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O Malhete

Informativo Maçônico, Político e Cultural


Linhares - ES, Março de 2023 - Ano XV - Nº 167 - E-mail: omalhete@gmail.com

TOLERÂNCIA E ESCURIDÃO
VOLTAIRE E A ERA DO ILUMINISMO 1
Editorial
Neste 18 de março de 2023, a revista O relevância nos dias atuais.
Malhete completa 15 anos de fundação. Uma Outro destaque é a matéria que apresenta
data significativa para todos aqueles que Chevalier de Saint-Georges, considerado o
fazem parte dessa importante publicação "Mozart Negro" ou o "Voltaire da Música",
maçônica, política e cultural. É um momento um artista de grande talento que quebrou bar-
de reflexão e celebração, pois esta conquista reiras raciais em uma época em que a discri-
não teria sido possível sem o empenho e a minação era a norma. Além disso, a revista
dedicação de tantos irmãos que contribuíram traz a terceira parte de uma série sobre a possí-
para tornar O Malhete uma referência no uni- vel relação dos artífices dionisíacos com a
verso maçônico. construção do Templo de Salomão, tema que
A fundação da revista teve o grande incen- desperta grande interesse entre os maçons. E
tivo do Grão-Mestre do GOB-ES na época, para finalizar, uma introdução ao estoicismo,
Irmão Cecílio Andrade de Oliveira e do seu uma filosofia que ensina a buscar a serenidade
adjunto, Irmão Aguinaldo Fritoli Vieira, em meio às adversidades, a ter controle sobre
que acreditaram na importância de um perió- as emoções e a viver de acordo com a razão.
dico que pudesse levar informação, conheci- É com muito orgulho que O Malhete chega
mento e reflexão para toda a comunidade aos seus 15 anos de fundação, mantendo a tra-
maçônica. dição de trazer informação, conhecimento e
Nesta edição, O Malhete traz uma seleção reflexão para a comunidade maçônica. Agra-
de matérias que demonstram a amplitude de decemos a todos que contribuíram para que
temas abordados pela publicação. Na matéria isso fosse possível e convidamos os leitores a
de capa, "Tolerância e Escuridão, Voltaire e mergulharem nessas matérias que, com certe-
a era do Iluminismo", o leitor é convidado a za, trarão grandes aprendizados.
refletir sobre a importância da tolerância,
tema central na filosofia iluminista de Voltai- Fraternalmente,
re, que trouxe ideias revolucionárias para a Luiz Sérgio Castro
sociedade da época e que ainda têm grande Editor

Expediente
Aviso
As opiniões expressas pelos autores nos artigos
individuais não representam a orientação e
pensamento da direção da revista O Malhete.
.
Para qualquer informação, escreva para
omalhete@gmail.com ou entre em contato com o
editor pelo Whatsapp (27) 99968.5641.

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HARMONIA ATRAVÉS
DO DEBATE ELEITORAL
nosso grande líder, o Ir.'. Kheytte Vasconcellos Gomes,
para quem, para cada dissabor vivenciado em nossas
lojas, existem muitos momentos de alegria e realização
A Maçonaria é uma instituição que valoriza a harmo- para suplanta-lo; para quem é possível uma vida sem
nia, a unidade e o trabalho em conjunto. No entanto, obrigações ou esforços impossíveis; para quem se deve
quando se trata de debates políticos eleitorais, alguns viver com esperança, amor, fraternidade, companhei-
argumentam que não se deve ofertar mais de uma chapa rismo e grande prazer em estar sempre de pé e à ordem;
às disputas, seja nas lojas ou nas instâncias maiores da para quem é dever trabalhar para que nossas Lojas
administração, com medo de inimizade. Mas a verdade Maçônicas sejam um campo fértil à produção intelec-
é que a harmonia na Maçonaria só pode ser mantida se tual, às artes, ao saber, à beneficência, à aplicação da
houver respeito e tolerância nas discussões políticas. ética na prática, como uma oferta ao regozijo da alma.
Ao participar da vida política de forma ética e constru- Kheytte é um contraponto ao negacionismo histórico
tiva, os maçons podem contribuir para a democracia e de que a Maçonaria não é a mesma, que a Maçonaria
exercer sua cidadania. perdeu sua identidade, que a Maçonaria está morrendo.
Na campanha para o Grão Mestrado Estadual para o Para seus seguidores, suas ideias tilintam como uma
quadriênio 23/27, muitos IIr.'. esperavam por uma nova proposta filosófica a ser evoluída no íntimo de cada Ir.'.
administração, descrentes no avanço da instituição que a ela é apresentada. Uma reflexão sobre nossos
com o modelo de gestão presente nos últimos anos. No valores, nossa capacidade de fazer, de olhar para o
entanto, encontrar um nome em seus quadros é sempre outro e respeitar as diferenças que nele residem, de
uma tarefa difícil, dado que o ato de escolher um cami- praticar a amizade sincera e verdadeira. De oferecer a
nho que evolua além dos limites atuais é visto com fre- amizade gratuitamente, ajudar, dar as mãos ao outro,
quência como motivo para disputas e desavenças. socorrer e abraçar, sem medir esforços. Mas, é, acima
Neste último ano, a Maçonaria conheceu uma nova de tudo, uma busca em compreender que, é dos nossos
impulsão ao seu pensamento a partir das ideias do erros que surgirão os acertos, das perdas que se encon-

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trará o caminho, é da escuridão que surgirá a luz.
Kheytte Vasconcelos Gomes é um líder da Maçona-
ria que nasceu em 1974, na cidade de Governador Vala-
dares. É um filho da Estrada de Ferro Vitória-Minas,
que desde a infância e juventude sabia que precisaria
olhar a vida de frente, tanto que tomou a decisão de se
unir em matrimonio com a cunhada Rosana ainda aos
18 anos de idade, com quem tem dois filhos. Para o Ir.'.
Kheytte, a vida com a família transita entre o amor fra-
ternal e os negócios na empresa de Avance Trade Com-
pany, uma empresa especializada na importação e
comércio de componentes para a indústria, fundada em
2004. Suas asas não são pequenas e este primogênito de
47 anos mantém todos a sua volta.
Em 2008 o Ir.'. Emanoel Fontana Lordelo de Castro,
percebendo uma pérola em desenvolvimento, convida-
o a ser mais um membro da Ordem, e Kheytte aceita o
convite, sendo iniciado na primavera de 2008. Infeliz-
mente, o entusiasmado padrinho não conseguiu partici-
par do evento, e muito menos orientar o pupilo no início
esta candidatura de 2023. Um Ir.'. que, como ele, tem a
da caminhada. Mas, como não podia ser diferente,
Maçonaria manifestada em seu íntimo.
outra estrela da Maçonaria o acolheu e passou a desen-
Wildelson Nascimento de Faria nasceu em 1965 e é
volver a catequese maçônica com ele, este Ir.'. foi Luiz
casado com a cunhada Cintia, com quem tem duas
Guilherme Paterlini, que o acompanhou e apresentou a
filhas. Ele é apaixonado por caminhadas e corridas ao
outras luzes como o Ir David Cruz e José Wellington
ar livre, o que faz com disciplina e dedicação. Sua car-
Gonsalves de Resende, que, juntamente com ele, orien-
reira maçônica teve início em 1998, e desde então ele
taram a sua aprendizagem maçônica. Influenciado por
tem se envolvido ativamente em todas as atividades da
estes baluartes, com o passar dos anos, Kheytte desen-
instituição. Wildelson já foi Venerável Mestre, Conse-
volveu o conhecimento maçônico e tornou-se cada vez
lheiro Estadual e é Grande Inspetor Geral da Ordem.
mais envolvido nas atividades da loja, atuando em fun-
Na vida profissional, ele percorreu a carreira militar,
ções que percorrem, desde auxiliar na frequência dos
chegando ao posto de Tenente Coronel. Recebeu várias
IIr.'., a cuidar dos aniversários e ser eleito Venerável
honrarias, incluindo uma da ONU por sua atuação na
Mestre, em 2017, ficando à frente da ARLS Joacy
missão de Verificação das Nações Unidas em Angola
Palhano, nº 2585, por duas gestões, sempre contribuin-
entre 1995 e 1996.
do com pensamentos cuidadosamente escolhidos,
O Ir.'. Kheytte, com esta escolha, traz à candidatura
como "Deus cuida de nós através das pessoas". Para
uma visão infinita e equilibrada, complementada pela
ele, sempre existirá alguém que lhe dará a mão amiga,
solidez das ações organizadas e sistematizadas do Ir.'.
um caminho a trilhar e uma direção a seguir. Por isso,
Wildelson. Esta união representa uma liderança justa e
nunca estaremos sozinhos, e é exatamente assim que
perfeita, algo que a Maçonaria precisa experimentar.
ele enxerga sua responsabilidade com a Maçonaria.
Por tudo isso e por muitas outras características
Um maçom capaz de liderar com sabedoria, coragem e
excepcionais que outros como eu, tiveram o prazer de
carisma, inspirar e motivar as pessoas ao seu redor, um
poder partilhar e vivenciar com estes IIr.'., afirmo que a
líder capaz de estimular seguidores a acompanhá-lo em
Maçonaria, neste momento, só possui uma opção de
visita a mais de 70 lojas de norte a sul do nosso estado
verdadeira liderança, e ela está representada pela
ou em qualquer direção. Um chamado que já alcançou
CHAPA 2.
mais de 1200 IIr.'. Brasil a fora, e em outros países.
Acompanhar suas palestras é certeza de muito prazer e
alegria, talvez pelo forte senso de responsabilidade e
compromisso com seus valores e objetivos. Mais que
tudo isso, existem ainda duas características que consi-
dero inseparáveis em sua personalidade: a habilidade
de escutar e a capacidade de saber fazer boas escolhas.
E como resultado destas facilidade para boas escolhas,
surge o convite ao Ir.'. Wildelson Nascimento de Faria,
para acompanhá-lo como adjunto a Grão Mestre para

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TOLERÂNCIA E ESCURIDÃO.
VOLTAIRE E A ERA DO ILUMINISMO
encontra seu limite quando atinge ou limita a liber-
dade do outro.
O tema da "tolerância" em si é vasto e este traba-

T olerância é um termo de origem latina e signi- lho examina apenas alguns aspectos da tolerância
fica suportar, suportar, sofrer com paciência. política e religiosa na Europa do século XVII ao
Essas definições nos levam a uma noção de século XVIII. Os filósofos destes séculos, sobretudo
coerção, talvez até de violência contra si mesmo. os do Iluminismo (século XVIII), mobilizaram-se
O espírito de tolerância é complexo: é um concei- para impor estas duas tolerâncias, muitas vezes
to de vida e moral, é o ponto culminante do pensa- indissociáveis.
mento subjetivo de um indivíduo. Depende da sua Seus compromissos em sua defesa não foram
família, da sua educação civil e religiosa, dos seus fáceis porque a liberdade de pensar e escrever era
sentimentos, dos seus hábitos, do seu ambiente. Defi- limitada e eles se chocavam, por um lado, com a
ne a capacidade de um indivíduo aceitar algo com o autoridade intransigente da monarquia absoluta e,
qual discorda e, por extensão, hoje poderíamos defi- por outro, com o fanatismo religioso que encontrava
ni-lo como a atitude de um indivíduo em relação ao seu ápice na inquisição.
que é diferente de seus valores. Neste clima opressivo, filósofos, escritores,
Leva a uma noção de respeito pela liberdade dos cientistas trouxeram o conhecimento que libertará o
outros, pelos seus modos, pelos seus pensamentos, homem.
pela sua forma de agir, pelas suas opiniões políticas É o Iluminismo cujo ápice será 1789 em que foi
e religiosas. Mas essa liberdade é limitada, é conce- imposta a abolição dos privilégios e nasceu a Decla-
dida a alguém em determinadas circunstâncias; não ração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
é um direito, é uma tolerância. Aqui estamos em Voltaire que, com seus escritos,
A tolerância, aliada à liberdade individual, foi o filósofo que defendeu ardorosamente casos em

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que indivíduos haviam sido condenados injusta-
mente com base no fanatismo religioso, apresentan-
do acusações contra superstições relacionadas às
religiões.
Voltaire (1694-1778), nascido e falecido em Paris
e cujo verdadeiro nome era François Marie Arouet,
escritor e filósofo, ocupa um lugar especial na memó-
ria coletiva dos livres pensadores. De fato, inaugu-
rou a figura do intelectual comprometido a serviço
da verdade, da justiça e da liberdade de pensamento.
Símbolo do Iluminismo, líder do partido filosófi-
co, era deísta e seu ideal permanecia o de uma
monarquia moderada e liberal, iluminada por "filó-
sofos". Ele trabalhou com as elites esclarecidas da
Europa do Iluminismo, usando sua imensa notorie-
dade e defendendo sozinho as vítimas da intolerân-
cia religiosa e da arbitrariedade.
No final de sua vida, em 1778, Voltaire estava no
auge de sua glória. A loja do Grande Oriente da Fran-
Capa da Carta Sobre a Tolerância, edição de 1765.
ça, "As Nove Irmãs", tendo aprendido, com grande Fonte Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos
surpresa, que Voltaire não era maçom, o contatou
para desferir um golpe em favor de seu próprio pres- Voltaire extraiu da doutrina de John Locke as dire-
tígio ao iniciá-lo: esta iniciação teve grande impacto trizes de sua moral: a tarefa do homem é tomar conta
tornando- se para alguns o símbolo da união do Ilu- de seu próprio destino, melhorar sua condição, asse-
minismo com a Maçonaria. gurar, embelezar sua vida por meio da ciência, da
A iniciação precederá sua morte por alguns indústria e das artes.
meses. Voltaire, por ocasião de sua entrada na Maço- John Locke (1632-1704) é considerado um dos
naria, usava o avental do filósofo Claude-Adrien primeiros e maiores pensadores do Iluminismo.
Helvetius. Com base empírica, impôs ao homem duas riquezas
Ao longo de sua vida, Voltaire frequentou os gran- inseparáveis: o conhecimento e a tolerância.
des e cortejou monarcas. Mas ele teve duas expe- Em sua "Carta sobre a Tolerância", o argumento
riências ruins: a decepção durante sua estada em central é a distinção entre o Estado e a Igreja, por
Berlim com Frederico II da Prússia e a briga com o suas diferenças quanto aos respectivos fins tempora-
Cavaleiro de Rohan. Essas experiências tornarão is ou espirituais e aos meios empregados (força ou
sua pena dura para com os poderosos e seu poder. persuasão).
Ele descobriu o gosto pelo liberalismo do estado Para Locke, apenas o magistrado era responsável
durante seu exílio inglês aos 32 anos, onde ficou pelo poder temporal que consistia em manter a
impressionado com a liberdade e o pluralismo polí- ordem pública por lei, garantindo o bem público e a
tico e religioso da sociedade inglesa. Ele pensava paz civil. O magistrado não tinha direito aos interes-
que onde cresce a intensidade das trocas comerciais ses espirituais dos indivíduos, pois cada um era livre
e intelectuais, cresce também a aspiração dos povos para escolher o modo de vida que pensava que o leva-
a uma maior liberdade e tolerância. Ele se mudou ria à salvação. Todos poderiam, portanto, aderir
para Londres em novembro de 1726, onde conheceu livremente aos dogmas que preferissem. As socieda-
escritores, filósofos e estudiosos. Londres era então des religiosas deveriam ser livres e voluntárias, mas
um viveiro de intelectuais: não esqueçamos que a não tinham legitimidade no uso da força, nem
maçonaria especulativa nasceu em 24 de junho de tinham o direito de influenciar as decisões da ação
1717 na taberna "The Goose and the Grill" ao lado política pública.
da Catedral de São Paulo. Como toda a sociedade A missão temporal do Estado exigia que ele pro-
inglesa da época, ele também foi influenciado pelo tegesse os direitos de todos os homens quaisquer
grande filósofo inglês John Locke, instigador do que fossem suas convicções, para que todos pudes-
liberalismo e da tolerância. sem conduzir suas vidas de acordo com suas convic-

