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Cuiabá-MT
2012
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Cuiabá-MT
2012
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FICHA CATALOGRÁFICA
Inclui bibliografia.
CDU – 636.5.033.084
Ficha elaborada por: Rosângela Aparecida Vicente Söhn – CRB-1/931
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AGRADECIMENTOS
Em especial, gostaria de agradecer a minha grande amiga Celma Maria Ferreira, pelas
palavras de fé, por todo companheirismo e ajuda imensurável na execução dos experimentos a
campo. E também a toda equipe executora: Cleberson Amâncio da Cruz, Thuani Venâncio da
Silva Pereira, Joseane de Figueiredo Taques, Rosilene Silva Lima, Maryane Séspere Faria de
Oliveira, Edenilce de Fátima Ferreira Martins, Valéria Ana Corvalã Santos, Crislaine Messias
de Souza Santos, Saullo Diogo de Assis e principalmente ao “Sr. Assis”, pela imensa
colaboração nas pesagens, abates e coleta de ossos das aves.
Ao Rodrigo Pereira Nalon, pela valiosa ajuda na formulação das rações e sugestões
acerca da condução dos experimentos. Também ao Manoel Augusto Paranhos (help desk do
Portal da Capes), pelo carinho, amizade e pela disponibilização dos artigos científicos. A
Elaine, secretária do PPGCA pelos informes sobre horários de aulas, eventos, e demais
atividades relacionadas à Pós Graduação.
Aos amigos de Cuiabá-MT: Arthur Behling Neto, Silvana Alves Pedrozo Vitalino
Barbosa, Marleide Guimarães de Oliveira Araújo (e Altamiro) e Elayna Cristina da Silva
Maciel; e aos de Viçosa-MG: Guisela Mônica Rojas Tuesta, Caro Caroline & John Armando
Parra-Martin, Santiago Capalbo, Angela Santos de Paula, Ana Hermelinda Marques, Elisa
Sialino Müller, Elcer Zamora Jerez, Priscila Almeida, Lucas Rocha Delatorre e Rafael
“Hamakawa” Vianna (Rafa), pelos dias e noites de estudo, pela ajuda, amizade, compreensão
e todas as alegrias vividas.
A Isabel Cristina Custódio (Cris), Thaís Custódio e Bethânia Leite Mansur,
companheiras de apartamento, pessoas muito valiosas, verdadeiras, que sempre deram muita
alegria a minha vida. A Daniela Maria Araújo Adorno e ao Eduardo Monteiro (Du) que
sempre estiveram do meu lado dando força e apoio para que seguisse esta jornada, sendo
grandes incentivadores dos meus estudos!
Todo o desenvolvimento do curso de mestrado foi bastante gratificante e inesquecível,
com interações e trocas jamais antes vivenciadas. Neste convívio intelectual e acadêmico,
quero agradecer, de modo especial ao professor Dr. Anderson de Almeida Barbosa, que além
de toda orientação técnica para a realização das análises laboratoriais, me ensinou muito sobre
as pessoas e a vida, só posso dizer que tive excelente orientação... e ainda ganhei um grande
amigo!
Enfim, a todos que contribuíram para a realização deste! Muito Obrigada!
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Abstract: The objective of this study was to evaluate the effects of 1.25
dihydroxycholecalciferol supplement and reduced calcium and available phosphorus for
broilers. Two field experiments (males and females) were conducted, and 612 birds per sex
were used in each experiment, totaling 1224 birds. It was used a randomized block design
with six treatments: 0.0, 1.0, 2.0, 3.0, 4.0 and 5.0 µg of active vitamin D 3/kg diet, with six
replicates of 17 birds each. Diets were formulated by following the recommendations of the
Brazilian tables of nutritional requirements of non-ruminant animals, except for calcium and
available phosphorus (20% reduction) for stages 8 to 21, 22 to 35 and 36 to 42 days of age. At
21, 35 and 42 days of age, the birds were weighed to evaluate the performance (weight gain,
feed intake and feed conversion). At 21 and 35 days of age, one bird of each experimental unit
was slaughtered to remove the bones and to measure bone variables. Chemical and organic
composition and breaking resistance force of tibiotarsus were evaluated. Bone percentage of
collagenous protein (CP) and non-collagenous protein (NCP) and bone percentage of minerals
(calcium, phosphorus, sodium, potassium and magnesium) were evaluated. At 42 days of age,
four birds/replicate were taken and slaughtered for measurement of carcass dressing and noble
cuts yield. The obtained data were submitted to analysis of variance in a randomized block
design considering the level of 5% probability by the F test. Inclusion of active vitamin D3
influenced (p <0.05) weight gain and feed conversion at the levels of 1.0 and 2.0 µg/ kg of
active vitamin D3 for broilers. Feed intake was not significantly different for the studied
levels. For female broilers, there was no significant difference in weight gain (p>0.05), but
feed intake decreased linearly as level of active vitamin D3 increased in the diet whereas feed
conversion decreased by increasing the level of the vitamin. It is recommended supplement
supply of up to 5.0 µg/kg for female broilers and from 1.0 to 2.0 µg/kg of active vitamin D 3 in
diets for broilers at 8 to 42 days of age. Carcass dressing and noble cuts yields of broilers
(males and females) at 42 days were not affected by the treatments, neither were performance
and breaking resistance force of chickens from 1 to 35 days of age. It is recommended 2.47
µg /kg of active vitamin D3/kg in the diet inasmuch as it provided a better CP deposition and
less amount of NCP, indicating better bone quality.
Keywords: bone proteins, breaking resistance force, carcass, performance, poultry, vitamin D
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13
2. REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................. 15
2.1 Considerações iniciais ........................................................................................... 15
2.1.1 Vitamina D ..................................................................................................... 15
2.2 Requerimentos nutricionais de vitamina D3 para aves ...................................... 17
2.2.1 Suplementação de vitamina D3 e seus metabólitos para aves ........................ 18
2.3 Minerais ................................................................................................................. 20
2.3.1. Cálcio e fósforo ............................................................................................. 21
2.3.2 Magnésio, sódio e potássio ............................................................................ 23
2.4 Tecido ósseo ........................................................................................................... 24
2.4.1 Formação e crescimento ósseo ....................................................................... 28
2.4.2 Mineralização e resistência óssea ................................................................... 30
2.5 Desordens locomotoras ......................................................................................... 32
2.6 Referências ............................................................................................................. 35
Capítulo I
Considerações Iniciais
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1. INTRODUÇÃO
desenvolvimento animal, como um todo, atinja sua maturidade física. Para as linhagens
modernas de frangos de corte a taxa de crescimento do tecido muscular é extremamente
elevada. Esse crescimento inicia-se em uma fase muito precoce pós-eclosão sobre um suporte
esquelético muito imaturo, o que acarreta um aumento na incidência de morbidade,
mortalidade e perdas por condenações nos abatedouros causadas por distúrbios metabólicos e
esqueléticos (Gonzales e Mendonça Júnior, 2006). Assim, inúmeras estratégias nutricionais
vêm sendo estudadas, tais como o suplemento de vitaminas e a redução de minerais, cujo
propósito é a obtenção de dietas que permitam o melhor desempenho produtivo e bem-estar.
As vitaminas são nutrientes essenciais para o desenvolvimento animal, pois estão
envolvidas em reações metabólicas ao nível celular e são críticas para a eficiência do ciclo de
Krebs. A suplementação de vitaminas representa 1,0 a 3,0% dos custos das rações (RUTZ,
2008; FÉLIX et al., 2009).
As aves apresentam capacidade limitada de síntese de algumas vitaminas e a adição de
complexos vitamínicos nas dietas de frangos de corte possibilita a melhora no desempenho. A
vitamina D tem expressiva participação no metabolismo ósseo, sendo diretamente responsável
pelo crescimento esquelético, que dá suporte às aves para obtenção do máximo desempenho
produtivo (BRITO et al., 2010).
Existem basicamente dois tipos de vitamina D, o ergocalciferol vegetal irradiado (D 2)
e o colecalciferol animal (D3). Para suínos, as formas dietéticas de D2 e D3 são eficientemente
utilizadas, contudo, as aves aproveitam 10 vezes mais a D3 (Bertechini, 2006). No intestino, a
vitamina D participa da síntese da proteína transportadora de cálcio, sendo tal proteína
também encontrada nos rins. Essa proteína atua na mobilização do cálcio do osso para o
fluido extracelular, ocorrendo a partir de uma ação conjunta da 1,25 dihidroxicolecalciferol
(1,25-(OH)2D3) e do paratormônio; e na biossíntese de colágeno, principal componente da
matriz extracelular do tecido ósseo (RUTZ, 2008).
