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questões de interpretação
Maria Arminda do Nascimento Arruda
Comparada às grandes, a nossa literatura é pobre e fraca. Mas é ela, não outra que
nos exprime. Se não for amada, não revelará a sua mensagem; e se não a amarmos,
ninguém o fará por nós. Se não lermos as obras que a compõe, ninguém as
tomará do esquecimento, descaso ou compreensão. Ninguém, além de nós, po-
derá dar vida a essas tentativas muitas vezes débeis, outras vezes fortes, sempre
tocantes, em que os homens do passado, no fundo de uma terra inculta, em meio
a uma aclimação penosa da cultura européia, procuravam estilizar para nós, seus
descendentes, os sentimentos que experimentavam, as observações que faziam –
dos quais se formavam os nossos (1975, vol. 1, p. 10).
É que no fundo a atitude de Micelli [sic] é polêmica, e talvez ele “julgue” mais do
que seria preciso. A respeito caberia uma observação sobre o perigo das análises
que podem ser qualificadas para simplificar de “ideologias” [...]. O papel social, a
situação de classe, a dependência burocrática, a tonalidade política – tudo entra
de modo decisivo na constituição do ato e do texto de um intelectual. Mas nem
por isso vale como critério absoluto para os avaliar. A avaliação é uma segunda
etapa e não pode decorrer mecanicamente da primeira (Idem, p. XI).
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Resumo
O artigo examina as relações entre o que se denominou na tradição cultural do Brasil
de pensamento brasileiro e um conjunto de trabalhos inseridos no campo da socio-
logia da vida intelectual, escritos por cientistas sociais contemporâneos. A partir da
discussão do problema da formação, o texto propõe como argumento central que o
contínuo exame dos intelectuais leva, necessariamente, ao enfrentamento dos mes-
mos problemas, desvelando orientações valorativas comuns, presentes no tratamento
dos limites da nossa modernidade, exprimindo o desconforto atual dos intelectuais.
Palavras-chave: Pensamento brasileiro; Formação intelectual; Modernismo; Sociolo-
gia dos intelectuais.
Abstract
The article examines the connections linking some classical studies belonging to the
cultural tradition of Brazilian thought and a more recent cluster of works in the field
of the sociology of intellectual life, written by contemporary social scientists. Start-
ing from the discussion around the historical genesis through the concept of “for-
mation”, the text argues that the continuous scrutiny of intellectuals group was
nurtured by the former tradition and led to handle similar problems and challenges,
Maria Arminda do Nas-
cimento Arruda é pro- both trends converging towards an appraisal of the limits of our modernity, express-
fessora livre-docente do ing the intellectuals’ current discomfort.
Departamento de So- Keywords: Brazilian though; Intellectual history; Modernism; Sociology of intellec-
ciologia da Universidade tuals.
de São Paulo.