Jornal do Jaguar

Informativo bimestral da Biblioteca do Jaguar - Ano II - Nº 3 - Vale do Amanhecer, janeiro/fevereiro de 2006 - Distribuição gratuita.

PAI SETA BRANCA - O GRANDE SIMIROMBA DE DEUS

O Trino Tumuchy conta Mãe Yara,
a história de Pai Seta Branca Madrinha dos Doutrinadores
Nesta edição, o “Perfil Espiritual” de Mãe
Em texto extraído do livro “Mensagens de Yara, alma-gêmea de Pai Seta Branca.
Pai Seta Branca”, o Mestre Mário Sassi explica
parte da transcendência do nosso Pai.

A Evolução,
Os Tupinambás na ciência e no espírito
Confira a estréia da coluna “Heranças Saiba, na coluna “Ciência”, como ocorre a
Transcendentais”, onde Historiadores nos evolução nos dois planos.
ensinarão sobre os povos do passado e suas
culturas.

Uma visão sobre a mudança

Confira o texto da Antropóloga italiana
Emily Pierini, que fez uma pesquisa sobre o Vale
A Mesa Evangélica do Amanhecer e fala, com exclusividade, ao Jornal
do Jaguar.
Confira a estréia da coluna “Nossos
Rituais”, onde falaremos sobre cada ritual. Nesta
edição, a Mesa Evangélica.
O Coroamento
“Há 30 anos...”, Tia Neiva nos mostrava
como fazer, corretamente, o Coroamento na
A bênção do Papa João Paulo II Estrela Candente.

Em “Você Sabia?”, Carmen Lúcia Zelaya

nos conta sobre a bênção do Papa João Paulo II
trazida pelo Padre César à Tia Neiva e Mário O Movimento Franciscano
Sassi.
Conheça mais sobre a simplicidade e o
amor incondicional dos franciscanos na coluna
“Fé” deste bimestre.
Arte: Vilela
Foto: Guilherme Stuckert

“ O meu desejo é que as Tupinambás voltassem a trabalhar

como foi mandado por Pai Seta Branca ”
A 1ª Tupinambá, Yone Turial de Almeida, é a entrevistada desta edição.
Ela nos conta tudo sobre a falange das Tupinambás.
Foto: Guilherme Stuckert

A Estrela de David
Em “Nossas Armas”, decifre o significado do símbolo do Judaísmo
trazido, pela Espiritualidade, para a nossa Doutrina.

“Minha referência de Deus”,

pelo Adjunto Janarã, Mestre Nelson Cardoso
Em “Voz da Experiência”, o 1° Mestre Sol da Estrela Candente fala
sobre a sua chegada ao Vale do Amanhecer e sobre como isto
mudou a sua vida e a sua maneira de pensar.
Jornal do Jaguar
Editorial
A união faz a força
“Custei a entender os homens desta tribo e, à beira
do abismo, consegui esconder as suas armas que, até então,
estavam viradas contra seus próprios irmãos.
Logo, armei-me contra mim mesma e, pelo caminho
de Jesus, estas armas vão se transformando em amor e
tolerância.”
Tia Neiva
Neste texto, nossa Mãe Clarividente já deixava clara a
sua preocupação com o transcendente dos seus filhos Jaguares,
espíritos à caminho da Deus.
Hoje, o Vale do Amanhecer passa por um inédito momento
de transição. Com o desencarne do Trino Presidente Triada
Arakém, Mestre Nestor, o comando físico da nossa Doutrina ficou
incompleto, por ser este formado, originalmente, por 3 Trinos
Presidentes.
Mas como resolver o problema da sucessão na hierarquia
deixada por nossa Mãe sem a sua presença física e sem a sua
visão espiritual? A resposta foi dada por ela mesma, em 1984.
Na época, já existiam os 3 Trinos Presidentes Triada - Tumuchy,
Arakém e Sumanã - assim como 4 Trinos Herdeiros Triada -
Ajarã, Mestre Gilberto Zelaya; Ypoarã, Mestre Raul Zelaya;
Ypoara, Mestre Albuquerque; e Dourano, Mestre Jairo Leite. Neste
ano, Tia Neiva classificou o então 1° Trino Herdeiro, Ajarã, Mestre
Gilberto Zelaya, como Trino Presidente. Nesta ocasião, ela
poderia ter escolhido, para esta classificação, um Trino Regente
ou outro Arcano, mas não o fez, porque ela própria respeitou a
hierarquia.
Com a classificação do então 1° Trino Herdeiro na Chamada
Oficial como Trino Presidente, a própria Tia Neiva nos mostrava o
caminho da continuidade, legitimando, hoje, a classificação do
atual 1o Trino Herdeiro, Ypoarã, Mestre Raul Zelaya, como Trino
Presidente Triada.
Falando nisso, outro assunto muito em voga na atualidade
é a classificação do então Adjunto Luanã, Mestre Ivan Zelaya,
neto de Tia Neiva, como Trino Herdeiro. Raciocinemos, pois,
mais uma vez, foi respeitada a lógica de nossa Mãe, vez que,
dentre tantos Arcanos, ela própria só escolheu, para Trinos
Herdeiros, Mestres Doutrinadores de sua própria família - Gilberto
Zelaya (filho), Raul Zelaya (filho), Albuquerque (genro), Jairo
(genro) e Ataliba (filho adotivo). Outrossim, mais uma vez, foi a
própria Tia Neiva quem nos mostrou o caminho.
Uma das primeiras iniciativas do novo Trino Presidente
foi o Curso de Sétimos Raios, ministrado pelos Adjuntos Maiores.
No entanto, são muitos os comentários, sem justificativa, de
que tal curso “não é válido”. É, no mínimo, engraçado ouvir estas
críticas infundadas. Além de válido, este curso é um privilégio
para quem o está cursando e pode apreciar as palavras dos grandes
Mestres desta Doutrina, raízes dos demais Arcanos e Sétimos
Raios deste Amanhecer, muito considerados e formados
pessoalmente pela nossa Mãe Clarividente. Quem se atreve a
discordar?
Por fim, meus irmãos, esqueçamos os comentários
inúteis, as dúvidas, e vamos celebrar este momento, que marca
a perpetuação da hierarquia do Amanhecer dentro da linhagem
deixada por nossa Mãe. Tranqüilizemos nossos espíritos e
busquemos prosseguir a nossa jornada, apoiando os novos Trinos,
que agora somam junto ao comando da nossa Doutrina. A eles, o
Jornal do Jaguar formula os melhores votos de sucesso em suas
missões. E que os 3 Trinos Presidentes, harmonizados e
irmanados, caminhem juntos e trabalhem pelo engrandecimento
da nossa Doutrina, pois, um dia, todos prestaremos contas ao
nosso Pai.
Mudando de assunto, esta edição do Jornal do Jaguar é
uma edição especial, pois homenageia o nosso querido Pai Seta
Branca, o Grande Simiromba de Deus, espírito lidera os Jaguares
com seu amor e sua lei. É sobre ele que o Jornal do Jaguar
resgata um precioso texto do Trino Tumuchy, extraído do livro
“Mensagens de Pai Seta Branca”, relatando as principais
encarnações deste mentor na Terra e falando sobre a sua ligação
com a nossa tribo, como também uma linda poesia, feita por Tia
Neiva, sobre a história do Cacique Guerreiro Tupinambás.
Seguindo a linha do Pai, a coluna “Perfil Espiritual” fala
um pouco sobre Mãe Yara, alma-gêmea de Pai Seta Branca e
Madrinha dos Doutrinadores; a entrevistada desta edição é Yone
Turial, 1ª Tupinambá, Falange Missionária que o representa na
Terra; a coluna “Fé” traz um panorama sobre os Franciscanos,
movimento católico criado por ele em sua passagem como
Francisco de Assis; o Historiador Leônio Gomes, inaugurando a
coluna “Heranças Transcendentais”, sobre os povos do passado,
fala dos Tupinambás, tribo que habitava grande parte do Brasil e
parte de outros países da América do Sul na época do
descobrimento; Emily Pierini, Antropóloga italiana que fez uma
pesquisa antropológica sobre a Doutrina do Amanhecer, escreve
um artigo nos dando a sua visão sobre momento presente.
