Você está na página 1de 33

Temas a Abordar:

Capitulo - I

 Noção de Direito Administrativo.


A reforma administrativa em Angola.

 Administração Pública

Sentidos da Administração Pública

 Administração Pública e Administração Privada;


 A Administrativa Pública e as Funções de Estado

A função politica, legislativa e a administração pública;

A função jurisdicional e a administração pública.

A Administração Pública enquanto Poder

Capitulo – I

1. Noção de Direito Administrativo.

Direito Administrativo – é o ramo do Direito formado por um conjunto de


princípios e normas jurídicas que regulam a organização, funcionamento, o
controlo da Administração Pública e as relações que esta estabelece com
outros entes jurídicos, nos actos de gestão pública.

Relativamente ao D.A. angolano e o seu ensino, pode ser caracterizado em


3 períodos distintos a saber:

1. Período Colonial (anterior a 1975)- caracterizava-se por um direito


administrativo que reflectia a política colonial, cujos os
desenvolvimentos podem ser colhidos no direito público colonial
português;
2. Período Revolucionário (1975-1991) –caracteriza-se por um direito
administrativo marcado pela ruptura com a normas jurídico-
administrativas do período colonial, apontando para uma nova ordem
jurídico administrativa da cultura de Estado – Partido, mantendo-se
as normas do período colonial que não contrariassem o processo
revolucionário;
3. Período Democrático (a partir de 1992) – é a consagração do Estado
de direito democrático com toda a força que este princípio
representa.

1.1. A reforma administrativa em Angola.

A reforma administrativa ou modernização administrativa, pode ser


definida como o conjunto sistemático de medidas destinadas a melhorar a
administração pública de um dado país, de forma a torna-la, por um lado,
mais eficiente na prossecução dos seus fins e, por outro mais coerente com
os princípios que a regem.

Ao falar-se de modernização administrativa, significa falar de mudança


para melhor, de reorganização ou de modificação de uma ordem existente,
uma mudança pensada e integrada para o melhoramento do modelo de
organização, funcionamento e controlo da Administração Pública actual. A
reforma administrativa significa uma adaptação contínua da Administração
Pública as novas soluções, assim como estimular uma maior participação
dos cidadãos na gestão administrativa, elimina as assimetrias funcionais
entre os diversos órgãos da Administração Pública, e preconiza a
adequação de procedimentos simples e céleres.

A reforma do Estado e da Administração Pública passou por 2 (dois)


momentos distintos a saber:

A. Fase da reforma administrativa por causa da reconstrução


económica, mas sem reforma política e constitucional

O modelo de organização administrativa angolano tinha um pendor


fortemente centralizador, em que a maioria das decisões importantes eram
tomadas a nível central, quer em questões políticas, quer económicas, quer
financeiras.

Nos últimos 5 (cinco) anos da década de 80 e início de 90, iniciou-se um


processo de reforma económica que visava a alteração do sistema
centralizado de direcção da economia, em que foi aprovado um plano de
recuperação económica em cuja implementação se reservaria um papel
determinante ao Estado.
 A situação económica era caracterizada pelas elevadas despesas
públicas nos sectores militares, em detrimento dos sectores de
reconstrução económica e social;
 O deficit fiscal era financiado monetariamente, o que provocava uma
expansão global da oferta monetária ;
 A politica monetária era associada a uma politica cambial irrealista e
que prejudicava as reservas externas ;
 O sector público empresarial e o sector público administrativo
estavam sobredimensionados

Logo, era necessário adopção de uma política de estabilização económica e


social, que teria como instrumentos fundamentais a política monetária,

fiscal e cambial e os rendimentos e preços. Pela primeira vez falou-se no


plano de recuperação económica e na reforma administrativa ou do
aparelho do Estado, de forma a eliminar obstáculos à política económica.

Recomendou-se:

 A realização do diagnóstico da situação da Administração Pública;


 A definição dos princípios orientadores da reforma da Administração
Pública;
 O estudo de um quadro do pessoal da Administração Pública;
 A elaboração de um anteprojecto do Estatuto da Administração
Pública e a restruturação do Tribunal Administrativo.

O imperativo principal da reforma administrativa era a reestruturação ou o


ajustamento estrutural da economia angolana, menosprezando o carácter
político e democrático do processo e da reforma administrativa. Ainda
assim, foi aprovada a Lei nº 17/90, de 20 de Outubro (Princípios a observar
pela Administração Pública).

B. Fase da reforma administrativa após a reforma politica e


constitucional de 1992 .

A aprovação das leis constitucionais – Lei nº 12/91, de 6 de Maio


(alterações a lei constitucional) e a Lei nº 23/92, de 16 de Setembro (aprova
a lei de revisão constitucional), inaugurou uma nova fase política,
económica e social de Angola.
Assim sendo:

 A reforma do Estado não significa desmantelá-lo;


 É necessário abandonar a visão do passado em que o Estado se
concentrava em larga escala na produção directa de bens e serviços.
Contudo, não significa retirar ao Estado a capacidade reguladora,
nem o seu poder de liderar a mudança.

Hoje é preciso reconhecer que já não faz mais sentido o modelo de


Administração Pública hierarquizado e centralizado, com procedimentos
rígidos. Dai que se optou-se pelo programa de reforma administrativa, de
forma que permitisse adequar os serviços públicos a um ambiente
institucional, gerencial e comportamental, favorável à implementação de
reformas politicas, económicas e sociais.

Em 2000, foi adoptado o PREA (Programa de Reforma Administrativa),


que surgiu da necessidade de desenvolver um plano que traduz a politica da
reforma institucional e modernização administrativa, através de um
documento de sentido estratégico com objectivos.

2. Administração Pública

Cabe referir que são as necessidades colectivas e não as individuais que o


Estado enquanto Administração, em nome da colectividade assume
prosseguir e considera a satisfação dessas necessidades como tarefa de que
não deve abdicar. Para tal o Estado cria órgãos, especializa serviços, afecta
recursos humanos e materiais para a satisfação das mais variadas
necessidades colectivas.

A criação desses órgãos e serviços consubstanciar-se-á ao que chamamos


de Administração Pública ou organização administrativa pública, cuja a
finalidade é a de prosseguir ou satisfazer o interesse público ou fins da
colectividade. A sua actividade consiste em administrar, isto é, gerir, tomar
decisões para a satisfação de um determinado interesse de uma
comunidade.

2.1.Sentidos da Administração Pública

O conceito de administração abrange tanto o sentido orgânico quanto o


sentido material, e para o estudo da Administração Pública é necessário ter
em conta os seus principais sentidos, isto é por um lado – saber como é que
a Administração Pública se organiza e, por outro – como é que a
Administração Pública desenvolve a sua actividade.