Nos últimos anos, a vitamina D3 e seus metabólitos (1,25-(OH)2D3 e 25(OH)2D3) têm
sido estudados na avicultura, com o propósito de investigar a interação entre nutrição e
anormalidades ósseas. O objetivo com este estudo foi avaliar os efeitos no desempenho e
qualidade óssea do suplemento de 1,25 dihidroxicolecalciferol e redução de cálcio e fósforo
disponível nas rações para frangos de corte de 8 a 42 dias de idade.
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2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1.1 Vitamina D
composto por quatro anéis (ABCD) fundidos, porém, rompido na ligação do C9 com o C10 no
anel B desta estrutura. A vitamina D é formada não enzimaticamente na pele dos animais,
graças aos efeitos dos raios ultravioleta (comprimento de onda de 230 a 313nm) da luz solar
sobre o esteróide precursor, 7-desidrocolesterol presente na derme e epiderme (SMITH et al.;
1988).
As formas D2 e D3 apresentam atividades biológicas essencialmente idênticas, o
ergocalciferol tem sido utilizado para suplementação em dietas, contudo, as espécies aviárias
só utilizam a vitamina D3. Presumivelmente, tal discriminação seja o resultado da ligação
reduzida dos metabólitos da vitamina D2 às proteínas ligadoras da vitamina D no sangue,
levando a depuração mais rápida dos metabólitos da D2 do plasma (REECE, 2006).
A vitamina D3 é cerca de 30 a 40 vezes mais potente do que a D2 para aves. A
vitamina D pode ser obtida pela alimentação ou ser produzida pelo organismo, desde que haja
luz suficiente (11 a 45 minutos/dia para frangos de corte). De maneira geral, as bioatividades
das formas de vitamina D seguem a seqüência: D2 < D3 < 25(OH)D3 < 1,25 (OH)2D3.
(PIZAURO JÚNIOR et al., 2002; BERTECHINI, 2006).
A vitamina D3 para ser metabolicamente ativa sofre transformações orgânicas que
ocorrem no fígado e rins, através de reações de adição de grupos OH na molécula. As formas
ativas das vitaminas D2 e D3 são produzidas pela hidroxilação enzimática realizada no fígado
e nos rins, produzindo a 25(OH)D3 e a 1,25(OH)2D3, respectivamente. Assim, a pré-vitamina
D3 permanece na pele enquanto a vitamina D3 é transportada da pele ou do intestino para o
fígado, ligada a uma proteína ligadora de vitamina D, onde é hidroxilada na posição 25,
formando o 25(OH)D3. O 25(OH)D3 entra na circulação, sendo levado aos rins, onde então
sofre uma hidroxilação na posição 1, formando o 1,25(OH) 2D3, metabólito mais potente da
vitamina D (PIZAURO JÚNIOR et al., 2002).
O colecalciferol é absorvido na porção final do duodeno, na presença de lipídios e sais
biliares. Na ave, passa para a corrente sanguínea na forma de portomícrons, que por sua vez
chegam ao fígado. Nesse órgão recebe uma hidroxila na posição 25 (25-OH-colecalciferol),
sendo então formados outros metabólitos que são a 1,25 dihidroxicolecalciferol (forma ativa)
e o 24,25 dihidroxicolecalciferol (RUTZ, 2008).
O calcitriol ou 1,25-(OH)2D3 refere-se à única forma natural da vitamina D com
atividade biológica significante, sendo cerca de 1000 vezes mais efetivo que a vitamina
original e 500 vezes mais efetiva que o seu precursor calcidiol (25(OH)D 3). O calcitriol induz
aumento das concentrações séricas de cálcio e fósforo, em seu principal órgão-alvo, o
intestino (DiBARTOLA, 2007).
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ICU/ton de vitamina D3, de modo que 1,0 mg equivale a 40.000 UI ou 1,0 µg (40 UI) de
vitamina D3 (PIZAURO JÚNIOR et al., 2002; LABOISSIERÉ, 2009).
Silva et al. (2001) verificaram que a suplementação de 8,4% de ácido L-glutâmico
associado a 15.000 UI de vitamina D3 para pintos de corte de 1 a 14 dias de idade,
proporcionou melhoria no ganho de peso, consumo de ração, conversão alimentar e redução
na incidência de problemas de pernas nas aves. Os autores evidenciaram ainda que o
fornecimento de altos níveis de vitamina D proporcionou um maior percentual de aves
normais, sendo de importância o uso de níveis acima daqueles recomendados.
Os níveis de vitaminas sugeridos por órgãos de pesquisa, tais como National Research
Council (NRC), Agriculture and Food Research Council (AFRC), Institut National de
Recherche Agronomique (INRA) e “Tabelas Brasileiras para Aves e Suínos” são bases
importantes para a estimativa dos valores a serem empregados nas diferentes fases de
produção. Contudo, tais órgãos apresentam apenas as exigências mínimas, as quais
geralmente não são suficientes em condições de campo, havendo pouca correlação com os
níveis empregados comercialmente (FÉLIX et al., 2009).
Nascimento (2005) relatou que as recomendações do NRC (1994) não são utilizadas
pelas empresas, que por sua vez, praticam ajustes em função das condições locais.
Independente da fase de criação das aves, a recomendação do NRC é de 200 UI/kg de
vitamina D3. Os níveis de suplementação utilizados para as diferentes fases de criação são
15,5 (pré-inicial), 12,1 (inicial), 9,4 (crescimento) e 3,3 (final) vezes superior ao preconizado
pelo NRC (1994).
Rostagno et al. (2011) recomendaram níveis de suplementação de 2090, 1900 e 1425
UI/kg de vitamina D3 para frangos de corte, respectivamente para as fases de 8 a 21; 22 a 33 e
34 a 42 dias de idade, enquanto que a Tabela Espanhola indicou valores de 3500, 2800 e 2000
UI desta vitamina, respectivamente para as fases de 0 a 18; 18 a 35 e acima de 35 dias de
idade (LÁZARO et al., 2008).
fósforo, além de permitir a formulação de dietas com baixos níveis de fósforo, minimizando a
excreção desse elemento pelas aves.
Roberson e Edwards (1996) reportaram que para frangos de corte a utilização de
6,0µg/kg de 1,25 (OH)2D3, como sendo um valor eficaz para melhorar o percentual de cinzas
dos ossos e redução de DT. Mitchell e Edward (1996) verificaram um aumento no peso de
frangos de corte com cinco semanas de idade mediante a suplementação de 5,0 µg/kg de 1,25
(OH)2D3 e 600 ftu/kg.
Sheikhlar e Navid (2009) investigaram o desempenho e as características ósseas de
codornas japonesas que receberam dietas com suplementação de 1,25 (OH)2D3 e deficientes
em cálcio (0,71%) e fósforo (0,37%). Não foi verificada diferença significativa para o ganho
de peso e conversão alimentar das aves. Contudo, constatou-se que o nível de 6,5 µg/kg de
1,25 (OH)2D3 mostrou efeito positivo sobre a incidência e severidade de DT em codornas de
corte até três semanas de idade.
2.3 Minerais
Definem-se como minerais, os elementos químicos que não podem ser decompostos
ou sintetizados por reações químicas ordinárias, apresentando-se na forma sólida e cristalina.
Desta maneira, não podem ser sintetizados pelos organismos vivos, devendo ser
suplementados na dieta dos animais. Os minerais podem atuar como componentes estruturais
de órgãos e tecidos do corpo, constituinte de fluidos na forma de eletrólitos e como
catalisadores de processos enzimáticos e hormonais (MAIORKA e MACARI, 2008).
Os elementos minerais indispensáveis aos animais são nutricionalmente classificados
em macrominerais (cálcio e fósforo), necessários em grandes quantidades pelos organismos e
em microminerais ou elementos traços, aqueles requeridos em quantidades menores (sódio,
potássio, magnésio, cloro, zinco, selênio, ferro, cobre, manganês e iodo). Apesar dos
microelementos serem necessários em quantidades ínfimas pelos animais, freqüentemente
atuam como constituintes ou ativadores de enzimas e hormônios, exercendo função catalítica,
apresentando papel em várias rotas metabólicas essenciais para o crescimento (COTTA, 2001;
MAIORKA e MACARI, 2008).
