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Christiane Silva Souza

Suplemento de 1,25 dihidroxicolecalciferol e redução de


cálcio e fósforo disponível para frangos de corte

Cuiabá-MT
2012
1

Christiane Silva Souza

Suplemento de 1,25 dihidroxicolecalciferol e redução de cálcio e


fósforo disponível para frangos de corte

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em


Ciência Animal da Universidade Federal de Mato Grosso para
obtenção do título de Mestre em Ciência Animal.

Área de Concentração: Nutrição e Produção de Não-Ruminantes


Orientador: Prof. Dr. Flávio Medeiros Vieites

Cuiabá-MT
2012
2

FICHA CATALOGRÁFICA

S729s Souza, Christiane Silva.


Suplemento de 1,25 dihidroxicolecalciferol e redução de cálcio e fósforo
disponível para frango de corte / Christiane Silva Souza. – 2012.
85 f. : il.

Orientador: Prof. Dr. Flávio Medeiros Vieites.


Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Mato Grosso, Faculdade
de Agronomia, Medicina Veterinária e Zootecnia, Pós-Graduação em Ciência
Animal, Área de Concentração: Nutrição e Produção de Não-Ruminantes, 2012.

Inclui bibliografia.

1. Frango de corte – Alimentação. 2. Frango de corte – Dietas – Desem-


penho. 3. Ração – Frango de corte. 4. Avicultura. 5. Nutrição animal. I. Título.

CDU – 636.5.033.084
Ficha elaborada por: Rosângela Aparecida Vicente Söhn – CRB-1/931
3
4

Dedico aos meus pais Valdemir Souza


Machado e Marina da Silva Souza, e ao tio
Valdemar Souza Machado que sempre
estiveram ao meu lado, dando todo o suporte
emocional, logístico e financeiro.
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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus, pela saúde e por sempre me reger e iluminar.


Agradeço a enorme compreensão da minha família que com muito amor entenderam minhas
constantes ausências e respeitaram meus caminhos. A minha irmã Débora Silva Souza e
madrinha Maria Aparecida Machado Ayres.
Ao meu orientador, professor Dr. Flávio Medeiros Vieites pelas informações, amizade,
confiança e incentivo que foi distinguido durante o período de conclusão do curso e de
preparo dos artigos científicos.
À Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e ao Programa de Pós-Graduação
em Ciência Animal (PPGCA), Universidade Federal de Viçosa (UFV) e ao Programa de Pós
Graduação em Zootecnia (PPGZ) pela infra-estrutura intelectual e física disponibilizada.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e ao
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela concessão da
bolsa de estudos e pelo financiamento do projeto de pesquisa. Ao Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso (IFMT) – Campus São Vicente
pela infra-estrutura fornecida para realização do experimento a campo. A Evonik Brasil pela
doação dos aminoácidos e a Technofeed Ltda. pela disponibilização do produto comercial
utilizado nos experimentos.
Aos professores do PPGCA/UFMT e PPGZ/UFV: Luciano Cabral, João Garcia
Caramori Júnior, Joadil Gonçalves de Abreu, Fábio Luiz Buranelo Toral, Rosemary Laís
Galati, Luciana Keiko Hatamoto Zervoudakis, Marinaldo Divino Ribeiro, Aloízio Soares
Ferreira, Paulo Cezar Gomes e Horacio Santiago Rostagno pelas valiosas orientações que
contribuíram na minha formação profissional.
Ao prof. Dr. Carlos Henrique Figueiredo de Vasconcellos, pelas sugestões e presteza no
acompanhamento dos experimentos a campo. Ao prof. Dr. Cláudio Vieira de Araújo, pela
ajuda nas discussões e análises estatísticas dos resultados.
O sentimento de gratidão é extensivo aos amigos do Laboratório de Bioquímica Animal
(LBA), que foi praticamente minha residência durante o ano de 2011, ao Prof. George
Henrique Kling de Moraes, pela excelente recepção, por disponibilizar instalações,
equipamentos, dando todo o suporte para realização das análises laboratoriais; e em especial,
ao técnico responsável Jefferson Dias, que contribuiu de todas as formas para a execução das
análises, pelos lanches, caronas, enfim por toda amizade.
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Em especial, gostaria de agradecer a minha grande amiga Celma Maria Ferreira, pelas
palavras de fé, por todo companheirismo e ajuda imensurável na execução dos experimentos a
campo. E também a toda equipe executora: Cleberson Amâncio da Cruz, Thuani Venâncio da
Silva Pereira, Joseane de Figueiredo Taques, Rosilene Silva Lima, Maryane Séspere Faria de
Oliveira, Edenilce de Fátima Ferreira Martins, Valéria Ana Corvalã Santos, Crislaine Messias
de Souza Santos, Saullo Diogo de Assis e principalmente ao “Sr. Assis”, pela imensa
colaboração nas pesagens, abates e coleta de ossos das aves.
Ao Rodrigo Pereira Nalon, pela valiosa ajuda na formulação das rações e sugestões
acerca da condução dos experimentos. Também ao Manoel Augusto Paranhos (help desk do
Portal da Capes), pelo carinho, amizade e pela disponibilização dos artigos científicos. A
Elaine, secretária do PPGCA pelos informes sobre horários de aulas, eventos, e demais
atividades relacionadas à Pós Graduação.
Aos amigos de Cuiabá-MT: Arthur Behling Neto, Silvana Alves Pedrozo Vitalino
Barbosa, Marleide Guimarães de Oliveira Araújo (e Altamiro) e Elayna Cristina da Silva
Maciel; e aos de Viçosa-MG: Guisela Mônica Rojas Tuesta, Caro Caroline & John Armando
Parra-Martin, Santiago Capalbo, Angela Santos de Paula, Ana Hermelinda Marques, Elisa
Sialino Müller, Elcer Zamora Jerez, Priscila Almeida, Lucas Rocha Delatorre e Rafael
“Hamakawa” Vianna (Rafa), pelos dias e noites de estudo, pela ajuda, amizade, compreensão
e todas as alegrias vividas.
A Isabel Cristina Custódio (Cris), Thaís Custódio e Bethânia Leite Mansur,
companheiras de apartamento, pessoas muito valiosas, verdadeiras, que sempre deram muita
alegria a minha vida. A Daniela Maria Araújo Adorno e ao Eduardo Monteiro (Du) que
sempre estiveram do meu lado dando força e apoio para que seguisse esta jornada, sendo
grandes incentivadores dos meus estudos!
Todo o desenvolvimento do curso de mestrado foi bastante gratificante e inesquecível,
com interações e trocas jamais antes vivenciadas. Neste convívio intelectual e acadêmico,
quero agradecer, de modo especial ao professor Dr. Anderson de Almeida Barbosa, que além
de toda orientação técnica para a realização das análises laboratoriais, me ensinou muito sobre
as pessoas e a vida, só posso dizer que tive excelente orientação... e ainda ganhei um grande
amigo!
Enfim, a todos que contribuíram para a realização deste! Muito Obrigada!
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Já que não tenho o dom de modificar uma pessoa, vou


modificar aquilo que eu posso: o meu jeito de olhar para
ela!
[Pe. Fábio de Melo]

Muitos são os planos no coração do homem, mas o que


prevalece é o propósito do Senhor!
[Provérbios 19:21]
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Suplemento de 1,25 dihidroxicolecalciferol e redução de cálcio e fósforo disponível para


frangos de corte

Resumo: Objetivou-se avaliar os efeitos do suplemento de 1,25 dihidroxicolecalciferol e


redução de cálcio e fósforo disponível para frangos de corte. Foram conduzidos dois
experimentos a campo (machos e fêmeas), sendo utilizadas 612 aves de cada sexo, perfazendo
1224 animais. O delineamento foi em blocos casualizados com seis tratamentos: 0,0; 1,0; 2,0;
3,0; 4,0 e 5,0 µg de vitamina D3 ativa suplementar/kg de ração, sendo seis repetições com 17
aves cada. As rações foram formuladas seguindo-se as recomendações das tabelas brasileiras
de exigências nutricionais de animais não-ruminantes, a exceção de cálcio e fósforo
disponível (redução de 20%) para as fases de 8 a 21, 22 a 35, 36 a 42 dias de idade. Aos 21,
35 e 42 dias de idade as aves foram pesadas para avaliação do desempenho (ganho de peso,
consumo de ração e conversão alimentar). Aos 21 e 35 dias, uma ave de cada unidade
experimental foi abatida para retirada dos ossos e mensuração das variáveis ósseas. Avaliou-
se a composição orgânica, química e a resistência óssea dos tibiotarsos. Foram determinados
os percentuais ósseos de proteínas colagenosas (PC) e não colagenosas (PNC) e de minerais
(cálcio, fósforo, sódio, potássio e magnésio). Aos 42 dias de idade, quatro aves/repetição
foram retiradas e abatidas para mensuração do rendimento de carcaça e de cortes nobres. Os
dados obtidos foram submetidos à análise de variância em delineamento em blocos
casualizados considerando o nível de 5% de probabilidade pelo Teste F. Para os machos (8 a
42 dias de idade), a inclusão da vitamina D3 ativa influenciou (p<0,05) o ganho de peso e a
conversão alimentar nos níveis de 1,0 e 2,0 µg/kg. O consumo de ração não apresentou
diferença significativa para os níveis estudados. Para as fêmeas, não houve diferença
significativa para o ganho de peso (p>0,05), contudo o consumo de ração decresceu
linearmente à medida que se aumentou o nível de vitamina D 3 ativa na ração enquanto que a
conversão alimentar diminuiu com o aumento do nível da vitamina. Recomenda-se o
fornecimento suplementar de até 5,0 µg/kg para frangos de corte fêmeas e de 1,0 a 2,0 µg/kg
de vitamina D3 ativa nas rações para frangos de corte machos de 8 a 42 dias de idade. O
rendimento de carcaça e de cortes nobres dos frangos de corte (machos e fêmeas) aos 42 dias
não foram influenciados pelos tratamentos, bem como o desempenho e a resistência a quebra
de ossos de frangos de 1 a 35 dias de idade. Recomenda-se 2,47µg/kg de vitamina D3 ativa/kg
de ração, uma vez que proporcionou uma melhor deposição de PC e menor quantidade PNC,
indicando melhor qualidade óssea.

Palavras-chave: avicultura, carcaça, desempenho, proteínas ósseas, vitamina D, resistência à


quebra
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Supplement of 1.25 dihydroxycholecalciferol and reduction of calcium and available


phosphorus for broilers

Abstract: The objective of this study was to evaluate the effects of 1.25
dihydroxycholecalciferol supplement and reduced calcium and available phosphorus for
broilers. Two field experiments (males and females) were conducted, and 612 birds per sex
were used in each experiment, totaling 1224 birds. It was used a randomized block design
with six treatments: 0.0, 1.0, 2.0, 3.0, 4.0 and 5.0 µg of active vitamin D 3/kg diet, with six
replicates of 17 birds each. Diets were formulated by following the recommendations of the
Brazilian tables of nutritional requirements of non-ruminant animals, except for calcium and
available phosphorus (20% reduction) for stages 8 to 21, 22 to 35 and 36 to 42 days of age. At
21, 35 and 42 days of age, the birds were weighed to evaluate the performance (weight gain,
feed intake and feed conversion). At 21 and 35 days of age, one bird of each experimental unit
was slaughtered to remove the bones and to measure bone variables. Chemical and organic
composition and breaking resistance force of tibiotarsus were evaluated. Bone percentage of
collagenous protein (CP) and non-collagenous protein (NCP) and bone percentage of minerals
(calcium, phosphorus, sodium, potassium and magnesium) were evaluated. At 42 days of age,
four birds/replicate were taken and slaughtered for measurement of carcass dressing and noble
cuts yield. The obtained data were submitted to analysis of variance in a randomized block
design considering the level of 5% probability by the F test. Inclusion of active vitamin D3
influenced (p <0.05) weight gain and feed conversion at the levels of 1.0 and 2.0 µg/ kg of
active vitamin D3 for broilers. Feed intake was not significantly different for the studied
levels. For female broilers, there was no significant difference in weight gain (p>0.05), but
feed intake decreased linearly as level of active vitamin D3 increased in the diet whereas feed
conversion decreased by increasing the level of the vitamin. It is recommended supplement
supply of up to 5.0 µg/kg for female broilers and from 1.0 to 2.0 µg/kg of active vitamin D 3 in
diets for broilers at 8 to 42 days of age. Carcass dressing and noble cuts yields of broilers
(males and females) at 42 days were not affected by the treatments, neither were performance
and breaking resistance force of chickens from 1 to 35 days of age. It is recommended 2.47
µg /kg of active vitamin D3/kg in the diet inasmuch as it provided a better CP deposition and
less amount of NCP, indicating better bone quality.

Keywords: bone proteins, breaking resistance force, carcass, performance, poultry, vitamin D
10

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13
2. REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................. 15
2.1 Considerações iniciais ........................................................................................... 15
2.1.1 Vitamina D ..................................................................................................... 15
2.2 Requerimentos nutricionais de vitamina D3 para aves ...................................... 17
2.2.1 Suplementação de vitamina D3 e seus metabólitos para aves ........................ 18
2.3 Minerais ................................................................................................................. 20
2.3.1. Cálcio e fósforo ............................................................................................. 21
2.3.2 Magnésio, sódio e potássio ............................................................................ 23
2.4 Tecido ósseo ........................................................................................................... 24
2.4.1 Formação e crescimento ósseo ....................................................................... 28
2.4.2 Mineralização e resistência óssea ................................................................... 30
2.5 Desordens locomotoras ......................................................................................... 32
2.6 Referências ............................................................................................................. 35

Suplemento de 1,25 dihidroxicolecalciferol e redução de cálcio e fósforo


disponível para frangos de corte................................................................................. 43
Resumo ................................................................................................................... 44
Abstract .................................................................................................................. 44
Introdução .............................................................................................................. 45
Material e Métodos ............................................................................................... 47
Resultados e Discussão .......................................................................................... 50
Conclusões .............................................................................................................. 52
Agradecimentos ...................................................................................................... 53
Referências Bibliográficas ……………………………………………………… 55
11

Suplemento de vitamina D3 ativa e redução de cálcio e fósforo disponível para


frangas de corte ........................................................................................................... 55
Resumo ................................................................................................................... 56
Abstract .................................................................................................................. 56
Introdução .............................................................................................................. 57
Material e Métodos ............................................................................................... 58
Resultados e Discussão .......................................................................................... 61
Conclusão ............................................................................................................... 64
Agradecimentos ..................................................................................................... 65
Referências ............................................................................................................. 65

Desempenho e composição óssea de frangos de corte alimentados com


suplemento de 1,25 dihidroxicolecalciferol e redução de cálcio e fósforo
disponível ..................................................................................................................... 67
Resumo ................................................................................................................... 68
Abstract .................................................................................................................. 68
Introdução .............................................................................................................. 69
Material e Métodos ............................................................................................... 70
Resultados e Discussão .......................................................................................... 74
Conclusões .............................................................................................................. 80
Agradecimentos ..................................................................................................... 81
Referências ............................................................................................................. 81
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Capítulo I
Considerações Iniciais
13

1. INTRODUÇÃO

A avicultura industrial é um dos setores mais dinâmicos do agronegócio, gerador de


emprego e renda a população de distintas regiões do Brasil, estima-se que 5,5 milhões de
pessoas dedicam-se direta e indiretamente a esta cadeia produtiva (Arraes e Talamini, 2011).
O montante de carne de frango produzido no Brasil foi de 12,23 milhões de toneladas em
2010, um crescimento de 11,38% em relação a 2009 (10,98 milhões de toneladas). Do volume
total de frangos produzido pelo país, 69,0% foi destinado ao consumo interno, e 31,0% para
exportações (UNIÃO BRASILEIRA DE AVICULTURA, 2011).
A produção de frangos está presente em todo Brasil, impactando positivamente sobre a
economia da maioria dos estados. Verifica-se na atualidade uma tendência de expansão da
atividade para o Centro-Oeste do país, pois seu estabelecimento em regiões produtoras de
grãos favorece a diminuição dos custos com alimentação, que são os mais onerosos deste
setor produtivo, representando aproximadamente de 70% dos custos totais.
Na região Centro-Oeste, o Mato Grosso (MT) tem se destacado, uma vez que possui
em seu favor a grande produção de grãos (soja e milho), permitindo a criação de frangos com
custos competitivos. Ainda, o estado apresenta características atrativas à cadeia agroindustrial
avícola tais como: vastas extensões territoriais, disponibilidade de mão-de-obra e condições
climáticas favoráveis, não havendo incidência de doenças relacionadas com o frio, como a
influenza aviária. No ano de 2010, o MT foi responsável por 4,51% (172.099 t) das
exportações brasileiras de carne de frango (MELTZ e SOUZA FILHO, 2011; UNIÃO
BRASILEIRA DE AVICULTURA, 2011).
A indústria avícola tem buscado programas nutricionais eficazes, objetivando reduzir
os custos e minimizar os impactos ambientais advindos de excretas da produção animal. Esses
programas alimentares balanceados têm sido adotados, visando o suprimento exato de
nutrientes aos animais. Dentre tais nutrientes, têm-se as vitaminas que são essenciais para o
desenvolvimento animal, pois participam como cofatores em reações metabólicas e permitem
maior eficiência dos sistemas de síntese no organismo animal.
O crescimento de um animal depende do desenvolvimento muscular, contudo, faz-se
necessário o suporte ósseo. Para frangos ocorre que o esqueleto, o músculo e o tecido adiposo
são desenvolvidos sucessivamente. Em geral, em animais de crescimento lento há um perfeito
sincronismo de crescimento de cada sistema (muscular, ósseo, adiposo), priorizando-se o
maior desenvolvimento de um ou outro tecido em uma determinada fase, de tal modo que o
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desenvolvimento animal, como um todo, atinja sua maturidade física. Para as linhagens
modernas de frangos de corte a taxa de crescimento do tecido muscular é extremamente
elevada. Esse crescimento inicia-se em uma fase muito precoce pós-eclosão sobre um suporte
esquelético muito imaturo, o que acarreta um aumento na incidência de morbidade,
mortalidade e perdas por condenações nos abatedouros causadas por distúrbios metabólicos e
esqueléticos (Gonzales e Mendonça Júnior, 2006). Assim, inúmeras estratégias nutricionais
vêm sendo estudadas, tais como o suplemento de vitaminas e a redução de minerais, cujo
propósito é a obtenção de dietas que permitam o melhor desempenho produtivo e bem-estar.
As vitaminas são nutrientes essenciais para o desenvolvimento animal, pois estão
envolvidas em reações metabólicas ao nível celular e são críticas para a eficiência do ciclo de
Krebs. A suplementação de vitaminas representa 1,0 a 3,0% dos custos das rações (RUTZ,
2008; FÉLIX et al., 2009).
As aves apresentam capacidade limitada de síntese de algumas vitaminas e a adição de
complexos vitamínicos nas dietas de frangos de corte possibilita a melhora no desempenho. A
vitamina D tem expressiva participação no metabolismo ósseo, sendo diretamente responsável
pelo crescimento esquelético, que dá suporte às aves para obtenção do máximo desempenho
produtivo (BRITO et al., 2010).
Existem basicamente dois tipos de vitamina D, o ergocalciferol vegetal irradiado (D 2)
e o colecalciferol animal (D3). Para suínos, as formas dietéticas de D2 e D3 são eficientemente
utilizadas, contudo, as aves aproveitam 10 vezes mais a D3 (Bertechini, 2006). No intestino, a
vitamina D participa da síntese da proteína transportadora de cálcio, sendo tal proteína
também encontrada nos rins. Essa proteína atua na mobilização do cálcio do osso para o
fluido extracelular, ocorrendo a partir de uma ação conjunta da 1,25 dihidroxicolecalciferol
(1,25-(OH)2D3) e do paratormônio; e na biossíntese de colágeno, principal componente da
matriz extracelular do tecido ósseo (RUTZ, 2008).
Nos últimos anos, a vitamina D3 e seus metabólitos (1,25-(OH)2D3 e 25(OH)2D3) têm
sido estudados na avicultura, com o propósito de investigar a interação entre nutrição e
anormalidades ósseas. O objetivo com este estudo foi avaliar os efeitos no desempenho e
qualidade óssea do suplemento de 1,25 dihidroxicolecalciferol e redução de cálcio e fósforo
disponível nas rações para frangos de corte de 8 a 42 dias de idade.
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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Considerações iniciais

O termo vitamina significa “aminas vitais”, geralmente descritas como compostos


orgânicos presentes em pequenas quantidades nos alimentos, essenciais para o metabolismo
normal dos animais e, conseqüentemente necessárias para a saúde e funções fisiológicas tais
como, mantença, crescimento e reprodução. A deficiência de uma ou mais vitaminas pode
levar a distúrbios metabólicos, tendo como conseqüência a queda na produtividade, enquanto
que a suplementação de certas vitaminas tem efeitos positivos, principalmente quanto à
imunidade (BERTECHINI, 2006; FÉLIX et al., 2009).
As vitaminas são nutrientes essenciais para o desenvolvimento animal, uma vez que
participam como cofatores em reações metabólicas e permitem a maior eficiência dos
sistemas de síntese no organismo animal. As vitaminas podem ser classificadas como
lipossolúveis (A, D, E e K), sendo armazenadas no organismo e caracterizadas como sendo
vitaminas do crescimento; e as hidrossolúveis (tiamina, riboflavina, niacina, ácido
pantotênico, ácido fólico, biotina, colina, ácido ascórbico, vitamina B12 e piridoxina), que
participam de coenzimas (exceto a colina) e são eliminadas após reações metabólicas, sendo
chamadas de vitaminas de mantença (BERTECHINI, 2006; RUTZ, 2008).