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ções das quais tinham o direito de ser o único juiz.
Voltaire também se inspirará em um jurista italia-
no seu contemporâneo, Cesare Beccaria (1738-
1794), também filósofo, economista e homem de
letras. Ele, como Voltaire, passou pela primeira vez,
em suas próprias palavras: "oito anos de educação
fanática e servil" em um internato jesuíta para
jovens aristocratas em Parma. Aos 26 anos, ele assi-
nou sua obra-prima "Crimes e Sanções", que lançou
as bases do pensamento moderno no campo do direi-
to penal.
Estabeleceu os fundamentos e limites do direito
de punir e recomendou que a pena fosse proporcio-
nal ao crime. Beccaria estabeleceu, em princípio, a John Locke
separação dos poderes religioso e judiciário. Ele Ao mesmo tempo, as Lojas Maçónicas se desen-
considerou a prática da tortura e da pena de morte volveram e em 24 de junho de 1717 na taberna
"bárbara". "Não é o terrível, mas o espetáculo tem- "L'Oca e la Grille" um padre presbiteriano, James
porário da morte do vilão que é o maior freio contra Anderson, recebeu da recém-fundada Grande Loja a
o crime." Ele defendeu a prevenção sobre a repres- tarefa de escrever uma história da Maçonaria e defi-
são e avançou a noção da presunção de inocência. nir suas regras. Este trabalho culminou no Livro das
Na França do século XVIII, Diderot, aluno dos Constituições, no qual se afirmava que cada um
jesuítas, foi um semeador de ideias "revolucionári- deveria escolher suas próprias opiniões. Era uma
as" e isso lhe valeu a prisão. Ele também minimizou doutrina vanguardista e num artigo da Declaração
as armadilhas do absolutismo e do fanatismo religi- de Princípios do Convento de Lausanne (setembro
oso. Diderot estava entusiasmado às lágrimas pelo de 1875) afirmava-se que a Maçonaria não impunha
bem, pelo belo, pelos sentimentos comuns da huma- limites à busca da verdade e, para garantir esta liber-
nidade, pelo amor e pelo espírito de família. Este dade a todos, exigia de toda tolerância. Desde o iní-
entusiasmo por ele tinha que ser expresso em um cio, a maçonaria especulativa aceitou a legítima plu-
ambiente livre de constrangimentos, ou seja, de tole- ralidade de confissões, afirmando que sua essência
rância. era a busca da verdade, ainda que não fosse possível
Na conquista da liberdade e na afirmação da atingir a absoluta.
tolerância, Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) Em comunhão com John Locke, o maçom deve-
teve lugar preponderante com uma obra ainda hoje ria praticar a tolerância, mostrar humildade ao acei-
considerada um monumento da literatura, tar a ignorância mútua como base e, portanto, não
"L'Emile", considerada por alguns como a bíblia da rejeitar os outros como seres "teimosos", porque não
educação. Para Rousseau o homem nasce basica- queriam ou não podiam abrir mão de suas opiniões.
mente bom, é seu ambiente que o torna mesquinho e A tolerância é o oposto do sectarismo e do funda-
intolerante. Vivendo o século XVII, não se pode mentalismo que são a negação da liberdade de cons-
ignorar na Inglaterra Thomas Hobbes (1588-1679) ciência.
que publicou uma importante obra: "O Leviatã", A Era do Iluminismo iluminará a Maçonaria com
inspirada em um contrato social que fundou as bases seu movimento intelectual, filosófico e político.
da sociedade civil e definiu a legitimidade do poder Este século foi caracterizado pela crença na ciência
dos governantes em uma base diferente da religião e na razão, em vez da fé e da superstição.
ou tradição. Da mesma forma na França, René Des- A Maçonaria atraiu muitos filósofos, cientistas e
cartes, Descartes (1596-1650), com sua obra-prima membros de famílias reais. Foi a partir dessa época
“O discurso do método” trazia raciocínios baseados que a popularidade da Maçonaria explodiu e depois
no senso comum, que colocavam em dificuldade o se espalhou pelo mundo. No século XVIII, todos
autoritarismo, ou seja, viver de temas impostos (mo- esses espíritos buscam uma liberdade para o homem
narquia absoluta, religião que cultiva fanatismo), em que a tolerância encontre seu lugar. Mas a
libertando a mente com seu famoso “cogito, ergo empresa estava sob tutela, com uma monarquia abso-
sum” (Penso, logo existo). luta reinando e uma religião intransigente.

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O início da monarquia absoluta ocorreu com a
chegada do rei Henrique IV. Os Bourbons Vendôme
sucederam os Valois. Em 13 de abril de 1598, o
Edito de Nantes foi promulgado com liberdade de
culto para os protestantes. Nesta monarquia absolu-
ta, o rei concentrava todos os poderes em si mesmo.
Louis XIV, levou este governo ao seu apogeu, "eu
sou o estado".
No cristianismo, o Edito de Nantes não resolveu
o problema católico-protestante. Se as guerras de
religião acabaram, a luta ainda permaneceu latente.
Nos séculos XVII e XVIII assistimos à afirmação
de novas crenças ou religiões que agitavam o catoli-
cismo e o papado: o pietismo caro a Kant, o deísmo Chevalier François Jean Lefèvre de la Barre
caro a Voltaire, o jansenismo da abadia de Port obscurantismo do poder e da religião.
Royal caro a Racine, o teísmo caro a Augusto Comte Ele se interessou por quatro casos: o caso Calas
e o conceito do Grande Arquiteto do Universo que 1762, o caso Sirven 1764, o caso Chevalier de la
encontramos particularmente em Liebniz, Wolff e Barre 1766 e o caso do Conde Lally Tollendal 1768.
Calvino, e que James Anderson tomou emprestado. Suas crenças e sua busca pela tolerância estão
Contra o que considerava heresia, a Igreja instituiu, sintetizadas nesta citação que muitos lhe atribuem:
por instigação do Papa Inocêncio III, tribunais espe- "Não concordo com o que você diz, mas lutarei até a
ciais ou foros especializados: a Santa Inquisição. Os morte para que você tenha o direito de dizê-lo".
franciscanos e dominicanos freqüentemente agiam Constitui um pré-requisito que introduz em Vol-
como inquisidores. Conhecemos os episódios dos taire a noção de tolerância que encontra sua origem e
cátaros, dos templários, de Savonarola, de Giordano seu vigor no caso Calas.
Bruno etc. que acabou na fogueira. Em sua obra o "Tratado da Tolerância" segue o
A inquisição, com a violência de seu sistema de julgamento e sentença de morte de Jean Calas em
controle da liberdade de pensamento e de seu siste- Toulouse, em 1763. Jean Calas pertencia a uma famí-
ma de terror, especialmente suas grandes queimadas lia protestante com exceção de seu servo católico e
públicas, deixou uma marca indelével no imaginá- seu filho que se converteu ao catolicismo. Após o
rio coletivo. suicídio deste filho, a família Calas foi injustamente
Esses tribunais excepcionais proferiam senten- acusada de homicídio voluntário e seu pai Jean
ças que o rei raramente mudava, aliás, os monarcas Calas, a pedido de um dos mais notórios magistra-
costumavam usar a inquisição para se livrar de pes- dos municipais de Toulouse, David de Beaudrigue,
soas inconvenientes. foi condenado a tortura na roda, depois estrangulado
Em 1685, Luís XIV revogou o Edito de Nantes, e queimado sem qualquer prova. O contexto históri-
promulgando o Edito de Fontainebleau para proces- co ainda é fortemente marcado pelas guerras religio-
sar as comunidades protestantes. sas dos séculos anteriores. O perdão de Jean Calas
Neste contexto, pode-se compreender como no foi solicitado sem sucesso a Luís XV. Graças a Vol-
final do século XVII e início do século XVIII a tole- taire, a família Calas foi reabilitada.
rância não tinha lugar. No entanto, em 1260 Tomás Ele também pedirá a reabilitação do Chevalier
de Aquino, um dominicano, escreveu: "Se um cris- François Jean Lefèvre de la Barre, executado sem
tão vê um conflito entre o dogma e sua consciência, provas em Abbeville. Em 9 de agosto de 1765, um
ele deve seguir sua consciência e não o dogma" e crucifixo exposto publicamente em uma ponte foi
em 1100 Bernardo de Clairvaux afirmou que é preci- vandalizado e o bispo de Amiens ameaçou de exco-
so persuadir na fé, não impor. Certamente todas munhão quem soubesse algo sobre aquele fato sem
essas belas mentes se encontraram, escreveram, mas comunicá-lo ao Supremo Tribunal de Paris. Um
era necessário entrar na "arena" contra esses dois inimigo do Chevalier afirmou tê-lo visto com dois
poderes autoritários e unidos: uma monarquia abso- amigos sem tirar o chapéu durante a procissão e La
luta e uma religião intransigente. Barre em 1766 foi condenado à morte por blasfêmia.
Voltaire tornou-se o advogado do réu contra o Os autos do julgamento foram reexaminados em

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Paris por um conselho especial de vinte e cinco
jurisconsultos, que confirmou a sentença (15 votos
contra 10 votos). Suas defesas foram assumidas por
"oito advogados intrépidos" - como Voltaire os cha-
mou - mas sem sucesso. O Cavaleiro foi preso e exe-
cutado em 1º de julho de 1766, quando ainda não
tinha vinte anos. Antes da execução, ele foi submeti-
do a tortura novamente: as juntas das pernas foram
quebradas, mas ele foi poupado da ordem de furar a
língua. Ele foi finalmente decapitado e seu corpo
queimado em uma pira (na fogueira - de acordo com O Papa e o Inquisidor de 1882.
Voltaire em uma carta a Cesare Beccaria - talvez Coleção: Museu de Belas Artes de Bordéus.
uma cópia do Dicionário Filosófico encontrado nos
turado com hipocrisia e fanatismo, Voltaire sozinho
aposentos do Cavaleiro também tenha sido jogada).
declarou guerra a essa coalizão de todas as desi-
Este Cavaleiro se tornará o ícone dos partidários do
gualdades sociais, para este mundo enorme e terrí-
secularismo. Ao mesmo tempo que Castres, um
vel e aceitou a batalha. E qual era a arma dele? Ela
casal protestante, os Sirvens, foram acusados de
que tem a leveza do vento e o poder do raio: uma
matar sua filha que estava alojada em um convento
pena. Com essa arma ele lutou, com essa arma ele
católico e foram condenados à morte à revelia.
venceu”.
Finalmente, em um chamado caso de traição, sem
Com Voltaire veio a aurora dos primórdios da
provas, o general Earl Lally Tollendal foi condena-
futura revolução. Ele lutou pela tolerância, irmã da
do à morte e executado. Voltaire exigiu sua reabilita-
liberdade. Combateu o obscurantismo, esse estado
ção, primeiro concedida e depois retirada.
de espírito refratário à razão e ao progresso, sistema
Com o "Tratado de Tolerância", Voltaire iniciou
dos que não querem que a educação penetre nas mas-
uma luta contra as superstições e o fanatismo religi-
sas populares. Victor Hugo continua:
oso. Ele pediu tolerância dentro das religiões e entre
“A civilização obedeceu à força, obedecerá a um
as religiões.
ideal. Não há mais soberania se não for a lei para o
Ele ilustrou seus escritos com vários exemplos
povo e a consciência para o indivíduo. Para cada
históricos, religiosos e até cômicos.
um de nós destacam-se claramente os dois aspectos
Ele desejava o despertar do homem pela aquisi-
do progresso e aqui estão eles: exercer o próprio
ção do conhecimento que iluminaria seu raciocínio
direito, isto é, ser homem; exercer o seu dever, ou
e o tiraria de uma estupidez nascida da ignorância,
seja, ser cidadão".
na qual o estado e a religião se deliciavam em deixá-
Um homem do século XVIII, Voltaire, "caos de
lo. Em 30 de maio de 1878 pelo centenário de Voltai-
idéias" para alguns, "destruidor do antigo regime"
re, Victor Hugo enalteceu as qualidades de destrui-
para outros, encarnou as grandes preocupações do
dor da injustiça e do fanatismo religioso deste após-
homem. Denunciou as imposturas da religião,
tolo da tolerância. Segue um trecho dessa homena-
expondo as mentiras que serviam de base à autorida-
gem:
de política e espiritual. Deu seus fundamentos ao
“Cem anos atrás, hoje, um homem morreu. Ele
exercício da razão.
morreu ilustre. Partiu carregado de anos, carrega-
Um novo ciclo começou com Voltaire. No pan-
do de obras, carregado da mais ilustre e formidável
teão dos grandes filósofos, estaria Voltaire orgulho-
das responsabilidades, a responsabilidade da cons-
so de nosso mundo hoje?
ciência humana informada e retificada. Partiu
amaldiçoado e abençoado, amaldiçoado pelo pas-
Texto compilado da Revista Athanor.
sado, abençoado pelo futuro, e essas, senhores, são
O autor é identificado com as iniciais G.M.
as duas formas soberbas da glória... Diante dessa
sociedade fria e lúgubre, Voltaire, sozinho, com
todas essas forças unidas antes seus olhos, a corte, a
nobreza, as finanças, esse poder inconsciente, essa
terrível magistratura, tão pesada em súditos, tão
dócil com os senhores, esse clero sinistramente mis-

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GLMEES LANÇA PRÊMIO PARA ESTIMULAR
FORTALECIMENTO DAS LOJAS JURISDICIONADAS

çamento da Família Maçônica.