Sentido Orgânico (Subjectivo) – é o sistema de órgãos, serviços e agentes


do estado, bem como das demais pessoas colectivas públicas, que
asseguram em nome da colectividade a satisfação regular e contínua das
necessidades colectivas de cultura, bem estar-social, de ordem e segurança
pública.

A noção orgânica de A.P. , compreende duas realidades a saber:

 As pessoas colectivas públicas e os serviços administrativos


organizações, umas dotadas de personalidade jurídica (pessoas
colectivas), outras, em regra, não personificadas.
 Os funcionários e agentes administrativos: põem a sua inteligência e
a sua vontade ao serviço das organizações administrativas nas quais
funcionem.

Sentido Material (Objectivo) – consiste na actividade típica dos serviços


públicos e agentes administrativos desenvolvidas no interesse geral da
colectividade, com vista à satisfação regular e contínua das necessidades
colectívas, obtendo, para o efeito, os recursos mais adequados e utilizando
as formas mais convenientes. Logo, é o modo de agir e de actuação dos
serviços públicos e agentes administrativos desenvolvida no interesse geral
da colectividade.

Não todas as necessidades visto que a justiça cabe essencialmente a outros


órgãos e agentes que não são os administrativos, cabe ao poder judicial,
isto é, aos tribunais e aos juízes.

Fins dos estados, como colectividade: A segurança, Justiça, bem-estar.

Fins do estado, através da administração Pública (Fins da Administração


Pública) – Segurança, cultura Bem-estar económico e social.

Contudo, é pertinente referir que o conceito de Administração pública não


se limita ao Estado, inclui-o mas comporta outras entidades e organismos
que não se confundem com o próprio Estado. Ex: Autarquias, Empresas
Públicas, Associações Públicas, Pessoas Colectivas de Utilidade Pública.
2.2. Administração Pública e Administração Privada

Têm apenas uma aspecto comum, pelo facto da sua actividade consistir em
gerir, administrar e tomar decisões com vista a satisfação dos interesses que
visam prosseguir. Regra geral, as instituições públicas não concorrem entre
si.

Quanto ao objecto

Administração Pública – Tem como objecto a satisfação das necessidades


colectivas públicas assumidas como tarefa e responsabilidade da própria
colectividade;

 Administração Privada – incide sobre as necessidades particulares,


individuais ou pessoais, tem sempre um fim interessado, ainda que o seu
objecto coincida com o da A.P., as necessidades serão sempre pessoais

Quanto ao fim

Administração Pública – prossegue sempre um interesse público, que é o


único fim que as entidades públicas podem legitimamente seguir.

Administração Privada – tem em vista fins pessoais ou particulares, que


podem ser fins não económicos (êxito pessoal), políticos, altruístas
(filantrópicos, humanitários, religiosos), sem vinculação necessária aos
interesses gerais da colectividade.

Quanto aos meios.

Administração Pública: para satisfação das necessidades colectivas, a


A.P. precisa de estar dotada de determinados poderes de autoridade para
imporém as suas decisões aos particulares, através de comandos
Unilateral: Regulamento Administrativo(conjunto de normas jurídicas
editadas ou emanadas por uma autoridade administrativa no exercício do
poder administrativo. São gerais porque são regras de conduta que não
possuem destinatários determinados ou concreto; São abstractos porque
regulam ou disciplinam não um caso concreto, mas uma pluralidade de
hipóteses reais que venham a verificar-se no futuro);Acto Administrativo (
é o acto jurídico unilateral praticado por um órgão da administração no
exercício do poder administrativo e que visa a produção de efeitos
jurídicos sobre uma situação individual num caso concreto).

Administração Privada: O contrato é o instrumento jurídico típico das


relações privadas; vigora o princípio da igualdade jurídica entre as partes,
logo os particulares são iguais entre si, e em regra, não podem impor uns
aos outros a sua própria vontade, salvo se decorrer de um acordo
livremente celebrado; artigo 405º do código civil.

Actividade de Gestão Pública

A Administração pública actua em determinados momentos de acordo ao


Directo Público, desenvolvendo uma actividade administrativa pública, sob
a égide do Direito Público (Direito Público) - Gestão Pública.

Ex: Cobrar impostos, Exproprias terrenos, conceder ou negar licenças e


autorizações.

Actos de Gestão Pública – Os que se incluem no exercício de um poder ou


dever público, integrando eles mesmos a realização de uma função pública
da pessoa colectiva, independentemente de envolverem ou não o exercício
de meios de coacção, e independentemente ainda das regras, técnicas ou de
outra natureza, que na prática dos actos devem ser observados.

Actividade de Gestão Privada

Em determinados momentos, a Administração Pública actua segundo o


Direito Privado, perseguindo uma actividade administrativa privada, sob a
égide do Direito Privado, mas para prosseguir fins de interesse público –
Gestão Privada.

Ex: comprar, vender, doar, emprestar, arrendar.

Actos de Gestão Privada – são os que se incluem numa actividade em que


a pessoa colectiva, despida do poder público, se encontra e actua numa
posição de paridade com os particulares a que os actos respeite, e portanto,
nas mesmas condições e no mesmo regime em que poderia proceder um
particular, com submissão às normas de direito privado.

2.3. A Administrativa Pública e as Funções de Estado


Aqui abordaremos à comparação entre a Administração Pública em sentido
material (actividade administrativa) e as outras funções de Estado, isto é, a
política ou governamental, a legislativa e a jurisdicional.

2.3.1. A função politica ou governamental e a Administração Pública

 Sendo a política uma actividade pública do Estado, o seu fim


específico é definir o interesse geral da colectividade;
 Tem como objecto traçar as grandes opções de um determinado país
ao traçar os rumos do seu destino colectivo;
 Por ser primária e livre, estabelece e determina a escolha livre dos
fins, dai dizer-se que tem natureza criadora, cabendo-lhe em cada
momento inovar em tudo quanto seja fundamental para a
conservação e o desenvolvimento da comunidade nacional.

 A Administração Pública para além de se submeter à lei, realiza em


concreto o interesse geral definido pela política

 Tem natureza executiva, é condicionada e subordinada, pondo em


prática as orientações tomadas a nível político (satisfação regular e
contínua das necessidades colectivas de segurança, cultura, e
bem estar económico e social).

2.3.2. A função legislativa e a Administração Pública

 A função legislativa encontra-se no mesmo plano ou ao mesmo nível


da função política, pelo que as características apontadas
anteriormente também aplicam-se nesta distinção.

