Você está na página 1de 4

Assentamento Consciencial

Hannah Arendt escreveu sobre a banalidade do mal. O que ela quis


dizer é que o mal é considerado como algo banal. Sem maior
importância e consequência. O filme sobre sua vida é extremamente
instrutivo sobre a consciência humana.
Para se entender a profundidade do que ela disse é preciso entender
como é a realidade do universo. A realidade é a consciência. Tudo
que existe tem como fundamento último a consciência. Tudo é
consciência e tudo tem consciência. Nos mais variados graus. Desde
a mínima autoconsciência até a consciência do Todo. Não há nada
fora desta única consciência. A consciência permeia toda a
realidade. E existe um campo eletromagnético que atrai tudo que a
consciência tem como conteúdo. Inevitavelmente. Em todas as
dimensões da realidade. Sem importar o tempo passado, presente ou
futuro. O tempo é irrelevante.
O problema de ver o mal como banal é que atrairemos esta mesma
situação para nós mais cedo ou mais tarde. A consciência de cada ser
cria a realidade deste ser. A consciência é a realidade. Este é um fato.
Se a pessoa entende isso ou não é irrelevante. Na prática da vida
diária ela pode comprovar isso. Todos os dias e todos os instantes.
Basta por um conteúdo na consciência que ele se tornará realidade.
Se não quiser que isso vire realidade basta dizer mentalmente
“cancelado” e trocar para outro tipo de pensamento/sentimento.
Tudo que sentimos será trazido para a realidade diária, mas cedo ou
mais tarde. O tempo não importa. Lembremos disto ou não.
Todo ser autoconsciente pode decidir o que quer ter na sua
consciência. Para isso ele pode analisar o que pensa e sente. Isso é
ser autoconsciente. Ser capaz de avaliar o que está pensando e
sentindo. E mudar isso para que seja melhor para si mesmo. E pelos
resultados práticos a pessoa pode ter certeza de tudo que está sendo
dito aqui.
Vejamos um exemplo. Uma pessoa trabalha e ganha. Só que por
mais que ganhe sempre está na fronteira da sobrevivência. Só tem
dinheiro para sobreviver. A vida inteira isso acontece e a pessoa não
entende o que está errado. Geralmente a pessoa pensa que o
problema é externo à ela. Se analisarmos o que ela vivenciou quando
criança, o que escutou dos pais e parentes, o que viu eles fazendo,
chegaremos facilmente a entender o problema dela. Quando criança
ela escutou inúmeras vezes que a vida era uma luta pela
sobrevivência e que só ganhavam para sobreviver. Isso ficou gravado
profundamente na mente dela. E como a consciência se manifesta na
realidade ela criou essa realidade a vida toda. Até entender isso e
mudar de estado de consciência. Isto é, mudar a crença que tinha
sobre a vida e o dinheiro. Perguntando para essa pessoa qual a
importância que tem um carro ou uma casa para ela, a resposta foi
que não tinha importância. Essa resposta mostra como ela só quer
sobreviver. Só que nem respondendo assim ela não percebia o
quanto rejeitava tudo e só queria sobreviver. Agora atentem para o
detalhe. Ela reclamava que não tinha dinheiro na quantidade que
queria. Só que lá no fundo da consciência ela não queria ter, já que
acreditava somente na sobrevivência. Mas, continuava reclamando
que não tinha dinheiro. Bastou uma conversa de alguns minutos
para resolver isso. Bastou analisar o que ela ouvia na infância e
mostrar que a atitude dela como adulto coincidia exatamente com a
crença da sobrevivência. E o problema foi resolvido.
