Você está na página 1de 66

Professora Marisa Araújo

2019/2020

17/09/2019

CLASSIFICAÇAO DOS DIREITOS ABSOLUTOS – em princípio os direitos relativos,


tendencialmente os direitos de crédito são tendencialmente violáveis por quem assume a
satisfação do direito ed crédito

Teoria do facto jurídico- em princípio os factos jurídicos naturais não são relevantes

Factos jurídicos- a partir do momento que temos um facto jurídico eme4rgente de uma
relação jurídica temos um direito obrigacional e não exto obrigacional.

Negócio jurídico unilateral ou contrato

Contrato unilateral ou bilateral

NJ obrigacional ou extra obrigacional (extracontratual)

Enriquecimento sem causa gestão de negócios- obrigacional

Direitos subjetivos em sentido estrito

Direitos potestativos

Incapacidade – maioridade ou capacidade de exercício. Efeito da aquisição da


capacidade de exercício de direito

Esquema da relação jurídica ç- sujeito- objeto

Objeto- mediático- coisa sobre o qual ira recair – direito real

Mediático. Fluxo de direitos e obrigações que liga os sujeitos naquela teia comunicante
entre o sujeito ativo e o sujeito passivo. As presunções de culpa recaem no sujeito passivo,
mas podemos ter uma teia complexa que tem 2 sujeitos ativos e 2 passivos. C e v- SOU
Devedora do preço, mas credora da entrega da coisa.

Efeito t5ranslativo do direito de propriedade- r4eserva de propriedade- compra e venda


a prestações, serve de garantia.

Sistema do modo- existência de uma condição factual ou legal que só na sua verificação
se transmite um direito real- contrato mútuo empresto 10 mil euros e me devolve com juros.
Só no momento da transferência com a posse do dinheiro é que se cumpre o contrato de
mútuo. Registo da hipoteca- documento autêntico ou autenticado e não for registado ou ficar
definitivo só naquele momento é que fica transferida a garantia sobre o direito e propriedade
sobre o cotrato celebrado de hipoteca.

1
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

24/09/2019 OT

483º

Ação - humana

- Voluntária

Ação humana- comportamento positivo. A regra é termos um comportamento ativo.


Dever jurídico de atuar. As omissões não desencadeiam nenhum tipo de comportamento. Ex:
um autocarro bateu contra outro autocarro cheio de crianças nós estamos aqui a ter aula,
logo, não há nenhum comportamento que deveríamos ter. No entanto, se uma delas for
minha irmã já tenho dever jurídico de atuar.

Dever jurídico de atuar - lei

- Contrato (fonte jurídica prévia)

Ilícitas – há fontes gerais e fontes especiais. Há situações em que a ilicitude pode ser
justificada, ou seja, apagada do caso concreto mediante uma justificação especial do facto. Ex:
legitima defesa.

Culpa- para aferir a culpa temos que concluir que o agente é imputável. A
imputabilidade é a partir dos 7 anos da criança perceber o comportamento que praticou. Só
um imputável é suscetível de um juízo de culpa.

- Doloso

- Negligente

- Exclusão da culpa – tal qual como na ilicitude pode haver situações em que o
requisito da ilicitude está verificado, mas tem um requisito negativo e se tivermos uma
justificação ou exclusão da ilicitude e o facto ou o dano vão afastar o requisito que lhe deu
causa.

Em responsabilidade criminal por regra os comportamentos negligentes não dão origem


a responsabilidade criminal a menos que esteja prevista no CP.

O comportamento sendo negligente, pode, verificados os requisitos cumulativos, dar


origem a uma indeminização de acordo com a equidade.

Dano: - Patrimoniais

2
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

- Pessoais – aferida uma compensação com base naquilo que será um


arbitramento compensatório não de acordo com o valor da coisa porque será um dano
pessoal. Ex: dano morte. Se o facto ilícito der origem à morte há leis para saber quem são os
titulares do direito, as regras não são sucessórias. O CC prevê quem são os titulares
independentemente dos titulares.

Nexo de causalidade: - facto

- Dano

O facto apesar de tudo é um conceito normativo não material. Ex: alguém base com a
mão na mesa, alguém se assusta e morre. Há uma ligação natural, pois se não fosse bater na
mesa ninguém morria, apesar de existir nexo de ligação.

Temos os requisitos todos verificados, mas há uma situação em concreto em que não
temos o dever jurídico de indemnizar- prática de factos jurídicos lícitos danosos. Se usarmos
uma determinada justificação apesar do comportamento ser considerado lícito naquelas
circunstâncias continua a haver o dever jurídico de indemnizar.

Art.499º e ss

Responsabilidade pelo risco/ objetiva – no âmbito da responsabilidade civil é uma


responsabilidade excecional. O 483º é a responsabilidade regra. Esta é uma responsabilidade
excecional, só é admissível nos casos tipificados na lei nos que é justificada pela chamada
sociabilização do risco. A responsabilidade objetiva prescinde em absoluto da culpa do agente,
ou seja, o legislador identificou potenciais situações de risco e olhou para a situação e distribui
o risco. Dentro daquelas situações perceber quem aproveita determinadas circunstâncias, o
facto de o seu comportamento dar origem a um facto danoso suporta o valor da
indeminização. Ex: Tenho um cão um Chihuahua e de repente morde alguém (o lesado não
tem culpa nenhuma), ele ia açaimado e conseguiu tirar o açaime. Eu até consigo demonstrar
que um homem medio não faria mais que eu para evitar aquela situação. O legislador
ponderou que o instinto animal é impossível ponderar, então nestas circunstâncias puramente
objetivas quem deve suportar as despesas é o dono. Ou seja, em determinadas circunstâncias
independentemente de culpa, apesar de tudo, o lesante não tem culpa do que o cão fez, mas é
ele que o traz para a sociedade. Nestas circunstâncias o legislador imputa uma consequência
jurídica independentemente de culpa, ou seja, é uma responsabilidade meramente objetiva.

3
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

Situação esta que também pode acontecer na responsabilidade civil contratual e


precisamos de saber qual dos contraentes sem culpa vai suportar as consequências.

Na responsabilidade civil extra contratual é quem tira as vantagens do comportamento


arriscado.

Quando o legislador prescinde na culpa faz sentido aplicar o critério da equidade para
definir a indeminização? Não está excecionada nas regras da extensão, logo aparentemente o
legislador quer parecer que a indeminização pode ser medida de acordo com a equidade. A
grande divergência entre doutrinas é a natureza da responsabilidade.

4
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

30/09/2019

CASO PRATICO

Manuel foi convidado de honra para uma festa do conselho de veteranos da


universidade Lusíada. Na festa bebeu uma considerável quantidade de bebidas alcoólicas
acabando, no final da festa, por sem que hoje se consiga recordar conduzir o seu veiculo
automóvel para casa acabando por, considerando a elevada quantidade de taxa de alcoolemia
no sangue, por adormecer, acabando por colher Benedita, atropelando-a, quando esta se
encontrava num passeio onde passeava o seu cão.

O animal morreu e Benedita esteve em coma durante mais de 15 dias com múltiplas
fraturas.

Quid Iuris?

VERIFICAR:

Classificação do tipo de responsabilidade

Os subtipos da mesma

Comportamento do agente

RESPOSTA:

Responsabilidade civil extra contratual por factos ilícitos. Noa há nenhuma relação
jurídica previamente constituída portanto ainda que não seja propriamente uma máxima que
esgote toda a realidade, pelo menos a responsabilidade civil obrigacional é aquela que
depende tendencialmente de um princípio da relatividade, a situação em que determinadas
pessoas se vinculam à prática de um determinado facto positivo ou negativo permite satisfazer
a pretensão do interesse do sujeito ativo, temos uma situação de responsabilidade
obrigacional. (exceto gestão de negócios, etc..).

Responsabilidade civil extra obrigacional é excecional pois não depende desta situação
jurídica propriamente dita, ou seja, na situação que alguém se coloque no caso concreto de
satisfazer a outra pessoa.

Caracterização da natureza dos direitos em apreço- na responsabilidade civil


obrigacional temos os relativos, enquanto na responsabilidade civil extra obrigacional temos
os absolutos.

5
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

Responsabilidade civil: factos ilícitos (não prescinde de uma juízo de censura pro parte
do agente/ não prescinde de culpa). Temos uma responsabilidade objetiva ou pelo risco
(principio de tipicidade ou taxatividade em relação as outras em que a verificação dos
requisitos resulta de uma indeminização do lesante face ao lesado). O legislador decidiu fazer a
sociabilização do risco. O risco é alguém nos termos da lei se considerar responsável ainda que
sem culpa ser condenado pelo pagamento do valor indemnizatório que é calculado nos termos
da responsabilidade.

Se a regra é responsabilidade pela prática de factos ilícitos começamos por aqui.

Art.483º e seguintes

Requisitos:

- Facto (voluntario) – tem que ser uma ação humana e objetivamente controlável pela
vontade humana, ou seja, é a ação doa gente mas aferível através de que critério? É
objetivamente controlável. O agente não domina pois está em estado de embriaguez. O ato
idóneo de alguém colher outra pessoa porque o carro bate no corpo da pessoa e do cão é
diferente doa to de beber. Isto é relevante porque nos dá uma linha temporal que neste tipo
de situação não se pode desconsiderar. Neste caso, apesar de ele não dominar o ato é
dominável. Ele não domina porquê? Art.488º/1 última parte. O ato não está a ser dominado
pelo agente, isto não afasta a ação pois temos de saber se o ato é dominável. Neste caso é.
Logo, este caso não é dominado, mas é dominável se ele não tivesse bebido até ficar num
estado de imputabilidade. No âmbito da responsabilidade civil as linhas temporais
denominam-se por ações livres na causa. Os requisitos da responsabilidade civil a partir deste
momento incluindo para a culpa do agente. Este é o ato idóneo a causar o dano mas
imaginemos que o agente bebeu agua toda a noite mas alguém pôs substancias psicotrópicas
na sua bebida. Neste caso, o agente não tem culpa.

Ele tornou-se inimputável pois está a dormir, não percebeu o facto que perceciona. No
primeiro caso censura-se o comportamento do sujeito pois no caso do homem médio nunca
beberia até cair e nunca conduziria em caso de embriaguez

. No segundo caso temos que aumentar a linha temporal de análise da situação, neste
caso não haveria juízo de censura pois ao gente não tem culpa de não controlar o
comportamento ativo que deu origem ao resultado.

6
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

- Ilicitude

- Culpa

-dano

- Nexo de causalidade entre o facto e o dano

7
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

07/10/2019

CASO PRATICO

Manuel celebrou com Bento um contrato de promessa de compra e venda de um imóvel


que era proprietário tendo-se fixado um preço o valor correspondente a 150  000€.

Foi de imediato pago um sinal no valor de 75  000€ e convencionou-se que a escritura


pública de compra e venda seria outorgada dali a um mês. Acontece que durante este período
de tempo Carlota apercebendo-se do excelente negocio da aquisição daquele imóvel ostigou o
promitente vendedor a vender-lhe de imediato o imóvel oferecendo-lhe o valor
correspondente a 300 000€ permitindo desta forma que o promitente faltoso pagasse a
respetiva indeminização ao promitente fiel e ainda conseguisse uma considerável margem de
lucro.

O promitente vendedor aceitou o negocio proposto por carlota e de imediato celebrou a


escritura publica de compra e venda tendo desta forma Carlota atingindo o seu objetivo de
adquirir o imóvel que, de acordo com o que conhecia do novo PDN. Iria ter uma valorização
extraordinária quer face à alteração da capacidade construtiva da zona quer quando as
acessibilidade projetadas para aquele local.

Perante o incumprimento definitivo do contrato de promessa o promitente-comprador


quer ser indemnizado pelo promitente vendedor também quer ser indemnizado por Carlota,
considerando que foi a sua abordagem culposa que deu causa ao incumprimento contratual.

Quid Iuris?

RESPOSTA:

Contrato de promessa de compra e venda- contrato caracteristicamente que produz


efeitos obrigacionais pois apesar de ser um contrato de promessa de compra e venda cujos
efeitos ao contrato definitivo são obrigacionais e reais, quando estamos a tratar deste estamos
a tratar de um contrato preparatório de outro contrato.

Quais são as obrigações das partes? Celebrar do futuro um contrato dentro das
cláusulas e celebrar o contrato definitivo e este contrato é que vai produzir efeitos
obrigacionais.

Direitos relativos – direitos relativos ao contrato de promessa de compra e venda, ou


seja, só existem no ordenamento jurídico em concreto porque noa âmbito do princípio da

8
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

relatividade do NJ as partes constituíram um negócio com os efeitos desta relação contratual.


Logo estes efeitos são relativos porque tem oponibilidade inter partes

O pacto de preferência, contrato de promessa de compra e venda tem eficácia real de


imoveis ou moveis sujeitos a registo. Ter eficácia real é diferente de ter efeitos reais.