 A função legislativa não visa em concreto em satisfazer as


necessidades colectivas, mas definir quais são estas necessidades e
como satisfaze-las;

 A diferença principal entre a função legislativa e a A. P. , é que a


Administração Pública é uma actividade totalmente subordinada a
Lei que é o fundamento, o critério e o limite de toda a actividades
Administrativa.(principio da legalidade administrativa, artigo 3º do
Decreto Lei nº 16-A/95, sobre as normas do procedimento
Administrativo).
2.3.3. A função Jurisdicional e a Administração Pública

 As duas actividades têm traços em comuns: ambas são secundárias,


executivas e subordinadas a Lei. Mais relevantes são os traços que as
distinguem: uma consiste em julgar e outra em gerir´.

 A justiça visa aplicar o Direito aos casos concretos;

 A justiça aguarda passivamente que lhe tragam conflitos sobre os


quais tem que pronunciar-se e nunca é parte interessada (é
desinteressada não é parte nos conflitos);

 Administração Pública visa prosseguir interesses gerais da


colectividade;

 A Administração cabe a iniciativa de satisfazer as necessidades


colectivas que lhe são confiadas;

 A A.P. age por iniciativa própria, independentemente de qualquer


contestação;
 Há casos em que as duas actividades se entrecruzam, isto é, a
Administração pode, em certos casos praticas actos jurisdicionais.
Ex: Decisões Punitivas (penas disciplinar) ou julgar recursos
hierárquicos. Outrossim, os tribunais comuns podem praticar actos
materialmente administrativos. Ex: a nomeação, suspensão ou
exoneração de um funcionário administrativo pelo Presidente do
Tribunal Supremo.

2.4. A Administração Pública enquanto Poder

A A.P. aparece-nos hoje em dia como uma das formas através das quais o
Estado manifesta a sua autoridade, isto é, a A.P. afirma-se também como
poder (consiste na capacidade de impor e fazer executar a sua conduta aos
demais entes jurídicos).

A A.P. goza de prerrogativas atribuídas pela lei, nos termos das quais pode
impor aos outros a sua conduta ou traçar a conduta alheia através de uma
decisão unilateral – este é o traço mais específico e característico de
manifestação do poder de autoridade dos órgãos da Administração.
Os órgãos da Administração gozam do privilégio da decisão executória ou
privilégio de execução prévia, que é a faculdade de impor coercivamente as
suas decisões unilaterais. Este princípio da execução prévia é a autoridade
que os órgãos administrativos têm para tomar como certos e incontestáveis,
para efeitos de execução, os direitos das pessoas colectivas públicas de
Direito Público (artigo 92º do Decreto Lei nº 16 – A/95 – sobre as Normas
do procedimento Administrativo).

Outrossim, ao falarmos em poderes, deve-se ter em conta as modalidades


que eles tomam no quadro do exercício da função administrativa, assim
temos:

 Poder normativo;
 Poder de decisão;
 Poder de decisão;
 Poder sancionatório etc.

e, têm como principais manifestações:

 O regulamento;
 O acto administrativo;
 O regime especial dos contratos administrativos;

BIBLIOGRAFIA:

 Curso de Direito Administrativo, Volume I, Professor Doutor Diogo


Freitas do Amaral, 5ª Edição, Livraria Almedina;
 Resumos sobre Matérias de Direito Administrativo – Dr. António
Pitra Neto;
 Direito Administrativo - Dr. Carlos Feijó e Dr. Cremildo Paca, 6ª
Edição;
 Manuel de Direito Administrativo – Dr. Carlos Teixeira

CAPITULO II

 Princípios Jurídicos fundamentais da organização e actividade


administrativa

Princípio da supremacia ou da prevalência do interesse público;


Princípio da legalidade das atribuições e competências;

Principio do participativo na gestão da Administração;

Princípio da desconcentração;

Princípio da descentralização;

Princípio de aproximação dos serviços às populações;

Princípio da Igualdade;

Princípio da Legalidade;

Princípio da Proporcionalidade;

Princípio da Justiça;

Princípio da Imparcialidade;

Princípio da Responsabilidade;

Princípio da Probidade Administrativa;

Princípio do Respeito pelo Património Público;

Princípio da Simplificação Administrativa

Princípios Jurídicos fundamentais da organização e actividade


administrativa

A estruturação e o funcionamento da Administração Pública, devem estar


assentes em determinados princípios e normas de concretização
constitucional, aplicáveis em quaisquer circunstâncias a todo e qualquer
tipo de actividade, seja ela de gestão pública ou de gestão privada.

Os respeitantes a organização administrativa figuram os seguintes:

1. Princípio da supremacia ou da prevalência do interesse público

A CRA, não faz uma menção expressa acerca deste princípio.

A actividade da Administração e a sua estruturação dependem do que esta


definido pela lei, de maneira que a A.P. procura satisfazer sempre os
interesses públicos da colectividade, interesses estes definido pelo poder
político. Quer dizer que a administração tem como único fim o interesse
público, e não interesses pessoais ou particulares sejam lucrativos ou não.

Legislação: artigo 1º da Lei nº17/90, de 20 de Outubro (princípios a


observar pela Administração Pública) e artigo 4º do Decreto Lei nº 16-
A/95, de 15 de Dezembro (Normas sobre o Procedimento Administrativo).

2. Principio da legalidade das atribuições e competências

O principio da legalidade é um principio basilar de qualquer Estado, a


Administração Pública tem como limite, critério e fundamento a lei, pelo
que a actuação dos órgãos e agentes administrativos tem limite, o que
implica dizer que só devem actuar segundo e no estrito cumprimento da lei.

É um princípio que dá forma a toda ordem jurídica, tanto se refere à


organização como ao funcionamento da Administração, e é necessário que
a organização e actividade administrativa sejam conformes à lei.

Os órgãos administrativos estão por um lado limitados pela própria


competência e por outro, pelas atribuições, visto que é sempre a lei que fixa
a competência dos órgãos da Administração Pública, dai decorrendo a
irrenunciabilidade e a indisponibilidade.

Legislação: n.º 2, artigo 6.º- CRA; nº 2 do artigo 1º da Lei nº 17/90, de 20


de Outubro (princípios a observar pela Administração Pública)

3. Principio do participativo na gestão da Administração

Manifesta-se através do poder reconhecido aos particulares de participarem


de diversos modos no exercício da actividade administrativa, não devendo
apenas participar na vida administrativa através da eleição dos respectivos
órgãos, mas participando no funcionamento quotidiano da Administração.
Sub- princípios: princípio da colaboração da Administração Pública com os
particulares e o princípio da participação dos particulares na formação das
decisões a eles referentes.

Legislação: artigo 200º da CRA; arts.8º,27º, 33º e 52º do Decreto –Lei nº


16-A/95, de 15 de Dezembro.

