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Camila Santos Bulcão¹, Estefânia Reyjane Sodré², Raul César Melo dos Santos³, Ana Carla
Salinas4
Centro Universitário Jorge Amado, Av. Luís Viana Filho, 6775, CEP.: 41.745-130, Paralela,
Salvador- Ba, Brasil
Resumo
O presente artigo visa contribuir para análise acerca da implantação da Política de Conteúdo
Local no Brasil, considerando aspectos como o que é o petróleo; discute o conceito, a
natureza e as regras existentes sobre Conteúdo Local no país; descreve a situação do mercado
internacional e os seus impactos no setor petrolífero brasileiro; analisa através de coletas de
dados com estudantes do Centro Universitário Jorge Amado a relação dos mesmos com o
tema; e as diferentes perspectivas para cada um dos agentes envolvidos, isto é,
Concessionário, Fornecedor e Governo em relação a tal política. O Conteúdo Local foi
implantado com o intuito de incentivo ao crescimento da indústria brasileira, a fim de
substituir as importações, fomentar o desenvolvimento tecnológico, capacitação de recursos
humanos e a geração de emprego e renda. No momento em que o país sinaliza a retomada das
rodadas de licitações e por toda a importância dessa política, a compreensão dos novos rumos
que a mesma vem tomando é o grande foco deste trabalho. Porque para o cumprimento do
Conteúdo Local é preciso haver boas políticas em relação ao ensino, e ao apoio ao
empresário.
1. Introdução
O Conteúdo Local é um conceito que tem vínculo com participações de operadoras com
infraestrutura no país (entre elas as do setor de petróleo) por meio da contratação de
Bacharelanda em Engenharia de Petróleo e Gás, Centro Universitário Jorge Amado, E-mail: camila_bulcao@hotmail.com
Bacharelanda em Engenharia de Petróleo e Gás, Centro Universitário Jorge Amado, E-mail:
estefaniareyjane@hotmail.com
Professor Orientador, Graduado em Engenharia Elétrica, pelo Centro Federal de Educação e Tecnologia Celso Suckow da
Fonseca do Rio de Janeiro, Mestre em planejamento estratégico pela Universidade de Salvador, Docente e Coordenador do
curso de Engenharia de Petróleo e Gás, Centro Universitário Jorge Amado.
Professora Coorientadora, Graduada em Geologia, pela Universidade Federal da Bahia, Mestre em Petrologia pela
Universidade Federal da Bahia, Docente do curso de Engenharia de Petróleo e Gás, Centro Universitário Jorge Amado.
equipamentos e serviços de origem nacional, assim como a participação de mão de obra local,
entre outros.
O Brasil, além de ser um dos quinze maiores países produtores de petróleo do mundo,
apresenta importantes avanços regulatórios na política de conteúdo local.
Alguns desafios podem ser enfrentados pela indústria e pelo governo, os quais podem
ter como exemplo a melhoria de infraestrutura, inovação, produtividade, responsabilidade
ambiental e segurança e ainda redução de custos.
2. Fundamentação Teórica
O Brasil como uma das fortes potências no mercado de petróleo e gás vem evoluindo
nas suas descobertas e também nas regulamentações para essa esfera, pois a criação de um
marco regulatório claro e bem concebido é fundamental para estimular a confiança de
investidores e consumidores e para o bom andamento do setor. (Quintans, 2015).
O projeto de Lei 4.567/16 aprovado pela Câmara de Deputados prevê que a ANP
definirá quais os blocos a serem leiloados e o Conselho Nacional de Política Energética
(CNPE) será o responsável por decidir quem vai explorar as áreas. O bloco de Libra, no pré-
sal da Bacia de Santos, foi à primeira área a ser licitada sob o regime de partilha de produção.
A Petrobras tem 40% de participação nesse bloco. (Câmara dos Deputados, 2016).