Os minerais constituem parte importante do organismo animal, representando de 3,0 a
4,0% do peso vivo das aves (Bertechini, 2006). No que se refere à resposta das aves às
concentrações dos minerais da dieta, Maiorka e Macari (2008) evidenciaram que estas podem
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ser de três maneiras: 1) níveis muito baixos podem acarretar sinais de deficiência; 2)
quantidades intermediárias resultam em manutenção da homeostase e pode proporcionar
alguma reserva nos tecidos; e 3) níveis acima dos requeridos, que podem acarretar toxicidade,
e ocasionar redução no crescimento e desempenho.
Dentre os macrominerais, estão o cálcio (Ca) e o fósforo (P), que estão estreitamente
relacionados ao metabolismo orgânico, particularmente na formação dos ossos. Constituem
mais de 70% da cinza corporal, sendo que 99% do Ca e 80% do P estão presentes nos ossos, e
o restante nos tecidos moles, desempenhando funções específicas essenciais ao metabolismo
(BERTECHINI, 2006).
O Ca além de atuar como constituinte do osso e dente, possui variados e importantes
efeitos fisiológicos no animal: formação e manutenção óssea; participa na coagulação
sanguínea e da contração dos músculos esqueléticos e cardíacos; ativador de enzimas; e
essencial na transmissão de estímulos nervosos (BACILA, 2003; BERTECHINI, 2006;
MAZZUCO, 2006).
A absorção do cálcio ocorre ao longo do intestino delgado, principalmente duodeno e
jejuno; tal processo pode acontecer tanto por difusão quanto pelo processo ativo. Dentre os
fatores que interferem na absorção, encontram-se o seu nível na dieta. De acordo com
Maiorka e Macari (2008), aves submetidas a dietas com altos níveis de Ca, tem menor taxa de
absorção desse mineral quando comparadas àquelas alimentadas com níveis de Ca mais
baixos, devido a uma provável saturação da proteína transportadora de Ca da membrana
(PTCa). Alterações na relação Ca:P, bem como o estado nutricional da ave podem afetar a
absorção de Ca. Quanto mais velha a ave, menor a capacidade de absorção.
O processo de absorção de Ca dos ossos para atender as necessidades metabólicas é
um processo normal, de modo que a perda óssea de Ca comprometerá a resistência quando
houver deficiência prolongada. Segundo Zoollitsch et al. (1996) citados por Vargas Junior
(2002) a resistência e o teor de cinzas ósseas podem ser melhorados com a manipulação do
cálcio dietético.
O fósforo desempenha importante papel na estrutura e função das células, sendo um
constituinte importante de fosfolipídeos estruturais de membrana celulares e da hidroxiapatita
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(2002) estudaram os efeitos dos níveis de Ca (0,46; 0,67; 0,88; 1,09 e 1,30%), em rações
suplementadas com fitase (600 FTU/kg) sobre a absorção de minerais, verificaram que baixos
níveis de cálcio prejudicam a absorção de P, enquanto teores elevados reduzem a absorção de
Ca, P, Zn e Mn em frangos de corte de um a 21 dias de idade. Os autores concluíram que a
redução de Ca nas dietas suplementadas com fitase deve ser proporcional à redução de fósforo
total, para manter a relação Ca:P adequada.
Em trabalho semelhantes, Oliveira et al. (2009) avaliaram a inclusão de fitase (0 e 25
U/kg) em dietas com níveis reduzidos fósforo não-fitíco (100,0; 85,0 e 70,0% da exigência) e
observaram que dietas com 85,0% da exigência de fósforo não fítico suplementada com 25
U/kg podem ser usadas sem prejuízo no desempenho e características de carcaça dos frangos
de corte machos.
Também usando a fitase, Gomide et al. (2011) afirmaram que é possível reduzir o
nível de fósforo disponível e cálcio em 0,15 e 0,30 ponto percentual, respectivamente, sem
haver prejuízos no desempenho e mineralização óssea de frangos de corte nas fases de 8 a 21
e 8 a 35 dias de idade. Os autores verificaram ainda que houve redução na excreção de
fósforo, sendo assim o fornecimento suplementar da fitase uma maneira de reduzir a
quantidade de P para o meio ambiente sem afetar o desempenho das aves.
O magnésio (Mg), o sódio (Na) e o potássio (P) são amplamente distribuídos nos
fluidos e tecidos moles do organismo, exercendo juntamente com os íons fosfato e
bicarbonato todo o controle homeostático orgânico, mantendo a pressão osmótica, o equilíbrio
ácido-base e o controle da passagem dos nutrientes para as células (BERTECHINI, 2006).
Bertechini (2006) descreveu que 50,0 a 70,0% de todo magnésio orgânico é
encontrado no esqueleto representando 0,8 a 1,0% da cinza óssea; o restante em tecidos
moles, exercendo funções vitais no organismo. Segundo Bacila (2003) o Mg exerce amplo
papel no organismo animal por ser ativador de muitas enzimas envolvidas em processos
ligados ao metabolismo energético, ao metabolismo dos ácidos nucléicos e à biossíntese de
proteínas.
O Mg encontra-se predominantemente dentro da célula e está envolvido em reações
que requerem ATP. Esse mineral é considerado o segundo (após o potássio) cátion dos fluidos
24
Os osteócitos são células achatadas, com forma de amêndoa, que moldam o esqueleto,
consistem em osteoblastos maduros, responsáveis pela manutenção da matriz óssea (Pizauro
Júnior, 2008a). As pequenas áreas ou orifícios no osso nos quais os osteócitos residem
denominam-se lacunas, das quais partem canalículos ou prolongamentos que estabelecem
contatos com as células adjacentes através de junções comunicantes (JUNQUEIRA E
CARNEIRO, 2004; REECE, 2006).
Os osteoclastos são as células gigantes e multinucleadas, relacionadas com a
reabsorção do tecido ósseo, atuando opostamente aos osteoblastos. Estão presentes em 1,0 a
4,0% das superfícies ósseas. A finalidade dos osteoclastos é de reparação de uma fratura ou
mobilização de íons de cálcio (realizadas continuamente); entretanto sob o controle do PTH,
que por sua vez estimula a secreção de enzimas e ácidos que atuam digerindo a matriz
orgânica e dissolvendo os sais de cálcio (MOTTA, 2003; JUNQUEIRA E CARNEIRO,
2004).
A estrutura geral do osso constitui-se de aproximadamente 22,0% de matriz orgânica,
9,0% de água e 69,0% de materiais inorgânicos. A parte inorgânica do osso representa cerca
de 50,0% do peso da matriz óssea. O cálcio e o fósforo formam cristais que apresentam a
estrutura da hidroxiapatita (Ca10(PO4)6(OH)2 (Macari et al., 1994). A parte orgânica é
responsável pela elasticidade do osso, sendo formada por fibras colágenas (95%) constituídas
de colágeno do tipo I e por 5,0% de proteínas não colagenosas (Junqueira e Carneiro, 2004;
Reece, 2006; Lopes, 2009). Se toda a matriz orgânica óssea fosse removida, os minerais
inorgânicos manteriam a forma visível do osso, contudo, o osso perderia sua resistência tênsil
e ficaria quebradiço, como um prato de louça (REECE, 2006).
O principal constituinte (80,0 a 90,0%) da matriz orgânica é o colágeno, fibra protéica
de tripla hélice, que contribui para a força tensional do osso, fornecendo suporte e orientação
para a matriz mineral. Por representar a maior parte orgânica do osso, o colágeno também
afeta a propriedade mecânica dos ossos (Rath et al., 2000). Segundo Young (2003) foram
identificados mais de 20 tipos de colágenos que possuem diferentes especialidades entre os
diversos tecidos animais.
O colágeno principal do osso é referido como tipo I, é sintetizado dentro dos
osteoblastos e, em menor extensão, nos osteócitos. Ainda, o colágeno tipo I é composto por
aproximadamente 95,0% do conteúdo total de colágeno ósseo e cerca de 80,0% das proteínas
presentes no osso (VIGUET-CARRIN et al., 2006).
Os colágenos do tipo I do osso juntamente com o tipo II, que compõe a cartilagem são
encontrados em tecidos sujeitos ao estresse por compreensão e tensão. Eles formam uma rede
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composição orgânica dos ossos, de modo que as PNC aumentaram à medida que se reduziam
os níveis de BE. Para o percentual de PC, observaram efeito quadrático, sendo o nível de 94,0
mEq/kg associou-se ao menor valor destas (31%).