4. Princípio da desconcentração

Este princípio impõe que a Administração Pública seja gradualmente


desconcentrada, prosseguindo uma política de desconcentração das
competências. Na estruturação de órgãos da mesma pessoa colectiva
pública, deve existir uma repartição de competências entre superiores
hierárquicos e subalternos, assim sendo a Administração é desconcentrada
quando aos órgãos inferiores são conferidos poderes decisórios.

Legislação: nº1 do artigo 199º da CRA.

5. Princípio da descentralização

A Administração Pública deve ser descentralizada, isto é, não deve apenas


caber ao Estado a prossecução dos interesses colectivos de uma sociedade,
sendo que, o Estado admite e reconhece a existência de outros entes
públicos com plena eficácia de satisfazer as necessidades da colectividade.

Legislação: nº1 do artigo 199º da CRA.

6. Princípio de aproximação dos serviços às populações

A A.P. deve ser estruturada de tal forma que os seus serviços se localizem
o mais junto das populações. Esta aproximação não deve ser apenas
geográfica mas psicológica e humana no sentido em que os serviços devem
multiplicar os contactos com as populações e ouvir os seus problemas,
propostas para as queixas, funcionando para atender às aspirações e
necessidades dos administrados.

Legislação: nº1 do artigo 199º da CRA.

CRA – Titulo V – Administração Pública

Artigo 198º

Nº1. A Administração Pública prossegue, nos termos das constituição e da


lei, o interesse público, devendo no exercício da sua actividade, reger-se
pelos princípios da Igualdade, legalidade, justiça, proporcionalidade,
imparcialidade, responsabilidade, probidade administrativa e respeito pelo
Património público”

Princípio da Igualdade - Todos são Iguais perante a Lei (n.º 1 do artigo


23.º - CRA);

Princípio da Legalidade – O Estado subordina-se à Constituição e funda-


se na legalidade, devendo respeitar e fazer respeitar a Lei. (n.º 2 do artigo
6.º- CRA);
Princípio da Proporcionalidade – As decisões dos órgãos da
Administração que entrem em choque com os direitos subjectivos ou
interesses legalmente protegidos dos cidadãos, não podem afectar essas
posições em termos desproporcionais aos objectivos a atingir.(Artigo 5.º
Decreto-Lei n.º 16-A/95)

Assume várias manifestações:

Razoabilidade: como forma de ponderação dos interesses públicos e dos


direitos e interesses legítimos dos particulares em confronto. A
razoabilidade consigna que qualquer decisão deve assentar na lógica do fim
que pretende alcançar.

A adequação dos meios aos fins: que implica a tomada de uma medida
equânime, ou seja, não basta que o acto tenha uma finalidade legal, é
porém, necessário que os meios a utilizar ao fim pretendido e a sua
utilização seja realmente necessária.

Proibição do Excesso: a administração no seu relacionamento com os


particulares obriga-se a actuar com moderação possível, e sempre que tenha
ao seu dispor vários meios para prosseguir fins públicos, deve escolher,
forçosamente, o meio menos gravoso para os direitos e interesses legítimos
dos particulares.

Princípio da Justiça – é garantido aos particulares o acesso à justiça


administrativa na perspectiva de fiscalização contenciosa dos actos da
Administração, para tutela dos seus direitos ou interesses legítimos. (artigo
10.º do Decreto-Lei n.º 16-A/95);

Princípio da Imparcialidade – Os órgãos da Administração Pública


devem tratar de forma imparcial os cidadãos com quais entrem em relação.
(artigo 6.º Decreto-Lei n.º 16-A/95 conjugado com o artigo 8.º Lei n.º 3/10
Lei da Probidade Pública -Devendo merecer o mesmo tratamento no
atendimento, no encaminhamento e na resolução das suas pretensões ou
interesses legítimos, observando, sempre, com justeza, ponderação e
respeito o princípio da igualdade jurídica de todos os cidadãos perante a
Constituição e a lei.

Princípio da Responsabilidade – No exercício das suas funções o agente


público pugna pela lealdade e pela transparência funcionais e é responsável
pelo sucesso, pelo insucesso, pela legalidade e pela ilegalidade da
actividade a seu cargo e compromete-se em servi-la para bem dos
interesses gerais da comunidade. (artigo 10.º Lei n.º 3/10 Lei da Probidade
Pública);

Princípio da Probidade Administrativa - O agente público pauta-se pela


observância de valores de boa administração e honestidade no desempenho
da sua função, não podendo solicitar ou aceitar, para si ou para terceiro,
directa ou indirectamente, quaisquer presentes, empréstimos, facilidades ou
quaisquer ofertas que possam pôr em causa a liberdade da sua acção, a
independência do seu juízo e a credibilidade e autoridade da administração
pública, dos seus órgãos e serviços. (artigo 5.º Lei n.º 3/10 – Lei da
Probidade Pública);

Princípio do Respeito pelo Património Público - No exercício das suas


funções o agente público deve abster-se da prática de actos que lesem o
património do Estado ou de actos susceptíveis de diminuir o seu valor, tais
como o desvio, a apropriação, o esbanjamento e a delapidação dos bens das
entidades públicas de que tenha a guarda, em virtude do cargo, do mandato,
da função, da actividade ou do emprego. (artigo 7.º Lei n.º 3/10 – Lei da
Probidade Pública)

Princípio da Simplificação Administrativa – Insere-se nas acções de


desburocratização administrativa, impondo aos órgãos da Administração
local medidas de funcionamento que facilitam a vida dos cidadãos no
âmbito da relação jurídico administrativa, contribuindo para o aumento da
eficácia dos serviços públicos. Os procedimentos administrativos devem
ser realizados em tempo útil ( art.º 31º do Decreto-Lei n.º 16-A/95)

CAPITULO III

Administração Pública: Sistemas Administrativos

Sistemas Administrativos;

O Sistema Administrativo Absolutista;

Os Sistemas Administrativos Modernos;

 Caracterização do Sistema Administrativo Angolano.

Administração Pública: Sistemas Administrativos


Sistemas Administrativos;

Assim como sucede nos sistemas políticos e com os sistemas judiciais, a


estruturação da Administração Pública, varia em função do tempo e do
espaço.

O estudo dos sistemas administrativos permite-nos saber (1) a que direito


se subordina a Administração Pública e (2) por que tribunais é controlada a
actividade da Administração Pública.

Podemos entender por sistemas administrativos, a tipificação dos diferentes


modos jurídicos de estruturação, funcionamento e controlo da
Administração.

A primeira grande distinção histórica, é a que separa o sistema


administrativo tradicional ou absolutista (até ao seculo XVII), dos
sistemas administrativos modernos (que se implantaram posteriormente).

