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Índice
Apresentação 02
Contextualização 02
Relevância 02
Bibliografia 03
Avaliação 05
Trabalho final 58
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Apresentação:
Você esta iniciando a disciplina Introdução à Criminologia. Esperamos que esse estudo
possa contribuir para sua formação como profissional da área de Segurança Pública ou
como estudioso do assunto.
Contextualização:
Relevância:
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BIBLIOGRAFIA BÁSICA
BECCARIA. Dos delitos e das penas. São Paulo: Martins Claret, 2003.
DOTTI. René Ariel. Bases e Alternativas para o Sistema de Penas. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1998.
GARCIA -PABLOS Molina. Antonio e Gomes. Luis Flavio. Criminologia. São Paulo:
Revista dos Tribunais. 2002.
SHECAIRA, Sergio Salomão. Criminologia. São Paulo: revista dos Tribunais, 2004.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
PASSETTI, Edson. Curso Livre de Abolicionismo Penal. Rio de Janeiro: Revan, 2004.
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WACQUANT, Loic. As prisões da Miséria. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.
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Avaliação
Avaliação formativa
Não valem ponto, mas são importantes para o aprofundamento e fixação do conteúdo:
• Trabalho final da disciplina: O texto deve ser digitado em folha A4, letra
arial ou times new 12, entre linhas 1,5. Desenvolver o tema em até 2
laudas. Ao utilizar as citações diretas dos autores, não esquecer de colocar
a referência, ex (SOUZA, 2008, p. 67). De mesma forma ao fazer
paráfrase do autor coloque seu nome seguido do ano. Ex: Segundo Souza
(2008) a criminologia...
Colocar ao final do trabalho as referências consultadas conforme o modelo
de bibliografia que consta da bibliografia geral do curso.
Orientações sobre a realização do trabalho podem ser obtidas com o professor on-line no
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Aula 1: Introdução ao estudo da criminologia
Alguns estudiosos ressaltam que o crime não é uma entidade em si, ele não existe antes
da sua rotulação. Nesse sentido, sem a existência do objeto em si não existe a ciência, a
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pesquisa. No entanto, sabemos que para existir crime é necessário que o grupo social
defina algum, ou alguns comportamentos como ilícitos, e então passaríamos a ter o
objeto. Pois é aí que entra nossa disciplina. Só estudamos o crime, o criminoso, a vítima
e o controle social porque há uma prévia definição social do que seja o crime, não precisa
nem mesmo ser uma definição legal/ jurídica, basta que os grupos sociais definam que
determinado ato não será tolerado que já temos assim um comportamento ilícito e,
portanto, passível de ser estudado.
Bom estudo!
DELITO
DELINQUENTE
VÍTIMA
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CONTROLE SOCIAL
Segundo o Ian Taylor (1990), a teoria clássica da criminologia, que teve seus primeiros
princípios pensados por Cesare Beccaria, é a teoria do controle social, que se caracteriza
por fixar em primeiro lugar a forma como o Estado deve se posicionar frente ao
delinqüente, para depois pensar nas atitudes que caracterizam a delinqüência e a base
social do direito penal. Essa teoria, como já foi dito, tem suas bases na teoria do contrato
social (também chamada de utilitarista) que se alicerça (segundo algumas interpretações
muito criticadas por filósofos e cientistas políticos) em três hipóteses principais: a)
postula o consenso entre homens racionais acerca da moralidade e da imutabilidade da
distribuição dos bens; b) entende que todo comportamento ilegal, produzido em uma
sociedade onde foi celebrado um contrato social, é essencialmente patológico ou
irracional e característico de homens que, pelos seus defeitos pessoais, não podem
celebrar contratos; c) tem como conseqüência das suposições anteriores o fato de que os
teóricos do contrato social teriam um conhecimento especial dos critérios, para
determinar o nível de racionalidade de um ato, esses seriam os de utilidade para
sociedade, e é dessa idéia que surge a nome de teoria utilitarista ou utilitarismo.
O utilitarismo, segundo Taylor (1990), não é uma teoria que pressupõe a igualdade dos
indivíduos em todos os sentidos, e sim, que os homens são iguais na sua capacidade de
raciocínio, já que essas idéias foram elaboradas numa sociedade fundada na propriedade
privada, não poderia a igualdade ser considerada de forma total. Entende o autor que a
teoria utilitarista foi baseada numa contradição entre a defesa da igualdade e a ênfase na
propriedade, pois não presta atenção ao fato de que a carência de bens pode aumentar a
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probabilidade de um homem cometer delitos, e as recompensas por não cometê-los
podem estar apenas à disposição de quem já possui fortuna.
Nesse sentindo, os teóricos utilitaristas nunca investiram no debate sobre a supremacia
moral e racional da burguesia, e sim, concentraram-se nas questões atinentes à
legislação e ao destino que deveria ser dado aos delinqüentes, ou seja, nos problemas
relacionados à administração do controle por parte do Estado (TAYLOR, 1990, p.23).
A aplicação efetiva das premissas – contrato social e controle social – da escola clássica
da criminologia tiveram dificuldades em adequar-se na realidade dos fatos da Europa do
século XIX. As contradições se manifestaram quando tentaram implementar medidas
penais universais, foi impossível omitir-se frente aos determinantes da ação humana e
atuar como se o castigo e o encarceramento pudessem ser medidos de forma idênticas.
Então, em razão da limitação dos princípios clássicos, no que diz respeito à concentração
do foco no ato delitivo e o desdém pelas diferenças individuais entre os atores tidos como
delinqüentes, advogados e penalistas da época imprimiram esforços e modificaram os
princípios clássicos da época criando a escola neoclássica, que foi a base da maioria dos
regimes jurídicos do Ocidente.
Depois de termos conhecido o objeto da criminologia, na próxima aula, continuaremos
trabalhando seus aspectos teóricos e históricos.
A partir do estudo da aula, reflita como devem ser tratados, tanto pela ciência, quanto
pelo Estado, os casos em que sociopatas cometem crimes?
