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CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR REINALDO RAMOS

FACULDADE REINALDO RAMOS

DIREITOS HUMANOS
Profa. ANA CAROLINE C. BEZERRA
LIMITAÇÃO DE DIREITOS HUMANOS

Os direitos humanos, de uma maneira geral, com portam limitações,


restrições, que são feitas no intuito de harmonizá-los com
outros direitos ou outros bens jurídicos igualmente protegidos.

Limitação pelo Legislativo, pelo Executivo e pelo Judiciário

Os direitos podem ser limitados em razão de atuação do Poder


Legislativo, do Poder Executivo ou até mesmo do Poder Judiciário .
O Poder Legislativo limita os direitos quando edita leis que
restringem o alcance e o programa normativo deles; são as
chamadas "leis restritivas de direitos", muitas vezes previstas
expressamente no texto constitucional, como no caso do art. 5°,
XII e Xll l/CF.
O Poder Executivo limita direitos quando adota medidas administrativas
que restringem os direitos, como ocorre no exercício
do poder de polícia e nas medidas de intervenção do Estado no
direito de propriedade.

O Poder Judiciário limita direitos e m situações excepcionais,


quando do julgamento de casos concretos que envolvem conflitos
entre direitos, como num caso que antagonize liberdade de informação
e a privacidade, ou ambiente e desenvolvi mento e assim
por diante.
Teoria dos limites da limitação

A teoria dos limites da limitação traduz a ideia de que a faculdade


de limitar direitos é uma faculdade limitada, que não pode
ser exercida em desacordo com os parâmetros expressos ou implícitos
do texto constitucional.

Significa dizer que a atividade estatal


de impor limites aos direitos é, ela própria, uma atividade limitada,
vinculada aos parâmetros constitucionais.

O poder de limitar direitos a um poder limitado. A limitação do direito


somente pode ser feita até onde a Constituição permitir e jamais pode
ser desproporcional. Isso é o que se denomina de TEORIA DOS LIMITES DA
LIMITAÇÃO, ou teoria dos limites dos /imites, que nada mais é do que a
percepção de que faculdade de impor limites ao exercício dos direitos é,
em si mesma, limitada, não podendo ser exercido de maneira arbitrária,
desproporcional.
INCORPORAÇÃO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS AO ORDENAMENTO JURÍDICO
BRASILEIRO

Como um tratado vem a ser incorporado no ordenamento jurídico brasileiro?


Sobre o assunto temos uma regra.
Os tratados gerais (não os de direitos humanos) adentram em nosso ordenamento jurídico com status de lei
ordinária.
São considerados com paridade normativa com as lei ordinárias.
Contudo, existem exceções, entre elas, os Tratados sobre Direitos Humanos.

Os tratados que versam sobre Direitos Humanos podem adentrar em nossa ordem jurídica através de 02 formas.

A) Forma 01 - art.5º, 3º da CF/88.

Quando tratado assume o STATUS CONSTITUCIONAL, assumindo a força de Emenda Constitucional;


E isso acontece quando o tratado passar pelo procedimento previsto no art.5º, §3º da CF/88.
Essa "inovação" veio com a Emenda Constitucional - EC 45/04 e trouxe que, quando um tratado que verse sobre
Direitos Humanos, passe por 2 turnos de votação, em cada Casa do Congresso Nacional, com
o quórum de aprovação de 3/5 de seus membros, terá força de Emenda Constitucional, ou seja, força
constitucional.
Temos 03 tratados que já foram incorporados a nossa ordem jurídica com status constitucional.

1º e 2º - Convenção de Nova York:


(possui 02 documentos considerados como tratados)
• Convenção das Pessoas com Deficiência;
• Protocolo Facultativo do Tratado das Pessoas com Deficiência;

• (alguns autores falam que se trata de um único tratado, mas na verdade devem ser considerados como 02.
Contudo se for cobrado em prova, a resposta afirmando que a Convenção de Nova York que trata das Pessoas
com Deficiências e seu protocolo são um único documento não estará errada).

3º - Tratado de Marraqueche :
O tratado de Marraqueche já havia sido incorporado em nosso ordenamento jurídico no momento me que ele foi
submetido, em 2015, à apreciação do Congresso Nacional.
O que faltava era somente a promulgação do Tratado, que veio a ocorre na data de 09/10/2018. (Decreto
9.522/18)
Obs1: houve em 2015 outro decreto, o Decreto 261, mas esse fora de fato colocado em prática no ano de 2018.
B) Forma 02
Quando tratado assume o STATUS DE NORMA SUPRALEGAL (acima da legislação ordinária e
abaixo da CF/88)
Que seria entre o nosso bloco de constitucionalidade, composto pela Constituição (emendas) + Tratados
internacionais que foram incorporados na forma do art. 5º, 3º da CF/88, e o resto da legislação ordinária.

