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A história da música tradicional japonesa é bastante rica e variada. Muitas formas musicais
foram importadas da China, à vários milénios, mas, com o passar dos anos, sofreram alterações e
foram remodeladas para estilos japoneses característicos. Os instrumentos ou eram adaptados dos
chineses, ou eram criados de raiz para satisfazer as necessidades locais, sendo os mais importantes o
shamisen1, o shakuhachi2 e o koto3. A música, no Japão, era quase sempre usada para acompanhar
teatros, e foi daí que surgiu o Noo4, na Idade Média. O Noo é um drama que perdura até a atualidade
e que utiliza máscaras, combinando a declamação de poemas, que possuam um carácter denso, com
um conjunto de percussão e flautas. Mais tarde, a classe social mais desfavorecida, que não tinha
direito a assistir às interpretações de Noo, constataram, pela primeira vez, a expressividade no teatro
Kabuki, sendo o meu próprio nome constituído por ideograma, como muitas palavras japonesas.
Kabuki é formado a partir de kanji ka ( 歌 ), que simboliza canto, bu ( 舞 ), a dança, e ki ( 伎 ), a
habilidade. Muitas vezes kabuki também significa “a arte de cantar e dançar”. No Japão de hoje-em-
dia a música ocidental tem vindo a ofuscar as formas tradicionais, mas estas continuam a ser
interpretadas e apreciadas, sendo consideradas como uma ligação viva ao passado do país.
Quase nada se sabe sobre a música pré-histórica do Japão, durante os períodos Jomon e
Yayoi, apesar de existirem figuras de rituais que se apresentam como músicos, sugerindo a
importância da música desde cedo. Período Jomon foi o nome dado à primeira civilização
japonesa, tendo este prevalecido desde 8 000 a.C. até, por volta de, 200 a.C., com o surgimento da
cultura Yayoi. Esta última durou cerca de 550 anos, desde 300 a.C. até 250 d.C.. O pouco que se
mantém dessa era pré-histórica são algumas canções, lendas e rituais, todos registados nos dois
livros mais antigos sobre a história do Japão, o Kojiki e o Nihon Shoki. Quando o Kojiki foi escrito,
durante o Império de Temmu, que governou entre 673 e 686 d.C., as canções aí compiladas já
faziam parte da tradição da corte.
1
Ver anexo 5 - Shamisen
2
Ver anexo 6 - Shakuhachi
3
Ver anexo 7 – Koto
4
Ver anexo 8 – Noo
Desde as épocas mais remotas da história do Japão, a poesia e a música sempre foram muito
importantes e a distinção entre os dois nunca foi muito clara. A palavra uta tanto quer dizer
“canção” como “poesia”, usando apenas, atualmente, kanjis diferentes, sendo uta (歌) para música e
uta (詩) para poesia. Apesar do Japão ter uma cultura bastante característica e demarcada, o estado
imperial usa a escrita chinesa, sendo esta os kanjis, e importava a cultura para o entretenimento e
cerimónias.
O Budismo, nos períodos Nara (710 – 794 a.C.), tendo sido neste estabelecido, e Heian (794
– 1185 a.C.), encontrava-se acessível e conhecido apenas para a corte imperial e para os membros
da elite. Existia um grande ênfase em criar rituais e cânticos bastante elaborados, fazendo com que
apenas os profissionais mais bem treinados os conseguíssem interpretar.
Uma forma de música budista é o Shomyo. Isto é um estilo musical que entrou no Japão no
período Nara e consiste em recitar sutras, adicionando uma melodia. Os sutras eram textos
sagrados com ensinamentos transmitidos oralmente, criados pelo Buda Gautama, sendo apenas mais
tarde escritos. Foram encontrados três estilos de Shomyo: o Bonsan, que era cantado em sânscrito, o
antigo dialeto indiano e o idioma original dos sutras; o Kansan, que era cantado em chinês; e o
Wasan, que era cantado em japonês.