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Assista aos filmes O Iluminado, de Stanley Kubrick, e As duas faces de um crime, de
Gregory Hoblit.
TAYLOR, Ian; WALTON, Paul; YOUNG, Jock. La nueva criminología: contribución a una
teoría social de la conducta desviada. Buenos Aires: Amorrortu editores, 1990.
PABLOS DE MOLINA, Antonio Garcia e GOMES, Antonio Flavio. Criminologia. São Paulo
: RT. 2002.
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Aula 2: História da Criminologia
Bom estudo!
Um pouco de História
Os autores ressaltam que até século XV as penas previstas na Europa ocidental eram a
fiança, a indenização e os castigos físicos: mas, no século XVI, a escassez de mão-de-
obra tornou a exploração do trabalho necessária e por isso em 1596 foram criadas as
casas de correção em Amsterdã, como o objetivo de disciplinar a força de trabalho e
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limpar a cidade dos vagabundos. Outras penas úteis eram as Galés (remadores dos
navios mercantis); Deportação e Banimento para as colônias recém descobertas.
Para conhecer um pouco mais do que foi a Inquisição na Europa Medieval, faça uma
pesquisa sobre o tema na Internet.
Escola Clássica
Cesare Beccaria (1738-1794), em sua obra Dos Delitos e das Penas, de 1764, se insurgiu
contra as formas cruéis de punição, escreveu um livro em forma de protesto e acabou se
tornando um dos maiores críticos da Inquisição, defendendo a abolição da pena de
morte, da tortura e de outras penas desumanas. Observou que a prevenção do crime é
mais importante do que a própria punição.
“ É que para não ser um ato de violência contra o cidadão, a pena deve ser, de modo
essencial, pública, pronta, necessária, a menor das penas aplicáveis nas circunstâncias
dadas, proporcional ao delito e determinada pela lei” (Beccaria)
Seu grande valor foi inaugurar o método empírico de estudo do crime e do criminoso.
Sua teoria do delinqüente nato foi formulada com base em 400 autópsias e 6.000
análises de delinqüentes vivos.
Classificação Lombrosiana
Criminoso Nato: portador de patrimônio genético, degenerescência genética –
atavismo
Criminoso louco: portador de perturbação mental – louco moral
Criminoso Profissional: Força do meio, não há patrimônio genético
Criminoso Primário: Fatores circunstanciais, a ocasião
Criminoso Passional: vitima do humor, nervosismo, paixão.
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Transtorno por:
Você pode conhecer mais sobre essas patologias consultando na WEB o Diagnostic and
Statistical Manual of Mental Disorders - DSM IV e também o CID 10. São catálogos
médicos que classificam as características das doenças psiquiátricas e psicológicas.
Finalizando, é preciso ter muito cuidado para não estigmatizar pessoas com alguma
patologia ou mesmo com alguma característica física, como fez o estudo de Lombroso,
porque o portador de alguma patologia não é um criminoso. Há exemplos de pessoas que
viveram toda uma vida com problemas psiquiátricos e nunca infringiram nenhuma regra
social, assim como muita gente sã perpetrou vários crimes. Por isso, caso se insista em
estudar o criminoso ao invés do crime, é necessário um trabalho interdisciplinar, com
diferentes profissionais, para identificar os fatores que contribuem para determinado
comportamento.
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Identifique argumentos Lombrosianos que ainda persistem no nosso senso comum.
Pense em situações onde eles aparecem.
PABLOS DE MOLINA, Antonio Garcia e GOMES, Antonio Flavio. Criminologia. São Paulo:
RT. 2002
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Aula 3: Teorias Sociológicas do Crime
Nossa terceira aula tem como proposta analisar as teorias sociológicas que estudaram o
crime e o comportamento criminoso. Importante lembrar que as pesquisas sociológicas
iniciaram no final do século XIX junto com as pesquisas de abordagem biológica. Em
verdade, a pesquisa sociológica também é fruto do Positivismo, grande incentivador do
desenvolvimento científico na Europa. Então podemos dizer que no campo da
criminologia temos agora uma abordagem positivista multifatorial onde o criminoso e seu
meio serão analisados.
Bom estudo!
Enrico Ferri
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por seu programa político-criminal e sua tipologia criminal. Segundo Ferri o delito não é
produto de uma patologia individual, mas como qualquer outro acontecimento natural,
produto de diversos fatores: individuais, físicos e sociais.
Sua tese é que o delito é um fenômeno social, com uma dinâmica própria e etiologia
específica, na qual predominam fatores sociais. Em conseqüência, a luta contra o delito e
sua prevenção devem ser concretizadas por meio de uma ação realista e científica de
poderes públicos que se antecipe a ele e que incida com eficácia nos fatores
criminógenos que o produzem, nas mais diversas esferas (econômica, política,
legislativa, familiar, educativa, administrativa etc.), neutralizando-os. Ferri considerava
serem três as causas do delito: biológicas (herança, constituição, etc); físicas (o
ambiente, compreendendo as condições climáticas, como a umidade, o calor, etc);
sociais (referente às condições ambientais ou mesológicas).
Emile Durkheim
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regiões. Dessa forma, discorda dos criminologistas que estudam o crime como resultado
da atuação de um fator de caráter patológico incontestável.
Não há, portanto, fenômeno que apresente de maneira mais irrefutável todos os
sintomas da normalidade, dado que aparece como estreitamente ligado às condições de
qualquer vida coletiva. Transformar o crime numa doença social seria admitir que a
doença não é uma coisa acidental mas que, ao contrário, deriva, em certos casos, da
constituição fundamental do ser vivo. Isto seria eliminar qualquer distinção entre o
fisiológico e o patológico. Pode, sem dúvida, acontecer que até o crime tome formas
anormais; é o que acontece quando, por exemplo, atinge uma taxa exagerada.
