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Há um longo caminho até o fim da pandemia, diz OMS

Entidade também divulgou relatório anual de saúde no mundo nesta quarta-feira (13), que
mostra que as pessoas estão vivendo mais e de forma mais saudável, mas a pandemia ameaça
cumprimento de objetivos de saúde.

Por Lara Pinheiro, G1

13/05/2020 12h48 Atualizado há uma hora

13 de maio: clientes usam máscaras contra a Covid-19 em um supermercado em Moscou, na


Rússia. — Foto: Alexander Nemenov/AFP

13 de maio: clientes usam máscaras contra a Covid-19 em um supermercado em Moscou, na


Rússia. — Foto: Alexander Nemenov/AFP

A Organização Mundial de Saúde (OMS) reforçou, nesta quarta-feira (13), que ainda há um
"longo caminho" até o fim da pandemia de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. A
entidade foi questionada sobre o protocolo para "desfazer" o alarme de pandemia ao redor do
mundo, declarado no dia 11 de março.

"É muito difícil prever quando vamos prevalecer sobre o vírus", disse o diretor de emergências
da OMS, Michael Ryan. "E pode ser que nunca aconteça. Pode ser que nunca desapareça, que
se torne endêmico, como outros vírus. O HIV não desapareceu", lembrou.

"Nós passamos a lidar com o vírus, e achamos os tratamentos, achamos os métodos de


prevenção, e as pessoas não sentem tanto medo como sentiam antes. Oferecemos vidas
longas e saudáveis a pessoas com HIV", disse. "Não estou comparando as duas doenças, mas é
importante sermos realistas".

"Não acho que ninguém pode prever quando ou se essa doença vai desaparecer. Nós temos
uma grande esperança: se acharmos uma vacina altamente eficaz, que possamos distribuir
para todos os que precisam no mundo, podemos ter uma chance de eliminar o vírus", declarou
Ryan.

Mas a implementação da vacina terá que passar por algumas etapas, explicou. Além de eficaz
e disponível a todos, as pessoas terão que usá-la.
"Antes de começarmos a responder a essa pandemia no dia 31 de dezembro, tínhamos
equipes no Pacífico Ocidental trabalhando com sarampo. Eu acho que havia 14 ventiladores
[mecânicos] na Samoa Ocidental naquela época. E todos os 14 estavam ocupados por crianças
pequenas. E estavam ocupados por crianças pequenas que tinham uma doença devastadora:
se chamava sarampo. E elas não eram vacinadas contra essa doença." – Michael Ryan, diretor
de emergências da OMS

Michael Ryan, diretor-executivo do programa de emergências da Organização Mundial da


Saúde (OMS) — Foto: Christopher Black/OMS

Michael Ryan, diretor-executivo do programa de emergências da Organização Mundial da


Saúde (OMS) — Foto: Christopher Black/OMS

(Em fevereiro deste ano, um bebê morreu de sarampo no Rio de Janeiro, depois de 20 anos
sem uma morte pela doença no estado. No mesmo mês, o Brasil perdeu o certificado de
erradicação da doença).

"Desculpem-me se sou cínico", continuou Ryan. "Mas temos vacinas perfeitamente eficazes
neste planeta que não usamos de forma eficiente. Para doenças que poderíamos eliminar e
erradicar – e nós não fizemos isso. Nós não tivemos vontade, a determinação para investir em
sistemas de saúde para fornecer isso. Nós não tivemos a capacidade de sustentar cuidados de
saúde na linha de frente", disse.

"Dessa forma", afirmou, "a ciência pode achar uma vacina. Mas alguém tem que fabricá-la em
quantidade suficiente para todos receberem uma dose, temos que ser capazes de entregá-la e
as pessoas têm que querer tomar essa vacina", lembrou.

"Todos esses passos são cheios de desafios. É uma oportunidade imensa para o mundo. A ideia
de que uma nova doença pode surgir, causar uma pandemia e nós podemos, com uma
ambição enorme, achar uma vacina e dá-la a todos que precisam e parar a doença pode
tornar, talvez, o que tem sido uma pandemia trágica em uma luz de esperança para o futuro
do nosso planeta na forma com que cuidamos de nossos cidadãos e trabalhamos juntos para
resolver nossos problemas, por meio de solidariedade, confiança, trabalho conjunto e um
sistema multilateral que possa beneficiar a humanidade", declarou.

"Não há promessas nisso, e não há datas", disse Ryan. "Essa doença pode se tornar um
problema de longo prazo, e pode não ser. De algumas formas, nós temos controle sobre esse
futuro. Mas vai ser necessário um esforço imenso para fazer isso."
A OMS já havia alertado, há cerca de 20 dias, que o novo coronavírus (Sars-CoV-2) ainda
demoraria para ser vencido. O diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus,
reforçou, ainda, que a doença foi declarada uma "emergência de saúde internacional", o nível
mais alto de alerta da OMS, no dia 30 de janeiro.

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