Porque só móveis ou imoveis sujeitos a registo? Porque se estes direitos são relativos
não existe nenhum dever geral de abstenção das outras partes. São os únicos que preveem a
publicitação do direito.

Ter eficácia real é interpor a 3º a obrigação de abstenção.

NESTE CASO PRATICO:

Temos um contrato de promessa. Não temos eficácia real.

Há incumprimento definitivo do contrato – 442/2 – pagamento ao sinal em dobro

Sinal_ 75 000€. O promitente faltoso tem que dar ao promitente-comprador 150 000€

E para a Carlota?

Art.334º-

Queremos dizer que eventualmente a carlota tem que indemnizar o promitente fiel.

O direito de Carlota é ilegítimo.

Como chegamos a indeminização?

Responsabilidade extracontratual.

A haver qualquer tipo de indeminização neste caso teríamos de nos socorrer das duas
figuras de o fazer responsabilidade obrigacional ou extra obrigacional, neste caso vamos pela
extra obrigacional.

Neste caso a carlota é um 3º neste NJ. O único que e capaz de violar o direito de outrem
é a contraparte do negocio. Ninguém o consegue cumprir por ele por isso ninguém o consegue
violar por ele.

Temos aqui a conduta de um terceiro que pode ser censurável o suficiente para haver
indeminização.

Eventualmente é possível conceder uma proteção delitual de direito relativo- direito de


outrem (direito absoluto) é eventualmente admitir eficácia externa de obrigações. As

9
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

obrigações e os direitos relativos são aqueles criados ao nível dos NJ. Só o devedor daquela RJ
é que pode ou não satisfazer o credor da RJ.

As únicas situações de dever de abstenção são para os direito absolutos ou meramente


absolutos. Podemos atribuir esta eficácia? Não.

Alguma doutrina vai admitindo que em determinadas circunstâncias face aquela


conduta possam a vir cair sobre si consequências típicas do dever real de abstenção. Para
conseguirmos desencadear a responsabilidade civil extracontratual. Olhamos para o 483º e
dizemos que C viola o direito de outrem (relativo) ilicitamente ou não? Vamos buscar a causa
do 334º.

C para ter feito alguma coisa tem que estar em abuso de direito. A ilicitude decorre de
um abuso ilícito de um direito próprio.

Qual é o direito? Direito geral a contratar. C tem que exceder manifestamente. O direito
a contratar é fazer um bom negócio, lucrativo.

OS NEGOCIOS SÃO FEITOS APRA SEREM INCUMPRIDOS- MESTRE MARISA ARAUJO

C não excede manifestamente nada. Não é destruir negócios alheios que implica o
abuso de direito, temos de olhar para a utilização do direito e ver que nas circunstâncias
normais o negócio não se fazia.

A espectativa de lucro é muito grande.

Ainda que concluamos que alguém abusa o direito ele tem que ser manifesto.

Noa tem que haver culpa relativamente a negócios alheios, o abuso de direito não
implica dolo ou negligencia. 334º- Alguém que tem um direito usa-o de forma abusiva e a
utilização é escandalosa.

10
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

08/10/2019

CASO PRÁTICO 1

Manuela, é mãe de Maria, uma criança de 5 anos de idade, que foi deixada aos cuidados
de uma ama, Benedita quando, perante o período em que a criança estava com a ama, aquela
saiu de casa e inadvertidamente incendiou parte da quinta do vizinho Manuel provocando-lhe
a destruição das suas árvores de frutos, bem como, a própria criança teve ferimentos numa
das mãos decorrentes uma queimadura de segundo grau.

Quid Iuris?

RESPOSTA:

Temos 3 intervenientes.

Maria – criança

Manuela – mãe

Benedita – ama

Manuel - Vizinho

Quem está mais próximo do facto danoso é a Maria, teve um comportamento suscetível
de causar danos. A maria é insuscetível de um juízo de censurabilidade. Estamos a tratar de
responsabilidade civil por factos ilícitos 483º e ss. Isto depende de conseguirmos aplicar um
juízo de censurabilidade que é um pressuposto da culpa.

Só os imputáveis é que são suscetíveis de culpa. A criança tendo 5 anos presume-se


inimputável, logo não é suscetível de ver recair sobre ela um juízo de censurabilidade.

A culpa é aferida pelo critério do homem medio (487º).

Culpa: objetiva e subjetiva VER RESUMOS

Para conseguirmos produzir um juízo de censura sobre alguém ela tem que
compreender que fez. É impossível colocar um homem médio no lugar da criança porque o
homem médio compreende que a criança cometeu um crime. Não e possível substituir o
agente por um homem medio porque a este agente falta-lhe a imputabilidade (compreensão
do facto que se está a praticar).

Afastamos a responsabilidade civil da criança. Não significa que não haja dever jurídico
de indemnizar o lesado - 483º

11
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

Contrato entre Manuela e Benedita – problema de responsabilidade civil contratual.


Incumprimento do contrato.

Temos uma situação excecional em que alguém pode ser responsável pela vigilância da
criança.

A responsabilidade civil extracontratual implica que haja (ação, ilicitude, culpa, dano,
nexo de causalidade).

Neste caso concreto é a relevância do nada fazer nos termos da responsabilidade civil
extracontratual, omissão de Manuela.

Temos de ter alguém que consiga reatar um vínculo quebrado porque não conseguimos
imputar a responsabilidade porque ela é inimputável. As pessoas mais afastadas desde facto e
que não participaram nele mas é necessário saber se a omissão delas gera algum tipo de
responsabilidade. Elas não impediram a Maria de o fazer. Neste caso estamos a falar de uma
omissão pura, conforme é omisso o dever jurídico de atuar.

Art.486º do CC. Neste caso o quê que elas deveriam ter feito? Dever geral de vigilância.

Ex: alguém se está a afogar, ligamos para o 112 não estamos em omissão, mas 1 dessas
pessoas tem um barco- Monopólio de meios

A mãe tem ou não um dever jurídico onde possamos incluir que a maria não prática este
ato? Art.1879º dever geral de vigilância. Os pais têm obrigação de garantir a vigilância da
criança. Se a mãe tem este dever, ela considerando o contrato garantiu que outra pessoa
vigiasse a criança por si.

2 Omissões – 486º pois o dever jurídico de impedir o facto está por lei na Manuela e pro
contrato celebrado pela titular de um dever jurídico de cuidado Benedita.

Manuela – dever de vigiar a Maria por lei.

Benedita – dever de vigiar a Maria por contrato.

No caso concreto a posição da Manuela e da Benedita é diferente, porque o dever


jurídico de atuar da mãe, na situação em concreto conseguimos afastar um juízo de censura.
Como qualquer homem médio a mãe via garantido o seu dever através de um terceiro.

Quando alguém assume o encargo de vigiar outra pessoa por razão da sua incapacidade
natural precisa de ser vigiado – Art.491º do CC. Mas, a pessoa não precisa de ser inimputável.
Ainda que imputável, a partir dos 7 anos há alguém que se responsabilizada por ela e pela sua

12
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

vigilância. “Por virtude da capacidade natural delas” - falta de responsabilidade natural


entramos em concurso de responsabilidade, isto afere-se para saber a parte de cada um
relativamente à indeminização.

Imputabilidade é diferente de capacidade natural. Não obstante já é um problema de


culpa.

13
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

CASO PRATICO 2

José Carreras tem marcada uma digressão mundial tendo já agendados vários concertos
pelo mundo incluindo Portugal. Aquando da deslocação ao nosso país o tenor é confrontado
com um fã que após ter recusado um autógrafo este não se conforma com a recursa do seu
ídolo e agride-o violentamente partindo-lhe entre mais 2 costelas, que o impede de dar o
concerto marcado para o nosso País acabando por ser cancelado com sérios prejuízos para a
promotora do evento e sala de espetáculos.

Quid Iuris?

RESPOSTA:

No que tange à agressão temos responsabilidade civil extra obrigacional. Temos por
parte do fã requisitos:

Ação (ato humano de dominar controlar os movimentos musculares que faz com que
braços e pernas batam em pessoas alheias e provoquem danos);

Ilicitude: causas gerais ou especiais (gerais: violação do direito de outrem);

Culpa: imputável porque não se presume inimputável e a culpa é aferida pelo critério do
homem médio. No limite levava uns palavrões por não assinar, mas não aconteceria com um
homem medio. Pois através do critério objetivo da culpa o HM não teria de todo aquele
comportamento. No âmbito da responsabilidade civil há dolo (elemento cognitivo e o
elemento volitivo = conhecimento + vontade) na negligência (limite elemento cognitivo=
conhecimento).

Responsabilidade contratual – contrato entre a promotora com a sala de espetáculos e


por sua vez a sala de espetáculos tem com cada pessoa que comprou o bilhete. Aqui, a causa
do incumprimento não é culposa.

Temos alguma possibilidade de imputar responsabilidade ao fã?

Relação entre o fã e a promotora e a sala de espetáculos:

Responsabilidade civil extracontratual

Ilicitude – gerais ou especial – geral

A promotora e a sala de espetáculos têm um direito absoluto. A ação não viola o direito
absoluto ao património, é uma consequência do dano, não da ação.

14
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

A única hipótese neste caso era se existissem normas de proteção. Ainda que não se
viole um direito absoluto (direito ao património) temos de proteger juridicamente – 483. Mas
não há.

Se tivéssemos o fã afazer isso de propósito para lesar a promotora conseguíamos


imputar o fã.

15
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

CASO PRÁTICO 3

O proprietário (A) de um terreno agrícola tem, dentro dos limites o seu prédio uma
nascente de água que considerando a quota em que o imóvel se encontra, as águas vertem
para 2 dos terrenos vizinhos que estão em quotas inferiores, terrenos do senhor B e C.
Acontece que o proprietário, D, de um outro terreno decidiu destruir a nascente do seu
vizinho por forma a que as culturas agrícolas deste ficassem comprometidas devido à seca.

Quid Iuris?

RESPOSTA:

Responsabilidade civil extracontratual.

Em relação a A ele teria o dever de indemnizar.

E em relação a B e C? Conseguimos imputar alguma responsabilidade entre D e B e C


que por causa da destruição do poço eles deixaram de beneficiar da água.

Ação: sim

É ilícito? Não. Ele não violou os seus direitos, pois a agua não era deles, eles só
aproveitavam a água do vizinho A. Art.1391º esta norma só é oponível a terceiros e não ao
proprietário da nascente. O que este artigo diz é que B e C podem aproveitar o que vem de
cima e o dono da nascente se quiser dar um uso diferente da nascente, B e C não têm nenhum
tipo de violação na sua esfera jurídica se for o proprietário a fazer essa violação. Se forem 3º a
fazer essa violação? Verdadeira norma de proteção. Esta norma garante que salvas as
situações em que o proprietário da agua quer impedir que as pessoas a usem porque ele pode,
só não podem terreiros.

D entrou em concurso: violação de direito de outrem e interesses alheios protegidos


pela norma do 1396º (não têm nenhum direito).

16
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

14/10/2019

CASO PRÁTICO

Manuel passava à pressa pela Avenida Fernão Magalhães durante a madrugada, quando
se apercebeu que um automóvel circulava em excesso de excesso de velocidade e a avenida
deserta passava todos os semáforos vermelhos até que acabou por atropelar Joaquim que
atravessa uma passadeira com sinal verde.

O automobilista não parou e deixou Joaquim em estado grave na via de circulação.

Manuel aproximou-se de Joaquim, tendo conhecimentos básico de primeiros socorros


apercebeu-se que tinha que transportar o acidentado para o hospital imediatamente
dependendo a sua sobrevivência da chegada imediata ao aludido hospital.

Perante este cenário, arromba o primeiro carro que encontra, coloca Joaquim dentro do
automóvel, faz uma ligação direta e transporta-o para o hospital, o que acaba por se relevar
essencial para a sobrevivência do acidentado.

Maria dona do automóvel ficou com danos consideráveis no veículo, já que para além
do vidro partido, o sistema de segurança do carro ficou destruído e o motor terá que ser
substituído já que em virtude da ligação direta um curto-circuito destruiu o motor.

Quid Iuris?

RESPOSTA:

RESPONSABILIDADE CIVIL EXTRA CONTRATUAL

Por um lado temos o atropelamento e por outro lado os danos do carro

O que requer neste caso ser ressarcido de danos é Maria, a dona do automóvel.

Relação entre quem? Manuel e Maria.

483º e ss do CC- pratica de atos ilícitos

AÇAO: O Manuel que partiu o vidro de um carro, fez ligação direta do veículo da Maria e
conduziu com o Joaquim lá dentro até ao hospital.

17
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

Comportamento é humano e voluntario?

Humano- Sim, Manuel foi quem praticou o ato

Voluntário- sim, é dominável pela vontade humana

ILICITUDE: danificar ou destruir o direito de propriedade de outra pessoa sem para qual
estar autorizado.

Está verificada a ilicitude. Temos que verificar se está justificada a ilicitude.

