. BNL PBA Cd 115 p. 35.

Ficha 470 – 04/02/1714 - Termo de assento da Junta das missões – Leram-se as cartas do
Revdo padre João Guedes e D. Felipe Pinheiro Camarão sobre se tirarem as índias das
casas dos moradores do CE, pelas gravíssimas ofensas a Deus que com elas se faziam, e
por que as sujeitaram como escravas sendo libertas . Assentou-se que se tirassem todas as
índias que estivessem na casa dos homens solteiros e ainda nas casadas , em tais casas,
tudo na forma das ordens de S.M. Leu-se a carta do cap.mor do RG em que declara os
inconvenientes que há para se agregarem as aldeias da Estiva, Catú e do Cunhaú como se lhe
tinha ordenado em virtude da junta de 03/04/1713, cujos inconvenientes são: estarem há
muitos anos naquelas aldeias, andarem em campanha, e ser lhes preciso primeiro irem plantar
as suas lavouras. E assentou-se fossem logo os índios fazer a sua seara na aldeia e terras do
Cunhaú por ser agora o tempo de plantar. BNL PBA Cd 115 p. 49/49v

Ficha 475 – 29/11/1714 – (Ligada à ficha 470, ao caso das índias levadas de suas aldeias para
com elas fazerem-se “gravíssimas ofensas a Deus”) Termo de assento da junta das missões.
Leu-se carta do cap.mor do CE em que responde à ordem da junta de 04/02/1714 em que se
ordenava que se tirassem as índias das casas dos moradores pelas ofensas de Deus que
com elas se faziam, principalmente a dos homens solteiros, e ainda algumas dos casados
que usassem mal delas e respondeu que ficava dando execução à sobredita ordem: mas
que tinha vindo no conhecimento de que a maior parte dos índios fundavam seus
interesses na entrega destas índias, aos moradores, e que procuravam tirar tais filhas
aos a quem assim hão dado, pelo que deles receberam para as entregarem [tos] de que
tirassem notas utilidades, e que de lhes não fazerem esta entrega faziam queixas para o
conseguirem melhor o seu negócio como se tinha visto muitas vezes. Diz mais que
entrara naquela capitania o ajudante de tenente D. Felipe Pinheiro Camarão que a ela
foi de socorro começara a dominar as aldeias dela, e que mandara tirar algumas índias
das casas dos brancos, que as tinham com o pretexto de as entregarem seus pais para as
casarem e que vencidas as suas conveniências tornara a entregar algumas aos próprios
moradores com quem antes viviam ilicitamente, e que outros, com algumas mais que
tirara das aldeias por mais formosas levara em sua companhia para a campanha onde as
tinha ignorando-se a necessidade que houvera para o fazer, mas que tendo notícia que se
compreendessem na resolução da junta... faça recolher para as suas aldeias. E assentou-
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se que sem embargo deste aviso, suposto que os moradores usavam mal das índias, em
ofensa de Deus, e em prejuízo da quietação pública, e dos índios, que faziam repetidas
queixas destas desordens. E que se recolhessem todas as índias às suas aldeias, e que
delas se não tirassem sem ordem do cap.mor daquela capitania, e intervenção dos
missionários sobre as casas dos moradores para onde onde houverem de ir assistir, em
conveniência das ditas índias como é estilo naquelas partes,; e queixando-se os
missionários ao cap.mor de que algumas pessoas tiram das aldeias as índias, sem
consentimento seu, e ainda os mesmos índios; o cap.mor mande prender por tempo de
dois meses aos que incorrerem nesta desobediência . O Ex.mo Sr gov. conformando-se com
o assento da junta só discrepou em que se procedesse a prisão, achando-se a índia em casa de
tal pessoa, que a houver tirado, ou em outra qualquer onde estiver posta por sua conta; e
conformou-se o bispo nesta parte com o parecer do Sr. General. Leu-se uma carta do cap.mor
do RG em resposta da ordem que se lhe mandou em virtude da resolução da junta de
21/04/1714 para que respondesse sobre se a aldeia de Cunhaú estava sujeita à sua jurisdição, e
que tivesse entendido que devia ser assim, respondeu que aqueles índios estiveram sempre
sujeitos aos capitães mores: mas que como esta aldeia era limitada, poucas vezes se valiam
deles. BNL PBA Cd 115 f 60/61

Ficha 509 – 15/12/1714 – (Ligada à ficha 470 e 475) Ordem que foi ao cap.mor do CE
para fazer recolher todas as índias às suas aldeias tirando-as das casas dos que as
tiverem. BNL PBA Cd 115 f .329

Ficha 482 – 16/02/1713 – Portaria que levou o auditor geral João Marques Bacalhau para o
Rio Grande para devassar da guerra que o coronel Antônio da Rocha Bezerra deu ao gentio
Panacú Açu. O gov. de PE ordena averiguar se a guerra foi justa ou não, e quem eram os
vaqueiros que cometeram o excesso de matarem e cativarem o gentio que ia se sitiar com
sua bagagem e mulheres por ordem do mestre de campo do terço do Açu que antes tinha
dado palavra de paz ao gentio. BNL PBA Cd 115 p. 124.