Efetivamente, não há dúvida de que este excesso é mórbido. O que é normal é
simplesmente que exista uma criminalidade, contanto que atinja e não ultrapasse, para
cada tipo social, um certo nível que talvez não seja impossível fixar de acordo com as
regras precedentes. (DURKHEIM 2002, p. 82)
O crime está presente em todas as sociedades, por isso não é algo patológico. O delito
faz parte da vida coletiva, enquanto elemento funcional da fisiologia, e não da patologia
da vida social. Somente em suas formas anormais, em caso de crescimento excessivo,
pode ser considerado patológico. Então, classificar o crime entre os fenômenos de
sociologia normal é afirmar que é um fator da saúde pública, uma parte integrante de
qualquer sociedade sã.
O delito cumpre uma função na estrutura social, ele provoca e estimula a reação social,
estabiliza e mantém vivo o sentimento coletivo que sustenta a conformidade às normas.
“O Crime é necessário e está ligado às condições fundamentais de qualquer vida social,
mas, precisamente por isso, é útil; porque estas condições de que é solidário são elas
mesmas indispensáveis à evolução normal da moral e do direito”. (DURKHEIM 2002, p.
86)
Conclui, então, que o crime cumpre a função integradora e inovadora, e deve ser
analisado como um fenômeno normal para o funcionamento da sociedade. Sendo a pena
uma reação social e necessária, que atualiza os sentimentos coletivos que correm o risco
de fragilização, recorda a vigência de certos valores e normas, e reforça a convicção
coletiva sobre o significado dos mesmos.
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Robert Merton (Teoria da Anomia)
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símbolos positivo e negativo são utilizados para indicar se os indivíduos aceitam ou não
as metas e os meio socialmente estabelecidos.
Conformidade: corresponde a resposta positiva, tanto aos fins quanto aos meios
institucionais e, portanto, ao típico comportamento conformista.
Inovação: corresponde à adesão aos fins culturais, sem o respeito aos meios
institucionais.
Evasão: corresponde a negação tanto dos fins culturais quanto dos meios institucionais;
Rebelião: corresponde não a simples negação dos fins e dos meios institucionais, mas a
afirmação substitutiva de fins alternativos, mediante meios alternativos.
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Leia o texto do Professor Michel Miss, acesse o Fórum de Discussão e debata sobre como
no senso comum estamos acostumados a relacionar violência com pobreza, o que a caba
por gerar uma constante criminalização dos pobres.
Assista ao vídeo no ambiente on line de Loïc Wacquan. A partir do estudo desta aula,
faça uma análise crítica de como se dá a relação entre pobreza e violência no Brasil.
Assista ao filme Zona do Crime, de Rodrigo Plá e Crash - No Limite, de Paul Haggis.
A terceira aula apresentou parte das teorias sociológicas que em muito contribuem para
os estudos da criminologia. Perceba que temos muitas variáveis que estão presentes no
fenômeno criminal, que influenciam diretamente na sua incidência, esses fenômenos
devem ser estudados em diferentes contextos sociais. Entenda que uma teoria não exclui
a outra, podemos realizar trabalhos de pesquisa e estudos que correlacionem diferentes
variáveis e abordagens.
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Teoria da aprendizagem social ou da Associação Diferencial, Teoria do etiquetamento -
Labeling Approach e a Teoria do Conflito.
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Aula 4: Teorias Sociológicas do Crime II
Escola de Chicago
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A temática principal era uma sociologia da grande cidade, analisando o impacto das
mudanças sociais das grandes cidades (industrialização, (i)migração, conflitos) e
interessada nos grupos e culturas minoritários, como o mundo dos desviantes e a
morfologia da criminalidade. O crescimento populacional de Chicago explica o interesse
da Escola. Em 1860 a cidade tinha 110 mil habitantes, e apenas cinqüenta anos depois,
em 1910, cerca de dois milhões. Esta explosão demográfica implicava vários problemas
familiares, morais, urbanos, etc.
Teoria Ecológica
O ponto de atenção das teorias ecológicas estudadas por autores como Park, Burgess,
Mckenzie, Shaw, Mckay, etc, é a cidade como uma unidade ecológica. Suas teses fazem
uma relação entre o processo de criação de novos centros urbanos e a criminalidade. A
cidade produz delinqüência, concentrada em áreas específicas (delinquency areas).
O mérito das teorias ecológicas foi chamar atenção sobre o impacto criminógeno do
desenvolvimento urbano, na forma como se deu nas cidades norte-americanas no
princípio do século XX.
Teorias subculturais
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A ordem social neste modelo é um mosaico de grupos e subgrupos, fragmentados,
conflitivos; onde cada grupo ou subgrupo possui o seu código de valores, que nem
sempre coincidem com os valores majoritários e oficiais. A conduta delitiva para as
teorias subculturais não seria produto da desorganização ou ausência de valores, mas o
reflexo e expressão de outros sistemas de normas e de valores distintos: os subculturais.
A teoria das subculturas criminais nega que o delito possa ser considerado como
expressão de uma atitude contrária aos valores e às normas sociais gerais, e afirma que
existem valores e normas específicos dos diversos grupos sociais. Estes valores são
interiorizados pelos indivíduos através de mecanismos de interação e de aprendizagem
no interior dos grupos e determinam o comportamento em concurso com os valores e as
normas institucionalizadas pelo direito ou pela moral “oficial”. Não existindo, assim, um
único sistema de valores.
Dessa forma, não só a estratificação social e o pluralismo de grupos sociais, mas também
as reações típicas de grupos socialmente impedidos do pleno acesso aos meios legítimos
para a obtenção de fins institucionais dão lugar a um pluralismo de subgrupos culturais,
caracterizados por valores, normas e modelos de comportamento alternativos aos
predominantes.
O estudo de Cohen sobre a delinqüência juvenil nas classes baixas concluiu que as áreas
de delinqüência não são desorganizadas e carentes de controle social, mas terrenos nos
quais vigoram normas distintas das oficiais. O conflito, segundo Cohen, é produzido
quando os jovens de classes inferiores se identificam com as classes médias e
interiorizam seus valores. Vinculados a uma posição social inferior, e em desvantagem,
não poderão superar as demandas do grupo a que aspiram pertencer sem sofrer graves
problemas de adaptação. O conflito, assim, admite três alternativas: a adaptação, a
transação e a rebelião.