Art.335º justificações.

Estado de necessidade- não é o ato que é ilícito que está justificado mas é um ato licito.

Requisitos do estado de necessidade:

Destruir ou danificar coisa alheia- lesão de um direito

Mover um perigo atual- o perigo é atual pois ele tem que ser imediatamente
transportado

“Manifestamente superior”- direito absoluto (propriedade) caracter patrimonial, e


pessoal (direito á vida).

Logo, está verificada o estado de necessidade, por isso o facto é lícito.

Como os requisitos são cumulativos neste caso não desencadeia responsabilidade por
factos ilícitos.

Estamos perante factos lícitos danosos.

O ato é licito mas desencadeia uma responsabilidade civil pelo 339/2.

O agente teve um comportamento que a ordem jurídica considera lícita, mas porque é
danoso a ordem jurídica vai fazer distribuir aquela indeminização que será suportada por
alguém. Em principio pelo lesante, mas, considerando que este comportamento é licito o
Manuel é um terceiro e não é de todo o autor do perigo que dá origem à destruição.
Relativamente ao facto alusivo ao dano vamos desvincular a ação e vamos chamar o agente,
todos os que tiraram proveito e contribuíram para o estado de necessidade. Logo, todos eles
estão a concurso. São chamados todos, só depois é que vamos ver quem deu origem ao
perigo. Esta indemnização pode ser fixada com juízos de equidade.

18
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

A primeira parte está excluída (não foi sua culpa exclusiva). Na segunda parte manda
chamar os que deram origem e fixar a indemnização equidade. Neste caso chamada o
automobilista e Joaquim e juntava-os com Manuel.

Neste caso, chamava-mos o automobilista à ação. Dificilmente seria indemnizado por


uma indemnização segundo a equidade.

Nestes casos de fugir a seguradora passa a ter direito de regresso sob o pagamento do
preço

19
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

15/10/2019

Teste:

Matéria relativa à distinção de responsabilidade civil contratual e extra contratual;


matéria relativa à ação, ilícita (causas gerais e especiais); situações de ações ilícitas danosas,
matéria de abuso de direito. Legitima defesa e ação direta não sai.

RATOEIRA: estado de necessidade: Art.339º

O agente tem sempre que destruir ou danificar algo de outrem, significa que se for algo
que é seu (atirar o carro contra o muro para não atropelar alguém) não é estado de
necessidade. Se é do próprio não faz sentido ser ilícita. Gestão de negócios - responsabilidade
obrigacional (responsabilidade contratual). Noa pode ser extra obrigacional porque não
depende de um facto jurídico prévio.

Como é um direito próprio não se consegue identificar com lícito ou ilícito.

CASO PRÁTICO

Despoletou-se um incendio num pinhal de Manuel desconhecendo-se para já a causa do


mesmo. Foram acionados os respetivos meios, considerando a altura do ano a informação da
linha de emergência é que os bombeiros demorarão cerca de 2horas a chegar ao local.

Perante este cenário Manuel percebe que todo o seu pinhal ficará destruído e pede
ajuda ao único vizinho com uma habitação naquela área para que o deixe usar as mangueiras
de casa e dessa forma tentar controlar o incendio para evitar a destruição total do pinhal.

O vizinho Joaquim percebe a situação de Manuel mas recurso qualquer ajuda alegando
que face ao período de seca corre o risco de ficar sem água essencial para o seu jardim e para
utilização domestica.

Perante a recusa Manuel insurge-se, entra na propriedade de Joaquim, utiliza sem


autorização as mangueiras com água e chama o filho que estava no carro para impedir que
Joaquim as desligue, o que veio a suceder.

Quid Iuris?

RESPOSTA:

20
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

Temos uma relação entre Manuel e Joaquim e aquilo que estamos a avaliar é a conduta
de um deles. Conduta do Manuel face ao Joaquim ou Joaquim face ao Manuel?

Temos 2 condutas: uma conduta positiva e uma conduta negativa.

É preciso perceber quem começa o feito relacional e que danos estão aqui em causa.

Aqui a história começou quando Joaquim disse que não deixava Manuel usar as suas
mangueiras.

A existir alguma coisa entre eles existirá responsabilidade extra obrigacional.

REAÇAO DE MANUEL RELATIVAMENTE À omissão de Joaquim.

A omissão de Joaquim é relevante? N\ao há contrato por lei.

Manuel está a reagir ao comportamento negativo de outra pessoa.

Nas omissões imputamos o dever jurídico de aturar.

Monopólio de meios - o caso prático não tem informação suficiente para concluirmos
isto.

O dever jurídico de aturar é o dever de impossibilitar um determinado resultado.

Ingerência - todas as situações que o agente pelo seu comportamento tem o dever
jurídico de evitar certos comportamentos- todas as omissões situações do dever de cuidado.

Os deveres de cuidado são causas especiais no âmbito da omissão de ilicitude. OS


DEVERES DE CUIDADO são uma causa autónoma da ilicitude.

A verdade é que ele tem um meio mas não sabemos se é único ou se é possível.

Logo, não é possível concluir que a omissão de Joaquim não produz efeitos face à
responsabilidade civil.

AÇAO DE MANUEL

Ação - após o recurso de Joaquim, proibido ele usou a mangueira e a água do vizinho e
invadiu a sua propriedade, pondo uma resistência. É humana e controlável pela vontade
humana.

21
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

Ilicitude- violação de um direito absoluto que é a propriedade.

Requisito negativo face à ilicitude- temos a ação direta (336). É lícito o recurso à força
através da apropriação das coisas de outra pessoa com fim de assegurar um direito próprio
pode ser alheio, quando for indispensável (principio da necessidade) para evitar a inutilização
desse direito para evitar o prejuízo. Tem que haver ponderação dos interesses, estamos a falar
de propriedade contra propriedade. Ambos direitos patrimoniais. Manuel faz isto para que o
pinhal não arda todo. O caso pratico não tem realidade suficiente para concluir que o recurso à
força é insuscetível de evitar a inutilização do direito alheio. A ação direta só é lícita se o
recurso à força for essencial para o direito. Como sabemos se evita ou não a inutilização do
direito? O que o Manuel quer é usar a maneira para evitar que o pinhal arda. Ele põem em
causa o direito de propriedade de Joaquim para evitar que o seu direito se inutilize. Se o pinhal
já estivesse completamente ardido o direito já estava inutilizável.

Como é que se analisa isto? Para evitar a utilização pratica deste direito. Como sabemos
se Manuel cumpre ou não este requisito? Como se aferem os requisitos? Comparação com o
Homem Médio. Em princípio um homem medio nestas circunstâncias alguma água sobre o
pinhal haverá de fazer, q junto mais não seja atrasar.

Temos um caso de ação direta.

Ex: No caso de o pinhal já estar ardido (ação direta putativa). A ação é ilícita mas é
desculpável pelo 338.

FILHO DE MANUEL

Se ele está em frente à torneira, ele estará em propriedade privada sem ter autorização
para isso para evitar que o outro lá vá. Se o outro foi ou não, não sabemos.

Qual é a ação do filho? Foi co autor do pai na ação direta. Os dois invadem propriedade
alheia, cada um tem uma parte deste fecho relacional. O filho faz parte do fecho relacional do
conjunto. Esta ação direta só funciona porque estão lá os dois. Poderia era acontecer o
Joaquim não se aproximar do filho do Manuel ou impediu-o mesmo - medo - direito absoluto -
violação da integridade moral. Imaginemos que o Manuel e o filho estejam em licitude sobre
ação direta e o Joaquim chega lá e bate ao filho de Manuel, entoa o seu comportamento é
considerado ilícito.

O comportamento do filho do Manuel tem que se relacionado com o acontecimento.

22
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

Eles são co autores da ação direta, ambos por ação, um por pegar na mangueira e outro
por evitar que Joaquim desligue a mangueira.

23
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

CASO PRÁTICO

Numa madrugada depois de um dia de trabalho Manuel chega a casa e depara-se com a
mulher morta no meio da sala com sinais de extrema violência, ouve gritos do quarto da filha e
correndo em seu auxílio depara-se com Joaquim a esfaquear a filha de 9 anos no quarto.

Desesperado Manuel socorreu-se de um jarrão para bater em Joaquim e evitar que ele
continuasse a esfaquear a filha, mas, cego de raiva ao invés de lhe bater com o jarrão, quebra-
o e com um dos cacos ataca-o na jugular vindo Joaquim a morrer.

Clara, a filha de Manuel apesar de gravemente ferida acaba por sobreviver.

Quid Iuris?

RESPOSTA:

Manuel relativamente a Joaquim

Ação - perante aquele cenário quebrar o jarrão, pegar num dos cacos e por na jugular do
Joaquim. Esta ação é humana, voluntária e absolutamente controlável pela vontade humana.

Ilícita- sim, viola o direito absoluto à vida.

Há algo que justifique a ilicitude? Legitima defesa e porque não ação direta? Porque não
é nenhum direito próprio. Ação direta - exercício de ataque. Legitima defesa- reação de
ataque.

Agressão é atual? Sim. Contraria à lei? Sim, ou seja, o aproprio Joaquim estaria a violar
um direito de outrem. Contra uma pessoa ou terceiro? Sim, sobre a filha. (principio da
necessidade). Não é possível recorrer aos meios normais. O prejuízo causado é superior ao que
resulta da agressão? Está-se a matar para evitar que se mate. O prejuízo da morte do Joaquim
é superior ao prejuízo da morte da Clara? Não, são iguais.

Ex: se fosse um cão a morder uma criança, e batesse no cão para afastar da criança? Era
legitimada defesa? O cão não pratica atos contrários à lei/ilícitos. Quem pode violar a lei são
as pessoas titulares de direitos e obrigações, o cão não tem personalidade jurídica. Neste caso
estaríamos em estado de necessidade. Coisa diferente seria o cão estar a agredir alguém
porque alguém deu o comando ao cão para ele morder a criança.

24
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

Problema: tem que haver uma adequação de meio. O agente não pode estar em excesso
nem quanto à agressão nem quanto ao meio. Com menos conseguiríamos repelir esta
agressão.

Noa há excesso 337º. Excesso - 337º/2.

Ou a reação é demasiado gravosa ou o meio não é o adequado. A reação vai sempre


sempre atuar sobre a outra pessoa. Ele não parte o jarrão da cabeça do Joaquim. Ele partiu o
jarrão. Aqui temos uma desadequação. Desadequação de meios- quando dentro do meio
disponível ele escolhe a coisa mais gravosa. Ex: imaginemos que a única coisa que tem é o
tampo de uma mesa de mármore, ele se der com aquilo não há desadequação. Neste caso,
como ele partiu o jarrão houve excesso de meios pelo 337º/2.

Ou seja, passamos de um comportamento ilícito para um comportamento justificável


pelo 338º.

O 337º diz que o excesso da ação se justifica com medo ou perturbação não culposo doa
gente. Neste caso, estará perturbado. Um homem médio não espeta nada na jugular de
ninguém, mas o nº2 diz que não censura a perturbação ou medo. Um homem medio
ponderado a reação, os meios e os fins.

Em direito penal o excesso de legitimada defesa é um problema de..

25
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

28/10/2019

CASO PRATICO

Manuel tem 5 anos e é uma criança hiperativa que aproveitando o facto de a mãe ter
adormecido no sofá depois de um longo dia de trabalho saiu de casa e incendiou o carro do
vizinho estacionado em frente à habitação.

Momentos depois um grupo de jovens que haviam assaltado uma loja de conveniência e
furtado um automóvel despistam-se e embatem no carro do vizinho projetando contra uma
parede e destruíram-no.

Quid Iuris?

RESPOSTA:

Facto- Manuel incendiar o carro do vizinho

Responsabilidade civil extracontratual – começamos pela responsabilidade regra que é


por factos ilícitos 483º

Ação – realidade factual - Manuel incendeia o carro do vizinho que sai de casa quando a
mãe está a dormir a sesta depois de um dia de trabalho. Humana- é humana. Voluntária –
(dominada ou dominável pelo ser humano) Sim

Ilicitude- viola um direito de propriedade – causa geral 483º

Culpa- Art.488º/2 CC há uma presunção de inimputabilidade para os menores de 7 anos,


logo não há possibilidade de fazer cair sobre ele um juízo de culpa.

491º - Diz que pode haver um terceiro que eventualmente vai ressarcir danos praticados
pelo Manuel.

Este artigo depende de alguém ligado à vigilância, neste caso a mãe. No entanto, ela só
indemniza se houver danos indemnizáveis para efeitos de responsabilidade civil
extracontratual.

Danos- patrimoniais- valor comercial do carro

Nexo de causalidade – juízo de previsibilidade – se da conduta do agente é previsível


que resulte (Ex: não é previsível que A dê um berro e B caia para o lado e morra). É previsível
que colocando uma fonte de calor ao pé de um carro que ele se incendeie? Sim.

Manuel é incapaz natural. A incapacidade natural é diferente da imputabilidade.