Ficha 527 – 14/02/1715 - Carta do gov. de PE ao juiz de fora sobre uns tapuias para se tirar
devassa. Os tapuias que se mataram e cativaram debaixo de paz são os Jaguaribaras. Estes
pedindo paz, governando a capitania Plácido de Azevedo Falcão, os mandaram recolher
debaixo dela em 30 do mês de janeiro de 1714 a Aldeia de S. Matias da dita capitania, e
depois de recolhidos deu sobre eles uma tropa de nossas armas para prendê-los, por ordem do
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sobredito capitão Plácido de Azevedo, e mataram setenta e quatro tapuias de guerra e três
mulheres e aprisionaram todos os mais . A averiguação que se manda fazer, se dos tapuias
que aprisionaram nesta ocasião, e se dispuseram para serem notificadas as pessoas que os
tiverem para os entregarem a todo o tempo que se lhes pedirem sendo que averigue os que se
cativaram na guerra que fez o cel. João de Barros Braga. E os primeiros tapuias que quisera
que se averiguassem se são bem ou mal aprisionados, vem a ser as duas cunhãns que me
trouxe de jóia o cap. Plácido de Azevedo. BNL PBA Cd 115 p. 262.

Arquivo Histórico Ultramarino - AHU (Lisboa). Códice 258. Registros de Consultas para o
Brasil.

Ficha 260 – 27/06/1716 – Carta do rei ao cap.mor da PB. Ordena enviar devassa que se tirou
no sertão das mortes e danos que fizeram os tapuias da nação Icó e também do que se
executou com eles depois de aldeados cativando-lhes suas mulheres e filhos. AHU Cd 258
f. 123v/124.

Ficha 273 – 31/10/1721 – Carta do rei para o padre Antônio de Souza Leal – missionário dos
sertões da capitania do Ceará. Sobre ser informado que os portugueses, mestiços e mamelucos
matam os tapuias por causas levíssimas, e ainda sem elas, e lhe forçam as suas mulheres e
filhas, cujas atrocidades são contínuas, principalmente no Rio Grande e Ceará . Solicita
dê conta todo ano do mau-trato e violência que se fizer aos miseráveis índios. Obs.: Na
mesma data é enviada carta ao ouvidor geral de PE solicitando além de dar conta, fazer
devassa anualmente do referido acima. AHU Cd 258 f 228.

Ficha 275 – 06/08/1722 - Carta do rei ao gov. de PE – Ordena averigue as guerras injustas,
mortes e violências que se têm feito aos índios da cap. do CE. AHU Cd 258 f 236v.

Ficha 276 – 16/10/1722 – (possuí leve indício de ligação com as fichas 273 e 275 e plena
indicação de ligação com a ficha 278, demonstrada abaixo) Carta do rei ao Gov. de PE. Sobre
ser informado que no ano de 1721 se fez uma guerra injusta contra os Jenipapoaçu na vila de
Jaguaribe a qual mandou fazer o capitão-mor do Ceará Salvador Álvares da Silva
fazendo condutores dela ao capitão Luiz Ferreira e ao comissário Clemente de Azevedo,
e ao coronel Manuel de Castro Caldas, os quais primeiro deram no gentio em um lugar
chamado os Buqueiros, aonde cativaram algumas mulheres , e o mais gentio fugiu,
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buscando a igreja de São João onde tinham o seu missionário o Padre Antônio de Caldas
Lobato, sacerdote do Hábito de São Pedro, o qual os meteu dentro da igreja e que chegando os
cabos com a referida tropa, quiseram escalar a dita igreja não obstante o missionário pedir em
nome do rei e de Deus que não o fizessem. E vendo que não conseguia, entregou-lhes a chave
da igreja, e eles dentro dela cativaram todo o gentio, tirando debaixo do altar alguns meninos,
e logo repartiram entre si os presos, e que o padre missionário e o principal do dito gentio
deram conta ao anterior governador de PE e ao vigário geral e que o dito governador havia
considerado a guerra injusta, e mandara largar as presas e que o vigário geral mandara o
mesmo sob pena de excomunhão e apesar disto ainda se achavam cativos e que o cap. Mor do
CE devia dar o bom exemplo. O rei ordena tomar informações e se a guerra foi injusta,
restituir a liberdade aos índios e dar baixa aos cabos que foram a esta expedição. AHU Cd 258
f 273v/274.

Ficha 278 – 23/05/1724 – Carta do rei ao gov. de PE. Sobre o que avisou a respeito de ter
constatado que a guerra contra os Jenipapoaçu foi injusta. Os índios foram postos em
liberdade e aos cabos foram dados baixas. AHU Cd 258 fl. 314v.

Ficha 404 [Vide também a ficha 406] – 24/08/1745 – Carta do ouvidor geral do Piauí ao Rei.
Informa que foi feita contra o gentio Guegue e Acoroá Açu uma entrada pela povoação de
Pernaguá, que lhe fica vizinha de suas aldeias. Esta entrada foi sustentada com contribuição
voluntária dos moradores. Após longa resistência os índios pediram a paz e se lhe
determinou que fossem buscar suas mulheres e família e desta forma entraram para os
confins desta capitania 2051 pessoas entre machos e fêmeas e gente de guerra. [a idéia
era utilizar o Guegue contra o Acoroá Açu que eram inimigos] . “Continuavam as
hostilidades do gentio Acoroá Assu e não se experimentava o efeito que se podia daquela
primeira redução, porque o Acoroá vinha ocupando as terras deixadas pelo Guegue e fazendo
muito maiores derrotas pelas fazendas desta capitania, determinei que se lhes desse uma
avançada, para o que fiz convocar muita gente particular com os seus familiares que unidos,
com o guegue reduzido, o qual sempre fora oposto àquela nação, esperassem todos que nos
viessem insultar; assim sucedeu, e foram logo seguidos dos nossos, que encontrando-se
tiveram um choque em que morreram trinta e dois dos acoroás e se aprisionaram outros
tantos, sendo inumeráveis os feridos, dos nossos ficaram feridos dezesseis, de que se não
seguiu morte.” . Dos acoroás presos foi solto um veterano para ir propor a paz e o seu
principal mandou dois filhos seus com alguns homens de guerra para ajustar a paz,
18

gratificando a usa estimação com um presente de raízes de árvores e algumas frutas silvestres.
O tratado foi ajustado, alguns ficaram logo e outros foram buscar sua gente. Foram dados de
presente um bastão, alguns machados e uma faca de mato. Refere que pelo tratado os gentios
deviam ser sustentados por um ano, tempo necessário para plantarem os seus ranchos e se
sustentarem daí em diante. Solicitam que os missionários entrem com eles para o mato mas os
mesmos hesitam. AHU PI d a 1744.12.02.