Oliveira et al. (2006) também evidenciaram que o BE influenciou a deposição de
proteínas nos ossos de frangos de corte jovens (1 a 21 dias). O maior valor para deposição de
PNC nos ossos aos 21 dias e de PC aos 22 e 32 dias de idade foi obtido com as dietas cujo BE
ficou entre 150 e 200 mEq/kg.
O conteúdo de PC e PNC nos fêmures de frangos de corte (machos e fêmeas) de 1 a 42
dias de idade foi estudado por Barbosa et al. (2010), sendo avaliados três híbridos comerciais.
No estudo não foi verificada diferença significativa para PC nas idades entre os híbridos aos
21 e 42 dias. Quanto aos sexos, as fêmeas apresentaram menores valores de PC quando
comparadas aos machos de 21 dias de idade. Os teores de PNC não apresentaram diferenças
significativas tanto para os cruzamentos quanto entre os sexos, porém, verificou-se uma
diminuição acentuada dos 21 aos 28 dias e dos 35 aos 42 dias de idade. A redução nas
concentrações das PNC após os 21 dias comprovaram redução na atividade metabólica dos
ossos, pois essas proteínas são responsáveis como enucleadores para formação dos cristais de
hidroxiapatita ou, no caso da osteocalcina, como responsável pela taxia dos osteoclastos no
processo de reabsorção óssea.
maturação. É nesse local que começa a aparecer a fosfatase alcalina; d) Zona hipertrófica:
contêm condrócitos aumentados de volume pelo acúmulo de glicogênio, e muitas vesículas da
matriz que formam grupos longitudinais; e e) Zona de calcificação: onde os condrócitos
sofrem degeneração. É nessa região que ocorre o depósito de fosfato de cálcio no interior das
vesículas e que, posteriormente, extravasa e se infiltra no septo longitudinal (JUNQUEIRA e
CARNEIRO, 2004; PIZAURO JÚNIOR, 2008a).
O fim do crescimento longitudinal do osso é variável conforme a espécie e ocorre
quando a cartilagem se torna cada vez mais delgada e a epífise e metáfise se fundem (Lopes,
2009). Rath et al. (2000) evidenciaram o crescimento longitudinal de tíbias de frangos de
corte até 25 semanas de idade.
permite ao esqueleto agir como depósito de minerais, permitindo transferir o cálcio e outros
íons para dentro ou fora do osso (REECE, 2006).
O remodelamento ósseo é um processo fisiológico que permite a manutenção da
resistência óssea, através de sua auto-modelagem, de acordo com as solicitações mecânicas a
que o osso é submetido. A remodelagem tem como função, a reparação de micro fraturas
ocorridas no dia-a-dia por um ciclo contínuo de destruição, e posterior renovação óssea, ou
seja, a ativação dos osteoclastos leva a reabsorção óssea e as ações dos osteoblastos
reconstroem a matriz óssea, levado a uma nova mineralização do tecido (BORBA et al., 2003;
BARROS et al., 2008).
Os ossos funcionam como alavancas para o corpo, por esta razão devem ser rígidos;
entretanto, devem ser flexíveis para resistirem aos impactos e também serem leves, para
permitir movimentos rápido. Caso haja excesso de minerais, o osso pode se tornar quebradiço,
e em caso de deficiências, torna-se muito flexível (SEEMAN, 2008).
A força óssea tem sido primariamente associada com a formação e manutenção
adequadas da matriz orgânica óssea, ligações de colágeno e deposição e reabsorção óssea; o
conteúdo mineral também se faz de relevância, mas dependem da formação correta da matriz
no inicio da vida (Oviedo-Rondón e Wineland, 2011). A matriz extracelular modula a
resistência dos tecidos e as propriedades de crescimento celular, ambas essenciais para o
desenvolvimento de uma estrutura esquelética mecanicamente forte. O colágeno é o maior
constituinte da matriz orgânica, e fornece suporte orientador para a matriz mineral,
contribuindo para a resistência óssea (RATH et al., 2000; VELLEMAN 2000; MÜLLER,
2010).
A resistência óssea pode ser avaliada por meio das propriedades mecânicas obtidas a
partir de ensaios (tração, compressão, flexão), onde o osso é avaliado sob a ótima da
engenharia. Inúmeros fatores podem influenciar a resistência óssea de forma direta ou
indireta. Em frangos de corte, fatores como: taxa de crescimento, sexo, idade, nutrição,
genética estão dentre os mais relevantes (RATH et al., 2000; MÜLLER, 2010).
Os estudos de Rose et al. (1996) e Barbosa (2005) mostraram que as fêmeas cresceram
menos e apresentaram ossos menores por possuírem taxa de crescimento menor que a dos
machos, mas verificaram menor porosidade e maiores teores de cinzas, conseqüentemente
maior resistência óssea, diminuindo a incidência de problema de pernas. O controle da
homeostase de cálcio é uma importante força motora para manutenção das funções vitais em
que participa. Caso os níveis de Ca não sejam adequados, ocorrerá estímulo de secreção de
32
As anormalidades do sistema locomotor das aves têm sido relatadas desde o inicio da
produção confinada das aves. Desde 1930, inúmeras causas das deformidades do esqueleto
das aves têm sido identificadas, tais como: nutrição (imbalanços), genética, práticas de
manejo, dentre outras que afetam o crescimento e desenvolvimento ósseo (SILVA et al,
2001).
Os problemas locomotores, particularmente aqueles que levam a mobilidade
condicionada ou claudicação são mais comumente observados na metade final do crescimento
das aves, fato este decorrido pelo aumento do ganho de peso e pelo desenvolvimento
desproporcional do músculo do peito criando um desequilíbrio esquelético-biomecânico
(Barbosa, 2005; Lopes, 2009; Restelatto et al., 2009). Para as linhagens modernas de frangos
de corte, e principalmente nos machos, cuja taxa de crescimento é elevada, tendo inicio numa
fase muito precoce pós-eclosão, sobre um suporte esquelético muito imaturo (GONZALES e
MENDONÇA JÚNIOR, 2006).
33
para baixa incidência de DT, podem ter o problema agravado quando associado com balanços
nutricionais inadequados. Quando o equilíbrio ácido-básico é desviado para uma situação de
alcalose ou acidose, os passos metabólicos são envolvidos prioritariamente na regulação
homeostástica em detrimento dos processos produtivos.
Além da DT, Paz e Garcia (2011) informaram que raquitismo, condrosdistrofia,
degeneração femoral, desordens do desenvolvimento ou congênitas (espondilolistese, defeitos
de angulação do tipo valgus e varus), e doenças infecciosas (osteomielite e lesões dos
tendões) acometem os frangos de cortes no meio industrial. Dentre as patologias
mencionadas, a DT e a degeneração femoral são as mais prevalentes atingindo 50,0 a 80,0%
dos problemas de pernas nos lotes industriais.
A degeneração femoral ocorre em animais jovens, não possui etiologia definida e pode
se manifestar de maneira uni ou bilateral, acarretando alterações não apenas na região da
cabeça, como no colo do fêmur. O manejo inadequado na apanha dos frangos, carregados por
uma perna só, por exemplo, pode determinar a ruptura da epífise do fêmur, caracterizando-se
como o principal ponto de perdas ocasionado por esta patologia (PAZ e GARCIA, 2011).
A espondilolistese é considerada uma deformidade que afeta as vértebras torácicas de
frangos de corte, mais freqüentemente a quarta vértebra, resultando em compressão da medula
espinhal e conseqüentemente dificuldade de movimentação, chegando a paralisia dos
membros pélvicos. As aves apresentaram inicialmente falta de coordenação motora, que
consiste na dificuldade de locomoção que evolui para deslocamento lateral, cranial ou caudal
de um dos membros e, posteriormente, permaneciam em decúbito lateral ou apoiadas a
articulação tibiometatársica (PAIXÃO et al., 2007; PAZ e GARCIA, 2011).
O raquitismo causa alargamento da área epifisária e ocasionalmente deformidade da
parte mole e emborrachamento dos ossos. No raquitismo, o espessamento da placa de
crescimento, pode ser semelhante ao início da DT, por vezes pode ser erroneamente
classificado como DT ((MÜLLER, 2010). Angel (2007) descreveu que esta patologia está
freqüentemente associada com deficiência ou imbalanço nutricional, aos quais podem ocorrer
de várias maneiras, tais como conteúdo variável de Ca e P ou ambos na dieta. O raquitismo
pode ocorrer em frangos de crescimento rápido ou lento, contudo, podendo ser agravada pela
maior exigência nutricional durante o período de crescimento.