26
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

Podemos ter um imputável que não tenha capacidade natural – criança de 16 anos.

Art.491º - omissão – responsabilidade civil extra obrigacional. Fonte de ilicitude –


omissão/ obrigação incumprida.

Esta obrigação de atuar é lhe imputável neste caso concreto? Como ela é mãe está
obrigada por lei ao dever de cuidado, legalmente estabelecido 1879º.

Aqui temos: uma omissão (não cumprimento do dever jurídico de atuar) e a


consequência que são a mãe pagar pelos danos

491º - Faz a inversão ao ónus da prova, ou seja, a culpa já está verificada por presunção
legal. Art.487º para o lesante demonstrar que não tem culpa, colocando um homem medio
naquelas circunstâncias. Se o homem medio diz teria feito a mesma coisa afasta-se a
presunção de culpa se não faria a mesma coisa presume-se a culpa.

Homem medio – mãe não adormece no sofá.

“Os danos se teriam verificado ainda que o tivessem cumprido”- causa virtual

491º + 492º + 493º: Só funciona com relevância negativa: Temos de concluir que não só
os danos se verificariam mas como o lesado os suportaria, ou seja, não havia mais ninguém a
ser responsável por eles.

Raio caiu em cima do carro a seguir aos bombeiros apagarem o incendio – normalmente
aplica-se nas causas naturais.

Neste caso desresponsabilizamos a mãe se concluíssemos que os danos se verificariam


com relevância negativa, ou seja, que o lesado os suportaria. Se tivermos um autor para a
causa virtual estamos a aumentar a responsabilidade dos autores desta causa.

Jovens embatem no carro - Responsabilidade pelo risco - Art.503º

Neste caso a mãe pagaria o carro antes de arder até ao incendio.

Os jovens pagariam desde o “fim” do incendio até ao momento do embate, ou seja, os


jovens iam dar uma indeminização pelo carro já ardido.

A mãe pagaria o carro “novo”.

27
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

29/10/2019

CASO PRÁTICO

Manuel e Bento fazem parte de um grupo que se dedica a práticas sexuais


sadomasoquistas. Manuel, o submisso durante um desses atos pediu a Bento que lhe cortasse
a mão direita para conseguir atingir um orgasmo.

Bento entusiasmado com a ideia com o golpe certeiro de uma faca de talhante que
costumava usar nos seus jogos sexuais. Mais tarde, Manuel arrependendo-se solenemente do
que tinha feito quer ser indemnizado por Bento pela ofensa à integridade física.

Quid Iuris?

RESPOSTA:

Responsabilidade a ser seria extra obrigacional.

Ação juridicamente relevante- Bento que a pedido do Manuel lhe cortou a mão direita
na sequência do dono da mão ter consentido o feito.

Humana – sim

Voluntaria – dominada ou dominável objetivamente pela vontade humana.

Ilicitude- sim, viola um direito absoluto (direito à integridade física), ilicitude na causa
geral 483º do CC.

Exclusão da ilicitude- Art.340º do CC.

Bons costumes- extravasa o socialmente tolerável.

Não há nenhuma situação de direitos absolutos que com consentimento ponham em


causa uma disposição legal.

Os direitos têm que ser disponíveis. A vida é um direito absoluto, o consentimento é


relevante? NÃO! Porque é indisponível.

É relevante quando não seja atentório aos bons costumes e seja um direito disponível.

A ofensa à integridade física consegue ter 2 vertentes: uma parte disponível e outra
indisponível. A ofensa à integridade física simples ou moral é disponível dali para a frente a
ofensa à integridade física grave o consentimento é indisponível.

28
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

No caso concreto era difícil irmos pelos bons costumes pois o que se faz dentro de casa
não temos nada a ver com isso.

Logo, não há causas de exclusão da ilicitude.

Culpa- imputabilidade- verificada

Critério do homem medio – um homem medio naquelas circunstâncias não cortaria a


mão.

Grau da culpa- dolo ou negligência?

Dolo: direto (comportamento direcionado a obter um resultado), necessário


(comportamento é um meio para obter outro resultado. Quero matar alguém que está em
casa e por isso incendeio a casa, o objetivo é matar a pessoa mas o meio é incendiar a casa) ou
eventual (perspetiva o resultado e conforma-se com a sua verificação. Ele não o quer, ele não
atua para mas conforma-se com o que eventualmente virá a acontecer. Ex: excesso de
velocidade da autoestrada, se eu matar alguém matei, se eu morrer morri, não quero saber.
Conforma-se com essa possibilidade).

Tem que ter necessariamente 2 elementos: cognitivo e volutivo.

Negligencia: consciente (perceciona o resultado mas acha que ele não se vai verificar.
Excesso de velocidade numa autoestrada, está um dia de sol, reta grande e com visibilidade e
achamos que não vai acontecer nada).

No máximo só tem o elemento cognitivo, onde se censura a falta dele.

No caso concreto, temos dolo ao nível direto.

Dano- temos danos eventuais e de viver o resto da vida sem a mão. E danos
patrimoniais.

Nexo de causalidade- critério geral- Art.563º usamos a teoria da causalidade adequada


que através de um juízo de prognose póstuma. Da conduta do agente é previsível que se
resultem determinados danos? Fazemos através dos danos patrimoniais.

Está verificado.

Neste caso, Bento teria que indemnizar o Manuel.

29
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

CASO PRATICO

Manuel sofreu um aparatoso acidente tendo dado entrada nas urgências do hospital de
São João numa situação de perigo de vida. Carla a médica de serviço dá instruções à
enfermeira para que faça imediatamente uma transfusão de sangue. Manuel salva-se mas
quer ser indemnizado por Carla e pela enfermeira por não ter autorizado a transfusão de
sangue o que no seu caso é especialmente grave uma vez que sendo testemunha de jeová
qualquer transfusão vai contra os seus princípios.

Quid Iuris?

RESPOSTA:

Ação – humana e voluntaria

Ilícita - viola a integridade física de alguém. Espetar agulhas no corpo de alguém sem
autorização.

Exclusão da ilicitude –

Art.340º/1 e 2- consentimento expresso anterior ou contemporâneo a prática do facto


lesivo

Art.340º/3 - O lesado não prestou o seu consentimento mas considera-se existente se: 2
requisitos: se deu-se no seu próprio interesse e de acordo com a sua vontade presumível.

A vontade presumível leva-nos para a vontade do lesado e no caso concreto não seria
esta a expressão de vontade que ele teria.

Vontade presumível- é aferida de acordo com o agente e não do homem medio mas se
for razoável ao agente conhecer a vontade do lesado. Só conseguimos extrair a vontade do
lesado se conhecermos o lesado. Se o agente não o conhece não tem forma nenhuma de saber
qual seria a sua vontade em concreto, então, nestas situações deve-se usar o padrão do
homem medio.

No caso concreto temos um acidentado que dá entrada no hospital em perigo de vida a


precisar urgentemente de uma transfusão de sangue. Nestas circunstâncias usamos o critério
objetivo do homem medio. O homem medio consentiria a transfusão? Claro que sim. Neste
caso estariam verificados os requisitos do nº3 e afastar-se-ia a vontade presumida do agente.

Relativamente as testemunhas de jeová o que tem acontecido é que ainda que o agente
saiba que o lesado é testemunha de jeová através de um colar ou etc., os médicos não sabem

30
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

se aquela seria a sua vontade (a pessoa mesmo sendo testemunha de jeová pode naquele
momento “arrepender-se” e mandar “lixar” a religião pois nunca se deparou com uma
situação de vida ou de morte). Se a pessoa está minimamente consciente e consegue
manifestar a sua vontade de recusar o tratamento medico não faz mal nenhum, mas in dubio
faz-se a transfusão de sangue.

Daqui acabava-se a responsabilidade civil extracontratual.

31
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

CASO PRATICO

Manuel passeava pela baixa do Porto quando subitamente e sem qualquer aviso parte
da fachada de um prédio devoluto e em mau estado de conservação ruiu tendo os destroços
atingido Manuel, este foi levado inconsciente para o hospital. O prédio é propriedade de Bento
e tem deixado em mau estado de conservação para que o inclino, que não aceitou uma
indemnização para abandonar o imóvel, se sentisse compelido a faze-lo face ao estado de
detioração.

No hospital Manuel está em perigo de vida, sabendo-se agora que os ferimentos se


revelariam fatais a verdade é que este morreu porque durante a operação cirúrgica a que foi
submetido, Carla, a médica de serviço violando a legis artis comete sucessivos erros que
acabam por causar a morte a Manuel.

A mulher de Manuel quer ser indemnizada pela morte do marido e quer que se inclua na
indemnização danos próprios que esta suporta nomeadamente todo o sofrimento que a perda
do marido lhe causou e causa.

Quid Iuris?

RESPOSTA:

O Manuel sem nenhum aviso viu cair sobre si os destroços de um prédio.

Relação causal entre Manuel (lesado) e Bento (lesante).

Responsabilidade Civil extra obrigacional.

Ação- no limite será nos termos do Art.486º uma omissão relevante

Para ter uma omissão precisamos de ter o dever jurídico de atuar para evitar este
resultado.

Bento omitiu o dever de conservação

Ilicitude- omissão é uma causa especial da ilicitude

Culpa- Art.492º

A técnica que existe 493 493 não são situações que afastam a regra geral da prova da
culpa, são situações que em benefício do lesado devem ser usadas se elas no caso concreto
não derem origem a afastar o dever de indeminização. Noa é indiferente ir à presunção de
culpa ou aplicar a regra geral. As exceções da presunção de culpa não afastam a presunção

32
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

geral de utilizarmos a prova da culpa. Podemos ter uma presunção de culpa e explicar porque
não a usamos e passar para a prova da culpa.

Proprietário que omitiu um dever legal de conservação do prédio que ruiu.

Inverte o ónus da prova e terá que ser o lesante a provar.

Dano- ferimentos de Manuel.

Nexo de causalidade – juízo de prognose póstuma colocamos um homem medio


naquelas circunstâncias e vemos o que é previsível para o homem medio verificar.

Face à omissão:

Ferimentos- são previsíveis

Morte- não é previsível pois o facto que a leva à morte é a incompetência da médica e
não o facto de as pedras lhe caírem em cima – interrupção ao nexo causal.

É previsível que ele tivesse morrido por causa da derrocada mas não morreu disso
morreu de outra coisa. Temos uma quebra do processo causal pois aquilo que o teria levado à
morte afinal não levou. Temos um novo processo causal entre a médica e o Manuel.

Logo, não conseguimos imputar a morte à omissão de Bento.

A única coisa que conseguiríamos imputar são os ferimentos até ao momento em que
ele chega a mesa de operações e a Carla em vez de diminuir o risco aumenta e acaba por o
matar de acordo com a violação da legis artis.

Logo, temos um nexo causal diferente para analisar.

Ex: A atira B da ponte para o matar. A pensava que ele ia bater na água e partir a cabeça.
B entrou de cabeça e morreu afogado. É um desvio irrelevante ao processo causal.

A atira B da ponte para o matar. Enquanto B está a cair C dá-lhe um tiro e mata-o. Neste
caso há um desvio relevante ao processo causal, não se pode imputar a morte a A.

Voltamos ao 492º pois temos o bento a indemnizar o Manuel pelos danos patrimoniais
que os ferimentos lhe causaram.

O que é que o Bento pode fazer? Afasta a presunção de culpa- não consegue porque
omitiu de propósito o dever de cuidado.

33
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

Conseguimos usar a causa virtual? Não. Pois o processo causal que dá origem ao dano
morte é sequencial não é paralelo. Ele só foi para o hospital porque o Bento não cumpriu com
o seu dever de conservação e daí resultou a violação da legis artis da médica.

Relativamente à médica e ao Manuel. Processo causal dos ferimentos até à morte.

Responsabilidade civil extracontratual. Se for publico o hospital demanda-se o hospital e


o estado é que é responsável pela indeminização. Se for privado demandam o médico e o
hospital (comitente e dever de garante pelo pagamento da indemnização).

Habitualmente:

Hospital publico – extracontratual

Hospital privada- contratual

Neste caso não há relação jurídica previa entre ambos pois ele entrou numa urgência.

Ação- omissão dos deveres da legis artis que está adstrita no âmbito do seu próprio
dever profissional.

Ilicitude- Omissão é ilícita pois ela não cuidou dos deveres que cuidados relativos a
prática medica.

Culpa- pelo menos negligência consciente ou inconsciente teria.

Dano- morte, dano pessoal suscetível de ser indemnizado

Nexo de causalidade- há, foi a violação da legis artis que deu origem à morte do Manuel.

O Manuel já não está cá, morreu com ele o direito à indemnização ou não?

O que se tem entendido é que quando está em causa o dano morte o direito à
indeminização não nasce na esfera jurídica do lesado mas sim na categoria de sucessíveis do
Art.486º do CC. Se concluíssemos que o direito de indeminização estava da esfera jurídica do
lesado não faria sentido o Art.496º do CC pois seria um direito de crédito que ele passaria de
forma hereditária.

