Você está na página 1de 8

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE ENGENHARIA DE ILHA SOLTEIRA

FITOPATOLOGIA
Inoculação de um fitopatógeno (Rhizoctonia solani) em plantas de soja (Glycine max L.)

Discentes:
Davi Prata da Silva
Felipe Souza da Cruz
Heitor Castro Kennedy
Murillo Peccinelli
Pedro André Honório

ILHA SOLTEIRA, SP

Setembro/2019
1. INTRODUÇÃO

O Gênero Rhizoctonia é responsável por uma grande quantidade de doenças da cultura


da soja, como Mela ou Requeima da Soja, Morte em Reboleira, Podridão da Raiz e da Base da
Haste, e Tombamento, tendo a principal espécie patogênica a Rhizoctonia solani.
Os fitopatógenos deste gênero naturalmente habitam o solo e vivem saprofiticamente
se alimentado de restos das culturas em decomposição, o que a torna muito relevante para os
sistemas de produção moderno, com a introdução do plantio direto, rotações de culturas e
palhada sobre a superfície do solo. Estes fitopatógenos trazem muitos malefícios para as
culturas, através da produção de enzimas que matam rapidamente o hospedeiro, o que promove
sua decomposição, onde os patógenos sobrevivem às custas dos nutrientes disponibilizados
neste processo.
As doenças de plantas são normalmente diagnosticadas pelos sintomas aparentes que
provocam e pelos sinais do patógeno presente no hospedeiro (Begamin 1995). As descrições da
sintomatologia das doenças das plantas cultivadas podem ser encontradas em diversas chaves
de identificação que são também publicadas em diversas fontes literárias.

É suficiente em muitas das vezes para a identificação dos sintomas de uma determinada
doença, a comparação entre a planta doente e as ilustrações ou descrições dessa doença
apresentados na literatura. Existem situações em que os sintomas não são característicos de
nenhuma doença em particular, e pode ser associados então a diversas causas, como no caso
das murchas e cancros, que podem ser provocados por mais de um organismo ou até mesmo
por fatores abióticos.

Nesta circunstância, é preciso um exame detalhado dessa planta doente e um


questionário mais detalhado das condições de cultivo, informações sobre a variedade, as
práticas culturais, condições climáticas que a cultura está submetida podem auxiliar na
identificação do agente causal da doença. O estabelecimento da relação causal entre uma doença
e um microrganismo só pode ser confirmado após o cumprimento de uma série de etapas,
conhecida por Postulado de Koch, que foi desenvolvido por Robert Koch (1881) para patógenos
humanos e adaptados posteriormente para a fitopatologia.

Koch publicou 4 postulados em 1882 que são utilizados até hoje na microbiologia. Seus
postulados são:

1- Quando há uma doença, um microrganismo distinto sempre pode estar associado.


2- O microrganismo patógeno deve ser destacado e cultivado em meio de cultura nutritiva, em
condições favoráveis para obter o crescimento de sua população para verificação dos sintomas
e de sua imagem.

3- Este crescimento dado na cultura, quando inoculado em um animal saudável suscetível,


apresentará a doença específica e seus devidos sintomas.

4- A recuperação deste microrganismo no animal contaminado neste segundo momento para a


verificação comparativa de suas características, que devem permanecer idênticas as observadas
anteriormente.

Imagem 1: Representação dos postulados de Koch

Na década de 1980 os postulados de Koch sofrem modificações para introduzir


conceitos na área da genética com fim de identificar os microrganismos responsáveis por
doenças, sendo chamados de Postulados moleculares de Koch:

- Aspectos da virulência e um gene devem ser evidentes durante o processo de infecção.

-O causador da enfermidade deve ter seu gene reconhecido, não apresentando cepas não
virulentas neste gene.

-A remoção de um ou mais nucleotídeos ou de um segmento de um cromossomo de um gene,


deve diminuir sua virulência, podendo ser reintroduzida fazendo com que a taxa virulência volte
sem variações.

-A resposta imunológica deve ser capaz de ativação através do produto gênico.


2. OBJETIVO

O trabalho teve como objetivo avaliar a receptividade do patógeno Rhizoctonia solani


em plantas de soja (Glycine max) como hospedeiro, seguindo os passos do postulado de Koch,
e analisar os resultados obtidos afim de confirmar o postulado.