Esta edição também é muito especial porque tem a honra
de trazer um artigo exclusivo do 1° Mestre Sol da Estrela
Candente, o Adjunto Janarã, Mestre Nelson Cardoso, que nos
conta sobre a sua chegada na Doutrina e sobre a sua referência
de Deus. “Nossas Armas” explica o simbolismo da Estrela de
David, símbolo da religião judaica trazido pela espiritualidade
para a nossa Doutrina. Em sua coluna “Sob os Olhos da
Clarividente”, um raro poema de Tia Neiva sobre a vida de Pai
Seta Branca.
Em “Há 30 Anos...”, o Adjunto Amayã, Mestre Guilherme,
nos mostra a fotografia na qual Tia Neiva nos ensina, com muita
elegância, a fazer o Coroamento; em “Você Sabia?”, veja a bênção
que Tia Neiva e Mário Sassi receberam do Papa João Paulo II
pelas mãos do Padre César, que deixou nossa Mãe muito
emocionada; em “Ciência”, a análise da evolução, na ciência e no
espírito.
Uma novidade que vai facilitar o acesso dos médiuns de
outras localidades: já está no ar a página da Biblioteca do Jaguar
na internet, contendo todas as edições do Jornal do Jaguar. Visite-
nos! O endereço é www.bibliotecadojaguar.com
Enfim, meus irmãos, nosso Jornal está cada vez mais rico
e interessante, são muitas as mensagens positivas vindas de
todos os Templos do Amanhecer, que nos enchem de alegria e de
disposição para prosseguir. Participem vocês também deste
trabalho, enviando textos, sugerindo matérias ou opinando sobre
o que foi publicado. Este Jornal é vosso. E não percam a próxima
edição, onde a homenageada será a Tia Gertrudes, grande
veterana de nossa Doutrina e testemunha de nossa história.
Até a próxima!
Salve Deus!
Jairo Oliveira Leite Junior
Diretor da Biblioteca do Jaguar
Arte: Márcio da Silva Santos
A nova Chamada Oficial
Trinos Presidentes Triada
- Trino Sumanã, Mestre Michel Hanna;
- Trino Ajarã, Mestre Gilberto Zelaya;
- Trino Ypoarã, Mestre Raul Zelaya.
Trinos Herdeiros Triada
- Trino Ypoara, Mestre Enildo Albuquerque;
- Trino Dourano, Mestre Jairo Leite;
- Trino Japuã, Mestre José Ataliba;
- Trino Luanã, Mestre Ivan Zelaya.
Trino Regente Triada
- Trino Tumarã, Mestre José Carlos.
Demais Mestres Adjuntos Arcanos.
Janeiro/Fevereiro de 2006 - Página 2
Cartas dos Leitores
“Parabéns ao Jornal do Jaguar e à sua equipe pela justa
homenagem ao Trino Tumuchy que, tenho certeza, está
muito satisfeito com todo este trabalho. Que Jesus
ilumine a todos.”
Leda Sassi, Sobradinho-DF
“Parabéns a todos pelo excelente trabalho que estão
realizando com esse jornal. De fácil leitura, o jornal é
de muita valia para aqueles que querem saber mais
notícias sobre o Vale do Amanhecer. Estejam certos que
esse trabalho vai render bons frutos para todos nós.”
Leonardo Christo - Vitória-ES
“Sou Ninfa Lua Recepção, do Templo Evalumo de Vilar
do Pinheiro, Portugal, li os dois números do Jornal, devo
congratular-vos, está excelente.
Estando a milhares de quilômetros de distância, só a
internet permite uma maior proximidade e conhecimento
da Doutrina, porque este povo tem fome de Doutrina,
de ensinamentos e nem todos tem acesso ao acervo
doutrinário, vos escrevo porque gostaria que todos aqui
lessem o Jornal.”
Alcinda Dias – Vilar do Pinheiro - Portugal
“Parabéns pela iniciativa deste formoso grupo de
abnegados trabalhadores que vocês constituíram, uma
árvore que vem dando bons frutos!”
Arimar Augusto de Amorim - Contagem -MG
Jornal do Jaguar
Informativo bimestral da Biblioteca do Jaguar
Expediente:
Diretor da Biblioteca do Jaguar:
Jairo Oliveira Leite Junior - jairo@bibliotecadojaguar.com
Conselho da Biblioteca:
Calácia Irleza de Melo - calacia@bibliotecadojaguar.com
Cícero Vilson Modesto - cicero@bibliotecadojaguar.com
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Vanessa Cristina Borges - vanessa@bibliotecadojaguar.com
Yara Cristina da Silva - yara@bibliotecadojaguar.com
Revisão:
Érica Alves Ferreira - erica@bibliotecadojaguar.com
Impressão: Gráfica Plano Piloto.
Tiragem: 3.000 exemplares.
Jornalista responsável: Guilherme Stuckert - Mat. 1.516.
Biblioteca do Jaguar
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Jornal do Jaguar
Entrevista: Yone Turial - 1ª Tupinambá
“Muitos Mestres passaram pela Casa das Tupinambás”
Por Luana Ferreira, Jaqueline Fernandes e Fabiany Glaura
Yone Turial de Almeida, 1ª Tupinambá, acompanhou Tia
Neiva, em sua jornada, desde 1974. Oito anos depois, assumiu
a missão dada por Pai Seta Branca: criar a falange dele.
Cheia de aspirações e vivência na Doutrina, Dona Yone,
como é conhecida, fala sobre a Casa Grande, a missão social
da sua falange e da sua vontade de retomar a verdadeira missão
das Tupinambás.
Jornal do Jaguar - Como a Sra. chegou ao Vale?
Yone Turial - Vim em 1974 pedir ajuda e, nesse pedido que eu
vim fazer, estou aqui até hoje. Meu primeiro contato foi com a
Tia Neiva e ela disse que já estava me esperando. Eu era
Adventista e estava num sufoco, pedindo um “S.O.S.” para o
meu filho, que tinha um problema sério. A Tia me prometeu que
seria solucionado e me mandou passar nos Pretos-Velhos. Para
mim, aquilo não estava certo. Todos falavam a mesma coisa e
eu achava que já estava tudo combinado.
JJ - Houve um choque?
Yone - Sim, mas já conhecia Pai Seta Branca, Mãe Tilde e Pai
João em sonhos. O Pastor dizia que eram “sonhos proféticos”.
Quando conheci Pai Seta Branca, nem sonhava que viria pra
Brasília. Nem sabia que a Tia Neiva existia.
JJ - A Sra. é natural de onde?
Yone - Do Espírito Santo.
JJ - Fale-nos sobre o saudoso Mestre Gladson, Adjunto Marabô.
Como era a convivência de vocês, como ele chegou ao Vale, o
que a Sra. tem a dizer sobre ele?
Yone - O Gladson era meu irmão. Eu era ninfa dele e ele veio pra
cá por intermédio de pessoas que me informaram. Porque ele
bebia muito, bebia demais e me informaram que aqui tinha
pessoas que ajudavam outras pessoas a se recuperarem. Então,
um amigo nosso trouxe ele aqui. E quando trouxe ele aqui, aqui
ele ficou e nunca mais saiu, só quando desencarnou.
JJ - A Sra. foi Escrava dele. É um caso raro de uma Ninfa ser
Escrava de um irmão.
Yone - Desde o começo, quando formou o Adjunto, que eu era
escrava dele. Nunca deixei de ser.
JJ - E como foi receber da Tia Neiva a responsabilidade de ser a
1ª Tupinambá?
Yone - Foi em 1982. Eu era Muruaicy, mas tinha saído da falange.