2.1.1 Vitamina D

A vitamina D é um pró-hormônio que se torna nutriente necessário apenas na ausência


de exposição adequada à luz solar, como ocorre nas latitudes setentrionais ou confinamento.
Existem basicamente três tipos de vitamina D: o ergocalciferol vegetal irradiado (D2), o 7-
dehidrocolecalciferol (ou 7-deidrocolesterol) animal (D3) e a 25-OH-colecalciferol. Uma
Unidade Internacional (UI) de vitamina D corresponde a 0,025 µg da forma D3 (REECE,
2006; BERTECHINI, 2006; LEESON e SUMNERS, 2001).
As vitaminas D são moléculas semelhantes aos esteróides, denominadas seco-
esteróides, em função da presença do núcleo peridrociclopentanofenantreno, que por sua vez é
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composto por quatro anéis (ABCD) fundidos, porém, rompido na ligação do C9 com o C10 no
anel B desta estrutura. A vitamina D é formada não enzimaticamente na pele dos animais,
graças aos efeitos dos raios ultravioleta (comprimento de onda de 230 a 313nm) da luz solar
sobre o esteróide precursor, 7-desidrocolesterol presente na derme e epiderme (SMITH et al.;
1988).
As formas D2 e D3 apresentam atividades biológicas essencialmente idênticas, o
ergocalciferol tem sido utilizado para suplementação em dietas, contudo, as espécies aviárias
só utilizam a vitamina D3. Presumivelmente, tal discriminação seja o resultado da ligação
reduzida dos metabólitos da vitamina D2 às proteínas ligadoras da vitamina D no sangue,
levando a depuração mais rápida dos metabólitos da D2 do plasma (REECE, 2006).
A vitamina D3 é cerca de 30 a 40 vezes mais potente do que a D2 para aves. A
vitamina D pode ser obtida pela alimentação ou ser produzida pelo organismo, desde que haja
luz suficiente (11 a 45 minutos/dia para frangos de corte). De maneira geral, as bioatividades
das formas de vitamina D seguem a seqüência: D2 < D3 < 25(OH)D3 < 1,25 (OH)2D3.
(PIZAURO JÚNIOR et al., 2002; BERTECHINI, 2006).
A vitamina D3 para ser metabolicamente ativa sofre transformações orgânicas que
ocorrem no fígado e rins, através de reações de adição de grupos OH na molécula. As formas
ativas das vitaminas D2 e D3 são produzidas pela hidroxilação enzimática realizada no fígado
e nos rins, produzindo a 25(OH)D3 e a 1,25(OH)2D3, respectivamente. Assim, a pré-vitamina
D3 permanece na pele enquanto a vitamina D3 é transportada da pele ou do intestino para o
fígado, ligada a uma proteína ligadora de vitamina D, onde é hidroxilada na posição 25,
formando o 25(OH)D3. O 25(OH)D3 entra na circulação, sendo levado aos rins, onde então
sofre uma hidroxilação na posição 1, formando o 1,25(OH) 2D3, metabólito mais potente da
vitamina D (PIZAURO JÚNIOR et al., 2002).
O colecalciferol é absorvido na porção final do duodeno, na presença de lipídios e sais
biliares. Na ave, passa para a corrente sanguínea na forma de portomícrons, que por sua vez
chegam ao fígado. Nesse órgão recebe uma hidroxila na posição 25 (25-OH-colecalciferol),
sendo então formados outros metabólitos que são a 1,25 dihidroxicolecalciferol (forma ativa)
e o 24,25 dihidroxicolecalciferol (RUTZ, 2008).
O calcitriol ou 1,25-(OH)2D3 refere-se à única forma natural da vitamina D com
atividade biológica significante, sendo cerca de 1000 vezes mais efetivo que a vitamina
original e 500 vezes mais efetiva que o seu precursor calcidiol (25(OH)D 3). O calcitriol induz
aumento das concentrações séricas de cálcio e fósforo, em seu principal órgão-alvo, o
intestino (DiBARTOLA, 2007).
17

A 1,25-(OH)2D3 atua nas células da mucosa do duodeno, ativando a síntese de uma


proteína responsável pela absorção de cálcio (calbindina ou proteína transportadora de cálcio
– PTCa) do lúmen intestinal. A calbindina transporta o cálcio do lado luminal dos enterócitos
para a membrana basolateral. O cálcio é extrusado para fora do enterócito, no fluido
extracelular, pelas bombas de cálcio-magnésio ATPase (BERTECHINI, 2006; REECE,
2006).
A vitamina D através de suas ações no intestino, ossos, rins e glândulas paratireóides
se faz de importância para a homeostase do cálcio e para o desenvolvimento de um esqueleto
saudável (Pedrosa e Castro, 2005). O paratormônio (PTH), os estrógenos e a
dihidroxicolecalciferol coordenam as principais atividades do metabolismo ósseo, com vistas
ao seu aumento em diâmetro e comprimento durante o crescimento das aves (Ferreira, 2010).
A principal função dos dihidroxicolecalciferóis consiste em manter as concentrações séricas
de Ca2+ e Pi em níveis adequados para o processo normal e contínuo de mineralização do osso
(SMITH et al. 1988).
A 1,25-(OH)2D3 é um importante regulador do desenvolvimento do tecido ósseo
porque assegura fonte adequada e cálcio e fósforo a partir do trato intestinal, além de possuir
papel na regulação do crescimento e diferenciação do tecido ósseo. Ainda, A 1,25-(OH)2D3
controla a produção de várias proteínas ósseas sintetizadas pelos osteoblastos, inclusive
fosfatase alcalina, colágeno tipo I, osteocalcina e osteopontina (PIZAURO JÚNIOR et al.,
2002; DiBARTOLA, 2007).

2.2 Requerimentos nutricionais de vitamina D3 para aves

Considerando que a maioria das vitaminas não é sintetizada em quantidades


suficientes para atender a demanda fisiológica do organismo, elas devem ser obtidas da dieta.
As aves têm capacidade de síntese de algumas vitaminas, porém, a adição de complexos
vitamínicos nas dietas garante o bom desenvolvimento, e repostas importantes, como por
exemplo, melhora na resposta imunológica e no desempenho (NASCIMENTO, 2005; RUTZ,
2008; FÉLIX et al., 2009).
A atividade biológica da vitamina D3 e seus metabólitos difere entre as fontes, assim
foi desenvolvida uma medida padronizada denominada International Chick Units (ICU),
sendo o valor recomendado 62,5 mg/ton de ração de 25(OH)D3 correspondente a 2.500
18

ICU/ton de vitamina D3, de modo que 1,0 mg equivale a 40.000 UI ou 1,0 µg (40 UI) de
vitamina D3 (PIZAURO JÚNIOR et al., 2002; LABOISSIERÉ, 2009).
Silva et al. (2001) verificaram que a suplementação de 8,4% de ácido L-glutâmico
associado a 15.000 UI de vitamina D3 para pintos de corte de 1 a 14 dias de idade,
proporcionou melhoria no ganho de peso, consumo de ração, conversão alimentar e redução
na incidência de problemas de pernas nas aves. Os autores evidenciaram ainda que o
fornecimento de altos níveis de vitamina D proporcionou um maior percentual de aves
normais, sendo de importância o uso de níveis acima daqueles recomendados.
Os níveis de vitaminas sugeridos por órgãos de pesquisa, tais como National Research
Council (NRC), Agriculture and Food Research Council (AFRC), Institut National de
Recherche Agronomique (INRA) e “Tabelas Brasileiras para Aves e Suínos” são bases
importantes para a estimativa dos valores a serem empregados nas diferentes fases de
produção. Contudo, tais órgãos apresentam apenas as exigências mínimas, as quais
geralmente não são suficientes em condições de campo, havendo pouca correlação com os
níveis empregados comercialmente (FÉLIX et al., 2009).
Nascimento (2005) relatou que as recomendações do NRC (1994) não são utilizadas
pelas empresas, que por sua vez, praticam ajustes em função das condições locais.
Independente da fase de criação das aves, a recomendação do NRC é de 200 UI/kg de
vitamina D3. Os níveis de suplementação utilizados para as diferentes fases de criação são
15,5 (pré-inicial), 12,1 (inicial), 9,4 (crescimento) e 3,3 (final) vezes superior ao preconizado
pelo NRC (1994).
Rostagno et al. (2011) recomendaram níveis de suplementação de 2090, 1900 e 1425
UI/kg de vitamina D3 para frangos de corte, respectivamente para as fases de 8 a 21; 22 a 33 e
34 a 42 dias de idade, enquanto que a Tabela Espanhola indicou valores de 3500, 2800 e 2000
UI desta vitamina, respectivamente para as fases de 0 a 18; 18 a 35 e acima de 35 dias de
idade (LÁZARO et al., 2008).

2.2.1 Suplementação de vitamina D3 e seus metabólitos para aves

Fritts e Waldroup (2003) estudaram a substituição do suplemento de vitamina D3 por


25(OH)D3, nas rações e verificaram maior teor de cinzas ósseas, bem como incidência e
severidade de discondroplasia tibial (DT) menor significativamente para as aves alimentadas
19

com 25(OH)D3. Os autores sugestionaram que as necessidades de suplementação de vitamina


D3 podem ser menores com o uso do metabólito (25(OH)D3) em rações de frangos de corte.
Zhang et al. (1997) avaliaram frangos selecionados para baixa incidência de DT e verificaram
que a cada aumento de 10,0 até 70,0 µg/kg de 25(OH)D3 a uma ração basal com 55,0 µg/kg
(2.200 UI/kg) de vitamina D3 houve redução de 1,0% e 2,0% na incidência de DT para
fêmeas e machos, respectivamente.
Pesquisas com matrizes e poedeiras apontaram que a 25(OH)D 3 pode ser
suplementada (níveis de 10 a 44 mcg/kg) na dieta por períodos de até um ano sem apresentar
efeitos adversos (RUTZ, 2008).
Brito et al. (2010) avaliaram o suplemento isolado e associado de duas fontes de
vitamina D (D3 e 25(OH)D3) e fitase (500 unidades de fitase - ftu/kg) juntamente com a
redução de fósforo disponível (25%) e cálcio (10%) para frangos de corte machos. Os autores
observaram que na fase inicial, independente da forma, a suplementação melhorou o ganho de
peso e a conversão alimentar das aves. Na fase final, a 25(OH)D3 (16,0 a 110,0 µg/kg)
provocou melhoria no ganho de peso das aves. Para as características de carcaça, não houve
interação entre as fontes, entretanto, verificou-se aumento (p<0,05) no rendimento com o uso
de 25(OH)D3) em comparação à vitamina D3.
No estudo de Khan et al. (2010), frangos de corte aos 42 dias de idade alimentados
com dietas suplementadas com 3.500 UI/kg (87,5 µg/kg) de vitamina D3 tiveram ganho de
peso e rendimento de peito e carcaça significativamente maiores que aqueles que receberam
200, 1500 e 2.500 UI/kg da vitamina.
Rao et al. (2006) verificaram aumento no ganho de peso e melhor conversão alimentar
na fase de 1 a 21 dias em frangos de corte alimentados com rações com 60 µg/kg (2400
UI/kg) de vitamina D3 e níveis de fósforo disponível (0,25%) e cálcio (0,50%) reduzidos. Goff
(2006) relatou que a fase inicial é mais susceptível a alterações mediante a suplementação de
vitamina D, pois é o período em que ocorre alta taxa de crescimento do tecido esquelético,
além da imaturidade do trato digestório (digestão, absorção de lipídios e compostos
lipossolúveis). Além disso, respostas mais sensíveis no desempenho são observadas em
condições de redução dos níveis de cálcio e fósforo (Rao et al., 2006), podendo haver
recuperação do desempenho através da otimização nos processos de absorção e metabolismo
desses elementos (NAHM, 2007).
Cheng et al. (2004) afirmaram que a adição de 1,25(OH)2D3 ou extratos da planta
Solanum Glaucophilum pode melhorar a eficiência de absorção e utilização do cálcio e do
20

fósforo, além de permitir a formulação de dietas com baixos níveis de fósforo, minimizando a
excreção desse elemento pelas aves.
Roberson e Edwards (1996) reportaram que para frangos de corte a utilização de
6,0µg/kg de 1,25 (OH)2D3, como sendo um valor eficaz para melhorar o percentual de cinzas
dos ossos e redução de DT. Mitchell e Edward (1996) verificaram um aumento no peso de
frangos de corte com cinco semanas de idade mediante a suplementação de 5,0 µg/kg de 1,25
(OH)2D3 e 600 ftu/kg.
Sheikhlar e Navid (2009) investigaram o desempenho e as características ósseas de
codornas japonesas que receberam dietas com suplementação de 1,25 (OH)2D3 e deficientes
em cálcio (0,71%) e fósforo (0,37%). Não foi verificada diferença significativa para o ganho
de peso e conversão alimentar das aves. Contudo, constatou-se que o nível de 6,5 µg/kg de
1,25 (OH)2D3 mostrou efeito positivo sobre a incidência e severidade de DT em codornas de
corte até três semanas de idade.

2.3 Minerais

Definem-se como minerais, os elementos químicos que não podem ser decompostos
ou sintetizados por reações químicas ordinárias, apresentando-se na forma sólida e cristalina.
Desta maneira, não podem ser sintetizados pelos organismos vivos, devendo ser
suplementados na dieta dos animais. Os minerais podem atuar como componentes estruturais
de órgãos e tecidos do corpo, constituinte de fluidos na forma de eletrólitos e como
catalisadores de processos enzimáticos e hormonais (MAIORKA e MACARI, 2008).
Os elementos minerais indispensáveis aos animais são nutricionalmente classificados
em macrominerais (cálcio e fósforo), necessários em grandes quantidades pelos organismos e
em microminerais ou elementos traços, aqueles requeridos em quantidades menores (sódio,
potássio, magnésio, cloro, zinco, selênio, ferro, cobre, manganês e iodo). Apesar dos
microelementos serem necessários em quantidades ínfimas pelos animais, freqüentemente
atuam como constituintes ou ativadores de enzimas e hormônios, exercendo função catalítica,
apresentando papel em várias rotas metabólicas essenciais para o crescimento (COTTA, 2001;
MAIORKA e MACARI, 2008).
Os minerais constituem parte importante do organismo animal, representando de 3,0 a
4,0% do peso vivo das aves (Bertechini, 2006). No que se refere à resposta das aves às
concentrações dos minerais da dieta, Maiorka e Macari (2008) evidenciaram que estas podem
21

ser de três maneiras: 1) níveis muito baixos podem acarretar sinais de deficiência; 2)
quantidades intermediárias resultam em manutenção da homeostase e pode proporcionar
alguma reserva nos tecidos; e 3) níveis acima dos requeridos, que podem acarretar toxicidade,
e ocasionar redução no crescimento e desempenho.

2.3.1 Cálcio e fósforo

Dentre os macrominerais, estão o cálcio (Ca) e o fósforo (P), que estão estreitamente
relacionados ao metabolismo orgânico, particularmente na formação dos ossos. Constituem
mais de 70% da cinza corporal, sendo que 99% do Ca e 80% do P estão presentes nos ossos, e
o restante nos tecidos moles, desempenhando funções específicas essenciais ao metabolismo
(BERTECHINI, 2006).
O Ca além de atuar como constituinte do osso e dente, possui variados e importantes
efeitos fisiológicos no animal: formação e manutenção óssea; participa na coagulação
sanguínea e da contração dos músculos esqueléticos e cardíacos; ativador de enzimas; e
essencial na transmissão de estímulos nervosos (BACILA, 2003; BERTECHINI, 2006;
MAZZUCO, 2006).
A absorção do cálcio ocorre ao longo do intestino delgado, principalmente duodeno e
jejuno; tal processo pode acontecer tanto por difusão quanto pelo processo ativo. Dentre os
fatores que interferem na absorção, encontram-se o seu nível na dieta. De acordo com
Maiorka e Macari (2008), aves submetidas a dietas com altos níveis de Ca, tem menor taxa de
absorção desse mineral quando comparadas àquelas alimentadas com níveis de Ca mais
baixos, devido a uma provável saturação da proteína transportadora de Ca da membrana
(PTCa). Alterações na relação Ca:P, bem como o estado nutricional da ave podem afetar a
absorção de Ca. Quanto mais velha a ave, menor a capacidade de absorção.
O processo de absorção de Ca dos ossos para atender as necessidades metabólicas é
um processo normal, de modo que a perda óssea de Ca comprometerá a resistência quando
houver deficiência prolongada. Segundo Zoollitsch et al. (1996) citados por Vargas Junior
(2002) a resistência e o teor de cinzas ósseas podem ser melhorados com a manipulação do
cálcio dietético.
O fósforo desempenha importante papel na estrutura e função das células, sendo um
constituinte importante de fosfolipídeos estruturais de membrana celulares e da hidroxiapatita
22

nos ossos, além de ser um componente de ácidos nucléicos e de fosfoproteínas. O P também


atua como fonte de energia para processos metabólicos essenciais (contração muscular,
condução muscular e do impulso neural). O P é armazenado em ligações de fosfato de alta
energia, na adenosina trifosfato (ATP), (DIBARTOLA, 2007).
Cerca de 80% do fósforo no organismo encontra-se depositado nos ossos e dentes
(Underwood e Suttle, 1999). De acordo com Mazzuco (2006), em situações de limitação
nutricional (restrição alimentar ou jejum severo), o P (na forma de fosfato) presente nos ossos,
torna-se fonte endógena para as necessidades metabólicas do organismo.
No que concerne a absorção de P, Maiorka e Macari (2008) explicaram que ocorre no
intestino delgado, sendo o duodeno o principal local absortivo. Outro fator de relevância no
processo de absorção do P é a sua disponibilidade no lúmen intestinal, uma vez que a
presença de íons (ferro, magnésio, alumínio e cálcio) reduz essa disponibilidade.
O papel crítico que os íons de P e Ca desempenham nos processos vitais requer a
participação de mecanismos elaborados, importantes na manutenção da homeostase sérica, na
regulação da calcificação e na mobilização desses íons. O osso não é um depósito estático de
Ca e P e o nível plasmático desses elementos é mantido dentro de limites estreitos pela ação
do hormônio da paratireóide, da calcitonina e da 1,25 (OH) 2D3 (PIZAURO JÚNIOR, 2008b).
Os baixos níveis de Ca na dieta estimulam a liberação do PTH pela paratireóide e
dessa forma aumentam a absorção do P pelo intestino. O PTH é responsável pela manutenção
dos níveis de Ca no plasma. Quando os níveis de Ca e P reduzem, esse hormônio promove a
liberação de Ca e P presentes no osso medular. O PTH ativa ainda a formação de vitamina D3
por meio da ação da enzima hidroxilase. Tanto o PTH como a vitamina D3, estimulam a
reabsorção de Ca e P pelos túbulos renais (CHENG et al., 2004; BÜNZEN, 2009).
O fósforo além de ser o terceiro constituinte mais oneroso nas rações para
monogástricos, atrás apenas da proteína e da energia, tem sido considerado um dos grandes
geradores de resíduos poluidores. Tal fato reside em grande parte pelo baixo aproveitamento
do fósforo das fontes vegetais, que normalmente encontra-se complexado com o inositol,
formando o ácido fítico. Aves e suínos apresentam baixa quantidade de enzimas do tipo fitase,
que são as fosfatases responsáveis pela hidrólise da molécula do ácido fítico (BÜNZEN et al.
2008).
Atualmente, existem fortes pressões para reduzir os níveis de P nas dietas dos animais,
uma vez que os níveis mais baixos permitem diminuir os custos e a excreção deste elemento,
bem como minimizar os impactos ambientais. O uso de enzimas, associado à redução de P,
para auxiliar na hidrólise da molécula de ácido fítico tem sido muito estudado. Schoulten et al.
23

