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economia mista.
A proibição feita pela Lei de Falências não é inédita e já existia na Lei das Sociedades
Anônimas, 6.404/1976, que no seu artigo 242, proibia a sociedade de economia mista de sofrer
falência. Diz-se proibia porque o artigo 242 da Lei das Sociedades Anônimas foi revogado.
Mesmo quando a proibição existiu, por força das leis das S/A, esta proibição de falências
sempre foi muito questionada, pois as estatais poderão, eventualmente, concorrer com
particulares e estes, por sua vez, poderão ter a sua falência decretada.
de Melo de que as estatais que exploram atividade econômica em regime de concorrência não
poderiam ser proibidas de sofrer falência, tendo elas direito de se submeter ao mesmo regime
P ortanto, não é raro encontrar autores como C elso Antônio que vislumbram inconstitucionalidade
na não submissão das estatais que concorrem ao regime de insolvência.
De fato, este é um tema muito teórico que não encontra ressonância na jurisprudência. É
comum que quando uma estatal está em processo de insolvência, com suas contas em situação
difícil, o P oder P úblico pode realizar sua alienação em um leilão público (medida muito utilizada em
relação aos bancos estaduais na década de 90), ou então, o P oder P úblico faz a liquidação
extrajudicial da entidade que está em colapso financeiro e assume o seu passivo, a exemplo do
que ocorreu com o caso da Rede Ferroviária que era uma sociedade de economia mista federal
com um passivo muito grande e a União resolveu extingui-la e assumir o seu passivo.
Em relação a este tema bem específico da falência, na doutrina, a maioria dos autores
Já em um outro ponto de vista, também seria defensável a tese de que a não submissão à
falência seria constitucional, com amparo no artigo 173 da C RFB. Quando a Lei de Falências prevê
que ela não alcança as estatais, haveria fundamento no artigo 173, caput da C RFB, no ponto em
que o dispositivo apregoa que, em casos específicos, o Estado vai atuar por meio de empresas
coletividade ou com um imperativo da segurança nacional e resolve criar uma destas estatais, um
credor privado da referida estatal não poderia conseguir agir de modo a ensejar o seu
fechamento.
Isto, pois quando se decreta a falência de uma sociedade empresarial, ela passa a realizar
o ativo e a pagar o passivo e não mais opera em prol do seu objeto social. O administrado judicial,
C om isso, inviabiliza-se que o Estado atue naquelas excepcionais áreas em que deveria
atuar e que a C onstituição autoriza. P ortanto, o interesse público que justificou a intervenção por
meio da estatal acabaria sucumbindo pelo interesse do credor privado de ver o seu crédito
Ainda é possível defender, em que pese ser minoritário no Direito Administrativo, o ponto
de vista que a proibição da falência ou da sua não submissão por parte das estatais é algo
compatível com o texto constitucional, mas esta é uma discussão doutrinária. Em concursos é
mais prudente defender que a proibição não deveria alcançar as estatais que concorrem, por força
do artigo 173, § 1º, da C RFB que veda o tratamento diferenciado entre estatais e particulares.
A partir deste momento, serão analisadas algumas regras contidas na Lei das Estatais e
alguns artigos importantes para compreender como esta lei trata das empresas públicas e
alguns trechos da Lei 13.303/2016 e, mais à frente, fechando o tema das estatais, as diferenças
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de
economia mista e de suas subsidiárias, abrangendo toda e qualquer empresa pública
e sociedade de economia mista da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios que explore atividade econômica de produção ou comercialização de bens
ou de prestação de serviços, ainda que a atividade econômica esteja sujeita ao
regime de monopólio da União ou seja de prestação de serviços públicos.
No tocante a sua abrangência, a Lei das Estatais abandona aquela diferença entre os que
efeito, a lei trata de toda e qualquer empresa pública e sociedade de economia mista. Nestes
termos, o texto do artigo 1º vai além daquilo o que aborda o artigo 173, § 1º da C RFB, pois o seu
Esta lei foi criada em um momento de investigação policial, de operações nas estatais e da
economia mista, com o equilíbrio que deve existir entre a vontade do governo de utilização da
ver um retorno em relação ao investimento que ele fez quando decidiu se tornar acionista de uma
sociedade de economia mista.
O artigo 8º da lei das estatais, em especial ao que dispõe o inciso I, afirma como a
coletivo e do imperativo de segurança nacional. Reitere-se que a lei não definiu em que consistem
estes dois conceitos jurídicos indeterminados, mas estabelece uma providência que deve ser
A exigência começa pela elaboração de uma carta anual assinada pelos membros do
C onselho de Administração. Estes membros, por sua vez, são indicados pelo Governo e trata-se
de um cargo político. A administração da estatal terá de esclarecer como irá atender ao interesse
coletivo e ao imperativo de segurança nacional, indicando os recursos que serão empregados para
Em outras palavras, não se pode ter algo abstrato de modo que a carta anual revelará
como haverá este equilíbrio entre o relevante interesse coletivo e os interesses da entidade
interesse da sociedade. Esta foi a tônica observada pela lei ao tentar evitar que a estatal fosse um
instrumento de governo e acarretasse prejuízo a quem desejasse investir dinheiro em seu capital.