Tia Neiva mandou que eu voltasse para ser Regente porque a
Primeira (Rilza) estava afastada. Na Estrela, no dia da
consagração da Dinah como 1ª Dharman-Oxinto, a Tia disse:
“minha filha, você vai ficar aqui do lado. Não vai ser mais Regente
Muruaicy. O Pai Seta Branca disse que a sua missão vai ser
outra”.
JJ - E que missão era essa?
Yone - Formar a falange de Pai Seta Branca, pois ele disse que
tinha chegado a hora.
JJ - A missão da falange tinha um cunho social?
Yone - Sim, é como um serviço social da Doutrina. A Tia deixou
escrito: “a falange Tupinambá tem acesso à direção da Casa
Grande”. Porque nós teríamos que estar lá.
JJ - Como era o trabalho que a Sra. desenvolvia na Casa das
Tupinambás?
Yone - Eu recebia as pessoas, dava alimentação e conduzia até
o Templo, para passar nos trabalhos, todos os dias. As entidades
mandavam me chamar e diziam: “fica com esse paciente por
tantos dias” e eu ficava. Então, todos os dias eu os trazia até o
Templo e eles passavam nos trabalhos, até o dia em que eles
terminavam e tomavam o caminho deles, pra onde quisessem
ir. Muitos Mestres passaram por lá. Fiquei na Casa Grande por
oito anos, mas resolveram desmanchá-la e foram formadas
outras casas em outros lugares.
JJ - Quantas pessoas chegavam a participar, por dia, daquele
projeto?
Yone - Às vezes, alimentava sessenta, setenta pessoas num
almoço. O mesmo no jantar.
JJ - E houve muita dificuldade nesse início de missão?
Yone - Tudo o que eu fazia era através da intuição do Pai Seta
Branca, nada por minha conta. Ele dizia: “todos os dias, eu te
espero às 9h no Turigano”. E assim era. Ele me preparava, me
mediunizava e eu passava o dia trabalhando. Não tinha
dificuldade. Todos ajudavam.
JJ - Como está o trabalho da falange hoje?
Yone - Hoje a falange trabalha no “geral”, no Templo. Não temos
mais a Casa Grande para completar a nossa missão. O meu
desejo é que nós voltássemos a trabalhar como foi mandado
por Pai Seta Branca.
JJ - Quem é a Guia Missionária da falange?
Yone - É Mãe Yara.
Foto: Guilherme Stuckert
JJ - Qual é o simbolismo da indumentária?
Yone - O azul simboliza as vestes do Pai e o amarelo simboliza
o ouro.
JJ - E como surgiu a indumentária atual?
Yone - Tia Neiva não sabia como seria a indumentária, mas
sabia que tínhamos que colocar o Pai Seta Branca. Pensava em
mandar para São Paulo. No final, ela pegou o retrato, me deu e
disse: “bota no vestido que eu quero consagrar vocês”. Saí com
aquele retrato na mão, mesmo parecendo impossível dar conta
de fazer o vestido. Fui falar com o Nestor, que tinha uma loja na
época. Ele disse que tinha um baú cheio de material importado,
que serviria para fazer a roupa. Minha filha e eu catamos tudo e
fizemos o Pai Seta Branca bordado. Tia Neiva não sabia. Quando
eu cheguei lá com o Pai Seta Branca, a Tia chorou muito. Ria,
chorava e dizia: “o Pai Seta Branca está aqui agora. Estou com
vergonha dele porque quem recebeu a intuição dele foram vocês,
não fui eu. E ele tá recomendando que vocês nunca abram mão
pra ninguém”.
JJ - E quando a Tia falou da missão de assumir a falange, qual
foi à história que ela contou?
Yone - Ela não chegou a contar a história. Naquela época, ela
estava muito cansada e não dava tempo nem de conversar. A
única coisa que ela fez foi fazer o canto, que diz da nossa missão.
O canto da Tupinambá é meu, da minha individualidade. Como
não houve tempo de fazer para as componentes, eu pedi
permissão a ela e dei o meu canto para as Tupinambás.
JJ - Existem documentos, cartas da Tia sobre a Falange?
Yone - Ela começou a fazer uma Lei, mas não terminou porque a
Falange Tupinambá deveria ser mista. Era pra ser de Mestres e
Ninfas. Ela chegou a escolher sete Mestres, porque as
Tupinambás tinham que andar acompanhadas por um Jaguar
nos seus trabalhos. Tínhamos que cuidar de pessoas doentes,
olhar as pessoas abandonadas.
JJ - No caso, eles também teriam indumentária?
Yone - Tinham. Camisa azul com um crachá.
JJ - Qual era a relação da Tia Neiva com a Falange? Ela fazia
reuniões com vocês?
Yone - Muito raramente, porque não houve tempo. Quando eu
estava com sete Ninfas, nós fomos passar pela Tia e ela disse:
“meu Pai, sua Falange está pronta”.
JJ - Quem eram essas Ninfas que foram consagradas junto com
a Sra., no início?
Yone - Eu, Neide, Ruth, Rita, Nubéria e tem mais duas, uma
desencarnou e a outra se afastou da Doutrina.
JJ - E hoje a Falange Tupinambá tem por volta de quantas Ninfas?
Yone - Por volta de quinhentas.
JJ - Existe a possibilidade de retomar esta missão?
Yone - Existe, mas não depende só de mim. Eu já tive
oportunidade de reabrir fora do recinto (do Templo), mas não
posso trabalhar fora porque o meu trabalho é determinado pelas
entidades e não por mim.
JJ - Então a Sra. não considera que a missão foi cumprida?
Yone - Eu sei que cortei minha cruz e tenho vontade de ver se eu
ainda a remendo.
JJ - Deixe uma mensagem para as Tupinambás, incluindo as do
futuro.
Yone - Que elas procurem cumprir a missão como foi determinada,
porque é muito gratificante fazer bem aos outros, ter amor e
carinho pra distribuir. Dirigir uma palavra de amor a quem precisa
e fazer com que se sinta tranqüilo é a melhor coisa. É o que eu
sempre fiz, graças a Deus.
JJ - Deixe, também, uma mensagem para o Jaguar.
Yone - Que sigam os ensinamentos. Não há nada que atinja a
Doutrina. O resto é o resto.
Janeiro/Fevereiro de 2006 - Página 3
Heranças Transcendentais
Os Tupinambás
Por Leônio Matos Gomes, Historiador
Por volta do Século XV, a Europa começou a vislumbrar o mundo
que lhe rodeia. Os avanços tecnológicos, a estabilidade política e uma burguesia
sedenta por fazer mais fortuna garantiram a Portugal e à Espanha a liderança
na expansão por mares “nunca dantes navegados”. Esta expansão transformou
o mundo e os povos, que nunca souberam de outras civilizações. De repente,
os contatos aconteceram de forma intensa. A ganância e a sede por riquezas
fizeram com que muitas destas civilizações sucumbissem pela espada do
europeu. Estes povos, é claro, tentaram resistir como foi possível, mas quando
não foi o fio das espadas, foram as doenças que fomentaram os maiores
genocídios destes povos, que ainda não possuíam imunidade aos vírus fatais
que os acometeram. Foi no Novo mundo, conhecido, depois, como América,
que os nativos foram, praticamente, dizimados. Mesmo as sociedades mais
evoluídas tecnicamente, como os Astecas e os Incas, cairam sob o julgo do
invasor implacável. Já nas terras do sul do Atlântico, não foi diferente, com o
agravante de que os habitantes destes territórios foram destruídos sem piedade.
Os que eram milhões, foram reduzidos, nos dias de hoje, a milhares.
O conhecimento que temos dos primeiros habitantes das Américas
foram obtidos por meio de relatos dos conquistadores, que aportaram por
estas bandas. Foi com chegada dos portugueses às terras brasileiras, chamadas,
primeiramente, de Ilha de Vera Cruz, depois Terra de Santa Cruz e, por
último, Terra do Brasil, tendo os dois primeiros nomes o reflexo da idéia de
expansão religiosa e, a última, um termo empregado pelo sentido comercial.
