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avaliando como os papéis sociais atribuídos aos homens e às mulheres são construídos. Gênero e
sexo são coisas distintas.
Sexo é a caracterização biológica, ao passo que género é a construção cultural do que constituem
os papéis, as funções e os valores considerados inerentes a cada sexo em determinada sociedade.
Percebe-se que, em grande escala, os atributos construídos remetem a um essencialismo, ou seja,
como se existissem duas naturezas, uma feminina e outra masculina, que predispõem as
mulheres a valores como paixão, ternura, maternidade, ao passo que os homens teriam como
características inerentes a lógica, o raciocínio, a cultura e o mundo público/político.
A teologia feminista questiona dicotomias, polaridades e dualismos que cerceiam as
potencialidades humanas.
A análise das relações de género permite identificar como se dão as relações de poder, ou seja,
como os papéis sociais determinam possibilidades e impõem limitações, apontando expectativas
sociais e cerceamentos, indicando padrões de comportamento que são considerados aceitáveis ou
não, o que marca a existência humana. A teologia feminista estuda como as relações entre os
sexos são constituídas perguntando, principalmente, pelo papel desempenhado pelas mulheres.
A teologia feminista assume a tarefa de criticar os valores predominantemente masculinos e
excludentes que se tomaram norma e formular perspectivas que fomentem uma visão de mundo,
de sociedade, de teologia, que seja inclusiva daquelas e daqueles que até agora estiveram na
periferia da formulação teórica e teológica.
A teologia feminista sempre parte da suspeita, de que o cristianismo tem mais a oferecer do que
aquilo que nos é dado, e que a religião também desempenha um papel de legitimação de normas
e padrões culturais passíveis de questionamentos.
A Bíblia, em especial, foi utilizada para dar legitimidade a sistemas injustos e perversos.
A teologia feminista surgiu como reacção às correntes teológicas existentes no século XX
apontando que estas dão uma contribuição importante visibilizam os pobres, oprimidos, negros e
marginalizados, mas nem sempre tomam em consideração as mulheres.
Portanto, o feminismo rejeita a chamada neutralidade académica, em que se acredita que pode
haver um distanciamento entre sujeito e objecto de estudo. O feminismo começa com a
particularidade das experiências das mulheres e, assim fazendo, questiona as formulações neutras
e universais, mas de cunho altamente androcêntrico.
Outra descrição das experiências das mulheres pode relacionar os problemas teológicos
resultantes dos conflitos com as Escrituras, tradição ou pronunciamentos eclesiásticos. Ou ela
pode enfatizar as limitadas oportunidades de educação, participação política, igualdade
económica, incluindo a discriminação, que ignora as capacidades das mulheres, a exclusão das
mulheres do poder de decisão, e a percepção das mulheres como cidadãs de segunda categoria.
Se a teoria feminista foi iniciada com uma análise das experiências das mulheres, é importante
constatar os grandes avanços, nos estudos de género, acerca da masculinidade. Há uma nova
tendência na pesquisa antropológica, teológica e social, na actualidade, que objectiva resgatar as
experiências dos homens a partir das interconexões de género, classe, raça, identidade sexual,
religião e idade.
A redefinição dos papéis sociais masculinos, engendrados pelos questionamentos lançados sobre
o papel social das mulheres, representa, na actualidade, um novo olhar sobre tema como
sexualidade, família, afectividade ou relações de trabalho, perguntando especificamente pelas
experiências dos homens. Esses estudos sobre masculinidade representam uma nova contribuição
à teologia feminina.
A teologia feminista defende que textos escritos jamais são meras especulações abstractas, mas
reflectem o ponto de vista de nossa tradição, cultura, raça, sexo e posição económica. Para esta
teologia, cada texto pode ser visto de certa forma como um gesto político e, mais
especificamente, como um gesto determinado por um complexo de pressupostos acerca das
relações entre homem-mulher.”
Há, na teologia feminista, uma variedade de propostas metodológicas. Em comum, tais
metodologias compartilham uma hermenêutica da suspeita, dentro de um método de
desconstrução e reconstrução, juntamente com o instrumental analítico das relações de género.
Sem dúvida, cada proposta tenta responder às necessidades do seu contexto e do seu tempo.