O sistema moderno é subdividido em:

a) Sistema de administração judiciária ou de controlo judicial (tipo


britânico);
b) Sistema de administração executiva ou de controlo administrativo
(tipo francês)

O Sistema Administrativo tradicional ou absolutista;

Características:

 O Monarca desempenhava a totalidade das funções do Estado, logo


não havia separação de poderes nem estado de direito;
 O Monarca era simultaneamente o supremo administrador e juiz,
podendo exercer tanto a função administrativa como a função
judicial e a função jurisdicional, pelo que não se vinculava ao direito;
 Não se verifica uma sistemática e rigorosa subordinação da A.P. à
lei, razão pela qual a actividade administrativa não se subordinava ao
princípio da legalidade;
 Não havia garantia jurídica dos particulares face à Administração e
aos poderes públicos em geral.
Este panorama foi profundamente alterado com a grande Revolução Inglesa
(1688), e com a Revolução Francesa (1789), consagrando-se a separação de
poderes, nasceu o principio da legalidade e com ele o Estado do Direito.

Os Sistemas Administrativos Modernos

Sistema de administração judiciária ou de controlo judicial (tipo


britânico)

 Sistema adoptado em países cujo sistema jurídico é de influência


anglo-saxónica (Nova Zelândia, Austrália, África do Sul e Estados
Unidos da América) – caracterizado pela subordinação da
Administração Pública ao direito comum (decisões baseadas no
costume ou nas decisões judiciais). A A.P. sujeita-se aos tribunais
comuns;
 Separação de Poderes – o Rei foi impedido de resolver por si ou por
conselhos formados por funcionários da sua confiança, questões de
natureza contenciosa, assim como dar ordens aos juízes, de transferi-
los ou demiti-los;
 Estado de Direito – A declaração de direitos ou carta de direitos,
determinava que o Direito comum seria aplicável a todos os ingleses
(Reis ou Súbditos, militares ou civis);
 Descentralização – Existe na Inglaterra um Administração Central e
uma Administração local, que têm gozado tradicionalmente de ampla
autonomia face uma intervenção central diminuta;
 Sujeição da Administração aos tribunais comuns – A A.P. está
submetida ao controlo jurisdicional dos tribunais comuns, logo a
resolução dos litígios entram em regra na jurisdição dos tribunais
comuns;
 Subordinação da Administração ao Direito Comum – Todos os
órgãos da A.P. estão em princípio submetidos ao Direito comum, o
que significa que por via de regra, não dispõem do privilégio ou
prorrogativa de autoridade pública;
 Execução judicial das decisões administrativas - Execução Judicial
das decisões Administrativas, isto é, a Administração pública não
pode executar as suas decisões por autoridade própria, pois não
gozam de força executória própria, sem a necessária sentença
judicial para a declaração prévia da conformidade do acto à lei,
assim sendo, não podem praticar qualquer acto que afecte a situação
dos cidadãos sem a prévia autorização dos tribunais comuns. (Não há
privilégio de Execução Prévia). Dada submissão dos agentes
públicos ao direito comum, os cidadãos administrados possam
recorrer aos tribunais ordinários a fim de obter uma decisão
favoráveis aos seus interesses;

 Garantias jurídicas dos administrados – Os particulares dispõem de


um sistema de garantias contra as ilegalidades e abusos das
autoridades administrativas (mandado e a ordem), recorrendo ao
tribunal. Estes documentos são acatados pela Administração e em
caso de desobediência dão lugar a prisão.

Sistema de administração executiva ou de controlo administrativo (tipo


francês)

Vigora em quase todos os países da Europa Ocidental (nomeadamente


Portugal, Espanha, Itália, Alemanha, França). Caracteriza-se pela
subordinação da Administração pública ao Direito Administrativo e aos
Tribunais Administrativos.

 Separação de Poderes – com a Revolução Francesa de 1789,


proclamou-se o princípio da separação de poderes, a Administração
ficou separada da justiça, isto é, o poder executivo e o poder judicial
ficaram separados;
 Estado de Direito – Não se estabeleceu apenas a separação de
poderes, os direitos subjectivos públicos invocáveis pelo individuo
contra o Estado: - (artigo 16º da Declaração dos Direitos do Homem
e do Cidadão -1789, exige um sistema de garantia dos direitos;
 Centralização – Com a revolução francesa, a nova elite dirigente
surge com novas ideias para a implementação de reformas políticas,
económicas e sociais, defende a criação de um aparelho
administrativo obediente e eficaz. O território francês é dividido, os
municípios perdem autonomia administrativa e financeira, as
autoridades locais mesmo com personalidade jurídica própria, são
instrumentos administrativos do poder central;
 Sujeição da Administração aos tribunais administrativos – Diferente
do que prevalecia na Inglaterra, se o poder executivo não pode
interferir nos assuntos da competência dos tribunais, o poder judicial
também não pode imiscuir-se no funcionamento da Adm. Pública.
 Subordinação da Administração ao Direito Administrativo – Os
órgãos e agentes administrativos não estão na mesma posição que os
particulares, exercem funções de interesse público e de utilidade
geral e para isto dispões de poderes de autoridade, sendo que a
sujeição ao interesse público também submete a Administração a
especiais deveres e restrições que não vigoram em relação aos
particulares
 O privilégio da execução prévia – O direito administrativo confere a
Administração Pública um conjunto de poderes, que no sistema
francês é o privilégio da execução prévia que permite a
Administração executar as suas decisões por autoridade própria.
Quando um órgão da Administração toma uma decisão desfavorável
a um particular e ele não acata voluntariamente, esse órgão por si só
pode empregar meios coercivos para impor o respeito pela sua
decisão e pode faze-lo sem ter de recorrer ao tribunal para o efeito.
As decisões unilaterais da Administração têm força executória
própria.

 Garantias jurídicas dos administrados – Por assentar num Estado de


Direito, este sistema oferece aos particulares um conjunto de
garantias jurídicas contra os abusos e ilegalidades da Administração
Pública, garantias efectivadas pelos tribunais administrativos e não
por intermédio dos tribunais comuns. As garantias jurídicas dos
administrados face a Administração são menores que no sistema
britânico.