As tribos dos Tupis eram assim chamadas por possuírem traços
culturais básicos comuns, como foi descrito no “Tratado descritivo do Brasil”
em 1587, por Gabriel Soares de Sousa. Uma dessas tribos, os Tupinambás,
foram os primeiros indígenas a conhecer os visitantes. Os Tupinambás faziam
parte dessas tribos que habitavam o litoral de norte a sul do nosso país. O
termo “TUPI” quer dizer “o grande pai” ou “líder”, e “TUPINAMBÁ” seria “Tupi
macho”, o que significa que eles se achavam muito melhores que as outras
tribos dos Tupis. Eles, inicialmente, habitavam a faixa litorânea do Rio de
Janeiro, da Bahia, do Pará, do Maranhão, e a foz do Rio Madeira, no Amazonas.
Eram inimigos mortais dos Tupiniquins e travavam batalhas constantes entre
eles.
De início, foi a visão de um paraíso perdido a que os europeus
tinham do novo mundo descoberto. Na carta de Pero Vaz de Caminha, ele
relata os indígenas da seguinte forma: “a feição deles é parda, algo
avermelhada; de bons rostos e bons narizes. Em geral são bem feitos. Andam
nus, sem cobertura alguma. Não fazem o menor caso de cobrir ou mostrar
suas vergonhas, e nisso são tão inocentes como quando mostram o rosto...”.
Mas quando os nativos começam a resistir à tirania dos invasores, estes já
não viam mais estes povos como inocentes, puros e simples. Essa visão é
substituída pela crença que estes não passavam de seres boçais e animais
grotescos sendo, esta última, a visão pejorativa que prevalece até os nossos
dias, de que os indígenas são indolentes e preguiçosos.
Foi com a “Confederação dos Tamoios”, que ficou claro aos
Portugueses invasores que eles, os nativos, não estavam dispostos a se
renderem sem lutar. A Confederação teve início com o casamento do português
João Ramalho, ligado diretamente a Brás Cubas, governador da Capitania de
São Vicente, com a filha dos chefes dos índios Guaianazes, nascendo, assim,
a aliança destes com os portugueses e contra as outras tribos indígenas.
Os Tupinambás foram atacados e o chefe da aldeia de Angra dos
Reis, Cunhambebe, revidou, atacando as propriedades portuguesas. Brás
Cubas aprisionou o chefe, Kairuçu, e seu filho, Aimberê. Kairuçu morreu e
Aimberê fugiu. Aimberê organizou uma revolta contra os portugueses, unindo
várias tribos Tupinambás chefiadas por Cunhambebe, formando assim a
“Confederação dos Tamoios”. Neste momento, os franceses chegaram ao Rio
de janeiro e Villegaignon, chefe francês, aliou-se aos Tupinambás contra os
portugueses. Os ânimos acirraram-se e, para tentar conter a guerra que se
generalizava, Manoel da Nóbrega, jesuíta superior da Ordem no Brasil,
juntamente com Padre José de Anchieta, foi às tribos Tupinambás negociar a
paz. Isto foi obtido por pouco tempo. A batalha decisiva aconteceu em janeiro
de 1567, quando os portugueses, juntamente com milhares de índios Tupiniquins
vindos do Espirito Santo, venceram os Tupinambás e os franceses. Os indígenas
vencidos, cada vez mais, se interiorizaram país adentro e subiram mais ao
norte.
Por conta da inimizade entre os Tupinambás e os portugueses, um
dos episódios mais interessantes deste período aconteceu. Antes da
Confederação do Tamoios, um alemão chamado Hans Staden, confundido
com um “peros”, português, foi capturado pelos Tupinambás e preso em uma
piroga. Ele foi levado para a aldeia, onde seria devorado pela tribo. Em sua
chegada, ele foi obrigado a gritar para todos em Tupi: “estou chegando, eu,
a vossa comida”. Ele tentou, de todas as formas, dizer às indígenas que não
era português, que era francês, logo, amigo deles. Alegou, já sem forças, que
sua carne era ruim, que eles não iriam gostar de comê-lo. Os Tupinambás, na
dúvida, não o comemeram, esperando que, uma hora, aparecesse algum
francês para identificá-lo como um dos seus. O tempo passou e Hans Sataden
foi se familiarizando com os indígenas. Ele presenciou a antropofagia
(canibalismo) dos Tupinambás e, cada vez mais, ficou assustado com o que
podia acontecer a ele. Por fim, Hans Stadem escapou de ser comido pelos
Tupinambás, mas, hoje em dia, os antropólogos entendem que isso somente
não aconteceu por que ele lhes pareceu um covarde e, assim, sua carne se
tornou indigna de ser ingerida por um valente guerreiro Tupinambá.
Outros viajantes também relataram sobre os Tupinambás, dentre
eles o capuchinho francês Claude D’Abeville, missionário no Maranhão no
início do século XVII. Ele, de certa forma, apreciava os hábitos indígenas em
comparação aos atos dos portugueses. Exaltava como os Tupinambás dividem
suas cabanas coletivamente, sem que houvesse problemas com espaços.
Admirava como, mesmo alguns homens tendo várias mulheres, eles se
tornavam uma família unida e amável, ao contrário das famílias portuguesas
que, segundo ele “recebiam a luz da fé, mas viviam em constantes brigas e
desuniões”. Outro fato citado por D’Abeville foi o amor que as mães Tupinambás
dedicavam a seus filhos, levando-os para todos os lados e sempre os
amamentando. Nunca os reempreendiam e, assim, cresciam felizes e sempre
dispostos a servirem aos seus pais da melhor forma possível. Ele falou que,
diferentemente, as mães européias, que logo ao nascerem entregavam as
crianças à ama-de-leite e pouco tinham contato com os filhos, muitas vezes,
faziam com que tivessem uma natureza tão viciada.
Muito ainda poderíamos dizer sobre os Tupinambás, mas o espaço
é curto e temos que encerrar por aqui. Fica a indicação dos autores citados e
o conselho de que devemos entender estas civilizações dentro do seu tempo,
sem os julgamentos prévios que sempre estamos habituados a fazer. Muitas
coisas praticadas por estes povos podem nos parecer absurdas, mas cada um
tem seu tempo. E, somente por meio do aprimoramento espiritual em
reencarnações sucessivas, é possível que nós, que podemos ter sido os
antropófagos de ontem, possamos encontrar o caminho que nos levará a
evolução.
Jornal do Jaguar
Voz da Experiência
Minha referência de Deus
Por Nelson Cardoso, Adjunto Janarã,
1° Mestre Sol da Estrela Candente
Há mais de 30 anos, fui levado, como muitos, à presença
de uma senhora que, dizia-se, entendia de espiritismo, da vida
além da matéria, de visualizar o passado, o presente e o futuro,
enfim, de possibilitar meios de minimizar as ansiedades tão
comuns nos dias atuais.
Eu não podia imaginar que, daquele encontro, iria se
descortinar uma atração inexplicável, talvez motivada pela
simplicidade do ambiente, chamado de “templo”, concebido por
pessoas não afeitas à singularidade das construções
sedimentadas em plantas simétricas.
Tudo, para mim, parecia estranho, em razão das vestes
dos circunstantes que se postavam ao redor dela. Os semblantes
denotavam um quadro de expectativa quanto à busca, quem sabe,
de uma orientação que lhes permitisse, ao menos, suavizar
possíveis sofrimentos. Enfim, o quadro daquele intercurso
encorajou-me, dando-me a necessária paciência para esperar
por aquele encontro, que iria marcar definitivamente um novo
conceito de vida, ainda não experimentado por minha pessoa.
Seu olhar penetrante, seu sorriso acolhedor, desprovido
de preconceitos, proporcionaram-me uma sensibilidade diferente
de quantas houvera experimentado no meu dia-a-dia.