No Art.496º do CC temos uma categoria de pessoas nas quais vai nascer o direito à
indeminização por causa de outra pessoa. O direito de indeminização apesar de o Manuel ser o
lesado nunca nasceu na esfera jurídica dele.

Neste caso concreto são os que estão no nº4.

34
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

04/11/2019

CASO PRATICO

Manuel funcionário de Bento é vendedor e aquando de uma deslocação para entrega de


equipamentos a um cliente atropelou Joaquim quando este passava a via de circulação numa
zona sem respetiva travessia de peões.

Não ficaram apuradas as causas do acidente mas ficou demonstrado que naquela via
não existia nas imediações qualquer passadeira mas Joaquim passou-a sem ter o cuidado de
olhar para os lados e avaliar a segurança da sua passagem.

No acidente Joaquim ficou com uma fratura exposta que face à gravidade implicou que
o membro inferior esquerdo tivesse que ser amputado por baixo do joelho impedindo agora
de exercer a sua atividade profissional.

Quid Iuris?

RESPOSTA:

Relacionar a responsabilidade laboral.

Manuel atropelou o Joaquim sem se saber

Manuel – lesante

Joaquim – lesado

AÇÃO – ato de conduzir o veículo automóvel que naquelas circunstancia embate no


corpo do Joaquim e faz com que a sua perna seja amputada

Humano- sim

Voluntario – dominado pela vontade

ILICITUDE – causa geral de ilicitude – 483º - Violação dos direitos de outrem – direitos de
personalidade ou tendencialmente absolutos e portanto ilícita.

CULPA – pressupõem que o agente seja imutável nos termos o 488º. Sob o qual pode
aferir o juízo de censura 487º vemos o critério do homem medio.

Prova da culpa – não a conseguimos fazer pois o homem medio pergunta “quais foram
as circunstancias? O Manuel conseguiria travar? Ia em excesso de velocidade? Conseguia

35
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

desviar-se ou não?”. Como não temos informação nenhuma para dar ao homem medio não
conseguimos fazer a prova da culpa.

Temos uma vicissitude- 503º/3 CC 1ª parte- neste caso Manuel tem contra si uma
presunção de culpa nos termos deste artigo, ou seja aqui não há causa virtual (só há causa
virtual no 491, 492 e 493). Há falta de presunção em contrário esta presunção é ilidível.

Cabe ao lesante Manuel demonstrar que não teve culpa pelo 487º. Agora é o Joaquim
que tem o ónus de demonstrar que o facto não se verifica, mas o homem medio contínua sem
saber pois os factos não foram provados, logo Manuel não consegue afastar a presunção de
culpa.

DANOS

Patrimoniais – danos hospitalares e de socorro 495, e a avaliação da perda de um


membro e os danos decorrentes da impossibilidade do exercício da profissão.

Não patrimoniais

NEXO DE CAUSALIDADE – Art. 563º CC

Juízo de prognose póstuma e avaliamos se é previsível que ocorram aqueles danos.

Logo, Manuel tem que indemnizar o Joaquim.

(Haveria aqui responsabilidade comitente – responsabilidade pelo risco).

Temos de apurar que a conduta do Joaquim não foi a mais linear de gestão de deveres
de cuidado, pois ele passou a estrada sem olhar para os lados.

Problema da culpa do lesado- Art.570º - mantem, reduz ou excluiu o pagamento de uma


indeminização por parte do lesante. Faz uma ponderação entre a culpa do lesante e a
contribuição do lesado.

Nº1- usamos sempre que tenhamos concluído pela prova da culpa do lesante, o tribunal
ou mantem, reduz ou até exclui.

Nº2- usa-se sempre que por conta do lesado ative-se uma presunção de culpa.

Neste caso, o lesado contribuiu ou não? Um homem medio naquelas circunstâncias faria
o mesmo? Até poderia passar fora da passadeira mas não teria atuado da forma descuidada
que o lesado atua, neste caso faríamos recair sobre o lesado uma censura.

36
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

Neste caso ficaria excluído o dever de indemnizar a cargo do Manuel e o lesado


suportaria todos os cargos.

(afastar-se-ia o art.500º na responsabilidade pelo risco)

05/11/2019

Continuação do caso pratico

(Quem responde normalmente é o comitente. Nos termos do Art.500º responsabilidade


solidaria sobre o comitente e depois o comitente terá regresso sobre o comissário.)

Há outro lesante nesta história. Manuel não responde pelos danos pois a culpa exclui-se
nos termos do Art.570º/2 CC. O comissário não tem o deve de indeminização.

Bento é responsável não porque é entidade empregadora mas sim porque é o dono do
veículo automóvel. A mera qualidade de proprietário de um veículo automóvel é suficiente
para a responsabilidade nessa qualidade. Responsabilidade do detentor do veículo automóvel
nos termos do Art.503º/1, veiculo esse que esteve no âmbito de uma responsabilidade civil
que pode não ser do próprio.

Neste caso nunca passaríamos pelo 483º pois o bento não tem qualquer
comportamento ilícito. A única hipótese é desencadear o Art.503º/1 do CC. Este artigo tem
requisitos próprios: 1- “aquele que tiver a direção efetiva de qualquer veículo de circulação
terrestre”- direção efetiva material- alguém que domina o controlo da condução (quem estiver
a conduzir), não é o caso pois estava a ser conduzido por pessoa diferente do dono do
automóvel; e ainda que não esteja a conduzir o veículo tem sobre ele domínio, não o domínio
de facto mas um domínio formal, ou seja, concluímos isto avaliando quem ou sobre quem
recai o ónus de controlar o destino da máquina e ter sobre ela o dever de respetiva
manutenção, significa que não basta ter o domínio factual, pode também ter direção efetiva
do veículo quem controla a direção e tem obrigação de fazer a respetiva manutenção. No caso
concreto, Bento é que controla a direção efetiva do veículo e o dever de fazer a respetiva
manutenção. O Manuel independentemente de ser comissario é detentor também, um tem o
domínio formal e outro tem o domínio material.

2- “O veiculo seja usado no seu próprio interesse, ainda que por intermedio do
comissario”- conduzida no interesse do detentor. Quando aquele que tem a direção efetiva do
veículo é um comissario nessa qualidade a viatura é conduzida não no seu interesse mas no
interesse do comitente. Neste caso, Manuel tem a direção efetiva mas não tem o interesse na

37
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

condução na mesma, Manuel não tem os 2 requisitos cumulativos por isso não tem
responsabilidade. Bento nos termos do Art.503º/1 é o detentor do veículo automóvel.

Bento responde pelos danos dos riscos próprios do veículo: diz respeito ao próprio
veículo (a maquina falha e ninguém percebe porque), vias de circulação (choveu muito e o
carro entrou em aquaplanagem, folhas, buraco rebentou um pneu) ou então condutor do
veículo automóvel (condutor teve uma doença súbita e morreu). Dentro destas inclui-se todas
as situações em que há um acidente e ninguém entende o que acontece. Pela existência do
veículo se potencia a existência de um risco que não se consegue imputar responsabilidade
mas os danos existem pela circulação do veículo, não significa que ele esteja em andamento
pode estar parado (veiculo parado e explode).

Temos riscos próprios do veículo- acidente que ninguém entende o que aconteceu

Pelo Art.503º/1 o Bento responde pelo risco da circulação do veículo automóvel.

Qualquer dano provocado por um veículo automóvel seja ressarcido, pois a


responsabilidade pelo risco tem a ideia da ressocialização do risco e o legislador acha que
quem trás para a sociedade o risco tem que suportar a indeminização.

A contribuição culposa do lesado é chamada aqui?

Art.505º é a forma de incluir alguma justiça- neste caso não sabemos qual é a causa do
acidente. Sabemos que o lesado tem culpa, mas não sabemos a causa, não obstante sem
prejuízo do Art.570º.

Aplica-se o Art.570º ou não?

Art.570º -

Nº1 culpa provada

Nº2 culpa presumida

Se desencadeamos a responsabilidade do Art.503º/1 é uma responsabilidade objetiva.

O Art.570º/2 – não havendo culpa do lesado a indeminização não é a mesma use ou não
uma presunção de culpa? Sim.

O lesado ou não quer ou não consegue fazer a prova da culpa. Usa-se a presunção de
culpa. O lesante também não quis ou não conseguiu. Usa-se a presunção de culpa.

38
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

Diabolica provacios – situações em que quem está melhor posicionado para saber se há
culpa ou noa não é o lesado mas sim o lesante. Seria difícil ao lesado fazer a prova na culpa
naquelas circunstâncias.

Art.570º/2- está para introduzir algum elemento de justiça distributiva a situação,


quando por um lado o lesado não consegue fazer prova da culpa e usa uma presunção de
culpa, é muito difícil ao lesante afastar a presunção de culpa, o legislador vai dando hipóteses
de afastar o dever de indemnizar.

Na culpa presumida é muito difícil fazer a prova da culpa, também é difícil ilidir a culpa.

Culpa provada e culpa presumida é difícil em termos de tramitação provatória difícil de


afastar.

Interpretação enunciativa – se o legislador acha que a censura que se faz ao lesado é


suficiente para afastar uma indeminização contra o lesante.

Para o legislador não é indiferente. Sobre quem recai uma censura provada há-de recair
sobre si um ónus negativo ou seja o dever de indeminização. O choque entre quem tem culpa
provada e quem não tem culpa será pelo menos o que está no Art.570º/2.

Bento na qualidade de detentor é responsável objetivamente no art.503º/1 excluindo-se


a sua culpa nos termos do Art.570º/2 através de uma interpretação enunciativa.

Culpa provada do lesante - Responsabilidade subjetiva vs culpa do lesado – nº1

Responsabilidade subjetiva fundada numa presunção de culpa ou responsabilidade pelo


risco- dever indemnizatório do lesante é afastado – nº2

Só se não conseguirmos usar o Art.570º é que usamos o Art.505º CC.

39
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

11/11/2019

CASO PRÁTICO

A está gravida de 20 semanas e foi-lhe indicada um médico obstetra para a realização de


ecografias morfológicas do feto até ao final da gravidez.

B o médico indicado realizou todas as ecografias não tendo detetado qualquer patologia
à criança tendo, de acordo com os procedimentos da legis artis realizado todos os exames sem
que em qualquer um desses tenha feito alguma reserva no que tange a qualquer dificuldade
de observação e avaliação.

No dia do parto a criança nasceu com vida, sem nariz, olhos e parte do crânio e massa
encefálica.

Os pais da criança propõem contra o médico uma ação de responsabilidade civil em seu
nome pessoal e em representação do filho que nasceu com vida mas que face à patologia
descrita tem uma curta esperança média de vida para além de ser totalmente dependente e
sem qualquer possibilidade de alteração deste quadro. Ficou demonstrado que as patologias
da criança se devem a uma má formação congénita e, portanto não imputável ao medico, mas
fica ainda demonstrado que os exames morfológicos realizados, quando em conformidade
com a legis artis apresentam um grau de certeza equivalente a 99,99%.

Aprecie a eventual responsabilidade do médico perante a situação descrita.

Quid Iuris?

RESPOSTA:

18/11/2019

Matéria toda até responsabilidade civil por factos ilícitos: incluindo causas de exclusão e
de justificação.

Não sai responsabilidade civil por factos lícitos nem pelo risco.

Responsabilidade civil

Situação de um médico que atua no âmbito do serviço nacional de saúde.

Temos responsabilidade civil contratual e extracontratual.

Senhora contrato com o hospital, com o médico e etc. Quem dá origem aos danos? O
médico.

40
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

A existir algum vínculo pré existente há um contrato de prestação de serviços médicos.

Normalmente a função pública tem sido levada para o sistema contratual, quanto ao
paciente há uma prova difícil de fazer que é a violação da legis artis. Ainda que estejamos no
SNS temos sempre o pagamento de uma quantia, no caso de dúvida devemos sempre optar
por uma relação jurídica contratual porque o lesado beneficia sempre de uma presunção de
culpa.

Na pureza dos conceitos: se for um sistema privado (relação jurídica é contratual) se for
pulico (considerando que a taxa moderadora é simbólica deve ser apurada a responsabilidade
civil extracontratual apesar de em algumas hipóteses ser admitido a responsabilidade
contratual por causa da presunção de culpa). Nos hospitais públicos o estado é demandado
nesta ação. Nas entidades privadas temos uma relação de comitente comissario, Art.500º CC
responsabilização do médico mediante pagamento de uma indemnização.

Neste caso não conseguimos identificar o contrato de prestação de serviços. Por isso
vamos concluir que a responsabilidade civil extracontratual.

Esta situação é muito particular.

RESPONSABILIDADE CIVIL EXTRACONTRATUAL (porque não temos dados concretos para


uma doutrina efetiva).

1º Requisito – FACTO

Lesante- médico

Lesado – criança

Facto é

NOTA: Estas ações são comumente conhecidas como: wrongful life, wrongful birth.