Na concessão onerosa, foi determinada pela União, após autorização legal expressa, o
direito de exercer para a Petrobras, por meio de contratação direta, atividades de exploração e
produção em áreas do Pré-Sal que não estão sob o modelo de concessão, limitadas ao volume
máximo de 5 bilhões de barris de petróleo e gás natural. Sendo assim a Petrobras arca com
todos os custos e assume os riscos de produção nessas áreas. A duração do contrato é de 40
anos, podendo ser prorrogado por mais cinco anos. Atualmente, os blocos que possuem esse
modelo são: Franco, Florim, Nordeste de Tupi, Sul de Tupi, Sul de Guará, Entorno de Iara e
Peroba. (Petrobras, 2017). Para esse modelo no ano de 2016, o governo previa terminar o
processo de revisão do valor de contrato ao final da fase exploratória, após a declaração de
comercialidade dos blocos. Tendo uma revisão fundamentada em laudos elaborados por
entidades certificadoras independentes, de volumes e outras variáveis. (Infoglobo
Comunicação e Participações S.A,2016).
2.4. Histórico da Política de Conteúdo Local no Brasil
Desde as primeiras quatro rodadas de licitação que ocorreu no período de 1999 a 2002,
foi inserido um compromisso de aquisição de bens e serviços locais, não existindo uma
exigência sobre o valor mínimo de Conteúdo Local (CL), por se tratar da fase inicial de
implantação.
Essa política exige que grandes operadoras tenham como parte dos seus fornecedores
empresas brasileiras, ou seja, trata-se de uma política de incentivo para que fornecedores,
concessionários de petróleo possam produzir no Brasil bens, serviços e mão de obra.
Para Quintans (2010, p.8) “Conteúdo Local é um processo de substituição de
importações na tentativa de transformar um mercado inexplorado em um mercado pulsante.
Depois que o mercado se torna maduro ou, ao menos, se mantém, Conteúdo Local pode ser
tido como uma ferramenta política de proteção ao mercado local”.
De acordo com a Lei 12.351 de 22 de Dezembro de 2010, Art 2º, VIII, “O Conteúdo
Local (CL) é a proporção entre o valor dos bens produzidos e dos serviços prestados no País
para execução do contrato e o valor total de bens utilizados e dos serviços prestados para essa
finalidade”.
A Política de Conteúdo Local (PCL), foi evoluindo e na 5ª e 6ª rodada, ocorreu uma
exigência mínima para as fases de exploração e desenvolvimento da produção através do
Programa Exploratório Mínimo (PEM), onde os percentuais mínimos de CL – dependendo da
qualificação operacional requerida pelo operador – variavam de 30% a 70% .
É válido ressaltar que em 2003, o Governo Federal instituiu através do Decreto nº
4.925, o Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural
(PROMINP). A criação do programa coordenado pelo Ministério de Minas e Energia e pela
Petrobras, com o objetivo de maximizar a participação da indústria nacional fornecedora de
bens e serviços, em bases competitivas e sustentáveis na implantação de projetos de
investimentos no setor de petróleo e gás no Brasil e no Exterior.
Com o passar do tempo à exigência de conteúdo local mínimo nos contratos de
concessão dos blocos exploratórios da ANP acarretou na indispensabilidade da criação de
uma forma única de medição que assegurasse uniformidade, transparência e credibilidade aos
diversos agentes atuantes no setor de petróleo e gás do Brasil. Diante desse cenário, no ano de
2004, foi criada, a Cartilha de Conteúdo Local do PROMINP, a qual apresenta uma
metodologia de cálculo do CL de bens, sistemas, subsistemas e serviços relacionados ao setor
e busca identificar a origem de fabricação dos componentes que compõem cada equipamento,
pondera o valor dos insumos importados em comparação ao valor do bem e os consolidam no
Índice de CL, tendo aprovação de entidades como: ABIMAQ, FIRJAN, BNDES, IBP, ONIP,
MME, Petrobras, Sinaval, Info Globo, Exxo Mobil, Shell Brasil Ltda., Revista Brasil Energia,
entre outros. (Quintans,2010).
