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MISTA PA RTE1
Estas duas entidades possuem regime jurídico predominantemente privado, não sendo
exclusivamente privado. Isso significa que elas ainda possuem algumas características do regime
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao
seguinte:
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em
concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a
complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as
nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e
exoneração; (Redação dada pela Emenda C onstitucional nº 19, de 1998).
No que se refere às licitações, também devem observar este procedimento, tal qual
estabelecido pela Lei 13.303/2016, a lei das estatais. Alguns atos destas entidades podem ser
impugnados pela via do mandado de segurança. Na Lei 12.016/2009 está previsto que os atos de
gestão destas entidades não podem ser impugnados pela via deste remédio constitucional, mas a
contrário sensu, os demais atos podem ser impugnados. Dessa forma, vemos que se trata de um
regime híbrido, ainda que predomine o regime privado.
O artigo 173 da C RFB prevê no seu caput em que casos específicos e excepcionais o
Estado pode intervir no domínio econômico por intermédio das empresas públicas e sociedade de
P or tal razão, o Estado não pode vulgarizar a sua atuação na economia, tendo em vista
que a livre iniciativa é de titularidade privada, conforme o texto constitucional, e o papel do Estado
nesta seara da atividade econômica deve ser excepcional, em caso de relevante interesse coletivo
A lei das estatais (Lei 13.303/2016) trouxe diversos aspectos e novidades em termos de
compliance e governança corporativa. C ontudo, a lei preferiu não definir o que significa relevante
interesse coletivo e imperativo de segurança nacional. O que a lei trouxe de novidade neste tópico
foi a menção no artigo 8º, I de que as empresas públicas e as sociedades de economia mista
A lei deixa bem claro que quem investe em uma estatal deve saber que o seu objetivo não
papel de interesse público, conforme o que dispõe o artigo 173 da C RFB. P ortanto, pode ser que
alguma política, uma estratégia ou diretriz da estatal eventualmente contrarie os interesses dos
acionistas e isso é possível desde que seja feito de modo transparente, calculado, com previsão
Em verdade, a Lei das Estatais não diz o que é relevante interesse coletivo ou imperativo
de segurança, mas é preciso anualmente explicar como estes vetores vão influenciar o
EXEMPLO: A P etrobrás muitas vezes fica 'asfixiada' sem poder aumentar o preço do
combustível em razão de política governamental. Desse modo, caso a estatal tenha de seguir
alguma orientação governamental, é necessário que ela explique isso aos acionistas de forma
transparente.
Esta foi a solução encontrada pela lei para mitigar problemas passados com estatais que
grandes prejuízos.
Empresas públicas e sociedades de economia mista têm a sua criação autorizada por lei. A
lei não cria a estatal, apenas autoriza, nos moldes do que dispõe o artigo 37, XIX da C RFB. A
criação se dará com o registro dos seus atos constitutivos no registro competente e em se
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao
seguinte:
XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição
O artigo 37, XX, da C RFB prevê a criação das subsidiárias das estatais:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao
seguinte:
XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de subsidiárias das
entidades mencionadas no inciso anterior, assim como a participação de qualquer
delas em empresa privada;
Atente-se que, para o Supremo Tribunal Federal, a expressão “em cada caso” não significa
que toda vez que a estatal precisar participar do capital privado ou criar uma subsidiária deverá
obter uma lei autorizando, bastando que cada estatal tenha a sua autorização legislativa.
não precisaria de uma nova lei autorizativa para cada subsidiária a ser criada.
Os bens das estatais são considerados, pela maioria da doutrina, bens privados que podem
ser penhorados e usucapidos. O regime jurídico aplicado aos bens públicos não alcança dos bens
das estatais, ressalvados aqueles bens das estatais que estejam afetados, que estejam
EXEMPLO: Uma estatal que presta um serviço público e tem um gasoduto imprescindível
para a distribuição de gás canalizado. Este gasoduto certamente será considerado um bem
público.
Meirelles sempre defendeu que os bens das estatais seriam bens públicos com uma destinação
especial e uma administração privada. Isso gerava até uma confusão, pois o autor fazia uma
mistura do regime público com o privado, por consequência, esta tese acabou não vingando, sem
em concurso, não deixam de ser celetistas. C ontudo, a despedida destes empregados depende de
uma motivação. O Supremo Tribunal Federal reconheceu isso em um caso envolvendo a Empresa
de C orreios e Telégrafos, momento no qual observou que embora não sejam estáveis, como os
empregados públicos, os servidores ingressaram através de concurso público, em um método
impessoal, e por isso a sua despedida também deveria se dar de forma impessoal. P or conta
Vale lembrar que, recentemente, este tema voltou ao Supremo Tribunal Federal e o
Ministro Barroso suspendeu todos os processos sobre esta matéria para avaliar qual a extensão
deste julgado retrocitado, de lavra do Ministro Lewandowski, ou seja, se a decisão só valia para a
Na opinião do professor, não há dúvidas que a decisão deveria valer para todas as estatais,
pois o concurso público não é via de acesso apenas à EC T, mas para todas as demais estatais.
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e
dos fundamentos jurídicos, quando:
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;
V - decidam recursos administrativos;
VI - decorram de reexame de ofício;
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de
pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato
administrativo.