3. MATERIAL E MÉTODOS

Este experimento foi realizado no laboratório didático de Fitopatologia da UNESP - Ilha


Solteira. Para melhor andamento das atividades, usamos materiais fornecidos pelo laboratório
como o bico de Bunsen, placas de Petri, pinças, álcool, plântulas de soja (Imagem 2), além do
fitopatógeno (Figura 3), inserido para conservação em grãos de arroz (Imagem 4).

Imagem 2. Plântulas de Glycine max L. dispostas em vaso com substrato.

Imagem 3. Fitopatógeno Rhizoctonia


solani no meio DBA.
Seguindo com a metodologia de Koch, inoculando o fitopatógeno em uma plântula
sadia, na finalidade de reprodução dos sintomas.

Imagem 5. Inoculando o Fitopatógeno Rhizoctonia solani, em uma plântula sadia.

Após duas semanas pudemos observar os resultados obtidos, onde foram avaliados os
seguintes critérios: lignificação da haste principal (baixa, média e alta), percentual de
tombamento (%), volume do sistema radicular (cm), além de elucidar a incidência do
fitopatógeno, tendo em vista a metodologia de inoculação.

Para indicar a incidência do fitopatógeno, submetemos os sintomas a um reisolamento,


para isso, foram inoculados em placas pequenos fragmentos das plântulas (caule), metade com
o ferimento do sintoma do R. solani, e a outra metade sadia.

Imagem 6: Corte de um pedaço do caule ferido


com os sintomas do R. solani.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para observarmos os sintomas causados pela R. solani, a plântula mais contaminada foi
escolhida, assim poderia ocorrer maior representatividade dos danos reais causado pelos
patógenos nos tratamentos inoculados. Como podemos ver na imagem abaixo, ocorreu o
sintoma damping-off.

Imagem 7. Sintoma damping-off na planta


de soja em desenvolvimento

As plantas, ao longo de sua vida, podem ser contaminadas por fitopatógenos causadores
de podridões radiculares (imagem 8) em qualquer estádio de desenvolvimento, porém os
sintomas mais prejudiciais são observados nos estádios iniciais do desenvolvimento da planta,
ou seja, em condição de plântula (WHEELER et al., 2001). Além da soja, diversas culturas
como algodão, arroz, batata, café, cebola, feijão, girassol, milho, sorgo entre outras, podem ser
afetadas com o patógeno.

A incidência e a severidade do ataque estão associados às condições do solo e a sequênia


de culturas cultivadas na área.
Os sintomas mais graves na planta aparecem na primavera, pouco depois da
plantação. O estrangulamento parcial dos caules pode originar grande diversidade de sintomas,
tais como o atraso no desenvolvimento da plântula bem como a deformação do caule, a necrose
do tecido vascular e manchas púrpuras nas folhas da cultura

Imagem 8. Efeito da podridão-radicular, causada pelo R. solani.

Para os tratamentos inoculados, confirmou-se a presença de R. solani através do


crescimento micelial nas placas de Petri (imagem 9). Sendo assim, este processo uma
importante forma de representar a confirmação dos resultados observados no experimento,
atribuindo assim maior confiabilidade nos dados e a caracterização da doença.

Imagem 9. Fungo Rhizoctonia solani presente na re-inoculação.


5. CONCLUSÃO

Podemos concluir o quanto é importante a metodologia proposta por Koch, com a finalidade
de uso em áreas da ciência, principalmente em microbiologia e fitopatologia, ajudando na
agricultura a identificar os fitopatógenos presentes no campo.

A compreensão da importância da Rhizoctonia solani nos sistemas de produção, pela sua


grande variabilidade de doenças que podem vir a prejudicar em larga escala lavouras em
diversos lugares e em diversas culturas, e incluindo a doença alvo do estudo o tombamento em
plantas de soja.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Sistemas de Produção - Soja.


2018.

FENILLE, R. C. Caracterização citomorfológica, cultural, molecular e patogênica de


Rhizoctonia solani Kuhn associado à soja no Brasil. 2001.

FREITAS, M. C. M. A cultura da soja no Brasil: O crescimento da produção brasileira e


o surgimento de uma nova fronteira agrícola. Uberlândia, 2011.

MIYASAKA, S.; MEDINA, J.C. (Ed.). A soja no Brasil. Campinas: ITAL, 1981. 1062 p

EMBRAPA SOJA. Recomendações técnicas para a cultura da soja no Paraná 1999/2000.


Londrina, 1999. p. 103, 109.

BERGAMIN FILHO,A.; KIMATI, H.; AMORIM, L.; Manual de Fitopatologia; Editora


Agronômica Ceres Ltda; São Paulo-SP;1995.

Você também pode gostar