Ficha 406 – 06/09/1746 – (ligada à ficha 404, explica o que se sucedeu com os nativos
Guegue e Acroá após seus aldeamentos e “pazes”) Carta do ouvidor geral do Piauí ao rei.
Informa sobre a paz com o gentio Acroá dos quais desceram 8000 e tantas almas e ainda se
esperam mais. Fala sobre o gasto com o sustento dos gentios Guegue e Acroá os mesmos
estavam atacando os gados das fazendas. Relata que o gentio Acroá dentro das suas aldeias
sempre teve guerra com o gentio Guegue, que dois anos antes viera também à paz [Importante
para esclarecer outra fonte]. O gentio Guegue com a sua má inclinação comoveu o gentio
Guegue a levantar-se com a insolência de matar o seu próprio missionário religioso de Santo
Antônio e se foram ao armazém aonde estavam algumas armas e pólvora e chumbo da
fazenda real, cujos gêneros levaram , pelo tempo da paz os ter feito práticos no exercício de
atirar. Com esta desordem se seguiram outras, incêndio de casas mais afastadas e assassinatos.
Foi tirada devassa e remetida ao gov. e a junta. Ouvidor é de voto que continuasse a guerra e
que apanhados dez ou doze cabeças se lhes armassem forcas no mesmo arraial. Estas mortes
serviriam de exemplo aos Acroá. Enquanto esperava decisão da junta fez uma pequena tropa
que entrou em choque em que morreram 33 homens de guerras dos índios e se aprisionaram
23 pequenos, e dos nossos morreu um preto, e quatro feridos de flecha. AHU PI p a
06/09/1746.

Ficha 408 – 06/11/1747 – (ligada às fichas 404 e 406, fala sobre um novo conflito envolvendo
os nativos Guegue aldeados) Carta do ouvidor geral do Piauí ao gov. do PI. Relata que após
um choque com os gentios guegue rebelados se mataram 04, resgataram um menino branco e
se aprisionaram quatro, entre os quais a mulher de um dos seus maiores , que vendo a falta
falou à nossa tropa que queriam pazes. As pazes foram aceitas e estiveram em trégua fingida,
porém com a descoberta de um levante os soldados mataram todos os índios. Tiveram os
bárbaros perda de 27 homens de guerra, 04 mulheres e uma criança de peito, e alguns
feridos, ficaram prisioneiros vinte e nove entre machos e fêmeas e destes três a perigo de
morrer. Dos 26 que restavam se tirou que os soldados ofereceram a S. Félix das Balsas, cujo
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auxílio imploraram, cinco se tiraram para os quintos de S.M., 05 para 05 capitães da tropa,
três a nove oficiais subalternos, seis para os soldados, uma que me mandaram os mesmos
soldados e outra de jóia que dei de esmola ao Senhor dos Passos desta vila, duas de jóia para
V. Excia que depois de estarem nesta vila se meteram uma noite ao mato e não foi possível
achá-los, uma que pertence ao secretário de Estado e uma para despesa particular dos
soldados. Narra que deu ordem a José de Abreu Bacelar morador nas Cajazeiras – distrito de
Pernaguá que castigasse da sua parte aquele gentio, o qual matou de 10 a 12 índios e
aprisionou mais de 30. Destes fugiram mais de 25 e chegou à vila com 05 somente. 01 foi
arrematado em praça pública para o quinto de S.M. e os mais foram repartidos pela sua gente.
Informa que estes índios atacavam as freguesias de Gurugaya e Pernaguá. “Persuade mais a
aflição em que me vi por falta de gente para esta empresa, o não ter esta capitania mais que
duas aldeias de gentio dos quais uma se compõe de 15 tapuios, outra de 06, escrevendo ao
missionário e principal das aldeias da nação Arayol e da nação Anaperu que ficam da outra
parte da Parnaíba fora da minha jurisdição para que me fizessem remeter toda a gente de
guerra que houvesse nas suas aldeias, me responderam que tinham ordem desse governo para
que não saíssem os tapuias para fora sem expressa determinação dele” AHU PI d a
06/11/1747 cx. 03 doc. 62.

OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: Caso de uma índia, tapuia de uma das nações contra a qual
se fez forte guerra, que casou-se com um escravo possivelmente para escapar às penas e
sanções graves impostas aos seus iguais.