Sim! Mestres deste Amanhecer, posso assegurar-lhes
que as energias benfazejas daquele ambiente envolveram-me,
proporcionando-me uma leveza de espírito, como se estivesse
noutro mundo de transcendência evolutiva, diferente do planeta
que habitamos.
O desenvolvimento mediúnico do bem, da doação,
começara ali, naquele momento, sem a química do cotidiano, tão
comumente verificável no planeta. Comecei a refletir melhor, a
me analisar, a ter empatia com as pessoas, a administrar conflitos,
a compreender os princípios evocativos de Deus, no concernente
ao chamamento de Mestre, de tirar minhas ilações, deduções
entre o Mestre da Terra e o Mestre da sabedoria, ou seja, o
Mestre do Vale do Amanhecer.
Tudo acontecia num caudal de fenômenos extra-
sensoriais, fluindo como as cachoeiras das matas, os rios, os
mares, a estigmatizar cada vez mais em meu ser físico, ao correr
dos dias, dos meses, dos anos, a certeza de que a encarnação
terrena, mais do que nunca, agora, é de transcendental
importância para esse Universo.
Sim! Porque através dela, da mediunidade, vamos nos
conscientizando das razões, dos porquês de nossa estada aqui,
neste planeta, permitindo-nos o acicatamento de nossos
neurotransmissores, possibilitando-nos superarmos as
vicissitudes, os obstáculos tão normais em nosso dia-a-dia.
Ser Mestre, meus irmãos deste Amanhecer, é amar a
família, a vida, os nossos semelhantes, é fazer o possível e o
impossível para ter o descortino visual dessas energias que
alimentam nossos plexos e chacras, propiciando-nos a faculdade
da psicanálise, de nos entreolharmos com sabedoria e
agradecermos a esta profetiza, conhecida como Tia e Mãe Neiva,
que colocou em nossas mãos e em nossos corações a missão de
apóstolos, de oráculos do bem, da cura desobsessiva e da
interação sétupla de nossa evolução humana, como descendentes
dos capelinos.
Parabéns, Missionárias e Missionários deste Amanhecer!
Somos, também, referência de Deus, de Jesus e de Tia Neiva e,
onde quer que coloquemos o nosso ser físico, poderás ter a certeza
de que a luz da harmonia e do equilíbrio se fará presente.
Persevera, luta incessantemente, porque a vitória é certa e nos
levará à nossa origem.
Nossos Rituais
A Mesa Evangélica
Por Eduardo Miguel
A intenção deste espaço é transmitir informações,
com a colaboração de Mestres e Ninfas veteranos, a respeito
dos trabalhos espirituais realizados no Vale do Amanhecer.
Com a colaboração do Adjunto Yumatã, Mestre
Caldeira, resolvemos iniciá-lo falando da Mesa Evangélica,
talvez o mais simples e um dos mais importantes trabalhos,
pois funciona como a “bateria” da nossa Corrente-Mestra! Por
isso, é o primeiro trabalho a ser aberto no Templo e deve ser o
último a ser encerrado.
O comandante da Mesa, ao realizar a abertura do
trabalho, está “avisando” ao plano etérico que a Mesa já vai
funcionar e que os espíritos sofredores já podem ser “enviados”
pela Espiritualidade.
O comandante também deve ficar em sintonia total
com o trabalho, procurando harmonizá-lo emitindo o “Pai Nosso”
sempre que julgar necessário.
Ilustração: Rafael Morbeck.
A Mesa Evangélica existe, no plano físico, com o
vértice do triângulo (farol-mestre) voltado para o Aledá e, no
campo etérico, forma um triângulo invertido com a base “em
linha” com a elipse onde fica a figura do caminheiro.
Os faróis servem para interromper a seqüência de
pólos negativos (Ninfas e Mestres Luas incorporados por
sofredores), senão teríamos um trabalho desequilibrado.
Ao montarmos uma Mesa, devemos tentar intercalar
Ninfa Lua e Mestre Lua, principalmente entre o farol-mestre e a
Elipse com o Caminheiro. Isto, pois a Ninfa Lua é a força
“giratória” e o Mestre Lua, força “geradora-giratória”; deverá
existir uma Ninfa Lua ao lado de cada farol e entre os Mestres
Luas.
Na Mesa etérica, temos “os mentores responsáveis
por este trabalho”: Pai João, Pai Jangô e Pai Zambú. Quando
ainda não havia a chave de abertura, o comandante abria a
Mesa, dizendo: “Em nome de Pai João, de Pai Jangô e Pai
Zambú...”.
Pode acontecer de um exú permanecer no Templo e,
graças aos mentores, vai ouvindo as emissões, os mantras, vai
recebendo as energias dos trabalhos e da Corrente-Mestra, até
ficar em condições de ser doutrinado na Mesa Evangélica; é,
então, “anestesiado” e levado para lá. Por isso, o Doutrinador
não deve tocar na Ninfa Lua/Mestre Lua, pois o contato físico
pode causar um “choque” energético no aparelho.
O espírito “anestesiado” é levado e encaminhado às
legiões, ao Canal Vermelho, às grandes filas, onde recebe
ensinamentos e vai sendo “doutrinado”: é assim que um espírito
que cultivou o ódio durante anos pode voltar ao seu caminho
evolutivo.
Este trabalho é o mais simples e um dos mais
importantes, pois é através dele que muitos espíritos têm a
oportunidade de “voltar à Deus”; e, quando trabalhamos na Mesa
Evangélica, temos de estar preparados para a prática da Lei do
Auxílio e não para buscarmos resolver nossos problemas
pessoais.
A Mesa Evangélica deve funcionar de quinze a vinte
minutos, no máximo, para não sobrecarregar os médiuns de
incorporação (numa mesa de vinte minutos, por exemplo, um
Apará incorpora em torno de 30 sofredores). Quando o
comandante da Mesa toca a sineta, a Mesa etérica se encerra e
os mentores responsáveis param de enviar os espíritos a serem
doutrinados através das Ninfas Luas e Mestres Luas que os
incorporam, mas podem haver os retardatários. Por esta razão,
o comandante deve aguardar um pouco antes de iniciar o
encerramento da Mesa Evangélica.
A contagem na Mesa deve ser ímpar no total, com um
mínimo de sete médiuns de incorporação. Assim, por exemplo,
uma mesa pode ser composta de oito médiuns de incorporação
em cada lateral e três na base do triângulo, totalizando dezenove
médiuns, número ímpar no total.
O trabalho realizado na mesa é de um poder imenso:
houve uma ocasião em que Tia Neiva, numa outra dimensão,
ouviu de um espírito, já na lei do auxílio e que três meses antes
teve a oportunidade de passar pela Mesa Evangélica: “eu peço
à Deus todos os dias, por aquele casal que me proporcionou
esta evolução”!
A limpeza da aura do Apará é muito importante para
reduzir o “limbo esverdeado” daquele sofredor incorporado; o
ódio que ele cultiva, aumenta o “limbo” e o faz sofrer, e a limpeza
alivia sua dor. A aura dos faróis têm de ser limpa pelos
Doutrinadores sempre que forem mudar de lado no triângulo da
Mesa; entretanto, os mesmos não têm de ficar se enfileirando
um atrás do outro – se já houver um Doutrinador aguardando o
outro “limpar o farol” este Doutrinador pode passar pelo “farol”
sem limpá-lo.
Outro cuidado que deve ser tomado é o Doutrinador
ficar circulando ao redor da mesa, em sentido horário, e, não,
ficar parado atrás de um médium de incorporação, aguardando
sua vez de doutrinar, pois é através desta movimentação que se
obtém a manipulação das energias negativas, vindas com os
sofredores, com as positivas da Corrente-Mestra.
Após oo encerramento dos trabalhos, espíritos são
designados para promover uma limpeza das energias pesadas
deixadas ao redor da mesa devido às limpezas nos médiuns de
incorporação e nos faróis.