(2002) estudaram os efeitos dos níveis de Ca (0,46; 0,67; 0,88; 1,09 e 1,30%), em rações
suplementadas com fitase (600 FTU/kg) sobre a absorção de minerais, verificaram que baixos
níveis de cálcio prejudicam a absorção de P, enquanto teores elevados reduzem a absorção de
Ca, P, Zn e Mn em frangos de corte de um a 21 dias de idade. Os autores concluíram que a
redução de Ca nas dietas suplementadas com fitase deve ser proporcional à redução de fósforo
total, para manter a relação Ca:P adequada.
Em trabalho semelhantes, Oliveira et al. (2009) avaliaram a inclusão de fitase (0 e 25
U/kg) em dietas com níveis reduzidos fósforo não-fitíco (100,0; 85,0 e 70,0% da exigência) e
observaram que dietas com 85,0% da exigência de fósforo não fítico suplementada com 25
U/kg podem ser usadas sem prejuízo no desempenho e características de carcaça dos frangos
de corte machos.
Também usando a fitase, Gomide et al. (2011) afirmaram que é possível reduzir o
nível de fósforo disponível e cálcio em 0,15 e 0,30 ponto percentual, respectivamente, sem
haver prejuízos no desempenho e mineralização óssea de frangos de corte nas fases de 8 a 21
e 8 a 35 dias de idade. Os autores verificaram ainda que houve redução na excreção de
fósforo, sendo assim o fornecimento suplementar da fitase uma maneira de reduzir a
quantidade de P para o meio ambiente sem afetar o desempenho das aves.

2.3.2 Magnésio, sódio e potássio

O magnésio (Mg), o sódio (Na) e o potássio (P) são amplamente distribuídos nos
fluidos e tecidos moles do organismo, exercendo juntamente com os íons fosfato e
bicarbonato todo o controle homeostático orgânico, mantendo a pressão osmótica, o equilíbrio
ácido-base e o controle da passagem dos nutrientes para as células (BERTECHINI, 2006).
Bertechini (2006) descreveu que 50,0 a 70,0% de todo magnésio orgânico é
encontrado no esqueleto representando 0,8 a 1,0% da cinza óssea; o restante em tecidos
moles, exercendo funções vitais no organismo. Segundo Bacila (2003) o Mg exerce amplo
papel no organismo animal por ser ativador de muitas enzimas envolvidas em processos
ligados ao metabolismo energético, ao metabolismo dos ácidos nucléicos e à biossíntese de
proteínas.
O Mg encontra-se predominantemente dentro da célula e está envolvido em reações
que requerem ATP. Esse mineral é considerado o segundo (após o potássio) cátion dos fluidos
24

intracelulares. A absorção do Mg também ocorre no intestino delgado, principalmente no


duodeno e jejuno, através de transporte ativo. Elevadas concentrações de Ca e P podem
reduzir a absorção do Mg, pois o Ca compete pelos mesmos sítios de absorção; enquanto que
o P pode formar sais insolúveis com Mg, diminuindo sua disponibilidade (MAIORKA e
MACARI, 2008).
A fosforilação oxidativa é reduzida na ausência de Mg, pois este interfere na
transferência de P e não de H+. O Mg é essencial para a hidroxilação renal da vitamina D,
contribuindo para a conversão da 25(OH)D3 em 1,25 (OH)2D3 (PIZAURO JUNIOR, 2008a).
O Na encontra-se no esqueleto numa forma insolúvel e a maior concentração é
encontrada nos fluidos extracelulares, onde apresenta metabolismo ativo. As principais
funções são: a) regulador do volume dos fluidos do corpo, pH e as relações osmóticas do
organismo; b) participa das contrações das células musculares; c) inibição de enzimas da
mitocôndria no meio extracelular; d) absorção e transporte dos nutrientes para as células e e)
participa da estrutura dos ossos (BERTECHINI, 2006).
A taxa de K no organismo é semelhante à do sódio; os músculos contêm seis vezes
mais K+ do que Na+. O K exerce os seguintes papéis no organismo: a) regulador do volume
dos fluídos intracelulares, mantendo pH e as relações osmóticas no interior das células; b)
ativador de sistemas enzimáticos; c) exigido para a atividade normal do coração, onde exerce
efeito oposto ao cálcio, reduzindo a contratibilidade do músculo do coração favorecendo o
relaxamento; e d) controla o potencial de ação da membrana da célula (BERTECHINI, 2006).

2.4 Tecido ósseo

O tecido ósseo é o constituinte principal do esqueleto, serve de suporte para as partes


moles e protege órgãos vitais, proporciona apoio aos músculos esqueléticos, transformando
suas contrações em movimentos úteis e funciona como depósito de cálcio, fosfato e outros
íons, armazenando-os ou liberando-os de maneira controlada, para manter constante a
concentração desses íons nos líquidos corporais (SMITH et al., 1988; JUNQUEIRA e
CARNEIRO, 2004).
O osso consiste num tecido multifuncional, metabolicamente muito ativo, composto de
uma população heterogênea de células, em distintos estágios de diferenciação celular que
25

através de uma seqüência de eventos, regula a mobilização e a deposição mineral durante a


vida do animal (PIZAURO JÚNIOR, 2008a).
O tecido ósseo é formado por células e material extracelular calcificado, a matriz
óssea. As células (Figura 1) são os osteócitos, que se situam em cavidades ou lacunas no
interior da matriz; os osteoblastos, produtores da parte orgânica da matriz e os osteoclastos,
células gigantes, móveis e multinucleadas, que absorvem o tecido ósseo, participando dos
processos de remodelação dos ossos. As células mencionadas são determinantes para os
parâmetros químicos, geométricos e de resistência óssea (RATH et al., 2000; JUNQUEIRA e
CARNEIRO, 2004).

Figura 1. Células da matriz óssea


Fonte: Junqueira e Carneiro (2004)

Os osteoblastos são as principais células envolvidas no processo de ossificação,


sintetizam e regulam a mineralização da parte orgânica (colágeno tipo I, proteoglicanas e
glicoproteínas adesivas) da matriz óssea. São responsáveis pela produção de cadeias protéicas
ricas em aminoácidos como prolina, hidroxiprolina, etc., precursores de colágeno para
formação de osteóide, o precursor não-calcificado do osso nos locais superficiais de
crescimento ou remodelagem. Além disso, secretam fatores de crescimento locais sob
influência do hormônio de crescimento e fosfatase alcalina óssea, relacionadas com o
processo de mineralização do osso através da neutralização de um inibidor da deposição
mineral – pirofosfato (MOTTA, 2003; JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004; PIZAURO
JÚNIOR, 2008a).
26

Os osteócitos são células achatadas, com forma de amêndoa, que moldam o esqueleto,
consistem em osteoblastos maduros, responsáveis pela manutenção da matriz óssea (Pizauro
Júnior, 2008a). As pequenas áreas ou orifícios no osso nos quais os osteócitos residem
denominam-se lacunas, das quais partem canalículos ou prolongamentos que estabelecem
contatos com as células adjacentes através de junções comunicantes (JUNQUEIRA E
CARNEIRO, 2004; REECE, 2006).
Os osteoclastos são as células gigantes e multinucleadas, relacionadas com a
reabsorção do tecido ósseo, atuando opostamente aos osteoblastos. Estão presentes em 1,0 a
4,0% das superfícies ósseas. A finalidade dos osteoclastos é de reparação de uma fratura ou
mobilização de íons de cálcio (realizadas continuamente); entretanto sob o controle do PTH,
que por sua vez estimula a secreção de enzimas e ácidos que atuam digerindo a matriz
orgânica e dissolvendo os sais de cálcio (MOTTA, 2003; JUNQUEIRA E CARNEIRO,
2004).
A estrutura geral do osso constitui-se de aproximadamente 22,0% de matriz orgânica,
9,0% de água e 69,0% de materiais inorgânicos. A parte inorgânica do osso representa cerca
de 50,0% do peso da matriz óssea. O cálcio e o fósforo formam cristais que apresentam a
estrutura da hidroxiapatita (Ca10(PO4)6(OH)2 (Macari et al., 1994). A parte orgânica é
responsável pela elasticidade do osso, sendo formada por fibras colágenas (95%) constituídas
de colágeno do tipo I e por 5,0% de proteínas não colagenosas (Junqueira e Carneiro, 2004;
Reece, 2006; Lopes, 2009). Se toda a matriz orgânica óssea fosse removida, os minerais
inorgânicos manteriam a forma visível do osso, contudo, o osso perderia sua resistência tênsil
e ficaria quebradiço, como um prato de louça (REECE, 2006).
O principal constituinte (80,0 a 90,0%) da matriz orgânica é o colágeno, fibra protéica
de tripla hélice, que contribui para a força tensional do osso, fornecendo suporte e orientação
para a matriz mineral. Por representar a maior parte orgânica do osso, o colágeno também
afeta a propriedade mecânica dos ossos (Rath et al., 2000). Segundo Young (2003) foram
identificados mais de 20 tipos de colágenos que possuem diferentes especialidades entre os
diversos tecidos animais.
O colágeno principal do osso é referido como tipo I, é sintetizado dentro dos
osteoblastos e, em menor extensão, nos osteócitos. Ainda, o colágeno tipo I é composto por
aproximadamente 95,0% do conteúdo total de colágeno ósseo e cerca de 80,0% das proteínas
presentes no osso (VIGUET-CARRIN et al., 2006).
Os colágenos do tipo I do osso juntamente com o tipo II, que compõe a cartilagem são
encontrados em tecidos sujeitos ao estresse por compreensão e tensão. Eles formam uma rede
27

fibrilar na matriz extracelular que são estabilizadas por condensação de resíduos de


aminoácidos. Tais ligações cruzadas são as principais responsáveis pela estabilização da
molécula e das fibras colagenosas, conferindo força para suportar pressões (VELLEMAN,
2000).
Além do colágeno, 10,0 a 15,0% da matriz orgânica consiste em proteoglicanos,
lipídios e proteínas não colagenosas, tais como osteocalcina, osteopontina e osteonectina
(RATH et al., 2000).
Os proteoglicanos são macromoléculas formadas por uma proteína central à qual estão
covalentemente ligados, os carboidratos conhecidos como glicosaminoglicanos. Os
proteoglicanos desempenham um papel essencial na fisiologia das cartilagens ao controlar a
entrada e a saída de água nos espaços entre as fibras de colágeno. Os glicosaminoglicanos são
polímeros de dissacarídeos altamente sulfurados de carga negativa que caracterizam por
formar géis capazes de reter grandes quantidades de água em suas matrizes, sendo de
importância na formação, estrutura e função biológica da cartilagem (VELLEMAN, 2000;
RODRIGUES, 2001; HENN, 2010).
Dentre as proteínas totais, as proteínas não colagenosas (PNC) que contribuem para
uma variedade de funções no osso, tais como: estabilização da matriz, calcificação, regulação
da mineralização das fibras de colágeno, e a modulação da divisão, migração, diferenciação e
maturação celular. As PNC mais abundantes do osso são: osteonectina e a osteocalcina, que
por sua vez representa 10,0 a 20,0% do total das PNC ou a 1,0% das proteínas ósseas. A
síntese de osteocalcina é aumentada pela 1,25 (OH)2D3, sendo sua concentração diretamente
proporcional a concentração de cálcio. A osteonectina é uma glicoproteína fosforilada
específica do osso, apresenta alta afinidade pelo cálcio, hidroxiapatita e colágeno tipo I,
representa 23,0% das PNC (RATH et al., 2000; YOUNG, 2003; BARBOSA, 2005; LOPES,
2009; HENN, 2010).
Moraes et al. (2010) mencionaram que os animais com alta incidência de problemas
locomotores apresentaram maiores teores de proteínas não colagenosas, de modo que as
concentrações dessas proteínas podem contribuir para a fragilidade do osso, por interferir na
completa mineralização. A adequada mineralização óssea é fundamental na avicultura de
corte, pois o desenvolvimento muscular é dependente de um bom suporte ósseo e é necessário
para o bom funcionamento do sistema locomotor ( SCHOULTEN et al., 2003).
Ao avaliarem a composição química do tibiotarso de frangos de corte suplementados
com cloreto de amônio em cinco níveis (-50,0; 0; 50,0; 100,0 e 150,0 mEq/kg) aos 21 dias de
idade, Araújo et al. (2011) verificaram que os balanços eletrolíticos (BE) influenciaram a
28

composição orgânica dos ossos, de modo que as PNC aumentaram à medida que se reduziam
os níveis de BE. Para o percentual de PC, observaram efeito quadrático, sendo o nível de 94,0
mEq/kg associou-se ao menor valor destas (31%).
Oliveira et al. (2006) também evidenciaram que o BE influenciou a deposição de
proteínas nos ossos de frangos de corte jovens (1 a 21 dias). O maior valor para deposição de
PNC nos ossos aos 21 dias e de PC aos 22 e 32 dias de idade foi obtido com as dietas cujo BE
ficou entre 150 e 200 mEq/kg.
O conteúdo de PC e PNC nos fêmures de frangos de corte (machos e fêmeas) de 1 a 42
dias de idade foi estudado por Barbosa et al. (2010), sendo avaliados três híbridos comerciais.
No estudo não foi verificada diferença significativa para PC nas idades entre os híbridos aos
21 e 42 dias. Quanto aos sexos, as fêmeas apresentaram menores valores de PC quando
comparadas aos machos de 21 dias de idade. Os teores de PNC não apresentaram diferenças
significativas tanto para os cruzamentos quanto entre os sexos, porém, verificou-se uma
diminuição acentuada dos 21 aos 28 dias e dos 35 aos 42 dias de idade. A redução nas
concentrações das PNC após os 21 dias comprovaram redução na atividade metabólica dos
ossos, pois essas proteínas são responsáveis como enucleadores para formação dos cristais de
hidroxiapatita ou, no caso da osteocalcina, como responsável pela taxia dos osteoclastos no
processo de reabsorção óssea.

2.4.1 Formação e crescimento ósseo

O crescimento de um animal depende particularmente do desenvolvimento muscular,


que por sua vez necessita de suporte ósseo. O que ocorre é um comportamento característico
de crescimento, no qual o esqueleto, o músculo e o tecido adiposo são desenvolvidos
sucessivamente. Entretanto, isto não significa dizer que o crescimento muscular tem inicio
quando cessa o crescimento ósseo e/ou pára quando começa o crescimento adiposo, o que de
fato há, é um perfeito sincronismo de crescimento de cada sistema, priorizando-se o maior
desenvolvimento de um ou outro tecido num determinado momento – tempo e idade
(GONZALES e MENDONÇA JÚNIOR, 2006; GONZALES e SARTORI, 2008).
A formação do esqueleto ou ossificação ocorre por um processo indireto chamado
endocondral ou por um direto denominado de intramembranoso. A terminologia endocondral
e intramembranoso refere-se aos locais nos quais a formação ocorre. Endocondral está
29

relacionado ao crescimento que acontece na cartilagem, e intramembranoso ao crescimento na


membrana (PIZAURO JÚNIOR, 2008a).
Na ossificação intramembranosa, o osso é depositado na superfície de estruturas
ósseas preexistentes. Modelação e remodelação óssea ocorrem depois que o osteoclastos
removem o osso existente. Ocorre durante o desenvolvimento embrionário pela transformação
direta das células do mesenquima em osteoblastos (PIZAURO JÚNIOR, 2008a).
A ossificação endocondral é responsável pelo crescimento da maior parte dos ossos
curtos e longos. Caracteriza-se por tecido ósseo que é depositado em uma rede de cartilagem
calcificada. Esse processo é responsável pelo desenvolvimento em comprimento e aumento
do esqueleto durante o crescimento. Os principais eventos desta modalidade de ossificação
podem ocorrer em menos de 24 horas durante o pico de crescimento dos frangos de corte,
sendo estes a proliferação dos condrócitos, calcificação e degradação da matriz e formação
primária dos ossos (PIZAURO JÚNIOR, 2008a; HENN, 2010).
Junqueira e Carneiro (2004) descreveram que essencialmente dois processos estão
envolvidos na ossificação endocondral: 1) a cartilagem hialina sofre modificações, havendo
hipertrofia dos condrócitos, redução da matriz cartilaginosa a finos tabiques, sua
mineralização e a morte condrócitos; 2) as cavidades previamente ocupadas pelos condrócitos
são invadidas por capilares sanguíneos e células osteogênicas, que se diferenciam em
osteoblastos, que depositarão matriz óssea sobre os tabiques de cartilagem calcificada.
A placa de crescimento, também conhecida como disco de crescimento é formada pela
matriz extracelular e pelos condrócitos, que são células especializadas no crescimento em
comprimento dos ossos. O crescimento ósseo é caracterizado pela organização precisa dos
condrócitos na placa de crescimento, correspondendo a uma seqüência ordenada de
fenômenos desde a proliferação dos condrócitos, passando pela diferenciação, até sua morte
por apoptose, ocorrendo a síntese de cartilagem, mineralização, degradação e substituição
desta por osso trabecular (PÉRTILE, 2011).
Anatomicamente, o disco de crescimento é dividido nas seguintes regiões: a) zona de
repouso: contém condrócitos dispersos e inativos; b) zona de cartilagem de multiplicação:
local que acontece a maioria das divisões celulares, possuindo nessa região células
osteoprogenitoras em forma de disco. O nascimento da célula do condrócitos ocorre na zona
proliferativa e a sua morte ocorre na zona hipertrófica. Com isto uma distância constante é
mantida entre a zona proliferativa e a metáfise. O tempo de vida de um condrócito em frango
de corte de crescimento rápido é de aproximadamente três dias; c) Zona de maturação:
durante o seu período de vida os condrócitos passam de uma fase pós-divisão a um estado de
30

maturação. É nesse local que começa a aparecer a fosfatase alcalina; d) Zona hipertrófica:
contêm condrócitos aumentados de volume pelo acúmulo de glicogênio, e muitas vesículas da
matriz que formam grupos longitudinais; e e) Zona de calcificação: onde os condrócitos
sofrem degeneração. É nessa região que ocorre o depósito de fosfato de cálcio no interior das
vesículas e que, posteriormente, extravasa e se infiltra no septo longitudinal (JUNQUEIRA e
CARNEIRO, 2004; PIZAURO JÚNIOR, 2008a).
O fim do crescimento longitudinal do osso é variável conforme a espécie e ocorre
quando a cartilagem se torna cada vez mais delgada e a epífise e metáfise se fundem (Lopes,
2009). Rath et al. (2000) evidenciaram o crescimento longitudinal de tíbias de frangos de
corte até 25 semanas de idade.