Dano: lesões da criança (são congénitas).

Violação do direito a interromper voluntariamente a gravidez.

Os danos são os da chamada perda de oportunidade de fazer cessar aquela gravidez.

Os danos que daqui recorrem são todos os danos patrimoniais e não patrimoniais de
não ter sido dado à mãe a oportunidade de ela não ter nascido.

A partir do momento em que ela nasce não se pode fazer recair sobre a criança qualquer
tipo de danos causados pelo médico. A vida da criança é Hípsis verbis igual a qualquer outra.

41
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

Os danos decorrem da perda de oportunidade de haver uma interrupção voluntaria da


gravidez. Ela não o ter podido fazer a comparação da vida dela agora com a vida que ela tinha
é que suscetível de danos.

A mãe é que é a lesada.

Então qual é o facto do médico?

FACTO: Omissão de não ter feito o diagnóstico que lhe permite a interrupção voluntaria
e lícita da gravidez.

ILICITUDE: ilícito

Imputável ou não? Sim!

CULPA – Critério do Homem médio

Colocamos o homem médio (homem medio médico) nesta situação e ou esta patologia
era de acordo com os exames que devem ser efetuados diagnosticável (aí concluímos que há
culpa) ou não são diagnosticáveis (não há culpa).

Ónus da prova – ou demonstramos e fazemos prova da culpa ou então podemos


concluir eu o medico medio não consegue.

A obrigação do diagnóstico decorre com a legis artis medica.

De acordo com a legis artis médica e de acordo com as ecografias morfológicas não ser
detetável nenhum tipo de mal formação. O médico pode dizer que não consegue medir.
Quando o feto é visualizável o grau de precisão das ecografias é de 99,9 por cento. Logo 99,9
são obrigações de resultado, ou seja, pela caracterização desta obrigação no caso concreto o
médico teria de as identificar. Obrigação de diagnosticar é meramente uma obrigação de
meios a não ser que a lei tipifique que é uma obrigação de resultado

No nosso caso não conseguimos fazer a prova da culpa ou seja cessa a responsabilidade
civil de acordo com esta questão.

Se fosse uma das situações em que conseguimos identificar uma obrigação de resultado
concluímos que o médico atuou com culpa. Imaginemos que a omissão legal impõe ao médico
uma obrigação de resultado.

DANOS – todos os danos de a esta mulher não ter sido dada a possibilidade da
interrupção da gravidez.

42
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

NEXO DE CAUSALIDADE- juízo de prognose póstuma em que comparamos todos os


danos decorrentes da senhora poder ter feito a interrupção voluntaria da gravidez.

Esta é chamada a ação de wrongful birth- não ter sido dada a oportunidade de a mãe
não ter podido interromper a gravidez.

Wrongful life – problema do nascimento da criança

RELATIVAMENTE A CRIANÇA

RESPONSABILIDADE CIVIL

A haver omissão é não diagnóstico – ilícita

Obrigação de resultado e que o médico deveria ter conseguido diagnosticado

DANOS- sofrimento da criança ter uma vida com um problema destes

NEXO DE CAUSALIDADE- como se faz neste caso especifico? O nexo é através de um


juízo de prognose póstuma que se compara a situação em que se está e a situação em que
estaria.

Ressarcir os danos importa passar por este critério. Por causa desta ação temos danos.
Temos que comparar como ela está e como ela estaria. Ela estaria morta.

Este nexo sufraga um exercício ultrativo do direito à eutanásia e isso não é concebível
face à nossa constituição e então não é suscetível de responsabilidade.
INCONSTITUCIONALIDADE

No limite chegaríamos à situação em que se fosse concebível esta situação a criança


teria a mesma indeminização que os pais. Em abstrato seria concebível uma ação contra os
pais por eles não terem concebido a interrupção voluntaria da gravidez.

O que aqui está em causa é o não diagnóstico que desse origem à possibilidade destes
pais decidissem se queriam ou não interromper a gravidez.

Wronful life – inconstitucional devido ao nexo de causalidade

Wrongful birth – suscetível do direito de indeminização

43
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

26/11/2019

RESOLUÇAO DO CASO PRATICO DO TESTE

A pegou numa barra de ferro para bater a M

J viu a cena toda pega na sua arma aponta-lhe à cabeça e mata-o.

Responsabilidade do J

A haver responsabilidade civil será a extracontratual.

Facto voluntario – disparar naquelas circunstâncias um tiro na cabeça de A.

Humano e voluntario. É humano e voluntario pois há um controlo mecânico


relativamente a este facto.

Ilicitude – causa geral- violação do direito à vida – direito absoluto – Art.483º e ss

Há alguma causa de exclusão? Sim! Legitima defesa.

Agressão atual – agressão de A contra M, no sentido que é eminente

Ilícita- ele pega na barra de ferro quando o outro também ofende a sua consideração o
seu bom nome e a sua reputação, ele nunca estaria numa situação de legítima defesa.

Temos uma legítima defesa de terceiros- impossibilidade de recurso pelos meios


normais

Prejuízo do A – ponderação – está verificada.

Excesso de legítima defesa – desadequação dos meios.

Para todo o processo causal que ele desencadeia o ato está verificado? Não. Parte do
processo causa desencadeado ultrapassa um dos elementos relativamente aos meios e ao
resultado obtido. Como é que uso esses meios e que resultado devo ter? Todo o processo está
no âmbito da legítima defesa ou temos algo que deveríamos ponderar? Tiro que desencadeia a
morte.

Quanto ao meio o único que conhecemos é a arma, não conseguimos saber se é o


menos gravoso. Pois o que ele tem que fazer é a ponderação dos meios que tinha à sua
disposição.

44
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

Como é que ele utiliza o meio? Neste caso o prejuízo causado é manifestamente
superior. Ele poderia usar a arma e nunca chegando à morte do lesado. Poderia ter dado um
tiro para o ar, um tiro para a perna, etc..

A questão que se colocaria era se podemos ou noa usar o Art.337º/2 CC – concluir que
temos uma situação de legítima defesa em excesso e tem que haver medo ou perturbação não
culposo do agente. Neste caso não acreditamos que o lesante estaria com medo ou
perturbação.

O facto de não se verificar significa que estamos perante um excesso de ilicitude.

CULPA – o homem médio faria a mesma coisa? Não há nenhuma causa de exclusão da
culpa.

Dano – dano morte

Nexo de causalidade – juízo de prognose póstuma

Requisitos verificados significa que nesta situação há a suscetibilidade de o agente


indemnizar – Art.496º/2 CC

45
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

02/12/2019

CASO PRÁTICO

Manuel emprestou a Maria o seu automóvel para que esta, durante o fim-de-semana
fizesse as mudanças para a sua casa nova. Durante um dos percursos Maria despista-se, sem
que fossem apuradas as causas do acidente e acaba por embater em João que se encontrava à
porta de casa.

Daquele embate João ficou seriamente ferido com um período de internamento de 30


dias, diversas operações cirúrgicas que resultaram numa incapacidade permanente para o
trabalho e 30 por cento.

Pronuncie-se quanto à factualidade descrita.

RESPOSTA:

Responsabilidade jurídica obrigacional, não há relação jurídica prévia.

Não temos fonte jurídica de obrigações prévias.

Art.483º - prática de factos ilícitos.

AÇÃO – facto voluntário

Ato de conduzir um veículo automóvel que resulta do embate no corpo de joana.

Facto humano e controlável

ILICITUDE

Causas gerais- Art.483º CC - violação de direitos absolutos

CULPA

Regra- primeiro temos que ver nos termos do Art.488º se o agente é ou não imputável.
Neste caso é, só se presume imputabilidade nos menores de 7 anos.

A regra é que não há presunções de culpa. Nos termos do Art.487º é o critério da pessoa
humana média. Ou seja, colocamos uma pessoa media na situação do agente. Neste caso não
conseguimos fazer a prova da culpa porque não sabemos a razão pelo qual ocorreu este
acidente.

Resta-nos então recorrer à presunção de culpa: Art. 491º/492º/493º E 503º CC

46
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

A funcionar algum será o do Art.503º/3 primeira parte. Para aplicarmos este artigo
temos que verificar o requisito (alguém que conduz o veiculo no interesse de outrem – não é o
caso).

Temos um contrato de comodato, alguém empresta o veículo para interesse do


comodatário e não do comodante.

RESPONSABILIDADE PELO RISCO – prescinde da culpa do lesante mesmo que ele


demostre que não tinha culpa e que o padrão de comportamento é superior ao do homem
médio.

A ser aplicamos a responsabilidade do Art.503º/1 CC. Aplicamos a culpa à Maria.

Requisitos:

- Direção efetiva- controla o veículo;

- Utiliza-o no sue próprio interesse – sim;

- Responde pelos riscos próprios do veículo – riscos são de 3 espécies (condutor, vias de
circulação e a insusceptibilidade de controlar a própria maquina). Como não conseguimos
apurar as causas do acidente temos uma situação inerente à condução do automóvel.

Verificam-se os requisitos do Art.503º/1 CC, por isso ela responde pelos danos causados
ao João, responsabilidade meramente objetiva. Responde também pelo facto de ele ficar com
uma incapacidade.

E o Manuel não responde? Não pratica um facto voluntario.

O Manuel não tem um tipo de intervenção nem situação de omissão de deveres de


cuidado. Ele emprestou o carro portanto não conseguimos desencadear qualquer tipo de
responsabilidade. Se passarmos para a responsabilidade objetiva temos que ponderar se ele
não é alguém que responde pelo Art.503º/1 na qualidade de dono do veículo.

Requisitos:

- Direção efetiva – material é da maria e formalmente suscetibilidade de controlo


daquilo eu é o destino e obrigações do automóvel (levar À revisão, pneus, etc.). Se fosse u
alugue o dono perdia a condução efetiva do veiculo. A maria usa o carro no fim-de-semana
mas depois volta ao dono, então quem contra inerentemente é o Manuel. A doutrina faz uma
distinção entre os contratos de comodato de curta e longa duração. Curta duração (a não ser
que se retire do corpo do contrato o oposto) - o proprietário continua a ter a direção efetiva

47
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

meramente formal do veículo porque apesar de não ser ele a conduzi-lo durante aquele ato
temporal ele mantem na sua esfera jurídica todas as obrigações ao veículo automóvel. Longa
duração – o vínculo relativamente ao proprietário perde-se e ele perde a direção efetiva
também, por isso se for longa duração tem que se segurar o condutor habitual do veículo
automóvel. Neste caos obriga-se a que o segurado não seja o proprietário mas sim o
comodatário, significa que para pagamento de fundo automóvel ele passa do proprietário para
o comodatário. Curta duração – 3 a 6 meses. Longa duração – superior a 6 meses.

- Usado no seu próprio interesse- o problema é ter um contrato gratuito. Se fosse


oneroso o proprietário teria sempre interesse porque teria interesse em receber o dinheiro. A
doutrina aqui entende que o comodante tem interessa na condução do veículo, não é
patrimonial mas sim a ordem jurídica tutela aquilo que são as esferas jurídicas das partes,
ainda que não haja um interesse patrimonial o comodante tem um interesse pessoal. Qual
interesse pessoal? Aquilo que não existe nos contratos onerosos que são os laços subjetivos
que ligam as partes, como os laços da doação. Cada um dá a quem gosta, empresta a quem
gosta, etc.

Neste caso concreto temos um dano feito pelo veículo automóvel, pelo preenchimento
destes requisitos o comodante também tem responsabilidade.

Temos um concurso de responsabilidade entre Manuel e maria, ambos são


solidariamente responsáveis pelo Art.507º CC. O juiz repartirá as respetivas proporções para
cada um e entre elas haverá direito de regresso.

Nota: Até ao limite máximo do veículo automóvel demanda-se a seguradora. Só se


ultrapassar o limite máximo do capital segurado demanda-se os responsáveis ou então só se a
segura achar que tem direito de regresso faz um incidente de intervenção provocada. Noa se
demanda os responsáveis, demanda-se apenas a seguradora.

COMODATO DIFERENTE DE COMISSÃO!

Os estragos do veículo já é um problema de responsabilidade contratual, Maria tem


obrigação de devolver o veículo nas condições em que ele se encontrava.

48
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

03/12/2019

CASO PRÁTICO

Manuel é funcionário de Joaquim numa empresa de transporte de mercadorias. Numa


das entregas Manuel recebeu uma chamada da escola do filho e decidiu ir busca-lo ao colégio.

Já no percurso para casa para deixar a criança aos cuidados da avó, Manuel despistou-se
sem que fossem apuradas as causas do acidente acabando por embater no carro de Maria que
se encontrava estacionado.

Afira a eventual responsabilidade de Manuel e Joaquim no ressarcimento dos danos


causados na viatura de Maria.

RESPOSTA:

RESPONSABILIDADE DO MANUEL

Responsabilidade extra-obrigacional, ainda que haja um contrato e trabalho.