No quesito Administrativo, por exemplo,
será considerado o cumprimento pela Loja

A
Grande Loja Maçônica do Estado do das obrigações fiscais, contábeis e adminis-
Espírito Santo (GLMEES) realizou, trativas, exigidas em legislação profana e
no dia 15 de fevereiro último, em sua maçônica. No que tange ao crescimento per-
sede, o lançamento oficial do programa Méri- centual da Loja, vai ser avaliado, entre outros
to Maçônico e do sistema Grande Loja Digi- itens, o quantitativo de Irmãos que iniciaram
tal. Mais de 170 Irmãos compareceram ao e que terminaram o ano administrativo e cal-
evento, presidido pelo Sereníssimo Grão- culada a proporção de crescimento da loja.
Mestre, Valdir Massucatti. Em relação ao eixo Filantrópico/Social,
O programa Mérito Maçônico é uma inici- será observado o engajamento das Lojas no
ativa que visa a incentivar as Lojas jurisdicio- apoio à comunidade local e às Ordens Para-
nadas a cumprirem seu papel junto à socieda- maçônicas etc. Quanto ao Conteúdo Educa-
de e internamente entre os Irmãos. Os indica- cional de Cunho Maçônico, será apurada a
dores de avaliação estão divididos em cinco produção literária, cultural e científica, visan-
eixos: Administrativo; Crescimento Percen- do aos estudos maçônicos e o aperfeiçoamen-
tual da Loja; Filantrópico/Social; Conteúdo to do 'Ser Maçom'.
Educacional de Cunho Maçônico e Congra-

11
Já no que se refere ao Congraçamento da O programa foi concebido pela Comissão
Família Maçônica, serão considerados os ban- Programa Mérito Maçônico GLMEES, com-
quetes maçônicos, as visitas às lojas jurisdi- posta pelos Irmãos Fabio Calmon Mantova-
cionadas, eventos conjuntos e de confraterni- nelli e Jorge Fernando Prates Ribeiro.
zação contemplando a família maçônica,
entre outras iniciativas. Grande Loja Digital
Conforme o desempenho verificado ao Ainda durante o evento, houve a apresen-
final do período de cada Administração, as tação do programa Grande Loja Digital,
Lojas jurisdicionadas serão classificadas desenvolvido para integrar banco de dados e
com selo Diamante, Ouro, Prata, Bronze e facilitar a comunicação com as Lojas jurisdi-
merecedoras de Menção Honrosa. De acordo cionadas.
com sua respectiva pontuação, serão premia- O sistema Grande Loja Digital, que tam-
das as 15 Lojas melhores ranqueadas, com bém pode ser acessado pelo celular, está divi-
valores entre R$ 1.000 e R$ 10.000. dido em três perfis: Grande Loja, Loja e
Irmão. Em cada um deles foram disponibili-
zadas diferentes funcionalidades como, por
exemplo, pedidos de Iniciação e Exaltação,
Tribunal Maçônico de Justiça e emissão de
documentos e de boletos, entre outros.
Por meio da plataforma, os Irmãos ainda
podem acompanhar o andamento dos proces-
sos, desde o recebimento até a conclusão pela
secretaria da GLMEES, o que vai conferir
mais comodidade e agilidade.

12
FUNDADA A ACADEMIA DE CIÊNCIAS, LETRAS
E ARTES MAÇÔNICA DO ESTADO DO PARÁ

Em cerimônia histórica para maçonaria Paraense Letras do Amapá - o irmão Acadêmico Alexandre
do Grande Oriente do Brasil, maçons liderados Galindo e do Grão-Mestre Estadual Adjunto de
pelo Grão-Mestre Estadual do GOB-PA - o irmão Honra do GOB-PA - o irmão e acadêmico Luiz
Edilberto Pereira da Silva fizeram a fundação da Swirch.
Academia de Ciência, Letras e Artes Maçônica Neste memorável momento foi dado posse aos
do Estado do Pará no dia 10 de fevereiro 2023. imortais da ACLAM e ao seu Presidente - o aca-
Sob a Presidência do Acadêmico Vice- dêmico Eric Gomes. Em suas falas as autorida-
presidente da Academia Maçônica de Letras da des presentes no evento destacaram a importân-
Baixada Santista e Secretário Geral de Comuni- cia das academias de letras maçônicas para
cação e Informática do GOB irmão Arlindo fomento de material literário no desenvolvimen-
Batista Chapetta a cerimônia de instalação ocor- to cultural do maçom do GOB e por consequên-
reu no Hotel Atrium em Belém do Pará com a pre- cia da própria sociedade.
sença marcante da família maçônica e dos Aca- O Secretário Geral de Comunicação do GOB,
dêmicos e Grão-Mestres das Ordens de Aperfei- destacou o apoio incondicional do Soberano
çoamento Mário Sérgio Nunes da Costa (Grande irmão Múcio Bonifácio Guimarães, Grão-Mestre
Priorado do Brasil) e Manoel Oliveira Leite Geral e do Grão-Mestre Geral Adjunto de Honra
(Grande Loja de Mestres Maçons da Marca do Ademir Cândido da Silva na formação de acade-
Brasil), do Presidente da Academia Maçônica de mia maçônicas de letras por todo Brasil.

13
APAGOU-SE O SOL
Apagou-se o sol. Foi assim que o jornal carioca Gazeta de Notícias anunciou, em
1º de março de 1923, a morte de Rui Barbosa de Oliveira. Periódicos da França,
Inglaterra, Bélgica e de dezenas de países publicaram em suas primeiras páginas
a notícia da morte do denominado maior dos brasileiros.
Trouxe a ideia de um palco pra dentro da esco-
la, em que Castro Alves declamava poemas e o
Rui Barbosa falava. - algo que ele fez pro res-
Por Josy Braga tante da vida. Que eram os grandes discursos.
Os processos de Rui Barbosa duravam cinco
Rui Barbosa foi um intelectual, maçom, escri- horas de defesa. Então assim, essa figura que,
tor, político, advogado, jornalista, diplomata e ao mesmo tempo, é bastante dedicada, tímida...
um importante jurista brasileiro. Ao longo de acordava 5h para poder estudar. E ele conse-
seus 73 anos, Rui Barbosa escreveu seu nome guiu concluir a escola antes da idade convenci-
no rol de intelectuais mais relevantes da histó- onal e poderia fazer a faculdade de direito aos
ria do país. O professor de filosofia e escritor 15 anos, mas o pai não deixou. Disse que ele só
Saulo Dourado, autor do romance histórico O poderia aos 16. E disse assim, 'então aproveite
borbulhar do gênio, prefere descrever o ilustre esse ano pra estudar alemão'".
baiano como um estudioso tímido, dedicado e O professor também o caracteriza como um
flexível. homem plural e com várias habilidades.
“Eu acho que pela correspondência com “O Rui Barbosa conseguiu estar em vários
Castro Alves dá pra entender mais Rui Barbo- campos ao mesmo tempo. Está em diálogo com
sa. Eles foram crianças estudando juntas, ali Castro Alves, um poeta, até estar em corres-
no Ginásio Baiano do Abílio César Borges, que pondência com Luís Gama, com pautas aboli-
era um educador muito à frente do momento. cionistas, fazendo realmente um jornal radical

14
em São Paulo, à favor inclusive da República. ça muito forte na vida cultural brasileira, fun-
E até em diálogo com a própria monarquia, dador da Academia de Letras. Não por acaso, o
como ele depois com outros ministros. Então Dia Nacional da Cultura é comemorado no 5
ela é uma pessoa plural nesse sentido, e foi de novembro, que é a data de nascimento de Rui
desde a figura de confiança de Marechal Deo- Barbosa. Ele também foi talvez o primeiro que
doro até o inimigo número um de Floriano Pei- projetou o Brasil globalmente a partir das posi-
xoto”. ções da política externa brasileira. E foi tam-
Diplomata de grandes qualidades e um bri- bém um jornalista apaixonado”.
lhante orador, em 1907 foi nomeado juiz da Para o jornalista Ernesto Marques, Rui Bar-
Corte Internacional de Haia e, ao lado de outros bosa continua presente em nossas vidas.
intelectuais, foi indicado como um dos “Sete “Em todos os grandes temas sobre os quais
Sábios de Haia”. Foi membro fundador da Aca- nós nos debatemos nos últimos anos tem a pre-
demia Brasileira de Letras, do qual foi presi- sença de Rui. Cortes superiores ou o questiona-
dente após a morte de Machado de Assis. Para o mento feita ao Supremo Tribunal Federal, ao
jornalista e presidente da Associação Bahiana TSE, etc: Rui Barbosa. Cortes de contas, o
de Imprensa, Ernesto Marques, Rui Barbosa foi papel dos Tribunais de Contas, Rui Barbosa foi
um importante intelectual com uma presença fundador dos Tribunais de Contas. Liberdade
muito forte na vida cultural brasileira. de imprensa, primeiro habeas corpus consegui-
“Rui Barbosa é, sem dúvida alguma, um dos do em favor de um jornalista em defesa da
brasileiros mais importantes de todos os tem- liberdade de imprensa: Rui Barbosa. Defesa de
pos. Porque, se você observar, fora as lutas salários iguais pra homens e mulheres: Rui Bar-
pela implantação do sistema federativo, pela bosa. Defesa do acesso universal à educação e
Proclamação da República, pela abolição da educação profissional, Rui Barbosa. Liberdade
escravatura, foi ele o redator do primeiro pro- pra os escravizados, Rui Barbosa. É alguém
jeto de Constituição republicana. Várias insti- que a gente, sem perceber, convive no cotidiano
tuições que a gente tem hoje - ou todas as insti- o tempo inteiro”.
tuições que a gente tem hoje - foram arquiteta- De seus 55 anos de vida pública, Rui Barbosa
das, foram desenhadas a partir das reflexões do passou 32 no Senado, sempre representando o
Rui Barbosa. Um intelectual com uma presen- estado da Bahia.

15
16
Hipólito José da Costa

UMA PROVÁVEL RELAÇÃO DOS ARTÍFICES DIONISÍACOS


COM A CONSTRUÇÃO DO TEMPLO DE SALOMÃO (Parte 3)
entre outros assuntos.
E antes de prosseguirmos: qual é mesmo o signifi-
cado para o termo esboço (o ensaio de autoria de Hipó-
Por Irmão José Ronaldo Viega Alves. lito da Costa tem como título: “Esboço para a Histó-
ria dos Artífices Dionisíacos”?
COMENTÁRIOS INICIAIS:
Na Parte II, a anterior, tomamos conhecimento do Esboço
pensamento e dos pareceres de consagrados estudio- “Um esboço ou sketch é qualquer obra em estado
sos da Maçonaria com respeito aos Artífices Dioni- inicial, que se encontre inacabada porque ainda pos-
síacos. Também, em virtude de que, estes últimos sui muito pouca informação. É o conjunto dos obje-
eram adeptos do culto de Dionísio, tivemos noções tos iniciais, mais gerais e elementares da obra a ser
com respeito ao deus grego Dionísio e ao seu corres- composta.” (fonte: wikipédia)
pondente romano, Baco.
Esta Parte III, será a penúltima. Daremos início SOBRE OS ANTIGOS MISTÉRIOS, AS
praticamente à uma resenha do ensaio de autoria do DIVINDADES E O CULTO AO SOL
Irmão Hipólito da Costa, sendo que, a leitura desse O primeiro parágrafo do ensaio de Hipólito da
texto é que nos proporcionará constatar a premissa Costa começa chamando nossa atenção para os Mis-
que está contida no título do nosso trabalho. Como térios dos Antigos, assim como, para as escolas da
veremos a seguir, o autor buscou fazer durante grande antiguidade onde esses conhecimentos eram repassa-
parte do desenvolvimento do seu esboço uma descri- dos aos iniciados. Tece uma crítica, se referindo ao
ção bastante detalhada sobre as escolas de mistério da fato de que essas doutrinas sofreram um verdadeiro
antiguidade, Mistérios gregos, Mistérios iniciáticos, descaso em tempos mais modernos, eis que em deter-
os simbolismos originados da observação da nature- minados momentos foram tratadas como absurdos
za, do culto do sol, da crença na imortalidade da alma, monstruosos, além do fato de ser menosprezadas.