2.4.2 Mineralização e resistência óssea

A calcificação ocorre em duas etapas: 1) o cálcio e o fosfato são translocados para o


interior das vesículas por um canal de cálcio através da membrana; no interior da vesícula
extracelular, o cálcio liga-se aos lipídeos da membrana e às proteínas ligadoras do cálcio no
interior das vesículas da matriz. Paralelamente, a fosfatase alcalina fornece o fosfato por meio
de sua ação sob o substrato fisiológico. No interior da vesícula, o aumento do cálcio iônico
em relação ao fosfato, provoca precipitação do fosfato de cálcio e formação dos cristais na
forma de pequenas agulhas. O primeiro cristal formado no interior das vesículas não é
cristalino; consistindo num intermediário e depois então convertido em hidroxiapatita; 2) Fase
de crescimento mineral – os cristais de hidroxiapatita rompem a membrana da vesícula e
extravasam para o meio extracelular, provocando o crescimento dos cristais (ANDERSON,
1989 citado por PIZAURO JÚNIOR, 2008a).
Para uma mineralização adequada do osso exige os seguintes requisitos: concentrações
apropriadas de [Ca2+], [Pi] e pH (~7,6) no local de mineralização; matriz óssea normal; função
normal dos osteoblastos e baixas concentrações de inibidores da mineralização, como o
pirofosfato (SMITH et al.,1988).
Uma vez completamente formado e que o animal atinja seu tamanho esquelético
adulto, o osso não torna uma estrutura totalmente quiescente, durante toda a vida o osso
sofrerá remodelamento, processo em que o osso envelhecido e danificado é substituído por
um novo osso com pouca ou nenhuma alteração na massa óssea. O remodelamento ósseo
31

permite ao esqueleto agir como depósito de minerais, permitindo transferir o cálcio e outros
íons para dentro ou fora do osso (REECE, 2006).
O remodelamento ósseo é um processo fisiológico que permite a manutenção da
resistência óssea, através de sua auto-modelagem, de acordo com as solicitações mecânicas a
que o osso é submetido. A remodelagem tem como função, a reparação de micro fraturas
ocorridas no dia-a-dia por um ciclo contínuo de destruição, e posterior renovação óssea, ou
seja, a ativação dos osteoclastos leva a reabsorção óssea e as ações dos osteoblastos
reconstroem a matriz óssea, levado a uma nova mineralização do tecido (BORBA et al., 2003;
BARROS et al., 2008).
Os ossos funcionam como alavancas para o corpo, por esta razão devem ser rígidos;
entretanto, devem ser flexíveis para resistirem aos impactos e também serem leves, para
permitir movimentos rápido. Caso haja excesso de minerais, o osso pode se tornar quebradiço,
e em caso de deficiências, torna-se muito flexível (SEEMAN, 2008).
A força óssea tem sido primariamente associada com a formação e manutenção
adequadas da matriz orgânica óssea, ligações de colágeno e deposição e reabsorção óssea; o
conteúdo mineral também se faz de relevância, mas dependem da formação correta da matriz
no inicio da vida (Oviedo-Rondón e Wineland, 2011). A matriz extracelular modula a
resistência dos tecidos e as propriedades de crescimento celular, ambas essenciais para o
desenvolvimento de uma estrutura esquelética mecanicamente forte. O colágeno é o maior
constituinte da matriz orgânica, e fornece suporte orientador para a matriz mineral,
contribuindo para a resistência óssea (RATH et al., 2000; VELLEMAN 2000; MÜLLER,
2010).
A resistência óssea pode ser avaliada por meio das propriedades mecânicas obtidas a
partir de ensaios (tração, compressão, flexão), onde o osso é avaliado sob a ótima da
engenharia. Inúmeros fatores podem influenciar a resistência óssea de forma direta ou
indireta. Em frangos de corte, fatores como: taxa de crescimento, sexo, idade, nutrição,
genética estão dentre os mais relevantes (RATH et al., 2000; MÜLLER, 2010).
Os estudos de Rose et al. (1996) e Barbosa (2005) mostraram que as fêmeas cresceram
menos e apresentaram ossos menores por possuírem taxa de crescimento menor que a dos
machos, mas verificaram menor porosidade e maiores teores de cinzas, conseqüentemente
maior resistência óssea, diminuindo a incidência de problema de pernas. O controle da
homeostase de cálcio é uma importante força motora para manutenção das funções vitais em
que participa. Caso os níveis de Ca não sejam adequados, ocorrerá estímulo de secreção de
32

PTH e síntese de vitamina D, que estimularão a reabsorção óssea, diminuindo a resistência


óssea (RATH et al., 2000; LOPES, 2009; HENN, 2010).
Ao avaliarem a resistência óssea de frangos de corte aos 21 dias, Araújo et al. (2011)
contataram que os programas alimentares ofertados (ração basal suplementada com cloreto de
amônio) influenciou esta variável, sendo recomendado para essa idade BE de 131 mEq/kg,
carga máxima de 22,10N. Vieites et al. (2004) não observaram influência de dietas
acidogênicas (0 a 150 mEq/kg) sobre a resistência à quebra dos ossos de frangos aos 21 dias
de idade.
Rawlinson et al. (2009) verificaram que os ossos de frangos de corte de crescimento
rápido e lento apresentaram resistência óssea igual, entretanto ao fazerem uma correção no
peso das aves, constataram que os ossos dos frangos de crescimento rápido são mais fracos
(rigidez reduzida e menor resistência a fraturas). Reis et al. (2011) evidenciaram em seu
estudo que as aves mais pesadas, com ossos maiores, suportam forças maiores na flexão.
Contudo, quando as variáveis de resistência intrínseca do osso foram consideradas, como a
resistência à flexão, os autores observaram que a linhagem mais pesada não apresentou
diferença quando comparada as demais avaliadas.

2.5 Desordens locomotoras

As anormalidades do sistema locomotor das aves têm sido relatadas desde o inicio da
produção confinada das aves. Desde 1930, inúmeras causas das deformidades do esqueleto
das aves têm sido identificadas, tais como: nutrição (imbalanços), genética, práticas de
manejo, dentre outras que afetam o crescimento e desenvolvimento ósseo (SILVA et al,
2001).
Os problemas locomotores, particularmente aqueles que levam a mobilidade
condicionada ou claudicação são mais comumente observados na metade final do crescimento
das aves, fato este decorrido pelo aumento do ganho de peso e pelo desenvolvimento
desproporcional do músculo do peito criando um desequilíbrio esquelético-biomecânico
(Barbosa, 2005; Lopes, 2009; Restelatto et al., 2009). Para as linhagens modernas de frangos
de corte, e principalmente nos machos, cuja taxa de crescimento é elevada, tendo inicio numa
fase muito precoce pós-eclosão, sobre um suporte esquelético muito imaturo (GONZALES e
MENDONÇA JÚNIOR, 2006).
33

As patologias ósseas resultam em diminuição do bem-estar das aves, tendo em vista


que prejudicam o deslocamento destas para alimentar-se e beber água (Coto et al., 2008; Paz
et al., 2009). Ainda, as afecções ósseas geram perdas econômicas significativas, decorrentes
da diminuição no desempenho produtivo, aumento da taxa de mortalidade e na condenação de
carcaças, em função de fraturas ocorridas durante a operação de apanha, transporte e abate
(SCHOULTEN et al., 2003; PAIXÃO et al., 2007).
Powell & Bittar (2008) relataram que os impactos negativos dos problemas
locomotores podem ser maiores sobre os parâmetros zootécnicos no final da criação do lote,
tais como: viabilidade, conversão alimentar e perdas nos abatedouros, uma vez que as
deformações afetam a operação dos equipamentos de evisceração automática e desossa,
influenciando a velocidade da linha de processamento, havendo a necessidade de aparas
manuais e perdas de carne.
No tocante aos custos associados às perdas devido a problemas esqueléticos, em 1994
foi estimado um valor variável entre US$ 80 e US$ 120 milhões de dólares para a avicultura
norte-americana (ANGEL, 2007; Coto et al., 2008). Ainda, num estudo conduzido por Morris
(1993) citado por Angel (2007), 55,0% da indústria avícola amostrada relatou que 1,1% da
mortalidade da produção e 2,1% das aves chegaram ao abate e foram condenadas ou
depreciadas por conta das desordens ósseas. No Brasil, não existem estatísticas estimando
particularmente os problemas esqueléticos na produção avícola industrial, no entanto, em
geral tais problemas incidem sob 2,0 a 3,0% das aves, embora aparentem baixa incidência,
estes são prevalentes (OVIEDO-RONDÓN, 2008; COSTA, 2010).
Na produção industrial de frangos de corte, existem duas categorias de deformidades
ósseas relevantes: a discondroplasia tibial (DT), que acomete aves principalmente na fase
inicial de crescimento e os problemas estruturais, que levam as deformidades e distorções dos
ossos longos, sobretudo na fase final de crescimento (BARBOSA et al., 2010).
A DT é caracterizada por massa cartilaginosa anormal, de cor branca opaca, não
vascularizada e com pouca mineralização na cartilagem de crescimento da epífise proximal da
tíbia, podendo estar presente em sua epífise distal, nos fêmures e úmeros. Geralmente, a DT é
bilateral; em frangos de corte acomete principalmente os machos, freqüentemente entre a 3ª.
e 8ª. semana de vida. Ainda, a DT atinge cerca de 2,0 a 20,0% das aves (lotes experimentais e
comerciais), provocando desconforto, claudicações prejuízos no desempenho zootécnico
(GONZALES e MENDONÇA JÚNIOR, 2006; PAZ e GARCIA, 2011).
De acordo com Gonzales e Mendonça Júnior (2006) e Paz e Garcia (2011) os fatores
dietéticos podem afetar a incidência da DT, de modo que mesmo as linhagens selecionadas
34

para baixa incidência de DT, podem ter o problema agravado quando associado com balanços
nutricionais inadequados. Quando o equilíbrio ácido-básico é desviado para uma situação de
alcalose ou acidose, os passos metabólicos são envolvidos prioritariamente na regulação
homeostástica em detrimento dos processos produtivos.
Além da DT, Paz e Garcia (2011) informaram que raquitismo, condrosdistrofia,
degeneração femoral, desordens do desenvolvimento ou congênitas (espondilolistese, defeitos
de angulação do tipo valgus e varus), e doenças infecciosas (osteomielite e lesões dos
tendões) acometem os frangos de cortes no meio industrial. Dentre as patologias
mencionadas, a DT e a degeneração femoral são as mais prevalentes atingindo 50,0 a 80,0%
dos problemas de pernas nos lotes industriais.
A degeneração femoral ocorre em animais jovens, não possui etiologia definida e pode
se manifestar de maneira uni ou bilateral, acarretando alterações não apenas na região da
cabeça, como no colo do fêmur. O manejo inadequado na apanha dos frangos, carregados por
uma perna só, por exemplo, pode determinar a ruptura da epífise do fêmur, caracterizando-se
como o principal ponto de perdas ocasionado por esta patologia (PAZ e GARCIA, 2011).
A espondilolistese é considerada uma deformidade que afeta as vértebras torácicas de
frangos de corte, mais freqüentemente a quarta vértebra, resultando em compressão da medula
espinhal e conseqüentemente dificuldade de movimentação, chegando a paralisia dos
membros pélvicos. As aves apresentaram inicialmente falta de coordenação motora, que
consiste na dificuldade de locomoção que evolui para deslocamento lateral, cranial ou caudal
de um dos membros e, posteriormente, permaneciam em decúbito lateral ou apoiadas a
articulação tibiometatársica (PAIXÃO et al., 2007; PAZ e GARCIA, 2011).
O raquitismo causa alargamento da área epifisária e ocasionalmente deformidade da
parte mole e emborrachamento dos ossos. No raquitismo, o espessamento da placa de
crescimento, pode ser semelhante ao início da DT, por vezes pode ser erroneamente
classificado como DT ((MÜLLER, 2010). Angel (2007) descreveu que esta patologia está
freqüentemente associada com deficiência ou imbalanço nutricional, aos quais podem ocorrer
de várias maneiras, tais como conteúdo variável de Ca e P ou ambos na dieta. O raquitismo
pode ocorrer em frangos de crescimento rápido ou lento, contudo, podendo ser agravada pela
maior exigência nutricional durante o período de crescimento.
Por fim, serão apresentados três artigos, os quais foram elaborados seguindo as normas
das Revistas: Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia (ABMVZ), Acta
Scientiarum. Animal Sciences e Revista Brasileira de Zootecnia (RBZ), respectivamente.
35

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Capítulo II
Suplemento de 1,25 dihidroxicolecalciferol e redução de
cálcio e fósforo disponível para frangos de corte
44

Suplemento de 1,25 dihidroxicolecalciferol e redução de cálcio e fósforo disponível para


frangos de corte

Resumo: Objetivou-se avaliar o desempenho e o rendimento de carcaça e cortes nobres de


frangos de corte machos com suplemento nas rações de 1,25 dihidroxicolecalciferol e redução
de cálcio e fósforo disponível. Foi utilizado um delineamento em blocos casualizados, com
seis tratamentos (0,0; 1,0; 2,0; 3,0; 4,0 e 5,0 µg de vitamina D3 ativa/kg de ração), e seis
repetições com 17 aves cada. Aos 8 e 42 dias de idade cada unidade experimental foi pesada
para avaliação do desempenho. Posteriormente, quatro aves/repetição foram retiradas e
abatidas para mensuração do rendimento de carcaça e de cortes nobres. A inclusão da
vitamina D3 ativa influenciou positivamente (p<0,05) o ganho de peso e a conversão
alimentar nos níveis de 1,0 e 2,0 µg/kg. O consumo de ração não apresentou diferença
significativa para os níveis estudados. O rendimento de carcaça e de cortes nobres de frangos
de corte machos aos 42 dias não foram influenciados pelo suplemento de 1,25
dihidroxicolecalciferol e redução de cálcio e fósforo disponível nas rações. Recomenda-se o
fornecimento suplementar de 1,0 a 2,0 µg/kg de vitamina D3 ativa nas rações para frangos de
corte machos de 8 a 42 dias de idade.

Palavras-chave: avicultura, calcitriol, carcaça, desempenho, vitamina D

Supplement of 1.25 dihydroxycholecalciferol and reduction of calcium and available


phosphorus for broilers

Abstract: The objective of this study was to evaluate the performance, the carcass yield and
noble cuts yield of broilers with supplement of 1.25 dihydroxycholecalciferol and reduction of
calcium and available phosphorus. It was used a randomized block design, with six treatments
(0.0; 1.0; 2.0; 3.0; 4.0 and 5.0 µg of active vitamin D 3/kg of ration), and six repetitions with
17 birds each. At 8 and 42 days of age each experimental unit was weighted in order to
evaluated the performance. Later, four broilers/repetition were removed and slaughtered in
order to measure the carcass and noble cuts yield. The inclusion of active vitamin D3
influenced positively (p<0.05) the weight gain and the feed conversion at the levels of 1.0 and
45

2.0 µg/kg. The feed intake wasn’t significative among the studied levels. The carcass and
noble cuts of male broilers at 42 days were not influenced by supplement of 1.25
dihydroxycholecalciferol and reduction of calcium and available phosphorus in rations. It is
recommended to provide additional of 1.0 up to 2.0 µg/kg of active vitamin D3 in rations for
male broilers from 8 to 42 days of age.

Keywords: calcitriol, carcass, performance, poultry, vitamin D

Introdução

A avicultura industrial é um dos setores mais dinâmicos do agronegócio, gerando


emprego e renda a população de distintas regiões do Brasil. A produção de carne de frango
brasileira em 2010 foi de 12,230 milhões de toneladas, valor 11,38% superior em relação ao
ano anterior, quando foram produzidas 10,980 milhões de toneladas. O crescimento foi
impulsionado principalmente pelo aumento de consumo de carne de frango (44 kg/habitante)
e pela expansão de 5,1% nas exportações (União Brasileira de Avicultura, 2011).
A evolução e competitividade da indústria avícola têm buscado programas nutricionais
eficazes, com vistas ao suprimento exato de nutrientes as aves mediante o fornecimento de
rações balanceadas. Dentre tais nutrientes, têm-se as vitaminas que são essenciais para o
desenvolvimento animal, pois participam como cofatores em reações metabólicas e permitem
maior eficiência dos sistemas de síntese no organismo animal. Félix et al. (2009) ressaltaram
que a formulação comercial de dietas para frangos de corte consiste na combinação de
ingredientes em proporções adequadas para alcançar o perfil nutricional desejado e obter o
nível ótimo entre desempenho e custo.
As aves apresentam capacidade limitada de síntese de algumas vitaminas e a adição de
complexos vitamínicos nas dietas de frangos de corte possibilita melhora no desempenho. A
vitamina D tem expressiva participação no metabolismo ósseo, sendo diretamente responsável
pelo crescimento esquelético, que dá suporte às aves para obtenção do máximo desempenho
produtivo (Brito et al., 2010). Assim, os análogos sintéticos da vitamina D vêm sendo
estudados na avicultura.
Os estudos que vêm sendo realizados na avicultura, utilizando a 1,25
dihidroxicolecalciferol (1,25(OH)2D3), buscam uma melhor relação entre crescimento e
46

fortalecimento do tecido ósseo procurando reduzir os problemas locomotores em frangos de


corte. A incidência e a severidade da Discondroplasia Tibial em aves na fase de crescimento
foram diminuídas suplementando a dieta com 6 µg de 1,25(OH)2D3/kg (Roberson e Edwards,
1996). O uso de vitamina D3 e seus análogos sintéticos também demonstrou melhorias na
utilização de fósforo nas aves domésticas, aumentando a retenção e diminuindo a excreção de
fósforo, ocasionando um incremento no teor de cinzas dos ossos (Biehl e Backer, 1997; Biehl
et al., 1998).
Nos últimos anos, a vitamina D3 e seus metabólitos (1,25(OH)2D3 e 25-hidroxi-
colecalciferol (25(OH)2D3)) têm sido estudados na avicultura, com o propósito de investigar a
interação entre nutrição e anormalidades ósseas. Gonzales e Mendonça Junior (2006)
relataram que para as linhagens modernas de frangos de corte, e principalmente nos machos, a
taxa de crescimento do tecido muscular é extremamente elevada, iniciando-se em uma fase
muito precoce pós-eclosão sobre um suporte esquelético muito imaturo, isso pode causar
desordens locomotoras, comprometendo consequentemente o bem-estar e desempenho das
aves.
Resultados encontrados na literatura, relacionados à suplementação de vitamina D, não
revelam grandes diferenças no desempenho na fase final de criação. Entretanto, Brito et al.
(2010) relataram que a utilização conjunta de duas fontes de vitamina D (D 3 e 25(OH)2D3) em
todo o período de criação melhorou o desempenho de frangos de corte, independente da fase
de criação. De acordo com os autores, a suplementação de vitamina D3 influenciou
positivamente a fase inicial (1 a 21 dias) onde as aves são mais sensíveis à suplementação.
Combs Júnior (2008) afirmou que 50% da vitamina D3 da dieta não é absorvida e
Schenck et al. (2007) descreveram que quando as concentrações plasmáticas de cálcio e
fósforo diminuem há um aumento da atividade da enzima 1-alfa-hidroxilase nos rins,
aumentando as concentrações plasmáticas de 1,25(OH) 2D3.
Nesse sentido, o objetivo com este estudo foi avaliar o desempenho e o rendimento de
carcaça e de cortes nobres de frangos de corte machos de 8 a 42 dias de idade suplementados
com 1,25 dihidroxicolecalciferol e redução de cálcio e fósforo disponível nas rações.
47

Material e Métodos

O experimento foi conduzido no Setor de Avicultura do Instituto Federal de Educação,


Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso (IFMT) – Campus São Vicente (CSV),
município de Santo Antonio de Leverger-MT, no período de 25/01 a 01/03/2011.
Utilizou-se 612 frangos de corte machos da marca comercial Cobb®, em um
delineamento em blocos casualizados com seis tratamentos: 0, 100, 200, 300, 400 e 500
gramas de PANBONIS®/tonelada de ração, correspondendo a 0,0; 1,0; 2,0; 3,0; 4,0 e 5,0
µg/kg de vitamina D3 ativa, respectivamente, com seis repetições e 17 aves por unidade
experimental. As aves foram vacinadas no incubatório de origem contra a doença de Marek e
no período de um a sete dias de idade, foram alimentadas com ração formulada para atender
as exigências desta fase de criação. Aos oito dias de idade, foram pesadas e distribuídas
uniformemente nas unidades experimentais (peso médio = 0,188g/ave).
As aves foram alojadas em galpão de alvenaria, subdividido em 36 boxes de 1,0 x 1,86
m (1,86 m2), com mureta lateral, telados, pé direito de 3,0 metros, cobertos com telhas de
barro. A estrutura possuía cortinas laterais em toda a sua extensão e dois ventiladores
suspensos e posicionados em mesma direção. Foi utilizado como material de cama, a casca
de arroz, numa altura média de 10 cm. As aves foram submetidas a regime de 24 horas de
luz (natural + artificial) e as médias das temperaturas máxima e mínima registradas durante
todo o período experimental foram de 28 e 20 °C, respectivamente. A umidade relativa média
foi de 87,0%.
As rações foram formuladas seguindo-se as recomendações de Rostagno et al. (2005),
a exceção de cálcio e fósforo disponível (redução de 20%), para as fases de 8 a 21, 22 a 35, 36
a 42 dias de idade (Tabela 1). O produto comercial utilizado como fonte da vitamina D 3 ativa
(PANBONIS® contendo 10ppm de 1,25(OH)2D3/kg) foi incluso nas rações em substituição ao
material inerte (areia). As aves receberam ração e água à vontade, sendo usados comedouros
adultos tubulares semi-automáticos e bebedouros adultos do tipo pendular.
Avaliou-se o ganho de peso, o consumo de ração e a conversão alimentar de 8 a 42
dias de idade. Após a avaliação do desempenho, quatro aves de cada repetição foram pesadas
e encaminhadas ao frigorífico do IFMT/CSV, onde foram abatidas de acordo com os
princípios éticos da experimentação animal. Após a insensibilização, ocorreu o deslocamento
cervical das aves, sendo em seguida, depenadas, evisceradas, e resfriadas por um período de
48

12 horas. Posteriormente, retirou-se os pés e as cabeças das carcaças, para pesagem das
mesmas e realização dos cortes nobres: peito e coxa+sobrecoxa.
Foram avaliados o peso absoluto (kg) e o rendimento (%) das carcaças evisceradas e
dos cortes nobres. Na determinação do rendimento, foi considerado o peso da carcaça limpa e
eviscerada, sem pés e cabeça em relação ao peso vivo em jejum. Para os cortes nobres, os
cálculos dos rendimentos foram feitos em relação ao peso da carcaça eviscerada.
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e comparação entre médias
pelo Teste de Dunnett, considerando o nível de 5% de probabilidade. As análises foram
realizadas utilizando o software Sistema para Análises Estatísticas e Genética – SAEG
(Universidade Federal de Viçosa, 2007).
O modelo estatístico adotado foi o seguinte:
Yij = + Bj + Ni + Eij, em que:
Yij = valor observado na unidade experimental do j-ésimo bloco que recebeu o i-
ésimo tratamento;
= média geral;
Bj = efeito do bloco j; 1; 2; 3; 4; 5; 6;
Ni = efeito da suplementação da vitamina D3 ativa i;
i = 0, 1,0; 2,0; 3,0; 4,0; 5,0 µg de vitamina D3 ativa/kg de ração;
Eij= erro aleatório associado a cada observação.
49

Tabela 1. Composição das rações experimentais


Ingrediente (%) Ração 1-7dias Ração 8-21dias Ração 22-35dias Ração 36-42 dias
Milho grão 55,67 59,24 61,96 65,10
Farelo de Soja 45,0% 37,80 34,80 31,28 27,75
Fosfato bicálcico 1,90 2,41 3,41 1,09
Óleo de soja 1,80 1,32 1,22 3,96
Calcário 0,86 0,68 0,65 0,62
L-lisina, 50,7% 0,55 0,35 0,34 0,40
Sal comum 0,46 0,44 0,42 0,40
DL-metionina, 99,0% 0,37 0,27 0,24 0,24
L-treonina, 98,5% 0,17 0,07 0,06 0,08
Mistura mineral1,2 0,101 0,101 0,102 0,102
Mistura vitamínica1,2 0,101 0,101 0,102 0,102
Cloreto de colina, 60% 0,10 0,10 0,10 0,10
Anticoccidiano3 0,05 0,05 0,05 -
Antibiótico4 0,01 0,01 0,01 -
Antioxidante5 0,01 0,01 0,01 0,01
Areia (Inerte) 0,05 0,05 0,05 0,05
Total (%) 100,00 100,00 100,00 100,00
Composição calculada
Ração 1-7dias 8-21dias 22-35dias 36-42 dias
Ácido linoléico (%) 2,30 2,68 3,25 1,79
Arginina digestível (%) 1,39 1,31 1,20 1,10
Cálcio (%) 0,94 0,71 0,66 0,62
Cloro (%) 0,30 0,29 0,28 0,27
Energia metabolizável (Mcal/kg) 2,96 3,05 3,15 3,20
Fenilalanina digestível (%) 0,99 0,94 0,88 0,82
Fenilalanina + tirosina digestível (%) 1,66 1,57 1,47 1,37
Fósforo disponível (%) 0,47 0,36 0,33 0,31
Glicina + serina total (%) 2,01 1,90 1,78 1,66
Histidina (%) 0,54 0,52 0,48 0,46
Isoleucina digestível (%) 0,87 0,82 0,76 0,70
Leucina digestível (%) 1,75 1,69 1,60 1,52
Lisina digestível (%) 1,36 1,18 1,09 1,04
Metionina + cistina digestível (%) 0,96 0,84 0,79 0,75
Potássio (%) 0,86 0,82 0,76 0,70
Proteína bruta (%) 22,50 21,14 19,73 18,44
Sódio (%) 0,22 0,21 0,20 0,19
Treonina digestível (%) 0,90 0,77 0,71 0,68
Triptofano digestível (%) 0,26 0,24 0,22 0,20
1
Poliave Corte Inicial CQT® (1 a 21 dias de idade), níveis de garantia por quilo do produto: vitamina A - 5.546.000.00UI; vitamina D3 -
1.339.000.00UI; vitamina E - 12.430.00UI; vitamina K3 - 944.00UI; vitamina B1 - 1.005,00mg; vitamina B2 - 2.250,00mg; vitamina B6 -
1.245,00mg; vitamina B12 - 6.000,00mcg; niacina - 15,00g; ácido pantotênico - 5.890.00mg; ácido fólico - 495mg; biotina - 50mg; Ferro -
24,80g; manganês - 33,30g; zinco - 25,68g; cobre - 4.280.00mg; selênio - 150mg; iodo - 500mg; 2Poliave Corte Engorda® (22 dias de idade
a uma semana antes do abate), níveis de garantia por quilo do produto: vitamina A - 4.230.000.00UI; vitamina D3 - 1.021.000.00UI;
vitamina E – 9.930.00UI; vitamina K3 - 720.00mg; vitamina B1 - 804.00mg; vitamina B2 – 1.800.00mg; vitamina B6 - 996.00mg; vitamina
B12 - 4.800.00mcg; niacina - 12g; ácido pantotênico - 4.700.00mg; ácido fólico - 302 mg; biotina - 30mg; ferro - 24,80g; manganês - 33,30g;
zinco - 25,68g; cobre - 4.280.00mg; selênio - 150mg; iodo - 500mg; 3Salinomicina; 4Virginiamicina; 5Butil hidroxi tolueno (BHT) -
1.000.00mg.
50

Resultados e Discussão

Não houve efeito (p>0,05) dos níveis de vitamina D3 ativa sobre o consumo de ração
dos frangos de corte de 8 a 42 dias de idade. Entretanto, foram observadas diferenças
significativas (p<0,05) para o ganho de peso e a conversão alimentar (Tabela 2).

Tabela 2. Desempenho de frangos de corte machos de 8 a 42 dias de idade

µg de vitamina D3 ativa/kg de ração CV


Variável Média
0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 (%)
Consumo de ração (kg)ns 4,79 4,81 4,78 4,79 4,79 4,83 4,80 0,92
Ganho de peso (kg) 2,92 2,98* 3,00* 2,91 2,93 2,93 2,94 0,61
Conversão alimentar 1,64 1,61* 1,59* 1,64 1,64 1,65 1,63 0,87
ns = não significativo; *As médias diferem estatisticamente do tratamento testemunha pelo Teste de Dunnett ao nível de 5%
de probabilidade.

Verificou-se melhoria no ganho de peso e na conversão alimentar para os níveis de 1,0


e 2,0 µg/kg de vitamina D3 ativa contida no produto comercial (Tabela 2).
Estes resultados diferem dos encontrados por Roberson e Edwards (1996), que não
encontraram diferenças significativas para o ganho de peso e a conversão alimentar ao
suplementar frangos de corte com 0, 3,0, 6,0, e 9,0 µg/kg de vitamina D3 ativa. Esses autores,
ainda verificaram uma diminuição na incidência de discondroplasia tibial das aves na quinta
semana de vida e aumento do teor de cinzas no tibiotarso com a inclusão de 6,0 µg/kg de
vitamina D3 ativa, indicando que houve um benefício no lote com a suplementação.
Brito et al. (2010) observaram melhoria no ganho de peso ao trabalhar com frangos de
corte machos, com níveis de 25(OH)2D3, entre 16 a 110 µg/kg na fase final de criação. Os
autores também observaram maior consumo de ração pelas aves que receberam maiores
níveis de suplementação de vitamina D3.
Menor conversão alimentar foi obtida para os frangos de corte, sem que houvesse
alteração significativa no consumo de ração, evidenciando melhora no desempenho das aves
com a suplementação de 100 a 200g/ton do produto comercial.
Esses resultados assemelham-se aos encontrados por Khan et al. (2010) que
constataram diferença significativa no ganho de peso de frangos de corte aos 42 dias de idade
alimentados com rações formuladas com 5, 37,5, 62,5 e 87,5 µg/kg de vitamina D3 inativa. O
51

nível de 87,5 µg/kg correspondeu ao melhor desempenho produtivo das aves, bem acima da
recomendação de Rostagno et al. (2011) de 50 µg/kg.
Cheng et al. (2004) afirmaram que a adição de 1,25(OH)2D3 ou extratos da planta
Solanum Glaucophilum pode melhorar a eficiência de absorção e utilização do cálcio e do
fósforo, além de permitir a formulação de dietas com baixos níveis de fósforo, minimizando a
excreção desse elemento pelas aves. Goff (2006) afirmou que a adição de 1,25(OH) 2D3
acelera o transporte ativo do cálcio através das células epiteliais, sendo essencial quando o
cálcio dietético estiver baixo ou a demanda for muito elevada, como por exemplo, no
desenvolvimento do tecido ósseo. O autor ressaltou que a 1,25(OH) 2D3 estimula a síntese da
proteína ligadora do cálcio na célula epitelial intestinal, que transporta o cálcio do lado
luminal dos enterócitos para a membrana basolateral.
A adição de 1,0 e 2,0 µg de vitamina D3 ativa/kg de ração apresentou efeito benéfico
no desempenho, analogamente aos resultados obtidos por Brito et al. (2010) ao utilizarem
simultaneamente as vitaminas D3 e 25(OH)2 D3. Mitchell e Edwards (1996) também
verificaram aumento no peso de frangos de corte a cinco semanas de idade mediante a
suplementação de 5 µg/kg de ração de 1,25(OH)2D3 e 600 unidades de fitase/kg.
Os níveis de 1,25 dihidroxicolecalciferol não influenciaram (p>0,05) os rendimentos
de carcaça, peito e coxa+sobrecoxa dos frangos de corte, entretanto, níveis de 1,0 e 2,0 µg/kg
de vitamina D3 ativa suplementados às rações, melhoraram significativamente os pesos
médios aos 42 dias de idade (Tabela 3). Khan et al. (2010) também observaram efeito
positivo para o peso de frangos de corte nesta idade, com o uso de 3500 UI/kg (87,5 µg/kg) de
vitamina D3.
Resultados semelhantes aos obtidos para rendimento de peito foram relatados por
Brito et al. (2010), que não observaram diferença significativa ao avaliar a 25(OH) 2D3 para
frangos de corte aos 45 dias de idade. Por outro lado, Khan et al. (2010) observaram
diferenças significativas para o rendimento de peito em frangos de corte aos 42 dias de idade,
em doses de 2.500 ou 3500 UI/kg (62,5 ou 87,5 µg/kg) de vitamina D3.
Os níveis de 1,25(OH)2D3 estudados não influenciaram as características de carcaça
avaliadas, porém é possível que tenha ocorrido uma melhora na mineralização óssea. Assim,
faz-se necessária comprovação mediante análises físicas e bioquímicas dos ossos dos frangos
de corte. Mitchell e Edwards (1996) constataram que a suplementação isolada de
1,25(OH)2D3 nas rações de frangos de corte com três às cinco semanas de idade, diminuiu a
incidência de discondroplasia tibial e aumentou o teor de cinzas nos ossos.
52

Tabela 3. Rendimento de carcaça e de cortes nobres de frangos de corte machos aos 42 dias
de idade
µg de vitamina D3 ativa/kg de ração CV
Variável Média Efeito
01 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 (%)
Peso médio aos 42 dias
Peso absoluto (kg) 3,10 3,17* 3,18* 3,09 3,11 3,11 3,13 SIG 4,06

Carcaça
Peso absoluto (kg) 2,14 2,07 2,13 2,08 2,13 2,09 2,10 NS 5,55
Peso relativo (%) 69,96 68,16 69,60 69,43 69,67 68,56 69,23 NS 3,52

Peito
Peso absoluto (kg) 0,82 0,81 0,81 0,80 0,83 0,832 0,82 NS 6,93
Peso relativo (%) 38,27 38,94 37,90 38,57 39,03 38,34 38,50 NS 3,75
Coxa + sobrecoxa
Peso absoluto (kg) 0,59 0,59 0,62 0,60 0,61 0,60 0,60 NS 8,43
Peso relativo (%) 27,68 28,44 29,04 29,07 28,53 28,75 28,58 NS 4,40
1
Tratamento testemunha; NS = não significativo; SIG = significativo; *as médias diferem estatisticamente do tratamento
testemunha pelo Teste de Dunnett ao nível de 5% de probabilidade.

O fornecimento suplementar de vitamina D3 nas rações pode estar diretamente


relacionado à diminuição de condenações de carcaças em frigoríficos decorridas de fraturas
e/ou desordens locomotoras. Ao minimizar tais condenações, tem-se conseqüentemente a
redução dos custos de produção, importante meta do empreendimento avícola.
A suplementação de 1,0 a 2,0 µg/kg de 1,25(OH)2D3 nas rações foi benéfica ao
desempenho das aves, sendo uma possível alternativa a ser adotada na avicultura industrial. O
uso de níveis subótimos de fósforo nas rações pode ainda reduzir a excreção deste elemento,
diminuir os custos das rações e minimizar os impactos ambientais.

Conclusões

Recomenda-se o fornecimento suplementar de 1,0 a 2,0 µg/kg de 1,25(OH)2D3 nas


rações com redução de 20,0% cálcio e fósforo disponível para frangos de corte machos de 8 a
42 dias de idade.
53

O rendimento de carcaça e de cortes nobres de frangos de corte machos aos 42 dias


não foram influenciados pelo suplemento de 1,25(OH)2D3 e redução de cálcio e fósforo
disponível nas rações.

Agradecimentos

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela


concessão do financiamento do projeto de pesquisa. Ao Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso (IFMT) – Campus São Vicente pela infra-
estrutura fornecida. A Evonik Brasil pela doação dos aminoácidos e a Technofeed Ltda. pela
disponibilização do produto comercial utilizado no experimento.

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55

Capítulo III
Suplemento de vitamina D3 ativa e redução de cálcio e
fósforo disponível para frangos de corte fêmeas
56

1,25 DIHIDROXICOLECALCIFEROL NA AVICULTURA INDUSTRIAL

SUPLEMENTO DE VITAMINA D3 ATIVA E REDUÇÃO DE CÁLCIO E FÓSFORO


DISPONÍVEL PARA FRANGOS DE CORTE FÊMEAS

RESUMO: Objetivou-se avaliar o desempenho e o rendimento de carcaça e de cortes nobres


de frangas de corte de 8 a 42 dias alimentadas com rações suplementadas com vitamina D 3
ativa e níveis reduzidos de cálcio e fósforo disponível. Foi utilizado um delineamento em
blocos casualizados, com seis tratamentos (0,0; 1,0; 2,0; 3,0; 4,0 e 5,0 µg de vitamina D 3
ativa/kg de ração), e seis repetições com 17 aves cada. Aos 42 dias de idade, quatro
aves/repetição foram retiradas e abatidas para mensuração do rendimento de carcaça e de
cortes nobres. O consumo de ração decresceu linearmente à medida que se aumentou o nível
de vitamina D3 ativa na ração enquanto que a conversão alimentar diminuiu com o aumento
do nível da vitamina. Recomenda-se para frangos de corte fêmeas de 8 a 42 dias de idade a
suplementação de até 5,0 µg/kg de vitamina D3 ativa nas rações. O rendimento de carcaça e
de cortes nobres de frangos de corte fêmeas aos 42 dias de idade não foi influenciado pelo
suplemento de vitamina D3 ativa e níveis de cálcio e fósforo reduzidos.

PALAVRAS-CHAVE: 1,25 dihidroxicolecalciferol, avicultura, carcaça, desempenho

1.25 DIHIDROXICOLECALCIFEROL IN THE INDUSTRIAL AVICULTURE

SUPPLEMENT OF ACTIVE VITAMIN D3 AND REDUCED LEVELS OF CALCIUM


AND AVAILABLE PHOSPHORUS FOR FEMALE BROILERS

ABSTRACT: The objective of this study was to evaluate the performance and the noble cuts
and carcass of female broilers from 8 to 42 days of age with supplementation of active
vitamin D3 and reduced levels of calcium and available phosphorus. It was used a randomized
block design, with six treatments (0.0; 1.0; 2.0; 3.0; 4.0 and 5.0 µg of active vitamin D 3
active/kg of ration), and six repetitions with 17 birds each. At 42 days of age, four
57

broilers/repetition were removed and abated to measure the carcass and noble cuts. The ration
consumption decreased linearly with the increase of active vitamin D 3 levels in rations, while
the feed conversion, decreased with the increase of the vitamin level. It is recommended for
female broilers from 8 to 42 days supplementation up to 5.0 µg/kg of active vitamin D3 in
rations. The carcass and noble cuts of female broilers at 42 days old were not influenced by
supplement of active vitamin and reduction of calcium and available phosphorus.