A Mesa Evangélica pode funcionar em conjunto com o
Leito Magnético.
Janeiro/Fevereiro de 2006 - Página 4
Perfil Espiritual
Mãe Yara
Por Renata Rodrigues de Souza
Arte: Vilela
M ã e Ya ra é a m e n t o ra e s p i r i t u a l d a D o u t r i n a d o
Amanhecer e Madrinha dos Doutrinadores. Ela tem sido a
companheira de Pai seta Branca, sua alma-gêmea, desde que
esse excelso espírito iniciou sua missão na Terra. Filha de
Yemanjá, Mãe Yara é uma princesa das águas e atua como
responsável pela falange das Princesas Janaína, Jurema,
Iracema, Juremá, Janara, Jandaia e Iramar, que são guias dos
Doutrinadores. Mãe Yara também atua como a Guia Missionária
da falange das Tupinambás.
Na UESB, Mãe Yara ajudou a trazer os rituais, os hinos e
as preces, zelando pela disciplina e pela conduta doutrinária,
como no exemplo da “fita roxa”. Os médiuns que não se
comportavam bem, recebiam de Mãe Yara, manifestada em Tia
Neiva, a fita roxa com a inscrição “rebelde”. Enquanto durasse
a pena, a pessoa era sempre acometida de inconvenientes,
fosse uma dor-de-barriga, dor-de-dente, ou outro incômodo.
No folclore brasileiro, existe a lenda de uma linda sereia
que canta nos rios e ela se chama Iara, ou Mãe d’Água. Nas
noites de lua cheia, esta sereia fica em cima das rochas,
cantando e penteando seus longos cabelos.
Mãe Yara teve importância fundamental desde as
primeiras manifestações mediúnicas de Tia Neiva, sendo um
dos primeiros mentores a se apresentarem. Ela projetava-se
em sua clarividência como uma senhora idosa numa cadeira de
rodas, de porte muito digno e elegante, chamada de D. Adelina.
Nossa Mãe, que ainda não aceitava a clarividência, passou a
interessar-se pelo drama desta senhora, a quem carinhosamente
chamava de “senhora do espaço”, enquanto Mãe Yara lhe dava
grandes lições, que muito vieram contribuir em seu
desenvolvimento mediúnico.
Pacientemente, tanto Mãe Yara quanto as demais
entidades, tentaram convencer a Clarividente a dominar seu
espírito rebelde e a aceitar sua realidade missionária. A querida
mentora, em um dos muitos dos diálogos que tivera com Tia
Neiva, tentava acalmá-la, fazendo com que aceitasse a
mediunidade: “calma Neiva, não se esqueça de que, na vida,
enquanto você está esperando o céu, a Terra está esperando
por você. Sim, filha, antes de você subir ao céu terá que baixar
na Terra. Não queira que as pessoas pensem como você. Seja
imparcial no seu raciocínio e nada aceite sem entender. Não se
esqueça de que ninguém possui a verdade total. Saibas que o
amor é a arma imponderável e invencível do espírito missionário,
que não tem escolha. É uma divindade a tua missão.”
Mãe Yara esteve presente na encarnação de Pai Seta
Branca como Francisco de Assis, como Clara. Como Francisco,
Clara desenvolveu magnífica ordem dentro da Igreja, a Ordem
das Clarissas que, como a Ordem Franciscana, prega o amor e
a simplicidade.
Excepcional instrutora espiritual, Mãe Yara dirige uma
grande universidade no espaço, onde se aperfeiçoam espíritos
de elevado grau de desenvolvimento.
Exemplo de amor, humildade e tolerância, Mãe Yara, sem
dúvidas, é um grandioso espírito de luz. Hoje, ela se manifesta
no trabalho de Turigano, incorporada, e em todos os trabalhos,
no plano etérico.
Jornal do Jaguar
Especial
Pai Seta Branca
Por Mário Sassi, Trino Tumuchy
Foto: Guilherme Stuckert.
Na hierarquia universal dos seres de toda natureza,
Seta Branca é o que habitualmente chamamos de um “espírito
de luz”. Numa explicação um pouco precária, mas condizente
com a nossa limitação humana, um “espírito de luz” é uma
individualidade criada por Deus, a qual, um dia na Eternidade,
iniciou uma trajetória, tornou-se “impuro” e, fazendo um retorno
elíptico, “voltou” para Deus. No caminho mais próximo de Deus
ele é iluminado pela luz divina, se torna “de luz”.
Numa outra tentativa de explicação, tomando por
base o conceito de energia, o espírito de luz seria aquele que se
alimenta das energias do “céu”, em contraposição ao espírito
em trânsito na Terra, que se alimenta das energias da natureza
terrestre.
Assim, Seta Branca é um espírito de luz e, nessa
condição, é um grande missionário que há milênios exerce uma
missão específica: socorrer a Humanidade em seus momentos
de transição.
Nos itens seguintes, são descritos episódios de suas
vidas na Terra, que tornarão mais fácil o entendimento de sua
mensagem.
O Equituman
Há mais ou menos 320 Séculos, 32.000 anos, surgiu
na Terra um grupo de missionários que ficou conhecido, na
nossa linguagem iniciática, como Equitumans.
Eram homens e mulheres com três a quatro metros
de altura, vindos de um conjunto planetário, um sistema
conhecido por nós, da Corrente, como Planeta-Mãe, Planeta-
Monstro ou Capela.
Eles chegaram em naves que conhecemos com os
nomes de “estufas” e “chalanas”. Seus corpos eram diferentes
dos nossos e sua fisiologia os tornava quase indestrutíveis na
Terra. Por isso, eles se tornaram conhecidos como “imortais”.
Essa condição, entretanto, foi se modificando com o tempo e
seus descendentes se tornaram “mortais” como nós, mas de
acordo com as condições fisiológicas desses tempos longínquos
da biologia terrena.
No início, eles habitaram a região que hoje se chama
andina, na costa ocidental da atual América Latina. Durante os
2.000 anos que durou, a civilização dos Equitumans dominou
toda a Terra de então e dela se encontram, ainda, traços físicos
nas lendas dos povos.
Após 2.000 anos, ou seja, há mais ou menos 300
séculos, eles desapareceram repentinamente, num cataclismo
que atingiu o planeta. Essa hecatombe foi provocada pela
aproximação de um corpo extra-terreno, que muito se
assemelhava à imagem que hoje fazemos de uma nave espacial.
Ela circulou sobre a Terra e sua presença provocou
eclosões de vários tipos. Na região da Cordilheira dos Andes,
ela sepultou o núcleo central da civilização Equituman, na área
do atual Lago Titicaca, situado entre o Peru e a Bolívia de hoje.
Na linguagem do Vale do Amanhecer essa nave ficou
conhecida como “Estrela Candente” e o fenômeno da formação
do Lago Titicaca como resultante de “uma lágrima da Estrela
Candente”.
Esse acontecimento, realizado sob as bênçãos de
Deus, foi executado sob a direção de um Mestre Planetário, um
espírito de luz, que hoje nós chamamos de Pai Seta Branca. Ele
foi o Comandante da Estrela Candente.
O Tumuchy
Mais ou menos 5.000 anos depois do
desaparecimento dos Equitumans, surgiu na Terra outro grupo
de missionários, também de origem extra-terrena, e cuja
constituição física era muito diferente dos terráqueos da época.
Eram homens e mulheres de muita beleza física, não
se reproduziam como os terráqueos, ou seja, não tinham filhos
e suas vidas tinham uma duração prevista de 200 anos.
Eram cientistas e artesãos, avessos às artes da
guerra e da luta física. O principal objetivo da Civilização dos
Tumuchys, como ficaram conhecidos em nossa Corrente, era a
manipulação científica das energias planetárias em escala
sideral.
Eles conheciam a intimidade do átomo e sua relação
com o Cosmo, sabiam do mecanismo de relações energéticas
entre os corpos celestes e a Terra, principalmente a conjunção
de forças entre o triângulo Sol – Terra - Lua.