3.1. Caracterização do Sistema Administrativo Angolano.

O Poder judicial esta consagrado no capítulo IV da CRA (Constituição da


República de Angola), desde o artigo 174º até ao artigo 191º. Outrossim, é
pertinente termos em atenção a Lei nº 2/15, de 2 de Fevereiro (princípios e
regras gerais da organização e funcionamento dos tribunais de jurisdição
comum, designados tribunais judiciais).
nº1, artigo 174º (CRA) “ Os Tribunais são órgão de soberania com
competência de administrar a Justiça em nome do Povo” ;

nº2, do artigo 174º (CRA) “No exercício da função jurisdicional, compete


aos tribunais dirimir conflitos de interesse público ou privado, assegurar a
defesa dos direitos e interesses legalmente protegidos… e reprimir as
violações da legalidade democrática”;

nº1, do artigo 176º (CRA) “ Os tribunais superiores da República de


Angola são o Tribunal Constitucional, o Tribunal Supremo, o Tribunal de
Contas e o Supremo Tribunal Militar.”

nº3, do artigo 176º (CRA)- Pode ser criada uma jurisdição


administrativa……autónoma, encabeçada por um tribunal superior”;

  nº 1, artigo 43.º Lei 2/15, de 2 de Fevereiro “Podem ser criadas as


seguintes de competência especializada:

“Cível e Administrativo”

 O Sistema Administrativo angolano apresenta-se como “Sui Generis”, no


sentido de ter características próprias, por congregar características quer de
um, quer do outro.

Temos um sistema de jurisdição única, ao acometer aos tribunais aos


tribunais judiciais competências para conhecer dos recursos e acções
previstas na lei. Por outro, existe a especialização, pela existência das
“Salas do Cível e Administrativo”.

CAPITULO IV

 O Direito Administrativo Organizatório

As Pessoas Colectivas Públicas – (Tipos; Classificação dos órgãos).

Para sua definição devemos se ter em conta três critérios:

1. Critério da criação;

2. Critério do fim.

3. Critério da capacidade jurídica.


Pessoas colectívas públicas são criadas por iniciativa pública, para
assegurar a prossecução necessária de interesses públicos e, por isso,
dotadas em nome próprio de poderes e deveres públicos.

Pessoas colectivas – organizações constituídas por uma colectividade de


pessoas ou por uma massa de bens, dirigidos à realização de interesses
comuns ou colectivos;

Criadas por iniciativa pública – porque são produto de uma decisão


pública.

Assegurar a prossecução necessária de interesses públicos – a razão da sua


existência. A prossecução do interesse público é uma necessidade objectiva
de qualquer ente público e pressuposto da sua existência. Se a situação que
deu origem a um ente for resolvida, o mesmo pode deixar de existir.

Titulares em nome próprio, de poderes e deveres públicos – a


Administração Pública são conferidos poderes públicos, mas também está
sujeita a deveres públicos.

Tipo de pessoas jurídicas públicas:

 Estado
 Institutos Públicos
 Empresas Públicas
 Associações públicas
 Autarquias Locais
 Autoridades Tradicionais

Podem ser agrupadas em cinco categorias:

 PCP de substrato territorial –Estado e as autarquias locais;


 PCP de substrato institucional –Institutos públicos;
 PCP de substrato empresarial – Empresas Públicas;
 PCP de substrato associativo – Associações Públicas;
 PCP de substrato cultural –Autoridades tradicionais.
Classificação dos Órgãos das Pessoas Colectivas Públicas

1. Órgãos Centrais e Locais – os órgãos centrais exercem a sua


competência a nível nacional e os locais exercem a sua competência
limitada a determinada parcela do território.

Ex: Administrações Municipais

2. Órgãos Superiores e Órgãos Subalternos – os órgãos superiores são


órgãos de decisão e comando dentro da sua respectiva esfera
jurídica, os órgãos subalternos são os que cumprem e executam as
decisões e comandos dos órgãos superiores.
3. Órgãos Primários e órgãos Secundários e vicários – os primários
são aqueles que têm competência própria para decidir em matérias
que lhes são confiadas.

 Os secundários são aqueles que apenas dispõem de uma competência


delegada. O exercício da sua actividade decorre de um mecanismo de
delegação de poderes.

 Os Vicários são aqueles que só exercem competência por substituição de


outros órgãos.

Ex. Vice-Presidente.

4. Órgãos Electivos e Órgãos Nomeados: os Electivos são providos


por eleição. Os Nomeados são providos por nomeação.
5. Órgãos Activos, Consultivos e de Controlo:

Órgãos Activos são aqueles a quem compete tomar decisões ou executá-las.


(Conselho de Direcção, Conselho de Administração, Directores dos
Institutos Públicos etc).

Os órgãos activos dividem-se:

 Decisórios – são os que tomam decisões.

Executivos – compete só por em prática as decisões tomadas.

Órgãos Consultivos têm por finalidade esclarecer os órgãos activos antes


da prática de um acto qualquer, mediante a emissão de pareceres técnicos
(conselho técnico, conselho consultivo).
 Órgãos de Controlo são aqueles que têm como missão fiscalizar a
regularidade do funcionamento de outros (Gabinete de Inspecção,
conselho Fiscal)

6. Órgãos Permanentes e Órgãos temporários: são designados Órgãos


Permanentes aqueles que, nos termos da lei, têm um funcionamento
com duração indefinida. São Órgãos Temporários os criados para
actuar, apenas, durante um certo período estabelecido por Lei.

7. Órgãos Simples e Complexos: são Órgãos Simples aqueles cuja


estrutura é unitária, podendo nalguns casos serem singulares ou
noutros colegiais. São Órgãos Complexos os que são constituídos
por titulares que exercem também competências próprias a título
individual. (é aquele que é formado por outros órgãos). Ex: o
Governo.
8. Órgãos Singulares e Órgãos Colegiais: os Órgãos Singulares têm
apenas um único titular e os Órgãos Colegiais têm mais de um
titular.

Órgãos Colegiais em especial

Os órgãos colegiais, devido à circunstância de serem integrados por


diversos membros, exigem regras especiais para puderem funcionar.

Composição: é o elenco abstracto de membros que dele hão-de fazer parte.

Constituição: é o acto pelo qual os membros de um órgão colegial, uma


vez designados, se reúnem pela primeira vez e dão início ao funcionamento
desse órgão.

Reunião: é o encontro dos respectivos membros para deliberarem sobre a


matéria da sua competência.

Sessão: é o funcionamento contínuo do órgão.

Seus membros: são todos os titulares nos órgãos singulares.

Funcionamento, deliberações e votações: desempenham as suas funções


através de reuniões. Exprimem as suas decisões através de deliberações
(tomada de decisões em nome da pessoa colectiva que pertence, através de
votação ou consenso).
A Deliberação exige a existência do “quórum”, exigido por lei, que
consiste no número mínimo de membros que a lei estabelece para que
possa funcionar regularmente ou deliberar validamente.

 Quórum de Funcionamento – número imposto por lei para dar


início ao funcionamento do órgão.

 Quórum Deliberativo – Número exigido por lei para se deliberar


validamente.