17
Osíris: O sol noturno do Egito
Tais doutrinas que podemos chamar também de morto ou escondido por três dias, só poderia ter se
sistemas de moralidade, no seu entendimento possu- originado em uma região onde o sol em determinada
íam a nobre missão de guiar os homens naqueles época do ano ficava mesmo escondido por um tempo
períodos difíceis atravessados pela humanidade no como o que foi descrito. Seria crível então, aceitar a
decorrer da sua história, e deveriam ser, no mínimo, possibilidade de que o culto ao sol teria sido criado no
um motivo de agradecimentos dessa mesma humani- seio de um povo que vivia cerca do círculo polar, e
dade. algumas das cerimônias teriam se desenvolvido a
Muitas das regras morais embutidas em ensina- partir daquela região. Se proveniente de um povo que
mentos oriundos dessas escolas de mistérios, foram vivia em um clima gelado, a adoração do sol e a manu-
criadas com base na observação da natureza por tenção de fogos, deveria ter sido introduzida então
homens que eram dados a levar uma vida contempla- por estrangeiros na Pérsia.
tiva, imersos em seus estudos, com a finalidade de Decorrente disso que foi exposto, ou seja, sobre a
entender o funcionamento do mundo em seu redor. introdução das práticas ligadas ao culto da adoração
Na relação direta com esses mistérios, surgiram os ao sol e a manutenção de fogos sagrados na Pérsia, ter
nomes de Dionísio, Baco, Osíris, Adonis, Tamuz, sido obra de estrangeiros, o autor faz uma projeção no
Apolo, etc., que foram nomes adotados em vários seguinte sentido: considerando dados de origem
lugares com o objetivo de designar a Divindade. Há astronômica a exemplo das latitudes, consegue deter-
indícios de que essas denominações todas, estavam minar um lugar propício à ocorrência do dia mais
associadas ao sol. longo do ano. Nesse contexto surge o nome da Cítia,
Com base no testemunho de vários autores da anti- lugar onde viveram os citas, um povo sobre o qual
guidade, Hipólito da Costa menciona que as divinda- não se sabe muita coisa, mas que, disputaram a sua
des de nome, Osíris, Adônis, Baco eram com efeito antiguidade com os egípcios.
representações simbólicas do astro rei. Mesmo não tendo conhecimento de onde exata-
Nas cerimônias que eram realizadas, havia evi- mente se deu a origem dos mistérios, sabemos que
dentemente uma morte e uma ressurreição sendo esses cultos dirigidos ao sol foram celebrados na Gré-
representadas, sendo que, poderia haver um interlú- cia, a exemplo da cidade de Appolônia, a qual estava
dio entre uma e outra de três dias, mas, que também situada na latitude 41°22'. Acontece que, nesta latitu-
poderia atingir bem mais, chegando até quinze dias. de o dia mais longo possui quinze horas e difere três
O que fez com que o autor deduzisse que, esse tipo horas da duração do dia quando o sol está no equinó-
de representação simbólica que descrevia o sol como cio.

18
Esse estado de coisas é que manterá os três dias
utilizados na celebração desses mistérios, assim
como para aqueles quinze dias em alguns dos ritos de
Elêusis.
A propósito: os mistérios de Elêusis, os mesmos de
Dionísio ou Baco, provavelmente teriam sido intro-
duzidos na Grécia por Orfeu, sendo que, poderiam ser
provenientes do Egito, mas, é somente mais uma hipó-
tese, pois, o Egito poderia também tê-lo recebido
num período anterior, sendo proveniente dos persas,
já estes últimos teriam recebido esses mistérios dos
citas...
Na sequência do seu ensaio, o Irmão Hipólito faz
ficada.
um esboço a respeito das cerimônias realizadas por
Constatada a verdadeira importância e o significa-
ocasião da admissão de um candidato aos mistérios
do que esses ritos, símbolos e cerimônias dedicados a
de Dionísio, descrevendo o passo-a-passo que ele
Elêusis e Dionísio eram possuidores, o autor, admite
deveria cumprir, começando pelos dois primeiros
que uma sociedade ou seita que praticasse dessa
estágios, um seguido do outro, e depois, já que os mis-
forma a contemplação das verdades sublimes, não
térios não eram comunicados de uma só vez, passan-
poderia ser considerada frívola ou extravagante, cor-
do à terceira etapa dessa cerimônia, onde o candidato
roboração essa que vai remeter lá para o início do seu
era preparado para a representação da sua morte.
ensaio quando ele havia denunciado a respeito do
Havia, portanto, uma morte e uma ressurreição sim-
descaso que aquelas doutrinas sofreram em tempos
bólicas, onde implicitamente estava o culto ao sol, o
mais modernos. (da Costa, 2022, págs. 20-23)
qual metaforicamente morria e renascia diariamente.
Além das cerimônias possuir pretensões de fazer
COMENTÁRIOS:
com que o sol e as leis que regem seus movimentos
Como anunciado lá no início deste trabalho, com
estivessem ali visivelmente sendo representadas,
respeito ao lançamento recente do ensaio sobre os
esses mesmos fenômenos observáveis na natureza,
Artífices Dionisíacos, o “Esboço para a História dos
eram estudados com uma visão moral e assim utiliza-
Artífices Dionisíacos”, de autoria do Irmão Hipólito
dos na forma de tipos ou argumentos para a criação de
da Costa, que foi publicado originalmente em 1820,
uma filosofia mais sublime, mais metafísica. As
na Inglaterra, o ensaio caiu em nossas mãos no
regras morais daí depreendidas eram gravadas na
momento mais adequado possível. De posse do livro,
memória por conta das imagens e representações
traduzido e publicado no Brasil pelo Irmão José Filar-
vivas.
do, podemos agora desfrutar da sua leitura e estudos
Um aspecto muito interessante abordado pelo ensa-
fazendo este relato breve com o único propósito de
ísta se refere ao fato de que, o surgimento e o retorno
chamar a atenção do leitor para a oportunidade surgi-
do sol no hemisfério inferior, era tido como uma
da de através dessa leitura do ensaio em livro, ampliar
prova da imortalidade da alma, o que denota uma
os horizontes de sua cultura Maçónica ganhando um
aproximação direta com um dos princípios aqueles
conhecimento a mais da história dos Artífices.
mais elevados contido na filosofia platônica.
Já pudemos dar uma repassada até aqui em mais da
Nas páginas seguintes do ensaio, os comentários
metade do seu conteúdo, buscando o essencial do
se estendem para tratar das representações simbóli-
ensaio. Nessa difícil tarefa, vimos que o assunto
cas que foram utilizadas no âmbito das doutrinas anti-
sobre a origem dos Mistérios é o assunto que funcio-
gas com o propósito de fornecer aos iniciados expli-
na como carro-chefe para o autor do ensaio chegar até
cações concernentes à espiritualidade e à imortalida-
a origem e formação dos Arquitetos Dionisíacos. O
de da alma.
ensaio mostra descrições detalhadas a respeito de
Os mistérios menores serviam à representação da
como se desenvolviam as antigas cerimônias destina-
descida da alma ao corpo e às dores sofridas nesse
das aqueles que tinham sido escolhidos para ingres-
momento, os mistérios maiores tinham a pretensão de
sar nos mistérios. Há muitos detalhes sobre as inicia-
tipificar o que seriam aquelas visões encantadores,
ções que são ali descritos, mas, que deixam de ser
traduzindo o estado de felicidade da alma, tanto no
reproduzidos aqui, pelo simples fato de que, não seria
presente como no futuro, quando então já estaria puri-

19
lícito descrevê-los quando a proposta é a de uma
resenha. Por outro lado, o livro agora já está disponí-
vel para quem quiser adquiri-lo.
O autor propicia uma quantidade apreciável de
informações sobre os simbolismos contidos nas anti-
gas doutrinas, assuntos que estão intrinsicamente
ligados às origens da crença na imortalidade da
alma.
Também, ao longo do texto o autor deixa transpa-
recer sua vontade em clarear da melhor forma possí-
vel os propósitos dessas instituições, que eram bons
e puros, que elas estavam voltadas para o estudo da
ciência e a prática da moralidade, ainda que, alguns
dos seus membros tenham depois tomado algumas
licenciosidades, o que resultou depois em sua dege-
neração e à essa degeneração se seguiu a ruína do
estado.
O autor pretendeu mostrar ainda sobre a impor-
tância dos chamados mistérios de Elêusis ou Dioni-
síacos para os gregos da Antiguidade, além de que,
esses conhecimentos foram transmitidos para várias
nações.

OS JÔNIOS E O SURGIMENTO DOS


ARTÍFICES DIONISÍACOS Houve uma assembleia geral, a primeira, que
Dando prosseguimento ao resumo e comentários aconteceu em Theos. Após, passou para Lebedos,
do texto do Irmão Hipólito da Costa, este último men- em virtude de que em Theos estavam acontecendo
ciona que aproximadamente cinquenta anos antes de algumas revoltas populares. Com o tempo a socieda-
iniciada a construção do Templo de Salomão ou de de acabou se estendendo e foi marcou sua presença
Jerusalém, um grupo de gregos, em sua maioria jôni- em outros lugares, a exemplo da Síria, da Pérsia e da
os, emigrou para a Ásia Menor e lá fundaram um Índia.
país ao qual chamaram de Jônia. Também, com o tempo, essas sociedades jônicas
Os jônios se destacaram bastante no cultivo das se dividiram em diferentes seções, sendo que algu-
ciências e das artes e tornaram-se admirados na mas dessas pequenas associações resultantes adqui-
arquitetura, tanto que inventaram a ordem que levou riam nomes próprios.
o nome de jônica. O autor relata ter encontrados registros de que
A título de ilustração, fugindo só um pouco do essas sociedades por muitos anos foram investiga-
texto do ensaísta, três grandes filósofos da antigui- das por Cambises, rei da Pérsia, que acabou por con-
dade grega, os quais marcaram o início da história da ceder-lhes o beneplácito.
Filosofia eram jônicos: Tales, Anaximandro e Ana- À certa altura do texto o Irmão Hipólito da Costa
xímenes de Mileto. parece estar fazendo uma descrição muito similar
Pois, foi entre os jônios, esse que ficou sendo um àquelas com que nos deparamos em nossas leituras e
dos povos gregos que mais contribuíram para a for- pesquisas referentes às corporações de ofício que
mação da cultura grega, onde apareceram os Artífi- foram muito atuantes no período da Maçonaria Ope-
ces Dionisíacos. Um grupo de jônios formou uma rativa. Vejamos as seguintes linhas do seu texto:
sociedade com o objetivo de dedicar-se à construção “Mas eles estenderam suas visões morais, em
de edifícios. conjunto com a arte de construir, a muitos propósi-
Essa sociedade assim foi chamada em razão de tos úteis e à prática de atos de beneficência.” (...) “É
que Baco era tido como o inventor da construção de fundamental observar que essas sociedades tinham
teatros, e como já foi mencionado em capítulos ante- palavras significativas para distinguir seus mem-
riores, os Artífices celebravam festividades dedica- bros, e para o mesmo propósito eles usavam emble-
das a Dionísio. mas retirados da arte de construir.” (pág. 29)

20
gáveis. “Lebedos era a sede e assembleia dos Artífi-
COMENTÁRIOS: ces Dionisíacos, que habitavam a Jônia até o Heles-
O ponto mais relevante do ensaio que interessa ponto; ali celebravam suas festividades e solenes
para o nosso estudo aqui, já está bem próximo. Depo- assembleias, em honra de Baco', nos conta Estrabão
is das muitas leituras e pesquisas realizadas, é possí- (livro XIV, 921). Pertenciam a uma sociedade secre-
vel que este trabalho tenha ficado bem mais longo do ta, cujos membros se reconheciam por meio de Sina-
que constou no plano original. Resta um capítulo is e Palavras especiais (Greece, de Robertson) e
final, e restam algumas páginas do ensaio. O assunto utilizavam emblemas que tomaram da arte de cons-
que veremos proximamente versará sobre as truir (Euzébio, de Prep. Evang. III, c. 12). Entraram
influências dos Artífices, além da defesa da ideia, na Ásia Menor e na Fenícia, cinquenta anos antes
digamos assim, pelo Irmão Hipólito da Costa sobre da construção do Templo de Salomão, e Estrabão
a “provável” ligação e participação dos Artífices assegura ter encontrado seu rastro na Síria, Pérsia
Dionisíacos na construção do Templo de Salomão. e Índia. Seguramente, temos fatos que não devem
Para finalizarmos essa que é a Parte III do presen- ser postos de lado como romanceados, porque ver-
te trabalho é importante reproduzirmos alguns tre- dadeiramente não se harmonizaram com certas teo-
chos que constam no livro “Os Maçons Construto- rias. (...)” (Fort Newton, págs. 79/80, 2000)
res”, de autoria do estudioso Joseph Fort Newton, a Já comentamos na Parte II deste trabalho sobre a
quem já recorremos nos capítulos anteriores, e após, posição de Joseph Fort Newton, onde ele pratica-
um comentário cujo autor é o eminente historiador mente não ter deixou dúvida nenhuma de que a exis-
da Maçonaria Irmão H. L. Haywood. tência dessa sociedade ligada à arte da construção,
os chamados Artífices Dionisíacos, era extrema-
COMPLEMENTAÇÕES ÚTEIS mente provável.
O objetivo dessas complementações é reforçar A nota que acabou de ser reproduzida acima dá
nossos conhecimentos, ajudar a encadear as ideias e uma mostra importante da variedade de fontes que
assim podermos sopesar melhor as possibilidades foram utilizadas pelo mesmo em seus estudos sobre
propostas pela teoria que foi apresentada no ensaio o assunto, utilizando-se naquela ocasião tanto de
do Irmão Hipólito da Costa. fontes muito antigas como modernas, o que ajuda a
Da obra de Joseph Fort Newton, reproduziremos dar uma veridicidade à sua linha de pensamento.
na sequência, primeiramente um parágrafo onde ao Mas, ainda que a frase que constou já quase ao
seu final consta a nota de nº 60, tal como aparecem final da nota acima “... temos fatos que não devem
no livro: ser postos de lado como romanceados ...”, ainda há
“Se é certo que as leis da arquitetura eram segre- de se manter algumas reservas, e é muito importante
dos conhecidos apenas pelos iniciados, então não levarmos em conta também o que também escreveu
resta dúvida de que os construtores do Templo de o sábio Irmão H. L. Haywood, membro da famosa
Salomão deveriam ter pertencido a uma ordem Loja de Pesquisas Quatuor Coronati:
secreta. Quem foram os construtores? Talvez “Para o estudante da evolução da maçonaria,
tenham sido os Artífices Dionisíacos, (...) ordem de desde suas características primitivas até seu estado
arquitetos eu erigiu Templo, estádios e teatros na atual de riqueza e poder, a história dos colégios é de
Ásia Menor, e que contemporaneamente pertenceu grande importância. A ideia entusiástica de que
aos mistérios de Baco, antes que esse culto entrasse essas associações antigas eram lojas Maçónicas no
em declínio e rebeldia, como ocorreu depois em Ate- sentido literal do termo, e que por meio delas nossa
nas e Roma(60).“ Fraternidade, tal como existe hoje, pode remontar a
(60)
Symbolism of Freemansonry, por Mackey, capí- 1000 a.C. ou mais, deve ser abandonada, exceto em
tulo IV; veja-se também a Enciclopédia Maçónica um sentido tão amplo, quase esvaziando a ideia de
do mesmo autor, cujas duas obras derivam da His- qualquer significado.” (Haywood, pág. 72, 2022)
tory of Masonry, de Laurie, capítulo I; Laurie inspi-
rou-se por sua vez, no Sketch for the History of the CONTINUA NA: PARTE IV - FINAL
Dionysin Artifecers, A Fragment, de H. J. da Costa
(1820). Não sabemos por que razão Waite e outros
autores deixaram de lado os arquitetos dionisíacos,
considerando que foram uma quimera, poias as evi-
dências e autoridades citadas por Da Costa são ine-