Facto jurídico-

Ilicitude- causa geral – violação do direito de propriedade de maria (direito absoluto)

CULPA- temos imputabilidade nos termos do 488 portanto Manuel é imputável e é


suscetível de um juízo de censura.

Juiz de censura – Art.487º CC – através do critério do homem medio, colocamos nas


circunstâncias de tempo e lugar com os conhecimentos especiais do agente. Se for igual não há
censura que for diferente desencadeamos um juízo de censura. Não conseguimos formular
aquilo que seria o padrão de comportamento medio. Não conseguindo fazer a prova da culpa,
a insusceptibilidade de a demonstrar significa que ele não a consegue fazer desencadear pela
prática de factos ilícitos no caso concreto.

E presunção de culpa? Art.503º/3, 1ª parte CC. Desencadeamos ou não? No Art.503º/3,


1ª parte as pessoas têm 2 fatores contra elas: exercem no âmbito profissional a condução do
veículo automóvel e por outro lugar o legislador tem subjacente a ideia que relativamente à
condução de veículos por conta de outrem é menos dolosa do que a condução do veículo
próprio. Temos uma possível presunção de culpa pelo Art.503º/3, 1ª parte.

Temos aqui um segundo elemento: não basta conduzir o veículo por conta de outrem
tem que ser no exercício das funções, este acidente dá-se fora do exercício das funções, o que

49
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

significa que não temos presunção de culpa nos termos do Art.503º/3, 1ª parte não recai sobre
ele uma presunção de culpa por falta da verificação do segundo requisito.

Acaba aqui a responsabilidade subjetiva será que conseguimos desencadear a


responsabilidade objetiva (Art.503º/1)? Temos um risco próprio da condução do veículo
automóvel, é ele que domina a máquina, conduz no seu próprio interesse o que significa que
Manuel responde pela responsabilidade do veículo automóvel na responsabilidade pelo risco
de acordo com o Art.503º/1 CC.

JOAQUIM

Não conseguimos em relação a ele desencadear nenhum facto voluntario. Só lhe


conseguimos imputar responsabilidade objetiva.

Ele é chamado como comitente- Art.500º CC. Ele é garante do pagamento de


indeminização em relação ao seu comissario desde que se verifiquem os requisitos DO
Art.500º CC. Temos uma relação de comissão? Sim. O facto danoso ter sido praticado no
exercício da função que lhe foi confiada. Não está no exercício das funções, por isso não há
responsabilidade do Joaquim na qualidade de comitente.

Se se verificassem o comitente é garante de indeminização por parte do comissario e


depois tem direito de regresso. O direito de regresso é ponderado segundo: escolha, controlo
das funções e instruções dadas ao comissário.

Art.503º/1

O Joaquim tem direção efetiva do veículo automóvel? Sim.

Conduzido no seu próprio interesse? Não.

Por isso ele não responde na qualidade de detentor do veículo automóvel.

O único responsável aqui é Manuel.

É preciso perceber se de alguma forma há algum tipo de ponderação da indeminização


que vai ser paga à Maria nos termos do Art.506º CC. Neste caso só uma pessoa é que dá
origem aos danos- Art.506º/1, 2ª parte CC.

ENTRE MANUEL E JOAQUIM

Problema de responsabilidade contratual em relação ao veículo automóvel.

50
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

09/12/2019

Responsabilidade pelo risco – mistura entre responsabilidade subjetiva e pelo risco.

CASO PRATICO

Manuel emprestou o carro a Bento para que este fosse levantar uma encomenda de
livros que Manuel havia feito na Almedina que se encontrava nas instalações da rua de Ceuta
em depósito. Naquele percurso Bento sem que nada o consiga explicar despista-se e acaba por
embater em Mário que atravessava a rua numa passadeira tendo acabado por falecer ainda no
local.

A autopsia revelou que Mário padecia de um cancro em fase consideravelmente


avançada e que se revelaria fatal nos próximos dias subsequentes ao atropelamento.
Pronuncie-se quanto à eventual responsabilidade pela morte de Mário considerando que os
seus herdeiros, a mulher e os 2 filhos, reclamam uma indeminização pela morte deste, bem
como pelo desgosto que pessoalmente sentem pela perda do marido e do pai respetivamente.

RESPOSTA:

Responsabilidade civil extra obrigacional pela pratica de factos ilícitos

Responsabilidade de Bento pela morte de Mário

FACTO:

Voluntario – conduzia o veiculo automóvel

Humana

ILICTUDE:

Sim. Viola um direito absoluto de Mário aquando do embate

CULPA:

Para aferir um juízo de censurabilidade temos que aferir se o agente é imputável.


Utilizamos o critério da pessoa humana media, que nos diz que só é possível fazer recair este
critério quando é possível fazer termos de comparação com a pessoa humana.

Art.488º - concluímos que este agente é imputável. Só não seria se fosse menor de 7
anos ou sem culpa não conseguisse entender o facto ilícito que praticou.

51
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

Art.487º - juízo de censurabilidade – comparando aquilo que seria a atuação do agente


vs a atuação que outra pessoa média teria naquelas circunstancias de tempo e lugar. Não
sabemos quais foram as causas do acidente por isso o agente não tem culpa provada nos
termos do Art.487º CC.

E presunção de culpa tem? Art.503º/3. 1ª parte CC. Neste caso concreto estabelecemos
uma relação de comissão entre Manuel e Bento. Relativamente ao Bento fazemos recair uma
presunção de culpa nos termos deste artigo.

Para já BENTO tem culpa presumida. Usamos o critério do Art.487º CC. O homem medio
não consegue ilidir esta presunção de culpa porque não sabemos como ocorreu o acidente.
Por isso Bento tem culpa presumida nos termos do Art.503º/3, 1ª parte CC.

DANO:

Dano morte. É ressarcível.

NEXO DE CAUSALIDADE:

Art.563º CC. Através de um juízo de prognose póstuma, questionando-se a pessoa


humana se é previsível que com determinado facto ocorra determinado dano. Neste caso é
previsível que alguém levando com um automóvel no seu corpo acabe por falecer? Sim.

Já cessou a personalidade jurídica de Mário e os herdeiros vêm reclamar a


indeminização. Podem? Nos termos do Art.496º CC – o direito indemnizatório não é um direito
derivado do de cuiús que entra no direito sucessório. Se eles entrassem na qualidade de
herdeiros não se utilizaria este artigo. Pela morte da vítima neste caso é dos cônjuges e filhos o
direito à indeminização não na qualidade de herdeiros mas na qualidade de titulares do direito
à indeminização.

Danos não patrimoniais que não decorrem diretamente do dano morte. Art.496º/4 CC,
portanto é possível fixar danos não patrimoniais aos titulares do direito à indeminização.

E o facto de ele estar canceroso tem alguma relevância ou não?

Nos âmbitos da indeminização, a idade e o estado de saúde da pessoa são


determinantes aquilo para fixar o contributo que se perde para o agregado familiar. O facto de
ela padecer de uma patologia, poderia entrar aqui o factor da morte breve e efetiva. O
elemento da esperança media de vida seria afastado.

Está verificado que o Bento pagaria a indeminziaçao.

52
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

RESPONSABILDIADE COMITENTE

Ver se estão reunidos os requisitos do Art.500ºCC.

Ver se temos relação de comissão- alguém encarregou a entra fazer

Sobre o comissario cai o dever de indeminização? Manuel garante o pagamento deste


indemnização solidariamente com o comissario tendo depois direito de regresso sobre aquilo
que pagar a não ser que o Bento demonstre que o comitente também atuou com culpa para a
produção daquele resultado.

Qual é a culpa que pode ser imputada ao comitente? Art.500º/3 CC. Que culpa é esta?
Culpa na escolha, culpa no controlo da ação ou nas instruções que se dá.

A culpa faz-se através da prova da culpa através do Art.487º CC.

Não conseguimos fazer prova da culpa por isso não conseguimos imputar nenhum tipo
de censura ao comitente, por isso se ele pagar o direito de regresso sobre o todo é total.

Portanto temos o Bento – responsabilidade subjetiva com culpa presumida.

Manuel – responsável com direito de regresso sobre o Bento.

Art.503º/1 CC- responsabilidade do Manuel.

Manuel tem que ter direção efetiva do veículo – tem formal.

É utilizado no seu próprio interesse? Sim.

Responde pelos riscos próprios do veículo, ou seja, neste caso o Manuel responde na
qualidade de comitente e de detentor do veículo automóvel.

O Bento também responde na qualidade de responsável pelo veículo?

Tem direção efetiva? Sim

É usado no seu interesse? Não.

ENTRE MANUEL E BENTO

Manuel já o era na ideia de comitente- torna-se responsável em garantir no pagamento


da indeminização.

53
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

Manuel responde como garante de um facto alheio na qualidade de detentor o facto é


lhe imputável a ele.

Nas relações externas são todos solidariamente responsáveis haja culpa ou não.

E nas relações internas? Art.507º CC.

Se for uma responsabilidade pelo risco de todos reparte-se com interesse, se houver
culpa de alguém só aquele que responde subjetivamente é que suporta o valor total da
indeminização. Remete-se para o Art.497º CC. Pagando qualquer um deles há direito de
regresso sobre o que responde subjetivamente.

Apesar de Manuel e Bento tendo responsabilidades pessoais, na qualidade de detentor


do veículo Manuel está em concurso efetivo com o Bento. A responsabilidade subjetiva
absorve a responsabilidade objetiva.

Neste caso necessariamente a no ser que fosse ultrapassado o limite máximo da


indeminização, demandava-se a seguradora exclusivamente.

54
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

10/12/2019

CASO PRATICO

Manuel é o feliz tutor de Concha uma amorosa cadelinha Caniche, durante as férias,
Manuel deixou o animal aos cuidados do hospital veterinário do Porto que têm serviços de
hotel para estes animais.

Num dos dias em que o funcionário Bento levava a Concha a passear apercebeu-se que
o animal, sem que nada o consiga justificar muito nervoso quando se aproximava crianças. O
funcionário divertia-se com a reação do animal e não só deixava que crianças se aproximassem
como as instigava a faze-lo.

Carlos um menino com 5 anos aproximou-se do animal , apos a mãe ter perguntado ao
funcionário se era seguro fazê-lo, o que este confirmou, e a cadela, já visivelmente nervosa
acaba por morder o menino numa mão o que levou à amputação do indicador da mão
esquerda.

Pronuncie-se quanto à responsabilidade pelos danos sofridos pela criança.

RESPOSTA:

Responsabilidade do Bento com a criança. Os danos que estamos a analisar são os da


criança. Não analisamos a responsabilidade do animal pois este não tem personalidade
jurídica.

Responsabilidade civil extra obrigacional, pois noa há nenhum negócio jurídico prévio e
ainda que haja estamos a analisar nesta relação concreta.

Pela prática de factos ilícitos.

AÇÃO

Omissão do dever de cuidado. Ele está obrigado? Sim, por força do contrato com
Manuel, ainda que não tenha sido com ele, ele é o executor desse contrato.

Temos uma omissão relevante nos termos do Art.486ºCC que obriga esta pessoa a atuar
com zelo de forma a evitar os danos causados pelo animal.

Temos uma ilicitude por incumprimento deste dever jurídico de atuar.

Humano- sim

55
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

Voluntario – sim

ILICITUDE – sim.

CULPA

Não sendo menor de 7 anos e não estando em situação de incapacidade, ou seja, numa
situação de não conseguir entender e querer o bento é imputável nos termos do Art.4

CULPA

Art.487º CC

Art.493º/1 CC

O Art.493º é para o Bento, para Manuel ou para ambos? Neste caso é o bento porque é
o responsável temporário ocasional, ou seja, aquele que não tem um poder de facto efetivo de
vigiar, este artigo não se desencadeia para os proprietários.

Usamos a presunção de culpa do Art.493º inverte-se o ónus pelo 487º, ou vamos ao


Art.487º?

Nota: nada no caso prático diz que ele previa que a cadela pudesse morder a criança, a
questão é que ele achava graça ao ver a cadela nervosa, ou seja, o seu comportamento deveria
ser diferente. No limite a ação não é omitir o dever de cuidado, ele instigava as crianças a
aproximar-se. A cadela é a arma nas mãos do Bento. Não se denota que ele queira que a
cadela morda a criança. O comportamento dele é censurável.

Temos uma presunção de culpa que é exceção à regra da prova da culpa. Neste caso
usamos a presunção ou não devemos usar?

O legislador é discriminatório quando sobre o lesante há uma responsabilidade subjetiva


sob a culpa sobre factos ilícitos ….

Culpa do lesado.

Para o legislador há um tratamento diferenciado quando ….

Ainda que o 493 seja uma regra especial porque..

Como sabemos se há uma presunção de culpa ou passamos para a culpa provada

O lesado tem algum tipo de culpa ou não no caso concreto? Não.