É exatamente isso que acontece quando a pessoa diz que não está
sentindo nenhuma mudança na vida prática. A mudança só
acontecerá quando mudar o conteúdo da consciência. O que a pessoa
acredita que é a vida. A questão é que a resistência à mudar o estado
de consciência é tremenda. Rever as crenças sobre a vida é de
fundamental importância. A vida da pessoa é exatamente o que ela
pensa que deve ser. Tudo que ela pensa e sente se torna real na vida
dela. Mais cedo ou mais tarde. Se algo não dá certo basta olhar para
dentro e perceber o que sente. Isto é autoconsciência. Sentir que
sente. Para que a vida prática possa mudar é preciso mudar a forma
de pensar/sentir. Mudando isso inevitavelmente o resultado
aparecerá mais cedo ou mais tarde. Por isso é preciso paciência até
que a energia criada anteriormente possa ser mudada para a nova
energia. O novo estado de consciência. Paciência é a chave do
sucesso em qualquer coisa. E isso é o contrário de ansiedade e
pressão. Sempre que se coloca pressão para se obter algo o resultado
é contrário. Porque? A ansiedade é medo do futuro. Quando
emanamos medo atraímos exatamente isso. O que tem dentro da
consciência da pessoa? Medo de algo. É isso que atrairá. Tudo que
está na consciência por um tempo determinado acontecerá. Não se
pode elaborar na mente algo sem que isso seja criado na realidade.
Caso não queira isso é preciso cancelar o pensamento
imediatamente.
Dá trabalho fazer isso? Com certeza, mas é a única forma de
controlar o que se cria. Pensar exatamente no que se quer criar. A
entropia psíquica é inevitável caso não se controle a mente. Entropia
é a perda de energia; a tendência à desordem. É por isso que se
deixarmos a mente sem controle os pensamentos negativos
aparecem imediatamente. Controlar a mente é a única solução que
existe. Um único pensamento cria a realidade. Mais cedo ou mais
tarde. Um único pensamento que tenha 100% de certeza de que é
real. De que está criado. De que está feito. Então basta soltar tudo e
trabalhar com todas as portas que se abrirem. Tendo certeza de que
está feito e virá no devido tempo. Sem ansiedade e pressão. E esta é a
questão. Quando se sente que se tem de ganhar de qualquer jeito
está se criando exatamente o contrário. A pressão de ter que ganhar
impede que se ganhe. Se um vendedor entender isso não há limite
para o que pode ganhar. Não por pressão em nada. Porque isso é
contraproducente. Acontece o contrário. Para que por pressão se
basta um pensamento/sentimento para criar a realidade? Mas,
quando se quer que a realidade se transforme instantaneamente isso
não acontece. Porque não é assim que funciona o universo. Tudo que
foi criado anteriormente precisa ser resolvido. Limpar a energia.
Para que uma nova realidade possa surgir no lugar. E sempre é
preciso avaliar o que se tem realmente na consciência que está
criando aquilo. Basta fazer uma lista de tudo que se acredita, gosta
ou rejeita, para se saber o que se acredita. Em todas as áreas da vida.
Quando há resistência à mudar alguma coisa na consciência a pessoa
faz muita força para que isso não mude. É o que se chama “puxar o
freio”. Isso é feito de forma consciente ou inconsciente. Não
importa. A pessoa faz isso e o resultado aparece imediatamente. É o
que acontece quando se fala que nada mudou ou que nada sentiu.
Quando entra energia é impossível não mudar ou sentir. Um
elétron quando recebe mais energia salta de órbita imediatamente.
Imagine um ser biológico. A questão é que o elétron não resiste à
energia que entrou e a pessoa resiste. Toda informação é energia e
toda energia é informação. Como tudo tem de crescer e evoluir o que
cada um tem de fazer é facilitar esse processo inevitável. Porém,
quando se quer ficar na zona de conforto e mudar as condições de
vida ao mesmo tempo está criado o impasse. Esse impasse é o "puxar
o freio”. É quando se resiste ao crescimento. E isso é a coisa mais
comum que existe. Vejam o estado da humanidade atual e percebam
o quanto é a resistência ao crescimento e evolução. E tudo isso só
depende do estado de consciência. Os conteúdos da consciência.
Sugiro a leitura do livro “O eu e os mecanismos de defesa”, de Anna
Freud.
Existe um assunto que é um exemplo perfeito de resistência à
evolução. Está descrito detalhadamente no livro “Os senhores do
clima”, de Tim Flannery. Neste livro você pode ver que apesar de
toda a ciência mostrar a raiz do problema, mesmo assim a
humanidade resiste à fazer qualquer coisa para resolve-lo. E todos já
podem sentir o início das consequências. E mesmo assim é como se o
problema não existisse.