Ficha 466 – 23/09/1713 – Termo de Assento da Junta das Missões – Propôs-se que era preciso
enviar missionários para as aldeias que se achassem sem eles, evitando-se que fossem
clérigos, e só sim religiosos da cia., tanto pela doutrina e virtudes, como pelo muito
conhecimento do CE. O que foi assentado e que ao primeiro barco deveria ir para o CE o
padre João Guedes da dita cia. Propôs-se que segundo as queixas dos moradores da cap. do
CE contra o cap.mor Francisco Duarte de Vasconcelos, e notícias dos maus tratos que davam
aos índios. Assentou-se que o gov. deveria tirá-lo por um tempo e que nomeasse pessoa de
toda a inteireza que ocupasse aquele posto para que neste tempo viste qual era o princípio de
inquietação dos índios e tomaria informações sobre o que diziam do cap.mor. Sobre a
jurisdição dos cap.mor do CE determinou-se que esta seria somente no que dissesse respeito
ao serviço de S.M. , sendo no mais governados pelos padres da cia. Afirmaram também que
não seria de menor utilidade que se lhe tirassem as armas de fogo. Determinou-se também que
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se deveria pagar pelo trabalho dos índios e que deveria ser pago primeiro uma caução ao
missionário dos índios antes de utilizar o seu trabalho. Propôs-se nas juntas de ¾ e 08/07
deste ano que se tinha assentado, que todos os tapuias que foram conquistados da nação
Janduim, Capela e Caboré fossem não só cativos, mas desnaturalizados, e que assim se
publicasse por um bando, para quem os tivesse comprado, os trouxessem para esta praça para
serem tirados da jurisdição deste governo, ou os mandassem por sua conta para o RJ, e que
agora dera conta o cap.mor do CE que se achava com uma tapuia da dita guerra que se
havia casado com um seu negro, e se devia também, estender-se a pena com a dita
tapuia. Assentou-se que sem dúvida estava compreendida na lei para ser
desnaturalizada, porém que atendendo-se piamente ao ato conjugal, em que se entendia
não o haver feito com dolo para se eximir de tal pena, se absolvia da extraminação,
porém de nenhum modo serviria de exemplo para outra ou outro índio compreendido
naquela guerra. BNL PBA Cd 115 p. 41/43v.

BNL – Biblioteca Nacional de Lisboa – PBA – Coleção Pombalina. Códice 621 – Brasil.
Cartas n° 12 – 1752-1753. Do Maranhão de Diversas Pessoas para Outras Diversas.

Ficha 573 – 11/12/1752 – Carta do pe. Antônio Machado a ?. Informa que” se levantou
comigo um tapuia daqueles [...] casais que estavam em minha companhia, e por eu não lhe
querer dar um machado, pois havia poucos dias lhe tinha dado outro, me quis matar, (...) e
como eu me mostrasse enfadado como era justo por tão bárbara ação, cobraram todos medo e
fugiram deixando-me ao desamparo: por causa desta temeridade me deitei ao Maranhão, e fiz
uma proposta ao senhor governador na qual lhe pedia, (...), que mandasse edificar um forte
acima das aldeias destes tapuias para por um freio às suas bárbaras ações, e desinfestar este
rio, ou que mudasse os soldados, que aqui se acham ao pé das povoações em um forte, que o
não é senão no nome, (...) e não servem aqui os soldados senão de vadiar pelas fazendas,
embebedando-se e fazendo coisas indignas, (...). Governador respondeu que não podia
construir forte e ofereceu soldados para a sua companhia mas ele recusou pelas insolências
que tinham feito os primeiros, e não ter com que os sustentar, pois os Gamelas, no caso que
viessem, eram tão indignos, que nem para si procuravam. Este verão ordenou o mesmo Sr.
Jacinto de S.Payo fosse fazer guerra ao Acroá, inimigo do Gamela, e me mandou que lhe
desse línguas, e guias, e gamelas de guerra para o acompanhar, tudo executei, ainda que com
o receio de ser esta guerra malfundada; por ser mandada fazer a gentio que não estava
sentenciado, porque o inimigo do Gamela é Acroá só no nome, e na verdade não é senão uns
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parentes dos Gamelas, de sua mesma língua e costumes; como eu já me tinha informado;
como eu já me tinha dos línguas e o achei certo quando falei com uma velha, que o dito
Jacinto S.Payo trouxe preza, algumas palavras que já sei da língua Gamela. Porém no
Maranhão ajustaram que se fizesse esta guerra sem eu a requerer, nem preceder alguma minha
informação, mas para que não se queixassem de mim, dei ao dito Jacinto de S. Payo os
línguas e guias que pedia, e o Sr. Gov. me ordenava, e levou também 150 gamelas homens de
guerra. Não fez Jacinto de S.Payo as presas, nem empresa alguma, o porque ele o dirá por si.
Recolhida que foi a tropa, e os gamelas, fiz uma entrada às aldeias com muita felicidade,
pratiquei duas e já estou com uma neste sítio da Piedade, e estou esperando pela outra. Outra
aldeia que é a maior, ainda fica no centro, e para lá foi o padre missionário Francisco Ribeiro,
para ver se os reduz a se extraírem do centro. BNL PBA 621 – f 426/427.

Ficha 570 – 15/05/1753 – (Complementa informações da ficha 573) Ofício de Jacinto de


Sampaio Soares ao Capitão Geral do MA. Informa que segundo ordens recebidas fez guerra
aos Acroá e Timbira que estavam atacando os Gamela aldeados. Para tal conquista preparou
sua bandeira e entrou pelas terras dos Acroá e Timbira tendo sido encontrado com alguns e
tido choques, tendo-os posto em retirada das suas terras, o que logo obrigou os Gamela a
sujeitarem-se a fazerem aldeia na companhia do Padre Antônio Machado. Também dei parte a
V.Excia em como tinha mandado em companhia dos Amanajós que aqui me vieram procurar
e mandei à presença do Sr. Luiz de Vasconcelos, quatro camaradas de minha tropa, e como
estes por lá se dilataram perto de 7 meses me não faltava cuidado por não saber o motivo de
sua demora, mas já são chegados, (...) os que vieram me trouxeram boas notícias [...] paz com
que se conservam. BNL PBA Cd 621 p. 319/319v.