Por fim, serão apresentados três artigos, os quais foram elaborados seguindo as normas
das Revistas: Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia (ABMVZ), Acta
Scientiarum. Animal Sciences e Revista Brasileira de Zootecnia (RBZ), respectivamente.
35
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43
Capítulo II
Suplemento de 1,25 dihidroxicolecalciferol e redução de
cálcio e fósforo disponível para frangos de corte
44
Abstract: The objective of this study was to evaluate the performance, the carcass yield and
noble cuts yield of broilers with supplement of 1.25 dihydroxycholecalciferol and reduction of
calcium and available phosphorus. It was used a randomized block design, with six treatments
(0.0; 1.0; 2.0; 3.0; 4.0 and 5.0 µg of active vitamin D 3/kg of ration), and six repetitions with
17 birds each. At 8 and 42 days of age each experimental unit was weighted in order to
evaluated the performance. Later, four broilers/repetition were removed and slaughtered in
order to measure the carcass and noble cuts yield. The inclusion of active vitamin D3
influenced positively (p<0.05) the weight gain and the feed conversion at the levels of 1.0 and
45
2.0 µg/kg. The feed intake wasn’t significative among the studied levels. The carcass and
noble cuts of male broilers at 42 days were not influenced by supplement of 1.25
dihydroxycholecalciferol and reduction of calcium and available phosphorus in rations. It is
recommended to provide additional of 1.0 up to 2.0 µg/kg of active vitamin D3 in rations for
male broilers from 8 to 42 days of age.
Introdução
Material e Métodos
12 horas. Posteriormente, retirou-se os pés e as cabeças das carcaças, para pesagem das
mesmas e realização dos cortes nobres: peito e coxa+sobrecoxa.
Foram avaliados o peso absoluto (kg) e o rendimento (%) das carcaças evisceradas e
dos cortes nobres. Na determinação do rendimento, foi considerado o peso da carcaça limpa e
eviscerada, sem pés e cabeça em relação ao peso vivo em jejum. Para os cortes nobres, os
cálculos dos rendimentos foram feitos em relação ao peso da carcaça eviscerada.
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e comparação entre médias
pelo Teste de Dunnett, considerando o nível de 5% de probabilidade. As análises foram
realizadas utilizando o software Sistema para Análises Estatísticas e Genética – SAEG
(Universidade Federal de Viçosa, 2007).
O modelo estatístico adotado foi o seguinte:
Yij = + Bj + Ni + Eij, em que:
Yij = valor observado na unidade experimental do j-ésimo bloco que recebeu o i-
ésimo tratamento;
= média geral;
Bj = efeito do bloco j; 1; 2; 3; 4; 5; 6;
Ni = efeito da suplementação da vitamina D3 ativa i;
i = 0, 1,0; 2,0; 3,0; 4,0; 5,0 µg de vitamina D3 ativa/kg de ração;
Eij= erro aleatório associado a cada observação.
49
Resultados e Discussão
Não houve efeito (p>0,05) dos níveis de vitamina D3 ativa sobre o consumo de ração
dos frangos de corte de 8 a 42 dias de idade. Entretanto, foram observadas diferenças
significativas (p<0,05) para o ganho de peso e a conversão alimentar (Tabela 2).
nível de 87,5 µg/kg correspondeu ao melhor desempenho produtivo das aves, bem acima da
recomendação de Rostagno et al. (2011) de 50 µg/kg.
Cheng et al. (2004) afirmaram que a adição de 1,25(OH)2D3 ou extratos da planta
Solanum Glaucophilum pode melhorar a eficiência de absorção e utilização do cálcio e do
fósforo, além de permitir a formulação de dietas com baixos níveis de fósforo, minimizando a
excreção desse elemento pelas aves. Goff (2006) afirmou que a adição de 1,25(OH) 2D3
acelera o transporte ativo do cálcio através das células epiteliais, sendo essencial quando o
cálcio dietético estiver baixo ou a demanda for muito elevada, como por exemplo, no
desenvolvimento do tecido ósseo. O autor ressaltou que a 1,25(OH) 2D3 estimula a síntese da
proteína ligadora do cálcio na célula epitelial intestinal, que transporta o cálcio do lado
luminal dos enterócitos para a membrana basolateral.
A adição de 1,0 e 2,0 µg de vitamina D3 ativa/kg de ração apresentou efeito benéfico
no desempenho, analogamente aos resultados obtidos por Brito et al. (2010) ao utilizarem
simultaneamente as vitaminas D3 e 25(OH)2 D3. Mitchell e Edwards (1996) também
verificaram aumento no peso de frangos de corte a cinco semanas de idade mediante a
suplementação de 5 µg/kg de ração de 1,25(OH)2D3 e 600 unidades de fitase/kg.
Os níveis de 1,25 dihidroxicolecalciferol não influenciaram (p>0,05) os rendimentos
de carcaça, peito e coxa+sobrecoxa dos frangos de corte, entretanto, níveis de 1,0 e 2,0 µg/kg
de vitamina D3 ativa suplementados às rações, melhoraram significativamente os pesos
médios aos 42 dias de idade (Tabela 3). Khan et al. (2010) também observaram efeito
positivo para o peso de frangos de corte nesta idade, com o uso de 3500 UI/kg (87,5 µg/kg) de
vitamina D3.
Resultados semelhantes aos obtidos para rendimento de peito foram relatados por
Brito et al. (2010), que não observaram diferença significativa ao avaliar a 25(OH) 2D3 para
frangos de corte aos 45 dias de idade. Por outro lado, Khan et al. (2010) observaram
diferenças significativas para o rendimento de peito em frangos de corte aos 42 dias de idade,
em doses de 2.500 ou 3500 UI/kg (62,5 ou 87,5 µg/kg) de vitamina D3.
Os níveis de 1,25(OH)2D3 estudados não influenciaram as características de carcaça
avaliadas, porém é possível que tenha ocorrido uma melhora na mineralização óssea. Assim,
faz-se necessária comprovação mediante análises físicas e bioquímicas dos ossos dos frangos
de corte. Mitchell e Edwards (1996) constataram que a suplementação isolada de
1,25(OH)2D3 nas rações de frangos de corte com três às cinco semanas de idade, diminuiu a
incidência de discondroplasia tibial e aumentou o teor de cinzas nos ossos.
52
Tabela 3. Rendimento de carcaça e de cortes nobres de frangos de corte machos aos 42 dias
de idade
µg de vitamina D3 ativa/kg de ração CV
Variável Média Efeito
01 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 (%)
Peso médio aos 42 dias
Peso absoluto (kg) 3,10 3,17* 3,18* 3,09 3,11 3,11 3,13 SIG 4,06
Carcaça
Peso absoluto (kg) 2,14 2,07 2,13 2,08 2,13 2,09 2,10 NS 5,55
Peso relativo (%) 69,96 68,16 69,60 69,43 69,67 68,56 69,23 NS 3,52
Peito
Peso absoluto (kg) 0,82 0,81 0,81 0,80 0,83 0,832 0,82 NS 6,93
Peso relativo (%) 38,27 38,94 37,90 38,57 39,03 38,34 38,50 NS 3,75
Coxa + sobrecoxa
Peso absoluto (kg) 0,59 0,59 0,62 0,60 0,61 0,60 0,60 NS 8,43
Peso relativo (%) 27,68 28,44 29,04 29,07 28,53 28,75 28,58 NS 4,40
1
Tratamento testemunha; NS = não significativo; SIG = significativo; *as médias diferem estatisticamente do tratamento
testemunha pelo Teste de Dunnett ao nível de 5% de probabilidade.
Conclusões
Agradecimentos
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Capítulo III
Suplemento de vitamina D3 ativa e redução de cálcio e
fósforo disponível para frangos de corte fêmeas
56
ABSTRACT: The objective of this study was to evaluate the performance and the noble cuts
and carcass of female broilers from 8 to 42 days of age with supplementation of active
vitamin D3 and reduced levels of calcium and available phosphorus. It was used a randomized
block design, with six treatments (0.0; 1.0; 2.0; 3.0; 4.0 and 5.0 µg of active vitamin D 3
active/kg of ration), and six repetitions with 17 birds each. At 42 days of age, four
57
broilers/repetition were removed and abated to measure the carcass and noble cuts. The ration
consumption decreased linearly with the increase of active vitamin D 3 levels in rations, while
the feed conversion, decreased with the increase of the vitamin level. It is recommended for
female broilers from 8 to 42 days supplementation up to 5.0 µg/kg of active vitamin D3 in
rations. The carcass and noble cuts of female broilers at 42 days old were not influenced by
supplement of active vitamin and reduction of calcium and available phosphorus.