A partir da sétima a décima rodada ficaram definidos os limites mínimos e máximos de
CL, conforme a localização do bloco (águas profundas, águas rasas e terra), como mostra a
tabela abaixo:
Tabela 1: Percentuais de Exigência de Conteúdo Local nas Rodadas de Licitações
Rodadas Fase de Exploração Fase de Desenvolvimento
Mínimo (%) Máximo (%) Mínimo (%) Máximo (%)
7ª a 10ª 37 55 55 85
Médio Médio
11ª 62 76
12ª 73 84
13ª 62 76
Os critérios para o conteúdo local seguiram as diretrizes das rodadas entre 7ª e 10ª,
mesmo tendo a 8ª rodada suspensa devido às restrições que se encontravam no edital.
Com a evolução da política de Conteúdo Local, a partir da sétima rodada ficou
estabelecida a exigência de comprovação do CL por meio de certificados emitidos por
entidades credenciadas pela ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e
Combustíveis), o que fez com que surgisse a necessidade de fiscalização, onde a ANP exige
dos concessionários o envio trimestral do relatório de certificação, nele deverá ser indicado os
valores com a aquisição locais certificadas e os gastos com bens e serviços estrangeiros,
podendo assim ficar passíveis de multas as empresas que não respeitarem os limites mínimos
de CL.
ANP (2016) há quatro resoluções que compreendem o Sistema de Certificação de
Conteúdo Local, são elas:
Resolução ANP nº 19, de 14.11.2013, que define os critérios e procedimentos para a
execução das atividades de Certificação de Conteúdo Local; (Resolução substituta a de
nº 36, a partir da revisão feita no ano de 2013).
Resolução ANP nº 37, de 13.11.2007, que define os critérios e procedimentos para
cadastramento e credenciamento de entidades para exercer a atividade de Certificação
de Conteúdo Local;
Resolução ANP nº 38, de 13.11.2007, que define os critérios e procedimentos de
auditoria nas empresas de autorizadas ao exercício da atividade de Certificação;
Resolução ANP nº 39, de 13.11.2007, que define os relatórios de investimentos locais
em exploração e desenvolvimento da produção em Contratos de Concessão a partir da
Sétima Rodada de Licitações.
Vale ressaltar que já havia ocorrido a primeira descoberta de petróleo em terra no ano
de 1939, no bairro do Lobato na cidade de Salvador, Bahia. E que houve necessidade de
promoção para a política de conteúdo local e que desde a década de 80 vem sendo criados
programas para amparar as evoluções do setor petrolífero e de tal política. (BARRETO,
2001).
Com a instabilidade econômica que o Brasil vem enfrentando, incluindo quedas nos
preços dos barris de petróleo no mercado internacional aliado a outros fatores, houve um
prejuízo financeiro da Petrobras, proporcionando assim uma diminuição na rentabilidade dos
projetos de exploração no pré-sal e despertado uma avaliação mais rígida dos prazos para
recuperação do mercado e melhoria da situação atual. (Nunes, 2017)
Em fevereiro de 2017, o Governo Federal fez o anúncio de uma nova política que visa
aprimorar e incentivar os investimentos para área de petróleo e gás, segundo o Ministério de
Minas e Energia, o objetivo é aumentar a competitividade da indústria, tendo assim novos
percentuais exigidos em projetos no Brasil, ocorrendo uma mudança na obrigação da
contratação de conteúdo local, que, em média será reduzida pela metade, segundo o mesmo a
redução desses percentuais e apuração de forma global ou macrosegmentos, e não mais a cada
item ajudará a dinamizar os investimentos no país, melhorando o ambiente de negócios nesse
setor. Esses novos percentuais começarão a valer a partir dos leilões previstos para setembro
deste ano, os quais correspondem a 14ª (décima quarta) rodada de licitações e 3ª (terceira)
rodada do pré-sal. A 2ª Rodada de Partilha de Produção e a 4ª Rodada de Campos Marginais
já tinham suas regras definidas pelo Programa de Estímulo à Competitividade da Cadeia
Produtiva, ao Desenvolvimento e ao Aprimoramento de Fornecedores do Setor de Petróleo e
Gás Natural (Pedefor), pois isso não terá alterações quanto às novas regras. (MME,2017).