Ficha 399 – 20/02/1770 – Abaixo-assinado de moradores da caída do Alto Piauí ao


governador do Piauí em relação ao descobrimento do gentio que havia matado Faustino
Ferreira, propondo-se a procurar o dito gentio se o governador permitisse. Governador
pondera que: “Na falta de conhecimento que há da nação que veio insultar esta ribeira, e a
incompetência de tempo, não só embaraçam o poder declarar guerra, mas dispô-la com
formas suficientes para a repelir. Neste termos, se os moradores da mesma ribeira se quiserem
unir, e investigar o dito gentio, com uma tropa segura, e capaz de poder evitar qualquer mau
acontecimento, não terei dúvida que façam a entrada que pretendem , por que por meio dela,
tanto se poderá vir ao conhecimento qual seja a referida nação, como das suas formas, para
proporcionadamente se poder combater (...). Oeiras do Piauí, 12/01/1770. Gonçalo Lourenço
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Botelho de Castro para Cap. Luiz Antônio Ribeiro. Anexos: 28/04/1769 (posterior a) –
Relatório das diligências de Francisco Carvalho da Cunha.: “Cópia da derrota que fiz da
ribeira do Corimathã para as terras ocultas chamadas as Pimenteiras circunvizinhas à ribeira
do Corimathã.” : Parti em o dia 28 de abril de 69, seguindo o rumo do nascente, direitura ao
rio de São Francisco por um caminho obra da natureza chamado a vareda do mesmo rio, e na
distância de 22 léguas procurei o norte seguindo outra vareda de matos bastante seca com
distância de 09 léguas, e daí tornei a procurar o nascente por achar estradas e vestígios que me
levaram a uma aldeia despovoada haveria um ano, que a meu parecer podia ter em si, pelos
ranchos que achei 400 almas, mas fazendo alguns juízos acompanhados de alguns prudentes
assentamos, que era ramo de aldeia grande aonde não pude chegar; uns dizem que terá (?) e
tantas almas, outros que (?) e tantas almas, isto tudo é pela fantasia, mas as grandes trilhas e
roças despovoadas indicam haver o mesmo número; não cheguei a ter fala com as nações que
ocupam as ditas terras chamadas as Pimenteiras pela grande rigorosidade da seca, que me
impossibilitou. // A nação são caboclos , e estes se tratam no seu tanto com asseio, as casas a
imitação de católicos, seus ranchos muito limpos, e em alguns deles achei contas de rezar;
instrumentos para a sua lavoura no modo do possível, ferro de qualidade nenhuma; vivem
muito pobres a meu entender na lei natural. Terras montuosas, e muito secas cujas ficam em
meio da parte do nascente com o rio de São Francisco e pelo norte com o rio chamado
Gurguéia, terras com distâncias e dificuldades.” “Auto de devassa que mandou fazer o juiz
ordinário da cidade de Oeiras o tenente de cavalariça Luiz Pereira de Magalhães, sobre o
gentio silvestre circunvizinho da ribeira do Piauí, que matou e mutilou Faustino Ferreira, e
insultou os mais moradores da dita ribeira.”. “A devassa se inicia em 26/04/1770 na fazenda
da Aldeia, ribeira do Piauí, termo da cidade de Oeiras capitania de São José do mesmo Piauí.
A devassa trata do gentio que matou Faustino Ferreira na dita fazenda, mutilando cruelmente
no dia 07 de dezembro de 1769, nove horas do dia, machucando-lhe a cabeça, cortando-lhe
um braço, havendo outrossim cometido estes outros muitos insultos a este, e cortando-lhe dois
dedos da mão direita e uma cutilada pelo lombo abaixo ao pé do espinhaço, com um palmo de
comprido mais ou menos, (...) O auto de devassa se dá na fazenda Aldeia, última povoação
das vertentes da ribeira do rio Piauí onde se foi fazer exame, vistoria e corpo de delito na
sepultura e corpo do defunto Faustino Ferreira, casado, branco e senhor da dita fazenda.
Relata que após ser enterrado contam que os gentios voltaram, desenterraram o corpo, lhe
tiraram a mortalha e a queimaram, juntamente apegaram do dito com uma mão de pilão lhe
quebraram vários ossos do corpo e o deixaram ficar ao tempo e o comeram os urubus.
Queimaram também 03 casas de palha que se encontravam na fazenda mataram e queimaram
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03 porcos, e duas fêmeas, e mataram as galinhas que se acharam naquela fazenda e