INTRODUÇÃO
MATERIAL E MÉTODOS
O modelo estatístico adotado é descrito como yij = + bj + ni + ij, em que yij é o valor
da variável resposta observada na unidade experimental do j-ésimo bloco que recebeu o i-
ésimo nível de vitamina D3 ativa; é a média geral; bj é o efeito do bloco j; 1; 2; 3; 4; 5; 6; ni
é o efeito da suplementação da vitamina D3 ativa i; i = 0,0; 1,0; 2,0; 3,0; 4,0 e 5,0 µg/kg; ij é
o erro aleatório associado a cada observação ~N(0;2).
Ingrediente (%) Ração 1-7dias Ração 8-21dias Ração 22-35dias Ração 36-42 dias
Milho grão 55,67 59,24 61,96 65,10
Farelo de Soja 45,0% 37,80 34,80 31,28 27,75
Fosfato bicálcico 1,90 2,41 3,41 1,09
Óleo de soja 1,80 1,32 1,22 3,96
Calcário 0,86 0,68 0,65 0,62
L-lisina, 50,7% 0,55 0,35 0,34 0,40
Sal comum 0,46 0,44 0,42 0,40
DL-metionina, 99,0% 0,37 0,27 0,24 0,24
L-treonina, 98,5% 0,17 0,07 0,06 0,08
Mistura mineral1,2 0,101 0,101 0,102 0,102
Mistura vitamínica1,2 0,101 0,101 0,102 0,102
Cloreto de colina, 60% 0,10 0,10 0,10 0,10
Anticoccidiano3 0,05 0,05 0,05 -
Antibiótico4 0,01 0,01 0,01 -
Antioxidante5 0,01 0,01 0,01 0,01
Material inerte (areia) 0,05 0,05 0,05 0,05
Total (%) 100,00 100,00 100,00 100,00
Composição calculada
Ração 1-7dias 8-21dias 22-35dias 36-42 dias
Ácido linoléico (%) 2,30 2,68 3,25 1,79
Arginina digestível (%) 1,39 1,31 1,20 1,10
Cálcio (%) 0,94 0,71 0,66 0,62
Cloro (%) 0,30 0,29 0,28 0,27
Energia metabolizável (Mcal/kg) 2,96 3,05 3,15 3,20
Fenilalanina digestível (%) 0,99 0,94 0,88 0,82
Fenilalanina + tirosina digestível (%) 1,66 1,57 1,47 1,37
Fósforo disponível (%) 0,47 0,36 0,33 0,31
Glicina + serina total (%) 2,01 1,90 1,78 1,66
Histidina (%) 0,54 0,52 0,48 0,46
Isoleucina digestível (%) 0,87 0,82 0,76 0,70
Leucina digestível (%) 1,75 1,69 1,60 1,52
Lisina digestível (%) 1,36 1,18 1,09 1,04
Metionina + cistina digestível (%) 0,96 0,84 0,79 0,75
Potássio (%) 0,86 0,82 0,76 0,70
Proteína bruta (%) 22,50 21,14 19,73 18,44
Sódio (%) 0,22 0,21 0,20 0,19
Treonina digestível (%) 0,90 0,77 0,71 0,68
Triptofano digestível (%) 0,26 0,24 0,22 0,20
1
Poliave Corte Inicial CQT® (1 a 21 dias de idade), níveis de garantia por quilo do produto: vitamina A - 5.546.000.00UI; vitamina D3 -
1.339.000.00UI; vitamina E - 12.430.00UI; vitamina K3 - 944.00UI; vitamina B1 - 1.005,00mg; vitamina B2 - 2.250,00mg; vitamina B6 -
1.245,00mg; vitamina B12 - 6.000,00mcg; niacina - 15,00g; ácido pantotênico - 5.890.00mg; ácido fólico - 495mg; biotina - 50mg; Ferro -
24,80g; manganês - 33,30g; zinco - 25,68g; cobre - 4.280.00mg; selênio - 150mg; iodo - 500mg; 2Poliave Corte Engorda® (22 dias de idade
a uma semana antes do abate), níveis de garantia por quilo do produto: vitamina A - 4.230.000.00UI; vitamina D3 - 1.021.000.00UI;
vitamina E – 9.930.00UI; vitamina K3 - 720.00mg; vitamina B1 - 804.00mg; vitamina B2 – 1.800.00mg; vitamina B6 - 996.00mg; vitamina
B12 - 4.800.00mcg; niacina - 12g; ácido pantotênico - 4.700.00mg; ácido fólico - 302 mg; biotina - 30mg; ferro - 24,80g; manganês - 33,30g;
zinco - 25,68g; cobre - 4.280.00mg; selênio - 150mg; iodo - 500mg; 3Salinomicina; 4Virginiamicina; 5Butil hidroxi tolueno (BHT) -
1.000.00mg.
61
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Não houve efeito dos níveis de vitamina D3 ativa (p>0,05) adicionados à ração das
aves para as variáveis: peso médio final e ganho de peso no período de 8 a 42 de dias de idade
(Tabela 2).
Resultados semelhantes aos encontrados neste estudo foram relatados por BRITO et
al. (2010) onde constataram que a suplementação de vitamina D (20,0; 37,5; 87,5; e 137,5
µg/kg de ração) provenientes de duas fontes (D3 e 25-OHD3), também não influenciou o peso
médio final e o ganho médio de peso de frangos de corte machos de 1 a 45 dias de idade.
Verificou-se que o consumo de ração decresceu linearmente (p<0,05) à medida que se
aumentou o nível de vitamina D3 ativa na ração (Figura 1). Comportamento similar foi
observado com a conversão alimentar, diminuindo com o aumento do nível da vitamina
(Figura 2).
4,4
4,39
y = -0,0001x + 4,3933
Consumo de Ração (kg)
4,38 r² = 0,96
4,37
4,36
4,35
4,34
4,33
4,32
4,31
0 100 200 300 400 500
Figura 1. Consumo médio de ração de frangas de corte de 8 a 42 dias de idade submetidas a rações
suplementadas com vitamina D3 ativa e cálcio e fósforo disponível reduzidos
62
1,785
1,765
1,76
1,755
1,75
1,745
1,74
0 100 200 300 400 500
Níveis de vitamina D3 ativa (g ton-1 )
Figura 2. Conversão alimentar de frangas de corte de 8 a 42 dias de idade submetidas a rações suplementadas
com vitamina D3 ativa e cálcio e fósforo disponível reduzidos
Resultados semelhantes aos obtidos foram descritos por Brito et al. (2010) que ao
avaliar a 25-hidroxi-colecalciferol para frangos de corte aos 45 dias de idade, não verificaram
diferença significativa para rendimento de carcaça e de cortes (peito e coxa+sobrecoxa).
Entretanto, Khan et al. (2010) estudaram quatro níveis de suplementação (200, 1500, 2500 e
3500 UI/kg) de vitamina D3 e verificaram que o rendimento de peito e de carcaça foi maior na
dose máxima ofertada (3500 UI/kg ou 87,5 µg/kg de vit. D3).
O suplemento da vitamina D3 ativa não influenciou as características de rendimento de
carcaça e cortes nobres, contudo, pode ser que tenha ocorrido uma melhora na mineralização
óssea dos animais, sendo necessária a comprovação por meio de análises bioquímicas e físicas
dos ossos das aves. RUTZ (2002) evidenciou que estudos comparando vários metabólitos de
vitamina D3 quanto à sua capacidade de deposição de cinzas na tíbia indicaram que a 1,25
dihidroxicolecalciferol é o mais potente, superioridade traduzida em 7,5 vezes a do
colecalciferol, enquanto a 25-(OH)D3 é apenas duas vezes mais potente que o colecalciferol.
MITCHELL e EDWARDS (1996) também constataram que a suplementação isolada
de 1,25(OH)2D3 nas rações de frangos de corte com três a cinco semanas de idade, diminuiu a
incidência de discondroplasia tibial e aumentou o teor de cinzas nos ossos.
