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Ministério do Trabalho
e da Solidariedade Social
Domínios Profissionais
Estudos já disponíveis nesta colecção:
Domínios Profissionais
Gestão
GESTÃO DE PESSOAS de Pessoas
IQF
Gestão de Pessoas em Portugal
ISBN 972-8619-77-4
E 15,00
Gestão de Pessoas
Tendências, Qualificações e Formação
Biblioteca Nacional - Catalogação na Fonte
Portugal. Instituto para a Qualidade na Formação
A Gestão de Pessoas em Portugal: tendências, qualificações e formação -
(Domínios Profissionais Transversais: 3)
ISBN 972-8619-77-4
CDU 005
331
377
658
FICHA TÉCNICA
Editor
Instituto para a Qualidade na Formação, I. P.
Autor
Instituto para a Qualidade na Formação, I. P.
Título
A Gestão de Pessoas em Portugal: tendências, qualificações e formação
Coordenação Técnica
Catarina Curado
Entidade Adjudicatária
Pedro Moreira Unipessoal, Lda
Coordenação de Professor Doutor Pedro Santos Moreira
Design
Ideias Virtuais
Produção Gráfica
????
Local de Edição
Lisboa
1ª Edição
Março 2006
ISBN
972-8619-77-4
Depósito Legal
????
Tiragem
2500 exemplares
Nota de Abertura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
Agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
Metodologia do Estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
Anexo I . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 256
Codificação das Profissões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 257
Anexo II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 260
Especificação dos Níveis de Conhecimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 261
Bibliografia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 264
Nota de Abertura
Num contexto de profundas mutações e crescente concorrência entre produ-
tos, mercados e pessoas, a capacidade de antecipar e de desenvolver deter-
minadas qualificações e competências torna-se crítica. Neste sentido, é funda-
mental a aplicação de metodologias de análise de informação que articulem
estudos sobre competitividade e estratégias empresariais com estudos sobre
emprego e recomposição profissional.
Pretende-se, deste modo, com este estudo, contribuir para a melhoria da qua-
lidade e da inovação do sistema de emprego e formação em Portugal, forne-
cendo informação estratégica a empresas, entidades de ensino e formação,
associações empresariais e sindicais, sobre as tendências de evolução das
profissões e necessidade de novas competências.
O Conselho Directivo
Agradecimentos
A Coordenação do estudo gostaria de realçar um profundo agradecimento a
toda a equipa que participou no desenvolvimento do mesmo, nomeadamente,
ao Prof. Doutor Albino Lopes e à Dra. Magnólia Santos pela sua colaboração
ao longo de todo trabalho e à Dra. Berta Montalvão, Dra. Filipa Patrício e
Dra. Marta Domingos pelos seus contributos focados em etapas específicas
do desenvolvimento do estudo. Uma referência ainda para as colaborações
da Dra. Célia Marques, Dr. David Silva e Dra. Mónica Ramos ao nível da
recolha de informação.
• à Sprituc, nas pessoas do Dr. Victor Cavaco, Dra. Susana Amaral e Dr.
Miguel Pires
7
Introdução
A transição da Sociedade Industrial para a Sociedade do Conhecimento veio
implicar uma ruptura de paradigma que coloca em causa a concepção acer-
ca do elemento humano enquanto um mero recurso táctico adaptável a uma
organização do trabalho previamente definida. A instabilidade dos mercados
e dos padrões de inovação tecnológica que caracterizam a Sociedade do
Conhecimento obrigam a uma mudança na concepção tradicional sobre o
papel do homem na organização, que passa a ser visto como o capital estra-
tégico e o actor fundamental para a reorganização do trabalho em ordem à
concretização de um projecto.
Em face do exposto, com o presente estudo pretende dar-se conta das novas
competências exigidas, bem como da reorientação da oferta formativa para
o domínio profissional, assumindo um compromisso entre uma perspectiva
meramente táctica, mas ainda dominante na realidade empresarial nacional,
e uma perspectiva estratégica, emergente e desejável para a transformação
da Gestão de Pessoas em Portugal.
9
Tendo em conta este propósito, efectuou-se uma delimitação do domínio pro-
fissional com base em duas realidades significativamente distintas: as empre-
sas prestadoras de serviços especializados em Gestão de Pessoas e as empre-
sas não especializadas (ex. bancos, seguradoras, fábricas, etc., que em boa
parte dos casos são clientes das primeiras).
10
Este referencial permanece ao longo do trabalho e surge estruturado em cinco
capítulos. Um primeiro capítulo em que se delimita o Domínio Profissional
Transversal da Gestão de Pessoas e a perspectiva da sua evolução. No segun-
do, através do inquérito e dos diversos estudos de caso realizados, procura
dar-se conta da realidade das empresas portuguesas, bem como identificar e
caracterizar clusters tanto para o espaço das empresas não especializadas
como para o das especializadas. O terceiro capítulo ilustra a evolução do
emprego e das competências que permitem conceptualizar perfis profissionais
de banda larga transversais ao domínio. No quarto capítulo analisa-se a ofer-
ta formativa para o domínio da Gestão de Pessoas dando-se testemunho das
práticas formativas nas empresas nacionais. No último capítulo, efectua-se um
balanço sobre a “explosão” do domínio profissional, a evolução dos empre-
gos e das competências, lançando-se pistas reorientadoras da oferta formati-
va devidamente contextualizadas pelo novo paradigma da Gestão de
Pessoas. No final do estudo são apresentados os perfis profissionais construí-
dos para o domínio da Gestão de Pessoas e os respectivos núcleos de com-
petências.
11
Metodologia do Estudo
Compreender a estrutura do domínio da Gestão de Pessoas, identificar as
suas principais tendências de evolução, delinear a evolução das suas profis-
sões, construir um referencial de perfis profissionais e apontar pistas de orien-
tação para a oferta formativa, são os principais objectivos que se pretendem
cumprir com o estudo do domínio profissional da Gestão de Pessoas.
1
Da amostra foram excluídas as seguintes subsecções da CAE: Fabricação de Coque, Produtos Petrolíferos, Refinados
e Combustível Nuclear; Administração Pública, Defesa e Segurança Social Obrigatória; Famílias com Empregados
Domésticos; e, ainda, Organismos Internacionais e Outras Instituições Extra-Territoriais. Esta opção prende-se com o
facto de as respectivas características não se coadunarem com a lógica subjacente ao presente estudo.
13
de formação (quem são, onde se localizam, qual a oferta que disponibili-
zam,...). Para terminar, identificam-se possíveis pistas de reorientação da ofer-
ta de formação, apresentando-se, igualmente, as respectivas necessidades
de formação.
14
A metodologia deste estudo pode ser representada pelo seguinte esquema:
• delimitação do domínio profissional; • caracterização global das empresas • análise da estrutura profissional do • levantamento e caracterização da
•identificação das áreas de intervenção face ao domínio da Gestão de Pessoas; domínio; oferta formativa;
associadas ao domínio; • identificação e caracterização dos • evolução dos empregos e principais • identificação de necessidades de
•análise das especificidades ao nível da clusters para as empresas não transformações em curso; formação e de pistas de reorientação
especializadas e especializadas; da oferta formativa.
15
organização e relações intra e inter • construção dos perfis profissionais
domínio profissional; • identificação e análise de estudos de estratégicos para a Gestão de Pessoas.
• identificação das tendências de caso.
evolução do domínio.
• pesquisa bibliográfica; • inquérito bi-etápico; • inquérito bi-etápico; • bases de dados da oferta formativa;
• entrevistas com entidades e • estudos de caso. • estudos de caso; • inquérito bi-etápico;
interlocutores privilegiados; • entrevistas com entidades e • estudos de caso;
• estudos de caso; interlocutores privilegiados; • entrevistas com entidades e
• inquérito bi-etápico. • repertórios profissionais (nacionais e interlocutores privilegiados.
internacionais).
Fontes de Informação
Fontes de Informação
Especificidades Metodológicas do Estudo do Domínio da Gestão de
Pessoas
No seguimento da explicitação da metodologia que serviu de base ao estu-
do do domínio da Gestão de Pessoas, torna-se relevante aprofundar alguns
pormenores de natureza metodológica que atravessam algumas partes espe-
cíficas do estudo e que, pela sua relevância, merecem especial atenção.
Assim, uma das grandes mais-valias deste estudo prendeu-se com a realização
de um inquérito bi-etápico. Dando continuidade aos objectivos deste estudo,
esta metodologia visou analisar o domínio da Gestão de Pessoas nos vários
sectores da actividade económica, procurando identificar características
comuns e transferíveis, mas também identificar clusters de empresas que com-
portem especificidades.
16
Dificuldades sentidas durante o processo de inquirição:
• contactar em 1ª instância o(s) interlocutor(es) alvo(s) do estudo, o que
originou excesso de tentativas de contacto;
• aplicabilidade inicial dos questionários, nomeadamente em algumas
questões que se reportavam à caracterização das empresas (CAE, ano
de inicio da actividade, nº de pessoas ao serviço, volume de negó-
cios,...), informação que, nem sempre, o interlocutor tinha disponível.
Esta técnica de recolha de informação no terreno estruturou-se em duas fases: A taxa de resposta na 1ª fase de
inquirição foi de 30,9%. Este facto
• A 1ª fase de inquirição contemplou a aplicação de um questionário a quer dizer que as 10034 empresas
que colaboraram neste processo de
uma amostra representativa de empresas da generalidade dos sectores de
inquirição, mostraram-se globalmen-
actividade económica, com o objectivo de caracterizar, de forma breve a te receptivas para participarem na
empresa e o domínio da Gestão de Pessoas, mas, também, de despistar a 2ª fase de inquirição. Das restantes
empresas:
forma de existência deste domínio profissional nas organizações, com o
• 48,9% recusaram a sua participa-
objectivo último de classificar estas empresas como especializadas (presta- ção alegando falta de tempo, dis-
doras de serviços no domínio) ou não especializadas (integram o domínio ponibilidade e interesse no
17
regiões, mantendo-se o peso relativo de cada região face ao total de
empresas existentes.
Para a construção desta amostra obteve-se um intervalo de confiança de
95%, com uma margem de erro de aproximadamente 0,95%.
18
Neste estudo utilizou-se a análise de clusters hierárquica, depois de efec-
tuada a estandartização das variáveis seleccionadas (redução de todas
as variáveis à mesma medida de análise) e respectiva transformação em
variáveis dicotómicas.
O método utilizado foi o Between-Groups Linkage e, devido ao tipo de
estandartização seleccionado e respectiva natureza das variáveis (binárias),
a medida correspondente foi a Square Euclidean Distance.
Tendo em vista a validação das análises de clusters, foram efectuadas aná-
lises de regressão linear múltipla. Esta análise caracteriza-se por explicitar a
distribuição de uma variável (variável dependente), utilizando a distribuição
de um conjunto de variáveis (variáveis independentes) para esse efeito.
O método de regressão utilizado foi o “ENTER”. Trata-se do método usado
por defeito pelo SPSS, sendo aquele que genericamente apresenta melho-
res resultados.
Relativamente aos “Missing Values” o método de resolução usado foi o
“LISTWISE” que faz com que todos os casos existentes sejam usados na
análise.
Através das técnicas de estatística descritiva e multivariada, foi possível O processo de extrapolação teve
como base uma ponderação efec-
caracterizar o comportamento das empresas relativamente a diversos vec-
tuada num universo de 94 316
tores de desenvolvimento da Gestão de Pessoas, consubstanciados em empresas distribuídas pelas cinco
dados estatísticos possíveis de extrapolar para o universo das empresas regiões em estudo (Norte, Centro,
No entanto, relativamente à construção de clusters para o domínio da Gestão (Classificação das Actividades
Económicas).
de Pessoas, criaram-se grupos de empresas (especializadas e não especializa-
das) com padrões de comportamento similares no domínio profissional em
questão, face a um conjunto de variáveis seleccionadas.
19
mente, 45 entrevistas a titulares de empregos associados ao domínio
da Gestão de Pessoas.
20
• banda larga, agregando empregos com actividades próximas e compe-
tências idênticas;
• MCTES (Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior), que abarca Variáveis de análise para a carac-
terização da oferta formativa:
a oferta de formação para o Ensino Superior (licenciaturas, pós-gradua-
• tipo de entidade formadora;
ções, mestrados e doutoramentos), disponível nas instituições de Ensino • NUT;
Público Universitário, Ensino Público Politécnico, Ensino Particular e • tipo de formação;
• nível de qualificação de saída.
Cooperativo Universitário, Ensino Particular e Cooperativo – outros estabe-
lecimentos e da Universidade Católica Portuguesa.
21
Capítulo I
Um Retrato Global da
Gestão de Pessoas
1. Delimitação do Domínio Profissional Transversal da
«Gestão de Pessoas»
23
Forma deve acompanhar a explosão do Conteúdo, e por isso, este estu-
do designa-se por Domínio Profissional Transversal da «Gestão de
Pessoas». Aliás, é já nesta linha que o recente modelo de excelência
europeu, protagonizado pela European Foudation for Quality
Management manda distinguir a Gestão dos Recursos Humanos, Técnicos
e Financeiros (próprios ou em parceria) da «Gestão de Pessoas». Outro
exemplo, ainda mais recente, emana da evolução do normativo para a
Qualidade, na medida em que a adesão às ISO 9000, na sua versão de
2000, utiliza a designação «Gestão de Pessoas», enquanto que as ISO
anteriores datadas de 1995 ainda se orientavam pela terminologia dos
«Recursos Humanos».
ESTRATÉGIA
Enriquecimento
Gestão de
Pessoas
Alargamento
DA PARTE AO TODO
Alargamento
Enriquecimento
Gestão de
Recursos
Humanos
TÁCTICA
24
outro. Note-se que esta dinâmica não é pacífica de gerir na medida em que
as dimensões estratégicas resultantes do conceito de Gestão de Pessoas ten-
dem a entrar em contradição permanente com as práticas tácticas que Gestão
de Recursos Humanos encerra.
25
Em síntese, no lançamento deste estudo, consideramos não estar perante uma
simples evolução do domínio profissional mas de uma verdadeira explosão
do seu espectro, até porque a «Gestão de Recursos Humanos» e a «Gestão
de Pessoas» assentam em diferentes paradigmas, que actualmente vão funcio-
nando em sentido oposto. De facto, enquanto a primeira surge da noção
Positivista, traduzida na soma de meios/recursos/esforços especializados, a
noção actual, derivada da Sociologia do Poder e da Abordagem Estratégica,
baseia-se no sujeito, ou seja, na interacção sistémica entre indivíduos. É o todo
na sua complexidade que conta e não a soma das partes. As trajectórias cru-
zam-se na medida em que a primeira se apresenta em franco declínio,
enquanto a actual se afirma pelo alargamento e enriquecimento das suas
áreas de intervenção, como já fizemos referência.
Custo Investimento
26
realidade em declínio, quando temos da investigação uma perspectiva não
seguidista, mas catalizadora da mudança.
27
• No espaço das empresas não especializadas, o domínio profissional posi-
ciona-se, em termos de cadeia de valor, enquanto actividade de suporte às
actividades primárias da empresa, subordinando-se nesse contexto ao tradi-
cional «modo de governação hierárquico» que se consubstancia na relação
entre o superior e o subordinado (p.e: o departamento de Recursos
Humanos de um Banco).
28
Esta nova realidade, tal como a anterior, permite ainda uma definição mais
exacta dos contornos do conceito do Domínio Profissional Transversal, de
acordo com os seguintes critérios (Figura 3):
• o Modo de Governação;
• a Cadeia de Valor.
Critérios:
• Designação Gestão de Recursos Humanos Gestão de Recursos Humanos
Hirerquia Mercado
• Modo de Actividade Secundária Actividade Primária
Governação
• Cadeia de Valor
H = Recurso TÁCTICA H = Recurso
29
parceria estável, socialmente densa e de longo prazo. A figura seguinte ajuda-
nos a comparar sinteticamente os três modos de governação citados:
Exploração em comum
Fluxos de Recursos Troca pontual Troca contínua
de recursos
Confinado aos termos Para além dos termos de Para além dos termos de
Fluxos de Informação
de troca troca troca
30
Eixo Dialógico
O primeiro eixo é dialógico por que nos dá conta da contradição entre os
seus extremos. Isto significa que se assume que existe, entre as extremidades,
pontos de vista diferenciados que potencialmente são geradores de conflito,
obrigando por essa via à promoção de uma dinâmica permanente de diálo-
go por parte da gestão do domínio profissional em causa.
Deste modo, cabe à «gestão do elemento humano» fazer com que a satisfa-
ção das necessidades da organização permita a satisfação das necessidades
de cada indivíduo, estejam eles implicados com a organização em si ou com
o trabalho a desenvolver. Este alinhamento não é fácil de obter, apesar dos
vários instrumentos de que a «gestão do elemento humano» se pode suportar
para o efectivar. Por outro lado, há também que ter em conta que o alinha-
mento não implica apenas o equilíbrio interno dos interesses dos actores orga-
nizacionais, mas também que esse equilíbrio esteja ajustado aos condiciona-
lismos impostos pela envolvente externa.
Eixo Estrutural
No segundo eixo emergem as questões da «estrutura» da organização (dife-
renciação) e da «coordenação» das relações entre os actores (integração):
31
unidade actuar só por si, ou seja, cada unidade tende a reagir de forma
autónoma como se só ela existisse e não como parte integrante de um todo.
Neste sentido, a diferenciação interna tende para o caos e por isso induz a
necessidade de integração das diferentes unidades do sistema organizacional
ou, por outras palavras, da ordem organizacional.
INDIVÍDUO
Potencialidades que os dois eixos nos fornecem
(Implicação
no trabalho) Construção de um modelo de abordagem para o Domínio
Transversal dos «Recursos Humanos», sob duas perspectivas:
EIXO DIALÓGICO
INTEGRAÇÃO DIFERENCIAÇÃO
do trabalho EIXO ESTRUTURAL do trabalho
32
Antes de terminar este ponto não poderíamos deixar de explicitar que o Eixo
Dialógico corresponde ao eixo das Pessoas e das suas Expectativas
enquanto o Eixo Estrutural corresponde ao eixo das Funções ou do
Trabalho. Assim sendo, a análise lógica ou cronológica do Domínio
Profissional Transversal dos «Recursos Humanos» efectua-se por meio do cru-
zamento entre os dois.
2
A numeração apresentada reporta-se à figura 6.
33
• A análise e descrição de funções visava elencar todas as tarefas reque-
ridas para a execução de um posto de trabalho, para que uma vez o traba-
lho desempenhado se possa proceder à sua avaliação (4).
Tradicionalmente, a primeira área de intervenção estava sob a alçada de
um departamento exterior à Gestão de Recursos Humanos (ex. departamen-
to de organização e métodos no quadro da direcção de produção) e por
isso mais próxima do processo de definição de postos de trabalho (2). De
todo o modo, quer a análise e descrição de funções quer a avaliação de
desempenho visavam retirar a autonomia ao sujeito. Isto permitia a cada
superior hierárquico não confiar margem de manobra ao subordinado para
decidir «o que fazer» ou «como fazer». A finalidade destas práticas era
assim procurar manter os executantes em contexto de heteronomia.