KEY WORDS: 1.25 dihydroxycholecalciferol, carcass, performance, poultry

INTRODUÇÃO

O montante de carne de frango produzido no Brasil foi de 12,230 milhões de toneladas


em 2010, um crescimento de 11,38% em relação a 2009 (10,980 milhões de toneladas). Do
volume total de frangos produzido pelo país, 69,0% foi destinado ao consumo interno, e
31,0% para exportações. Em 2010, o consumo per capita de carne de frango foi de 44 kg
(UNIÃO BRASILEIRA DE AVICULTURA, 2011).
A produção de frangos está presente em todo Brasil, impactando positivamente sob a
economia da maioria dos estados, verifica-se na atualidade uma tendência de expansão da
atividade para o Centro-Oeste do país, pois o estabelecimento em regiões produtoras de grãos
favorece a diminuição dos custos com alimentação, que são os mais onerosos deste setor
produtivo, representando por volta de 70% dos custos totais.
Ainda, objetivando reduzir os custos, bem como minimizar os impactos ambientais
advindos de excretas (nitrogênio, fósforo, dentre outros) da produção animal, programas
alimentares balanceados têm sido adotados, com vistas ao suprimento exato de nutrientes aos
animais. O crescimento de um animal depende do desenvolvimento muscular, contudo, faz-se
necessário o suporte ósseo. Para frangos ocorre que o esqueleto, o músculo e o tecido adiposo
são desenvolvidos sucessivamente. Em geral, em animais de crescimento lento há um perfeito
sincronismo de crescimento de cada sistema (muscular, ósseo, adiposo), priorizando-se o
maior desenvolvimento de um ou outro tecido em uma determinada fase, de tal modo que o
desenvolvimento animal, como um todo, atinja sua maturidade física. Para as linhagens
modernas de frangos de corte onde a taxa de crescimento do tecido muscular é extremamente
elevada, iniciando-se em uma fase muito precoce pós-eclosão sobre um suporte esquelético
58

muito imaturo, como conseqüência há um aumento na incidência de morbidade, mortalidade e


perdas por condenações nos abatedouros causadas por distúrbios metabólicos e esqueléticos
(GONZALES e MENDONÇA JÚNIOR, 2006). Assim, inúmeras estratégias nutricionais vêm
sendo estudadas, tais como o suplemento de vitaminas e a redução de minerais, cujo propósito
é a obtenção de dietas que permitam o melhor desempenho produtivo e bem-estar.
As vitaminas são nutrientes essenciais para o desenvolvimento animal, tendo em vista
que estão envolvidas em reações metabólicas ao nível celular e são críticas para a eficiência
do ciclo de Krebs, além de sua suplementação representar 1,0 a 3,0% dos custos das rações
(RUTZ, 2002).
Existem basicamente dois tipos de vitamina D, o ergocalciferol vegetal irradiado (D2)
e o colecalciferol animal (D3). Para suínos, as formas dietéticas de D2 e D3 são eficientemente
utilizadas, contudo, as aves aproveitam 10 vezes mais a D 3 (BERTECHINI, 2006). A
vitamina D a nível intestinal participa da síntese da proteína transportadora de cálcio, sendo
tal proteína também encontrada nos rins. Essa proteína atua na mobilização do cálcio do osso
para o fluido extracelular, ocorrendo a partir de uma ação conjunta da 1,25
dihidroxicolecalciferol (1,25-(OH)2D3) e do paratormônio; e na biossíntese de colágeno,
principal componente da matriz extracelular do tecido ósseo (RUTZ, 2002).
Nos últimos anos, a vitamina D3 e seus metabólitos (1,25-(OH)2D3 e 25(OH)2D3) têm
sido estudados na avicultura, com o propósito de investigar a interação entre nutrição e
anormalidades ósseas. Objetivou-se com este estudo avaliar o desempenho e o rendimento de
cortes nobres e de carcaça de frangos de corte fêmeas de 8 a 42 dias de idade alimentadas com
rações suplementadas com vitamina D3 ativa e níveis de cálcio e fósforo disponível reduzidos.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido no Setor de Avicultura do Instituto Federal de Educação,


Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso (IFMT) – Campus São Vicente (CSV),
município de Santo Antonio de Leverger-MT, no período de 25/01 a 01/03/2011.
Utilizou-se 612 frangas de corte da marca comercial Cobb®, em um delineamento em
blocos casualizados com seis tratamentos: 0, 100, 200, 300, 400 e 500 gramas de
PANBONIS®/tonelada de ração, correspondendo a 0,0; 1,0; 2,0; 3,0; 4,0 e 5,0 µg/kg de
vitamina D3 ativa, respectivamente, com seis repetições (boxes). As aves foram vacinadas no
59

incubatório de origem contra a doença de Marek e no período de um a sete dias de idade,


foram alimentadas com ração formulada para atender as exigências desta fase de criação. Aos
oito dias de idade, foram pesadas e distribuídas uniformemente 17 aves por boxe (peso
médio= 0,179g/ave).
As aves foram alojadas em galpão de alvenaria, subdividido em 36 boxes de 1,0 x 1,86
m (1,86 m2), com mureta lateral, telados, pé direito de 3,0 metros, cobertos com telhas de
barro. A estrutura possuía cortinas laterais em toda a sua extensão e dois ventiladores
suspensos e posicionados em mesma direção. Foi utilizado como material de cama, a casca
de arroz, com altura média de 10 cm. As aves foram submetidas a regime de 24 horas de luz
(natural + artificial) e as médias das temperaturas máxima e mínima registradas durante todo
o período experimental foram de 28 e 20 °C, respectivamente. A umidade relativa média
registrada durante o experimento foi de 87%.
As rações foram formuladas seguindo-se as recomendações de Rostagno et al. (2005),
a exceção de cálcio e fósforo disponível (redução de 20%), para as fases de 8 a 21, 22 a 35, 36
a 42 dias de idade (Tabela 1). O produto comercial suplementar utilizado como fonte de
vitamina D3 ativa (PANBONIS® contendo 10ppm de 1,25(OH)2D3/kg) foi incluso nas rações
em substituição ao material inerte (areia). As aves receberam ração e água à vontade, sendo
usados comedouros adultos tubulares semi-automáticos e bebedouros adultos do tipo
pendular.
Avaliou-se o ganho de peso, o consumo de ração e a conversão alimentar de 8 a 42
dias de idade. Após avaliação do desempenho, quatro aves de cada repetição foram pesadas e
encaminhadas ao frigorífico do IFMT/CSV, onde foram abatidas de acordo com os princípios
éticos de experimentação animal. Após a insensibilização, ocorreu o deslocamento cervical
das aves, sendo em seguida, depenadas, evisceradas, e resfriadas por um período de 12 horas.
Posteriormente, retirou-se os pés e as cabeças das carcaças, para pesagem das mesmas e
realização dos cortes nobres: peito e coxa+sobrecoxa.
Foram avaliados o peso absoluto (kg) e o rendimento (%) das carcaças evisceradas e
dos cortes nobres. Na determinação do rendimento, foi considerado o peso da carcaça limpa e
eviscerada, sem pés e cabeça em relação ao peso vivo em jejum. Para os cortes nobres, os
cálculos dos rendimentos foram feitos em relação ao peso da carcaça eviscerada.
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância em delineamento em blocos
casualizados e a variável resposta foi regredida em função dos níveis de suplementação da
vitamina D3, quando pertinente, considerando o nível de 5% de probabilidade. As análises
foram realizadas utilizando o software System Analysis Statistical (SAS, 1999).
60

O modelo estatístico adotado é descrito como yij = + bj + ni + ij, em que yij é o valor
da variável resposta observada na unidade experimental do j-ésimo bloco que recebeu o i-
ésimo nível de vitamina D3 ativa; é a média geral; bj é o efeito do bloco j; 1; 2; 3; 4; 5; 6; ni
é o efeito da suplementação da vitamina D3 ativa i; i = 0,0; 1,0; 2,0; 3,0; 4,0 e 5,0 µg/kg; ij é
o erro aleatório associado a cada observação ~N(0;2).

Tabela 1. Composição das rações experimentais

Ingrediente (%) Ração 1-7dias Ração 8-21dias Ração 22-35dias Ração 36-42 dias
Milho grão 55,67 59,24 61,96 65,10
Farelo de Soja 45,0% 37,80 34,80 31,28 27,75
Fosfato bicálcico 1,90 2,41 3,41 1,09
Óleo de soja 1,80 1,32 1,22 3,96
Calcário 0,86 0,68 0,65 0,62
L-lisina, 50,7% 0,55 0,35 0,34 0,40
Sal comum 0,46 0,44 0,42 0,40
DL-metionina, 99,0% 0,37 0,27 0,24 0,24
L-treonina, 98,5% 0,17 0,07 0,06 0,08
Mistura mineral1,2 0,101 0,101 0,102 0,102
Mistura vitamínica1,2 0,101 0,101 0,102 0,102
Cloreto de colina, 60% 0,10 0,10 0,10 0,10
Anticoccidiano3 0,05 0,05 0,05 -
Antibiótico4 0,01 0,01 0,01 -
Antioxidante5 0,01 0,01 0,01 0,01
Material inerte (areia) 0,05 0,05 0,05 0,05
Total (%) 100,00 100,00 100,00 100,00
Composição calculada
Ração 1-7dias 8-21dias 22-35dias 36-42 dias
Ácido linoléico (%) 2,30 2,68 3,25 1,79
Arginina digestível (%) 1,39 1,31 1,20 1,10
Cálcio (%) 0,94 0,71 0,66 0,62
Cloro (%) 0,30 0,29 0,28 0,27
Energia metabolizável (Mcal/kg) 2,96 3,05 3,15 3,20
Fenilalanina digestível (%) 0,99 0,94 0,88 0,82
Fenilalanina + tirosina digestível (%) 1,66 1,57 1,47 1,37
Fósforo disponível (%) 0,47 0,36 0,33 0,31
Glicina + serina total (%) 2,01 1,90 1,78 1,66
Histidina (%) 0,54 0,52 0,48 0,46
Isoleucina digestível (%) 0,87 0,82 0,76 0,70
Leucina digestível (%) 1,75 1,69 1,60 1,52
Lisina digestível (%) 1,36 1,18 1,09 1,04
Metionina + cistina digestível (%) 0,96 0,84 0,79 0,75
Potássio (%) 0,86 0,82 0,76 0,70
Proteína bruta (%) 22,50 21,14 19,73 18,44
Sódio (%) 0,22 0,21 0,20 0,19
Treonina digestível (%) 0,90 0,77 0,71 0,68
Triptofano digestível (%) 0,26 0,24 0,22 0,20
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24,80g; manganês - 33,30g; zinco - 25,68g; cobre - 4.280.00mg; selênio - 150mg; iodo - 500mg; 2Poliave Corte Engorda® (22 dias de idade
a uma semana antes do abate), níveis de garantia por quilo do produto: vitamina A - 4.230.000.00UI; vitamina D3 - 1.021.000.00UI;
vitamina E – 9.930.00UI; vitamina K3 - 720.00mg; vitamina B1 - 804.00mg; vitamina B2 – 1.800.00mg; vitamina B6 - 996.00mg; vitamina
B12 - 4.800.00mcg; niacina - 12g; ácido pantotênico - 4.700.00mg; ácido fólico - 302 mg; biotina - 30mg; ferro - 24,80g; manganês - 33,30g;
zinco - 25,68g; cobre - 4.280.00mg; selênio - 150mg; iodo - 500mg; 3Salinomicina; 4Virginiamicina; 5Butil hidroxi tolueno (BHT) -
1.000.00mg.
61

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Não houve efeito dos níveis de vitamina D3 ativa (p>0,05) adicionados à ração das
aves para as variáveis: peso médio final e ganho de peso no período de 8 a 42 de dias de idade
(Tabela 2).

Tabela 2. Desempenho de frangas de corte de 8 a 42 dias de idade


µg de vitamina D3 ativa/kg de ração CV
Variável 1 Média p-value
0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 (%)
Consumo de ração (kg) 4,39 4,38 4,36 4,35 4,35 4,33 4,36 <0,05 1,082
Peso médio final/ave (kg) 2,64 2,66 2,65 2,64 2,67 2,65 2,65 >0,05 1,072
Ganho de peso (kg) 2,46 2,48 2,47 2,47 2,49 2,47 2,47 >0,05 1,150
Conversão alimentar 1,78 1,77 1,76 1,76 1,75 1,75 1,76 <0,05 1,454
1
Tratamento testemunha; CV= Coeficiente de variação.

Resultados semelhantes aos encontrados neste estudo foram relatados por BRITO et
al. (2010) onde constataram que a suplementação de vitamina D (20,0; 37,5; 87,5; e 137,5
µg/kg de ração) provenientes de duas fontes (D3 e 25-OHD3), também não influenciou o peso
médio final e o ganho médio de peso de frangos de corte machos de 1 a 45 dias de idade.
Verificou-se que o consumo de ração decresceu linearmente (p<0,05) à medida que se
aumentou o nível de vitamina D3 ativa na ração (Figura 1). Comportamento similar foi
observado com a conversão alimentar, diminuindo com o aumento do nível da vitamina
(Figura 2).

4,4
4,39
y = -0,0001x + 4,3933
Consumo de Ração (kg)

4,38 r² = 0,96
4,37
4,36
4,35
4,34
4,33
4,32
4,31
0 100 200 300 400 500

Níveis de vitamina D3 ativa (g ton-1 )

Figura 1. Consumo médio de ração de frangas de corte de 8 a 42 dias de idade submetidas a rações
suplementadas com vitamina D3 ativa e cálcio e fósforo disponível reduzidos
62

1,785

1,78 y = 1,77888 - 0,00062438x


1,775 r² = 0,81
Conversão alimentar
1,77

1,765

1,76

1,755

1,75

1,745

1,74
0 100 200 300 400 500
Níveis de vitamina D3 ativa (g ton-1 )

Figura 2. Conversão alimentar de frangas de corte de 8 a 42 dias de idade submetidas a rações suplementadas
com vitamina D3 ativa e cálcio e fósforo disponível reduzidos

A inclusão de vitamina D3 ativa nas rações para os frangos de corte fêmeas


proporcionou uma melhora no desempenho destas aves até o nível máximo estudado (5,0
µg/kg de vitamina D3).
KHAN et al. (2010) observaram que aos 42 dias de idade, frangos de corte
alimentados com dietas suplementadas com 3.500 UI/kg (87,5 µg/kg) de vitamina D3 inativa
tiveram ganho de peso significativamente maior (p<0,05) que aqueles que receberam 200,
1500 e 2500 UI/kg da vitamina. Os autores ressaltaram que ao trabalhar com redução dos
níveis de cálcio e fósforo o requerimento nutricional das aves aumentam consideravelmente.
ROSTAGNO et al. (2011) recomendaram níveis de suplementação de 2090, 1900 e 1425
UI/kg de vitamina D3 para frangos de corte, respectivamente para as fases de 8 a 21; 22 a 33 e
34 a 42 dias de idade, enquanto que as tabelas espanholas indicaram valores de 3500, 2800 e
2000 UI desta vitamina, respectivamente para as fases de 0 a 18; 18 a 35 e acima de 35 dias
de idade (LÁZARO et al., 2008).
FÉLIX et al. (2009) mencionaram que os níveis de vitaminas sugeridos por órgãos de
pesquisa, tais como National Research Council (NRC), Agriculture and Food Research
Council (AFRC), Institut National de Recherche Agronomique (INRA) e “Tabelas Brasileiras
para Aves e Suínos” são bases importantes para a estimativa dos valores a serem empregados
nas diferentes fases de produção. Contudo, tais órgãos apresentam apenas as exigências
mínimas, as quais geralmente não são suficientes em condições de campo, havendo pouca
correlação com os níveis empregados comercialmente.
63

RAO et al. (2006) verificaram aumento no ganho de peso e melhor conversão


alimentar na fase de 1 a 21 dias em frangos de corte alimentados com rações com 60 µg/kg
(2400 UI/kg) de vitamina D3. GOFF (2006) relatou que a fase inicial é mais susceptível a
alterações mediante a suplementação de vitamina D, pois é o período em que ocorre alta taxa
de crescimento do tecido esquelético, além da imaturidade do trato digestório (digestão,
absorção de lipídios e compostos lipossolúveis). Além disso, respostas mais sensíveis no
desempenho são observadas em condições de redução dos níveis de cálcio e fósforo (RAO et
al., 2006), podendo haver recuperação do desempenho através da otimização nos processos de
absorção e metabolismo desses elementos (NAHM, 2007).
Embora, não tenha sido constatada diferença no ganho de peso das aves, houve uma
melhora na conversão alimentar com o incremento da vitamina. Desta forma, a suplementação
com a vitamina D3 ativa pode ser uma estratégia alimentar a ser adotada na exploração
avícola. CHENG et al. (2004) afirmaram que a adição de 1,25(OH) 2D3 ou extratos da planta
Solanum Glaucophilum pode melhorar a eficiência de absorção e utilização do cálcio e do
fósforo, além de permitir a formulação de dietas com baixos níveis de fósforo, minimizando a
excreção desse elemento pelas aves.
O fornecimento suplementar de colecalciferol indica que há melhora na utilização do
cálcio e fósforo disponível, possibilitando o uso de níveis subótimos destes elementos nas
rações. Com a redução do uso de fósforo nos programas alimentares, conseqüentemente, tem-
se uma menor excreção deste elemento, permitindo assim mitigar os impactos ambientais e
aumentar a viabilidade da produção avícola por reduzir os custos de produção.
O fornecimento suplementar de vitamina D3 ativa nas rações não influenciou (p>0,05)
os rendimentos de carcaça e de cortes nobres (peito e coxa+sobrecoxa) das frangas de corte
aos 42 dias de idade (Tabela 3).

Tabela 3. Rendimento de cortes nobres e de carcaça de frangas de corte aos 42 dias


de idade
µg de vitamina D3 ativa/kg de ração CV
Variável Média p-value
01 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 (%)
Carcaça
Peso absoluto (kg) 1,81 1,80 1,77 1,79 1,77 1,71 1,77 >0,05 -
Peso relativo (%) 69,69 69,91 69,94 69,43 70,84 69,33 69,70 >0,05 2,69
Peito
Peso absoluto (kg) 0,71 0,70 0,69 0,68 0,69 0,67 0,69 >0,05 -
Peso relativo (%) 39,02 38,90 38,76 38,14 38,80 39,10 38,78 >0,05 2,86
Coxa+Sobrecoxa
Peso absoluto (kg) 0,52 0,50 0,51 0,52 0,50 0,47* 0,51 -
Peso relativo (%) 28,94 28,02 28,34 28,90 28,26 27,66 28,39 >0,05 2,90
1
Tratamento testemunha; *média difere estatisticamente do tratamento testemunha pelo teste Dunnett ao nível de 5%
de probabilidade. CV= Coeficiente de variação.
64

Resultados semelhantes aos obtidos foram descritos por Brito et al. (2010) que ao
avaliar a 25-hidroxi-colecalciferol para frangos de corte aos 45 dias de idade, não verificaram
diferença significativa para rendimento de carcaça e de cortes (peito e coxa+sobrecoxa).
Entretanto, Khan et al. (2010) estudaram quatro níveis de suplementação (200, 1500, 2500 e
3500 UI/kg) de vitamina D3 e verificaram que o rendimento de peito e de carcaça foi maior na
dose máxima ofertada (3500 UI/kg ou 87,5 µg/kg de vit. D3).
O suplemento da vitamina D3 ativa não influenciou as características de rendimento de
carcaça e cortes nobres, contudo, pode ser que tenha ocorrido uma melhora na mineralização
óssea dos animais, sendo necessária a comprovação por meio de análises bioquímicas e físicas
dos ossos das aves. RUTZ (2002) evidenciou que estudos comparando vários metabólitos de
vitamina D3 quanto à sua capacidade de deposição de cinzas na tíbia indicaram que a 1,25
dihidroxicolecalciferol é o mais potente, superioridade traduzida em 7,5 vezes a do
colecalciferol, enquanto a 25-(OH)D3 é apenas duas vezes mais potente que o colecalciferol.
MITCHELL e EDWARDS (1996) também constataram que a suplementação isolada
de 1,25(OH)2D3 nas rações de frangos de corte com três a cinco semanas de idade, diminuiu a
incidência de discondroplasia tibial e aumentou o teor de cinzas nos ossos.
Na avicultura industrial, as condenações de carcaças e diminuições de rendimentos de
cortes nobres decorrem principalmente pelas fraturas ocorridas durante as operações de
apanha, transporte e abate. Tais fraturas afetam a operação dos equipamentos de evisceração
automática e desossa, influenciando a velocidade na linha de processamento, e ocasionando
perdas econômicas.
A suplementação da vitamina D3 ativa nas rações de frangos de corte fêmeas, em
níveis superiores aos estudados pode permitir a obtenção de uma melhor relação entre
crescimento e fortalecimento do tecido ósseo, diminuindo os problemas locomotores e
melhorando o rendimento de carcaça e de cortes comerciais.