Nesse sentido, a subcultura opera como evasão da cultura geral ou como reação negativa
frente a ela. É uma espécie de cultura de recâmbio, que certas minorias marginalizadas,
pertencentes às classes menos favorecidas, criam dentro da cultura oficial para dar vazão
à ansiedade e à frustração que sentem ao não poderem participar, por meios legítimos,
das expectativas que teoricamente são oferecidas a todos pela sociedade. A via criminal
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é considerada um mecanismo substituto ante a ausência real de vias legítimas para fazer
valer as metas culturais cujo alcance a sociedade nega às classes menos privilegiadas.
A década de 1960 viu surgir um grupo de teorias sociais sobre o crime, para as quais
este é uma função das interações psicossociais do indivíduo e apenas um dos diversos
processos de relacionamento vigentes na sociedade. Segundo Molina, podemos
identificar orientação conceitual e analítica distinta das tradicionais no interior das teorias
do processo social.
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Sutherland chegou à conclusão de que a conduta desviante não pode ser imputada a
disfunções ou inadaptação do individuo das classes pobres, senão à aprendizagem efetiva
dos valores criminais. A capacidade ou destreza e a motivação necessária(s) para o delito
aprendem-se mediante o contato com valores, atitudes, definições e pautas de condutas
criminais no curso dos processos de comunicação e interação dos indivíduos.
Por volta dos anos 1970, ganhou destaque uma explicação interacionista do fato delitivo,
cujo ponto de partida são conceitos de conduta desviante e reação social. Seus principais
representantes são Garfinkel, Goffman, Eriksan, Becker, Shur e Sack. De acordo com a
perspectiva interacionista, não se pode compreender o crime prescindindo da própria
reação social, isto é, do processo social de definição ou seleção de certas pessoas e
condutas, etiquetadas como delitivas. Delito e reação social são expressões
interdependentes, recíprocas e inseparáveis. O desvio não é uma propriedade imanente à
conduta, mas uma qualidade que lhe é atribuída por meio de complexos processos de
interação social --processos esses seletivos e discriminatórios.
Um importante estudo das identidades e das carreiras desviantes foi realizado por
Howard Becker. Analisando a carreira dos usuários de maconha, nos EUA, Becker
mostrou que a mais importante conseqüência da aplicação de sanções consiste numa
decisiva mudança de identidade social do indivíduo, mudança que ocorre logo no
momento em que é introduzido no status de desviante.
Teoria do Conflito
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Segundo Marx e Engels, o processo de brutalização das relações sociais, intensificado
pelo capitalismo industrial, atuou de forma negativa sobre a própria fibra moral da classe
operária. Esse processo teria degradado tanto os homens que o crime passou a ser um
índice de tal processo. Várias vezes os autores fizeram correlações diretas entre o
capitalismo, a miséria social e o aumento das taxas de crimes. Uma idéia formulada por
Engels poderia ser assim sintetizada: a propriedade privada aumentaria o grau de
competição entre os indivíduos dentro do mercado de trabalho ou mesmo dentro da
própria fábrica, o que contribuiria para degenerar a solidariedade entre eles e,
conseqüentemente, aumentaria as tensões que resultariam em crimes. Por isso,
afirmava, não deveriam ser os indivíduos a sofrer sanções e punições por isso. As
condições sociais, por darem origem ao crime, é que deveriam ser responsabilizadas.
http://novo.vivafavela.com.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=46306&sid=
87
http://www.funkderaiz.com.br/2009_08_01_archive.html
A partir das notícias nos links acima, o que você entende por criminalização de uma
cultura do funk? Sabe-se que as letras das músicas se referem a temas como a
violência, a criminalidade, as práticas sexuais e drogas. Mas essa não é a realidade
vivida pelas pessoas que criam e gostam do funk? A música não é a expressão de
nossa realidade? Poderá ser entendido como crime alguém falar da realidade que vive?
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Identifique uma situação onde ocorreu a incriminação do individuo baseado na
etiquetamento, ou seja, fatores como cor da pele, roupa, classe social foram
determinantes para suspeição e incriminação.
Esta aula deu seguimento à apresentação das teorias sociológicas que em muito
contribuem para os estudos da criminologia. A proposta foi compreender qual a
importâncias dessas teorias para entendermos o papel do crime na sociedade. Como já
foi dito, uma teoria não exclui a outra, podemos realizar trabalhos de pesquisa e estudos
que correlacionem diferentes variáveis e abordagens.
2. Identificar como essas tendências tem produzido em nossa legislação penal alterações
significativas;
Esses movimentos têm produzido impactos efetivos nas políticas penais, tanto na esfera
legislativa como nas políticas de segurança pública. Importante ressaltar que sob
orientações teóricas bastante distintas essas tendências estão sendo elaboradas em
diferentes contextos sociais, políticos e econômicos. O movimento conhecido como Lei e
Ordem é de orientação norte-americana, a abordagem crítica encontra seus principais
adeptos na América Latina e tendência Abolicionista e Garantista na Europa Ocidental.
Boa aula!
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DIREITO PENAL MÍNIMO
A teoria crítica do direito penal teve sua origem nos anos 70 e surgiu na mesma época
nos Estados Unidos e na Inglaterra, os dois primeiros movimentos que nasceram foram o
da Universidade de Berkeley que se denominou Union of Radical Criminologists e o
movimento inglês organizado em torno da National Deviance Conference.
Uma das principais críticas ao direito penal burguês se refere ao mito da igualdade social,
o mito liberal de que o direito penal protege a todos igualmente e de que a lei penal é
igual para todos. Opostas a estas proposições, a abordagem crítica afirma que o direito
penal não defende a todos e somente os bens essenciais, a lei penal não é igual para
todos e o status de criminoso é distribuído de modo desigual entre os indivíduos. Dessa
forma, o sistema penal de controle do desvio, revela assim, como todo direito burguês, a
contradição fundamental entre igualdade formal dos sujeitos de direito e desigualdade
substancial dos indivíduos.