21
22
23
CHEVALIER DE SAINT-GEORGES
"Mozart Negro" ou "Voltaire da Música"
incluindo esgrima, música e liderança militar.
Ele foi o melhor espadachim da França e um
dos melhores da Europa na sua época. Além

C
hevalier de Saint-Georges é um nome disso, ele era um violinista virtuoso e se tornou
pouco conhecido para muitos, mas ele o chefe da Orquestra de Paris. Foi chamado de
foi um dos músicos mais talentosos de "Mozart Negro" ou "Voltaire da Música" por
sua época e um pioneiro que abriu caminho causa de sua notável habilidade musical e sua
para a diversidade na música clássica europe- grande inteligência.
ia. Nascido em 1745 na ilha de Guadalupe, Apesar de suas realizações, Saint-Georges
filho de um rico fazendeiro das Antilhas e uma sofreu preconceito racial durante sua vida. Ele
jovem escravizada de 17 anos, Saint-Georges era ameaçado todo ano de não ser matriculado
teve uma vida difícil, mas seu pai deu-lhe uma na escola devido ao racismo que imperava na
educação digna de qualquer filho de fidalgo. França. Mesmo assim, graças às influências
Como resultado, ele se tornou um dos primei- do pai, ele conseguiu entrar na Academia Real
ros músicos clássicos europeus de origem afri- de Música do Rei.
cana. Durante a Revolução Francesa, Saint-
Saint-Georges se destacou em muitas áreas, Georges conduziu uma brigada de afrodescen-

24
Luta de esgrima entre St.-Georges e o diplomata e espião francês travestido La Chevalière
d'Éon em 9 de abril de 1787, pelo abade Alexandre-Auguste Robineau. (Domínio público)
dentes voluntários, conhecida como a Legião da música africana e da música popular fran-
Saint-George. Foi nomeado o primeiro coro- cesa. Ele compôs várias óperas, música de
nel negro do exército francês e Alexandre câmara e sinfonias, que foram muito aprecia-
Dumas pai, autor do livro "Os Três Mosquetei- das durante sua vida. No entanto, sua música
ros", serviu sob seu comando. Saint-Georges foi injustamente esquecida depois de sua mor-
também lutou pela igualdade e contra a escra- te.
vidão, se tornando um ícone para muitos. Hoje, a história e o legado de Chevalier de
Além de suas habilidades em música e Saint-Georges estão sendo redescobertos. Sua
esgrima, Saint-Georges também se tornou um vida é um exemplo da perseverança e da deter-
franco-maçom. Ele foi iniciado na surdina minação em superar o racismo e o preconcei-
devido ao preconceito da época, pelo Grão- to, além de ser um marco na história da música
Mestre do Grand Orient, Louis-Philippe clássica europeia e da maçonaria francesa.
Joseph d'Orléans, na Loja "Les Neuf Soeurs”. Saint-Georges foi um pioneiro, que abriu cami-
Saint-Georges fundou sua própria Loja Maçô- nho para a diversidade e a inclusão na música e
nica, formada por músicos Maçons, tornando- em outras áreas da vida.
se o primeiro franco-maçom negro da França.
A música de Saint-Georges é notável por Autor: Luiz Sérgio Castro
suas misturas de estilos, incluindo influências Bibliografia: https://www.wbur.org

25
A LUZ E A MAÇONARIA
do movimento dos enciclopedistas que produ-
ziram a famosa Enciclopédia ou Dicionário
Raciocinado de Ciências, Artes e Ofícios, de
Por Irmão Williams Díaz Goyo olho no ciência e dando as costas à religião e à
superstição, todo conhecimento humano foi

N ão é segredo para ninguém que o conce-


ito de "LUZ" está relacionado não ape-
nas com a ausência de escuridão ou, em
outras palavras, quando se fala em iluminação
ela carrega um conteúdo multivalente, pois
colocado a serviço de homens de qualquer con-
dição.
Era a época histórica do Iluminismo, movi-
mento cultural promovido por um grupo de pen-
sadores que tentavam dissipar as trevas da
poderíamos estar nos referindo ao efeito de luz humanidade através das luzes da razão.
produzido pelo sol, uma vela, uma lâmpada ou Originou-se na Europa, principalmente na
podemos estar nos referindo ao conhecimento França, onde esses intelectuais esclarecidos
que nos tira das penumbras da ignorância. lutaram contra o obscurantismo político e reli-
Desde o século XVIII, muitos filósofos gioso. É por isso que o século 18 é conhecido
como JJ Rousseau, Montesquieu, Voltaire, como a Era do Iluminismo.
Denis Diderot e todos aqueles que fizeram parte Desde aquela época até os dias atuais, deu-se

26
Thomas Edison
o nascimento de novas tecnologias, onde as Thomas Edison foi um dos maiores inventores
redes de computadores deram grandes contri- e empreendedores da era moderna.
buições, em prol de diferentes formas e ramos Sua invenção prolífica literalmente iluminou
do conhecimento, assim as sombras foram se o mundo, trazendo luz elétrica para milhões de
dissipando e o conhecimento se espalhou pessoas. E sua perspicácia nos negócios criou a
expandindo até que esteja disponível para General Electric, uma das maiores e mais bem-
todos. Só é necessário aproveitá-lo adequada- sucedidas empresas do mundo.
mente, com bom senso. Não se sabe onde e quando exatamente Edi-
A Maçonaria como organização que promo- son se tornou maçom, porém a influência da
ve o combate à ignorância e ao fanatismo, por Arte pode ser vista na busca sem fim de Edison
meio da ciência e do conhecimento, sem des- para trazer a luz do conhecimento para a huma-
cartar a parte espiritual e a crença em um ser nidade.
supremo, tem desempenhado UM PAPEL Edison nasceu em 1847, em Ohio, em uma
IMPORTANTE NESSA MISSÃO. família americana de classe média. Desse
Podemos citar um número infindável de humilde começo, grandes coisas viriam. Ele
Maçons que deram contribuições transcenden- começou seus experimentos ainda jovem, reali-
tais nesta luta em favor da Luz. zados durante seu tempo de inatividade como
Mas, nesta ocasião, vamos nos referir a telegrafista.
alguns daqueles que fizeram um trabalho Em 1874, ele teve sua primeira invenção
duplamente importante, pois contribuíram para bem-sucedida, que vendeu por $ 10.000 (mais
dissipar as trevas da vida de todos aqueles que de $ 220.000 em dólares de hoje). A partir daí,
dependem apenas da ignorância e ao mesmo sua carreira como inventor decolou. Não con-
tempo serem iluminados pelo sol (estrela rei) e tente em apenas inventar aparelhos, Edison
fogo, para poder ver por onde andavam. entrou no negócio, contratando outras mentes
Como referência a alguns desses persona- jovens e brilhantes para trabalhar para ele
gens que deram sua dupla contribuição, temos fazendo pesquisa e desenvolvendo tecnologias.
Thomas Alba Edison, que foi um inventor e Algumas das conquistas do progresso huma-
empresário cujo espírito maçônico deu origem no que ele orquestrou foram a popularização da
à iluminação mundial, na forma de luz elétrica. eletricidade e das luzes elétricas e a invenção do

27
fonógrafo. No geral, Edison registraria mais
de 1.000 patentes antes de sua morte em 1931.
Ele deixou para trás um legado de inovação
tecnológica e progresso sem igual até hoje.
Edison seguiu os passos de Benjamin
Franklin, outro maçom, iniciado em St. John's
Lodge, na Filadélfia, que descobriu a eletrici-
dade dos raios quando fazia experiências com
uma pipa durante uma tempestade.
Outros Maçons que contribuíram significa-
tivamente para este ramo da tecnologia, para a
criação da Luz Elétrica ou para o uso da eletri-
cidade, foram:
Rev. John Desaguliers- Maçom, que desco-
briu as propriedades da eletricidade;
Michael Faraday- Maçom, aclamado como
"o pai da eletricidade";
Pavel Yablochkov - Maçom, - inventor do
transformador; James Watt - Maçom, - inven-
tor (o Watt leva o nome dele); André-Marie
Ampère - Maçom, que fundou a ciência da ele-
trodinâmica (deu o nome ao ampère); e Anto-
nio Meucci - Maçom, que desenvolveu os prin-
cípios do telefone. Devido ao trabalho de
outros dois maçons: Heinrich Hertz e Marconi.
A eletricidade e a luz têm sido usadas para
quase tudo, desde iluminar uma casa, em uma
operação de coração aberto, levar foguetes e
pessoas ao espaço e milhões de avanços em
pesquisas científicas em diferentes áreas como
medicina, astronomia, agricultura, conserva-
ção ambiental, transporte, geração de frio e
calor e comunicação por rádio da qual a televi-
são, os telefones celulares, enfim, graças a
essas contribuições tão importantes para a
No C.E.M.I. "continuamos a trabalhar" e a
humanidade, pode-se dizer que nosso estilo de
levar luz aos lugares mais remotos do mundo
vida atual depende deles, imaginemos que ape-
para nunca mais voltar à escuridão, não pode-
nas por um instante todo o planeta ficará sem
mos perder tempo, pois cada minuto conta,
eletricidade, sem luz elétrica. Hoje, com este
continuemos a ter consciência de que CARPE
artigo, prestamos homenagem a esses maçons
DIEM é, APROVEITE O DIA
que, com a luz de seu conhecimento, a luz do
conhecimento, vêm contribuindo de suas dife-
rentes esferas para erradicar gradualmente a Fonte: Revista C.E.M.I.
ESCURIDÃO, seja qual for o conceito que
você olhe. "A luz do conhecimento prevaleceu
sobre as trevas da ignorância e do fanatismo."

28
Considerado e Grande Irmão,
Abaixo estão as redes para conhecer e acompanhar o movimento da
Colmeia Operativa.
Vamos compactar e fortalecer nossas Lojas e Irmãos.
A Retomada Chegou! Faça parte desse movimento!

29
COMO GARANTIR A DIGNIDADE
HUMANA NO FINAL DA VIDA?
No contexto cultural em que vivemos, os ido-
sos, por mais numerosos que sejam, parecem colo-
cados numa caixa especial quando se tornam

C
omo preâmbulo, optamos por não abordar dependentes, tanto física como moralmente, e os
o problema da eutanásia, o que por si só dois estão inevitavelmente ligados.
justifica outra abordagem. O que resta então para acolher e acolher os ido-
Optamos, portanto, por uma reflexão em torno sos e, ou em fim de vida?
dos dias, semanas, meses e até anos que fazem Seus cuidados serão cada vez mais longos. A
parte do que se chama de fim da vida. expectativa de vida aumenta a cada ano em três
A dignidade humana é o valor específico de meses por ano!
cada indivíduo que deve ser considerado e respei- Então, o que resta se as famílias não podem ou
tado física e moralmente ao longo de sua vida. É não querem assumir esse fardo? É inútil culpá-los:
este o caso hoje? a sociedade mudou!
Historicamente, os idosos permaneceram, na Antes de mais, as pessoas em fim de vida que-
maioria das vezes, integrados e dependentes de rem este cuidado familiar? Na maioria das vezes
seu meio familiar, seja sob o mesmo teto ou em não. Eles não querem "incomodar" seus entes que-
ambiente geográfico próximo, com contatos faci- ridos.
litados por essa proximidade. Hoje, devido à evo- Então, o que resta? Estruturas adaptadas, públi-
lução das famílias, desagregadas, distantes, cas ou privadas. Essas estruturas necessariamente
vivendo em habitações inadequadas à coabitação têm um custo maior ou menor, dependendo se são
de várias gerações e com as exigências de conforto privadas ou públicas.
da população, estas condições praticamente já não Mas cabe a pergunta: quem tem condições de
existem, exceto, talvez por vezes, no mundo rural, suprir financeiramente as necessidades dessas
mas encolhe como uma pele de tristeza! pessoas em fim de vida? Mesmo que tenham tra-

30
balhado, economizado, quanto poderão cobrir o lização de fundos significativos que permitam
custo dessas casas especializadas. criar as infra-estruturas necessárias (construção
Estas estruturas públicas ou privadas são noto- de locais adequados, formação de pessoal em
riamente insuficientes. As mulheres são mais número suficiente, com salários decentes) para
afetadas por estas dificuldades materiais devido atender às necessidades de uma sociedade de mais
aos montantes das pensões reversíveis manifesta- e mais diante do prolongamento desse fim de vida,
mente insuficientes. A vontade do governo de cada vez mais longo simplesmente pelo melhor
aumentar as menores aposentadorias, se for na manejo de todos os eventos da doença nesses ido-
direção certa, não será suficiente. sos.
Ali, apenas abordamos o problema material, A partir daí e só então, ficará claro que o fim da
mas a manutenção da dignidade, que está ligada à vida continuará digno, ou pelo menos aceitável.
decência do cuidado moral e emocional, está, em Os membros da família que poderiam cuidar da
todo caso, intimamente ligada aos meios à dispo- pessoa em fim de vida devem ser remunerados?
sição das diversas estruturas. Na verdade, todos Como? Permitindo-lhe trabalhar menos tempo no
desejam que o ambiente desses seres fragilizados seu emprego e compensando a perda de rendimen-
pela doença, idade, isolamento familiar, seja feito tos! Atualmente estamos nos afastando de tal pro-
nas melhores condições. Para isso, voltamos ao posta.
dinheiro, que é o nervo da guerra. Como evitar que Infelizmente o fim da vida não é feito por um
uma pessoa dependente, no final da vida, seja cálculo matemático!
apressada e maltratada. Devemos realizar campanhas de sensibilização
Terá de ser colocado um número suficiente de nos meios de comunicação para chamar a atenção
pessoal para que, face à dificuldade deste trabalho, de todos para este grande problema da sociedade e
o pessoal por ele responsável esteja formado, dis- recordar o princípio geracional da solidariedade?
ponível e atento. Talvez!
É, pois, necessária vontade política face a esta A solução não é simples, claro, mas passa inevi-
manutenção da dignidade em fim de vida. Estas tavelmente e sobretudo pela vontade política de
mesmas políticas que defendem a criação de pos- criar meios materiais para eliminar, ou pelo menos
tos de trabalho nos serviços pessoais põem em reduzir, estas desigualdades em fim de vida. Vai
prática os meios das suas declarações? demorar, se o tempo todo conseguirmos!!!
Como essas declarações podem ser combina- Então, talvez, tragamos de volta a alegria a este
das com as decisões a serem tomadas? momento da vida com o qual cada um de nós um
O primeiro elemento essencial será a disponibi- dia se deparará!