Na avicultura industrial, as condenações de carcaças e diminuições de rendimentos de
cortes nobres decorrem principalmente pelas fraturas ocorridas durante as operações de
apanha, transporte e abate. Tais fraturas afetam a operação dos equipamentos de evisceração
automática e desossa, influenciando a velocidade na linha de processamento, e ocasionando
perdas econômicas.
A suplementação da vitamina D3 ativa nas rações de frangos de corte fêmeas, em
níveis superiores aos estudados pode permitir a obtenção de uma melhor relação entre
crescimento e fortalecimento do tecido ósseo, diminuindo os problemas locomotores e
melhorando o rendimento de carcaça e de cortes comerciais.
CONCLUSÃO
de frangas de corte aos 42 dias de idade não foram influenciados pelo suplemento de
1,25(OH)2D3 e níveis de cálcio e fósforo reduzidos.
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
CHENG, Y.H.; GOFF, J. P.; SELL, J. L. et al. Utilizing Solanum glaucophyllum alone or
phytase to improve phophorus utilization in broilers. Poultry Science, v. 83, p.406-413, 2004.
FÉLIX, A.P.; MAIORKA, A.; SORBARA, J. O. Níveis vitamínicos para frangos de corte.
Ciência Rural, Santa Maria-RS, v.39, n.2, p.619-626, 2009.
GOFF, J.P. Distúrbios do metabolismo dos carboidratos e da gordura. In: DUKES. Fisiologia
dos animais domésticos. 12.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. 926p.
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suínos e aves: composição de alimentos e exigências nutricionais. 2.ed. Viçosa-MG: Editora
UFV, 2005. 186p.
ROSTAGNO, H.S.; ALBINO, L.F.T.; DONZELE, J.L. et al. Tabelas brasileiras para aves e
suínos: composição de alimentos e exigências nutricionais. 3.ed. Viçosa-MG: UFV/DZO,
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SAS INSTITUTE INC. SAS/STAT User’s Guide. Version 7-1. Cary, NC: SAS Institute Inc.,
1999.
Capítulo IV
Desempenho e composição óssea de frangos de corte alimentados
com suplemento de 1,25 dihidroxicolecalciferol e redução de cálcio
e fósforo disponível
68
Resumo: The objective was to assess the performance, the broken resistance and the organic
and mineral composition of the broiler bones fed with active vitamin D3 supplemented feed
and reduced levels of calcium and phosphorus available. It was used a randomized block
design, with six treatments (0.0; 1.0; 2.0; 3.0; 4.0 and 5.0 µg of vitamin D 3/kg of feed), and
six repetitions, with 17 birds each. At 21 and 35 days of age the birds were weigh in order to
assess the performance traits. Lately, At 42 days one broiler/repetition was taken and
69
slaughtered for removing the bones and measure its characteristics. It was evaluated the
organic and chemistry composition and the broken resistance of broilers tibiotarsus at 21 and
35 days of age. It was determined the bone percentages of collagenous proteins (CP), non
collagenous (NCP) proteins the minerals (calcium, phosphorus, sodium, potassium and
magnesium). It was verified the supplementary active D3 vitamin and 20.0% of reduction on
calcium and available phosphorous broilers (males and females) from 1 to 35 days of age did
not influence animal performance and broken resistance of the birds. It is recommended 2.47
µg/kg of active D3 vitamin in the feed, once it was responsible for a better CP deposition and
the low amount of NCP, suggesting better bone quality.
Introdução
O fósforo e o cálcio são considerados de importância para as aves, não apenas para a
ótima taxa de crescimento, mas também para a mineralização dos ossos (Laurentiz et al.,
2009). Dentre os principais métodos para avaliar o grau de mineralização óssea, encontram-se
as análises do teor de minerais e resistência a quebra (Oliveira et al., 2008). O tibiotarso é
comumente utilizado nas avaliações ósseas, pois está numa posição estratégica no que se
refere à sustentação do corpo da ave (SCHALY et al., 2009).
A força óssea tem sido primariamente associada com a formação e manutenção
adequadas da matriz orgânica óssea, ligações de colágeno e deposição e reabsorção óssea; no
entanto, o conteúdo mineral também se faz de relevância, além da correta formação da matriz
no inicio da vida (Oviedo-Rondón & Wineland, 2011). Existe uma interação entre parte
orgânica e mineral, onde o colágeno fornece suporte orientador para a matriz mineral e
contribui para a resistência óssea (RATH et al., 2000; VELLEMAN, 2000; MÜLLER, 2010).
O fósforo além de ser o terceiro constituinte mais oneroso nas rações para
monogástricos, atrás da proteína e energia, tem sido considerado um dos grandes geradores de
resíduos poluidores. Na atualidade, existem fortes pressões para reduzir os níveis de P nas
dietas dos animais, a fim de reduzir a excreção deste elemento, diminuir os custos e minimizar
os impactos ambientais. Assim à redução de P nas rações tem sido investigada, entretanto o
equilíbrio entre Ca:P (2:1) deve ser sempre levado em consideração (FLEMING, 2008;
BÜNZEN et al., 2008).
Objetivou-se com este estudo avaliar o desempenho zootécnico, a resistência à quebra
e a composição orgânica e mineral dos ossos de frangos de corte alimentados com suplemento
de 1,25 dihidroxicolecalciferol e redução de cálcio e fósforo disponível.
Material e Métodos
vez, estavam contidas em cadinhos de porcelana, foram colocadas sobre uma placa de
aquecimento e a solução foi evaporada em capela de exaustão, até secar completamente. O
precipitado foi então dissolvido através da adição de água destilada e deionizada sendo então
a solução filtrada em papel filtro em uma proveta e o volume completado para 50 mL. Os
valores dos minerais foram expressos em termos de porcentagem de cinzas em relação ao
peso do osso seco e desengordurado (Thorp & Waddigton, 1997), e a relação cálcio: fósforo
(Ca:P), obtida dividindo-se a porcentagem de cálcio pela de fósforo nas cinzas.
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância em delineamento em blocos
casualizados e a variável resposta foi regredida em função dos níveis de suplementação da
vitamina D3 ativa, quando pertinente, considerando o nível de 5% de probabilidade. As
análises foram realizadas utilizando o software System Analysis Statistical (SAS, 1999).
O modelo estatístico adotado é descrito como yij = bj + α + βXi + eij, em que yij é o
valor da variável resposta observada na unidade experimental do j-ésimo bloco que recebeu o
i-ésimo nível de vitamina D3 ativa; bj é o efeito do bloco j; 1; 2; 3; 4; 5; 6; α= é o intercepto da
variável resposta em relação aos níveis de vitamina D3 ativa; β = é o coeficiente da regressão
da variável resposta em função dos níveis da vitamina D 3 ativa; Xi é o efeito da
suplementação da vitamina D3 ativa i; i = 0,0; 1,0; 2,0; 3,0; 4,0 e 5,0 µg/kg; eij é o erro
aleatório associado a cada observação ~N(0;s2).
Resultados e Discussão
Aos 35 dias de idade, também não foi verificado efeito significativo, para as variáveis
zootécnicas de desempenho como conseqüência do fornecimento suplementar dos diferentes
níveis de 1,25 dihidroxicolecalciferol (Tabela 3). De modo semelhante, Roberson & Edwards
(1996) não encontraram diferenças significativas para o ganho de peso e a conversão
alimentar ao suplementar frangos de corte de três a cinco semanas de idade com 0, 3,0, 6,0, e
9,0 µg/kg de vitamina D3 ativa.
Brito et al. (2010) avaliaram a suplementação de vitamina D (20,0; 37,5; 87,5; e 137,5
µg/kg de ração) e duas fontes (D3 e 25-OHD3) isoladas ou associadas para frangos de corte e
verificaram não haver interação entre as fontes da vitamina D no desempenho das aves de 1 a
21 e de 1 a 38 dias. Diferentemente do verificado neste estudo, os autores constataram que os
níveis de suplementação da vitamina D isolados apresentaram influência positiva no ganho de
peso e na conversão alimentar à medida que se elevaram os níveis da vitamina nas rações na
fase inicial. No período de 22 a 38 dias, os autores reduziram 20% da suplementação
vitamínica e verificaram que os efeitos do fornecimento suplementar não foram cumulativos,
ou seja, níveis elevados de vitamina D isolados não foram eficientes na melhoria do
desempenho das aves de 1 a 38 dias de idade.