CONCLUSÃO

Recomenda-se para frangos de corte fêmeas de 8 a 42 dias de idade a suplementação


de até 5,0 µg/kg de vitamina D3 ativa nas rações. O rendimento de carcaça e de cortes nobres
65

de frangas de corte aos 42 dias de idade não foram influenciados pelo suplemento de
1,25(OH)2D3 e níveis de cálcio e fósforo reduzidos.

AGRADECIMENTOS

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela


concessão do financiamento do projeto de pesquisa. Ao Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso (IFMT) – Campus São Vicente pela infra-
estrutura fornecida. A Evonik Brasil pela doação dos aminoácidos e a Technofeed Ltda. pela
disponibilização do produto comercial utilizado no experimento.

REFERÊNCIAS

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BRITO, J. A. G.; BETERCHINI, A. G., FASSANI, E. J., RODRIGUES, P. B., LIMA, E. M.


C., MENEGHETTI, C. Efeito da vitamina D3 e 25-hidroxi-colecalciferol sobre o
desempenho, o rendimento de carcaça e a morfologia intestinal de frangos de corte. Revista
Brasileira de Zootecnia, v.39, p. 2656-2663, 2010.

CHENG, Y.H.; GOFF, J. P.; SELL, J. L. et al. Utilizing Solanum glaucophyllum alone or
phytase to improve phophorus utilization in broilers. Poultry Science, v. 83, p.406-413, 2004.

FÉLIX, A.P.; MAIORKA, A.; SORBARA, J. O. Níveis vitamínicos para frangos de corte.
Ciência Rural, Santa Maria-RS, v.39, n.2, p.619-626, 2009.

GOFF, J.P. Distúrbios do metabolismo dos carboidratos e da gordura. In: DUKES. Fisiologia
dos animais domésticos. 12.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. 926p.

GONZALES, E.; MENDONÇA JÚNIOR, C.X. Problemas locomotores em frangos de corte.


In: VII Simpósio Brasil Sul de Avicultura, 2006, Chapecó. Anais... Chapecó-SC: Núcleo de
Médicos Veterinários, p.79-94, 2006.
66

KHAN, S.H.; SHAHID, R.; MIAN, A.A. et al. Effect of the level of cholecalciferol
supplementation of broiler dietas on the performance and tibial dyscondroplasia. Journal of
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LÁZARO, R.; MATEO, G.G.; BARROETA, A. et al. Necessidades nutricionales para


avicultura: pollos de carne y aves de puesta - Normas FEDNA. Madrid: Fundación Española
para El Desarollo de la Nutrición Animal (FEDNA), 2008. 79p.

MITCHELL, R.D.; EDWARDS JR, H.M. Additive effects of 1,25 dihydroxycholecalciferol


and phytase on phytate phosphorus utilization and related parameters in broiler chickens.
Poultry Science, v.75, p.111-119, 1996.

NAHM, K.H. Efficient phosphorus utilization in poultry feeding to lessen the environmental
impact of excreta. World’s Poultry Science Journal, v.63, n.4, p.625-654, 2007.

RAO, S.R.V.; RAJU, M. V. L. N.; PANDA, A. K. Effect of high concentrations of


cholecalciferol on growth, bone mineralization and mineral retention in broiler chicks fed
suboptimal concentrations of calcium and nonphytate phosphorus. Journal of Applied
Poultry Research, v. 15, p.493-501, 2006.

ROSTAGNO, H.S.; ALBINO, L.F.T.; DONZELE, J.L. et al. Tabelas brasileiras para
suínos e aves: composição de alimentos e exigências nutricionais. 2.ed. Viçosa-MG: Editora
UFV, 2005. 186p.

ROSTAGNO, H.S.; ALBINO, L.F.T.; DONZELE, J.L. et al. Tabelas brasileiras para aves e
suínos: composição de alimentos e exigências nutricionais. 3.ed. Viçosa-MG: UFV/DZO,
2011. 252p

RUTZ, F. Absorção de vitaminas. In: MACARI, M.; FURLAN, R.L.; GONZALES, E.


Fisiologia aviária: aplicada a frangos de corte. Jaboticabal: FUNEP/UNESP, 2002. p.149-
165.

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1999.

UNIÃO BRASILEIRA DE AVICULTURA – UBABEF. Relatório anual 2010/2011. São


Paulo: UBABEF, 2011. 72p.
67

Capítulo IV
Desempenho e composição óssea de frangos de corte alimentados
com suplemento de 1,25 dihidroxicolecalciferol e redução de cálcio
e fósforo disponível
68

Desempenho e composição óssea de frangos de corte alimentados com suplemento de


1,25 dihidroxicolecalciferol e redução de cálcio e fósforo disponível

Resumo: Objetivou-se avaliar o desempenho zootécnico, a resistência à quebra e a


composição orgânica e mineral dos ossos de frangos de corte alimentados com suplemento de
1,25 dihidroxicolecalciferol e redução de cálcio e fósforo disponível. Foi utilizado um
delineamento em blocos casualizados, com seis tratamentos (0,0; 1,0; 2,0; 3,0; 4,0 e 5,0 µg de
vitamina D3 ativa/kg de ração), e seis repetições com 17 aves cada. Aos 21 e 35 dias de idade
as aves foram pesadas para avaliação do desempenho. Posteriormente, uma unidade
experimental/repetição foi abatida para retirada dos ossos e mensuração das variáveis ósseas.
Avaliou-se a composição orgânica, química e a resistência óssea dos tibiotarsos de frangos de
corte aos 21 e 35 dias de idade. Foram determinados os percentuais ósseos de proteínas
colagenosas (PC) e não colagenosas (PNC) e de minerais (cálcio, fósforo, sódio, potássio e
magnésio). Verificou-se que o fornecimento suplementar associado à redução de 20,0% nas
exigências nutricionais de cálcio e fósforo disponível para frangos de 1 a 35 dias de idade não
exerceu influência no desempenho zootécnico e na resistência a quebra. Recomenda-se
2,47µg/kg de vitamina D3 ativa/kg de ração, uma vez que proporcionou uma melhor
deposição de PC e menor quantidade PNC, indicando melhor qualidade óssea.

Palavras-chave: avicultura, qualidade óssea, vitamina D3, resistência à quebra

Performance and bone composition of broilers fed a supplement of 1.25


dihydroxycholecalciferol and reduced calcium ad available phosphorus

Resumo: The objective was to assess the performance, the broken resistance and the organic
and mineral composition of the broiler bones fed with active vitamin D3 supplemented feed
and reduced levels of calcium and phosphorus available. It was used a randomized block
design, with six treatments (0.0; 1.0; 2.0; 3.0; 4.0 and 5.0 µg of vitamin D 3/kg of feed), and
six repetitions, with 17 birds each. At 21 and 35 days of age the birds were weigh in order to
assess the performance traits. Lately, At 42 days one broiler/repetition was taken and
69

slaughtered for removing the bones and measure its characteristics. It was evaluated the
organic and chemistry composition and the broken resistance of broilers tibiotarsus at 21 and
35 days of age. It was determined the bone percentages of collagenous proteins (CP), non
collagenous (NCP) proteins the minerals (calcium, phosphorus, sodium, potassium and
magnesium). It was verified the supplementary active D3 vitamin and 20.0% of reduction on
calcium and available phosphorous broilers (males and females) from 1 to 35 days of age did
not influence animal performance and broken resistance of the birds. It is recommended 2.47
µg/kg of active D3 vitamin in the feed, once it was responsible for a better CP deposition and
the low amount of NCP, suggesting better bone quality.

Keywords: bony quality, poultry, vitamin D3

Introdução

Os ossos constituem aproximadamente 20,0% do peso corporal, formando a estrutura


do esqueleto. Funcionalmente, estão associados ao suporte de tecidos moles, proteção
anatômica do sistema nervoso central e caixa torácica, armazenamento de íons e ainda
associados aos músculos estriados participando da coordenação de movimentos voluntários e
ampliação da força muscular (SÁ et al., 2004; MOTA et al., 2008).
O osso é constituído de aproximadamente 22,0% de matriz orgânica, 9,0% de água e
69,0% de materiais inorgânicos. A parte inorgânica do osso representa cerca de 50,0% do
peso da matriz óssea. O cálcio e o fósforo formam cristais que apresentam a estrutura da
hidroxiapatita (Ca10(PO4)6(OH)2 (MACARI et al., 1994).
O principal constituinte (80,0 a 90,0%) da matriz orgânica é o colágeno, fibra protéica
de tripla hélice, que contribui para a força tensional do osso, fornecendo suporte e orientação
para a matriz mineral. Dentre as proteínas ósseas totais, 1,0% correspondem às não
colagenosas (PNC) que contribuem para estabilização da matriz, calcificação, regulação da
mineralização em torno das fibras de colágeno, e a modulação da divisão, migração,
diferenciação e maturação celular (RATH et al., 2000; YOUNG, 2003; BARBOSA, 2005;
LOPES, 2009).
70

O fósforo e o cálcio são considerados de importância para as aves, não apenas para a
ótima taxa de crescimento, mas também para a mineralização dos ossos (Laurentiz et al.,
2009). Dentre os principais métodos para avaliar o grau de mineralização óssea, encontram-se
as análises do teor de minerais e resistência a quebra (Oliveira et al., 2008). O tibiotarso é
comumente utilizado nas avaliações ósseas, pois está numa posição estratégica no que se
refere à sustentação do corpo da ave (SCHALY et al., 2009).
A força óssea tem sido primariamente associada com a formação e manutenção
adequadas da matriz orgânica óssea, ligações de colágeno e deposição e reabsorção óssea; no
entanto, o conteúdo mineral também se faz de relevância, além da correta formação da matriz
no inicio da vida (Oviedo-Rondón & Wineland, 2011). Existe uma interação entre parte
orgânica e mineral, onde o colágeno fornece suporte orientador para a matriz mineral e
contribui para a resistência óssea (RATH et al., 2000; VELLEMAN, 2000; MÜLLER, 2010).
O fósforo além de ser o terceiro constituinte mais oneroso nas rações para
monogástricos, atrás da proteína e energia, tem sido considerado um dos grandes geradores de
resíduos poluidores. Na atualidade, existem fortes pressões para reduzir os níveis de P nas
dietas dos animais, a fim de reduzir a excreção deste elemento, diminuir os custos e minimizar
os impactos ambientais. Assim à redução de P nas rações tem sido investigada, entretanto o
equilíbrio entre Ca:P (2:1) deve ser sempre levado em consideração (FLEMING, 2008;
BÜNZEN et al., 2008).
Objetivou-se com este estudo avaliar o desempenho zootécnico, a resistência à quebra
e a composição orgânica e mineral dos ossos de frangos de corte alimentados com suplemento
de 1,25 dihidroxicolecalciferol e redução de cálcio e fósforo disponível.

Material e Métodos

O experimento foi conduzido no Setor de Avicultura do Instituto Federal de Educação,


Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso (IFMT) – Campus São Vicente (CSV),
município de Santo Antonio de Leverger-MT, no período de 08/02 a 22/02/2011.
Utilizou-se 612 frangos de corte machos da marca comercial Cobb®, em um
delineamento em blocos casualizados com seis tratamentos: 0, 100, 200, 300, 400 e 500
gramas de PANBONIS®/tonelada de ração, correspondendo a 0,0; 1,0; 2,0; 3,0; 4,0 e 5,0
µg/kg de vitamina D3 ativa, respectivamente, com seis repetições (boxes). As aves foram
71

vacinadas no incubatório de origem contra a doença de Marek e no período de um a sete dias


de idade, foram alimentadas com ração formulada para atender as exigências desta fase de
criação. Aos oito dias de idade, foram pesadas e distribuídas uniformemente 17 aves por boxe.
As aves foram alojadas em galpão de alvenaria, subdividido em 36 boxes de 1,0 x 1,86
m (1,86 m2), com mureta lateral, telados, pé direito de 3,0 metros, cobertos com telhas de
barro. A estrutura possuía cortinas laterais em toda a sua extensão e dois ventiladores
suspensos e posicionados em mesma direção. Foi utilizado como material de cama, a casca
de arroz, numa altura média de 10 cm. As aves foram submetidas a regime de 24 horas de
luz (natural + artificial) e as médias das temperaturas máxima e mínima registradas durante
todo o período experimental foram de 28 e 20 °C, respectivamente. A umidade relativa média
foi de 87,0%.
As rações foram formuladas seguindo-se as recomendações de Rostagno et al. (2005),
a exceção de cálcio e fósforo disponível (redução de 20,0%), para as fases de 8 a 21, 22 a 35
dias de idade (Tabela 1). O produto comercial utilizado como fonte da vitamina D 3 ativa
(PANBONIS® contendo 10ppm de 1,25(OH)2D3/kg) foi incluso nas rações em substituição ao
material inerte (areia). As aves receberam ração e água à vontade, sendo usados comedouros
adultos tubulares semi-automáticos e bebedouros adultos do tipo pendular.
A ração foi pesada e armazenada em baldes com tampa para posterior distribuição nos
comedouros; e no final de cada fase de criação, realizou-se a pesagem da sobra de ração, para
obtenção do consumo de ração, calculado mediante a diferença entre ração fornecida e a
sobras e posterior divisão pelo número de animais presentes no boxe. Aos 21 e 35 dias de
idade, todas as aves foram pesadas para avaliação do ganho de peso e conversão alimentar.
Aos 21 e 35 dias de idade, uma ave/boxe (unidade experimental) foi pesada e
sacrificada por deslocamento cervical e tiveram os tibiotarsos removidos. Em seguida, os
ossos foram limpos de todo tecido aderente, identificados e congelados (-20°C).
As análises laboratoriais da composição orgânica e mineral dos ossos foram realizadas
no Laboratório de Bioquímica Animal (LBA) do Departamento de Bioquímica e Biologia
Molecular da Universidade Federal de Viçosa (UFV).
72

Tabela 1. Composição das rações experimentais


Ingrediente (%) Ração 8-21dias Ração 22-35dias
Milho grão 59,24 61,96
Farelo de Soja 45,0% 34,80 31,28
Fosfato bicálcico 2,41 3,41
Óleo de soja 1,32 1,22
Calcário 0,68 0,65
L-lisina, 50,7% 0,35 0,34
Sal comum 0,44 0,42
DL-metionina, 99,0% 0,27 0,24
L-treonina, 98,5% 0,07 0,06
Mistura mineral1,2 0,101 0,102
Mistura vitamínica1,2 0,101 0,102
Cloreto de colina, 60% 0,10 0,10
Anticoccidiano3 0,05 0,05
Antibiótico4 0,01 0,01
Antioxidante5 0,01 0,01
Material inerte (areia) 0,05 0,05
Total (%) 100,00 100,00
Ração 8-21dias 22-35dias
Ácido linoléico (%) 2,68 3,25
Arginina digestível (%) 1,31 1,20
Cálcio (%) 0,71 0,66
Cloro (%) 0,29 0,28
Energia metabolizável (Mcal/kg) 3,05 3,15
Fenilalanina digestível (%) 0,94 0,88
Fenilalanina + tirosina digestível (%) 1,57 1,47
Fósforo disponível (%) 0,36 0,33
Glicina + serina total (%) 1,90 1,78
Histidina (%) 0,52 0,48
Isoleucina digestível (%) 0,82 0,76
Leucina digestível (%) 1,69 1,60
Lisina digestível (%) 1,18 1,09
Metionina + cistina digestível (%) 0,84 0,79
Potássio (%) 0,82 0,76
Proteína bruta (%) 21,14 19,73
Sódio (%) 0,21 0,20
Treonina digestível (%) 0,77 0,71
Triptofano digestível (%) 0,24 0,22
1
Poliave Corte Inicial CQT® (1 a 21 dias de idade), níveis de garantia por quilo do produto: vitamina A - 5.546.000.00 UI; vitamina D3 -
1.339.000.00 UI; vitamina E - 12.430.00 UI; vitamina K3 - 944.00 UI; vitamina B1 - 1.005,00 mg; vitamina B2 - 2.250,00 mg; vitamina B6 -
1.245,00 mg; vitamina B12 - 6.000,00 mcg; niacina - 15,00 g; ácido pantotênico - 5.890.00 mg; ácido fólico – 495 mg; biotina – 50 mg;
Ferro - 24,80 g; manganês - 33,30 g; zinco - 25,68 g; cobre - 4.280.00 mg; selênio – 150 mg; iodo – 500 mg; 2Poliave Corte Engorda® (22
dias de idade a uma semana antes do abate), níveis de garantia por quilo do produto: vitamina A - 4.230.000.00 UI; vitamina D3 -
1.021.000.00 UI; vitamina E – 9.930.00 UI; vitamina K3 - 720.00 mg; vitamina B1 - 804.00 mg; vitamina B2 – 1.800.00 mg; vitamina B6 -
996.00 mg; vitamina B12 - 4.800.00 mcg; niacina - 12g; ácido pantotênico - 4.700.00 mg; ácido fólico - 302 mg; biotina – 30 mg; ferro -
24,80 g; manganês - 33,30 g; zinco - 25,68 g; cobre - 4.280.00 mg; selênio – 150 mg; iodo – 500 mg; 3Salinomicina; 4 Virginiamicina; 5Butil
hidroxi tolueno (BHT) - 1.000.00 mg.
73

Os tibiotarsos direitos foram utilizados para determinação da resistência óssea e dos


teores de proteínas colagenosas e não-colagenosas. Eles foram descongelados até a
temperatura ambiente e, posteriormente submetidos a um ensaio de flexão, com o uso de uma
máquina universal de ensaios mecânicos INSTRON, modelo 4204. Todos os ossos foram
testados na mesma posição, com as suas extremidades apoiadas em dois suportes
apropriadamente afastados de acordo com o comprimento, sendo a carga aplicada no centro
(região da diáfise do osso) a uma velocidade constante de 10mm/min, conforme especificado
pela Sociedade Americana de Engenharia Agrícola (ASAE, 1992). O momento da ruptura do
osso foi registrado em quilograma força (kgf).
Logo após a determinação da resistência óssea, os tibiotarsos foram cortados
longitudinalmente, sendo removida a medula óssea com jatos de água destilada. A seguir,
foram desengordurados com éter de petróleo, em aparelho Soxhlet, por 12 horas, para
determinação das concentrações das proteínas não-colagenosas (PNC), conforme proposto por
Hauschka & Gallop (1977) e de proteínas colagenosas (PC).
Os tibiotarsos foram desmineralizados com solução de sal dissódico de ácido
etilenodiamino tetra-acético (EDTA) para a extração de PNC. O fim da extração foi
confirmado com ácido oxálico, que permitiu identificar a desmineralização completa. As PNC
foram quantificadas pelo método de Bradford (1976), utilizando albumina sérica bovina como
padrão.
Depois de desengordurados e desmineralizados, os ossos foram lavados exaustivamente
com água destilada e deionizada para extração do EDTA e então usados para determinação de
PC, utilizando o método de Kjedalhl para estimar o nitrogênio total (NT). O teor de PC foi
obtido, multiplicando-se o NT pelo fator 6,25 (Silva & Queiroz, 2002). As percentagens de
PC e PNC foram calculadas em relação ao peso do osso seco desengordurado.
Para a determinação das concentrações dos minerais, os tibiotarsos esquerdos foram
descongelados e submetidos à estufa 105 °C por seis horas e em seguida, desengordurados
com éter de petróleo, em aparelho Soxhlet por quatro horas, sendo então obtidos os pesos
secos desengordurados dos ossos. Posteriormente, foram calcinados em mufla a 600 °C, por
um período de seis horas para a mensuração dos teores de cinzas e posterior preparo de
solução mineral, seguindo-se a metodologia de Silva & Queiroz (2002).
Para determinação dos teores de sódio, potássio, cálcio e magnésio nas cinzas por
espectrometria de absorção atômica, e o fósforo por colorimetria; sendo 10 mL de ácido
clorídrico (6 M) foram adicionados às cinzas, após terem sido esfriadas, com a finalidade de
descomplexar os cristais de hidroxiapatita, liberando os minerais. As amostras, que por sua
74

vez, estavam contidas em cadinhos de porcelana, foram colocadas sobre uma placa de
aquecimento e a solução foi evaporada em capela de exaustão, até secar completamente. O
precipitado foi então dissolvido através da adição de água destilada e deionizada sendo então
a solução filtrada em papel filtro em uma proveta e o volume completado para 50 mL. Os
valores dos minerais foram expressos em termos de porcentagem de cinzas em relação ao
peso do osso seco e desengordurado (Thorp & Waddigton, 1997), e a relação cálcio: fósforo
(Ca:P), obtida dividindo-se a porcentagem de cálcio pela de fósforo nas cinzas.
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância em delineamento em blocos
casualizados e a variável resposta foi regredida em função dos níveis de suplementação da
vitamina D3 ativa, quando pertinente, considerando o nível de 5% de probabilidade. As
análises foram realizadas utilizando o software System Analysis Statistical (SAS, 1999).
O modelo estatístico adotado é descrito como yij = bj + α + βXi + eij, em que yij é o
valor da variável resposta observada na unidade experimental do j-ésimo bloco que recebeu o
i-ésimo nível de vitamina D3 ativa; bj é o efeito do bloco j; 1; 2; 3; 4; 5; 6; α= é o intercepto da
variável resposta em relação aos níveis de vitamina D3 ativa; β = é o coeficiente da regressão
da variável resposta em função dos níveis da vitamina D 3 ativa; Xi é o efeito da
suplementação da vitamina D3 ativa i; i = 0,0; 1,0; 2,0; 3,0; 4,0 e 5,0 µg/kg; eij é o erro
aleatório associado a cada observação ~N(0;s2).