34
coerência entre as práticas de Gestão de Recursos Humanos, a comunica-
ção em sentido vertical tem mais dificuldade em ligar as suas finalidades, e
irá acabar por se mostrar incapaz de responder às necessidades superiores
de comunicação que a transição para a Sociedade do Conhecimento
impõe às organizações.
INTEGRAÇÃO DIFERENCIAÇÃO
do trabalho do trabalho
EIXO ESTRUTURAL
35
actuava a partir dos postos de trabalho previamente definidos, nomeadamen-
te avaliando o desempenho da pessoa face ao descritivo de funções, recru-
tando em termos de qualificações pré-estabelecidas, formando a pessoa para
o posto de trabalho previsto e remunerando de acordo com uma tabela nego-
ciada pelos sindicatos com a entidade contratante. Este modelo foi durante
muito tempo considerado como internamente coerente e externamente ade-
quado ao meio.
É através dos contributos dos indivíduos e das equipas que se geram os conhe-
cimentos, que originam competências traduzíveis em acções concretas. Esta é
igualmente a prática que melhor permite aos homens exercerem uma activida-
de profissional em coerência com a sua própria natureza. Assim se alarga e
enriquece o domínio profissional em estudo, através da emergência de três
novas áreas de intervenção estratégica e a renovação de quatro áreas
de intervenção táctica, tal como se evidencia no esquema seguinte.
36
Figura 7 - A Gestão de Pessoas – As Dimensões Estratégica e Táctica da Gestão de
Pessoas
Remunerar Formar
COLECTIVO
(Implicação na COESÃO SOCIAL Comunicação APREDIZAGEM
organização) (7) Transversal (3) ORGANIZACIONAL (6)
INTEGRAÇÃO DIFERENCIAÇÃO
do trabalho do trabalho
EIXO ESTRUTURAL
A noção de projecto de empresa3 (1) é o núcleo gerador do sistema organi- O modelo dá-nos conta das rela-
ções de proximidade e de conflito
zacional e, consequentemente, da filosofia da Gestão de Pessoas. Toda a
entre as diversas práticas que decor-
organização tem um projecto, um projecto de empresa, ou um projecto de rem dos quadrantes definidos pelos
organização cuja gestão constitui a tarefa fundamental da liderança. Este pro- eixos descritos. A Comunicação é
jecto deriva da missão, ou mais propriamente, da visão do líder. apresentada neste modelo como
uma dimensão transversal e de
A introdução da noção de projecto leva a uma redefinição dos postos e à domínio estratégico.
3
A numeração apresentada reporta-se à figura 7.
37
formá-las, remunerá-las e comunicar com elas pela via descendente através
da hierarquia instituída. Aos trabalhadores executantes competia interiori-
zar a mensagem que lhes era transmitida e limitavam-se a traduzi-la na prá-
tica operativa.
38
Transversalmente a todas as dimensões do modelo, a comunicação (3) trans-
forma-se no factor crítico do trabalho, na medida em que, sem uma capacida-
de de comunicação, há lacunas na organização, o serviço não funciona,
perde-se ou desvirtua-se. E esta comunicação depende directamente de com-
petências de aquisição problemática, mas que facilmente se degradam.
Significa isto que, a todo o momento, a organização se pode ver confrontada
com crises de comunicação e crises de diálogo paralisadoras da evolução
desejável.
39
Figura 8 - Relações Intra e Interdomínio Profissional
ESTRATÉGIA
H = Capital H = Capital
Empresa Não Especializada
Rede TODA A EMPRESA ENTRE A EMPRESA
Actividade Primária Lógica de Integração E A ENVOLVENTE
Lógica de Integração
INTRADOMÍNIO INTERDOMÍNIO
UM DEPARTAMENTO ENTRE DEPARTAMENTOS
Empresa Não Especializada Toda a Dimensão Táctica do Modelo
Hierarquia Lógica de Integração
Lógica de Integração
Actividade Secundária
H = Recurso/Input H = Recurso/Input
TÁCTICA
40
Um Input
A visão do «recurso humano» integra-se na concepção tradicional de organi-
zação, encarada enquanto uma entidade que, basicamente:
Inputs Outputs
Pagamento
Fonecedores Fisicos
Instituições
Financeiras Juros, Dividendos
Financeiros ORGANIZAÇÃO Bens e Serviços Clientes
Accionistas, Salários
Sócios Recebimento
Mercado Humanos
de Trabalho
Pode concluir-se, deste modo, que cada uma das entidades que integra a
envolvente transaccional tem algum interesse na existência da organização,
41
caso contrário, não existia interesse mútuo na troca e ela não se concretiza-
ria”. (Moreira, 2002, p. 12)
42
negocial a finalidade de minimizar situações de dependência, face ao mercado
de trabalho e face aos sindicatos, de modo a não colocar em perigo o normal
funcionamento da organização. Note-se que a gestão dos «Recursos Humanos»,
neste contexto meramente táctico, era marcadamente colectivista.
43
especializadas. As diferenças estabelecem-se ao nível dos critérios da «cadeia
de valor» e do «modo de governação» e estão ligadas à própria evolução da
gestão empresarial.
44
Um «Capital»
A concepção tradicional de «recursos humanos» perde todo o seu sentido quan-
do a actividade fundamental das organizações passa a ser transformar informa-
ção em conhecimento. E essa tarefa, por muita inovação tecnológica que possa
existir, estará sempre apenas ao alcance do capital humano, daí o seu teor abso-
lutamente estratégico e a emergência do conceito de «Gestão de Pessoas».
45
Apesar das finalidades, dos interlocutores externos e dos horizontes temporais
com que operam os Departamentos de Gestão Táctica serem distintos dos da
Direcção Geral Estratégica, ambos têm de articular em rede interna, “de modo
a reduzir a incerteza do mercado e garantir a eficiência produtiva.” (Moreira,
2002, p. 14)
46
Durante a Sociedade Industrial as empresas lidavam com uma envolvente
estável e previsível, que permitia à economia integrar-se pela oferta, uma vez
que os clientes tinham pouco poder e não exigiam qualquer diferenciação no
produto. O ambiente tecnológico assentava na transformação da matéria e
caracterizava-se também pela estabilidade, uma vez que o padrão de inova-
ção era sequencial e de ciclo de vida longo. O factor humano gozava de um
carácter meramente instrumental e a produção era realizada em massa. Neste
tempo, as vantagens determinantes da economia de escala tornavam o mapa
da Sociedade Industrial dominado por grandes organizações, fortemente hie-
rarquizadas.
Perto do fim dos «trinta anos gloriosos» (meados da década de setenta) assis-
tia-se, entre outros, às seguintes dinâmicas de mudança:
47
• Forte terciarização da economia (nomeadamente, porque a procura de
bens intangíveis e o papel do Estado na economia havia disparado).
48
feiçoamento dos sistemas e tecnologias, a influência que a organização exer-
ce sobre o meio, a sua capacidade de adaptação às mudanças operadas nos
ambientes em que se encontram integradas e, no fundo, condicionam o seu
potencial de evolução no futuro.
Assim sendo, é cada vez mais a «massa cinzenta» de cada empresa que lhe
permite permanecer activa e sustentável a longo prazo no mercado. A consen-
sualidade desta afirmação subsiste porém com grandes dificuldades ao nível
da sua mensuração, contabilização e gestão.
49
Figura 10 - Da Economia Industrial à Economia do Conhecimento
Mercados Tecnologias
A Norma Portuguesa (NP 4427: Deste modo, a lógica taylorista é invertida, reconhecendo-se desta feita ao
2004 – “Sistemas de gestão de
elemento humano o papel determinante para a competitividade, uma vez que
recursos humanos – Requisitos”, ela-
borada pela Comissão Técnica
dele depende a potencialização dos demais recursos, tais como o equipamen-
Portuguesa de Normalização CT to, a informação, a organização, as infra-estruturas, os recursos naturais, etc.
152 “Recursos Humanos”) procura Competir com as pessoas e suas competências parece ser a resposta da ges-
especificar os requisitos de um siste-
ma de Gestão de Recursos Huma-
tão do factor humano à ineficácia do modelo taylorista em gerir a crescente
nos, que abranja todos os níveis hie- complexidade da mudança. Em nome da flexibilidade e da qualidade, reor-
rárquicos e áreas de actividade de ganiza-se o trabalho com o pressuposto de que o nível a que os indivíduos e
uma organização, como veículo de
organizações aprendem pode tornar-se a única vantagem competitiva susten-
melhoria contínua, ao serviço da efi-
cácia e da eficiência desta. tável no longo prazo.
50
A «Gestão de Recursos Humanos», tradicionalmente centrada na adaptação
do indivíduo ao posto de trabalho, desliga-se da sua visão instrumental do
elemento humano e evolui para um conceito de «Gestão de Pessoas» centra-
do no indivíduo dotado de autonomia, de competências e gerido num espa-
ço de coesão social e de aprendizagem organizacional. A nova visão enten-
de o «Homem» como o principal actor, o verdadeiro activo ou, por outras
palavras, o elemento substantivo e distintivo de qualquer organização (Figura
11). Em consequência da mudança da envolvente externa e da ruptura de
paradigma ao nível da organização do trabalho, assiste-se a uma verdadeira
explosão no domínio profissional objecto de estudo, nomeadamente ao nível
da sua concepção tradicional e dominante, designada de «Gestão de
Recursos Humanos».
51
Conhecimento o elemento humano da organização não funcionará apenas
como suporte ao negócio, mas sobretudo como o próprio negócio em si.
52
Figura 12 - Da Gestão de Recursos Humanos à Gestão de Pessoas
EXPLOSÃO
DOMÍNIO PROFISSIONAL
TRANSVERSAL
Alargamento e Enriquecimento
Da GRH À GESTÃO
DE PESSOAS
4
A numeração apresentada reporta-se à figura 7.
53
Esta noção de projecto implica que todos os actores de uma organização pos-
suam uma visão partilhada e evolutiva para poderem dar-se conta das trans-
formações do meio envolvente, reagindo prontamente, ou, melhor, antecipan-
do-se a elas.
• Visão/Missão da Organização.
• Liderança versus Gestão, devendo esta ser partilhada com os outros níveis
da organização.
54
mas sim na capacidade de fazer emergir as competências do colectivo.
Hoje são citados casos de grande sucesso em que o líder se posiciona
através de uma postura de escuta activa, em que afirma a sua ausência
de soluções face a alguns problemas da empresa, convidando à partici-
pação dos colaboradores, com o objectivo de fomentar o seu envolvimen-
to. Trata-se de um líder que ousa confiar nas pessoas. É com este estilo de
liderança que as noções como «Projecto» e «Equipa de Trabalho» ga-
nham sentido.
Liderar é não gerir. O líder não gere a organização. Pelo contrário, vai
pedir a cada elemento, a cada unidade que faça a gestão adequada. A
liderança concentra-se, fundamentalmente, na partilha da visão. Da metá-
fora piramidal, quer dizer, do líder dominante passa-se à metáfora do cír-
culo. O líder não é quem está no topo da organização. O líder é quem
está no centro da organização, não para ser servido, mas para servir a
organização.
55
A Organização do Trabalho (2)
A organização do trabalho «sente», actualmente, necessidade de se reformu-
lar completamente e continuamente em função das novas tecnologias de infor-
mação e comunicação e das novas lógicas territoriais dos mercados.
56
Os postos de trabalho deixam de ser definidos de maneira compartimenta-
da e parcelarizada estando cada vez mais condicionados àquilo que as pes-
soas são, isto é, ao «capital humano». Os seguintes itens constituem as princi-
pais linhas de evolução da organização do trabalho:
• redistribuição do poder.
Comunicação (3)
A gestão das organizações na Sociedade do Conhecimento parece ainda ins-
pirar-se em duas forças actuando em simultâneo e em sentido contrário: a lide-
rança do projecto (a que já fizemos referência), como força interior que atra-
vessa toda a organização do trabalho e a comunicação com o cliente que
comanda, a partir do meio envolvente, a mesma organização.
57
De facto, a característica fundamental da produção traduz-se hoje em dia na
integração pela procura, a qual coloca no centro da actividade produtiva a ges-
tão da comunicação. É necessário não só ir atrás das necessidades do cliente,
quando estas são manifestas, como antecipá-las.
58
Sem esta pressão da voz do cliente ou do cidadão, no caso das organizações
públicas, a cultura da qualidade não poderá emergir como motor da moder-
nização organizacional.
59
Para uma renovação das práticas de «Avaliação» (4)
A interacção entre trabalho e tecnologia está a abolir as fronteiras entre o
indivíduo e o instrumento de trabalho, implicando nomeadamente a transfor-
mação das relações de subordinação. As linhas de transformação deste eixo
da transformação do trabalho são as seguintes:
• autonomia do subordinado;
• responsabilidade;
• intrapreneurship;
• implicação.
60
Surge, portanto, esta necessidade de apostar no indivíduo. A retórica da
aposta no factor humano parece estar perfeitamente interiorizada. Porém, a
prática parece continuar a estar centrada na tecnologia da informação e não
tanto na economia do conhecimento. Quando se pretende construir os susten-
táculos da Sociedade do Conhecimento, não se pode ignorar que eles impli-
cam a interacção permanente entre o homem e a tecnologia e a abolição das
fronteiras no interior do binómio aqui considerado.
O colaborador perdeu o direito à passividade, aquele que faz o que lhe man-
dam, para se tornar alguém que tem que desenvolver e assumir a sua própria
autonomia. Contudo, esta só é alcançável através de um trabalho de forma-
ção de dirigentes no sentido da redução do poder das chefias como facilita-
dor da autonomia e responsabilidade dos subordinados. Este processo está
directamente associado ao conceito de intrapreneurship – o desenvolvimento
do empreendedorismo interno, que pode partir de uma multiplicidade de ini-
ciativas geradoras de valor acrescentado para a organização, nomeadamen-
te: criação de novos procedimentos a partir dos existentes, desperdiçar menos
energia ou papel, resolver mais rapidamente os problemas dos utentes, ter
uma postura pró-activa.
61
Por outro lado, a passagem das relações assimétricas às relações simétricas e
negociadas significa que o trabalhador pode saber muitíssimo mais que a sua
própria hierarquia e que, por isso, é necessário estabelecer, na organização,
relações de negociação ou de diálogo. Os trabalhadores são encorajados a
tomar iniciativa e a assumir riscos. A implicação vai depender fundamental-
mente desta relação homem/tecnologia, muito mais do que de aspectos como
o salário ou outras dimensões da motivação tantas vezes invocados.
• empregabilidade;
62
Bartlett e Goshal (1987) apontam para a necessidade de descentralizar, de
transformar a empresa em pequenas unidades e atribuir a cada unidade a
liberdade e os recursos para definir os meios para alcançar os objectivos. É o
modelo fundamental para assegurar a criação de conhecimento e de compe-
tências.
Por outro lado, cada vez mais o indivíduo se questiona sobre o seu objectivo
relativamente ao emprego – relação de satisfação imediata ou procura de
evolução e qualificação? Trata-se de uma linguagem nova em que a procura
de novas situações qualificantes remete para o nomadismo de carreiras,
podendo pôr em causa a relação com a empresa. No sentido de obviar esta
tensão contraditória (procura de novas situações qualificantes/estabilidade
63
da relação com a empresa), a gestão das organizações que procuram a
modernização e a inovação organizacional passa pela criação simultânea de
condições de nomadismo interno e de fidelidade.
64
A tradição que ainda hoje impera é a de um posto de trabalho, um indivíduo.
Mas está a mudar. Porém, assiste-se já a uma reorganização completa da
noção de trabalho, que passa da responsabilidade individual para a respon-
sabilidade da equipa.
• aprendizagem organizacional;
65
Fazer com que as pessoas tenham, na aprendizagem, o grande instrumento
de defesa da sua dignidade e da sua condição de trabalhador constitui um
dos grandes desafios que se tem colocado na senda do desenvolvimento
organizacional nestes últimos anos.
Hoje não basta ter um curso, ter uma qualificação, para ter uma garantia de
trabalho. É necessário que na formação inicial se aprenda a aprender cons-
tantemente. E aqueles que tiveram uma formação que não os levou a apren-
der deverão ter a possibilidade de se dotarem dessa ferramenta da aprendi-
zagem ao longo da vida, de forma a que não se dissociem da evolução com
a qual estão confrontados.
Pensa-se que as pessoas têm que aprender a partir da permuta do que sabem
fazer melhor, em que cada indivíduo se transforma numa espécie de autor, de
alguém que reflecte, alguém que seja simultaneamente um prático, mas tam-
bém um teórico da sua prática. Ser capaz de apresentar aos restantes a sua
prática reflexiva e fazer com que os outros aprendam consigo e cada um com
todos é o desejo da aprendizagem organizacional.
66
A aprendizagem deverá, ainda, ser repensada num contexto interorganizacio-
nal. É preciso incentivar esta cooperação interorganizacional e desenvolver a
ideia de inteligência colectiva, pois as soluções inovadoras nascem da interac-
ção entre organizações do mesmo ramo e entre as que funcionam em sistema
de complementaridade com clientes ou fornecedores.
67
Capítulo II
Gestão de Pessoas:
a realidade das
empresas portuguesas
1. Caracterização Genérica da Gestão de Pessoas no
Contexto Empresarial
Esta primeira secção decorre do processo de recolha de dados quantitativos,
realizado em dois momentos de inquirição distintos, levado a cabo junto de
empresas do domínio profissional da Gestão de Pessoas, em Portugal, sendo
que o seu principal objectivo é o de efectuar um enquadramento genérico do
domínio em estudo.
69
Quadro 1 - Empresas Inquiridas por Sector de Actividade Económica
Primário 2,0%
Secundário 42,6%
Terciário 55,4%
Total 100,0%
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
Um dos factores presentes na selecção das empresas para este estudo foi a
sua dimensão, em termos de número de trabalhadores, isto é, a amostra de
empresas a inquirir foi determinada a partir de um universo que incluía cinco
ou mais trabalhadores.
Para uma melhor interpretação dos dados, optou-se por classificar a dimensão
das empresas de acordo com os seguintes escalões, referentes ao número de
trabalhadores existente nas empresas:
de 5 a 19 45,1%
de 20 a 49 29,1%
de 50 a 199 20,2%
Total 100%
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
5
Na miríade de Serviços, destacam-se os de Construção com 10,8%.
70
Destaque-se apenas que no escalão que abrange mais registos (45,1%), é
possível ainda reparti-lo em subescalões com percentagens significativas, em
que se inclui parte das micro-empresas (de 5 a 9 trabalhadores) com 22% e
o subescalão que abrange as muito pequenas empresas (de 10 a 19 traba-
lhadores) com 23,1%. Note-se ainda que nos segmentos até 50 trabalhado-
res se encontram quase três quartos das empresas inquiridas, o que espelha a
realidade nacional ao nível do seu tecido empresarial.
4,0%
26,9%
68,5%
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
71
Consideremos o gráfico seguinte:
45% 42,6%
9% 6,2%
4,1%
0%
Até ao 6º ano 9º ano 12º ano Superior
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
A partir dos dados expostos podemos concluir que nas empresas onde o
modelo de gestão é o familiar, o nível de habilitações predominante é baixo,
isto é, até ao 6º ano, em oposição ao que sucede ao nível de habilitações
mais elevado (licenciatura ou pós-graduação), onde o modelo de gestão pro-
fissionalizado é, claramente, o mais observado.