Ainda com relação às empresas públicas e sociedade de economia mista, o artigo 52, III,
alínea " f " da C RFB, prevê que uma lei pode condicionar a nomeação para determinados cargos à
prévia aprovação em uma sabatina no Senado Federal, regra esta que se aplica por simetria nas
P ara o STF, é inconstitucional fazer uso do artigo 52, III, alínea " f " da C RFB no âmbito das
estatais. Em relação a elas, cabe ao P oder Executivo escolher os administradores das estatais. A
própria lei das estatais não previu este assunto e toda vez que surge uma lei estadual ou municipal
sobre isso, o Supremo Tribunal Federal se debruça sobre ela e declara a inconstitucionalidade sob o
condicionar a nomeação do diretor da estatal à sua aprovação. Esta regra pode valer para
autarquias e agências reguladoras, desde que a lei tenha previsto, mas não se aplica para pessoas
de direito privado.
economia mista ou de uma empresa pública. Na história do Brasil, temos exemplos de entidades
que não foram criadas com autorização legislativa e são chamadas de empresas públicas ou
Brasileiro S.A. do grupo P etrobrás, que foi criada sem autorização legislativa e o de Furnas
C entrais Elétricas, subsidiária da Eletrobrás que, da mesma forma, foi criada sem autorização
legislativa.
Nestes casos, o mais importante não é irá chamá-las de sociedade de economia mista ou
não. Na verdade, houve uma irregularidade na criação que não descaracteriza o nome.
Entretanto, ainda em uma linha mais rigorosa que não as considere como sociedade de economia
mista, o aspecto relevante a observar é que estas pessoas jurídicas sejam tratadas com o mesmo
regime das sociedades de economia mista, pois se não for assim, nenhum ente criará sociedades
de economia mista, tendo em vista o arcabouço normativo dizendo qual o regime destes entes.
Importante destacar que mesmo que falte um requisito para caracterizar como sociedade
mista e empresas públicas, em dois grandes grupos, colocando de um lado as estatais que
outro as que prestam serviço público em regime de monopólio (exemplo: EC T e C asa da Moeda).
Ao falar em regime de concorrência, fala-se na perspectiva mais ampla possível, pois há serviço
Feita esta divisão, o Supremo Tribunal Federal têm equiparado o regime das que não
concorrem ao regime fazendário. Isso começou com a Empresa de C orreios e Telégrafos no ano
2000, quando o Supremo decidiu que os bens da EC T não podiam ser penhorados, na medida em
que ela pagaria por precatórios, o que tornava a empresa pública praticamente uma autarquia.
P or este enunciado, fica difícil defender que uma estatal tenha um regime similar ao da
Fazenda P ública se o texto constitucional determina que sejam aplicadas as mesmas regras
às estatais que exploram uma atividade estatal em regime de concorrência, caso contrário, não se
pode considerar abrangida por este dispositivo, podendo ter um regime diferente ao aplicado ao
particular.
Isso teve início com a questão dos precatórios, mas depois passou-se à consideração de
imunidade em relação ao IP VA, ao ISS e esta análise tem sido muito casuística pelo STF, de modo
monopólio natural, pode ser obrigada ou não a pagar IC MS, considerando que ela tem
investidores privados, mas de outro lado, ela não concorre com ninguém, não devendo, por isso,
ser tributada. Se ela for tributada, certamente isso onerará o consumidor sem trazer qualquer
Já no caso da Eletronorte, foi pedido para ser concedida a mesma prerrogativa de pagar
pela via dos precatórios, tal qual fazem os C orreios. C ontudo, o Supremo Tribunal Federal indeferiu
sob justificativa que a Eletronorte não trabalha em regime de monopólio e cogitou-se que a EC T
todavia, tem-se o subsídio cruzado que garante um incentivo a estes serviços de encomendas e
Fazenda P ública e para fins de concurso deve-se estar atento e acompanhar a jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal em relação a esta matéria. Muitas vezes, basta o STF equiparar uma
entidade à Fazenda P ública que o tema já está sendo cobrado em provas. P ela análise casuística,
não há uma previsibilidade sobre quem irá se beneficiar deste tipo de prerrogativa nem mesmo
Outro ponto a ser demarcado é que o inciso III do § 1º do artigo 173 da C RFB fala que a Lei
das Estatais (Lei 13.303/2016) deverá tratar de licitações e contratos a serem formalizados por
Note que, em 1998, quando esta redação apareceu na C onstituição Federal, a ideia
predominante era que as estatais não poderiam ser burocratizadas e aquelas que concorrem
seguiriam alguns princípios básicos. C om o passar dos anos e com os escândalos envolvendo as
daquelas que atuam em regime de concorrência, mas também prevê o procedimento licitatório de
procedimento licitatório diferenciado para as estatais que não concorrem e o Supremo Tribunal
Federal terá de lidar com a questão na ADI 5.624, de relatoria do Ministro Ricardo Lewandowski,
onde irá decidir qual o real alcance da lei das estatais em matéria de licitações.
pregão que ensejou resultados positivos no Brasil e será utilizado para a aquisição de bens e
serviços comuns pelas estatais, juntando isso com o que foi criado para o Regime Diferenciado de
o pregão da Lei 13.303/2016, ou, a depender do que vai ser contratado, um regime muito próximo
ao RDC .
Entretanto, isso não foi uma simplificação, foi criar uma regra especial em matéria de
licitação. Quanto ao conteúdo da lei, a iniciativa é de grande valor, captando o que já teve êxito e
Ao tratar de licitação das estatais, a C onstituição Federal, tanto no artigo 22, inciso XXVII,
quanto no artigo 173, § 1º, inciso III, ao ler os dispositivos em conjunto, parece que a possibilidade
Dessa forma, surgem dois problemas. P rimeiramente, a Lei das Estatais não criou um
Segundo, porque a Lei das Estatais tratou da licitação de todas as estatais e não apenas, como
parece que o legislador constituinte quis, do procedimento daquelas que concorrem. C ertamente,
esta será uma questão enfrentada pelo Supremo Tribunal Federal no futuro.