carregaram tudo quanto foi de ferro, enxadas e machados dois, e ferragem de sela, ferro de
ferrar, e o mais que acharam do dito defunto. Quanto aos gentios não sabiam de que nação
eram, “porém que naqueles desertos que são muito dilatados viviam, porque quando ali se
povoaram as primeiras fazendas, já eles existiam, e que algumas vezes tem sido visto vestígio
deles, matando alguns gados e flechando cavalos, e bestas, e carregando outros que nunca
mais aparecem, “(...)” e que a morte que fizeram ao defunto Faustino Ferreira foi atraiçoada,
violenta, repentinamente sem confissão nem sacramento (...) No interrogatório da fazenda da
Conceição na ribeira do Piauí a primeira testemunha relata que o dito defunto estava fazendo
umas coivaras ou instâncias de madeira para fazer cinza, (...) “os acometera os gentio com tão
repentino e cruel assalto, dando nele testemunha um índio com uma cacheira de pau na cabeça
uma pancada e outra em um ombro que se não fora estar ele entre outros paus que estes
impediram a maior fúria da dita cacheira o matariam, porém caindo ele testemunha no chão, e
dando alguns gritos logo lhe acudiram os escravos do dito defunto, (...) encontraram 03 dias
depois o corpo desenterrado, com a carne do corpo toda comida pelos urubus, e estavam
somente os ossos, alguns já divididos uns dos outros, e com uma mão de pilão. Em cima dos
ditos ossos, e outros paus, e perguntado a ele testemunha se sabia que nação era o gentio,
disse não saber por ser novato de Portugal estando há só sete ou oito meses e ouvir dizer de
um moço cujo nome ignora que se chamavam Coripós. A segunda testemunha, que também
estava participando da coivara, descreve o índio que a atacou “e reparou ele testemunha ser
um índio alto, bastante e seco de corpo, cabelo muito grande e amarrado atrás ao pé da
cabeça, (...) A sexta testemunha, relata que “ele testemunha por ter acompanhado o defunto
Faustino Ferreira, em uma ocasião que haverá 04 ou 05 anos que o dito defunto fez uma
entrada a descobrir sítios nas caatingas desta ribeira, que se acham ainda devolutas, e nesta
ocasião deram em vários caminhos bem seguidos que todos se encaminhavam ao poente, e
deram também em vários ranchos do gentio com paus cortados, e em alguns destes ranchos
se divulgava coito do dito gentio , e pela grandeza dos ranchos, e caminhos demonstra a ser
muito o gentio, (...) A sétima testemunha lembra ter entrado com o defunto às caatingas
gerais, que ficam desta ribeira para o poente a caçarem, ou descobrir sítios, deram em vários
caminhos, e estes bem seguidos, que mostravam ser muito o gentio, como também pelos
ranchos que nas caatingas acharam e todos estes caminhos se encaminhavam para a parte do
poente. A oitava testemunha – Pascoal de Souza, homem índio, ao ser perguntado de que
gentio se tratava “ disse que no tempo destas povoações que se sumira do rio de São Francisco
uma maloca de gentio da nação chamada Prasanihú, a que também dos mesmos tempos se
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ajuntara com esta outra nação chamada Coripó, e que isto que dito tem o sabe porque naquele
tempo sendo vivo o pai da mulher com quem é casado ele testemunha por este conhecer os
despojos das ditas nações os quais se achavam no tempo destas povoações, o certificar ele
testemunha, e saber muito daquelas nações, e conhecer as flechas e aiós das ditas nações, e ele
testemunha, em o tempo do defunto Agostinho Afonso Sertão vira nas cabeceiras do riacho
chamado a Conceição uma maloca do mesmo gentio porém não puderam falar com ele por
serem só dois e eles muitos (...) A décima testemunha Agueda Maria de Melo, índia,
casada, 60 anos mais ou menos “disse ela testemunha que no princípio desta povoação
cabeceiras do Piauí sendo vivo o pai dela testemunha Eloan de Melo pelos vestígios que
se achavam de flechas e aiós dizia que era nação Prasaniú que era uma maloca desta
mesma nação que se sumiu do rio de São Francisco no tempo das primeiras povoações e
que também andava mistica [sic!] com esta outra nação chamada Coripó (...).” A 13 ª
testemunha, João Afonso Sertão, preto forro, casado, setenta anos, “mais que ele testemunha
não sabe o nome do dito gentio, porém que sabe que é gentio que fugira do rio de São
Francisco e que se metera por estas caatingas para a parte do poente no tempo do princípio e
povoações destas fazendas cabeceiras do rio Piauí. A 14 ª testemunha, André Paes Landim,
relata que “sabe que o dito gentio costuma andar nesta ribeira, porque nesta mesma fazenda
de Santo Antônio, pelos pastos dela tem achado e visto por várias vezes rastos, e outros
vestígios do dito gentio, e que haverá 03 anos que indo ele testemunha junto com seu irmão
Antônio Paes Landim, vaquejar gados por um riacho que há na mesma fazenda de Santo
Antônio chamado Mulungú pelo dito riacho acima obra de três léguas achara um rancho do
dito gentio em [que] tinham cinco moquéns que nele tinham moqueado suas caças (...). A
décima quinta testemunha, irmão da anterior, fala dos cinco moquéns e “outros vestígios de
paus cortados, aonde tinham cortado abelhas para tirarem mel. “A 18 ª testemunha, “e que ele
testemunha entrara e mais o defunto Faustino Ferreira a ver uma lagoa que ele testemunha já a
tinha visto em tempo que ele testemunha já era rapaz e noutra ocasião em que foi mais o
defunto Agostinho Afonso, povoador que foi destas cabeceiras, e chegando à dita lagoa
acharam uma picada do gentio, e seguiram por ela em dia, e acharam vários ranchos e por
serem poucos os que iam o temeram e voltaram para trás.” AHU PI d a 1770.04.26.