Assim, podemos concluir que existe uma relação muito próxima entre o modelo
de gestão adoptado pelas empresas e o nível de habilitações dos seus colabo-
radores. Este dado é particularmente evidente no modelo de gestão familiar, em
que a habilitação mais frequente ocorre regularmente desde o escalão mínimo
(inferior ao 6º ano) até ao escalão máximo (habilitação superior).
72
nacional, que continua a ser dominado por empresas do sector terciário, de
reduzida dimensão, de base familiar e com estruturas organizacionais simples,
suportadas em poucos níveis hierárquicos e na baixa qualificação.
68%
18%
8%
2% 1% 3%
1 2 3 4 5 >=6
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
73
Do ponto de vista dos empregos mais frequentes destacam-se duas figuras pro-
fissionais – o(a) Director(a) de Recursos Humanos e o(a) Gerente - que são
assinaladas em mais de 20% das empresas inquiridas, enquanto figuras per-
tencentes ao domínio profissional da Gestão de Pessoas. Para além destas,
apenas relevam as profissões de carácter administrativo tais como: o(a)
Gestor(a) Administrativo(a) de Pessoal; o(a) Administrativo(a) Geral de
Recursos Humanos; e o(a) Escriturário(a). Face aos baixos valores encontra-
dos para a generalidade dos empregos assinalados, não podemos deixar de
concluir que o domínio profissional assume um certo pendor para o emprego
administrativo. Consideremos então o gráfico seguinte:
25%
22%
21%
20%
15%
10%
7%
5%
5% 4%
0%
Director(a) de R.H. Gerente Escriturário(a) Administrativo(a) Gestor(a) Admin.
(Geral) de R.H. Pessoal
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
74
• as habilitações mais frequentes;
42% 40,2%
33,4% 33,4%
28,7%
26,5%
28%
16,7%
14%
9,7%
8,1%
0%
Até ao 6º ano 9º ano 12º ano Superior
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
75
É interessante observar que a frequência vai decrescendo à medida que se
avança na idade.
60%
50,5%
45%
34,5%
30%
15% 11,2%
2,0%
0%
19-35 36-45 46-59 >= 60
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
76
Foi verificado que, das actividades exercidas em regime de prestação de serviços
externos nas empresas não especializadas, cerca de 25,9% do total das empre-
sas recorre a serviços de empresas especializadas no domínio profissional.
80%
61,4%
60%
39,8%
40%
22,9% 23,5%
20% 15,7%
12,0% 9,0% 8,4% 8,4%
7,8% 7,8% 7,8%
0%
a) b) c) d) e) f) g) h) i) j) k) l)
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
77
A comprovar esta interpretação, verifique-se que as actividades de carácter
táctico inventariadas entre as alíneas a) e f) apresentam valores acima dos
10%8, enquanto os serviços de alcance estratégico elencados entre as alíneas
de h) a l), em situação alguma conseguem ultrapassar esta cifra.
QUADRO-SÍNTESE
i) EMPRESAS INQUIRIDAS
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
78
1.2. Empresas Especializadas (Espaço Interempresa)
Neste ponto apresentam-se as características gerais do sector das empresas
especializadas na prestação de serviços no âmbito do domínio profissional da
«Gestão de Pessoas», de acordo com os seguintes pontos de reflexão:
8
Apenas se verifica uma excepção na actividade Análise e Descrição de Funções que, sendo tradicional, é subcon-
tratada em 7,8% dos casos inquiridos, o que se justifica pelo seu quase total desuso, que surge ainda mais acentuado,
num contexto nacional dominado pela pequena dimensão.
9
A procura potencial pode ainda compreender o Estado, outras empresas especializadas no domínio da Gestão de
Pessoas e, ainda, empresas sedeadas fora do País.
Nota: Percentagens de resposta à questão: “Algumas das actividades afectas à Gestão de Pessoas são exercidas em
regime de prestação de serviços externos?”.
79
Gráfico 8 - Contratação de Serviços Especializados no Domínio (empresas não
especializadas)
100%
80% Não
60% 74,1% Sim
40%
20%
25,9%
0%
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
10
Corresponde ao valor médio de entre a totalidade dos tipos de serviços disponibilizados pelas empresas especializadas.
80
de ser passageira e, nessa medida, menos exigente do ponto de vista da con-
fiança na entidade a contratar.
Neste contexto, será ainda interessante realçar que o sector das empresas
especializadas no domínio não se encontra apenas em forte crescimento,
como também se constitui num mercado recente, como nos demonstra o gráfi-
co seguinte:
81
Gráfico 9 - Ano de Constituição (empresas especializadas)
43,8%
45%
40%
35%
30%
25% 21,9%
20%
15,6%
15% 12,5%
10%
5% 3,1% 3,1%
0%
Até1974 1975 a 1985 1986 a 1989 1990 a 1997 1998 a 2002 A partir de 2003
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
Sendo empresas de reduzida dimensão, a sua estrutura tende a não ser muito
hierarquizada, verificando-se que 75% dos inquiridos afirma integrar-se num
organograma que vai de 1 a 3 níveis hierárquicos.
82
O modelo de gestão dominante nas empresas especializadas é o profissiona-
lizado, o que não pode deixar de estar associado ao facto destas empresas
operarem no domínio do conhecimento e serem, na sua grande maioria, de
recente constituição.
9,4%
15,6%
75,0%
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
65,6%
25,0%
6,3%
0,0% 3,1%
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
83
Esta constatação estará certamente associada ao facto de nestas empresas
predominar o modelo de gestão profissionalizado, como se pode verificar
através da análise conjugada entre o nível de habilitações e o modelo de ges-
tão. Assim regista-se que nas empresas familiares o nível de habilitações mais
frequente é o 12º ano (60%), enquanto no quadro da gestão profissionaliza-
da, a maioria (75%) indica a licenciatura como o nível de habilitações mais
frequente.
84
Quadro 4 - Quadro-Síntese para as Empresas Especializadas
QUADRO-SÍNTESE
i) PROCURA E OFERTA
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
85
como veremos, começam na base de recolha de informação via inquérito e
terminam no conjunto de variáveis que vieram a demonstrar ser as mais fortes
para a discriminação dos clusters.
86
A título introdutório, refira-se que o «Cluster 1» inclue 134 empresas, o «Cluster
2» é composto por 213 empresas e, finalmente, o «Cluster 3» surge constituí-
do por 294 empresas. Subsidiariamente ao tratamento do segundo inquérito,
utilizaremos informação qualitativa (via entrevista) recolhida junto de oito
empresas, que nos permitirá consolidar a vasta informação recolhida, com
recurso à metodologia quantitativa.
43,7% 43,9%
45% 41,0%
38,1%
34,3% 34,7%
36%
27%
21,1%
17,9% 19,0%
18%
9%
3,0% 2,4%
0,9%
0%
Primário Secundário Comércio Serviços
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
87
gens atingem 59% das empresas do Cluster 1, 55,4% do Cluster 2 e, final-
mente, 53,7% do Cluster 3.
60%
30%
0%
Cluster_1 Cluster_2 Cluster_3
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
88
Apesar das pequenas variações, em mais de 4/5 das empresas de cada clus-
ter constata-se que os bens ou serviços que colocam no mercado concorrem
ou apostam na qualidade, quer destinem a sua oferta a um nicho ou a um
amplo mercado. Dito de outra forma, a estratégia de baixo custo não é assu-
mida nem por 1/5 das empresas inquiridas.
30% 27,9%
27,6%
22,1%
20%
10%
0%
CL_1 CL_2 CL_3
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
89
Gráfico 15 - Práticas do Domínio Profissional Contratadas Externamente (empresas
não especializadas)
21%
14%
7%
0%
a) b) c) d) e) f) g) h) i) j) k) l)
Cl_1 9,0 6,0 13,4 6,0 20,9 7,5 3,7 3,0 3,0 3,7 3,0 3,7
Cl_2 4,2 2,3 8,0 5,6 12,2 2,8 1,9 2,3 2,3 2,3 2,3 2,3
Cl_3 5,8 2,4 10,5 6,5 16,3 3,4 1,4 1,4 1,4 1,7 1,7 1,4
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
11
Com excepção da prática - d) Carreiras e Remuneração - onde o Cluster 3 apresenta uma percentagem ligeira-
mente superior.
12
Com excepção da prática - g) Análise e Descrição de Funções - onde o Cluster 2 o supera ligeiramente.
90
• A prática constante da alínea e) – Administrativo e Jurídico de Pessoal – é
a mais subcontratada em qualquer dos clusters.
2.1.2. Organização
A dimensão «Organização» revela-se, como essencial nas empresas não
especializadas para a discriminação, identificação e caracterização dos três
clusters. O vasto conjunto de variáveis que se incluiu no inquérito ao nível
desta dimensão será apresentado de acordo com os seguintes critérios de
aglutinação:
91
i) Modelo de Gestão da Empresa
Este primeiro critério é susceptível de ser caracterizado por apenas uma ques-
tão: qual o modelo de gestão da empresa? Apresentaram-se três alternativas13
de resposta14 à questão, sendo que os resultados obtidos foram aqueles que
o gráfico ilustra:
50%
46,3%
41,8% 41,8%
40% 36,2%
32,7%
30% 26,1%
24,6% 24,8%
20,7%
20%
10%
0%
Cl_1 Cl_2 Cl_3
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
13
Havia ainda uma quarta alternativa em que o inquirido podia indicar um outro modelo de modo próprio. Porém,
as respostas obtidas não alcançaram expressão que justifique a sua representação gráfica.
14
A resposta obrigava a escolha única.
92
ii) Modo de Governação e Mecanismos de Coordenação da Empresa
No segundo critério analisado autonomamente, seleccionámos duas variáveis
susceptíveis de nos informar sobre o Modo de Governação dominante e
outras duas capazes de nos elucidar sobre os Mecanismos de Coordenação
da empresa.
93
medida os outros subsistemas organizacionais encaravam a Gestão de
Pessoas como uma actividade de colaboração15 interna.
80% 76,8%
68,7%
53,1%
45,5%
40% 32,7%
24,0%
0%
O trabalho é desenvolvido A Gestão de Pessoas é encarada
de modo matricial como uma colaboração interna
Cl_1 Cl_2 Cl_3
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
15
O modo de governação hierárquico manifesta-se não tanto pela relação de parceria interna e o ajustamento
mútuo, mas por um sistema relacional interno do qual emerge a relação vertical do tipo superior-subordinado como
dominante.
94
ral que o sistema de relações permaneça ainda altamente hierarquizado e
apenas em sentido descendente.
52,2% 52,2%
55%
33% 29,1%
23,8%
22%
11%
0%
Estratégia da empresa interiorizada Divulgação de informação sobre os
por todos os membros da empresa objectivos organizacionais
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
95
No que diz respeito à primeira variável e em face das respostas obtidas,
importa realçar a elevada percentagem do Cluster 1 (mais de 50%) compa-
rativamente aos outros dois (aproximadamente metade). Tal evidencia que em
sistemas organizacionais governados em rede (Cluster 1) se regista uma
ampla partilha e uma profunda interiorização da Estratégia, bem superior à
observada em agrupamentos de empresas onde o modo de governação hie-
rárquico é ainda dominante, como sucede nos Clusters 2 e 3.
A surpresa está na posição do Cluster 3 que, apesar de ter uma gestão mais
profissionalizada e uma pontuação para a «colaboração» superior à obtida
pelo Cluster 2, apresenta resultados, mais reduzidos ao nível da interiorização
da estratégia por todos os membros da empresa.
96
et al 1996, p. 304). Daqui se deduz ser este um quadro fértil para a «interiori-
zação» da estratégia e para a divulgação dos objectivos organizacionais.
Como explicar então este comportamento quase similar nos dois clusters,
quando o Cluster 3 aparecia quase sempre numa posição intermédia entre os
Clusters 1 e 2. Em face dos resultados expressos nas duas variáveis do gráfi-
co anterior, poderemos então afirmar:
16
Tendo por base Mintzberg (1979), referimo-nos concretamente às Burocracias Mecanicistas.
97
existem não significa que os mesmos sejam interiorizados pelos membros da
organização. E quando é assim, o nível de envolvimento e identificação res-
sentem-se negativamente.
75%
65,7%
60%
45,5% 47,3%
45%
30% 24,6%
19,7% 21,1%
15%
0%
Cl_1 Cl_2 Cl_3
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
98
Se cruzarmos estes resultados com o enriquecimento do domínio profissional
que a ruptura de paradigma entre a tradicional Gestão de Recursos Humanos
e a Gestão de Pessoas exige, concluímos que neste eixo estamos ainda muito
longe do desejado e tão reclamado pela teoria.
Aliás, estes resultados não deixam de ser mesmo preocupantes devido à redu-
zida importância que, no sector empresarial português, continua a ser dada a
um domínio que tem vindo a crescer à medida que o conhecimento se vai tor-
nando a vertente mais competitiva das economias modernas. Têm, no entanto,
a vantagem de traduzirem a prática empresarial corrente no nosso país e não
o teor dos discursos normativos que a este respeito vão grassando nas interven-
ções de carácter político, académico, associativo, etc. A realidade é cristalina:
em Portugal, a Gestão Estratégica de Pessoas é apenas emergente.
99
A questão central do inquérito relativa a este ponto enunciava-se da seguinte
forma: “Relativamente à responsabilidade pela Gestão de Pessoas, na sua
empresa, avalie a frequência das seguintes situações”:
99%
100%
87%
82% 84%
74%
66%
50% 45%
41%
0%
0%
Gestão de Linha Gestão de Topo Departamento de RH
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
Em todo o inquérito não houve outra questão em que as respostas por cluster
se extremassem tanto como as obtidas para a alternativa - «Gestão de Linha»
- e daí considerarmos esta a variável com maior poder discriminatório de todo
o inquérito. São duas as conclusões, essenciais, a retirar destes dados:
100
• A grande oposição, ao nível da responsabilidade pela Gestão de Pessoas,
dá-se entre o Cluster 1 e o Cluster 2, nomeadamente, se completarmos o
gráfico com os seguintes dados:
17
Uma das cinco configurações estruturais concebidas por Mintzberg (1979).
101
Gestão de Linha, apoiada ainda pelo departamento de recursos humanos
enquanto elemento de staff. Existe, deste modo, uma co-responsabilidade par-
tilhada e alargada ao sistema organizacional global, o que, por seu turno,
compagina com uma das tendências apontadas no enquadramento teórico,
nomeadamente quando se destacou o alargamento do domínio profissional
«da parte ao todo» como um indicador da transição entre uma Gestão de
Recursos Humanos de carácter especializado e funcional, para uma Gestão
de Pessoas disseminada por todo o sistema organizacional.
Os resultados obtidos (45%) não devem criar qualquer tipo de ilusão óptica.
Com efeito, mesmo em empresas de dimensões razoáveis, com departamen-
tos de recursos humanos autonomizados, a centralização típica ao modo de
gestão familiar até “pode induzir confusão entre tarefas estratégicas e opera-
cionais” (Ferreira et al, 1996, p. 301), mas é claro que o sentido estratégico
está entregue ao dono, fundador ou proprietário da empresa, enquanto que
os departamentos de recursos humanos se ocupam de tarefas essencialmente
de apoio administrativo.
18
Neste Cluster, obtiveram-se 213 respostas «nunca» na «Gestão de Linha», isto é, 100%.
102
Neste sentido, e em termos de tendências de evolução do domínio profissio-
nal, a posição deste Cluster é claramente consentânea com uma Gestão de
Recursos Humanos concentrada e não alargada e ainda pelo seu carácter
administrativo, pouco ou nada enriquecido. A concepção de pessoa enquan-
to um actor e não um instrumento, um investimento e não um recurso - que é
cara ao conceito de Gestão de Pessoas - encontra-se muito dependente da
maior ou menor capacidade do líder da empresa.
19
As respostas para cada variável tendem a afastar-se das hipóteses extremas como o «nunca» ou o «sempre».
103
• no Cluster 3, a Gestão de Pessoas surge a meio caminho entre o alargamen-
to e a partilha.
PAPEL ESTRATÉGICO
DO DOMÍNIO
Gestão de
Pessoas
CI_1
RESPONSABILIDADE RESPONSABILIDADE
PELA GESTÃO PELA GESTÃO
DE PESSOAS CI_3 DE PESSOAS
CONCENTRADA PARTILHADA
NA PARTE PELO TODO
CI_2
Gestão de
Recursos
Humanos
PAPEL ADMINISTRATIVO
DO DOMÍNIO
20
Salvo se o líder não se identificar com este modo de gestão do elemento humano.
104
2.1.3. Tecnologia
Relativamente à caracterização da dimensão «Tecnologia», os inquiridos
foram questionados acerca da situação que se verificava no interior da sua
empresa em relação a quatro afirmações que procuravam avaliar a importân-
cia e o papel da informática no domínio profissional da Gestão de Pessoas.
Os resultados por cluster aparecem evidenciados no gráfico seguinte:
90%
81,0%
78,4%
72,3%
69,4%
57,7% 60,5%
60%
30% 23,1%
12,7% 14,1% 13,1% 13,6%
9,5%
0%
a) b) c) d)
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
As alíneas b) e c) devem ser analisadas em conjunto uma vez que nos permi-
tem comparar a recolha de informação que a informatização permite com o
apoio que esta concede à efectiva realização de actividades no âmbito do
domínio profissional.
Neste contexto existem dois comportamentos que importa destacar, pela sua
oposição:
105
• No Cluster 3 os registos sobre a Gestão de Pessoas assumem a maior per-
centagem (81%) no que diz respeito aos dados recolhidos informaticamen-
te. No entanto obtem-se um valor bem mais baixo (60,5%) quando se trata
de avaliar a efectiva realização de actividades do domínio profissional com
apoio informático. Estes dados são típicos de estruturas burocratizadas, em
que o volume de informação recolhida não tem a tradução devida em ter-
mos do desempenho organizacional. Genericamente, são sistemas organi-
zacionais centrados no controlo mas com reduzido desempenho, devido ao
elevado volume de desperdício de recursos.
106
zação do comportamento dos três clusters, ao nível desta «dimensão», serviu
de alguma forma para validar a discriminação efectuada pelas variáveis que
compõem a dimensão «Organização».
21
Uma única excepção: o recrutamento e selecção é a 3ª prática mais indicada pelos inquiridos agrupados no Cluster 1.
107
Apesar do comportamento quase homogéneo dos 3 clusters, em termos de
posição relativa, saliente-se que, em termos absolutos, o Cluster 1 apresenta,
quer para a formação quer para o recrutamento e selecção, valores superio-
res de subcontratação do que os clusters 3 e 2, respectivamente. A esta
sequência não serão estranhos seguramente os indicadores de profissionaliza-
ção do modelo de gestão para os 3 clusters apresentado na dimensão
«Organização». Generalizando, queremos com isto dizer que os clusters com
maior nível de subcontratação, ao nível das práticas de cariz táctico, corres-
pondem aos que detêm maiores pontuações na profissionalização do mode-
lo de gestão e vice-versa.