De acordo com a criminologia crítica, o direito penal tende a privilegiar os interesses das
classes dominantes e a imunizar do processo de criminalização, comportamentos
socialmente danosos típicos dos indivíduos a elas pertencentes, e ligados funcionalmente
à existência da acumulação capitalista, e tende a dirigir o processo de criminalização,
principalmente para formas de desvio típicas das classes subalternas.
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Segundo Alessandro Baratta, as estratégias para uma política criminal das classes
subalternas deve ser:
* inserção do problema do desvio e da criminalidade na análise da estrutura geral
da sociedade capitalista;
* ampliação e reforço da tutela penal em áreas de interesse essencial para a vida
dos indivíduos e da comunidade: saúde, segurança no trabalho, integridade ecológica,
criminalidade econômica;
* radical e corajosa despenalização, de contração ao máximo do sistema punitivo,
com a exclusão, total ou parcial, de inumeráveis delitos de costumes, de moral, etc;
aliviando a pressão negativa do sistema punitivo sobre as classes subalternas
(despenalização significa também a substituição de sanções penais por formas de
controle legal não estigmatizantes - sanções administrativas ou civis); derrubada dos
muros dos cárceres e abolição da instituição carcerária. As etapas de aproximação desse
objetivo podem ser constituídas pelo alargamento do sistema de medidas alternativas,
pela ampliação da suspensão condicional da pena, pela introdução de formas de
execução da pena detentiva em regime de semi-liberdade, assim como abertura do
cárcere para a sociedade através de parcerias e associações com organizações civis.
* Avaliação do papel da mídia e sua influência no senso comum no reforço aos
estereótipos, que legitimam a ideologia das classes dominantes. Discussão ampla sobre o
efeito da mass-media na indução do alarme social (Campanhas de lei e ordem).
Sobre a defesa do direito penal mínimo também escreve Ferrajoli, que defende o que
ficou conhecido como Garantismo. Segundo ele a mínima intervenção significa que o
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Estado deve intervir unicamente nos casos mais graves, protegendo os bens jurídicos
mais importantes, sendo o direito penal o último recurso quando já cessaram as
alternativas restantes.
Ferrajoli indica três classes de delitos que deveriam ser amplamente descriminalizadas
sob o amparo constitucional. Em termos quantitativos, deveriam ser excluídos os delitos
de bagatela (contravenções, delitos punidos com penas pecuniárias ou restritivas de
direitos) que não justificariam o processo penal e muito menos a pena. Ao versar sobre
as tipificações de condutas que não afetam bens jurídicos, como por exemplo, o consumo
de drogas, o incesto, a sodomia e/ ou homossexualismo, Zaffaroni afirma que estas
normas penais tutelam pautas éticas, normas morais, e não bens jurídicos. Confrontando
com o pressuposto da laicização do direito penal, o autor se opõe a junção da moral com
direito, e ainda a imposição de uma moral determinada.
Esse pensamento se opõe à corrente de pensamento orientada para abolição das penas e
dos sistemas penais. O grupo de pensadores que pode ser adstrito a essa orientação não
se interessa por uma política criminal alternativa, mas sim, por uma alternativa à política
criminal. O abolicionismo nega a legitimidade do sistema penal tal como atua na
realidade social contemporânea e, como princípio geral, nega a legitimação de qualquer
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outro sistema penal que se possa imaginar no futuro como alternativa a modelos formais
e abstratos de solução de conflitos, postulando a abolição radical dos sistemas penais e a
solução dos conflitos por instâncias ou mecanismos informais.
Os chamados “abolicionistas” afirmam que o sistema penal só tem servido para legitimar
e reproduzir as desigualdades e injustiças sociais, e o direito penal é considerado uma
instância seletiva e elitista. São muitas as suas razões para abolir o sistema penal Aqui
são listadas algumas delas: - vivemos numa sociedade sem direito penal, porque a cifra
negra é altíssima; - o sistema é anômico, e o direito penal não protege a vida, a
propriedade e nem as relações sociais, não atingindo seu intento; - o sistema é seletivo e
estigmatizante, e visivelmente cria e reforça as desigualdades, é discriminatório; - o
sistema penal é uma máquina para produzir dor inutilmente, a execução da pena é um
meio de sofrimento e dor moral e física; - a pena de prisão é ilegítima, só se pode falar
em pena quando há “acordo entre as partes”. Ela não reabilita o preso, ao contrário,
causa efeitos devastadores sobre sua personalidade.
Importante citar ainda outros autores desta tendência: Mathiesen e Nils Christie. O
primeiro vincula a existência do sistema penal à estrutura produtiva capitalista, sua
proposta parece aspirar não apenas a abolição do sistema penal, como também a
abolição de todas as estruturas repressivas da sociedade. Já Nils Christie acredita que a
possibilidade de substituição dos indivíduos/papéis no sistema “orgânico”, torna os
excluídos do mercado os candidatos ideais para o sistema punitivo, deste modo,
centraliza sua argumentação em fundamentos éticos orientados a reduzir o sistema penal
como sofrimento imposto às pessoas de modo intencional.
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Essas teorias críticas surgidas no campo da criminologia, ainda que tenham representado
importante avanço na discussão acerca dos sistemas penais, estiveram nos últimos anos
circunscritas ao campo acadêmico e pouco poder de influência tiveram na alteração ou
reformulação de leis penais nos últimos anos no Brasil. O único movimento que no Brasil
ganhou notoriedade nos anos 90 por propor reavaliar a atuação do sistema jurídico foi o
Movimento do Direito Alternativo. Este movimento propõe uma ruptura com o direito
liberal/positivista que estrutura o “direito burguês” e mantém o esquema de dominação
na sociedade capitalista.
A fim de garantir a segurança urbana, surgiu nos anos 80, no panorama político criminal,
o Movimento “Lei e Ordem”. O discurso jurídico-penal de “lei e ordem” concebe a pena
como um castigo e propõe, além da supressão de direitos e garantias individuais,
punições cada vez mais severas para combater o aumento da criminalidade, incluindo a
aplicação da pena de morte e prisão perpétua para crimes graves, construção de
penitenciárias de segurança máxima e imposição de severos regimes prisionais,
diminuição dos poderes do juiz de execução penal e a atribuição destes à autoridade
penitenciária.