Com seus instrumentos sofisticados, eles
construíam grandes usinas de integração e desintegração das
energias. Moviam-se na superfície do planeta com naves
próprias e possuíam mapas e maquetes do Globo Terrestre,
cartas astronômicas perfeitas, de cronometria própria.
A sede da civilização Tumuchy era localizada numa
região que hoje é coberta pelo Oceano Pacifico, tendo ficado
exposto apenas um pequenino ponto deste território: a Ilha de
Páscoa. Tanto nessa ilha como em outros pontos do Globo
existem ate hoje ruínas das construções tumuchys: Machu-
Pichu, as Pirâmides do atual Egito, do México e outras. Essas
“máquinas” gigantescas eram dispostas na topografia da época
obedecendo a uma triangulação baseada num mapa-maquete
chamado “Mutupi”.
O Grande Tumuchy, o responsável por essa missão,
foi o espírito, então na roupagem Tumuchy, que hoje nós
conhecemos como Seta Branca.
O Jaguar
Outros cinco ou seis mil anos se passaram. A Terra
já era povoada nos seus sete pontos de concentração energética
e sua geologia já se tornara aquela de hoje. Povos, os mais
variados, formavam raças e tipos. A natureza megalítica do
Globo já havia sido dominada. As modificações se tornavam
mais lentas e as fontes de energia eram assimiladas pela
Natureza. As máquinas já haviam transmitido o seu sistema
para a Terra em si. Monumentos de pedra se tornavam inúteis
em termos de captação energética, embora continuassem (como
continuam até hoje) a reter as energias armazenadas.
Essas usinas, que no seu tempo eram encaradas
com naturalidade, foram se tornando misteriosas e servindo
para uso religioso acabando por virarem tabus. A antiga
tecnologia se transformou em ritos e rituais. Os Tumuchys
desapareceram, deixando tudo em perfeito funcionamento, sem
necessidade da intervenção humana; as máquinas cumpriram
e ainda cumprem sua finalidade.
O problema do planeta era agora o humano no preparo
da civilização global. Foi então que surgiram os Jaguares.
Para dominar as montanhas e os mares tinham vindo
os Equitumans; para a captação e aproveitamento das energias
cósmicas foram necessários os Tumuchys; para disciplinar as
populações do Mundo, vieram os Jaguares, cujo símbolo
universal era a figura estilizada dos felinos.
O Jaguar-Chefe, o Grande Jaguar, foi o espírito que
habitava o corpo hercúleo de um jaguar que depois, muito depois,
se chamou Seta Branca.
O Assis
Em ciclos de 2.000 anos, as civilizações
continuaram a nascer, a atingir o auge e a morrer. No âmago de
todas elas existiam as marcas dos Equitumans, dos Tumuchys
e dos Jaguares. Por fim, chegou a Era do Cristo-Sol, do Nosso
Senhor Jesus Cristo, dos últimos dois milênios.
A tônica do Sistema Crístico é a do Amor. O homem
passou a caminhar no sentido de um arbítrio mais livre, mais
responsável, dirigindo-se cada vez mais consciente em direção
à sua individualidade. Da personalidade dual ele passou a tomar
consciência dos Três Reinos de sua natureza, o seu Plexo Físico,
seu Micro Plexo e seu Macro Plexo - corpo, alma e espírito.
No lento despertar, ele foi seguindo o caminho
sinuoso do erro e da correção, formando suas faixas cármicas.
As fases civilizatórias foram refletindo essa luta eterna. Sempre
que atinge um certo nível ele se lança à expansão e à conquista,
e esse movimento se chama “civilização”. Quando o impulso de
conquista se exaure, ele se concentra em torno de núcleos.
Assim podemos explicar os movimentos da Grécia e de Roma,
e depois da chamada Idade Média.
Nesse tempo e num desses núcleos, na Umbria, na
pequena cidade de Assis, na Península Itálica, viveu o Apóstolo
do Amor, que se chamou Francisco de Assis.
O espírito que habitava a personalidade do “poverelo”
era de um veterano deste planeta: ele já havia comandado a
Estrela Candente; ele já tinha sido o Grande Tumuchy; ele fora
Janeiro/Fevereiro de 2006 - Página 5
também o Grande Jaguar; agora ele era Francisco de Assis.
Mais tarde, no Século XVI, ele se chamaria Seta Branca.
O Cacique
A região dos Andes ainda dormitava nos resíduos
de civilizações anteriores quando lá chegaram os europeus.
Na linha que mais tarde formaria a fronteira Brasil-
Bolívia, no noroeste das Terras de Santa Cruz, havia uma tribo
de andinos miscigenados com povos das planícies do leste.
Seu chefe era alto, bronzeado, feições altivas e tinha
o olhar penetrante dos espíritos veteranos do planeta.
Os conquistadores espanhóis avançavam em direção
ao Pacífico e dizimavam os restos pouco aguerridos da antiga
civilização inca. Particularmente, certa tribo existente na
trajetória dos conquistadores sentia-se ameaçada de
destruição.
Um mensageiro chegou pedindo socorro ao chefe
dos guerreiros da fronteira. Atendendo ao apelo, o Grande Chefe
seguiu ao encontro dos espanhóis, comandando oitocentos
guerreiros.
Ele pouco falava e em seus olhos se refletia a luz da
experiência de muitos milênios. Seu espírito trazia a herança
dos imortais Equitumans, a ciência dos Tumuchys e a bravura
dos Jaguares. Seu coração, porém, era impregnado pela doçura
do Amor Crístico e da Sabedoria de Jesus.
Todos o amavam, e um guerreiro mais afeiçoado,
preparou uma ponta de presa de javali e com ela armou a lança
do chefe.
A alvura dessa ponta de sua lança passou a
caracterizá-lo, e ele se tornou lendário como “Cacique da Lança
Branca”, nome esse que chegou até nós pelo plano espiritual,
como “Seta Branca”. No Templo do Amanhecer, ele preside,
soberano, com o nome de “Pai Seta Branca”.
No descampado de um vale andino, as duas facções
se defrontaram. De um lado, os guerreiros de Seta Branca, e de
outro, os espanhóis. O clima era de tensão e morte.
Seta Branca subiu a uma pequena elevação e falou.
As encostas do vale ressoavam suas palavras e todos o ouviam
naquele imenso campo de batalha. Enquanto falava, numa língua
que os espanhóis não entendiam, ele levantava sua lança de
ponta alva e, segurando-a com as duas mãos, em forma de
oferenda iniciática, fez com que todos os olhos se erguessem
para o céu.
Na medida em que discursava, foi descendo sobre
aquele campo de eminente batalha, um clima de paz e
tranqüilidade. Os corações, tensos para a luta, foram retomando
suas batidas regulares. Uma emoção suave foi enchendo os
peitos arfantes dos guerreiros de ambos os lados.
Aos poucos, a maioria foi se ajoelhando e até mesmo
um cavalo dobrou as pernas fazendo com que seu perplexo
cavaleiro largasse suas armas.
Por fim, Seta Branca terminou sua invocação e,
trazendo sua lança para junto do seu corpo, baixou a cabeça e
quedou-se em profundo silêncio.
A coluna espanhola, como que sob um comando
invisível, começou a se mover em direção oposta e desapareceu
entre as montanhas do oeste.
A tribo incaica estava salva. Os guerreiros de Seta
Branca voltaram intactos para suas mulheres e seus filhos.
Animais foram abatidos e as danças duraram muito tempo. A
força espiritual de Seta Branca salvara aqueles guerreiros,
mostrando a supremacia da força do amor sobre a força bruta!
Obituário
Tia Gertrudes
Foto: Luana Ferreira.
Gertrudes Chaves Zelaya, a Tia Gertrudes ou “Tistude”,
como era carinhosamente chamada, faleceu no dia 1° de
fevereiro de 2006, vítima de um acidente de automóvel que
também vitimou a Ninfa Lua Franciscana Lourdes, a Tia Lourdes,
veterana desta Doutrina desde a UESB.