Quando a informação entra na consciência, seja através dos olhos,
ouvidos ou de uma onda de informação, a própria consciência da
pessoa deve deixar passagem para essa nova informação se assentar
na própria consciência. A pessoa precisa estar aberta para novas
informações e novas consciências da realidade. Se vocês assistirem
ao filme “Hannah Arendt” verão isso acontecendo no momento em
que ela está assistindo ao julgamento e seu olhar vai mudando à
medida que ela percebe como o mal é visto como uma coisa banal. A
mudança do olhar dela mostra a informação entrando e se
assentando. Ela mudou neste instante. Sua consciência ganhou mais
complexidade neste instante. E quando ela saiu da sala sua visão de
mundo tinha mudado. Ela tinha entendido como os outros pensam
que é o mal. Uma coisa banal.
Um filme que mostra exatamente essa questão é “La solucion final”,
Frank Pierson. Em inglês “Conspiracy” com Kenneth Branagh. É
mostrado como o assunto é tratado de forma banal.
Portanto, basta que a pessoa faça uma autoanálise do que acredita
sobre o mundo, a vida, e saberá instantaneamente o que está errado
com ela. Porque não consegue os resultados que quer. Ela está
conseguindo exatamente o que tem dentro da sua consciência.
Existem eventos acidentais? Existem, mas são a exceção, que
confirmam a regra. Basta lembrar que não existe tempo para a
consciência. Passado, presente e futuro não importam. É um
continuum. Mesmo que a pessoa não se lembre. Mas, se a pessoa
olhar para dentro verá que a semente daquilo está plantada lá no
fundo da consciência. Mudando isso muda tudo. No devido tempo.
Sem pressão e ansiedade.
Existe um recurso de valor inestimável para toda pessoa. É o contato
direto com o Todo. Deixar que a intuição flua sem impedimentos.
Para isso é preciso silenciar a mente por alguns momentos. Deixar a
racionalização de lado e ouvir o sussurro sutil da intuição. Que é a
orientação do Todo. Isto é infalível. Só que para “ouvir” isso é
preciso deixar o ego de lado. Caso contrário o risco é enorme de ser
uma racionalização. Quando uma pessoa quer fazer algo e não sabe
que decisão tomar é muito fácil racionalizar para decidir pela opção
do ego. Que é fazer o que é mais agradável para o ego. Continuar na
zona de conforto, não trabalhar, não estudar, etc. Tudo que impede o
progresso. Por isso existe tanta dificuldade em sentir a intuição. Sem
optar pela evolução pessoal decididamente é impossível sentir a
intuição. Silenciar a mente é parar momentaneamente com o
“tagarelar” incessante da mente que pula de um pensamento para
outro sem cessar. São 70 mil pensamentos por dia. Numa atividade
frenética. Aquietando isso logo vem à tona a “voz da intuição”. É um
sentimento. Sente-se que aquela é a melhor forma de resolver o
problema. Essa “voz” está à disposição o tempo todo. É a voz do Todo
emergindo dentro dos microtúbulos das sinapses. Todos contam
com a orientação do Todo o tempo todo. É uma decisão de cada um
escutar ou não.
Adaptar-se às circunstâncias da vida é outra coisa fundamental.
Tudo muda o tempo todo. Isso é normal. Essa adaptação é
indispensável para a evolução. Se não mudarmos quando é preciso
estamos pondo pressão para obter algo. É o salto quântico.
Adaptação. Podem ver que sempre o ego é a questão principal.
Abandonar as pretensões do ego é o que se chama de sabedoria.
Soltar o ego. Deixar os interesses do ego de lado e fazer o que tem de
ser feito. Isso é evolução. E o que é o ego? Uma crença. Exatamente
outra das crenças que impedem o progresso da pessoa. Quando a
pessoa deixa de pensar nos interesses do ego ela enxerga claramente
o ego e como não fazer o que ele quer. E desta forma evoluir.
Ninguém perde a identidade própria, mas o ego não é essa
identidade. A identidade é a realidade última. E é nesta realidade
última que está toda a solução dos problemas da pessoa. Só que esse
é um longo caminho para a pessoa trilhar. Entender que o ego é uma
crença é a crença mais difícil de se deixar de lado. O ego é uma
construção mental. Ele não é a realidade. É a persona que usamos na
vida prática. O papel que se desempenha socialmente. Quando isso é
abandonado a pessoa “brilha”. É o que acontece com os grandes
artistas. Eles deixam a realidade última atuar na vida deles e por isso
“brilham”.

Você também pode gostar