Obs – questionamento:
Como podemos justificar a proibição da prisão civil do depositário infiel?
Sabemos que temos expressamente previsto em nossa Constituição de 1988, a possibilidade da prisão do
depositário infiel. Contudo o Brasil faz parte, ou seja, é signatário da Convenção Americana de Direitos
Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), que veda essa prisão.

Não obstante o Brasil ser signatário da Convenção Americana dos Direitos Humanos, tal tratado não se
encontra no rol dos tratados incorporados ao nosso ordenamento jurídico conforme estabelece o art.5º, §3º da
CF/88, não tendo, portanto força de constituição.
Com isso podemos chegar à conclusão de que o Pacto de São José da Costa Rica seria uma norma supralegal.
Após o Brasil se tornar signatário do tratado em questão, o STF se viu então na obrigação de decidir sobre
a questão. E na época, ficou decidido pela Suprema Corte que nesses casos teríamos atuando o chamado
"EFEITO PARALISANTE" desses Tratados Internacionais de Direitos Humanos, sobre o texto
constitucional.

FASES OU “ITER” DOS TRATADOS

A doutrina costuma dividir essas fases em muitas formas, e é claro que a doutrina internacionalista divide
de uma maneira, já a doutrina dos direitos humanos aborda de outra forma.
1ª Fase - Negociação + Assinatura:
2ª Fase - Referendo Congressual/Parlamentar ou do Congresso Nacional
3ª Fase - Ratificação*** (mais cobrada recentemente em concursos públicos)
4ª Fase - Promulgação + Publicação
1ª FASE - NEGOCIAÇÃO + ASSINATURA

Trata-se do momento em que o Estado (no caso o brasileiro) se interessa por algum tratado já existente, seja
porque é bom para o país, seja porque traz questões relevantes e importantes.
Nesse cenário o Estado interessado se desloca até o local onde as tratativas a respeito do tratado estejam
acontecendo e assina o Tratada Internacional.
Registra-se que a mencionada assinatura, não é ainda algo sério, formal, mas tão somente um ato precário, vez
que o Estado interessado ainda está conhecendo o conteúdo a ser objeto de incorporação nacional.
Sendo assim, nessa fase estamos diante de um aceite precário e não definitivo, uma simples manifestação do
Estado brasileiro de que concorda com o texto e forma do tratado.

De quem é a competência para assinar tratados internacionais?


A competência para a assinatura de tratados internacionais é do Presidente da Republica, e trata-se de uma
competência "privativa", ou seja, pode ser objeto de delegação a terceiros, conforme previsto do art. 84, inciso
VIII, da CF/88.
Esses "terceiros", geralmente são os Ministros de Estados (autoridades), os chamados "Plenipotenciários",
autoridades que possuem carta de plenos poderes (documento assinado pelo Presidente da República,
referendado pelo Ministro das Relações Exteriores que autoriza determinada pessoa a "se passar" pela figura do
Presidente da República em situações específicas).
Autoridade detentora dessa carta poderá assinar o tratado, manifestando assim um primeiro consentimento do
Estado brasileiro, ainda que seja um consentimento frágil.

Numa segunda etapa é necessário que o texto seja trazido para o país, para começar a ser discutido
internamente, e é exatamente nesse momento que temos o início da 2ª Fase (Referendo Congressual/Parlamentar
ou do Congresso Nacional)
Obs: Competência Privativa do
PR – art. 84, VIII, CF
Possibilidade de ser delegada a
RESUMINDO terceiros, os chamados
1ª FASE - "Plenipotenciários" (Autoridades,
ACEITE Ministros de estado que possuem
PRECÁRIO "Carta de Pleno Poderes ").
Carta de Plenos Poderes - assinada
pelo PR e referendada pelo
Ministros das Relações Exteriores.
2ª Fase - Referendo Congressual/Parlamentar ou do Congresso Nacional

Dentro da 2ª fase o Congresso ao analisar o texto internacional só possui 02 posições a tomar:


• Ou não demonstra interesse pelo tratado, barrando o tramite do mesmo;
• Ou demonstra interesse pelo tratado, emitindo então o chamado Decreto Legislativo, por
força do art.49, inciso I da CF/88.