76
PNC (%) 21d 0,73 0,66 0,61 0,76 0,76 0,77 Q* 2,28
Y=0,7056-0,0334x-0,0103x2 R2=0,45
Para PC nos ossos de frangos de corte aos 35 dias de idade, foi constatado efeito
quadrático (p<0,05), de modo que o fornecimento suplementar de 2,46 µg/kg de vitamina D3
ativa proporcionou uma melhor deposição de PC (40,98%).
As propriedades ósseas são produzidas pela interação entre seus três constituintes
principais: água, minerais e colágeno. A relação da quantidade entre estes elementos
interferem em muitas propriedades biomecânicas (Rath et al., 2000). Porém, o colágeno
77
quando em proporções adequadas permite que os ossos sofram flexão sem se quebrarem.
Portanto, permitem que os ossos suportem maior carga, independente da rigidez produzida
pelos cristais de hidroxiapatita (CURREY, 2003).
Os níveis de suplementação vitamina D3 ativa associados à redução de cálcio e fósforo
disponível nas rações influenciaram a composição orgânica dos ossos. Verificou-se efeito
quadrático (p<0,05) dos níveis de vitamina D 3 ativa na deposição de proteínas não-
colagenosas (PNC) nos tibiotarsos aos 21 e 35 dias de idade (Tabela 4). O nível suplementar
estimado de 1,62 µg/kg de vitamina D3 ativa foi o que proporcionou um menor valor de PNC
(0,62%) nos ossos aos 21 dias de idade.
Baixas concentrações de PNC dos ossos estão associadas à menor incidência de
problemas locomotores (Silva et al., 2001). Veermer et al. (1995) relataram que as gla-
proteínas podem administrar a mineralização óssea ou estimular a ação dos osteoclastos.
Moraes et al. (2010) mencionaram que os animais com alta incidência de problemas
locomotores apresentaram maiores teores de PNC, sendo que as altas concentrações dessas
proteínas podem estar relacionadas a fragilidade do osso, por interferir na completa
mineralização. A adequada mineralização óssea é fundamental na avicultura de corte, pois o
desenvolvimento muscular é dependente de um bom suporte ósseo que é necessário para o
bom funcionamento do sistema locomotor (SCHOULTEN et al., 2003).
Neste trabalho, os teores de PNC aos 21 dias foram menores quando comparados aos
de 35 dias, corroborando com Barbosa et al. (2010), que relataram que existe redução de
atividade metabólica nos ossos. As PNC atuam como responsáveis como enucleadores para
formação de cristais de hidroxiapatita ou, no caso da osteocalcina, em função da taxia dos
osteoclastos, no processo de reabsorção óssea promovida.
Os resultados referentes à composição mineral e resistência à quebra estão descritos na
Tabela 5. A suplementação da 1,25 dihidroxicolecalciferol associada ao nível de cálcio e
fósforo reduzido não influenciou o teor de cinzas, bem como de cálcio (Ca), magnésio (Mg) e
resistência a quebra (RQ) dos ossos aos 21 dias de idade. Embora, o nível de suplementação
máximo avaliado (5,0 µg/kg de vitamina D3 ativa) não tenha interferido no teor de cinzas e
cálcio, valores adicionais a partir de 6,0 µg/kg de vitamina D3 ativa nas rações podem alterar
essas características. Sheikhlar & Navid (2009) investigaram as características ósseas de
codornas japonesas de corte até três semanas de idade que receberam dietas com
suplementação de 1,25 (OH)2D3 e deficientes em cálcio (0,71%) e fósforo (0,37%) e
constataram que o nível de 6,5 µg/kg de 1,25 (OH) 2D3 aumentou a concentração de cinzas e
cálcio nos ossos das aves. Roberson & Edwards (1996) ao suplementar frangos de corte com
78
0, 3,0, 6,0 e 9,0 µg/kg de vitamina D3 ativa verificaram uma diminuição na incidência de
discondroplasia tibial das aves na quinta semana de vida e aumento do teor de cinzas no
tibiotarso com a inclusão de 6,0 µg/kg de vitamina D3 ativa, indicando que houve um
benefício no lote com a suplementação.
Para o percentual de fósforo nas cinzas, foi observado efeito quadrático (p<0,05) em
função do nível de vitamina D3 ativa adicionado à ração das aves aos 21 de dias de idade.
Segundo Field (2000) a deficiência de Ca e P dietético pode ocasionar redução no conteúdo
de cinzas, resultado observado neste estudo. As porcentagens de cinzas encontradas foram
inferiores as obtidas por Thorp & Waddington (1997), de 55,6% para frangos de corte com 35
dias de idade.
Embora não tenha sido observada diferença significativa para a relação Ca:P, a média
de 1,18 apresentada pelos níveis de vitamina D3 ativa, está abaixo da preconizada como ideal
por Williams et al. (2000), que sugeriram relação 2,15:1 nos tibiotarsos de frangos de corte
seja aos 18 dias de idade. Contudo, estes autores verificaram nesse período variações de
1,82:1 a 3,89:1; e ainda preconizaram uma relação ideal de 1,67:1, contrariando Field (2000)
que consideraram a relação ideal próxima de 2:1. Observou-se neste trabalho, que mesmo as
maiores doses de suplementação da vitamina D3 ativa aos 21 dias, não foram capazes de
restabelecer os níveis das relações normalmente esperadas de 2:1, principalmente por
79
deficiência na melhoria da absorção do cálcio. Porém, é possível que doses superiores a 5,0
µg/kg possam restabelecer os níveis de cálcio nos ossos como observado por Sheikhlar &
Navid (2009).
Aos 35 dias, o teor de cinzas e a concentração de cálcio nas cinzas ósseas não foram
afetados pelos programas alimentares estudados. Entretanto, para o P dos tibiotarsos foi
observado efeito quadrático significativo (Tabela 6), sendo que o nível suplementar estimado
de 1,40µg/kg da vitamina D3 ativa associou-se a um maior valor de P (21,0%) nos ossos. A
adição de 1,25(OH)2D3 ou extratos da planta Solanum Glaucophilum podem melhorar a
eficiência de absorção do fósforo, além de permitir a formulação de dietas com baixos níveis
deste elemento, minimizando a excreção desse elemento pelas aves (CHENG et al, 2004).
não é fixa, entretanto, reflete o estado de equilíbrio químico do organismo animal, porém,
apenas em casos de distúrbios severos haverá mobilizações dos minerais (sódio, potássio),
alterando suas concentrações. Diferentemente do potássio e do cloro, que são facilmente e
totalmente trocados no osso, o magnésio e o sódio podem penetrar na camada superficial da
matriz óssea e são menos trocáveis nesta fase (MÜLLER, 2010).
A variável resistência à quebra (RQ) não apresentou diferença estatística significativa
para os tibiotarsos nas idades estudadas (Tabelas 5 e 6). Mesmo com a redução do cálcio e
fósforo, no presente trabalho foi observado valores maiores para a resistência à quebra que os
relatados por Reis et al. (2011) quando avaliaram as características ósseas entre três linhagens
de frango de corte. Estes autores encontraram valores de 16,6 kg f para 21 dias e 25,3kg f para
35 dias.
Vieites et al. (2004) também não observaram influência de dietas acidogênicas (0 a
150 mEq/kg) sobre a resistência óssea de frangos de corte aos 21 dias de idade. Salvador et al.
(2009) estudaram duas fontes de vitamina D (colecalciferol e 25(OH)D 3) e três níveis de
vitamina C (0, 100 e 200 ppm) para poedeiras e não verificaram efeitos para teor de cinzas e
resistência a quebra dos tibiotarsos das aves. Contudo, Reis et al. (2011) evidenciaram que
apesar de a força máxima atingida em ensaios de flexão ser comumente utilizada como
parâmetro de resistência, outros fatores podem ser estudados para melhor identificar a
estrutura óssea (resistência à flexão, momento de inércia, área de seção transversal), para se
ter uma avaliação mais precisa sobre a qualidade da matéria óssea.
Conclusões
Agradecimentos
Referências
BARBOSA, A.A.; MORAES, G.H.K.; TORRES, R.A.; REIS, D.T.C.; RODRIGUES, C.S.;
MÜLLER, E.S. Avaliação da qualidade óssea mediante parâmetros morfométricos
bioquímicos e biomecâmicos em frangos de corte. Revista Brasileira de Zootecnia, v.39,
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