44,2%
45% 42,5%
40,4%
36%
31,5% 30,6% 31,3%
27%
18,8%
17,2%
18% 15,0%
8,8%
9% 6,7% 8,0%
0%
Até ao 6º ano 9º ano 12º ano Superior
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
108
Gráfico 23 - Habilitação mais Frequente no Total da Empresa (empresas não
especializadas)
36% 34,4%
32,1% 32,1% 32,9%
29,5%
28,2%
26,9% 26,9%
27%
23,9%
18%
12,2%
9,2%
9% 6,7%
0%
Até ao 6º ano 9º ano 12º ano Superior
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
109
sendo a «Tecnoestrutura»22 a força dominante na Burocracia Mecânica, faz
todo o sentido que a política de recrutamento e selecção vise reforçar o seu
poder na estrutura da empresa através da contratação de diplomados no
Ensino Superior.
60% 56,4%
44,7%
43,6%
39,4%
40% 34,7% 35,6%
34,0%
30,5% 30,5%
27,1% 25,4%
23,7%
19,5% 21,5%
20% 17,5%
0%
a) b) c) d) e)
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
22
Em conformidade com Mintzberg (1979), a Tecnoestrutura insere-se no âmbito dos órgãos de apoio (funcionais ou de
staff) que reúnem os elementos que acompanham, avaliam e controlam o funcionamento da organização, através nomeada-
mente, da padronização de processos, resultados ou qualificações (p.e: função pessoal, contabilidade, planeamento).
23
Este comportamento dos clusters, ao nível dos extremos da escala de habilitação mais frequente, não seria à partida
expectável, de acordo com o quadro teórico de Mintzberg (1979).
110
A leitura do gráfico dá-nos conta das respostas obtidas pela taxa de frequên-
cia «sempre» e leva-nos a concluir o seguinte:
• Cluster 3: recruta pelo nível mais alto de habilitações de entre os três, mas
tem comparativamente a política de formação profissional menos desenvol-
vida e interligada.
111
para responder a ambientes altamente instáveis e, nessa medida, colocam a
competência acima da qualificação, bem como uma cultura de resultados em
desfavor de um contexto social altamente processualizado.
112
Figura 14 - Clusters para as Empresas Não Especializadas
Papel da
ADMINISTRATIVO Gestão de Pessoas ESTRATÉGICO
Disseminado ao
longo da Linha
REDE INTRA
e pelo Apoio
CI_1
Modo de Responsabilidade
Governação Pela Gestão de
Pessoas
CI_3
Em transição
HIERARQUIA
Concentrado na
Gestão de Topo
CI_2
CI - Cluster
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
113
Quadro 5 - Estudos de Caso por Clusters (empresas não especializadas)
24
Ferreira et al (1996) mencionam a propósito destas estruturas que: “a centralização pode induzir confusão entre
tarefas estratégicas e operacionais” (p. 301).
114
dominante da padronização de procedimentos remete a «Gestão de
Pessoas» para tarefas essencialmente administrativas ou pseudo-técnicas25,
apesar do discurso as rotular, comummente, de estratégicas. O sentido das
setas acaba por traduzir uma certa contradição entre a recolha via inquéri-
to e via entrevista e, simultaneamente, entre aquilo que é do domínio do dis-
curso (desejável) e aquilo que é a prática nestes dois tipos de agrupamen-
tos de empresas (real).
Papel da
ADMINISTRATIVO Gestão de Pessoas ESTRATÉGICO
Disseminado ao
longo da Linha
REDE INTRA
C1 e pelo Apoio
CI_1
Modo de Responsabilidade
Governação C3 Pela Gestão de
Pessoas
CI_3
Em transição
HIERARQUIA
C2
Concentrado na
Gestão de Topo
CI_2
CI - Cluster
C - Conjunto de Empresas: (C1=D, K, e I); (C2= A, B e C); (C3= E e F)
25
São tarefas que, apesar de serem essencialmente administrativas, são rotuladas como tarefas técnicas, uma vez
que, quem as desempenha detém essa qualificação ou/e habilitação.
115
Em face do exposto, estamos agora em condições de encontrar uma denomi-
nação que seja apropriada ao padrão de comportamento resumido na Figura
15. Embora esta atribuição seja claramente subjectiva, parece-nos pelo expos-
to ao longo das quatro dimensões em análise – Mercados e Produtos,
Organização, Tecnologia e Recursos Humanos – ter sentido rotular os com-
portamentos-tipo através das seguintes denominações:
116
Quadro 6 - Quadro-Síntese dos Clusters para as Empresas Não Especializadas
DIMENSÃO
GESTÃO DE
GESTÃO DE GESTÃO DE
PESSOAS
VARIÁVEL PESSOAS EM PESSOAS
DE TIPO
REDE BUROCRATIZADA
FAMILIAR
Sector de actividade
Serviços Secundário Secundário
dominante
Mercados e
Produtos
Contratação externa do
Acima da Média Abaixo da Média Acima da Média
domínio profissional
Contratação externa
Maior na
das práticas da Gestão Mínima nas Estratégicas Mínima nas Tácticas
Generalidade
de Pessoas
Modelo de gestão
Profissional (+) Familiar Profissional (-)
dominante
“O trabalho desenvolve-
Medianamente Quase Nada Pouco
se de forma matricial”
Imagem da actividade
da GP enquanto uma Sim (+,+) Sim (-) Sim (+)
colaboração interna
“A GP é uma função
essencialmente adminis- Sim (-) Sim (+) Sim (-)
trativa”
“A GP é uma função
Organização
26
Excepto, para o domínio profissional, na medida em que este se enquadra na Tecnoestrutura.
117
Segue-se um pequeno texto resumo com a caracterização de cada um dos
clusters, devidamente ilustrado com uma prática recolhida, via entrevista e que
consideramos pertinente destacar.
118
se numa hierarquia em ordem a desempenhar uma função. Este é um
exemplo extremamente rico no sentido de conseguir relacionar o conteú-
do e designação dos empregos com o estádio de evolução do domínio.
119
mais quando se pensa em termos da estratégia e mais precisamente da ampli-
tude de partilha e interiorização pela generalidade dos colaboradores das
empresas. Nestas duas variáveis este cluster tem um comportamento idêntico
ao verificado no Cluster 3.
120
Cluster 3 – Gestão de Pessoas Burocratizada
Representado maioritariamente por empresas do Sector Secundário, o Cluster
3 afirma-se com frequência a meio caminho entre os outros dois, ou seja, apre-
senta um modelo de gestão mais profissionalizado do que o Cluster 2 mas
menos profissionalizado do que o Cluster 1. Pelo contrário, a representação
de empresas cujo modelo de gestão é de tipo familiar situa-se numa posição
intermédia. Por outro lado, é um cluster que apesar de ser governado hierar-
quicamente, apresenta já alguns indicadores de transição para a rede, quer
quanto ao nível da sua estrutura organizacional quer quanto ao sistema de
relacionamento entre os actores. Porém, o carácter profissional não o conse-
gue destacar do Cluster 2, no campo da divulgação da informação sobre os
objectivos organizacionais e no da amplitude da partilha e interiorização da
estratégia da empresa. Esta aparente dissonância releva do carácter burocrá-
tico que a profissionalização da sua estrutura desenvolveu, ou seja, a pressão
para a padronização de processos de trabalho, do controlo de gestão e das
qualificações, acaba por criar entraves à circulação de informação e mais
ainda à partilha de identidades, à interiorização da estratégia e à comunica-
ção organizacional.
121
Internamente a sua política de formação é marginal e profundamente desco-
nectada, aliás, como é típico em quase todos os processos submetidos a estru-
turas burocratizadas.
122
to do segundo inquérito, utilizaremos informação qualitativa (via entrevista)
recolhida junto de seis empresas que nos permitirá complementar e acrescen-
tar registos ilustrativos das especificidades do domínio profissional ao nível
das empresas especializadas.
Neste caso específico, a informação proveniente das seis empresas que foram
alvo de entrevistas apresenta, de uma forma ou de outra, não só característi-
cas diferenciadoras em relação aos dois clusters apurados, como também
constituem exemplos de boas práticas que importa relevar.
No que respeita ao 1.º aspecto, ou seja, que imagem os clientes têm dos
serviços prestados pelas empresas, das três hipóteses facultadas no inquéri-
to, a mais pontuada (78,3%) foi a de esses serviços serem «essencialmente
estratégicos».
123
Gráfico 25 - Estratégia de Negócio (empresas especializadas)
4,3%
95,7%
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
124
organizacional do cliente. Se assim não for, as empresas não especializa-
das não recorrem à contratação destes serviços especializados no domínio,
preferindo permanecer com as actividades internalizadas no quadro da
governação hierárquica.
• Daí que, nos aspectos comuns que considerámos para os dois clusters, se
releve a ideia de que as estratégias de negócio dominantes no sector apos-
tam na qualidade, uma vez que se dirigem a clientes que, para recorrerem
a estes serviços, já tiveram previamente que raciocinar em termos estratégi-
cos o desenvolvimento do seu próprio negócio.
100%
57,1% 55,6%
50% 42,9%
33,3%
0%
Amplo Mercado Nicho de Mercado
Cluster 4 Cluster 5
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
125
Esta constatação de que os clusters se destinam maioritariamente a amplitudes
de mercado distintas encontra correspondência, do lado da oferta, quando
analisamos os dados relativos ao tipo de serviço(s) prestado(s). Assim, é pos-
sível verificar que as empresas que compõem o Cluster 4 apresentam, para
quase todos os serviços, valores em percentagem superiores aos registados no
Cluster 5. Pode, deste modo, concluir-se que as primeiras tendem para a inte-
gração da oferta dos seus serviços, enquanto as segundas se inclinam para a
especialização num único serviço ou numa família restrita de serviços.
100%
80%
60%
40%
20%
0%
a b c d e f g h i j k l
Cluster 4 56,3 62,5 60,0 50,0 71,4 85,7 61,5 60,0 57,1 61,5 58,3 50,0
Cluster 5 43,8 37,5 40,0 50,0 28,6 14,3 38,5 40,0 42,9 38,5 41,7 50,0
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
126
da «Rede Interempresas» ou com base na solução governativa do
«Mercado».
ESTRATÉGIA DE
Qualidade
NEGÓCIO
ASPECTOS
COMUNS
PERCEPÇÃO DO CLIENTE Serviços «essencialmente estratégicos»
ASPECTOS
OFERTA Integrada Especializada
DIFERENCIADORES
Maioritariamente Mercado
GOVERNAÇÃO
Mercado28
27
Destaque-se que no Cluster 5 não houve uma única resposta: “sempre”.
28
A Rede Interempresas, no quadro do inquérito, aproxima-se de 1/3 das respostas.
127
2.2.2.-Organização
Nesta dimensão pretende apresentar-se uma perspectiva sobre a forma como
se organizam internamente as empresas especializadas em cada um dos clus-
ters em análise.
128
No que se refere à responsabilidade pela gestão interna de pessoas da
empresa, podemos verificar que, na esmagadora maioria das empresas, essa
responsabilidade se situa na Direcção Geral/Gestão de Topo (para 85,7%
das empresas que compõem o Cluster 4 e para 88,9% das empresas que
constituem o Cluster 5)29. Como se trata de pequenas empresas, a existência
de poucos níveis hierárquicos tende a preponderar30, ficando a «Gestão de
Pessoas» a cargo da Direcção Geral ou da Gestão de Topo e não num depar-
tamento formalizado para o efeito.
No gráfico seguinte são apresentados os resultados por cluster das três variá-
veis seleccionadas para ilustrar o impacte da dimensão das empresas do sec-
tor, medida em número de trabalhadores, na «Organização» interna das suas
unidades.
29
Analisando as percentagens de resposta sempre/quase sempre à questão “A responsabilidade pela Gestão de
Pessoas situa-se ao nível da Direcção Geral/Gestão de Topo?”.
30
Lembre-se que o escalão de 1 a 3 níveis hierárquicos foi o valor encontrado em três quartos das empresas do sector.
129
Gráfico 28 - Variáveis da Dimensão Organização (empresas especializadas)
100%
88,9%
85,7% 82,2%
77,7%
80%
64,3%
57,2%
60%
40%
20%
0%
Responsabilidade GP na Divulgação de informação GP na definição da
Gestão de Topo acerca dos objs organizacionais organização do trabalho
Cluster 4 Cluster 5
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
130
as diferenças entre a dimensão média das empresas em cada cluster que
gozam do poder explicativo, mas sim as variáveis que resultam do modo de
governação, da liderança, do nível de habilitação mais frequente, etc.
Neste sentido, não é de estranhar que os resultados obtidos por cluster indi-
quem uma inversão no sentido da diferença obtida nas três variáveis anterio-
res. Isto significa que esta variável, a «partilha e interiorização da estraté-
gia por todos os membros da empresa», apesar de se apresentar como
uma característica dominante, é mais evidente no Cluster 4 (78,6%) do que
no Cluster 5 (66,6%). A esta inversão não pode ser alheio o modo de gover-
nação predominante em cada um dos agrupamentos de empresas. Tendo em
conta que no Cluster 4 existe uma maior aproximação à rede do que no
Cluster 5, em que o modo de governação é claramente o do mercado, seria
desde logo expectável que a partilha e disseminação da estratégia por toda
a organização viesse a revelar-se ligeiramente superior nas empresas do
Cluster 4.31
2.2.3. -Tecnologia
Quanto à análise da dimensão «Tecnologia», nos dois clusters identificados,
será feita na perspectiva da sua aplicação na gestão interna de pessoas da
empresa.
31
Esta ligeira diferença entre clusters poderá também ser motivada pelos diferentes níveis de habilitações dominantes em
cada cluster. Neste sentido, as empresas com níveis de habilitações mais elevados (Cluster 4) terão maior facilidade em
partilhar e envolver todos os membros da organização na estratégia da empresa, do que as empresas onde predomi-
nam níveis de habilitações inferiores (Cluster 5). A análise das habilitações literárias será explorada com maior profun-
didade na dimensão «Recursos Humanos», no entanto revela-se imprescindível a sua referência neste momento.
131
Gráfico 29 - Modo de Organização (empresas especializadas)
60%
50% 46,9%
40,6%
40%
30%
20% 15,6%
10% 6,3%
0%
Tipo de Actividade Cliente Mercado Tecnologia
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
132
Tendo como pano de fundo o carácter acessório e instrumental da tecnologia
no domínio, não podemos deixar de fazer referência à sua aplicação ao nível
da «Gestão de Pessoas» interna das empresas especializadas, por cluster.
Consideremos então o gráfico seguinte:
100%
80%
60% 55,6%
42,9%
40% 33,3%
28,6%
21,4%
20% 11,1%
0%
a) b) c)
Cluster 4 Cluster 5
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
133
Apesar das pequenas diferenças, os resultados do inquérito demonstram-nos
que a dimensão «Tecnologia», à semelhança do registado na análise da dimen-
são «Organização», não apresenta diferenciação significativamente forte para
discriminar os dois clusters identificados nas empresas especializadas.
134
Gráfico 31 - Nível de Habilitações (empresas especializadas)
100,0%
100%
77,8%
80%
60%
40%
22,2%
20%
0,0% 0,0% 0,0%
0%
9ºAno 12º Ano licenciatura
Cluster 4 Cluster 5
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
Esta enorme diferença entre níveis de habilitação mais frequentes vai determi-
nar sobremaneira a actuação das empresas em termos de políticas de recru-
tamento e selecção e de políticas de formação, como ainda e mais generica-
mente, o padrão de comportamento de ambos os clusters nos mais diversos
planos.
• Por sua vez, as empresas que constituem o Cluster 5 apontam a sua políti-
ca de recrutamento e selecção, essencialmente, para um mercado de traba-
lho com qualificações académicas não superiores.
135
Nesta conformidade, é natural que a formação profissional acaba por ter
menor expressão no Cluster 4 do que no Cluster 5, uma vez que a base de
qualificações de partida é significativamente superior. Testamos esta hipótese
através de uma análise detalhada às práticas internas de formação das
empresas especializadas no domínio.
60%
55,5% 55,5%
42,9% 44,4%
21,4%
20%
14,3%
0%
a) b) c) d) e)
Cluster_4 Cluster_5
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
136
2.2.5. - Síntese dos Clusters
De entre as dimensões estudadas – Mercados e Produtos, Tecnologia,
Organização e Recursos Humanos – foram algumas das variáveis incluídas na
primeira dimensão, conjugadas com a variável «habilitação mais frequente»
que vieram a revelar-se fundamentais para a discriminação dos dois clusters.
A Tecnologia e a Organização incluem variáveis que neste sector não mostra-
ram capacidade discriminatória, embora mantendo-se essenciais à caracteri-
zação de ambos os clusters.
CI_5
Mercado
CI_4
CI - Cluster
137
• serviços «Estratégicos» de Gestão de Pessoas para o Cluster 4;
Percepção do cliente
Produtos
estratégicos estratégicos
Gestão de Pessoas
Âmbito da divulgação
Objectivos organizacionais (-) Objectivos organizacionais (+)
da informação
Define a organização do Define a organização do
Papel da Gestão de Pessoas
trabalho (+) trabalho (-)
Amplitude da partilha e
Por todos os membros (+) Por todos os membros (-)
interiorização da estratégia
O nível de habilitações mais frequente terá sido a variável que mais nos influen-
ciou para a escolha destas nomenclaturas, uma vez que o tipo de serviços
138
integrados ou especializados que cada cluster oferece não tem tanto a ver
com uma opção estratégica livre, mas antes, com uma escolha possível tendo
por base os níveis de qualificação que suportam estas empresas. Quer isto
dizer que são as pessoas e as suas habilitações que determinam os mercados
e produtos para os quais as empresas se posicionam e não o contrário. Isto
vem de encontro à noção de que a transição da Sociedade Industrial para a
Sociedade do Conhecimento é acompanhada pela deslocação da vantagem
competitiva sustentável das empresas do seu exterior - mercados, produtos, tec-
nologia, etc. - para o seu interior - Gestão de Pessoas (Moreira, 1997).
139
Do ponto de vista tecnológico, sobressai neste cluster o facto de todas as infor-
mações relativas à Gestão de Pessoas estarem acessíveis através de inter-
net/intranet, o que poderá ser justificado pelo modo de governação mais pró-
ximo da «rede», comparativamente ao Cluster 5.
140
da estratégia por todos os membros da empresa e ainda um papel da Gestão
de Pessoas menos relevante para a definição da organização do trabalho.
Assim, tendo por referencial-base os dois clusters obtidos, via inquérito, vamos
associar agora o posicionamento das seis empresas, alvo de recolha qualitati-
va, nomeadamente através da informação decorrente das entrevistas aos seus
representantes. O objectivo passa por acrescentar valor à análise do espaço
das empresas especializadas, no sentido de ilustrar o sector na sua plenitude.
141
pelo mercado, na medida em que permite reduzir os custos de transacção e
melhor do que a integração pela hierarquia, uma vez que se liberta das
(des)economias de escala próprias das organizações de grande dimensão”
(Moreira, 2000, p. 8). Deste modo, consideramos este conjunto de empresas
como «casos charneira» no domínio profissional das empresas especializa-
das, sendo o quadro seguinte ilustrativo das diversas matizes que a governa-
ção em «rede» assume.