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Atrelado ao discurso da Lei e Ordem, a política de Tolerância Zero da prefeitura de Nova
York no mandato de Rudolph Giuliani foi bastante difundida como um novo modelo de
combate ao crime. A proposta da “Tolerância Zero” propõe uma repressão intensa e
intolerante com relação a pequenos delitos como forma de reforço da segurança pública.
Neste caminho, nos anos 90, Nova York expandiu seus recursos destinados à
manutenção da ordem e em 5 anos aumentou seu orçamento para a policia em 40%,
quatro vezes mais do que as verbas dos hospitais públicos.
Quanto à violência, os autores afirmam que os crimes mais graves são frutos de uma
série de pequenos delitos não punidos e que levam a formas mais graves de
delinqüência. Nas palavras de Wilson e Kelling “os crimes graves florescem em áreas em
que os comportamentos desordeiros permanecem sem respostas. O pedinte que age
livremente é, com efeito, a primeira janela quebrada”.
A teoria das janelas quebradas passou a ser objeto de discussões em vários institutos de
pesquisa e centros voltados para reflexão e sobre políticas de segurança pública nos
Estados Unidos. Um dos institutos que popularizaram as idéias de Wilson e Kelling foi o
Manhattan Institute, cujos seminários contavam com a freqüente presença de Rudolph
Giuliani, antes de ser prefeito de Nova York. As palestras e debates tinham o objetivo de
buscar alternativas de políticas de segurança pública que levassem em conta as
preocupações da teoria das janelas quebradas.
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Após assumir a prefeitura de Nova York Rudolph Giuliani, em 1994, colocou o chefe da
policia de trânsito William Bratton no posto de Comissário de Policia da cidade. Bratton
foi o principal responsável pela aplicação da teoria das janelas quebradas, que forneceu
um verniz de respeitabilidade pretensamente científica às políticas que foram colocadas
em prática. Embora jamais tenha sido validada empiricamente, a teoria das janelas
quebradas alcançou status de verdadeira formula contra o crime.
Belli ressalta que alguns dados básicos sobre os índices de criminalidade devem ser
considerados nos Estados Unidos, segundo ele: a) os índices de criminalidade de Nova
York já estavam em queda havia três anos quando Giuliani iniciou seu mandato, não
sendo portanto um fato totalmente novo; b) a baixa dos índices de criminalidade foi um
fenômeno observado no pais inteiro , e não privilegio de Nova York; c) os índices
semelhantes aos alcançados em Nova York foram obtidos em varias cidades sem que se
tenha feito uso de táticas do tipo Tolerância Zero. De acordo com dados coletados pelo
criminologista Alfred Blumstain, da Universidade de Carnegie Mellon de Pittsburgh de
1991 a 1998, a taxa de homicídios caiu 76,4% em San Diego, 70,6% em Nova York e
69, 3% em Boston. E as três cidades empregaram estratégias diferentes, enquanto Nova
York enfatizou as políticas de Tolerância Zero, San Diego foi pioneira no policiamento
comunitário e Boston procurou envolver os lideres religiosos na prevenção do crime.
Outras cidades também tiveram redução nas taxas de homicídios sem que qualquer
estratégia coerente tenha sido implementada, como Houston 61,3% e Los Angeles
59,3%.
Suas pesquisas revelam que vem se observando nos Estados Unidos e na Europa uma
redefinição das missões do Estado, que, em toda parte, se retira da arena econômica e
afirma a necessidade de reduzir seu papel social, ampliando e endurecendo sua
intervenção penal. Representa assim, um enfraquecimento do Estado social e o
fortalecimento e glorificação do Estado penal. Os resultados demonstram, ainda, que não
obstante as desigualdades sociais e a insegurança econômica terem se agravado
profundamente no curso dos dois últimos decênios, o Estado caritativo americano não
parou de diminuir seu campo de intervenção e de comprimir seus modestos orçamentos,
a fim de satisfazer a duplicação das despesas militares e a redistribuição das riquezas em
direção às classes mais abastadas. A tal ponto que a guerra contra a pobreza foi
substituída por uma guerra contra os pobres.
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Wacquant afirma que sob o manto da “reforma” a lei sobre responsabilidade individual do
trabalho de 1996, confirma a substituição de um (semi) estado – providência por um
estado carcerário e policial no seio do qual a criminalização da marginalidade e a
contenção punitiva das categorias deserdadas fazem às vezes de política social. A nova
ideologia difundida afirma que a assistência aos pobres só serve para manter na
ociosidade e no vício os habitantes do gueto, nos quais encorajaria os comportamentos
anti-sociais.
E continua:
A utopia neoliberal carrega em seu bojo, para os mais pobres,
mas também para todos aqueles que cedo ou tarde são forçados a
deixar o setor do emprego protegido, não um acréscimo de
liberdade, como chamam seus arautos, mas a redução e até a
supressão dessa liberdade, ao cabo de um retrocesso para um
paternalismo repressivo de outra época, a do capitalismo
selvagem, mas acrescido dessa vez de um Estado punitivo
onisciente e onipotente. A “mão invisível” tão cara a Adam Smith
certamente voltou, mas dessa vez vestida com uma “luva de
ferro”(WACQUANT, 2001, p. 151).
Todavia, com relação aos índices de criminalidade violenta nos EUA, a taxa nacional de
homicídios estacionou entre 8 e 10 para cada 100 mil habitantes de 1975 a 1995 e a
freqüência de roubos qualificado oscilava entre 200 e 250 para 100 mil. A taxa de
vítimas de agressões e lesões corporais permaneceu estável por todo o período, cerca de
30 por 100 mil, a freqüência de violências caracterizadas contra a pessoa baixava de 12
para 9 em cada 100 mil. Quanto aos crimes contra os bens, eles diminuíram nitidamente,
pois o índice acumulado de vitimização por roubos e arrombamentos caiu de 550
incidentes para 100, mil habitantes em 1975 para menos de 300, 20 anos mais tarde.