56
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

Não estamos a aferir a culpa do lesado porque o lesado não é suscetível de um juízo de
censurabilidade. A conduta da mãe contribui ou não para os danos? Colocando um homem
medio na situação da mãe. Ela perguntou se era perigoso ou não. Neste caso concreto a
senhora junto de um tratador de um animal, animal pequenino. A senhora ultrapassa o seu
dever de cuidado perguntando se se pode aproximar e se é seguro.

Não havendo contribuição culposa do lesado, neste caso o lesado pode socorrer-se à
presunção de culpa do Art.493º/1 CC.

O lesante consegue inverter o ónus de prova? Um tratador medio teria feito o que ele
fez? Não.

Graduação da culpa: dolo eventual ou negligência consciente. Na dúvida estaríamos


mais para a negligência consciente. Ele admite que um animal nervoso possa morder alguém.
No limite a classificação negligente é a única relevância que a graduação da culpa tem, pode
alterar o critério dos danos da indeminização, sendo assim uma indemnização mais baixa nos
termos do Art.494º CC.

DANO

Temos danos que é a desfiguração da mão desde logo, dano físico, a dor, o dano
estético de ter sido cortado um dos dedos.

NEXO DE CAUSALIDADE

Art.563º CC

Através da teoria da causalidade aqueda e um juízo de prognose póstuma aferimos da


previsibilidade de determinado comportamento dar origem a um determinado resultado.

Há nexo de causalidade.

Bento indeminização esta criança pelos danos praticados nestas circunstâncias.

MAE DA CRIANÇA

Questão da omissão do dever de cuidado dela.

É ilícita.

CULPA

57
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

Podemos recorrer à presunção do Art.491º CC? Pra a própria da criança tem que ser a
regra do Art.497º CC. Um homem médio faria o mesmo por isso não há juízo de
censurabilidade.

Cessa a responsabilidade pelo risco e não há responsabilidade.

HOSPITAL

Relaçao de comissão entre Bento e o hospital. Art.500º CC

É no exercicio das funções? Sim.

A clinica veterinária é garante.

Há alguma coisa no caso prático que nos termos do Art.500º/3 a clinica se


responsabiliza? Só se houver culpa da sua parte.

Como não há culpa da sua parte nso termos do Art.500º tudo aquilo que a clinica pagar
em nome de bento tem direito de regresso da totalidade.

RESPONSABILIDADE DE MANUEL

Responsabilidade extra obrigacional relativamente a criança

Tem um dever de cuidado por lei na qualidade de tutor da concha que omitiu.

Ele não tem culpa, portanto não há nenhum tipo de responsabilidade subjetiva.

Mas temos o problema do Art.502º, os proprietários não têm presunção de culpa, têm
desde logo uma responsabilidade abrangente, independentemente de culpa eles respondem
pela relação dos animais que têm.

Art.502º CC – temos responsabilidade de Manuel, pois a existência do animal faz com


que os proprietários serem responsáveis pelo animal.

Concurso de responsabilidades.

Bento – subjetiva

Clinica – de garantia

58
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

Manuel - ….

Manuel é responsável pelo risco e o Bento é responsável subjetivamente, a


responsabilidade subjetiva absorve as outras responsabilidades. Logo o Bento paga
integralmente. O risco do comitente é a insolvência do comissario, o risco é depois não
conseguir estabelecer o direito de regresso para com a clinica.

59
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

CASO PRATICO

Durante as férias Manuel deixou o seu gato o Tico aos cuidados da vizinha Maria para
que esta tomasse conta do animal naquele período de tempo. Durante uma noite o animal
sentiu-se mal e Maria levou-o ao veterinário que diagnosticou um severo problema no
estomago que implicava uma cirurgia imediata sob pena de, sem esta, o animal não ter
qualquer hipótese de sobrevivência.

Maria aceitou realizar a cirurgia que, com o demais tratamento implicou um custo de
1500€. Quando regressou Manuel foi confrontado por Maria para a devolução daquele
montante, foi recusado prontamente por Manuel que alega que nada tem a pagar que tal
como custo deve ser suportado por Maria já que a decisão foi sua.

Pronuncie-se sobre a factualidade descrita.

RESPOSTA:

Que tipo de facto jurídico prévio temos? Temos um negócio jurídico entre o Manuel e a
Maria, apesar de termos um negócio jurídico a discussão seria se de um negócio jurídico a
Maria tinha obrigação de providenciar este tipo de socorro ao animal. Na normalidade
dificilmente se consegue estabelecer um efeito que eles os dois estabeleceram …. Estaríamos
perto da gestão de negócios.

Sendo um problema de negócio como tratamos desta questão?

Há obrigação de ressarcir a Maria. Temos aqui uma questão de incumprimento


contratual.

A especificidade do caso é que a Maria torna-se retentora do animal. Direito de


retenção – Art.755º CC.

Ela na qualidade de gestora de negócios c) ou da qualidade de efeito de posso do ser


vivo e) .

Seja na qualidade de gestão de negócios seja a responsabilidade contratual ela atua na


qualidade de retentora do animal, ou seja, ela não entrega o animal enquanto o dinheiro não
voltar.

O direito de retenção é exercido quando o direito de crédito é exigível. Neste caso é


exigível ou não?

60
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

Como sabemos se o direito de crédito se tornou exigível? Como sabemos o momento


em que o devedor está em mora? O direito de retenção tem subjacente um direito de credito
que não foi cumprido, a questão é, este direito de credito é suficiente para dizer que a Maria
esta numa situação de incumprimento ou não? Art.805º CC. Classificamos as obrigações
creditícias em 2. Obrigações puras ou obrigações não puras. As não puras estão no Art.805º/2
– são aquelas que se vencem independentemente da interpelação do credor.

O devedor constitui-se em mora quando for interpelado pelo credor para cumprir, pelo
Art.805º/1 o Manuel constitui-se em mora quando foi interpelado por maria.

Neste caso concreto considerando o objeto do negócio o momento da constituição em


mora dá possibilidade da maria ser retentora do animal até efetivo pagamento.

61
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

CASO PRATICO

Manuel adquiriu um automóvel de coleção durante uma feira de clássicos em Paris. O


automóvel, propriedade de Bento, foi vendido pelo preço de 75  000€ incluindo o transporte
do veiculo para Portugal. A entrega deveria ser feita dali a um mês uma vez que Manuel estava
em processo de mudança de casa e só nesta nova casa teria garagem para guardar o
automóvel.

Durante aquele período de um mês, uma falha elétrica do veiculo, completamente


inexplicável, provocou um incendio que o destruiu por completo, Manuel recusa agora pagar o
automóvel alegando exceção do não cumprimento.

Pronuncie-se quanto à factualidade descrita.

RESPOSTA:

O Bento fica com o carro obrigando-se a providenciar o respetivo transporte dali a um


mês quando o Manuel estivesse quando a garagem pronta.

Por mais cuidado que se tenha com o automóvel é uma falha que ninguém conseguia
prever.

Negócio jurídico – contrato de compra e venda

Efeitos reais – transmissão da propriedade, pelo art.408º/1 o direito transfere-se por


mero efeito do negócio jurídico.

Excecionalmente pode haver o efeito de modo quando a lei faz depender a


transferência do direito de propriedade. Direito real de garantia – hipoteca.

Não sendo uma compra e venda de bens futuros ou bens alheios como alheios não
implica a transmissão do direito de propriedade.

Efeitos obrigacionais – obrigação de entregar a coisa com a respetiva obrigação de pagar


o preço, ou seja, neste caso, o direito de propriedade com a celebração do contrato de compra
e venda transmitiu.se para a esfera jurídica do adquirente. Logo, a propriedade é do Manuel,
ficaram os efeitos obrigacionais pendentes.

Neste caso Bento não consegue cumprir que

Presume-se culposa (o contrario da responsabilidade civil extra contratual) Art.799º.


Neste caso ele consegue ou não afastar a presunção de culpa? Consegue.

62
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

Temos um cumprimento não imputável ao devedor

Temos uma impossibilidade objetiva superveniente.

Temos que analisar o risco

Art.796º

A regra é que o risco acompanha o direito real, ou seja o risco do perecimento da coisa
corre por conta do proprietário a não ser que se inverta a regra relativamente a este efeito
aleatório quando a coisa se tiver mantido na posse do alienante por termos constituído a seu
próprio favor.

O risco de deterioração da coisa corre por conta do adquirente, Manuel.

Se assim é o que acontece quanto aos efeitos obrigacionais? Que o preço tem que ser
pago na mesma. Ou seja, o Manuel vai ter que pagar o 75 000€ não podendo excecionar o não
cumprimento.

63
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

17/12/2019

CASO PRÁTICO

Manuel vendeu a Bento um automóvel tendo ficado convencionado que o veiculo seria
entregue com a celebração do contrato de compra e venda, mas seria reservada a propriedade
do mesmo até que fosse pago o preço acordado dali a 3 meses.

Volvido um mês desde a celebração do contrato de compra e venda o automóvel, sem


que nada conseguisse justificar, entrou em curto circuito e incendiou-se tendo ficado
integralmente destruído.

Bento alega que o risco corre por conta do vendedor e recusa-se a proceder ao
pagamento do preço acordado.

Pronuncie-se quanto à posição assumida pelo comprador.

RESPOSTA:

Responsabilidade civil contratual pois entre Manuel e Bento há um contrato de compra


e venda. Negocio jurídico bilateral, temos 2 declarações negociais. É bilaterais porque nascem
obrigações para ambas as partes.

Efeitos: reais (transmissão do direito de propriedade), obrigacional (pagamento do


preço e entrega da coisa).

Quando se transmite o direito real de propriedade: 408º - a transmissão dá-se com as


declarações negociais validas e eficazes entre si.

Quando se transmitem os direitos obrigacionais: obrigações puras (vencem-se mediante


intrepelaçao do credor) ou obrigações não puras (vencem-se independemente da interpelação
do credor 805º/2 )previstas no Art.805º CC.

Foi fixado um prazo certo – Art.805º/2, a) foi fixado um tempo certo. Eram obrigações
comtemporâneas entre si.

É possível ou não as partes estabelecerem clausulas negociias para estes efeitos? Nada
diz em contrario, a regra é a autonomia da vontade.

Relativamente a um dos efeitos há uma regra especial que se tem que considerar.
Propriedade- Art.409º CC. Em que também é possível quanto ao efeito real as partes
ludibriarem-se da propriedade reservando-a.

64
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

Estão verificados os requisitos?

Como classificamos a cláusula de reserva de propriedade? Condição suspensiva, ou seja,


a transmissão do efeito real do contrato típico esta dependente de um acontecimento futuro
incerto, neste caso o pagamento do preço.

A reserva de propriedade mantem a reserva de propriedade na esfera jurídica do


alienante. A propriedade tem um efeito fiduciário, ela não funciona para que o proprietário
utilize os poderes típicos de usar fruir e dispor mas sim como uma fidúcia, serve como
garantia.

Porquê que aqui a propriedade o legislador admite que é um verdadeiro efeito jurídico
valido?

Pelo art.934º para se conseguir resolver o contrato ou o vendedor fica com a coisa ou
reserva a propriedade. Se não o fizer no limite há perda do benefício do prazo mais nada.

Na pendencia desta clausula por um facto absolutamente inerente, sem que ninguém
consiga explicar porque o carro entrou em curto-circuito.

Art.796º/1 – contrato com efeito real e/ou efeito obrigacional da entrega da coisa o
risco corre por conta do adquirente.

Art.796º/2 – só assim não é se o alienante quiser ficar na posse da coisa durante algum
tempo

Art.796º/3, 1ª parte – o risco corre por conta do adquirente, o adquirente tem a posse e
a propriedade salvos se a coisa lhe tiver sido entregue

Art.796º/3, 2ª parte – mas se for uma condição suspensiva o risco corre por conta do
alienante, que neste caso concreto ele tem a propriedade mas já não tem a posse.

Se analisarmos as varias hipóteses deste artigo o legislador levou em consideração o


que? Quem tem a posse tem o risco. O legislador fez acompanhar o risco da coisa se perder a
quem a tem. Ou na condição suspensiva há uma coisa diferente entre adquirente e alienante
ou o legislador se esqueceu de incluir alguma coisa nesta 2ª parte.

O legislador precisa no Art.796º/3, 2ª parte de uma interpretação corretiva, ou seja,


quanto a esta parte deve ser interpretada “… se mantiver a coisa porque se ele entregar ao
adquirente o risco transfere-se para ao adquirente em consonância com tudo o resto”.

65
Marisa Silva - 21517017
Professora Marisa Araújo
2019/2020

Neste caso concreto é suspensiva a condição e o risco corre por conta do alienante
exceto se tiver entregado a coisa, porque se tiver entregado a coisa o risco corre por conta do
adquirente. É o risco a acompanhar quem tem a posse efetiva.

Significa que neste caso, com esta interpretação o Bento tem que pagar o carro, sob
pena de o risco correr por sua conta.

66
Marisa Silva - 21517017

Você também pode gostar