Em suma, este parágrafo afirma que a estatal pode servir de instrumento para política
governamental, sendo que a própria C onstituição Federal autoriza este tipo de utilização. C ontudo,
é preciso que não haja uma banalização do uso governamental da estatal e que também isso
Art. 10. A empresa pública e a sociedade de economia mista deverão criar comitê
estatutário para verificar a conformidade do processo de indicação e de avaliação de
membros para o C onselho de Administração e para o C onselho Fiscal, com
competência para auxiliar o acionista controlador na indicação desses membros.
eram feitas sem a observância de mínimos parâmetros técnicos e as pessoas escolhidas eram
políticos sem a menor formação nem aderência na área de atuação da estatal. Assim, o comitê
o C onselho de Administração e para o C onselho Fiscal, com competência para auxiliar o acionista
Administração. Nos recentes casos envolvendo a P etrobrás, muitas das decisões do seu C onselho
de Administração foram tomadas e justificadas com base em parecer técnico, mas a lei permite
técnico permanente que também poderá ser responsabilizado pelas suas manifestações.
Art. 13. A lei que autorizar a criação da empresa pública e da sociedade de economia
mista deverá dispor sobre as diretrizes e restrições a serem consideradas na
elaboração do estatuto da companhia, em especial sobre:
I - constituição e funcionamento do C onselho de Administração, observados o
número mínimo de 7 (sete) e o número máximo de 11 (onze) membros;
II - requisitos específicos para o exercício do cargo de diretor, observado o número
mínimo de 3 (três) diretores;
III - avaliação de desempenho, individual e coletiva, de periodicidade anual, dos
administradores e dos membros de comitês, observados os seguintes quesitos
mínimos:
a) exposição dos atos de gestão praticados, quanto à licitude e à eficácia da ação
administrativa;
b) contribuição para o resultado do exercício;
c) consecução dos objetivos estabelecidos no plano de negócios e atendimento à
estratégia de longo prazo;
IV - constituição e funcionamento do C onselho Fiscal, que exercerá suas atribuições
de modo permanente;
V - constituição e funcionamento do C omitê de Auditoria Estatutário;
VI - prazo de gestão dos membros do C onselho de Administração e dos indicados
para o cargo de diretor, que será unificado e não superior a 2 (dois) anos, sendo
permitidas, no máximo, 3 (três) reconduções consecutivas;
VII – (VETADO);
VIII - prazo de gestão dos membros do C onselho Fiscal não superior a 2 (dois) anos,
permitidas 2 (duas) reconduções consecutivas.
Algumas destas regras eram apenas previstas na Lei das S/A. P elo inciso I, a estatal
incisos preveem que a entidade deve ter no mínimo 3 diretores, avaliação individual e coletiva dos
administradores e dos membros de comitês, aspecto que denota o rigor com o qual a lei tratou os
administradores, voltando sua atenção para temas que não eram muito prestigiados no Decreto-
Lei 200/67.
Observa-se, ainda, que há uma limitação de 3 vezes nas reconduções dos membros do
ATENÇÃ O: Este artigo 17 é importante e tem sido muito cobrado em provas ao tratar dos
requisitos necessários para uma pessoa ser indicada ao C onselho de Administração ou ao cargo de
Diretor de estatal.
No âmbito dos requisitos que devem ser atendidos alternativamente, o inciso I, alínea “a”,
traz uma exigência razoável, pois para ser Diretor de uma estatal é preciso ter experiência na
área em que vai atuar. Nas alíneas “b” e “c” são expostas mais alternativas das quais, na falta da
qualificação da alínea “a”, ao menos uma delas deve estar no currículo do postulante à vaga na
direção da estatal.
Já nas hipóteses que devem ser observadas cumulativamente, o inciso II quer evitar que
pessoas incapacitadas no âmbito acadêmico sejam nomeados como diretores destas entidades. O
inciso III exige que o candidato não esteja enquadrado nas hipóteses de inelegibilidade da Lei da
P ela redação do inciso I do § 2º do artigo 17, fica vedada a indicação de diretor de uma
estatal que estava ocupando cargo de representante de órgão superior e fiscalizador, a exemplo
P etrobrás, uma vez que fazia parte de agência reguladora à qual esta estatal está sujeita.
Além disso, caso o postulante ao cargo seja deputado, senador, vereador ou dirigente
partidário, também não poderá ocupar os mencionados cargos, seja em empresa pública, seja em
P ercebe-se que a lei está voltada a desvincular a administração da companhia dos órgãos
políticos. Apesar da indicação do membro de conselho ou diretor ser política, o critério político não
Também estão proibidos de exercer os cargos das estatais as pessoas que exerçam cargo
em organização sindical, que tenha firmado contrato ou parceria, como fornecedor ou comprador,
própria empresa ou sociedade em período inferior a 3 (três) anos antes da data de nomeação,
bem como aquela pessoa que tenha ou possa ter qualquer forma de conflito de interesse com a
P ortanto, com a adoção de tais medidas pela lei, ficou muito mais difícil escolher os
administradores das empresas públicas e das sociedades de economia mista, tudo para evitar