31
COMO LIDAR COM O PRECONCEITO? Como disse Cícero:
*Ut sementem feceris, ita metes. (Ci. de orat.)
*Como você semeou, você colherá.

lutar, contra o qual nossa razão nos conduz, con-


tra o qual nossa inteligência se revolta e desper-
ta nosso senso de humor. Ainda assim, o pre-

O
preconceito é uma ideia comum a um conceito nada mais é do que uma mancha na
certo número de pessoas, e que é consi- margem, um dos quadrados pretos de nosso
derada por elas como uma verdade. Esta pavimento de mosaico, uma forma de revela-
maneira de pensar está ligada à natureza pro- dor.
funda do homem. Talvez devêssemos, para Cuidado com toda ingenuidade, o preconcei-
começar, nos perguntar, sem julgamentos de to adquire sua pouca utilidade na exata medida
valor, qual é a função primária do preconceito. em que, reconhecido e testado, torna-se o ponto
O preconceito é uma ideia comum a um certo de partida de nossa reflexão. Sem descurar o
número de pessoas, e que é por elas considerada facto de os preconceitos se aplicarem a quase
uma verdade. Esta maneira de pensar está liga- todos os objetos ou Seres observados, podemos
da à natureza profunda do homem. Talvez assim tentar a análise das suas origens num dos
devêssemos, para começar, nos perguntar, sem mais arcaicos e persistentes: o preconceito
julgamentos de valor, qual é a função primária racista.
do preconceito. Nós maçons, não podemos dei- No início, a xenofobia estava, sem dúvida,
xar de considerar o preconceito como uma rea- ligada à agressividade animal, ao medo do con-
lidade útil, a saber: um método de pensamento tato entre os seres vivos. A defesa do seu territó-
positivo contra o qual nosso dever nos obriga a rio natural era por eles compreendida como

32
garantia do seu abastecimento, pelo que foi ini-
cialmente, de certa forma, o “medo de ser comi-
do pelo outro” que instituiu esta reação. As qua-
lidades ou defeitos desse misterioso “outro”
eram então julgados, para garantir um lugar de
observação, uma opção de defesa, fuga ou con-
fraternização. Infelizmente, a longo prazo,
embora todos os dados tivessem evoluído, evi-
támos questionar esses reflexos, definimos
hierarquias, prioridades, poderes mais ou
menos fictícios, perante os quais reagimos com
rigidez.
Resumindo, nós prejulgamos! Essas conjec- do que é o nosso autêntico "eu", longe das más-
turas nasceram, portanto, de um marco útil (o caras e mais perto do coração, verifica-se que,
tigre usa listras verticais pretas) e depois evolu- seja qual for o caminho de desenvolvimento
íram, com o tempo, em reflexos escleróticos, pessoal escolhido, os preconceitos são obstácu-
(as listras pretas verticais são perigosas) para los à a realização do ser humano.
acabar em certezas absurdas, (a zebra dá azar). Daí resulta que quanto mais o indivíduo é
Foi assim que os preconceitos se tornaram parte “unificado” e bem estruturado, menos tem
integrante daquela parte de nossa psique que preconceitos, pois o desenvolvimento da nossa
Carl Gustav Jung chamou de “a Persona”, estrutura e do nosso equilíbrio interior permite
termo derivado do grego “prosopon”, que sig- eliminar o reflexo de julgar antes de conhecer.
nifica “máscara”. Ou seja: o rosto que damos a Para nos realizarmos, devemos, portanto,
ver publicamente, a adaptação do nosso ser sin- “enfrentar nossos preconceitos”, tomar cons-
gular às normas sociais, a nossa aparência, as ciência deles e erradicá-los. Para tentar defini-
nossas atitudes conscientes perante o mundo los, esses preconceitos, não apenas como estra-
exterior, fruto de um compromisso com o que tos arcaicos da evolução das espécies, mas tam-
queremos ser e com o que podemos parecer, bém como obstáculos a essa liberdade de pen-
respondendo às expectativas, às exigências da samento que nos é cara, devem ser identifica-
sociedade em que estamos inseridos. dos; pois, de fato, eles mudam de forma de acor-
A partir daí, o indivíduo escolhe certo núme- do com as sociedades, épocas e lugares geográ-
ro de ideias preconcebidas que o ajudaram a ficos onde se estabelecem.
preservar seu status social, seu conforto emoci- Tornar-se consciente das diferentes castas
onal e intelectual, sua autoconfiança ou sua que compõem a sociedade ocidental moderna e
desconfiança dos outros. suas estruturas mentais provavelmente não é
Baseou-se em pseudocertezas para se conso- mais difícil do que descobrir a presença em
lidar na imagem que queria impor, em contradi- nossa Ordem como em nós mesmos, dos mes-
ção com o que realmente era. A afirmação mos padrões de exclusão.
absurda de uma diferença coletiva, o uso de um Isso pressupõe um mínimo de coragem e
"pronto-a-pensar" comum à tribo tornou-se um independência de julgamento e, para adquiri-
elo essencial em sua necessidade vital de se lo, é útil nos livrarmos de nossos reflexos atávi-
enquadrar no grupo. cos, cultivar nosso próprio raciocínio, nossa
No entanto, nossa verdade não é necessaria- própria intuição, abordar com serenidade e curi-
mente o que sonhamos ser nem o que a socieda- osidade essa metáfora perfeita que é " Verdade"
de gostaria que fôssemos. Se pudermos, antes e a multiplicidade de seus avatares.
de o ter descoberto, conceber uma ideia precisa Podemos então dizer que “enfrentar” signifi-

33
ca “reconhecer” e “combater” nossos precon- Se, extraordinariamente, em memória da per-
ceitos. E aqui está uma pergunta maçônica que gunta feita pelo V.: ao neófito: “Senhor, tens
traz em si sua resposta. Que ferramentas tem a alguma falta? » quiséssemos trabalhar à escala
Maçonaria para combater seus preconceitos do Workshop sobre este tema do preconceito e
como os das sociedades das quais faz parte? suas consequências, não deveríamos conside-
Quais são essas virtudes originais que se rar, estudo prático, Realização em Câmara de
desenvolvem através do corpo maçônico. Exis- Reflexão, de acordo com os nossos Rituais,
tem, claro, as ferramentas tradicionais: a frater- onde seria realizado, até ao momento como
nidade e a tolerância, que exigem abertura ao podemos, uma espécie de análise de grupo.
outro. Que consequências surgiriam de uma discus-
Há, também, pré-existente à invenção de são muito aberta e muito benevolente em que
toda psicanálise, a ligação entre a Loja e o Tem- aplicaríamos nossa promessa de ir um ao outro,
plo e seus dramas simbólicos, que contribuem de falar um com o outro da maneira mais franca,
para desenvolver nos Maçons sua estrutura sincera e fraterna. Não arriscaríamos abrir uma
interna e reorientá-la. nova “caixa de Pandora maçônica” da qual a
Existe a Instrução que, por imitação e troca, sabedoria de nossos Mestres nos teria preserva-
por aprendizado, requer uma forma adequada e do até então?
sofisticada de civilidade. Há também a discipli- Em suma e para concluir, embora seja inte-
na na fala, a cadeia de união, a familiaridade e ressante questionar a pertinência maçônica
todas essas formas que tendem a aproximar os deste tema, podemos afirmar com segurança
Irmãos em nossos rituais, aguçar sua curiosida- que a melhor forma de enfrentar o preconceito
de e seu entendimento, para "conduzi-los" de passa por aplicar com vigor, indulgência e sin-
alguma forma à Fraternidade. ceridade, tanto aos outros como a si mesmo, as
Ainda existe esse trabalho, tanto pessoal nossas Princípios maçônicos em todas as coisas
quanto coletivo, que só pode gerar uma atitude e em todas as ocasiões, no Templo como no
adequada diante dos preconceitos e seu paulati- mundo.
no apagamento. Por fim, existe, levada ao
escrúpulo, a honestidade do maçom quando Fonte: https://leprogres.ch
cumpre o seu dever.

34
MISTÉRIOS DA MAÇONARIA NA ÁFRICA
britânicos, belgas e portugueses que trouxeram
os ideais maçônicos para o continente africano.
Lojas europeias adaptavam rituais ao ambi-
ente cultural local e os membros se autodenomi-
Por Paulo Kanate navam "irmãos", unindo-os em solidariedade
simbólica.

C om a chegada do no mundo maçônico,


muitas perguntas surgiram: quais foram
os impactos na maçonaria africana? E as
proibições político-religiosas e como esses obs-
táculos foram contornados? Qual é a percepção
Origens
Segundo algumas fontes, a primeira loja
maçônica foi fundada em 1737 no Egito, mas
não sobreviveu por muito tempo. A loja mais
atual da Maçonaria na África? Neste artigo, res- antiga conhecida no continente é a da Presidên-
pondemos a todas essas perguntas analisando cia do Benin (ex-Daomé), fundada em 1852 por
em profundidade a história e o desenvolvimento um chefe consuetudinário e aberta exclusiva-
da Maçonaria na África. mente a membros locais qualificados.
Em 1862, o Grande Oriente da França estabe-
História da Maçonaria na África leceu sua primeira loja maçônica no Senegal e
A Maçonaria foi estabelecida na África no outras lojas se seguiram em todo o continente
século XVIII. Entrou no continente através de africano.
missionários e militares coloniais franceses,

35
Expansão e influência muçulmanos e cristãos proibiram a prática da
Durante o período colonial, novas lojas foram Maçonaria por vários motivos. Oponentes reli-
estabelecidas nas colônias européias para aten- giosos frequentemente denunciavam a Maçona-
der a população europeia. No início do século ria como uma forma secreta de adoração idólatra
20, as lojas haviam se enraizado em quase todos ou pagã, ou como uma organização secreta que
os países africanos de língua francesa, incluindo procurava substituir Deus por um chamado
alguns países de língua inglesa, como África do "grande arquiteto".
Sul, Zimbábue e Quênia.
Em alguns casos, a influência maçônica se Superando as proibições
estendeu para incluir líderes africanos assumin- A maioria das lojas foi forçada a operar nas
do posições de responsabilidade em ordens sombras e essas proibições continuaram em
maçônicas internacionais, como o Grand Orient vigor até o final do século XX. No entanto,
de France (GODF) e o Grand Loge National novas organizações maçônicas trabalharam
Français (GLNF). para superar essas proibições.
De fato, alguns irmãos africanos têm procura-
Proibições político-religiosas do se aproximar das principais ordens maçôni-
Motivos da proibição cas européias para obter seu reconhecimento
formal. Por exemplo, em 1985, a Grande Loge
A partir da década de 1970, quando a maioria Nationale Française (GLNF) estabeleceu uma
dos países africanos estava conquistando a inde- “obediência” no Benin, apesar das restrições
pendência política e nacional, vários estados religiosas.

36
Desenvolvimento da Afro-Maçonaria
No final do século 20, a chegada das Lojas
Prince Hall (uma loja americana fundada em
1887 por escravos negros) deu um novo impul-
so à Maçonaria na África. Essas lojas introduzi-
ram um movimento que tentou reinterpretar os
ritos maçônicos de uma perspectiva africana e
apelar para as tradições culturais locais para
criar o que alguns chamam de "afro-
maçonaria".
Este movimento também estimulou o desen-
volvimento de uma "grande loja" continental,
conhecida como Grande Loja da África (GLA),
com sede em Abidjan, Costa do Marfim.

Diferenças entre Maçonaria e Afro-


Maçonaria
As principais diferenças entre a Maçonaria e
a Afro-Maçonaria estão relacionadas principal- africanos contra as lojas, a organização é geral-
mente à espiritualidade e à prática maçônica. mente vista favoravelmente na maioria dos paí-
Enquanto os irmãos maçônicos tradicionais ses africanos. Em algumas partes do continen-
geralmente buscam uma conexão espiritual te, a Maçonaria é vista como uma parte impor-
mística com o Grande Arquiteto do Universo, tante da cultura local e muitos líderes tradicio-
os membros afro-maçônicos veem o serviço nais são membros de lojas maçônicas.
comunitário como seu maior dever e colocam
ênfase particular nos laços familiares e nas res- Resumo dos pontos principais
ponsabilidades sociais. A Maçonaria está estabelecida na África há
Ao mesmo tempo, os seus ritos centram-se quase três séculos e se espalhou amplamente
em símbolos africanos como máscaras, escul- graças à ação dos missionários coloniais fran-
turas ou mesmo antigas linhagens reais. ceses, ingleses, belgas e portugueses. A partir
da década de 1970, vários estados muçulmanos
Presença atual da Maçonaria na África e cristãos proibiram a prática por motivos reli-
Extensão da Presença giosos e políticos.
Atualmente, existem vários milhares de No entanto, esse movimento superou essas
lojas maçônicas ativas na África, com um gran- proibições graças aos esforços dos irmãos afri-
de número de países tendo suas próprias lojas canos que buscavam se aproximar das principa-
nacionais. No entanto, a presença maçônica is ordens maçônicas européias. A vinda das
varia consideravelmente de acordo com o país e Lojas Prince Hall no final do século 20 deu um
certas denominações são mais ou menos ativas novo impulso à Maçonaria na África e contri-
de acordo com os Estados, em particular aque- buiu para o desenvolvimento da Afro-
las administradas por ordens maçônicas euro- Maçonaria e da Grande Loja da África (GLA).
péias. Hoje, a Maçonaria é vista favoravelmente na
África e tem vários milhares de lojas ativas em
Percepção da população local quase todos os países do continente.
Embora o sigilo da Maçonaria ainda possa
levantar algumas suspeitas em certos círculos Fonte: www.connectionivoirienne.net

37
Spinello Aretino, cena do canteiro de obras na História do Papa Alexandre III, c. 1408, afresco, Palazzo Pubblico, Siena

O TRABALHO DO MAÇOM
a lei.
É o planeta mais bonito de nosso sistema e seus
maravilhosos anéis ainda não acabaram de nos

A
mitologia nos ensina que Saturno veio à revelar seus símbolos.
Terra para ensinar os homens a trabalhar a Ainda que a dupla tradição grega e cristã faça
terra e ajudá-los a organizar sua vida soci- do trabalho um sofrimento e um castigo, até
al. mesmo uma maldição (Bíblia), o trabalho é antes
Saturno representa valores, ordem, limites, de tudo uma atividade útil. Leva o homem a pro-
estabilidade, resistência, consequências. Está duzir resultados tangíveis. Na física, trabalho é
associado às noções de foco, dever, disciplina e sinônimo de força e, quando fornecido pelo
desempenho. homem, falamos de trabalho motor.
Governa os ossos e o esqueleto e especialmente O trabalho, de fato, coloca o homem diante da
a coluna vertebral. matéria. Assim o homem molda, forma, transfor-
Saturno é o senhor do tempo - Chronos entre os ma, organiza, estrutura e desenvolve, recicla e
gregos - e representava a paciência, a sabedoria e remodela, evolui.