Resultados e Discussão

Os dados de desempenho dos frangos de corte de 8 a 21 dias de idade estão


apresentados na Tabela 2. Não houve efeito significativo (p>0,05) dos níveis de vitamina D3
ativa sobre os valores de consumo de ração (CR), ganho de peso (GP) e de conversão
alimentar (CA) dos frangos de corte.
75

Tabela 2. Desempenho dos frangos de corte machos de 8 a 21 dias de idade


µg de vitamina D3 ativa/kg de ração CV1
Variável Média Efeito
0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 (%)
2
PMI (kg) 0,1877 0,1878 0,1878 0,1877 0,1877 0,1880 0,188 NS 0,13
CR3(kg) 1,139 1,148 1,180 1,150 1,131 1,145 1,148 NS 1,53
PMF4(kg) 0,980 0,978 0,972 0,979 0,971 1,002 0,980 NS 2,35
GP5(kg) 0,792 0,790 0,784 0,792 0,783 0,814 0,792 NS 2,91
CA6 1,440 1,455 1,468 1,429 1,465 1,425 1,447 NS 2,88
1
CV = Coeficiente de variação; 2PMI = Peso médio inicial (8dias); 3CR = Consumo de ração; 4PMF = Peso médio final
(21dias); 5GP = Ganho de peso; 6CA = Conversão alimentar.

Aos 35 dias de idade, também não foi verificado efeito significativo, para as variáveis
zootécnicas de desempenho como conseqüência do fornecimento suplementar dos diferentes
níveis de 1,25 dihidroxicolecalciferol (Tabela 3). De modo semelhante, Roberson & Edwards
(1996) não encontraram diferenças significativas para o ganho de peso e a conversão
alimentar ao suplementar frangos de corte de três a cinco semanas de idade com 0, 3,0, 6,0, e
9,0 µg/kg de vitamina D3 ativa.

Tabela 3. Desempenho de frangos de corte machos de 8 a 35 dias de idade


µg de vitamina D3 ativa/kg de ração CV1
Variável Média Efeito
0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 (%)
2
PMI (kg) 0,1877 0,1878 0,1878 0,1877 0,1877 0,1880 0,188 NS 0,13
CR3(kg) 3,418 3,421 3,418 3,407 3,419 3,444 3,421 NS 0,79
PMF4(kg) 2,360 2,370 2,368 2,371 2,377 2,375 2,370 NS 0,68
GP5(kg) 2,173 2,182 2,180 2,183 2,189 2,187 2,182 NS 0,75
CA6 1,573 1,568 1,568 1,561 1,562 1,575 1,567 NS 0,87
1
CV = Coeficiente de variação; 2PMI = Peso médio inicial (8dias); 3CR = Consumo de ração; 4PMF = Peso médio final
(35dias); 5GP = Ganho de peso; 6CA = Conversão alimentar.

Brito et al. (2010) avaliaram a suplementação de vitamina D (20,0; 37,5; 87,5; e 137,5
µg/kg de ração) e duas fontes (D3 e 25-OHD3) isoladas ou associadas para frangos de corte e
verificaram não haver interação entre as fontes da vitamina D no desempenho das aves de 1 a
21 e de 1 a 38 dias. Diferentemente do verificado neste estudo, os autores constataram que os
níveis de suplementação da vitamina D isolados apresentaram influência positiva no ganho de
peso e na conversão alimentar à medida que se elevaram os níveis da vitamina nas rações na
fase inicial. No período de 22 a 38 dias, os autores reduziram 20% da suplementação
vitamínica e verificaram que os efeitos do fornecimento suplementar não foram cumulativos,
ou seja, níveis elevados de vitamina D isolados não foram eficientes na melhoria do
desempenho das aves de 1 a 38 dias de idade.
76

Nalon (2011) ao investigar o fornecimento suplementar da vitamina D 3 ativa (0, 0,5;


1,0; 1,5; 2,0 2,5 µg de 1,25(OH)2D3/kg de ração) para frangos de corte (linhagem comercial
Cobb®) com os requerimentos de cálcio e fósforo atendidos, verificou que o desempenho
zootécnico de 1 a 21 e de 1 a 35 dias de idade não foi influenciado pela suplementação. No
presente estudo, os níveis suplementares da vitamina D3 ativa foram maiores, entretanto Ca e
o P disponível reduzidos em 20,0% da exigência de cada fase, e não houve prejuízo no
desempenho dos animais, mostrando ser viável o fornecimento suplementar vitamina D3 ativa
associado à redução de Ca e P disponível.
A Tabela 4 apresenta os valores de proteínas colagenosas e não colagenosas nos
tibiotarsos de frangos de corte aos 21 e 35 dias de idade. Não houve efeito significativo
(p>0,05) dos níveis de vitamina D3 ativa adicionados à ração das aves para a concentração de
proteínas colagenosas (PC) aos 21 de dias de idade. Silva et al. (2001) também não
observaram efeito nos níveis de PC em fêmures de pintos de corte aos 14 dias de idade que
receberam dieta purificada suplementada com L-glutâmico (5,0, 10,0, e 15,0%) e vitamina D3
(0, 5.000, 10.000 e 15.000 UI/kg de dieta).

Tabela 4. Proteínas colagenosas (PC) e não-colagenosas (PNC) de tibiotarsos de frangos de


corte machos de 21 e 35 dias de idade
µg de vitamina D3 ativa/kg de ração
Variável Idade Média Efeito CV
0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0
PC (%) 21d 36,32 36,10 36,36 35,86 36,69 36,73 36,34 NS 5,79
35d 38,58 39,78 41,28 40,08 40,90 37,95 Q* 1,63
2 2
Equação: Y=38,4354+2,0679x-0,4193x R =0,86

PNC (%) 21d 0,73 0,66 0,61 0,76 0,76 0,77 Q* 2,28
Y=0,7056-0,0334x-0,0103x2 R2=0,45

35d 0,38 0,36 0,39 0,46 0,32 0,35 Q* 6,67


Equação: Y=0,3635+0,0329x-0,0076x R2=0,82
2

NS= não significativo; Q*= efeito quadrático (p<0,05).

Para PC nos ossos de frangos de corte aos 35 dias de idade, foi constatado efeito
quadrático (p<0,05), de modo que o fornecimento suplementar de 2,46 µg/kg de vitamina D3
ativa proporcionou uma melhor deposição de PC (40,98%).
As propriedades ósseas são produzidas pela interação entre seus três constituintes
principais: água, minerais e colágeno. A relação da quantidade entre estes elementos
interferem em muitas propriedades biomecânicas (Rath et al., 2000). Porém, o colágeno
77

quando em proporções adequadas permite que os ossos sofram flexão sem se quebrarem.
Portanto, permitem que os ossos suportem maior carga, independente da rigidez produzida
pelos cristais de hidroxiapatita (CURREY, 2003).
Os níveis de suplementação vitamina D3 ativa associados à redução de cálcio e fósforo
disponível nas rações influenciaram a composição orgânica dos ossos. Verificou-se efeito
quadrático (p<0,05) dos níveis de vitamina D 3 ativa na deposição de proteínas não-
colagenosas (PNC) nos tibiotarsos aos 21 e 35 dias de idade (Tabela 4). O nível suplementar
estimado de 1,62 µg/kg de vitamina D3 ativa foi o que proporcionou um menor valor de PNC
(0,62%) nos ossos aos 21 dias de idade.
Baixas concentrações de PNC dos ossos estão associadas à menor incidência de
problemas locomotores (Silva et al., 2001). Veermer et al. (1995) relataram que as gla-
proteínas podem administrar a mineralização óssea ou estimular a ação dos osteoclastos.
Moraes et al. (2010) mencionaram que os animais com alta incidência de problemas
locomotores apresentaram maiores teores de PNC, sendo que as altas concentrações dessas
proteínas podem estar relacionadas a fragilidade do osso, por interferir na completa
mineralização. A adequada mineralização óssea é fundamental na avicultura de corte, pois o
desenvolvimento muscular é dependente de um bom suporte ósseo que é necessário para o
bom funcionamento do sistema locomotor (SCHOULTEN et al., 2003).
Neste trabalho, os teores de PNC aos 21 dias foram menores quando comparados aos
de 35 dias, corroborando com Barbosa et al. (2010), que relataram que existe redução de
atividade metabólica nos ossos. As PNC atuam como responsáveis como enucleadores para
formação de cristais de hidroxiapatita ou, no caso da osteocalcina, em função da taxia dos
osteoclastos, no processo de reabsorção óssea promovida.
Os resultados referentes à composição mineral e resistência à quebra estão descritos na
Tabela 5. A suplementação da 1,25 dihidroxicolecalciferol associada ao nível de cálcio e
fósforo reduzido não influenciou o teor de cinzas, bem como de cálcio (Ca), magnésio (Mg) e
resistência a quebra (RQ) dos ossos aos 21 dias de idade. Embora, o nível de suplementação
máximo avaliado (5,0 µg/kg de vitamina D3 ativa) não tenha interferido no teor de cinzas e
cálcio, valores adicionais a partir de 6,0 µg/kg de vitamina D3 ativa nas rações podem alterar
essas características. Sheikhlar & Navid (2009) investigaram as características ósseas de
codornas japonesas de corte até três semanas de idade que receberam dietas com
suplementação de 1,25 (OH)2D3 e deficientes em cálcio (0,71%) e fósforo (0,37%) e
constataram que o nível de 6,5 µg/kg de 1,25 (OH) 2D3 aumentou a concentração de cinzas e
cálcio nos ossos das aves. Roberson & Edwards (1996) ao suplementar frangos de corte com
78

0, 3,0, 6,0 e 9,0 µg/kg de vitamina D3 ativa verificaram uma diminuição na incidência de
discondroplasia tibial das aves na quinta semana de vida e aumento do teor de cinzas no
tibiotarso com a inclusão de 6,0 µg/kg de vitamina D3 ativa, indicando que houve um
benefício no lote com a suplementação.

Tabela 5. Composição mineral e resistência à quebra (RQ) de tibiotarsos de frangos de corte


machos aos 21 dias de idade
µg de vitamina D3 ativa/kg de ração
Variável Média Efeito CV
0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0
Cinzas (g) 50,21 49,94 48,98 53,67 49,89 45,42 49,68 NS 22,27
Ca (%) 26,48 27,24 24,95 31,12 31,75 20,94 27,08 NS 24,73
P (%) 23,61 26,92 25,11 25,24 19,15 19,42 Q* 18,79
Equação: Y= 24,47 + 1,6249x -0,05771 x2 R2= 0,77
Ca:P 1,12 1,01 0,99 1,23 1,66 1,08 1,18 NS 14,78
Mg (%) 1,52 1,26 1,36 1,28 1,12 1,05 1,26 NS 23,73
K (%) 0,58 0,65 0,68 0,62 0,69 0,57 Q* 10,83
Equação: Y=0,5853+0,0691x-0,0138x2 R2=0,44

Na (%) 4,31 3,85 3,52 3,10 3,61 3,10 Q* 8,78


Equação: Y=4,2748-0,4777x+0,0546x2 R2=0,75

RQ (kgf) 20,11 19,84 19,88 18,05 22,04 20,78 20,11 NS 20,60


NS= não significativo; L*= efeito linear (p<0,05); Q*= efeito quadrático (p<0,05).

Para o percentual de fósforo nas cinzas, foi observado efeito quadrático (p<0,05) em
função do nível de vitamina D3 ativa adicionado à ração das aves aos 21 de dias de idade.
Segundo Field (2000) a deficiência de Ca e P dietético pode ocasionar redução no conteúdo
de cinzas, resultado observado neste estudo. As porcentagens de cinzas encontradas foram
inferiores as obtidas por Thorp & Waddington (1997), de 55,6% para frangos de corte com 35
dias de idade.
Embora não tenha sido observada diferença significativa para a relação Ca:P, a média
de 1,18 apresentada pelos níveis de vitamina D3 ativa, está abaixo da preconizada como ideal
por Williams et al. (2000), que sugeriram relação 2,15:1 nos tibiotarsos de frangos de corte
seja aos 18 dias de idade. Contudo, estes autores verificaram nesse período variações de
1,82:1 a 3,89:1; e ainda preconizaram uma relação ideal de 1,67:1, contrariando Field (2000)
que consideraram a relação ideal próxima de 2:1. Observou-se neste trabalho, que mesmo as
maiores doses de suplementação da vitamina D3 ativa aos 21 dias, não foram capazes de
restabelecer os níveis das relações normalmente esperadas de 2:1, principalmente por
79

deficiência na melhoria da absorção do cálcio. Porém, é possível que doses superiores a 5,0
µg/kg possam restabelecer os níveis de cálcio nos ossos como observado por Sheikhlar &
Navid (2009).
Aos 35 dias, o teor de cinzas e a concentração de cálcio nas cinzas ósseas não foram
afetados pelos programas alimentares estudados. Entretanto, para o P dos tibiotarsos foi
observado efeito quadrático significativo (Tabela 6), sendo que o nível suplementar estimado
de 1,40µg/kg da vitamina D3 ativa associou-se a um maior valor de P (21,0%) nos ossos. A
adição de 1,25(OH)2D3 ou extratos da planta Solanum Glaucophilum podem melhorar a
eficiência de absorção do fósforo, além de permitir a formulação de dietas com baixos níveis
deste elemento, minimizando a excreção desse elemento pelas aves (CHENG et al, 2004).

Tabela 6. Composição mineral e resistência à quebra (RQ) de tibiotarsos de frangos de corte


machos de 35 dias de idade
µg de vitamina D3 ativa/kg de ração
Variável Média Efeito CV
0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0
Cinzas (g) 48,08 46,31 45,89 48,00 47,46 45,03 46,80 NS 14,23
Ca (%) 22,91 25,98 23,83 23,06 18,94 25,08 23,30 NS 8,60
P (%) 20,30 24,76 21,25 16,93 14,26 15,61 Q* 8,62
Equação: Y=22,3618-0,6072x-0,2172x2 R2=0,56

Ca:P 1,13 1,05 1,12 1,36 1,33 1,61 Q* 10,75


Equação: Y=1,0985-0,01947x+0,0242x2 R2=0,76
Mg (%) 0,68 0,62 0,52 0,60 0,52 0,58 Q* 11,08
Equação: Y=0,6783-0,0825x+0,0125x2 R2=0,57

K (%) 0,43 0,35 0,37 0,35 0,37 0,44 Q* 8,97


2 2
Equação: Y= 0,4212-0,0634x+0,0133x R = 0,65

Na (%) 2,73 2,58 2,51 2,63 2,20 2,59 Q* 6,92


Equação: Y=2,7404 -0,1627x+0,0226x2 R2 =0,65

RQ (kgf) 34,50 35,28 36,67 37,31 37,28 37,52 36,42 NS 14,87


NS= não significativo; Q*= efeito quadrático (p<0,05).

Para os tibiotarsos de 21 dias de idade a suplementação de 4,37 µg/kg de 1,25


(OH)2D3 proporcionou retenção de 3,22% de sódio (Na), enquanto no nível de 2,50 µg/kg da
vitamina, 0,67% de potássio (K). Nos ossos de 35 dias, 3,60 µg/kg da vitamina D3 ativa um
valor retido de 2,45% de Na; 2,38 µg/kg, 0,35% de K e 3,3 µg/kg, 0,54% de magnésio. A
maior retenção destes íons na idade de 21 dias contribuiu para o maior valor das cinzas para a
mesma idade em relação aos valores da idade de 35 dias. A composição dos sais dos ossos
80

não é fixa, entretanto, reflete o estado de equilíbrio químico do organismo animal, porém,
apenas em casos de distúrbios severos haverá mobilizações dos minerais (sódio, potássio),
alterando suas concentrações. Diferentemente do potássio e do cloro, que são facilmente e
totalmente trocados no osso, o magnésio e o sódio podem penetrar na camada superficial da
matriz óssea e são menos trocáveis nesta fase (MÜLLER, 2010).
A variável resistência à quebra (RQ) não apresentou diferença estatística significativa
para os tibiotarsos nas idades estudadas (Tabelas 5 e 6). Mesmo com a redução do cálcio e
fósforo, no presente trabalho foi observado valores maiores para a resistência à quebra que os
relatados por Reis et al. (2011) quando avaliaram as características ósseas entre três linhagens
de frango de corte. Estes autores encontraram valores de 16,6 kg f para 21 dias e 25,3kg f para
35 dias.
Vieites et al. (2004) também não observaram influência de dietas acidogênicas (0 a
150 mEq/kg) sobre a resistência óssea de frangos de corte aos 21 dias de idade. Salvador et al.
(2009) estudaram duas fontes de vitamina D (colecalciferol e 25(OH)D 3) e três níveis de
vitamina C (0, 100 e 200 ppm) para poedeiras e não verificaram efeitos para teor de cinzas e
resistência a quebra dos tibiotarsos das aves. Contudo, Reis et al. (2011) evidenciaram que
apesar de a força máxima atingida em ensaios de flexão ser comumente utilizada como
parâmetro de resistência, outros fatores podem ser estudados para melhor identificar a
estrutura óssea (resistência à flexão, momento de inércia, área de seção transversal), para se
ter uma avaliação mais precisa sobre a qualidade da matéria óssea.

Conclusões

O suplemento de vitamina D3 ativa associado à redução de 20,0% nas exigências


nutricionais de cálcio e fósforo disponível para frangos de 1 a 35 dias de idade, não exerceu
influência no desempenho zootécnico e resistência óssea. Recomenda-se para frangos até 35
dias o nível de 2,46 µg/kg de vitamina D3 ativa/kg de ração, uma vez que proporcionou uma
melhor deposição de proteínas colagenosas e menor quantidade de proteínas não colagenosas,
indicando melhor qualidade óssea.
81

Agradecimentos

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela


concessão do financiamento do projeto de pesquisa. Ao Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso (IFMT) – Campus São Vicente pela infra-
estrutura fornecida. A Evonik Brasil pela doação dos aminoácidos e a Technofeed Ltda. pela
disponibilização do produto comercial utilizado no experimento. A Universidade Federal de
Viçosa e ao Laboratório de Bioquímica Animal (LBA) pela infra-estrutura fornecida para
realização das análises laboratoriais.

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