RESUMINDO 2 FASE

• Congresso não aceita/não tem interesse no conteúdo - tramitação nem se inicia;


• Congresso aceita o conteúdo e forma do tratado - emite-se em regra um Decreto
Legislativo, por força do art.49 inciso I da CF/88.

Caso o Congresso Nacional decline por aceitar os termos no documento internacional,


entramos na 3ª Fase.
3ª Fase - Ratificação*** (mais cobrada recentemente em concursos públicos)

- Como o próprio nome diz, o ato de ratificar, significa confirmar. Nesse sentido, na fase de ratificação o
Congresso Nacional vem a confirmar o tratado internacional, dando um aceite definitivo ao documento.

- A competência para a ratificação de Tratado Internacional é do Presidente da Republica da mesma forma


que no momento da assinatura.

- Mas, agora, estamos diante de uma competência exclusiva em não mais privativa, não podendo
consequentemente o Presidente da Republica delegar a terceira autoridade a execução do ato.

- Apenas o Presidente da República "em pessoa" poderá ratificar um tratado internacional para que este
tenha validade

- É importante destacar que, dentro dessa competência exclusiva do Presidente da Republica, temos que
esse goza conveniência, de determinada oportunidade, e quando no direitos juntamos conveniência e
oportunidade temos a presença do Princípio da Discricionariedade. Nessa toada o Presidente, caso não
entenda pertinente pode não ratificar o tratado.

- Noutro giro, o Presidente da República diante de sua competência exclusiva e do poder discricionário
que lhe é conferido poderá ratificar o tratado, dando a partir da ratificação inicio à 4ª fase.
•Observação importante:
É com a ratificação que o Brasil ASSUME O COMPROMISSO perante a comunidade internacional de observar
os ditames daquele documento ratificado. Mas isso somente no âmbito externo, no âmbito interno ainda não
(porque no âmbito interno esse compromisso somente ocorre na 4ª fase após a promulgação e publicação do
documento em Diário Oficial da União).

• RESUMINDO:
• Confirmação do Estado brasileiro em fazer parte/integrar aquele documento e cumprir as suas diretrizes;
• Competência "Exclusiva" do Presidente da República;
• Presidente trabalha no momento da ratificação o uso do Princípio da Discricionariedade (conveniência +
oportunidade);
Com a confirmação do Tratado, o Estado Brasileiro se obriga perante a comunidade internacional ( comunidade
Externa - fazer link com Exclusiva) a cumprir os mandamentos do tratado ratificado, sob pena de ser
responsabilizado internacionalmente.
4ª Fase - Promulgação + Publicação
Na 4ª Fase o Estado Brasileiro, assume perante a comunidade interna, a obrigação de cumprir as normas,
regras e diretrizes estabelecidas no Tratado ratificado.
E isso ocorre com a promulgação e publicação do documento em Diário Oficial da União.

RESUMINDO:
Assunção do compromisso firmado na ratificação, pelo Estado Brasileiro perante a comunidade interna.
Ocorre com a promulgação e publicação do documento do Diário Oficial da Uniao.
Incidente de Deslocamento de Competência – IDC (Federalização dos crimes contra os Direitos
Humanos)
• Incidente: algo excepcional, que não é a regra, que ocorre por acaso;
• Deslocamento de competência: sair de uma competência e ir para outra;
• Federalização: tonar federal (algo que não era Federal)

- Sendo assim, no deslocamento de competência teremos o deslocamento para a justiça federal dos crimes
que envolvam Direitos Humanos, que em casos normais seriam julgados pela Justiça Estadual.

- O chamado IDC, está previsto no art. 109, §5º da CF/88, e veio a integrar o texto da "Carta Magna”
devido a Emenda Constitucional EC- 45/04 e nos traz os seguintes situação:

- No caso de grave violação a Direitos Humanos, o Procurador Geral da República - PGR pede ao STJ (e
não STF) o deslocamento de competência, que seria originariamente da Justiça Estadual, para a Justiça
Federal.
RESUMINDO:

. Casos em que houver GRAVE violação aos Direitos Humanos;


. PGR pede para STJ;
. Deslocamento de competência da JF para a JE;
. Em qualquer fase do Inquérito ou Processo;

- O deslocamento para a Justiça Federal não ocorre porque a Justiça Estadual seja menos competente
no aspecto vulgar da palavra (com menos conhecimento jurídico), mas sim porque nos casos em
que houver a necessidade de responsabilização perante a comunidade internacional por violação aos
Direitos Humanos, quem responde é a República Federativa do Brasil.

- Sendo assim, nada mais justo e coerente que a Justiça da União seja a justiça competente para o
julgamento desses casos.

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