 Dissolução e Demissão: Dissolução é o acto mediante o qual se visa pôr


termo aos órgãos providos por eleição. Demissão é o acto que põe termo
aos órgãos providos por nomeação.

Atribuições, Competências e Missões;

Atribuições - são fins ou interesses que a lei incumbe as pessoas colectivas


de prosseguir.

Competências – são o conjunto de poderes funcionais que lei confere para a


prossecução das atribuições das pessoas colectivas.

Ambas limitam-se reciprocamente, isto é, as atribuições são conferidas as


pessoas colectivas e as competências aos órgãos e agentes, sendo assim
ninguém pode prosseguir fins de outra pessoa colectiva ou exercer
competências de outro órgão.

A competência apenas pode ser delimitada, conferida ou retirada pela Lei.


É a lei que fixa a competência dos órgãos da A.P. O principio da
determinação legal da competência, diz-nos que todo ente público para
actuar validamente deve estar habilitado por lei, dai que:

A competência não se presume - são definidas por lei.

A competência é Imodificável – ninguém pode alterar uma competência


estabelecida por lei.

A competência é indisponível – os órgãos Administrativos não podem


praticar actos através dos quais disponham ou transmitam os poderes para
outros órgãos da administração ou para entes privados, apenas no caso de
transferência da competência delegação de poderes e a concessão.

Relativamente a competência, diz-se que há conflito positivo de


competência quando dois ou mais órgãos reivindicam para si o exercício da
mesma atribuição ou mesma competência; conflito negativo de
competências quando dois ou mais órgãos consideram simultaneamente
que lhes faltam as atribuições ou as competências para decidir um caso
concreto.

 Missões – são tarefas específicas desenvolvidas pelos agentes e serviços


públicos.

CAPITULO V

Serviços Públicos (Hierarquia Administrativa);

Conteúdo da Relação Hierárquica (poder hierárquico e dever de


obediência);

 Sistemas de Organização Administrativa

Concentração e desconcentração;

 Delegação de Competências
 Regime Jurídico da delegação de competências

 Serviços Públicos (Dec. Leg. Pres. nº 3/13, de 23 de Agosto)

Serviços Públicos – são organizações humanas criadas com a finalidade de


preparar e executar as decisões dos órgãos da pessoa colectiva pública a
que pertencem ( direcções nacionais, departamentos, repartições e secções)

Actuam sob a direcção dos respectivos órgãos e estão sujeitos a


prossecução do interesse público ou das atribuições a pessoa jurídica a que
pertencem. Daí o dever de obediência.

A sua criação e extinção decorre diplomas legais e estão sujeitos a livre


modificação do seu regime de organização e escopo, no âmbito da
definição do interesse geral do poder público.
Quanto ao funcionamento, regem-se pelas normas de direito púbico,
podendo em alguns adoptar o regime jurídico privado, nos casos
determinados e permitidos por lei.

 Hierarquia Administrativa

Administração Pública estrutura os seus órgãos de forma piramidal e


escalonada, cometendo a uns um maior feixe de poderes de decisão e a
outros um feixe de menor, ou noutros casos submetendo-lhes a mera
condição de executarem as decisões daqueles.

A hierarquia baseia na existência de um vínculo entre dois ou mais órgãos e


agentes administrativos, um superior e outro subalterno, que prosseguem
ambos o interesse público.

Pressuposto para definição:

a) Referência à existência de atribuição comum e de competências


diferenciadas entre órgão e agente;

2qab) Existência do vínculo jurídico de supremacia e subordinação que se


estabelece entre superiores e subalternos (poder de direcção/dever de
obediência).

Entende-se por hierarquia o modelo de organização administrativa


constituído por um conjunto de órgãos e agentes com atribuições comuns e
competências diferenciadas por um vinculo que confere ao superior o poder
de direcção e ao subalterno o dever de obediência.

 Conteúdo da Relação Hierárquica


Poder hierárquico – superior hierárquico;

O superior hierárquico é dotado dos seguintes poderes funcionais:


dirigir( ordens e instruções), coordenar, supervisionar, controlar,
fiscalizar, corrigir, rever, aplicar sanções e inspecionar.

Poder de Direcção – consiste na faculdade de o superior dar ordens e


instruções aos subalternos em matérias de serviço. A ordem são comandos
individuais e concretos. A Instrução é o comando geral e abstracto, por
vezes prefigura a forma de circular e instrução escrita.

 Poder de Coordenação – consiste na faculdade de o superior guiar e


conduzir a actividade geral sob sua gestão.

Poder de Supervisão e Revisão – faculdade que assiste ao superior de


apreciar os aspectos de um acto do subordinado podendo revoga-lo,
substitui-lo, suspendê-lo ou mantê-lo.

Poder de Controlo – faculdade que assiste ao superior de averiguar e


acompanhar o cumprimento das orientações e instruções dadas ao
subalterno.

Poder de Correcção – Traduz-se na faculdade que assite aos superior


hierárquico de corrigir, suprir os erros, falhas e actos dos seus subalternos.

 Poder Disciplinar - faculdade conferida ao superior de punir internamente


as infracções funcionais do subalterno

Poder de Inspecção e Fiscalização - faculdade de o superior fiscalizar,


continuamente, o comportamento dos subalternos e o funcionamento dos
serviços.

Dever de obediência- subalterno.

Obrigação do subalterno cumprir as ordens e instruções provenientes do


seu legítimo superior hierárquico, que sejam dadas em matéria de serviço e
revistam a forma legalmente prescrita

Para corrente hierárquica, existe o dever de obediência, não competindo


aos subalterno questionar a ordem ou instrução do superior. Ao subalterno
caberá exercer o direito de respeitosa representação, expondo as suas
dúvidas, mas terá de cumprir as ordens e instruções.

Para corrente legista, não existe dever de obediência em relação às ordens


julgadas ilegais, de tal modo que o dever de obediência cessa se a ordem ou
instrução implicarem a prática de um crime.

No direito angolano o n.º 2 do artigo 4.º do Decreto-Lei n.º 33/91,


(Regime Disciplinar dos Funcionários Públicos), estabelece o seguinte
«cumprir exacta, imediatamente e lealmente as ordens de serviço escritas
ou verbais dos funcionários a que estiverem hierarquicamente
subordinados».

Outrossim, o artigo 76.º do Decreto-lei 16-A/95 (Actos Nulos),


estabelece: «O não cumprimento pode levar a aplicação da pena de
censura registada».

Sistemas de Organização Administrativa

Concentração Administrativa – é o sistema em que o superior hierárquico


mais elevado é o único órgão competente para tomar decisões, ficando os
subalternos limitados às tarefas de preparação e execução das decisões
daquele.