38
O trabalho também é sinônimo de uma ação
progressiva e contínua (trabalho de erosão, ou
trabalho de um órgão), e indica tanto os métodos
de seu desenvolvimento quanto as operações espe-
cíficas de um determinado campo (trabalho agrí-
cola ou doméstico).
O trabalho indica a ação exercida pelo homem
sobre a matéria a fim de produzir um resultado
útil. O mundo do espírito e da fé abre-nos horizon-
tes, o da matéria ensina-nos limites e regras, for-
ma-nos e educa-nos. Através do trabalho, o
homem exerce ação em ambos os mundos. O tra- Vincent Van Gogh - Tecelão voltado
balho é, portanto, um processo pelo qual o homem para a esquerda com roda giratória, 1884
direciona seus esforços para um objetivo. É, em da nossa existência: a dimensão humana e o pro-
certo sentido, o exercício da vontade de alguém gresso.
para um propósito criativo. A consciência nasce na interseção dos dois
A partir daí podemos imaginar-nos mental- eixos.
mente sobre uma cruz em que o eixo horizontal O verdadeiro trabalho do homem - e mais pre-
representa o esforço das nossas mãos, trabalho no cisamente do Maçom - é um trabalho de comuni-
mundo, muitas vezes sinónimo de trabalho a ter. cação consigo mesmo e com o mundo que o rode-
E, como muitas vezes acontece, o ter prevalece ia. A comunicação deve ser entendida no seu sen-
sobre o ser; os objetos não são mais meios, mas tido etimológico, o da sua raiz latina communio,
objetivos. Isso leva a uma mudança de valores. que é a expressão cristã da Unidade.
Mas sua posse leva a limites porque pertencem ao Hoje, com a explosão do setor terciário e o desa-
mundo material, o que temos logo sai do nosso parecimento do setor primário, o trabalho do pas-
campo e invade o do próximo. Aqui está um sado, o físico e operacional, foi substituído por
segundo significado do eixo horizontal: a coesão, um trabalho mais cerebral. O estresse substitui o
nosso vínculo com os outros, o todo que forma- suor e as dores no corpo, o computador substitui o
mos com nossos semelhantes e o trabalho neces- arado. A responsabilidade substitui o trabalho
sário para organizar uma estrutura coerente e efi- penoso das tarefas.
ciente. No campo da produção, "tudo de uma vez" e
O eixo vertical são os esforços que nos fazem "qualidade total" elevaram muito a fasquia dos
crescer. Cabeça e pernas. Imaginação e vontade. requisitos, reduzindo os prazos de entrega. As
Seguir adiante. Conquiste ou recupere a liberda- responsabilidades e o comprometimento com o
de. O eixo vertical é a nossa coluna, o que nos dis- trabalho aumentaram significativamente e conti-
tingue dos animais e nos torna humanos, que nos nuam aumentando com a horizontalização das
liga ao universo: cabeça no céu, pés no chão. hierarquias. A quantidade substitui a qualidade e
O trabalho, disse Marx, pertence exclusiva- isso afeta a qualidade de vida onde o tempo se
mente ao homem porque pressupõe tanto a repre- torna um bem precioso. O atual ritmo de trabalho
sentação preventiva do objetivo, atenção e vonta- nos obriga a definir novas prioridades e, portanto,
de sustentada (portanto uma tensão), que é sufici- a mudar nossos valores. Nos processos de traba-
ente para diferenciá-lo da atividade instintiva do lho, tudo é agilizado. A pressão aumenta com as
animal. exigências e sobre nossas cabeças paira a sombra
O trabalho pertence ao homem e o define de Karachi (termo usado pelos japoneses para
melhor. Os dois eixos representados pela cruz são indicar parada cardíaca por excesso de trabalho e
para nós uma lembrança permanente das duas morte súbita que se segue). Depois de se tornar
dimensões do nosso trabalho, das duas dimensões indústria, a produção se torna ciência e tudo se

39
tornou produção - inclusive o trabalho dos geren-
tes - porque o homem nunca para de perseguir fins
egoístas. A gestão parece uma filosofia. Ao longo
desta transformação do trabalho, o homem passa a
confundir riqueza material e riqueza espiritual,
sem nunca pensar por um momento na riqueza do
Ser e nos seus formidáveis recursos criativos.
Com o desenvolvimento da telefonia e da inter-
net, o homem caminha para o teletrabalho e não
mais se desloca para chegar ao local de trabalho.
Paradoxalmente, vivemos um conflito entre o
sedentarismo e a mobilidade que atinge novos
patamares: milhões de euros são ganhos em algu-
mas operações de computador sentados em uma
cadeira, enquanto milhares de quilômetros são
percorridos todos os anos por alguns vendedores e
gerentes. Os planos de carreira são acompanha-
dos de transferências para diferentes países. Nas-
ceu o conceito de mobilidade e, com ele, a mudan-
ça de valores sociais porque em vez de servir a
comunidade, este trabalho desorganiza e descons-
trói a nossa sociedade. As repercussões são
conhecidas: desintegração de famílias, dificulda-
demasiado fragmentada para ser coerente e avan-
des de relacionamento, desemprego e suas conse-
çar para um objetivo nobre, como encontrar pra-
quências.
zer em cada ação, em cada contacto, em cada
A economia (outra noção saturnina) tornou-se
observação. O homem tem a particularidade de
uma ciência, tendo o lucro como objetivo princi-
poder mover montanhas e fazer milagres com a
pal. E o homem luta para encontrar valores porque
força do coração, da fé, da vontade. Cabe a nós
perdeu os seus. Infelizmente, o valor é muitas
estar especialmente vigilantes hoje, porque o
vezes monetizado e o mundo se tornou quantitati-
mundo de amanhã será decorado com nossas cria-
vo. Quase nunca falamos em qualidade no mundo
ções de hoje.
do trabalho e a qualidade das coisas prevalece
O trabalho é o conceito-chave da Maçonaria,
sobre a qualidade das relações. E a qualidade do
pois o torna sagrado. Os Irmãos se dedicam de
Ser? Nos ritmos ditados pela produtividade que se
corpo e alma a isso. Para os Maçons, o Trabalho é
tornou quase monótona, a criatividade torna-se
antes de tudo um meio de aperfeiçoamento, uma
prerrogativa de alguns, mas é ela que poderá dar
ferramenta de busca da verdade. Primeiro opera-
ao trabalho as suas verdadeiras dimensões: liber-
cional, depois especulativo a partir de Anderson,
dade, auto-afirmação, reconhecimento, valor,
o trabalho do Maçom é ritual e intelectual antes de
utilidade e, portanto, coesão e segurança. O
ser social e ocorre tanto na Loja quanto fora dela.
homem é tão criativo quanto o Criador. Para onde
Através da pesquisa, os Irmãos questionam sua
foi nossa curiosidade e criatividade? E nossa capa-
vida interior e exterior. Como parte de um todo,
cidade de viver os momentos preciosos de nossas
seu objetivo é o seu próprio progresso e o da soci-
vidas com simplicidade e sem muita análise? Ciên-
edade. O que inevitavelmente nos leva a conside-
cia, Arte e Religião partem uma da outra como
rar as noções de Progresso e Evolução. Cortando
nossos três princípios de Corpo, Alma e Espírito.
pedra com suas ferramentas, o Aprendiz trabalha
O verdadeiro trabalho do homem hoje consiste
em si mesmo. Mas é contribuindo para a constru-
sobretudo em juntar as dimensões de uma vida
ção da Catedral - e dando assim sentido à sua obra

40
Jean-Francois Millet – The Gleaners, 1857 - Musée d´Orsay, Paris
e à sua vida - que o Companheiro transcende a lho dele. É o trabalho que define o homem. Mas
dimensão do trabalho. Wirth diz que é ao pé do toda medalha tem seu lado negativo e até o traba-
muro que conhecemos o pedreiro e que é na sua lho pode nos aprisionar e nos libertar exige um
forma de trabalhar que o operário se afirma. Tra- esforço criativo. Digo esforço porque é preciso
balhar é implementar, é construir (no sentido força para derrubar o status quo das coisas. Se
maçônico) e isso requer um trabalho constante. E considerarmos o trabalho como um processo e
é por isso que os Irmãos não aspiram ao descanso. uma forma de desenvolvimento, o indivíduo
A aspiração, a meta, a Catedral são as razões do adquire valor por meio do trabalho que dá sentido
nosso progresso. O progresso é a meta suprema à sua vida. Ele afirma sua identidade, ganha reco-
do homem e o trabalho é o caminho para esse pro- nhecimento e conquista sua liberdade desenvol-
gresso. Quer seja técnico, social, intelectual ou vendo suas habilidades criativas. Então ele assu-
moral, político, o progresso é vida. É o avanço do me seu verdadeiro lugar, ocupa seu papel e se
homem e da civilização, condição indispensável torna ele mesmo. A sociedade torna-se mais coe-
para qualquer ação frutífera. rente e mais unida, o que permite um progresso
Saturno é uma chave para entender o verdadei- real. O trabalho é um processo necessário para a
ro significado da palavra trabalho. O ato essencial vida do indivíduo e também do grupo, portanto,
da vida econômica continua sendo o trabalho. da humanidade a cujo bem-estar dedicamos nos-
Você tem que trabalhar para viver. Mas trabalhar sas Obras do Templo. O trabalho é experiência,
também nos ajuda a estruturar nossos relaciona- transformação, evolução de si e do mundo exteri-
mentos. O trabalho educa, exercita o homem na or. O trabalho é um processo criativo contínuo. É
sua relação com a matéria e com os seus seme- a árvore dos nossos valores, a raiz da evolução. O
lhantes, através da qual o homem se torna verdadeiro trabalho é descobrir qual é o verdadei-
homem, desenvolve o seu domínio e a sua com- ro trabalho que deve ser ao mesmo tempo um
preensão das coisas, de si mesmo e, portanto, da dever, um direito e o garante da nossa liberdade
vida. Aprendendo a integrar seus vários compo- como Seres da Ordem Universal.
nentes e a viver em harmonia com seu ambiente, o
homem realiza um verdadeiro trabalho. O traba- LD - Fonte: Revista Athanor

41
Filosofia

Zenão de Cítio: o fundador

UMA INTRODUÇÃO AO ESTOICISMO:


A FILOSOFIA DA GARRA
recompensas, nem vida após a morte. Tampou-
co se trata de uma atitude de “lábio superior
rígido” ou “sorria e aguente” em relação à
Por MPSWRITERJOE vida. Os estóicos acreditam que “a virtude é o
único bem” e que, ao aprender a disciplinar

A VIDA é sofrimento. Se há uma coisa


em que os filósofos concordam, é nisso.
Esteja você tremendo de frio, atormen-
tado pela dor ou lidando com uma doença terrí-
vel, ninguém pode controlar a situação em que
seus pensamentos e reações a forças externas,
uma pessoa pode superar sua negatividade ina-
ta.
Não é de admirar que figuras lendárias como
Marco Aurélio, Frederico, o Grande, George
se encontra. Os estóicos ensinam que, em vez Washington, Adam Smith, Bill Clinton e o
de entrar em pânico diante da morte, doença e general James Mattis atribuam ao estoicismo
destruição, você deve permanecer calmo, parte de seu sucesso. De fato, há evidências
calmo e recolhido. crescentes dos benefícios do estoicismo na
Se você não pode controlar o mundo, pode depressão.
controlar sua reação a ele – isso é estoicismo Mas o que é estoicismo? Quem eram os
em poucas palavras. estóicos? E como o estoicismo leva a uma vida
O estoicismo não promete tesouros, nem mais saudável e feliz? Vamos descobrir.

42
do a si mesmo”, proclama Zenão. Em outro
lugar, ele adverte: “Nada é mais hostil a uma
compreensão firme do conhecimento do que o
autoengano”.

QUEM ERAM OS ESTÓICOS?