ENNES, Ernesto. A Seção Ultramarina da Biblioteca Nacional: Inventários. Lisboa:


Oficinas Gráficas da Biblioteca Nacional, 1928.
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Ficha 584 – 20/12/1697 - Consulta do Conselho Ultramarino de 20 de dezembro de 1697,


sobre nomeação de pessoas, para a Companhia de infantaria, que vagou na Capitania de
Pernambuco no 3º do Mestre de Campo Manoel Lopes por falecimento de Luiz Vaz da Costa.
“Luiz da Silveira Pimentel, que consta haver servido nas guerras do Rio Grande, e dos negros
dos Palmares de vinte anos a esta parte de soldado, alferes, ajudante e capitão de infantaria do
terço do mestre de campo dos paulistas Domingos Jorge Velho, reduzindo muitas aldeias, e
principalmente quatro nações inimigas; (...) e pondo-se a caminho com grande trabalho
estando ia perto dos Palmares ir por outra ordem do governador geral a socorrer os moradores
do Rio Grande marchando mais de 300 léguas do sertão do Piauí, e Canindé até as Piranhas,
(...); achando-se no encontro da aldeia dos tapuias (Jaicos), que foram quase todos mortos
aprisionando 150; e partindo das Piranhas o dito mestre de campo a conduzir duas mil cabeças
de gado para sustento dos povos, a que o gentio impedia o passo, ficar no arraial tendo todas
as horas combate com o inimigo: na briga da lagoa Boti pelejando quatro dias e quatro noites
sendo mandado a Pernambuco buscar pólvora e bala, o que fez com grande risco de vida a sua
custa e em cavalos seus por mais de cem léguas de distância na marcha que se fez em busca
do gentio Jandoim, e topando com ele por este se por em fugida ir em seu alcance até a serra
do Araripe destroçando-lhe muita parte de sua gente, e famílias tomando-lhe os cavalos que
tinham levado, sustentando-se com raízes do mato, e carregando os doentes e feridos nos seus
cavalos: no encontro com o gentio Jucuruz, durando a pendência 7 horas; (...) no outro com o
gentio bravo chamado Iquos que também foi destruído; no socorro do Rio Grande penetrando
100 léguas do sertão, sendo mandado por cabo de 250 homens das Garairaz a buscar o
inimigo no meio da capitania (...) e voltando outra vez ao Rio Grande se achar nos encontros
dos bárbaros das nações Pio sucurûs e algodão, como também no do rio Jacû levando para o
Rio Grande rendidos mais de 200 índios, que com mulheres e meninos passavam mais de
800 almas. Ennes, 269/275

OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: MULHERES E CRIANÇAS INDÍGENAS


APRISIONADAS NO PIAUÍ, ALGUMAS DAS QUAIS SE ACHOU POR BEM TORNAR
LIBERTAS.

Arquivo Histórico Ultramarino - AHU (Lisboa). Documentos Avulsos - Piauí.


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Ficha 415 – 05/07/1765 – carta do gov. do PI ao gov. MA. Depois de na carta de 28/08/1764
ter participado a V. Excia a cópia do termo de registro das primeiras presas que havia chegado
no mesmo ano. Resultou mais dela, fazerem-se novamente as outras presas, conforme cópias
dos três termos inclusas. A campanha durou perto de 09 meses e se fizeram nela ao todo 370
presas, além de 400 mortos que ficaram pelos matos e de 02 mulheres cristãs que se
resgataram no cativeiro dos bárbaros. Resgataram-se também 65 índios da nação Amanajós,
resto de outros que antecedentemente se haviam descido para a freguesia de Pastos Bons, no
MA. De todas as presas, separou as que por pouca idade pareciam incapazes de voltarem para
o mato, e as repartiu pelos moradores com a condição de as educarem, vestirem, enquanto se
lhe houvessem de conservar em suas casas. As grandes remeteu ao gov. do MA para as
aplicar nas povoações mais remotas daquela província, porém parece que apesar da distância
já desertaram um bastante número. Informa que desceu voluntariamente do mato uma maloca
de índios Caicais, composta de 15 pessoas, pois a dita nação já havia descido há muitos anos
para o rio Itapicuru, aonde igualmente foram estabelecidos. Anexos: Auto de registro dos
prisioneiros que mais fez a tropa de guerra de que é comandante o tenente coronel João
Castelo Branco a quem mandou novamente proceder em sua presença o Il.mo Sr gov. desta
capitania João Pereira Caldas à vista dos mesmos prisioneiros. Oeiras, 12/09/1764. Ordena-se
que o registro seja feito com as divisões e clarezas expressas a saber: 1º) Das mulheres e
filhos menores aos quais há S. Mgte por bem isentá-los do cativeiro; 2º) daqueles que
excedendo a idade de 07 anos tivessem pais para ficarem sujeitos a resolução que
ultimamente sobre eles se tomar. Registro das mulheres e filhos menores isentos de cativeiro
= nação Timbiras.- Obs. São citados o nome de todos. Total 37 pessoas.// Registro dos de sete
anos acima daqueles que ficam sujeitos sobre a resolução que sobre eles se tomar = 2 pessoas,
rapazes de mais ou menos 8 e 10 anos. Declarações que fez o dito condutor destas presas as
quais lhe mandou o dito Il.mo ser gov. tomar por este termo das 54 pessoas aprisionadas,
faleceram até o arraial do Uruçuí 04, ficou uma criança pequena que foi entregue ao
administrador do arraial de S. Felix por estar doente e não poder seguir, ficaram também uma
índia com uma filha pequena e outra de peito que havia nascido no mesmo arraial. Do arraial
até a dita cidade morreram 06 e chegaram 41. Nos combates haviam falecido 18 ou 20
pessoas da dita nação e o número de feridos não podia saber. “Auto de registro dos
prisioneiros que mais fez a tropa de que é comandante o tenente coronel João do Rêgo Castelo
Branco. Oeiras, 26/10/1764. Neste auto o gov. ordena fazer o registro com divisões e clareza:
1 º) das mulheres e filhos menores aos quais há V.M por bem de isentar de cativos.2)
Daqueles que sendo capazes de pegarem em armas não tivessem pais a que fossem sujeitos
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para lhes servir de título de escravidão a que o mesmo senhor os tem condenado por toda a
vida. 3) Daqueles que excedendo a idade de 07 anos tivessem pais para ficarem sujeitos à
resolução que sobre eles ultimamente se tomar. Registro das mulheres e filhos menores do
cativeiro – 53 pessoas. Registro de 07 anos acima daqueles que ficam sujeitos à resolução que
sobre eles se tomar – 03 rapazes entre 08 e 13 anos. Declarações do condutor destas presas:
Após a 1ª e 2ª remessa se aprisionaram num combate a uma maloca de Timbira 57 pessoas
machos e fêmeas, grandes e pequenas. 02 morreram no caminho, 02 fugiram. No arraial do
Orusuí tomara uma índia e uma filha pequena que ali havia deixado o soldado na remessa
anterior. A filha recém-nascida morreu no caminho e tendo nascido uma criança no caminho
tendo sido entregues 56 pessoas. O número de mortes não foi declarado. Auto de registro dos
prisioneiros que mais fez a tropa de guerra que anda combatendo o gentio bárbaro daquele
comandante o tenente coronel João do Rêgo Castelo Branco. Oeiras, 28/11/1764. Registro das
mulheres e filhos menores isentos de cativeiro – 40 pessoas, registro dos de sete anos acima
daqueles que ficam sujeitos à resolução que sobre eles se tomar. 04 pessoas – 03 rapazes de
idade: 15, 14 e 8 e 01 índio de 30 anos. Registro dos de 07 anos acima sem pais. 01 rapaz de
13 anos. Declarações do condutor dos prisioneiros. As presas foram apanhadas dispersas, não
havendo mortandade alguma e também não faleceu ninguém tendo sido o número de 45
pessoas entregues. Termo de declaração que fez o tenente cel João do Rego Castelo Branco.
Oeiras, 11/02/1765. Declara que não se havendo feito mais prisioneiros que os contidos nos
quatro termos de registro descritos chegara o número deles a trezentos e trinta e sete pessoas
machos e fêmeas, além de 02 cristãs que se haviam resgatado e que o número de mortos
chegou ao melhor de 400. E que por beneficio da guerra havia feito sair do mato 55
Amanajós. AHU PI d a 1765.07.05 cx. 08 doc. 13

OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: TENTAR DESCOBRIR A REFERÊNCIA DO


DOCUMENTO RELATIVO A REPARTIÇÃO DE PRESAS ABAIXO POR INCLUIR
MULHERES INDÍGENAS DE DIVERSAS IDADES.

Ficha 566 – 17/08/1752 – Treslado da forma que se fez a repartição – Certificamos nós abaixo
assinados, em como acompanhamos ao cap. da conquista João do Rego Castelo Branco , em
todo este tempo achamos que todas as suas disposições foram muito acertadas, e a todos os
soldados tratou com fraternal amor, de que vamos muito satisfeitos, com também observamos
o prejuízo que tem tanto na sua pessoa, com na sua fazenda que chegou a comprar trinta bois
para gastos da tropa, como também no mesmo serviço de sua majestade, se lhe afugou (?) o
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melhor escravo que possuía, e a catorze do mês de agosto de 1752 chegamos às povoações
com oitenta e uma, entregando-se pequenas e crianças de peito da quais dispôs o dito cabo, na
forma seguinte, primeiramente se tirou sete presas, com que pagou a fazenda real, tirou mais
duas para pagar os registros de todas as presas, que foi três partes para cada um, a saber uma
para o escrivão, outra para o cabo da tropa, outra para o padre capelão, e todas estas presas
mandou avaliar, por três avaliadores a saber o sargento da tropa Arsênio da Fonseca, e
Manuel Ferreira dos Santos e Antônio Pereira Soares e depois de tirar estes gastos, mandou
misturar as presas e por em linha, e entrou a tirar os quintos de sua majestade, e tirando estes
que foram doze presas, tirou as jóias seguintes a saber tirou uma para o Sr. Gov. e deu sua
escolha ao sargento da tropa, e a segunda ao padre capelão, e daí tirou a sua, e tirou uma dos
Sr. rd provedor, e tirou três presas para o Sr secretário, e repartiu os mais na forma seguinte
dando o primeiro lugar ao soldado infante Antônio de Oliveira ajudante da tropa, eleito pelo
cabo da dita tropa, e segundo ao escrivão eleito pelo dito cabo, e o terceiro ao condutor do
gado, e o quarto e quinto lugar, aos dois cabos de esquadra, e o resto pelos mais soldados, aos
quais tocou uma presa a cada um, exceto três que levaram cada um duas de idade de ano e
meio, advertindo que caindo a sorte de quintos, em uma índia, a pediu por seu quinhão um
soldado por nome ......, o qual é um soldado de quem depende toda a felicidade desta
campanha, tanto pelo bom serviço que ao el rei faz, como por ser criado na terra do gentio e
saber-lhe a língua, e atendendo o cabo a seu serviço, lhe deu a dita índia, e deu em seu lugar
outra presa, e feita a dita repartição ficaram duas, uma muito velha que levaram os soldados
dos quintos, por ninguém a querer e outra rapariga de seis anos, com as duas coxas passadas
de uma bala, a qual ninguém lançou ainda mão dela, e esta foi a repartição que fez a vista de
todos os soldados de que todos ficamos satisfeitos e o dito cabo não ficou com mais presa que
a sua jóia o que juraremos se necessário for e [...] Rio das Balsas, em 17/08/1752

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