As medidas penais adotadas contribuíram ainda mais para o alongamento das penas, que
revela o endurecimento da política judiciária no EUA, são alguns exemplos: o aumento do
quantum imposto tanto aos delitos sem gravidade quanto aos crimes violentos, a
multiplicação das infrações motivando encarceramento fechado, e perpetuidade no
terceiro crime (three strikes you’ re out), aplicação da legislação adulta aos menores de
16 anos. Assim, na medida em que se desfaz a rede de segurança do Estado caritativo
(safety net), vai se tecendo a malha do Estado disciplinar (dragnet) chamado a substituí-
lo nas regiões inferiores do espaço social americano.
Os EUA recorreram no curso de sua história, não a uma, mas a muitas instituições
peculiares para definir, confinar e controlar os afro-americanos. A primeira foi a
escravidão, a segunda, o chamado sistema Jim Crow (sistema legal de discriminação e
segregação), o terceiro dispositivo especial graças ao qual a América conteve os
descendentes de escravos nas metrópoles do norte industrial é o gueto. Para o Wacquant
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a quarta instituição peculiar da América é o novo complexo institucional composto por
vestígios do gueto negro e pelo aparato carcerário - a prisão se tornou o substituto do
gueto.
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Modificação na LCH Lei 8.930/94. Morte da atriz Daniela Peres e as Chacinas da
Candelária e Vigário Geral. Inclusão do Homicídio ( por grupos de extermínio ) e
Homicídio qualificado.
Onda de Falsificação de Remédios em 1998. Lei 9695/1998. Falsificação,
corrupção, adulteração ou alteração de produtos terapêuticos e medicinais.
Lei contra o Crime Organizado 9.034/ 1995
O Regime Disciplinar Diferenciado RDD. Rebeliões em Presídios organizadas por
facções criminosas - Lei 10.792/2003
Resultado: aumento vertiginoso no sistema penitenciário 1990 havia 90 mil
presos no país, número que saltou para cerca de 442,5 mil em 2007,
representando um aumento de 468% no período.
FOLHA DE SÃO PAULO. A política de "tolerância zero" para crimes, que foi adotada com
sucesso em Nova. York, é aplicável ao Brasil?
http://www.nevusp.org/portugues/index.php?option=com_content&task=view&id=396&I
temid=29
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Na aula de hoje vimos como o debate atual das políticas penais tem seguido em
caminhos opostos. De um lado temos a defesa dos direitos individuais e a perspectiva
que defende que a redução da criminalidade não virá com endurecimento penal, mas ao
contrário, somente com políticas que garantam os direitos humanos e realizem a
prevenção da criminalidade. Entretanto, seguindo um discurso repressivo americano,
temo aqueles que defendem um recrudescimento penal, tanto da legislação penal como
das políticas de controle social, como por exemplo, Tolerância Zero. É preciso lembrar
que no Brasil sempre tivemos políticas repressivas e violentas de controle social, viemos
de uma ditadura militar onde as constantes violações de direitos humanos eram
freqüentes, e esse discurso repressivo só faz aumentar e legitimar práticas antigas que
ainda persistem no Brasil.
BATISTA, Vera MAlaguti. Difíceis ganhos fáceis: drogas e juventude pobre no Rio de
Janeiro. Rio de Janeiro: Revan, 2 ª. 2003.
CARVALHO . Salo de. Pena e Garantias. Rio de Janeiro : Lúmen Júris, 2003. Pg. 92.
CARVALHO, Amilton Bueno e CARVALHO, Salo de. Aplicação da pena e Garantismo. Rio de
Janeiro: Lúmen Júris. 2004.
HULSMAN. Louk. Penas Perdidas; o sistema penal em questão. Niterói: Luam. 2ª ed.
1997.
PINTO, Nalayne Mendonça. Entrevista. “Tolerância Zero” e Estado Mínimo Geram Inflação
Carcerária. Punição. Com Ciência.
Revista Eletrônica De Jornalismo Científico.
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Aula 6: Introdução ao Estudo da Vitimologia
Antes de começarmos o estudo desta aula, assista no ambiente on-line ao vídeo com a
professora convidada Miriam Guindani.
O último tema a ser analisado nesta disciplina será a Vitimologia. Estes estudos são
importantes para sua formação, pois através das pesquisas de vitimização podemos
conhecer dados recolhidos sobre grupos e tipos de vítimas mais recorrentes. Isto implica
dizer que as pesquisas de vitimização fornecem subsídios para a formulação de políticas
e estratégias que possam ser direcionadas a redução dos riscos em determinados casos
freqüentes.
Esteja onde você estiver nesse imenso Brasil, valorize e estimule a pesquisa e o
levantamento dos dados em sua região, pois a partir deles poderemos pensar quais são
as melhores estratégias de ação e conhecer melhor quem são os grupos mais atingidos
pelas diferentes formas de violência.
Boa aula!
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O holocausto ocorrido durante a II Guerra Mundial chamou a atenção para o processo
brutal de vitimização coletiva sofrida por judeus, ciganos, deficientes entre outros. Em
1947 Benjamim Mendelsohn, sobrevivente do Holocausto, propõe a vitimologia para
compreensão dos processos de vitimização. Sua questão inicial foi: Por que algumas
pessoas ou grupos tem tendências maiores de se tornarem vítimas?
O termo vítima do latim Victima, que significa pessoa ou animal sacrificado, talvez seja
por isso que a coletividade enxerga a vítima como perdedora, sofredora e co-responsável
pelos danos.
Entretanto a vítima é a aquela pessoa que sofre danos de ordem física, mental e
econômica, bem como a que perde direitos fundamentais, seja em relação à violações de
direitos humanos ou em razão de atos criminosos.
