Exame obstétrico: Torsão e Rotura Uterina

“Vaca de raça Holstein Frísia, 2º parto e aproximadamente 600 kg de peso vivo. Encontrasse
na 2ª fase do trabalho do parto, com contrações abdominais há mais de 2 horas. O
diagnóstico é:”
1. Torsão uterina
2. Rotura uterina

Anamnese

É essencial realizar as seguintes perguntas:

Há quanto tempo está em trabalho de parto?
qual o estado de saúde da vaca recentemente?
já teve alguma assistência desde que começou o trabalho de parto?
apresenta sinais de dor?
As membranas fetais são visíveis?
O animal apresenta-se inquieto?
qual a condição corporal do animal?
este tipo de problema é recorrente ?
O alimentação da vaca é feito à base de quê?
Este parte é prematuro?

Exame do estado geral

Devemos avaliar:
Frequência cardíaca, frequência respiratória, simetria, temperatura retal, presença de edema
da vulva, auscultação dos movimentos ruminais, inspeção das mucosas, presença de dor
abdominal, relutância ao movimento, existência de corrimento vulvar e qual o aspeto, se as
faneras estão em bom estado, palpação retal e vaginal.

Preparação do material e contenção animal

Durante a palpação retal e vaginal vamos precisar de um tronco fixo ou móvel para a
contenção da vaca.
Para a palpação vaginal vamos precisar de água com sabão para a limpeza da vulva e assim
evitar a introdução de sujidade no interior da vagina. Também vamos usar luvas assim com
um vaginoscópio ou um espéculo junto com uma fonte de luz.
Em relação à palpação retal só será necessário o lubrificantes e uso de luvas específicas para
o efeito.
Para desfazer a torção uterina, pode-se recorrer à técnica do rolamento onde a vaca é colocada
em decúbito lateral esquerdo e rolada para decúbito lateral direito com uma tábua
comprimindo o abdômen. Caso não seja bem sucedido após várias tentativas, deve-se realizar
uma laparotomia do flanco esquerdo com o animal em estação e contido. Na preparação do
material, o veterinário deve ter à sua disposição água e sabão para lavagem do flanco
esquerdo, antisséptico, lâmina de tricotomia, anestésico, bisturi, fio de sutura, porta-agulhas e
compressas.
No caso de uma rotura uterina, também se pode recorrer à laparotomia.

Exame obstétrico conducente à distocia

Existem várias aspectos que levam a concluir que se trata de uma torção uterina, tais como:
Ausência da visualização dos sacos fetais, fluidos fetais ou o feto em si; deslocamento da
comissura vulvar; afundamento da coluna lombossagrada junto com a cabeça da cauda
levantada; persistência de esforço por 30 minutos sem visualização do bezerro; por meio
de palpação vaginal, verifica-se que não é possível a progressão da mão através do canal da
vagina a qual se encontra estenosada; realização de palpação retal para identificar a orientação
dos ligamentos largos uterinos e definir o lado e o grau da torção; apresentação de espiral e a
total oclusão da via fetal.
Em relação a rotura uterina no hemograma vamos encontrar contagens relacionadas com um
processo inflamatório e hemorrágico. Na abdominocentesis podemos observar sangue vivo e
glóbulos vermelhos fagocitados.
Na palpação transretal podemos não conseguir localizar o feto, e se realizarmos uma ecografia
transabdominal, nao conseguiremos discernir o batimento cardiaco do mesmo. Para além disto
encontramos acumulaçao de liquido no abdomem da vaca.

Diagnósticos diferenciais

Dentro dos diagnósticos diferenciais que possam mostrar sinais similares encontramos o
timpanismo, a intussuscepção,a indigestão vagal e a cólica.
Uma vez rejeitados estes diagnósticos e chegados a conclusão do problema ser uma distocia
também devemos descartar distocias provocadas por outras causas como a desproporção
fetomaternal, posicionamento fetal defeituoso ou a incompleta dilatação da vagina e cervix.
A torção e ruptura uterina só correspondem respetivamente ao 3% e 2% das causas de distocia
nas vacas portanto numa primeira abordagem estas não serão os primeiros diagnósticos
diferenciais a ser avaliados.

Francisca Filipe Nº62641

Miguel Ballesta Garcia Nº67190