Especializadas
Rede Intra- Mercados da
CE (G) (Não Não Casa-Mãe
Empresarial EMN
Complementares)
142
Focalizando-se cada pequena empresa numa especialidade do domínio profis-
sional, as actividades que desenvolvem no âmbito da rede são complementa-
res. Neste sentido, a rede posiciona-se estrategicamente face ao mercado atra-
vés da oferta de um vasto leque de serviços complementares e, por vezes, inter-
dependentes entre si. O nível de integração destas actividades é desenhado
em função das necessidades de cada cliente, pelo que cada encomenda tende
a originar um projecto de alocação de competências, único e à medida.
143
Por outro lado, existe uma característica diferenciadora em relação a C4 que as
empresas CE(J) e CE (L) detêm em comum: o âmbito intra-empresarial do modo de
governação. Os restantes atributos-chave têm o poder de discriminar o posiciona-
mento estratégico de (J) e de (L), pelo que as analisaremos separadamente.
144
que se estabelecem entre as subsidiárias e entre estas e a casa-mãe. Estamos
no domínio de actuação de multinacionais (EMN) que se suportam na credi-
bilidade da sua marca global e que, não raras vezes, procuram incorporar os
serviços especializados em recursos humanos no «pacote» em que se incluem
outros com muito maior receptividade no mercado nacional como, por exem-
plo, a consultoria tecnológica ou a auditoria.
Neste sentido, a empresa líder vende todos os serviços no âmbito da sua marca,
assumindo os serviços de maior valor acrescentado com recursos próprios e, sub-
sidiariamente, coordena uma rede de empresas com competências muito espe-
cializadas que se situam no Cluster 5 e de consultores independentes que, inva-
riavelmente, executam o projecto sob a designação da marca da casa-mãe.
145
Concretamente, a empresa (G), para além de se assumir como uma «boa prá-
tica» por referência ao padrão de comportamento evidenciado através do
inquérito para o Cluster 5, apresenta também características diferenciadoras
e, nessa medida, surge designada por CE (G).
Considera-se uma «boa prática» uma vez que o seu modo de governação é
a rede intra-EMN e não o mercado. Neste sentido, apresenta as mesmas
características do que a CE (L), com a diferença de ter um serviço altamente
especializado, ou seja, não complementar. Por outras palavras, a empresa
(G) suporta-se na informação, nos recursos e na credibilidade da marca glo-
bal, à semelhança da CE (L), mas actua em nicho de mercado. Perante a visi-
bilidade da sua marca, as empresas de que a CE (G) constitui uma amostra
não têm necessidade de ser subcontratadas, o que a distingue do Cluster 5.
Por outro lado, também não necessita de subcontratar, pois tem a expertise
necessária e suficiente para o desenvolvimento da sua actividade que lhe
advém da conexão em rede com a casa-mãe.
Nacionais
Empresas
Rede
CE (J)
C4*
EMNs
Modo de CE (G) CE (L)
Governação
CI_5
Nacionais
Empresas
Subcontratação CI_4
Mercado
CI - Cluster
C - Conjunto de Empresas
CE - Casos de Empresas que apresentem características diferenciadores
146
Da articulação entre as duas fontes, registe-se um dado que relevou do inqué-
rito e que parecia dissonante no quadro da análise quantitativa, mas que com
a análise qualitativa efectuada nestas seis empresas passa a ser um elemento
adicional a ter em conta para a caracterização do espaço das empresas
especializadas.
147
Capítulo III
Evolução dos Empregos
e das Competências
1. O Emprego na Gestão de Pessoas: análise de dados
do inquérito
Com o objectivo de analisar o emprego do domínio, quer nas empresas espe-
cializadas quer nas empresas não especializadas, utilizaram-se preferencial-
mente os dados do inquérito realizado pelo IQF. Obtivemos assim, informa-
ção para uma amostra representativa de empresas relativamente ao número
de profissionais a trabalhar em 31 de Julho de 2003 por profissão, caracterís-
ticas desses profissionais (género, idade, anos de experiência, habilitações
literárias), condições de emprego (vínculo contratual e escalão remuneratório)
e perspectivas de evolução do emprego a partir das intenções, por parte dos
empregadores, de aumentar, reduzir ou manter o emprego no domínio.
149
Quadro 10 - Número de Profissionais por Nível de Intervenção Segundo o
Emprego (empresas especializadas e não especializadas)
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
150
Da análise deste quadro, sobressai a importância que os Gestores de Topo e
de Linha, aqui designados por Gerentes, Directores e Gestores assumem na
gestão deste domínio nas empresas não especializadas. Estes representam, no
seu conjunto, 55% dos profissionais que se ocupam da Gestão de Pessoas nes-
tas empresas. Em segundo lugar, temos os Directores/ Gestores de Recursos
Humanos representando 31% dos profissionais do nível de gestão demons-
trando também a importância que assume a gestão mais profissionalizada do
domínio nestas empresas.
151
uma maior partilha de responsabilidades pelos vários níveis da empresa no
Cluster 4.
152
Gráfico 33 - Número de Profissionais por Nível de Intervenção (empresas especia-
lizadas e não especializadas)
80%
63,3%
60%
43,0%
35,4%
40%
26,3%
20% 13,9%
10,4% 7,6%
0,0%
0%
Gestão Técnico Administrativo Consultoria
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
153
Quanto aos Consultores, não se registaram presenças nas empresas não espe-
cializadas, o que pode reflectir, como já vimos, o facto da responsabilidade
pela Gestão de Pessoas nestas empresas ainda estar mais dependente dos
Gestores Operacionais e da Gestão de Topo e estes raramente serem coad-
juvados por um(a) Director(a)/ Consultor(a) Interno(a) de Recursos Humanos.
Por outro lado, pode também justificar-se pelo facto dos Directores/ Gestores
de Recursos Humanos que existem, podendo de facto assumir funções de con-
sultoria interna, não serem normalmente designados por Consultores.
100%
90,4%
80%
60%
44,8%
40%
31,3%
20% 13,4%
4,6% 3,0% 0% 6,0%
1,9% 2,8% 0% 0,3% 1,5% 0%
0%
e to ão ão s a ão
od l en o aç aç o ira nç aç a
stã Gera am cçã rm ali enh rre es ura alho nic ntern
e
G s- u t
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Re e Se e om I
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a ese un ee oT C
Pe eD Rem
i g ien n
d e H
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
154
venções mais estratégicas e tácticas da Gestão de Pessoas, bem como as mais
procedimentais e administrativas, mas que, em ambos os casos demonstram
um perfil mais generalista do que especializado do domínio.
Por outro lado, importará também reflectir sobre o peso considerável da inter-
venção mais generalista destas empresas. Recorrendo aos clusters que carac-
terizam estas empresas, verificamos que no Cluster 4 «Serviços Estratégicos»
a Gestão de Pessoas é mais partilhada com os responsáveis operacionais
enquanto que no Cluster 5 esta é assumida integralmente pela Gestão de
Topo. Através destas duas realidades, encontramos explicações diferentes
mas que concorrem para o facto da intervenção mais geral na Gestão de
Pessoas tenha significativa expressão nestas empresas.
155
Quadro 11 - Levantamento dos Empregos por Nível de Intervenção (empresas
especializadas e não especializadas)
De uma maneira geral, a maioria destes profissionais são homens, mas é uma
área onde a presença das mulheres é significativa (45%). Pode considerar-se
um domínio jovem, onde o escalão etário mais frequente é o de 25-35 anos
156
correspondendo a 1-5 anos de experiência profissional na área. É também um
domínio muito qualificado sendo a licenciatura o nível de habilitações mais fre-
quente, quer no nível de gestão quer no nível técnico.
80%
74%
60%
48%
40% 38%
20% 17%
14%
9%
0% 0%
0%
Gestão Técnico Administrativo Consultoria
Homens Mulheres
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
60%
46% 45%
41%
40%
26% 24%
20%
11%
5%
3%
0%
Gestão Técnico Administrativo Consultoria
Homens Mulheres
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
157
Na Gestão de Pessoas, os homens ocupam sobretudo funções de gestão
(74% no caso das empresas não especializadas e cerca de 46% nas
empresas especializadas). Curiosamente, as mulheres neste domínio apre-
sentam padrões de distribuição distintos entre as empresas não especiali-
zadas e as especializadas: no primeiro caso, ocupam sobretudo funções
de gestão (48,3% das mulheres) seguindo-se um peso considerável tam-
bém nas funções administrativas (37,8%) revelando assim uma estrutura cla-
ramente dualizada; nas empresas especializadas, as mulheres deste domí-
nio, estão em maioria a exercer funções de nível técnico (45,2%) e repar-
tem-se quase uniformemente pelos níveis de gestão e administrativo (26,2%
e 23,8%, respectivamente).
158
Quadro 12 - Características dos Profissionais da Gestão de Pessoas por Nível de
Intervenção (empresas não especializadas)
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
159
de licenciatura o mais comum para os níveis de intervenção da gestão, técni-
co e de consultoria, e a habilitação com o 12º ano a mais verificada no nível
de intervenção administrativo.
Gestão 5 0
Técnico 24 6
Administrativo 20 2
Consultoria 0 0
Total 49 8
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
160
Será também importante vermos se, nos próximos três anos, se manterá o
padrão de resposta das empresas: manutenção do emprego. Relativamente às
empresas especializadas, a quase totalidade das empresas prevêem manter o
emprego, nenhuma prevê aumentar e apenas uma prevê reduzir. Quanto às
empresas não especializadas, confirma-se a tendência de manutenção do
emprego sendo muito poucas as empresas que prevêem aumentar o emprego
na área. No que diz respeito à criação e à redução de emprego que algumas
(poucas) empresas prevêem, observe-se o quadro seguinte.
Gestão 0 0
Técnico 9 -4
Administrativo 14 0
Consultoria 0 0
Total 23 -4
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
161
Ainda nesta linha, procurando explicar as poucas perspectivas de recrutamen-
to para o domínio, as empresas foram questionadas se sentiam dificuldades
de recrutamento. A partir da análise da distribuição das respostas “tem dificul-
dades de recrutamento” e “não tem dificuldades de recrutamento” por profis-
são, conclui-se que para a grande maioria das profissões do domínio, existem
mais empresas a afirmarem que não sentem dificuldades de recrutamento do
que empresas a sentirem essas dificuldades. O maior número de respostas afir-
mativas a esta questão deve-se exclusivamente à profissão de Director(a)/
Gestor(a) de Recursos Humanos sobre a qual um elevado número de empre-
sas considera que tem dificuldades no recrutamento, sendo que estas dificul-
dades não se registam para os restantes profissionais do domínio. Tais dificul-
dades justificam-se, em boa parte, pelos requisitos de experiência profissional
e de elevados desempenhos que as empresas consideram ao procurarem
estes profissionais no mercado, o que encontra eco nas razões mais aponta-
das para justificar dificuldades de recrutamento neste domínio profissional.
Considere-se o quadro seguinte:
Outros factores 88
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
162
cularmente para o nível de gestão (nomeadamente de Directores/ Gestores
de Recursos Humanos). A terceira razão terá a ver com as condições remune-
ratórias que se praticam na área que, influenciadas pelo peso das funções
administrativas, pela dificuldade em encontrar profissionais disponíveis no mer-
cado ou pela escassa procura por parte dos empregadores (grande parte
manteve o emprego da área nos últimos três anos e espera continuar a man-
ter nos próximos três anos), deverão ser baixas comparativamente a outros
domínios profissionais.
163
i. Serviço administrativo de pessoal integrado no área financeira e/ou admi-
nistrativa da empresa que centraliza todas as questões de pessoal e serve
toda a organização.
164
Este modelo aproxima-se claramente das características das empresas
(não especializadas) do Cluster 3 «Gestão de Pessoas Burocratizada» (o
que representa o maior número de empresas inquiridas). O carácter buro-
crático da organização revela-se na departamentalização do domínio,
nas qualificações exigidas (maioritariamente superiores) e no grau de
especialização: são normalmente departamentos desenvolvidos internali-
zando as especializações na área do recrutamento e selecção, da forma-
ção e da gestão de carreiras. A Gestão de Pessoas tem ainda um pendor
mais táctico do que estratégico e acumula funções administrativas especí-
ficas ao domínio. De qualquer das formas, apresenta já, nalguns casos,
uma tendência de transição para uma maior partilha da decisão com os
Gestores de Linha.
Um bom exemplo deste cluster é o caso F, uma empresa multinacional do
Sector do Comércio a Retalho que se instalou recentemente em Portugal. A
nível local, existe um departamento de recursos humanos da responsabili-
dade de um Director de Pessoal, constituído por 16 pessoas especializadas
em quatro áreas – formação (que inclui Formadores internos), recrutamento
e selecção, segurança, higiene e saúde no trabalho e área administrativa.
165
organização (com menor peso das suas funções administrativas). É, no
entanto, o cluster com menor número de empresas.
Foi particularmente visível no caso I, uma multinacional do Sector da Ener-
gia (combustíveis) que incorpora na Gestão de Recursos Humanos uma
função específica de Human Resources Adviser cujo objectivo é aconse-
lhar e adaptar as políticas da empresa à especificidade de cada uma das
áreas de negócio em Portugal contando, para isso, com a intervenção fun-
damental dos vários Gestores Operacionais.
Por outro lado, é possível também encontrar algumas destas características
nas empresas especializadas em «Serviços Estratégicos de Gestão de
Pessoas» (Cluster 4) em que o domínio é assumido a nível estratégico e a
sua responsabilidade é partilhada com os elementos da organização,
enquanto actores fundamentais.
Na generalidade dos estudos de caso que se aproximam das característi-
cas deste cluster, destaca-se a assunção de responsabilidades pelos
Consultores na gestão das suas próprias equipas e na definição e imple-
mentação da estratégia de negócios e de desenvolvimento das pessoas da
própria organização. Destacam-se ainda alguns casos específicos pela
forma como organizam internamente as funções de Gestão de Pessoas: no
caso M, empresa especializada em serviços de recrutamento e selecção,
as funções de Gestão de Pessoas são assumidas pelo Responsável da Qua-
lidade e da Comunicação da empresa e realizadas em estreita articulação
com o Director Geral; no caso L, empresa especializada em consultoria em
«capital humano» (como a própria empresa se identifica), existe um depar-
tamento de pequena dimensão (5 pessoas) e um responsável específico
para a Gestão de Pessoas com intervenções especializadas em «desenvol-
vimento profissional» e em «informação para a gestão/ comunicação inter-
na» revelando alguma novidade na intervenção do domínio; o caso J, uma
empresa especializada em consultoria de recursos humanos, criada para
servir uma empresa do Sector Alimentar, presta serviços administrativos
mas desenvolveu uma área de «desenvolvimento organizacional» da res-
ponsabilidade de um «Gestor de Desenvolvimento Organizacional» que
integra, de uma forma mais enriquecida, as práticas de recrutamento e
selecção e de formação.
166
3. Como Estão a Evoluir as Profissões da Gestão de
Pessoas?
167
as formas e os conteúdos de trabalho – acrescida flexibilidade funcional e
importância das competências cognitivas no uso da tecnologia. Nas práti-
cas tradicionais da GRH tem-se beneficiado igualmente das potencialida-
des das TIC e da internet.
168
compromisso e motivação («contratos psicológicos» entre empregado e
empregador), ambiente no qual o «trabalho com significado», as carreiras
atractivas e as oportunidades de aprendizagem e de desenvolvimento con-
tínuo são meios fundamentais para atrair e reter os melhores trabalhadores.
169
• O trabalho administrativo representa ainda cerca de 25% do total dos pro-
fissionais do domínio. Se distinguirmos empresas especializadas e empresas
não especializadas, verificamos que os trabalhadores administrativos têm um
peso muito menor nas primeiras (cerca de 14%) e mantém uma expressão
significativa nas segundas (26%). Por outro lado, dois terços das empresas
não especializadas tinham apenas um trabalhador na área (a 31 de Julho
de 2003) e em cerca de um terço das empresas a Gestão de Pessoas surge
integrada noutro serviço. Estes dados revelam a vocação limitada e procedi-
mental do domínio, à qual também está associada a dimensão da maioria
das empresas não especializadas inquiridas (75% até 49 trabalhadores).
• Por fim, no que diz respeito à procura destes profissionais, a larga maioria das
empresas (especializadas e não especializadas) mantiveram o emprego nos
últimos três anos e esta tendência mantêm-se nos próximos três anos. São muito
poucas as empresas inquiridas que planeiam aumentar o emprego no domínio.
170
Deste panorama podemos mesmo adoptar a conclusão de Almeida (2000)
de que a Gestão de Recursos Humanos e os seus profissionais parecem viver
hoje uma encruzilhada particularmente sui generis: um discurso socialmente
assumido, segundo o qual as pessoas são o recurso mais valioso das organi-
zações coexistindo com práticas que remetem para a subalternização da fun-
ção «recursos humanos».
Com isto não queríamos deixar de reflectir, neste ponto do estudo, o desfasa-
mento que é possível detectar entre a pressão para a transformação profunda
do domínio e dos seus profissionais e a efectiva resistência das práticas que
se encontram no terreno. Achamos mesmo que será desta capacidade de
mudança e de assunção de novos papéis que se jogará o futuro da Gestão
de Pessoas. É neste pressuposto que procuraremos de seguida identificar as
novas actividades e as competências necessárias para os profissionais da
Gestão de Pessoas.
171
profundamente diferentes das actuais (ainda muito centradas na actuação
táctica e funcional), e mobilizar competências de nível superior e de acresci-
da complexidade.
172
estratégica (veja-se, por exemplo, o de «solucionador de problemas»). Já o
papel de «agente de mudança», provavelmente o menos presente, é revela-
dor das alterações profundas que o domínio atravessa.
Mais uma vez, notamos um enorme contraste destas conclusões com os resul-
tados obtidos pelo inquérito aplicado no âmbito deste estudo. Quando inqui-
173
ridas sobre as competências mais relevantes para a área (Quadro 17), as
empresas destacam a competência “comunicar interna e externamente” (com
o maior número de respostas), seguida de “enquadrar e aplicar a lei laboral”
e de “reorganizar o trabalho”. A importância destas últimas competências
revela o carácter predominante dos processos jurídicos e administrativos no
domínio. Por outro lado, veja-se a pouca expressão das competências “gerir
as e pelas competências” (8º lugar), “gerir a aprendizagem organizacional”
(11º lugar), “formar os trabalhadores” (13º lugar) e “gerir o potencial de
cada trabalhador” (14º lugar).
Nº de
Competências mais Relevantes para a Gestão de Pessoas Ranking
Respostas
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
174
Face à transformação dos papéis tradicionalmente assumidos pelos Gestores
de Recursos Humanos nas empresas, importa questionar se as novas exigên-
cias farão emergir novas especializações ou mesmo, nalguns casos,
novas profissões.
175
As mudanças que se têm vindo a registar na relação das organizações e dos
indivíduos com o trabalho, dois elementos fundamentais na estruturação da
intervenção da Gestão de Recursos Humanos, são factores de evolução cruciais
da actuação dos Consultores e dos Gestores de Recursos Humanos.