Benjamim Mendelsohn criou uma Tipologia da Vítima que sofreu duras criticas porém é
utilizada por estudiosos e advogados de defesa, são elas:
1- Vítima completamente inocente ou vítima ideal = nada fez ou nada provocou (ex:
incêndio)
2- Vítima de culpabilidade ou por ignorância = impulso involuntário (ex: aborto)
3- Vítima tão culpável como o infrator ou voluntária = consciência do ato (ex: suicídio,
pacto de morte, eutanásia)
4- Vítima mais culpável que o infrator
Vítima provocadora = incitou o infrator (ex: adultério explícito)
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Vítima por imprudência = acidente por falta de cuidados (ex: álcool e direção)
5- Vítima unicamente culpável
Vítima infratora = comete a infração por legítima defesa (ex: assassinato do seu
estuprador)
Vítima simuladora = premeditou o ato e colocou a culpa no acusado ( ex: planeja
homicídio do marido com amante e simula um roubo)
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Lembrando que há crimes sem vitimas aparentes: ambientas e econômicos por
exemplo.
VITIMIZAÇÃO
A vitimização pode ocorrer devido às características das pessoas (sexo, cor, idade, local
de moradia, etc). Mas também por acidentes, exclusão social, guerras. No Brasil é
preciso destacar que há uma grande vitimização até/ e principalmente no seio familiar.
Nos casos de crianças ou mulheres que sofreram abusos sexuais ou estupro há ainda a
revitimização, pois a cada vez que a vítima tem que contar, e recontar inúmeras vezes a
violência que sofreu, ela sofre relembrando o ocorrido.
Há também uma vitimização anterior, que muitos criminosos carregam em suas vidas,
como por exemplo, casos de adultos pedófilos que sofreram abusos sexuais na infância,
delinqüentes que tiveram uma infância marcada pela violência e pelo abandono
(exemplo: vitimização anterior dos infratores: nos lares, na trajetória de vida – veja o
documentário Ônibus 174)
Finalidades da Vitimologia
Proteção da vítima
Reconhecimento do seu papel como sujeito de direitos
Agregar a vítima o atributo da dignidade humana a colocá-la como partícipe da
justiça criminal
Estudo dos processos de vitimização
Estudo das agressões aos direitos fundamentais
Criação de políticas públicas para assistência as vítimas
Reformulação na legislação para atender as vítimas
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Vitimização de Jovens no Brasil
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Algumas experiências têm sido realizadas com a finalidade de promover políticas públicas
direcionadas para a juventude vulnerável, vale destacar algumas.
A referência teórica que o projeto “Fica Vivo” utiliza é a Teoria da desorganização social
ou Ecológica (ambiente desordenado e falta de vínculos primários de socialização e
instituições formais/ Escola de Chicago). Nesse sentido a proposta é interferir nos
processos de socialização das comunidades violentas = prevenção social.
Projetos de redução de vulnerabilidade
“Fica vivo” = projeto de prevenção social redução da mortalidade de jovens em
aglomerados de BH. Em áreas onde há maior concentração de crimes juvenis e
homicídios foram desenvolvidos projetos de inserção através de esportes, oficinas
e inserção no mercado de trabalho.
WAISELFISZ. .Julio Jacobo. Mapa da Violência IV. Os jovens do Brasil. Disponível em:
http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001351/135104porb.pdf
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O texto deve ser digitado em folha A4, letra arial ou times new 12, entre linhas 1,5.
Desenvolver o tema em até 2 laudas. Ao utilizar as citações diretas dos autores, não
esquecer de colocar a referência, ex (SOUZA, 2008, p. 67). De mesma forma ao fazer
paráfrase do autor coloque seu nome seguido do ano. Ex: Segundo Souza (2008) a
criminologia...
Colocar ao final do trabalho as referências consultadas conforme o modelo de bibliografia
que consta da bibliografia geral do curso.
Tema: No que consiste a Vitimologia (seu objeto e suas finalidades)? Podemos falar de
vitimização de “grupos sociais” no Brasil? (Dê exemplos e analise casos de vitimização no
Brasil)
Orientações sobre a realização do trabalho podem ser obtidas com o professor on-line
FICA VIVO:
http://www.seds.mg.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=283&Itemid
=117
LUTA PELA PAZ: http://www.fightforpeace.net/home_pt.php
AFROREGGAE: http://www.afroreggae.org.br/
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REFERÊNCIAS PARA ESTUDOS DE VITIMIZAÇÃO DE JOVENS:
CESEC. Formando uma Tropa de Elite na Polícia para Trabalhar com Jovens:
Projeto Juventude e Polícia - Capacitação 2007. Disponível em :
http://www.ucamcesec.com.br/pb_txt_dwn.php
CESEC. Perfil dos Jovens em Conflito com a Lei no Rio de Janeiro. Disponível em:
http://www.ucamcesec.com.br/pb_txt_dwn.php
COMUNIDADE SEGURA. Crianças e jovens em violência armada organizada.
Disponível em:
http://www.comunidadesegura.org/?q=pt/taxonomy_menu/15/157/218
DECLARAÇÃO DOS PRINCÍPIOS BÁSICOS DE JUSTIÇA RELATIVOS ÀS VÍTIMAS DA
CRIMINALIDADE E DE ABUSOS DE PODER DA ONU.
http://www.dhnet.org.br/direitos/sip/onu/fpena/pbasic2.htm
DOWDNEY, Luke . Nem guerra nem paz: Comparações internacionais de Crianças
e Jovens em Violência Armada Organizada. Disponível em:
http://www.comunidadesegura.org/?q=pt/taxonomy_menu/15/157/218
DOWDNEY, Luke. Crianças do tráfico.
http://www.necvu.ifcs.ufrj.br/arquivos/livrolukecriancas_do_trafico.pdf
FEFFERMANN, Marisa. Vidas Arriscadas. O cotidiano de jovens trabalhadores do
tráfico. Petrópolis: Vozes, 2006.
ZALUAR, Alba. A máquina e a Revolta. São Paulo: Brasiliense, 1985.
ZALUAR, Alba. Drogas e Cidadania. São Paulo: Brasiliense, 1999.
ZALUAR, Alba. Integração perversa: pobreza e tráfico de drogas. Rio de Janeiro:
FGV, 2004.
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