Nas diversas reuniões que ocorreram na Câmara dos Deputados para a apresentação das
novas regras houve resistência por parte de alguns deputados e também pelos representantes
dos fornecedores e dos serviços de mão de obra da indústria brasileira da área de petróleo e
gás. O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos
(ABIMAQ), José Velloso Dias Cardoso, fez críticas à redução de conteúdo local no próximo
leilão do pré-sal e que a nova política não faz distinção entre bens e serviços. Além disso, a
Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) fez um alerta quanto ao risco de desemprego por
conta da quebra do conteúdo local. (Câmara Notícias, 2017)
A indústria concorda que a política de conteúdo local deve ser revista, da melhor
maneira, a qual para eles seria a não definição de índices globais, e sim de índices específicos
para o setor de serviços e para a aquisição de bens. Todavia, na listagem do governo há
valores globais para todos os setores na PCL. (Sinaval, 2017)
A forma como a Política de Conteúdo Local foi implantada e que vem tomando rumo,
faz com que exista a necessidade de uma revisão mais aprofundada, pois não se tem muito
conhecimento sobre a mesma de forma clara, e também deve haver maior disseminação dá
informação, afinal sempre haverá brechas que necessitarão serem cobertas.
4. Considerações Finais
BRASIL. CÂMARA DOS DEPUTADOS. O Projeto de Lei nº 4567, de 2016; Altera a Lei nº
12.351, de 22 de dezembro de 2010, para facultar à Petrobras o direito de preferência para
atuar como operador e possuir participação mínima de 30% (trinta por cento) nos consórcios
formados para exploração de blocos licitados no regime de partilha de produção; convertido
na Lei nº 13.365. Brasília.DF. Dez.2016.
BRASIL. ANP. Nota Técnica CCL nº19 de 17 de Setembro de 2015. Apresenta a apuração
dos compromissos de conteúdo local por rodada. Disponível em:
<http://www.anp.gov.br/wwwanp/notas-tecnicas>. Acesso em: 30 mar. 2017.
FINEP. Programa Inova Petro. 2012. 3 min e 06 seg. Disponível em: <
https://www.youtube.com/watch?v=2GtnAlfgfuY> . Acesso em: 01 mai. 2017.
INFOGLOBO COMUNICAÇÃO E PARTICIPAÇÕES S.A, 2016. Disponível em:
<https://oglobo.globo.com/economia/petrobras-revisao-da-cessao-onerosa-pode-sair-ainda-
este-ano-20025428> Acesso em: 01 mai. 2017.
NUNES, F. O Estado de São Paulo: Terceiro prejuízo anual seguido da Petrobrás gera
questionamento legal. Disponível em: <
http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,terceiro-prejuizo-anual-seguindo-da-petrobras-
gera-questionamento-legal,70001708695>. Acesso em: 19 abr. 2017.
QUESTIONÁRIO PESQUISA
Pesquisa acadêmica realizada por Camila Bulcão e Estefânia Sodré, do curso de Engenharia
de Petróleo e Gás entre os dias 16/05/2017 à 26/05/2017, com o objetivo de investigar
aspectos relevantes da Política de Conteúdo Local (PCL)*
Questionário:
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2. Você acha que a implantação da Política de Conteúdo Local tem importância para o
mercado de Petróleo e Gás no Brasil?
3. Como você imagina que as mudanças propostas pelo governo vão incentivar a
competitividade do mercado de petróleo e gás ?
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5. Você acredita que teria uma nova maneira de pensar sobre essa política de modo a
atender a todos os envolvidos?
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TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO
Declaro que estou informado de que este questionário se refere à pesquisa elaborada pelas
acadêmicas Camila Bulcão e Estefânia Sodré, para preparo do artigo de conclusão de curso
junto ao Centro Universitário Jorge Amado, UNIJORGE, pelo que estou datando e assinando
este Termo de autorização, inclusive para a publicação dos resultados deste seu trabalho.
Assinatura