Neste ambiente, os indivíduos têm vindo também a mudar a sua atitude face
ao trabalho, ao emprego e às organizações. Kraut e Korman (1999) sinteti-
zam, de uma forma interessante, essas mudanças: os indivíduos esperam
menos estabilidade e menos compromissos de longo prazo por parte dos
empregadores; encaram o desenvolvimento da carreira como uma responsa-
bilidade sobretudo pessoal; relativamente às suas qualificações e competên-
cias, ganham consciência da necessidade de desenvolvimento contínuo; pro-
curam e negoceiam o seu enquadramento na organização, as suas recompen-
sas ou os seus benefícios em função das suas expectativas e do seu mérito,
não dependendo em demasia da proposta do empregador ou do funciona-
mento dos serviços.
176
fundamentais e, por outro lado, garantam um sentimento de pertença e um
compromisso com os objectivos organizacionais, uma certa estabilidade
necessária à actuação de longo-prazo e à manutenção das competências
nucleares.
Nesta dimensão, são de referir algumas das conclusões dos estudos de caso
em empresas de serviços (Sector Hoteleiro – casos D e E - e Sector da Grande
Distribuição - caso F): a importância da formação dos Gestores de Recursos
Humanos nos domínios comportamentais, nomeadamente comunicação, lide-
rança, gestão de equipas; e o papel integrador que compete à GRH nas orga-
nizações de grande dimensão e dispersas geograficamente, como explicita
bem este excerto da entrevista ao Director de Recursos Humanos da empresa
F: “São, de facto fundamentais, os saberes sociais e relacionais. (...) tem de
haver um fio condutor. A direcção de recursos humanos é muitas vezes a estru-
tura que faz esse fio condutor entre as diversas estruturas, que pela sua dimen-
são, tendem muitas vezes para a fragmentação”.
177
e transnacionais, tem vindo a revelar as questões específicas e complexas com
que a Gestão de Recursos Humanos se confronta neste contexto: o recruta-
mento internacional, a gestão da mobilidade geográfica internacional dos
quadros (formação dos quadros, expatriação e gestão das carreiras interna-
cionais), a gestão da diversidade cultural, a formação de culturas organizacio-
nais supranacionais, são alguns desses exemplos.
178
É de salientar o número de empresas estudadas que referiu a importância da
Ergonomia e da Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho, particularmente
nas empresas industriais e nas de construção civil, onde a frequência e a gra-
vidade dos acidentes de trabalho são maiores. A pressão da regulamentação
e da fiscalização nesta área são factores fundamentais, quer para a sua for-
malização em termos orgânicos quer para a integração na empresa de técni-
cos com certificação profissional.
179
A gestão da performance dos indivíduos na organização, como elemento fun-
damental da performance da organização, e a crescente consciência da cen-
tralidade do conhecimento como valor distintivo da competitividade da organi-
zação, fazem com que a gestão e a consultoria de recursos humanos tenham
vindo a focalizar-se nestes domínios, mesmo com uma perspectiva mais táctica
do que estratégica, e também a desenvolver e a adoptar um manancial vasto
de ferramentas e de metodologias específicas fortemente apoiadas nas TIC.
Veja-se, por exemplo, o desenvolvimento da oferta de consultoria especializa-
da em pacotes de formação, em eLearning e em gestão do conhecimento.
Esta abordagem foi também claramente visível nos estudos de caso das
empresas que já implementaram, ou estão a implementar, sistemas de qualida-
de, particularmente nas empresas de serviços (hoteleiras, nomeadamente),
onde a qualidade da relação com o cliente depende directamente das com-
petências dos empregados. Os projectos de qualidade são normalmente
muito exigentes em auditoria e controlo, em formação e na participação dos
colaboradores na melhoria da organização e do serviço e, portanto, têm fun-
cionado como factor impulsionador de uma gestão mais atenta ao factor
humano. Em alguns casos destas empresas (A e H), foi mesmo possível obser-
var que o responsável pela qualidade do serviço era também o responsável
pela GRH, tal é a associação destes elementos.
180
da Gestão de Recursos Humanos, estando normalmente integrados em estru-
turas funcionalizadas. A noção de que existe um cliente interno face ao qual
poderão prestar um serviço de elevado valor acrescentado está, em geral,
pouco presente. Esta noção é, no entanto, mais comum quando os Técnicos
de Recursos Humanos se especializam em determinadas práticas como seja a
da formação. Segundo os dados do inquérito, a expressão do emprego de
«Técnico(a) Geral de Recursos Humanos» é claramente superior à dos restan-
tes empregos deste nível, demonstrando, mais uma vez, a vocação generalis-
ta do domínio. A especialização neste nível surge essencialmente em empre-
sas especializadas, em que os Técnicos de Formação chegam a representar
34,5% dos profissionais do domínio.
181
ções e das necessidades dos vários actores envolvidos (empresa, hierarquia,
trabalhador, comunidade…). Ao seu papel de «solucionador» sobrepor-se-á o
de «analista», funcionando assim como apoio técnico fundamental aos
Gestores / Consultores em cada uma das dimensões críticas para a competi-
tividade da organização.
182
ma empresa que tenha respondido que prevê reduzir o emprego administrati-
vo. Estes dados reflectem a forte presença dos modelos tradicionais de Gestão
de Recursos Humanos, portanto, intensivos em trabalho com estas característi-
cas, e a forte opção pela internalização destas funções com recursos integra-
dos hierarquicamente, típico das empresas não especializadas (apenas 25%
destas recorrem à subcontratação de serviços no domínio).
Em primeiro lugar, o factor tecnológico: esta é talvez a área onde as TIC mais
impacte têm tido. A simplificação dos procedimentos, a redução do papel cir-
culante, a facilidade das comunicações, a racionalização dos processos, a
transferência das operações mais simples para os vários utilizadores e a con-
centração das operações mais complexas e de maior responsabilidade nos ser-
viços centrais, têm sido algumas das visíveis consequências da informatização
do trabalho de escritório. Vários estudos sobre o tema têm inclusivamente apon-
tado a menor necessidade de pessoal em virtude desta informatização.
183
por departamentos ou unidades de negócio. Esta reorganização é normal-
mente acompanhada pela racionalização e informatização de processos de
trabalho e ainda, nalguns casos, por redução ou reafectação de pessoal.
184
Pessoas tem de fazer, mas suficientemente flexível para se adaptar às várias
realidades empresariais.
185
domínio, tendem a estar cada vez mais próximas, perante a falência progres-
siva da Gestão de Recursos Humanos como área funcional nas organizações
e perante a necessidade destes perfis mobilizarem competências e assumirem
posturas de consultoria (quer interna quer externa), quer a um nível mais estra-
tégico (Gestor(a) de Pessoas/ Consultor(a) Estratégico(a) em Gestão de
Pessoas), quer a um nível mais táctico (Técnico(a)/ Consultor(a) Operacional
em Gestão de Pessoas).
186
Quadro 18 - Perfis Profissionais - Nível da Gestão/ Consultoria
Director(a)/ Gestor(a) de
Renovação
Gestão de Recursos Recursos Humanos*
Gestor(a) de Pessoas / Consultor(a) Estratégico(a) em Gestão de Pessoas das Áreas de
Humanos - Geral Consultor(a) Sénior em
Intervenção Táctica
Recursos Humanos**
Gestor(a)
Avaliação de
de Avaliação de Confiança (4)
Desempenho (4)
Desempenho
Especialização Especialização
Gestor(a) de
Formação (6) em Gestão da em Gestão do Conhecimento (6)
Formação
Performance Humana Conhecimento
e Organizacional Especialização em
Especialização em Emprego e Igualdade Especialização em
Carreiras e Gestor(a) de Carreiras e
Cultura Organizacional Gestão Internacional Coesão Social (7)
Remunerações (7) Remunerações
e Gestão da Mudança de Pessoas
187
Recrutamento e
Gestor(a) de
Selecção Competências (5)
Recrutamento e Selecção
(5)
* Outras profissões de carácter geral: Director(a)/ Gestor(a) de Pessoas e do Conhecimento; Responsável pelo Desenvolvimento Organizacional; Gestor(a) Administrativo(a) de Pessoal; Gestor(a) de
Comunicação Interna.
** Outras profissões de carácter geral: Adjunto(a) do(a) Director(a) de Recursos Humanos e Assessor(a) do(a) Director(a) de Recursos Humanos. Apesar do seu carácter genérico, o(a) Consultor(a)
Sénior pode também exercer actividade em áreas de intervenção táctica como a avaliação de desempenho (4), a formação (6), carreiras e remunerações (7) e recrutamento e selecção (5).
Nota: Não serão realizados perfis profissionais de Administrativos no domínio da Gestão de Pessoas por se considerar pertenceram ao domínio Administrativo (estudo em fase de publicação pelo IQF).
Quadro 19 - Perfis Profissionais - Nível Técnico/ Consultoria
Técnico(a) Geral de
Renovação
Gestão de Recursos Recursos Humanos
Técnico(a)/ Consultor(a) Operacional em Gestão de Pessoas das Áreas de
Humanos - Geral Consultor(a) Júnior em
Intervenção Táctica
Recursos Humanos*
Técnico(a) de
Avaliação de
Avaliação de Confiança (4)
Desempenho (4)
Desempenho
Especialização Especialização
Técnico(a) de
Formação (6) em Gestão da em Gestão do Conhecimento (6)
Formação
Performance Humana Conhecimento
e Organizacional Especialização em
Técnico(a) de Especialização em Emprego e Igualdade Especialização em
Carreiras e
Carreiras e Cultura Organizacional Gestão Internacional Coesão Social (7)
Remunerações (7)
Remuneração e Gestão da Mudança de Pessoas
188
Recrutamento e Técnico(a) de
Selecção Recrutamento Competências (5)
(5) e Selecção
* Apesar do seu carácter genérico, o(a) Consultor(a) Júnior pode também exercer actividade em áreas de intervenção táctica como a avaliação de desempenho (4), a formação (6), carreiras e remunera-
ções (7) e recrutamento e selecção (5).
Nota : Não serão realizados perfis profissionais de Administrativos no domínio da Gestão de Pessoas por se considerar pertenceram ao domínio Administrativo (estudo em fase de publicação pelo IQF).
A partir desta arquitectura, foram propostas cinco especializações possíveis dos
perfis (Quadro 18 e Quadro 19): performance humana e organizacional; gestão
do conhecimento; cultura organizacional e gestão da mudança; emprego e igual-
dade; gestão internacional de pessoas. Em primeiro lugar, resultam directamente
dos factores de evolução e das necessidades de competências anteriormente iden-
tificadas. Neste sentido, estão associadas às novas áreas de intervenção estratégi-
ca do domínio e agregam as práticas renovadas da Gestão de Pessoas. Em segun-
do lugar, procuram introduzir uma lógica de especialização altamente estratégica
e integrada, permitir um arranjo mais flexível das opções de formação ou de car-
reira para os indivíduos e para as empresas e ainda procuram concretizar o que
poderá ser uma reorganização possível das ofertas de educação/ formação.
189
cialidades na área, e do recurso a práticas e a processos organizacionais, no-
meadamente a formação, na sua nova acepção (6), ou seja, não apenas na sua ver-
são mais formal e tradicional, mas sobretudo na sua relação com a organização
do trabalho (2) e com a comunicação (3), elementos fundamentais para a gera-
ção de ambientes de aprendizagem. Estes dois últimos elementos são particular-
mente exigentes na intervenção dos Gestores de Pessoas/Consultores Estratégicos
em Gestão de Pessoas devido ao seu cariz essencialmente estratégico. De qual-
quer das formas, exige-se aos Técnicos/Consultores Operacionais em Gestão de
Pessoas uma intervenção táctica completamente nova e devidamente articulada.
Esta especialização implica, para além de um actual e profundo domínio das ques-
tões (teóricas e técnicas) do conhecimento e da sua gestão em contexto organiza-
cional, fortes capacidades no domínio tecnológico (selecção e utilização de softwa-
re específico) e um domínio das metodologias e ferramentas de contabilização
desse capital e de avaliação do seu contributo para os resultados da empresa.
Esta especialização exige capacidade integradora que só é possível com uma ele-
vada sensibilidade e abertura aos outros, uma elevada capacidade de comunica-
ção e de motivação e ainda uma elevada capacidade de adaptação à mudança.
O domínio das técnicas de gestão da mudança e das técnicas que permitem uma
certa construção da corporate culture é, de qualquer forma, imprescindível.
190
liação de desempenho, da gestão das remunerações e das carreiras e ainda as da
gestão das condições de trabalho e da aplicação da legislação laboral. A garan-
tia de igualdade de oportunidades no trabalho deverá ser um objectivo prevalecen-
te em todas estas práticas exigindo também uma acepção renovada no sentido des-
tas promoverem a confiança (4) e a coesão (7), elementos fundamentais na gestão
da diversidade, e de atraírem e gerarem competências (5) e conhecimento (6).
Esta especialização assume cada vez mais importância face à crescente diversida-
de da mão-de-obra e à maior responsabilidade social exigível às empresas. Os
níveis de confiança e de coesão social na organização só serão plenamente garan-
tidos se os valores e as práticas da qualidade do emprego e da igualdade forem
assumidos estrategicamente no projecto da empresa (1) e amplamente partilhados
pela empresa e assumidos na sua relação com o exterior (comunicação (3)).
Devem-se assim dominar as práticas que visam garantir uma reserva de quadros
efectivamente preparados para a internacionalização - referimo-nos ao recruta-
mento internacional, à gestão das carreiras internacionais, à formação específica
de gestores e quadros para missões internacionais – e a gestão deve assumir uma
certa cultural awareness, para que as políticas centrais da empresa estejam sufi-
cientemente adaptadas aos vários contextos locais onde a empresa actua. Gere-se
continuamente o equilíbrio entre a globalização e a adaptação local.
191
Capítulo IV
Oferta Formativa para o
Domínio da Gestão
de Pessoas
1. Que Oferta de Formação para o Domínio da Gestão Fontes de Informação Utilizadas
Gestão de Pessoas foram constituídas duas bases de dados. A primeira baseia- da seguinte forma:
• a formação diluída pelas entida-
-se nas entidades acreditadas pelo Instituto para a Qualidade na Formação des formadoras particulares ou
(IQF) nas áreas de formação pertinentes para o domínio profissional, e re- privadas a actuar no âmbito da
porta-se a Maio de 2005. A segunda base de dados é composta pela infor- formação em Gestão de Pessoas
e devidamente acreditadas no do-
mação sobre os cursos orientados para o domínio, que dimana dos sites da
mínio da formação;
Direcção-Geral da Formação Vocacional (DGFV), do Instituto do Emprego e • a formação inserida no sistema
Formação Profissional (IEFP) e do Portal UNIVERSIA, bem como de alguns nacional de ensino, tutelada pelo
Ministério da Educação;
links para as próprias instituições (recolha realizada em Setembro de 2005).
• a formação inserida no mercado
de emprego, desenvolvida ou tute-
Tendo em conta a impossibilidade de cruzar os dados organizados por enti-
lada pelo Ministério do Trabalho
dade com os dados agrupados por curso, a análise da oferta formativa irá es- e da Solidariedade Social.
truturar-se em dois pontos distintos. Em primeiro lugar a análise por entidade Neste sentido, foram utilizadas as
bases de dados provenientes de di-
formadora que se suporta na base de dados do Sistema de Acreditação de
versas fontes:
Entidades Formadoras do IQF e, em segundo lugar, a base de dados constituída • IEFP (Instituto do Emprego e
a partir da informação sobre cursos destinados ao domínio profissional da Formação Profissional – Minis-
profissional da Gestão de Pessoas. Tendo em conta esta limitação, a pesquisa mação inicial e contínua das
Escolas Profissionais, Centros de
centrou-se em dois códigos cujo conteúdo se apresenta no quadro seguinte: Formação e Entidades privadas.
• Sistema de Acreditação de
Entidades Formadoras, do IQF
(Instituto para a Qualidade na
Formação).
• MCTES (Ministério da Ciência,
Tecnologia e Ensino Superior),
que abarca a oferta de formação
para o Ensino Superior (licenciatu-
ras, pós-graduações, mestrados e
doutoramentos), disponível nas
instituições de Ensino Público
Universitário, Ensino Público
193
Politécnico, Ensino Particular e Quadro 20 - Áreas de Formação no Âmbito da Gestão de Pessoas (CNAEF)
Cooperativo Universitário, Ensino
Particular e Cooperativo – outros Os programas de formação em gestão e administração dizem respeito ao
planeamento, direcção e controlo das funções e actividades das organiza-
estabelecimentos e da Univer-
ções e das instituições. Os programas de gestão que incluam a formação
sidade Católica Portuguesa, em administração, economia, finanças, etc., também são classificados nesta
tendo a informação sido conse- área se a gestão e a administração constituírem a vertente dominante. Esta
área inclui programas cujo conteúdo principal incida sobre as seguintes for-
guida através dos seguintes sites:
mações: Administração, Ciências da gestão, Criação de empresas, Gestão
• www.acessoaoensinosuperior.pt da formação, Gestão de empresas, Gestão de escritórios, Gestão de pes-
345–Gestão e Administração
• www.universia.pt soal, Gestão do emprego, Gestão e administração escolar, Gestão finan-
ceira, Gestão logística e Teoria e comportamento organizacionais.
Inclui: a formação para funções de direcção no âmbito da gestão é incluída
A internet permitiu, ainda, disponibi- nesta área; Exclui: a formação para funções em liderança no contexto do
lizar informações sobre: desenvolvimento pessoal é excluída desta área e classificada em 090
“Desenvolvimento pessoal”.
• as Escolas Profissionais, Centros A formação em administração no sentido de trabalho de escritório é excluída
de Formação e Entidades Priva- desta área e classificada em 346 “Secretariado e trabalho administrativo”.
das (www.dgfv.min-edu.pt);
Os programas de formação em enquadramento na organização / empresa
• os Centros de Formação Profis- dizem respeito ao estudo da estrutura e das funções atribuídas na organiza-
sional de Gestão Directa e os ção. Esta área inclui os programas cujo conteúdo principal incida sobre as
Centros de Formação Profis- seguintes formações: Acolhimento na empresa, Conhecimento da empresa,
Evolução profissional, Formação na empresa, Formação sindical, Gestão da
sional de Gestão Participada, qualidade, Necessidades dos clientes e Organização.
(www.iefp.pt). Exclui: a formação ligada ao posto de trabalho ou às tarefas profissionais, se
347–Enquadramento na estiver mais ligada ao desenvolvimento pessoal do que ao desenvolvimento
Organização/ Empresa profissional é excluída desta área e classificada em 090 “Desenvolvimento
Recorreu-se, ainda, a informações pessoal”.
provenientes: A formação de pessoal que possa ser classificada numa área específica é ex-
cluída desta área e classificada na área respectiva. (…)
• da aplicação de um inquérito
Os programas de formação, sobretudo ao nível do Ensino Superior, que tenham
telefónico a 664 empresas; a ver com enquadramento na empresa/organização em termos de mercado de
• de entrevistas realizadas presen- trabalho, parceiros sociais, psicologia industrial, etc., são excluídos desta área e
classificados na área de estudo 31 “Ciências sociais e do comportamento”.
cialmente a 14 empresas;
• de contactos com interlocutores
inseridos no sistema de formação. Fonte: Direcção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho – CNAEF (2003, p. 25-27)
194
profissional», «formação na empresa», etc. Porém, também neste código sur-
gem designações que encaixam noutros domínios profissionais transversais,
como é o caso da «gestão da qualidade».