Seguindo os passos de Zenão, gerações de
filósofos estóicos expandiram essa escola de
pensamento. Pouco resta desses estágios inici-
ais. Somente no período romano tardio filóso-
fos como Epicteto, Sêneca e, mais notoriamen-
te, Marco Aurélio, criaram o cânone estóico
popular hoje.
A obra Meditações de Aurélio é talvez a
maior obra-prima da filosofia estóica antiga.
Ao contrário de outros livros de filosofia, não
foi escrito para consumo generalizado. Na ver-
dade, estamos lendo o diário dele – um pensa-
O QUE É ESTOICISMO? mento que provavelmente faria o sábio impe-
FUNDADO no início do século III a.C. por rador corar.
Zenão de Citium, o estoicismo é uma escola de No entanto, ao longo dessas meditações afo-
filosofia helenística preocupada com a virtude rísticas, uma visão clara aparece, envolvendo o
e a ética pessoal. Ao contrário das filosofias desenvolvimento do autocontrole, o exercício
densas e esotéricas, o estoicismo é altamente do julgamento claro e a superação das emo-
acessível. O nome, na verdade, deriva do Stoa, ções destrutivas. Ao longo dos séculos 2 a 4 , o
ou pórtico, quando os seguidores atenienses de estoicismo floresceu no mundo greco-romano,
Zenão se reuniam para discutir suas ideias. O diminuindo apenas com a ascensão do cristia-
estoicismo estava aberto a todos. nismo.
Esta filosofia de “The Porch” preocupa-se As sábias palavras de sabedoria permanece-
apenas com a tela da vida de uma pessoa. Ser ram, no entanto, tornando-se uma das obras
estóico hoje significa estar sem emoção – mais elogiadas da filosofia. Não é difícil perce-
alguém indiferente à dor, ao prazer, à tristeza ber porquê. Em uma das passagens mais pode-
ou à alegria. No entanto, reprimir as próprias rosas, Aurélio aconselha calmamente:
emoções e sentimentos não é um inquilino da “Diga a si mesmo de manhã cedo: hoje
filosofia estóica original - muito pelo contrário. encontrarei homens ingratos, violentos, traiço-
Os primeiros estóicos acreditavam que uma eiros, invejosos e caridosos. Todas essas coisas
pessoa poderia alcançar a eudaimonia , ou boa vieram sobre eles pela ignorância do bem e do
disposição, por meio da virtude. Podemos cha- mal reais... Não posso ser prejudicado por
má-lo de felicidade ou contentamento. A virtu- nenhum deles, pois nenhum homem me envol-
de não era alcançada por meio de palavras inte- verá em algo errado, nem posso ficar zangado
ligentes, mas de ações corretas — os estóicos com meu parente ou odiá-lo; pois viemos ao
valorizavam o autocontrole e a coragem para mundo para trabalharmos juntos”.
superar circunstâncias difíceis e emoções des-
trutivas. Fonte: https://blog.philosophicalsociety.org
“O homem conquista o mundo conquistan-

43
COMO O REI SALOMÃO MORREU?
Adonias e Joabe (o general de seu pai) para fir-
mar seu reinado.
Ele deu um passo além e consolidou sua posi-
O rei Salomão é uma das figuras mais proemi- ção ao indicar seus amigos próximos ao longo
nentes da história. do governo.
Ele era o segundo filho do rei Davi e Bate-
Seba e nomeado rei aos 12 anos. A Morte do Rei Salomão
Alguns historiadores afirmam que Salomão O rei Salomão morreu aos 82 anos em 931 aC
era na verdade o 17º dos 19 filhos de Davi, não o e supõe-se que ele morreu de causas naturais.
segundo. Portanto, suas chances de suceder seu Quase todas as religiões do mundo acreditam
pai como rei eram muito menores - era realmen- nisso, mas sua morte ainda é controversa em
te impossível. alguns outros aspectos, pois algumas religiões e
No entanto, com o apoio do profeta Natã, ele até estudiosos acreditam que ele desobedeceu a
foi nomeado rei em 970 aC. Deus durante os últimos anos de sua vida.
Logo depois de se tornar rei, seu meio-irmão Existem alguns estudiosos e religiões tam-
Adonias, o suposto sucessor, iniciou uma cons- bém que realmente elevam a posição do rei Salo-
piração contra ele para roubar o trono de Salo- mão e o chamam de profeta com um grande
mão. nível de conhecimento, sabedoria e poder.
Mas, Salomão estabeleceu seu poder de
forma implacável e rápida e rapidamente matou

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A Visita da Rainha de Sabá ao Rei Salomão
Rei Salomão no Judaísmo e no Cristianis- Especialmente, a Torá colocou limites no
mo número de esposas e riquezas, que ele quebrou
O judaísmo e o cristianismo definem a morte e, como resultado, seu filho Roboão enfrentou
do rei Salomão como um triste fim. um reino dividido.
Ambas as religiões aceitam sua presença his- O reino unificado de Salomão terminou em
tórica e elogiam seu prestígio e sabedoria. poucos anos.
Eles também o admiram por sua diligência na Especialistas acham que a principal razão por
construção do Templo. trás da destruição de seu reino foi seu casamento
Mas, de acordo com ambas as religiões, ele se com a filha do faraó egípcio.
voltou para os prazeres mundanos que lhe cau- Este evento não apenas levou à grande nação
saram o triste fim. Em vez de seguir a Deus e de Roma, mas também destruiu o segundo tem-
Seus mandamentos, Salomão cercou-se de luxo plo.
e mulheres. Por outro lado, os estudiosos cristãos são um
Na verdade, diz-se que ele tinha cerca de pouco mais cautelosos ao explicar a morte do rei
700 esposas e 300 concubinas. Salomão.
Além disso, essas mulheres eram daquelas Eles aceitam como verdade que Deus o aben-
nações sobre as quais Deus advertiu os israelitas çoou com sabedoria e entendimento, mas suas
de que eles podem voltar seus corações para opiniões sobre sua morte e o castigo de Deus
Deus e não devem se casar com elas. combinam com o judaísmo.
O judaísmo, em particular, é um pouco mais Estudiosos cristãos admitem que seus casa-
rígido ao explicar o triste final de Salomão. mentos com mulheres de outras nações desagra-
Afirma que Salomão pensou que a proibição daram a Deus.
bíblica não se aplica a ele. Essa percepção o Eles também acreditam que ele começou a
transformou em um plebeu. construir locais de adoração para os deuses de

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Salomão e a Maçonaria.
A Maçonaria não se interessa especificamen-
te por sua morte ou fala sobre ele.
Em vez disso, eleva o status de Hiram Abiff à
posição de primeiro Mestre Maçom, que é de
fato o personagem central do terceiro grau da
Maçonaria.
Hiram Abiff é na verdade o arquiteto do Tem-
plo do Rei Salomão.
O rei Salomão considerava Hiram um gênio e
um mestre artesão. Por essa razão, os maçons
também o respeitam e lhe dão uma posição de
autoridade em seus livros.
Esta é, talvez, a única coisa que conecta o rei
Salomão com a Maçonaria.

Considerações Finais
Existem muitas opiniões sobre a morte do rei
Salomão.
No entanto, todas as escrituras e especialistas
concordam que suas habilidades em arquitetura
e administração no reino eram perfeitas.
suas esposas estrangeiras e desviou seu coração Ele transformou Israel na vitrine do Oriente
de seu verdadeiro Deus e, em troca, Deus des- Médio. Em sua época, havia muitos projetos de
truiu seu reino, mas não fez isso em sua vida por construção à frente de seu tempo.
causa de seu pai, David.
Fonte: MasonicFind
Rei Salomão no Islã
No Islã, o rei Salomão é um profeta.
O Islã não o associa a finais tristes ou morte e
também não levanta questões sobre seus casa-
mentos. Na verdade, o Islã é a única religião que
eleva o status de Salomão e explica quase todos
os aspectos de sua vida positivamente.
Ele recusa a alegação de que Salomão se vol-
tou para a idolatria.
A versão islâmica sobre Salomão conta que
um de seus gênios escravizados se fez passar
por Salomão e também governou seu reino por
um tempo limitado.
Em outras palavras, não é o Salomão que
desacreditou, foram os demônios que desacre-
ditaram.

Rei Salomão e Maçonaria


A Maçonaria não é uma religião, mas existe
uma relação complexa e indireta entre o Rei

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OS DIÁCONOS NA MAÇONARIA Não por acaso, outra opção de símbolo para o
Diácono, menos comum no reino britânico, é a de
Mercúrio, justamente por ser personificado na ima-
Autor: Kennyo Ismail gem de um mensageiro, por ser este o Mensageiro
dos Deuses. O uso de Mercúrio nos bastões ainda
Os diáconos são cargos antigos, tendo sido her- pode ser observado em lojas antigas, visto que a ado-
dados da Maçonaria Operativa, conforme se verifica ção de Mercúrio como símbolo do Diácono foi ante-
no 1º Estatuto de Schaw, de 1598: “que eles obede- rior à do pombo. [iii]
çam aos seus Vigilantes, Diáconos e Mestres em Sabe-se que, pelo menos em 1760, a prática do
todas as coisas referentes a seu ofício”.[i] Venerável Mestre sussurrar algo ao Primeiro Diáco-
Em algumas jurisdições, enquanto o Primeiro no, que se dirige ao Primeiro Vigilante e transmite
Diácono serve como assistente do Venerável Mes- de igual modo a este, e este ao Segundo Diácono
tre, e o Segundo Diácono como assistente do Prime- para que comunique de modo igual ao Segundo Vigi-
iro Vigilante, esses são os cargos hierarquicamente lante, era algo presente em rituais ingleses. [iv]
mais importantes da Loja após os três principais Apesar dessa prática ter desaparecido na Ingla-
dirigentes, ocupando, assim, a quarta e a quinta posi- terra, provavelmente quando da fusão das duas Gran-
ções de linhas sucessórias.[ii] des Lojas rivais, ela sobreviveu em rituais que toma-
Um pombo com um ramo em seu bico é a insígnia ram esses anteriores por base, como é o caso do Rito
dos diáconos em alguns dos ritos maçônicos traba- Escocês Antigo e Aceito. Sua execução serve como
lhados regularmente no Brasil. No caso das Grandes um belo exemplo do antigo papel de mensageiro
Lojas brasileiras, há ainda um triângulo em torno do exercido pelos Diáconos, já que em alguns rituais
pombo, para diferenciar o Primeiro Diácono do atuais, os Diáconos realizam outras tantas ativida-
Segundo. des, mas perderam a essência de mensageiros.
Esse símbolo como referência aos diáconos pas-
sou a ser adotado a partir da Inglaterra, tomando [i] COOPER, R. L. D. Revelando o Código da
emprestado a simbologia bíblica contida na lenda de Maçonaria. São Paulo: Madras, 2009, p. 201.
Noé, que teria enviado um pombo para encontrar [ii] COIL, H. W.; BROWN, W. M. Coil's Maso-
terra firme após o dilúvio. Assim, o pombo é símbo- nic Encyclopedia. New York: Macoy, 1961, p. 156.
lo da função de levar as ordens a outras partes da [iii] CARR, H. O Ofício do Maçom. São Paulo:
loja. Não por acaso, a palavra “Diácono” vem do Madras, 2012, 213-214.
grego, “Diakonos”, que designa um servo, ajudante [iv] e.g.: The Three Distinct Knocks. Dublin:
ou mensageiro. Thomas Wilkinson, 1760, p. 30.

47
A RELEVÂNCIA DA MAÇONARIA
NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
outros, bem como aos necessitados, por meio de
atos de caridade e serviço comunitário.
Isso se baseia na crença de que a irmandade da
Por Salik Tariq humanidade é uma verdade universal e que todos
os indivíduos estão interconectados por uma

D urante séculos, a Maçonaria tem sido uma


organização fraternal venerada, ostentan-
do milhões de membros em todo o mundo.
Apesar de sua popularidade duradoura, a verda-
deira essência da Maçonaria permanece envolta
humanidade compartilhada.
Além de suas atividades filantrópicas, a Maço-
naria também se dedica ao crescimento pessoal e
auto-aperfeiçoamento de seus membros.
Eles são encorajados a cultivar seu caráter
em mistério para muitos. No entanto, seu papel na moral, habilidades intelectuais e habilidades de
sociedade contemporânea é de suma importância. liderança por meio do estudo de ensinamentos
Em sua essência, a Maçonaria é uma organiza- morais, éticos e espirituais.
ção humanitária que se esforça para melhorar a Essa ênfase nos valores se reflete nos símbolos,
vida de seus membros e das comunidades em que tradições e cerimônias da organização, que visam
residem. promover o crescimento espiritual e a autocons-
Seus membros se dedicam a apoiar uns aos

48
ciência. les que têm dúvidas ou preocupações sobre a orga-
Apesar de seu foco na caridade e no crescimen- nização.
to pessoal, a Maçonaria recentemente enfrentou Uma maneira pela qual a Maçonaria está evo-
críticas e controvérsias. Alguns acusaram a orga- luindo é através de um foco maior na diversidade
nização de promover crenças anti-religiosas e ser e inclusão.
uma sociedade secreta com motivos ocultos. A organização está trabalhando ativamente
Essas acusações são infundadas. A Maçonaria para apoiar mulheres, pessoas de cor e membros
é uma sociedade aberta e seus membros são livres da comunidade LGBTQ+ por meio de iniciativas
para praticar sua religião ou sistema de crenças. que visam aumentar a representação dentro da
A organização não endossa nenhuma doutrina organização e programas que promovem a diver-
religiosa específica e possui membros de diversas sidade e a igualdade.
origens religiosas. Outro exemplo de adaptação da Maçonaria à
Um dos desafios mais prementes enfrentados sociedade contemporânea é através da utilização
pela Maçonaria na sociedade contemporânea é a da tecnologia.
percepção de que ela está desatualizada e irrele- A organização aproveitou o poder das ferra-
vante. mentas e plataformas digitais, como mídias socia-
Muitos veem a organização como um vestígio is e fóruns online, para se conectar com membros,
do passado com relevância limitada no mundo trocar informações e ideias e construir comunida-
moderno. des.
Isso se deve em grande parte à falta de compre- Isso expandiu o alcance e o impacto da organi-
ensão sobre o papel da Maçonaria na sociedade e à zação e tornou mais fácil para os membros perma-
prevalência de equívocos e mitos que cercam a necerem conectados e engajados com a irmanda-
organização. de.
Para manter sua relevância e importância na Em conclusão, o papel da Maçonaria na socie-
sociedade contemporânea, a Maçonaria deve evo- dade contemporânea é indispensável. Apesar dos
luir continuamente e se adaptar às necessidades e desafios e equívocos que enfrenta, a organização
demandas em constante mudança de seus mem- permanece firme em suas atividades humanitárias
bros e do mundo. e compromisso com o crescimento pessoal e auto-
Isso requer um compromisso com a inovação e aperfeiçoamento.
a adoção de novas ideias, tecnologias e práticas. Por meio de seus esforços para evoluir e se
Também exige a disposição de ser transparente e adaptar às mudanças nas necessidades de seus
engajar-se em um diálogo construtivo com aque- membros e do mundo, a Maçonaria continua a ser

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