Vantagens:

 Assegura a unidade de acção administrativa, dada a responsabilidade


que o superior hierárquico passa a ter sobre todos os actos praticados
pelos seus subalternos.

Inconvenientes

 Dependência de um único órgão que exerce o poder;

 Excesso de Burocracia;

 Ineficiência e ineficácia.

Desconcentração Administrativa – é o modelo de administração mediante


o qual poder decisório se reparte entre o superior e um ou vários
subalternos. Consiste em distribuir o poder entre vários graus de hierarquia
(dentro da mesma pessoa colectiva pública), em vez de reserva-lo sempre
ao superior máximo.

Vantagens:

 aumento da eficiência dos serviços públicos, reflectindo-se na rápida


resposta as solicitações dirigidas a Administração Pública;
 melhoria da qualidade dos serviços;
 maior autonomia de responsabilidade a cada órgão subalterno;
 aproxima a capacidade de decisão as populações.
Inconvenientes:

 multiplicidade de centros decisórios, o que pode prejudicar a


harmonia e coerência da Administração.

 a atribuição de poderes a subalternos menos preparados podes levar à


diminuição qualidade de serviços

 A Desconcentração pode ser de nível central e a nível local

Pode ser de grau:

Absoluto – quando é intensa podendo transformar o órgão subalterno em


independente;

Relativo – quando mantém o órgão inferior sempre subordinado aos


poderes do superior.

Quanto a forma pode ser originária, quando decorre da lei e derivada,


quando ocorre mediante um acto específico praticado para o efeito pelo
superior ou por outro órgão- delegação de competência.

Delegação de Competências é o acto mediante o qual um órgão da


administração competente para a prática de um acto permite, nos termos da
lei, que outro órgão ou agente pratiquem actos jurídicos sobre a mesma
matéria.

 Pressupostos:

 Existência de uma lei que preveja expressamente a faculdade de um


órgão delegar o exercício de competências ao outro, essa lei é
denominada - Lei de Habilitação;

 É necessária a existência de dois órgãos ou de um órgão e um agente


da mesma pessoa colectiva pública;

 É necessária a prática do acto de delegação, isto é, o acto pelo qual o


delegante concretiza a transferência do exercício das competências
ao delegado.
Assim sendo, a competência do delegado só existe por força do acto de
delegação, e o exercício de poderes delegados é o exercício de uma
competência alheia, embora exercida em nome próprio.

Regime Jurídico da delegação de competências (art.º 12º à 17º do Dec.


Lei nº 16-A/95, de 15 de Dezembro)

Centralização & Descentralização


1. Centralizació n: Forma de organizació n pú b. donde hay una sola admó n., la del E’, esta
asume la responsabilidad de satisfacer todas las necesidades de interés general y
consecuentemente se atribuye todas las potestades y funciones necesarias para ello;
2. Descentralizació n: Varios entes satisfacen las necesidades sociales sin ningú n control, salvo
el jurisdiccional.

CAPITULO VI

Centralização e descentralização

Sistema centralizado verifica-se quando a lei confere apenas ao Estado, a


prossecução de todas as atribuições administrativas de um dado país.

Vantagens:

 Assegura a Unidade do Estado;

 garante a homogeneidade da acção política e a administrativa.

 permite uma melhor coordenação do exercício da função


administrativa.

Inconvenientes:

 geração do gigantismo do Estado;

 A criação de ineficácia da acção administrativa;

 geração de hipertrofia do Estado;

 geração de elevados custos financeiros;

Sistema de Descentralizado: verifica-se quando o exercício da actividade


administrativa não é apenas prosseguido pelo Estado mas também a outras
pessoas colectivas públicas.
Quando as finalidades públicas são prosseguidas por mais de uma pessoa
colectiva pública para além do Estado.

 Vantagens:

 Decisões sobre determinadas matérias serão tomadas por entidades


que realmente conhecem a sua origem, intensidade e as
circunstâncias que levaram ao seu surgimento;

 Garante o exercício de liberdades locais;

 Proporciona a participação dos cidadãos na tomada de decisões


públicas;

 Proporciona a aplicação financeira racional, assim reduz encargos,


pelo facto de outros entes também participarem da acção
administrativa.

Desvantagens:

 Assimetrias locais, privilegiando as regiões dotadas pelas natureza.

 Muitas tarefas locais requerem avultados investimentos, e


tecnologias que por vezes as colectividades locais não estão em
condições de satisfazer, umas vezes por incapacidade técnica e
financeira, outras por inexistência de know-how à altura.

 Formas de decentralização:

1. Territorial – autarquias locais.

2. Funcional ou Institucional – empresas públicas.

3. Associativa – associações públicas.

Tutela administrativa

Tutela Administrativa, é o conjunto de poderes de intervenção de uma


pessoa colectiva pública na gestão de outra pessoa colectiva, a fim de
assegurar o mérito e a legalidade da sua actuação.
Há sempre uma relação entre dois órgãos, uma entidade tutelar e outra
entidade tutelada, ambas públicas. A intervenção reconduz-se apenas na
verificação do modo de actuação das actividades desenvolvidas.

 Quanto a finalidade, a tutela pode ser:

Tutela de Legalidade – visa controlar a legalidade das decisões da entidade


tutelada, do ponto de vista da sua conformação com a lei.

Tutela de Mérito – visa controlar o mérito das decisões administrativas da


entidade tutelada, isto é, averiguar se é conveniente, oportuno, correcto, ou
não, independentemente da sua legalidade.

Quanto a substância:

1. Tutela Integrativa – trata-se do poder conferido ao ente tutelar de a


priori autorizar ou de a posteriori aprovar do acto do ente tutelado;

2. Tutela Inspectiva – consiste no poder de inspecionar e fiscalizar os


órgãos, serviços, documentos e contas da entidade tutelada;

3. Tutela Sancionatória – trata-se do poder de aplicar sanções por


irregularidade verificada;

4. Tutela Revogatória – poder de revogar os actos praticados.

5. Tutela Substitutiva – mecanismo sub-rogatório conferido à entidade


tutelar de nos casos de omissões, praticar actos legalmente devidos
em vez e por conta da entidade tutelada.

A superintendência

Consiste no conjunto de poderes conferidos ao Estado ou à autarquia local


de definir os objectivos e guiar a actuação das pessoas colectivas públicas
de fins singulares colocados por lei na sua dependência. De um modo geral,
as entidades de fins singulares criadas pelo Estado ou pela autarquia local,
estão sujeitas à tutela e a superintendência. Esta é muito mais intensa que a
tutela porque se destina a orientar a acção das entidades a ela submetidas.

Você também pode gostar