Destaque-se que existem outros códigos que podem conter formação orien-
tada para o domínio da Gestão de Pessoas, nomeadamente nas áreas de es-
tudo 31 – Ciências sociais e do comportamento – onde se enquadra por
exemplo a área de educação e formação, 311 – Psicologia e a área de edu-
cação e formação, 090 – Desenvolvimento de Pessoas –, como ainda na
área de estudo 34 – Ciências empresariais – que inclui por exemplo o código
346 – secretariado e trabalho administrativo.
Associações 18,3%
F. Profissional 5,0%
Outros 12,0%
ciações vocacionadas para a
formação profissional.
0% 10% 20% 30% 40% 50%
195
Tal distribuição permite-nos concluir, em primeira instância, que a oferta forma-
tiva para o domínio profissional da Gestão de Pessoas é, na sua maioria, rea-
lizada por entidades empresariais, sendo que as empresas especializadas são
claramente dominantes em relação às restantes tipologias. De facto, para
além das entidades formadoras com carácter empresarial (54,1%) o segundo
registo vai para as entidades associativas que na maioria dos casos têm um
carácter industrial ou empresarial e, nesse sentido, destinam a sua oferta for-
mativa às empresas dos sectores ou domínios da sua intervenção.
3,7% 1,2%
35,7%
45,7%
13,7%
196
nesta matéria. Assim, mais de quatro quintos das entidades formadoras encon-
tram-se nas regiões de Lisboa e Vale do Tejo e do Norte, sendo a primeira cla-
ramente dominante no panorama nacional. No outro extremo encontram-se as
regiões autónomas sem qualquer registo nesta matéria e o Sul de Portugal
onde o Alentejo e o Algarve juntos não chegam a atingir 5% do total das en-
tidades formadoras. A região Centro encontra-se numa posição intermédia no
contexto desta dicotomia.
197
• A superioridade da formação contínua, obtida através da análise do nú-
mero de cursos por tipo de formação (contínua ou inicial), e respectiva dis-
tribuição por tipo de entidade formadora.
30%
25%
19,6%
20%
18,5%
15,2%
15%
10%
7,0% 18%
5,2%
5% 8%
2% 1% 3%
0%
CFGP CFGD Escolas Universid. Politéc. Rede Priv.
Profissionais DGFV
Os dados indicam que pouco mais de um terço da oferta formativa para o domí-
nio profissional da Gestão de Pessoas se encontra na rede privada que comporta
198
os cursos de Educação e Formação de Adultos32 aprovados para 2005/2006
pela DGFV. Se tivermos em conta que todas as Escolas Profissionais que forne-
cem cursos neste domínio33 são entidades privadas, então a oferta formativa pri-
vada (excluindo ainda os estabelecimentos de Ensino Superior) representa cerca
de 53% da oferta total. Neste sentido, a formação institucionalizada é também
dominada pelo sector empresarial, à semelhança dos dados obtidos através do
Sistema de Acreditação de Entidades Formadoras do IQF.
3,6%
7,3%
20,0%
18,2%
50,9%
32
Inclui uma miríade de organizações, nomeadamente empresas, associações, sindicatos, fundações, etc.
33
Integra na sua maioria cursos de Técnicos de Gestão – especificações – uma vez que uma das saídas profissionais
apresentada é a de Administrativo de Pessoal.
199
As universidades privadas representam mais de metade da oferta formativa no
Ensino Superior para o domínio profissional, constituindo mais do dobro da oferta
formativa das universidades públicas. Já no ensino politécnico a situação inverte-
-se, sendo o politécnico público claramente dominante em relação ao privado.
36%
64%
Inicial Contínua
200
Observando a distribuição dos cursos dirigidos ao domínio profissional por
tipo de entidade formadora chegamos à conclusão que são as entidades pri-
vadas, reconhecidas pela DGFV, as responsáveis pelo facto da formação con-
tínua quase duplicar o peso da formação inicial. De facto, a fatia dos 34,4%,
destacada no Gráfico 39, destina-se totalmente à formação contínua como
podemos verificar no gráfico seguinte:
100%
90% 21,1%
70%
71,4%
60%
40% 78,9%
66,0% 65,9%
30%
20%
28,6%
10%
0%
CFGP CFGD Escolas Universid. Politéc. Rede Priv.
Profissionais DGFV
Contínua Inicial
Para além da rede privada aprovada pela DGFV, a formação contínua é cla-
ramente maioritária ao nível dos CFGP e CFGD e nas universidades. Em con-
traponto, a formação inicial surge maioritária no ensino politécnico e tem o ex-
clusivo da oferta das escolas profissionais para este domínio.
201
dos cursos nos estabelecimentos de Ensino Superior surge com muito menor re-
levância do que aquele que efectivamente tem neste domínio profissional. Só
nesta medida é que se compreende que o nível 2 surja com um peso superior
ao nível 5, como se pode verificar no gráfico seguinte:
40,0%
40%
35%
30,4%
30%
25%
22,6%
20%
15%
10%
4,8%
5%
2,2%
0%
1 2 3 4 5
202
Gráfico 44 - Distribuição do Tipo de Formação por Nível de Qualificação de Saída
1 100,0%
2 99,1% 0,9%
3 13,1% 86,9%
4 53,8% 46,2%
5 56,1% 43,9%
Contínua Inicial
203
Gráfico 45 - Distribuição de Cursos no Ensino Superior
Outros 5%
Licenciatura 27%
Bac+lic 18%
Doutoramento 2%
Mestrado 13%
Pós-Graduação 37%
204
Gráfico 46 - Peso do Número de Cursos por NUTS II
5,9%
8,5%
39,6%
26,7%
19,3%
205
Gráfico 47 - Distribuição Regional por Tipo de Entidade Formadora (NUTS II)
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
206
Gráfico 48 - Distribuição Regional por Níveis de Saída (NUTS II)
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
207
2. Quais as Práticas de Formação nas Empresas
Nacionais?
O presente ponto destina-se a avaliar as estratégias de formação praticadas
pelas empresas nacionais. Para o efeito, suportamo-nos nos inquéritos às em-
presas especializadas e não especializadas do domínio profissional, no sen-
tido de explicitar a realidade da formação empresarial.
34
Ponto 1.3 – Modelo de Abordagem ao Domínio Profissional.
208
Gráfico 49 - Práticas de Gestão de Pessoas
Administrativas e 76%
Jurídico Legais 77%
74%
Remunerações
61%
70%
Gestão de Carreiras
65%
50%
Recrutamento e Selecção
34%
38%
Formação
27%
25%
Avaliação de Desempenho
16%
Análise e Qualificação 28%
de Funções 9%
Tácticas Estratégicas
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
209
nos permitir ter uma visão tão autêntica quanto possível da realidade, já a dis-
tribuição das respostas pelas várias práticas permite-nos ter uma ideia mais
aproximada da que efectivamente se implementa nas empresas nacionais.
210
Figura 18 - Gestão Pessoalizada e Sustentabilidade Interna das Organizações
INDIVÍDUO
Gestão (Implicação no Sustentabilidade
Pessoalizada trabalho) no Exterior
Avaliação de
Desempenho Recrutamento
Análise e Qualificação Selecção
de Funções
INTEGRAÇÃO DIFERENCIAÇÃO
do trabalho do trabalho
Administrativo e
Jurídico-Legal
Formação
Carreiras e
Remunerações
Este discurso obtém um amplo consenso teórico, embora não encontre espelho
na prática organizacional que continua a procurar fora da empresa, via recru-
tamento e selecção, aquilo que deveria investir dentro, pela via da formação.
211
Gráfico 50 - Frequência de Participação em Acções de Formação
+de 2 anos 9%
De 2 em 2 anos 12%
Anualmente 30%
De 6 em 6 meses 7%
Mensalmente ou menos 5%
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
Outro dado relevante decorre do facto de, em mais de metade das empresas
inquiridas, se referir uma frequência de acções de formação anual ou mais dis-
persa. Em contraponto, e se atentarmos à participação em acções de forma-
ção, mensal ou inferior, em apenas 5% das empresas a formação surge como
um processo contínuo.
212
a) A empresa faz diagnósticos de necessidades de formação
a)
b)
c)
d)
e)
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
213
Os resultados demonstram que apenas 27,9% dos inquiridos afirmam efectuar
sempre o diagnóstico das necessidades de formação, sendo que 55,8% de-
claram que nunca ou somente às vezes o realizam. Significa isto que a maior
parte das acções de formação não decorrem da explicitação de uma neces-
sidade, pelo que os resultados do planeamento de acções de formação b) e
da sua avaliação c) surgem perspectivados não pela necessidade da procura,
mas pelas possibilidades da oferta. Seria necessário, para efeitos de aprendi-
zagem organizacional, a convergência do sistema fornecedor com o sistema
cliente, de modo a que as acções de formação não resultassem de uma mera
lógica de fornecimento/venda/aquisição de serviços segundo a qual os resul-
tados obtidos na alínea b) e c) pudessem ser devidamente interpretados.
Assim, os valores de 52,9% (sempre e quase sempre) obtidos para o pla-
neamento e de 60,2% (sempre e quase sempre) para a avaliação da forma-
ção devem ser interpretados com algumas reservas.
214
administrativas e jurídicas de recursos humanos; tecnologias de informação e
da comunicação; formação comportamental em liderança; formação compor-
tamental em comunicação e outras formações de base comportamental,
sendo as primeiras três dirigidas, essencialmente, aos saberes-fazer técnicos e
as restantes ao desenvolvimento de competências ao nível dos saberes-fazer
sociais e relacionais. O gráfico seguinte dá-nos conta da distribuição das ac-
ções desenvolvidas ou a desenvolver, por áreas de formação.
Ferramentas e 19%
Técnicas de RH 21%
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
215
Observe-se agora a discriminação dos valores acima apresentados pelas di-
ferentes realidades empresariais, isto é, por empresas especializadas e não es-
pecializadas.
Ferramentas e
Técnicas de RH
Téc. Administrativas e
Jurídicas de RH
Tecnologias da Informação
e da Comunicação
Formação Comportamental
em Liderança
Formação Comportamental
em Comunicação
Outras Formações
de Base Comportamental
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
216
cimeira é acompanhada pela formação comportamental em liderança nas
empresas especializadas, para o último ano.
Ferramentas e
Técnicas de RH
Téc. Administrativas e
Jurídicas de RH
Tecnologias da Informação
e da Comunicação
Formação Comportamental
em Liderança
Formação Comportamental
em Comunicação
Outras Formações
de base Comportamental
Fonte: Inquérito IQF (2003) “Estudo dos Domínios Profissionais Transversais – Gestão de Pessoas”
217
de informação e comunicação (21,7%) mostra-se a mais relevante para o ní-
vel administrativo. Consideremos então uma análise separada por cada um
dos níveis de intervenção.
218
Neste nível de intervenção a formação técnica predomina claramente so-
bre a comportamental, quase duplicando o seu valor. Destaque-se o facto
da formação em técnicas administrativas e jurídicas apresentar o valor
mais alto (26,2%) para este nível de intervenção e comparativamente aos
outros dois. De facto, quando metade da formação se destina a Técnicos
Contabilistas não se estranha a preponderância desta área de formação
sobre as restantes.
219
à generalidade da oferta formativa para o domínio profissional, consideram-
na frequentemente desajustada das reais necessidades do mercado de traba-
lho e, nesse sentido, com necessidade de ser reorientada. A especificação dos
desajustamentos mais referenciados pelos entrevistados é passível de ser su-
marizada da seguinte forma:
220
revelam critérios de selecção muito apertados, sendo comum, ao nível das
licenciaturas, a aceitação de candidatos provenientes de qualquer um dos
agrupamentos do Ensino Secundário e encontrar, ao nível das pós-gradua-
ções e mestrados, formandos com características e percursos profissionais e
educacionais muito distintos.
221
Capítulo V
Balanço Final:
empregos, competências
e pistas orientadoras
da formação
As conclusões deste estudo são traduzidas em termos do impacte que a
mudança nas variáveis do mercado, da tecnologia e da organização tem
sobre a dinâmica de evolução dos empregos, das competências e da forma-
ção. Nesse sentido, este capítulo estrutura-se em três pontos. No primeiro pre-
tende-se dar conta das implicações que a explosão do domínio profissional
acarreta ao nível da quantidade e da qualidade do emprego, bem como das
competências fundamentais que relevam dos perfis profissionais construídos
anteriormente. Num ponto intermédio explicitam-se algumas medidas estraté-
gicas acerca do rumo que a oferta formativa deve tomar, tanto ao nível da for-
mação profissional como do sistema de ensino. Finalmente e tendo em conta
que a formação é uma prática que se enquadra especificamente neste domí-
nio profissional da Gestão de Pessoas, o terceiro ponto é dedicado à defini-
ção dos contornos de um novo paradigma para a formação.
223
Figura 19 - Evolução Qualitativa e Quantitativa dos Empregos
Gestão de Pessoas
(Estratégica e Disseminada)
Alargamento e
Enriquecimento Novas Áreas de Intervenção Estratégica
do Domínio Empregos em Emergência
Profissional
Declínio do
Domínio Áreas de Intervenção Táctica
Profissional Empregos em Transformação
Empregos em Empregos em
Regressão Crescimento
224
finalidades diferentes e, nalguns casos, opostas às das práticas tradicionais da
Gestão de Recursos Humanos. Nesta linha, os empregos relativos à renovação
da intervenção táctica transformam-se no sentido das seguintes orientações:
225
Neste sentido, podemos sintetizar o quadro de transformação do emprego
relativo às áreas de intervenção táctica em quatro pontos:
226
as novas áreas de intervenção estratégica, bem como com as quatro áreas de
intervenção táctica renovadas. Assim, os profissionais deste nível de interven-
ção são responsáveis pela articulação entre o novo espaço estratégico e as
áreas que se mantêm no plano táctico do domínio profissional. Do ponto de
vista táctico, em consonância com as tendências de crescente outsoursing,
assiste-se à transferência, na quantidade, de Gestores de Pessoas das empre-
sas não especializadas para as especializadas. Note-se que, independente-
mente do quadrante em que nos posicionamos para analisar o domínio profis-
sional, não é no plano dos Gestores Funcionais que as alterações são mais evi-
dentes, mas sim na necessidade de transversalizar as competências em
Gestão de Pessoas por todos os Gestores de Linha, aos seus mais diversos
níveis. Consideremos então uma selecção das competências fundamentais e
das novas competências que os profissionais que integram este nível de inter-
venção têm de passar a mobilizar:
227
• Definir e garantir condições de trabalho de acordo com a legislação labo-
ral e os acordos colectivos em vigor garantindo a responsabilidade social
da empresa.
228
• Aplicar os princípios da igualdade de oportunidades na Gestão de Pessoas
e desenvolver programas específicos de igualdade na empresa.
229
alterações profundas na dinâmica profissional do emprego e das competên-
cias, bem como na construção dos perfis profissionais.
230
• Apostar na relação entre as entidades formadoras e as empresas recorren-
do, para o efeito, a estágios curriculares que permitam aos formandos expe-
rienciar a organização aproximando-os da realidade e das suas reais
necessidades de intervenção.
231
• Promover a avaliação da eficácia da formação ministrada, por um lado no
seu impacte na mobilização de competências individuais e, por outro, no
desempenho organizacional. As práticas de avaliação devem fomentar os
processos de auto-avaliação que representam o elemento motriz da melho-
ria contínua e motivador do processo de formação contínua.
232
• Esta tendência será mais vincada se a política de forte redução da grande
diversidade das denominações das licenciaturas, sugerida pelo CRUP
(Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas) for de facto imple-
mentada. De algum modo as licenciaturas específicas para este domínio
profissional encontram-se ameaçadas de extinção, o que abre ainda mais o
mercado para as formações de 2º ciclo e para pós-graduações especiali-
zadas em Gestão de Pessoas. A comparação com a oferta formativa inter-
nacional reforça ainda mais esta tendência.
• Em concomitância, ao nível das licenciaturas, particularmente nos cursos das O objectivo do processo de
ciências exactas, aconselha-se a introdução de conteúdos de Gestão de Pessoas Bolonha, que prevê a criação do
espaço europeu do Ensino Superior
no sentido de melhor integrar estes licenciados na dinâmica organizacional.
em 2010, aponta o mestrado como
patamar mínimo de formação no
• No sentido de colmatar alguma desarticulação entre o sistema de ensino e
acesso a profissões qualificadas.
as necessidades das empresas deverá incentivar-se a participação dos
empresários em seminários de licenciatura, no sentido de sensibilizar os
mesmos para as competências dos formandos, partindo daí para a oferta
de empregos e estágios profissionais.
233
• Os conteúdos formativos actualmente ministrados no âmbito dos CFGD e
CFGP (nível 5) centram-se exclusivamente na prática formativa, seja na
variante da formação pedagógica inicial ou contínua de formadores, seja
sob a designação de gestão da formação. Estes conteúdos programáticos,
tendo em conta a evolução do domínio profissional, devem, em nossa opi-
nião, ver alargado o seu leque de oferta a outros conteúdos, tais como as
práticas de recrutamento e selecção, de avaliação de desempenho e de
carreiras e remuneração, desde que a formação em cada uma destas áreas
tradicionais de intervenção da Gestão de Recursos Humanos seja devida-
mente orientada para a finalidade estratégica do domínio profissional.
234
• As Escolas Profissionais formam, na actualidade, Técnicos de Gestão com
especificações. Estas instituições qualificam essencialmente, com o nível 3,
profissionais administrativos que face à tendência de aglutinação atrás refe-
rida se aconselha que os conteúdos se mantenham genéricos ao nível da
gestão prevendo apenas uma especialização na área de pessoal.
Diagnóstico e Intervenção,
Técnico(a)/Consultor(a) Operacional em
Gestão de Pessoas
(Interna e Externa)
235
Para além das novas áreas de for- As áreas de formação propostas correspondem, por um lado, aos sete eixos
mação propostas, não se pode dei- de mudança que em conjunto transformam o emprego e as competências e
xar de ter em conta a continuidade
permitem construir o perfil de Gestor(a)/Consultor(a) Estratégico(a) em
de algumas áreas de intervenção
táctica, nomeadamente a gestão Gestão de Pessoas e o de Técnico(a)/Consultor(a) Operacional em Gestão
administrativa e legal. de Pessoas e, por outro, a sete medidas de transformação dos conteúdos
formativos em ordem à nova finalidade estratégica do domínio.
236
conteúdos, memorização e teste de conhecimentos adequado a uma forma-
ção centrada na figura do «professor», próprio da pedadogia, deve procu-
rar-se em cada iniciativa criar um ambiente de partilha do saber e de circu-
lação de experiências que prepare os formandos para a autonomia reflexi-
va própria da andragogia.
237
A gestão tradicional de recursos humanos parte de uma organização do tra-
balho previamente definida e assenta a sua área de intervenção na adequa-
ção do comportamento dos indivíduos ao posto de trabalho. A formação,
nesta perspectiva, surge como um instrumento para a aquisição de saberes uti-
lizáveis no imediato e, vulgarmente, apenas em consonância com as exigên-
cias da tecnologia existente num dado momento e contexto. No entanto e face
à crescente instabilidade do meio envolvente, as empresas pressentem, cada
vez mais, o carácter insuficiente do saber formalizado, muitas vezes escalpeli-
zado em manuais de procedimento elaborados numa óptica de absoluta pre-
visibilidade das actividades empresariais e dos comportamentos individuais,
emergindo a constatação de que a própria organização deve aprender.
Dito de outra forma, a organização que aprende emerge como uma espécie
de meio envolvente da formação profissional, espécie de condição prévia
para que ela exista e, simultaneamente, constitui o seu ponto de chegada. O
trabalho e a formação manteriam, de acordo com este modelo, relações com-
plementares e recíprocas, constituindo as forças motoras da aprendizagem ao
238
longo da vida e da organização que aprende, reunindo, num mesmo movi-
mento, a aprendizagem individual e a aprendizagem organizacional.
239
Perfis Profissionais
I. REFERENCIAL DE EMPREGO
Missão
Define, implementa e avalia a estratégia da empresa no que respeita ao investimento no valor distintivo
das pessoas e do conhecimento, tendo em vista a competitividade da empresa e a garantia de coesão
e de responsabilidade social.
Perfis Profissionais
de Pessoas.
Consultores em nome individual.
Área funcional
Administração/ Gestão de Topo; Staff da Gestão de Topo.
Gestão de projectos no domínio da Gestão de Pessoas.
Actividades
Aconselha a Gestão de Topo quanto ao projecto da empresa e contribui para a definição de uma estra-
tégia assente no desenvolvimento das pessoas e do conhecimento na organização.
Comunica o projecto da empresa promovendo a partilha e a identificação.
Desenvolve e aconselha sobre políticas de atracção e retenção dos indivíduos e das competências críti-
cas para a organização.
241
Elabora e implementa as políticas de contratação e gere o emprego de trabalhadores cada vez mais
diversos, assegurando igualdade de oportunidades e uma conduta ética por parte da empresa.
Coordena e aconselha sobre as estratégias relativas à aprendizagem, formação e desenvolvimento pro-
fissional contínuo, tendo em vista a melhoria das capacidades individuais e organizacionais.
Concebe, testa e avalia, em colaboração com os gestores funcionais, sistemas de trabalho de elevada
performance (individual, de equipa e organizacional), visando a promoção do trabalho em equipa, da
participação e da flexibilidade.
Elabora, implementa e gere o sistema de reconhecimento e de recompensas que valorize o mérito e os
resultados.
Mantém e melhora o bem-estar físico e mental dos indivíduos na organização.
Promove e mantém um clima organizacional capaz de equilibrar as necessidades dos stakeholders.
Promove e mantém uma cultura organizacional aberta à inovação e à mudança.
Assiste tecnicamente gestores e trabalhadores sobre as políticas de pessoal, os acordos colectivos e a
legislação laboral em vigor e sobre as suas opções face à educação/formação, trabalho e carreira.
Recolhe informações sobre a possibilidade e a vantagem do recurso à subcontratação de mão-de-obra
e/ou de serviços especializados e sobre a possibilidade e a vantagem de recurso a fundos comunitários.
Implementa e gere o projecto aprovado na área específica da intervenção organizacional.
Gere sistemas de informação sobre recursos humanos, baseados em tecnologias de informação e de
comunicação, que apoiam a decisão.
Perfis Profissionais
Saberes-fazer técnicos
Identificar as tendências de evolução mais marcantes ao nível do negócio da empresa.
Diagnosticar e antecipar a evolução do contexto económico e do mercado de trabalho no que respeita
ao volume e à qualidade das pessoas disponíveis para trabalhar, a curto e a médio prazo.
Definir e interpretar o projecto da empresa.
Definir os objectivos estratégicos da organização no que respeita ao desenvolvimento das pessoas e do
conhecimento.
Organizar a comunicação do projecto e da estratégia da empresa promovendo a partilha e a identificação.
Diagnosticar e antecipar o impacte das estratégias da empresa nas políticas de Gestão de Pessoas.
Analisar e prever as disponibilidades e as necessidades da empresa em volume de trabalho e em qua-
lidade (qualificações, competências, motivações relativas ao trabalho e à carreira, …).
242
Organizar processos de recrutamento e selecção a candidatos às várias funções da empresa.
Definir e aplicar as modalidades de contratação de acordo com a legislação laboral e os acordos colec-
tivos em vigor, garantindo o equilíbrio entre a flexibilidade e a segurança.
Definir e garantir condições de trabalho de acordo com a legislação laboral e os acordos colectivos em
vigor garantindo a responsabilidade social da empresa.
Aplicar os princípios da igualdade de oportunidades na Gestão de Pessoas e desenvolver programas
específicos de igualdade na empresa.
Analisar indicadores relativos às competências detidas e á performance individual, de equipa e organi-
zacional, alcançada.
Definir soluções organizacionais que potenciem a aprendizagem e o desenvolvimento profissional contínuo.
Identificar soluções formativas adequadas aos objectivos da formação e aos públicos a formar.
Definir programas de avaliação de performance em função do potencial de desenvolvimento humano e
dos objectivos competitivos da empresa.
Definir e aplicar formas de reconhecimento e de recompensa (financeira e não financeira; standard e à
medida) de performances superiores.
Definir, em colaboração com os técnicos e serviços especializados, programas de saúde, segurança e
higiene no trabalho de acordo com a legislação em vigor e com as necessidades da empresa.
Diagnosticar o clima organizacional monitorizando os níveis de motivação, trabalho em equipa e de participa-
ção na organização e avaliando as necessidades de actuação face aos objectivos estratégicos da empresa.
Perfis Profissionais
Identificar e promover a transmissão e a consolidação de valores, padrões de comportamento, rotinas e
práticas de gestão que sustentem a cultura organizacional.
Aplicar mecanismos de gestão que reduzam a resistência à mudança e premeiem a inovação.
Propor e aconselhar gestores e trabalhadores sobre aspectos legislativos do domínio, políticas e acor-
dos específicos da empresa e opções profissionais particularmente em situações de mudança.
Avaliar a possibilidade e a vantagem da subcontratação de mão-de-obra e/ou de serviços especializa-
dos e da candidatura a fundos comunitários.
Identificar fornecedores e avaliar as suas condições de qualidade, prazos e preços.
Identificar os programas operacionais e as medidas específicas adequadas e avaliar os requisitos da
candidatura.
Seleccionar ou recomendar a selecção de fornecedores de mão-de-obra e/ou de serviços especializados.
Seleccionar ou recomendar a selecção de programas operacionais e de medidas específicas e definir
os elementos de natureza técnica necessários à candidatura a estes programas.
243
Testar e monitorizar as soluções de gestão e organizacionais e os programas específicos implementados.
Avaliar a eficácia e o impacte dessas soluções e desses programas nos níveis de performance individual,
de equipa e organizacional face aos objectivos estabelecidos.
Identificar, propor e negociar com a gestão, os trabalhadores e os parceiros sociais, medidas correctivas.
Organizar, sistematizar e manter actualizados sistemas de informação sobre recursos humanos.
Saberes
Conhecimentos profundos das especificidades e da evolução do mercado de trabalho a nível regional,
nacional e europeu.
Conhecimentos profundos das políticas e práticas de gestão da performance individual, de equipa e da
organização.
Conhecimentos profundos das políticas e práticas de gestão do conhecimento na organização.
Conhecimentos profundos das políticas e práticas no domínio da cultura organizacional e da gestão da
mudança.
Conhecimentos profundos das políticas e práticas no domínio do emprego e da igualdade.
Conhecimentos profundos das políticas e práticas de gestão internacional de pessoas.
Conhecimentos sólidos do negócio da empresa, dos seus produtos/serviços e segmentos de clientes.
Conhecimentos sólidos do contexto económico e social, a nível nacional e europeu, e principais tendên-
cias de evolução com importância para o domínio.
Conhecimentos sólidos da legislação do trabalho.
Perfis Profissionais
244
Saberes-fazer sociais e relacionais
Comunicar de forma clara, precisa, persuasiva e assertiva.
Adaptar-se à mudança e à diversidade (situação económica, novas tecnologias, evolução do mercado
de trabalho e da legislação em vigor,...).
Liderar e animar equipas de trabalho.
Negociar e mediar interesses diversos das partes implicadas (accionistas, gestores, empregados, parcei-
ros sociais, comunidade).
Estabelecer relações com os vários departamentos e gestores da empresa.
Manter a confidencialidade, a neutralidade e a discrição no tratamento de determinados assuntos.
Negociar e gerir conflitos.
Este perfil é acessível a partir de formação superior na área das ciências sociais e humanas e na área
das ciências empresariais e económicas, nomeadamente através de formação superior específica em
Gestão de Recursos Humanos. É também valorizada a experiência no domínio.
Perfis Profissionais
organizacional e do papel atribuído à GRH na intervenção: gestão da performance humana e
empresa, este profissional pode ter uma interven- organizacional; gestão do conhecimento; cultura
ção mais estratégica (neste caso, mais exigente organizacional e gestão da mudança; emprego e
ao nível da construção do projecto da empresa, igualdade; gestão internacional de pessoas.
da análise e redesenho organizacional e da
comunicação dos objectivos e valores organiza-
cionais) ou mais táctica e mais generalista ou mais
especializada.
Numa empresa multinacional, este(a) profissional
pode assumir funções de Gestor(a) Internacional
de Pessoas (central ou por regiões) exigindo-se
para o efeito experiência internacional e compe-
tências especializadas.
245
I. REFERENCIAL DE EMPREGO
Missão
Implementa e avalia as políticas de Gestão de Pessoas na organização tendo em vista melhorar a sua
eficácia e o seu contributo para a competitividade da empresa e para a garantia de coesão e respon-
sabilidade social.
Área funcional
Staff dos Gestores de Pessoas/ Consultores em Gestão de Pessoas.
Perfis Profissionais
Actividades
Colabora, com o(a) Gestor(a) de Pessoas/ Consultor(a) Estratégico(a) em Gestão de Pessoas na defini-
ção das estratégias relativas à Gestão de Pessoas na organização e de acordo com o projecto da
empresa.
Analisa as disponibilidades e as necessidades da organização no que respeita ao volume de trabalho
e à qualidade (qualificações, competências e motivações), a curto e a médio prazo.
Desenvolve processos de captação das competências críticas para a organização, nomeadamente atra-
vés do recrutamento e selecção.
Implementa as modalidades de contratação em função dos vários segmentos de trabalhadores, de acor-
do com a legislação laboral em vigor e assegurando igualdade de oportunidades e uma conduta ética
por parte da empresa.
246
Concebe e coordena soluções de desenvolvimento do conhecimento individual e colectivo, nomeada-
mente através da formação.
Concebe e implementa, em colaboração com os gestores funcionais, sistemas de trabalho de elevada
performance (individual, de equipa e organizacional) visando a promoção do trabalho em equipa, da
participação e da flexibilidade.
Concebe e adapta sistemas de reconhecimento e de recompensas que valorizem o mérito e os resulta-
dos e que promovam a confiança e a coesão na organização.
Elabora, em colaboração com profissionais especializados, programas de melhoria das condições de
trabalho e de promoção da igualdade na empresa.
Assiste tecnicamente gestores e trabalhadores sobre as políticas de pessoal, os acordos colectivos e a
legislação laboral em vigor e sobre as suas opções face à educação/formação, trabalho e carreira.
Recolhe informações sobre a possibilidade e a vantagem do recurso à subcontratação de mão-de-obra
e/ou de serviços especializados e sobre a possibilidade e a vantagem de recurso a fundos comunitários.
Implementa e gere o projecto aprovado na área específica da intervenção organizacional.
Organiza serviços de apoio e eventos ou actividades sociais.
Colabora na negociação colectiva.
Elabora relatórios técnicos para apoiar a decisão ao nível da gestão.
Perfis Profissionais
Saberes-fazer técnicos
Identificar as tendências de evolução mais marcantes ao nível do negócio da empresa e ao nível do mer-
cado de trabalho.
Diagnosticar o impacte das estratégias da empresa nas políticas de Gestão de Pessoas.
Definir objectivos de natureza táctica e de curto-médio prazo relativos à Gestão de Pessoas na
organização.
Desenvolver análises do trabalho e das competências tendo em conta as mudanças tecnológicas e orga-
nizacionais e as estratégias de mercado da empresa.
Identificar necessidades de trabalho em volume e em competências em função das previsões do negó-
cio e dos fluxos de mão-de-obra.
Definir as formas de divulgação para recrutamento.
Identificar os métodos de selecção adequados (entrevistas, testes, análise curricular…) via presencial ou
electrónica.
247
Analisar os resultados do processo de selecção.
Identificar os candidatos mais adequados às funções e preparar as recomendações técnicas para deci-
são ao nível da gestão.
Acompanhar o processo de acolhimento e integração do candidato na organização.
Redigir e aplicar as modalidades de contratação definidas e de acordo com a legislação de trabalho.
Diagnosticar as necessidades de formação existentes.
Analisar os custos envolvidos no plano de formação definido.
Definir objectivos e indicadores para o plano de formação a desenvolver.
Avaliar o resultado e o impacte da formação ministrada.
Diagnosticar disfunções dos sistemas de trabalho existentes com impactes na performance.
Desenhar as alterações necessárias – layouts produtivos, distribuição do trabalho, enriquecimento e alar-
gamento de tarefas, rotação de funções, introdução de equipas de trabalho, entre outros.
Testar e monitorizar as soluções organizacionais implementadas.
Avaliar a eficácia e o impacte dessas soluções nos níveis de performance individual, de equipa e orga-
nizacional face aos objectivos estabelecidos.
Definir classificações profissionais e escalas salariais standards tendo em conta a hierarquia profissional
e as condições de mercado
Identificar sistemas de reconhecimento e de recompensa alternativos e à medida tendo em conta as estra-
tégias da empresa e a necessidade de atrair, reter e motivar as competências críticas à organização.
Perfis Profissionais
248
Seleccionar ou recomendar a selecção de programas operacionais e de medidas específicas e definir
os elementos de natureza técnica necessários à candidatura a estes programas.
Testar e monitorizar as soluções de gestão e organizacionais e os programas específicos implementados.
Avaliar a eficácia e o impacte dessas e soluções e desses programas nos níveis de performance indivi-
dual, de equipa e organizacional face aos objectivos estabelecidos.
Identificar, propor e negociar com a gestão, os trabalhadores e os parceiros sociais, medidas correctivas.
Diagnosticar a necessidade de serviços de apoio aos trabalhadores da empresa e a oportunidade de
realização de eventos.
Avaliar os recursos necessários e os meios de financiamento para os serviços e eventos previstos.
Programar e calendarizar os serviços de apoio e os eventos aprovados.
Avaliar e propor sobre as tomadas de posição da empresa no âmbito da negociação colectiva.
Organizar e manter actualizados os sistemas de informação sobre recursos humanos.
Saberes
Conhecimentos sólidos da especificidade e da evolução do mercado de trabalho a nível regional,
nacional e europeu.
Conhecimentos sólidos das políticas e práticas de gestão da performance individual, de equipa e da
organização.
Conhecimentos sólidos das políticas e práticas de gestão do conhecimento na organização.
Conhecimentos sólidos das políticas e práticas no domínio da cultura organizacional e da gestão da
Perfis Profissionais
mudança.
Conhecimentos sólidos das políticas e práticas no domínio do emprego e da igualdade.
Conhecimentos sólidos das políticas e práticas de gestão internacional de pessoas.
Conhecimentos sólidos da legislação do trabalho.
Conhecimentos sólidos da regulamentação específica à Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho.
Conhecimentos sólidos de tecnologias e software aplicados à Gestão de Recursos Humanos e à Gestão
do Conhecimento.
Conhecimentos sólidos de metodologias de diagnóstico de disfunções e de necessidades organizacio-
nais no domínio.
Conhecimentos sólidos de metodologias de avaliação e de auditoria de resultados e impactes.
Conhecimentos fundamentais do negócio da empresa, dos seus produtos/serviços e segmentos de clientes.
Conhecimentos fundamentais do contexto económico e social, a nível nacional e europeu, e principais
tendências de evolução com importância para o domínio.
249
Conhecimentos fundamentais dos apoios técnicos e financeiros comunitários disponíveis para o domínio.
Conhecimentos fundamentais de gestão.
Conhecimentos fundamentais de sociologia do trabalho.
Conhecimentos fundamentais de sociologia das organizações e de comportamento organizacional.
Conhecimentos fundamentais de relações laborais e negociação colectiva.
Conhecimentos fundamentais de metodologias de gestão de projectos.
Conhecimento fundamentais de línguas estrangeiras, preferencialmente o Inglês.
250
III. FORMAÇÃO E EXPERIÊNCIA
Perfis Profissionais
251
Núcleos de Competências
Figura 21 - Gestor(a) de Pessoas/ Consultor(a) Estratégico(a) em Gestão de Pessoas
Avaliar o retorno do
investimento em conhecimento
Avaliar o retorno do
investimento na performance
Medir a coesão social,
a inovação e o risco
Diagnosticar e antecipar
Diagnosticar as mutações da Diagnosticar e antecipar
organização e do trabalho competências disfunções e necessidades
de mudança
Organização
(Arquitectar a Rede e Mobilizar Actores e Recursos)
Comunicação
(Partiha e Identificação)
Projecto
(Visão e Estratégia)
253
Figura 22 - Técnico(a)/ Consultor(a) Operacional em Gestão de Pessoas
Controlar e garantir
Medir a performance Medir conhecimento Medir a coesão social, padrões elevados de
a inovação e o risco
condições de trabalho
Explorar sistemas e
tecnologias de informação
e de comunicação
Testar e monitorizar Testar e monitorizar Testar e monitorizar soluções Promover e a
soluções de reconhecimento soluções que produzam e de DO, de promoção conselhar sobre igualdade
e de recompensa disseminem o conhecimento da inovação e do risco
Organização
(Arquitectar a Rede e Mobilizar Actores e Recursos)
Comunicação
(Partiha e Identificação)
Projecto
(Visão e Estratégia)
254
255
Anexo I
Codificação das Profissões por Nível de Intervenção
Gestor(a) de Formação
Gerente
Gestor(a)
Director(a)
Director(a) Financeiro(a)
Técnico(a) de Formação
Psicólogo(a)
Advogado(a)
Contabilista
Economista
Administrativo(a) de Formação
Escriturário(a)
257
Codificação das Profissões por Área de Intervenção
Gerente
Gestor(a)
Director(a)
Gestão de Pessoas
Director(a) Financeiro(a)
Escriturário(a)
Gestor(a) de Formação
Administrativo(a) de Formação
Higiene e Segurança no
Técnico(a) de Higiene e Segurança no Trabalho
Trabalho
258
259
Anexo II
Especificação dos Níveis de Conhecimento
261
Conhecimentos sólidos de…
Pressupõe um nível de conhecimento que permita avaliar e analisar resultados
e conhecer os limites e constrangimentos dos conceitos, métodos e instrumen-
tos e, em função dos mesmos, prever situações, propor alterações aos proce-
dimentos. Trata-se de possuir um domínio de conhecimentos científicos e técni-
cos específicos que pressupõe que o indivíduo disponha de uma real autono-
mia nos conceitos, métodos e instrumentos, adquiridos ao nível do ensino supe-
rior politécnico ou equivalente que lhe permitam desenvolver actividades de
concepção e de gestão com autonomia e encontrar soluções para situações
imprevistas e disfuncionamentos.
262
263
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