Tia Gertrudes era afilhada de Tia Neiva e com ela vivia
desde a sua adolescência, tendo sido seu “braço direito” durante
toda a sua vida, cuidando de seus filhos enquanto ela trabalhava
e das crianças do orfanato enquanto a mesma desenvolvia sua
clarividência.
Na próxima edição, o Jornal do Jaguar fará uma justa
homenagem a esta grande veterana.
Jornal do Jaguar
Sob os Olhos da Clarividente
O Cacique Guerreiro
Por Tia Neiva
Eis que ressoam os tambores lá no alto da montanha
Uma fumaça azulada, tamanha, anunciando guerra
À tribo Tupinambás
Todos correm aflitos, ao cacique anunciar
Chegando em frente à sua taba
Viram que ele ali não estava
Cabisbaixos voltavam
Quando uma voz bem conhecida
Junto ao chefe inca lhes chamavam
“Vieron hacer los pocaritos
Guerra fria a sus hermanos
Somos todos aqui de Tupan
Y son los que nos mandan a nosotros”
Inca pede clemência
Cacique ordena: “los guerreros van todos”
Todos obedeceram, indo seus arcos preparar
Em pouco tempo estavam prontos
Oitocentos homens para lutar
Não precisam conhecer adversários
Guerreiros que sabem amar
O cacique lhes mandou, não precisam perguntar
Seta Branca ordenou, para Tupan abençoar
Se o cacique mandou
Não preciso saber, nem também perguntar
Luta, seguem os grandes caudores tupinambás
Pertencentes das montanhas bolivianas
Das margens do Iacara
Com seus penachos de alva pluma
Galgando seus puros-sangues, majestosos a brilhar
À frente, tu, Seta Branca, Cacique Guerreiro Tupinambás
Com teu grande e alvo cocar
Nada temia, pois a Tupâ obedecia
Daquela ordem e disciplina só luz pode emanar
Eis que avistaram o Plata
Frente à frente ao inimigo
O império selvagem chega
Estaca em perfeitas colunas
Na perfeita ordem e na perfeita riqueza
Os incas que já haviam recuado
Com a chegada dos Tupinambás
Se depararam com o mais perfeito quadro
Porque tu, Seta Branca, estava calmo, seguro na fé
De Tupã, ordem aguardava
E quando os gritos avante recuaram
O imperador selvagem, num gesto de dor
Ergueu sua cabeça e ao céu uma prece recitou
Segurando a alva seta, ditou:
“Tupã, Tupã, é o momento exato
Eu não temo e não mancharei
A seta branca que tu me deste
Com este marfim, jamais tirarei sangue dos meus irmãos
Dai, Tupã, mostre a eles e dê a compreensão.”
Foi sublime o grande momento
Os tiranos que pareciam invencíveis, aquietaram-se
Pois a força de Tupã tinha chegado
E se aliado com o império selvagem
Os fogosos cavalos ficaram
Como se quisessem adorar aquele exército
Já se haviam ajoelhado
Tu, Seta Branca, comandante de um exército
Da bandeira rósea do amor
Comandavas com o amor do Cristo
E ganhastes com vigor a tua seta de marfim
Abate os tiranos com amor
Tu, em teu puro-sangue forte
Majestoso, imperador da bandeira rósea do amor
Que Tupã te confiou
Mostrou àquele povo que a fé em Tupã impera
Do sangue, da luta, nada de belo se espera
Vendo o inimigo, seus cavalos não se levantaram
E, compreendendo que era a força de Tupã, abandonaram
E, à frente, Seta Branca também ajoelhou
Até que tu fez parte dali com a tua compreensão
Foram grandes os festejos
Que os incas ofereceram ao teu povo
Muitas vitelas mortas levastes ao teu povo
Porém, as jóias e riquezas, tu renegastes
Calmo e feliz, tu contemplavas
Os belos casais que se amavam
E que tua fé os conservara
Quantos anos se passaram
Daquele festejo que ganhamos
Voltamos e tu, clemência de Tupã
Volta, também, ao teu poderoso império
E, novamente, estamos à espera
De novos festejos, novas fogueiras
E novas vitelas.
Você Sabia?
A bênção do Papa
Por Carmen Lúcia Zelaya, 1ª Muruaicy
Em outubro de 1985, Tia Neiva e o Trino Tumuchy, Mestre
Mário Sassi, receberam uma bênção apostólica do Papa João
Paulo II, através de uma carta trazida do Vaticano pelo Teólogo
José Vicente César, o “Padre César”, como era conhecido.
O Padre César passou alguns meses no Vale do
Amanhecer fazendo um estudo sobre a Doutrina do Amanhecer
e o trabalho social desenvolvido por nossa Mãe Clarividente. Ao
apresentar o seu trabalho ao Papa, este mandou sua bênção à
nossa Mãe, que ficou muito emocionada, por seu amor e respeito
à Igreja Católica, da qual fazia parte antes da manifestação de
sua clarividência.
À esquerda, a carta do Papa João Paulo II.
Acima, Tia Neiva, emocionada, recebe a
carta das mãos do Padre César.
Fotos: Guilherme Stuckert.
Nossas Armas
A Estrela de David
Por Marcelo Crison Jorge
A Estrela de David (triângulos sobrepostos)
e o Hexagrama (triângulos entrelaçados).
Um olhar para o céu estrelado nos transmite a
respeitosa convicção da existência de um grandioso mundo
celestial. Não é de admirar que os homens sempre tenham
tentado desvendar os segredos divinos, por meio de estudos
científicos ou esotéricos.
“Escudo de Davi”, “Selo de Salomão”, historicamente
estes nomes referem-se à tradição judaica, onde diz que os
“Valentes de Davi” tinham em seus escudos, a estrela de seis
pontas, conhecida por todos como Estrela de Davi. Afirmam
inclusive, que antes mesmo de Davi, Abraão já utilizava esse
símbolo. Mas seu reconhecimento como símbolo genuinamente
judaico é um fato recente, já que na Antigüidade, e mesmo
durante a Idade Média, várias civilizações usavam-na como
símbolo místico ou puramente decorativo.
Quando este símbolo foi gerado, não se sabe ao certo,
porém ele sempre existiu na natureza, inclusive na formação
dos cristais. Remonta ao tempo dos Equitumans. Simboliza os
processos de involução e evolução, representa também a união
entre o micro-plexo e o macro-plexo.
Devemos saber diferenciar os símbolos “Hexagrama” e
a “Estrela de Davi”, pois são símbolos parecidos que possuem
significados diferentes. O Hexagrama é uma estrela de seis
pontas formada por dois triângulos eqüiláteros entrelaçados
(dois triângulos diferentes, um independe do outro) e indica a
união das contradições em perfeita harmonia, a dualidade. A
Estrela de Davi também é uma estrela de seis pontas, formada
por dois triângulos eqüiláteros sobrepostos (um por cima do
outro, formando uma só figura), criando uma imagem de simetria
e equilíbrio.
Encontramos a Estrela de Davi em quase todas as
partes do nosso Templo, no escudo do médium iniciado, nas
indumentárias das Ninfas. O triângulo com o vértice para baixo
representa as forças da Terra, o micro-cosmo, a involução, já
o outro, com o vértice para cima, representa as forças dos
Planos Superiores, o macro-cosmo, a evolução. Encontra-se o
símbolo também na Estrela Candente, onde o triângulo amarelo
representa a força do Sol e, o azul, a força da Lua.
Na entrada do templo existe uma estrela atravessada
por uma seta, que simboliza nosso Pai Seta Branca, onde se
pode ler trecho de uma mensagem: “O homem que tentar fugir
de sua meta cármica ou juras transcendentais será devorado
ou se perderá como a ave que tenta voar na escuridão da
noite...” Essa advertência se faz presente na própria estrela:
metas cármicas são o triangulo da descida; juras
transcendentais estão representadas no triângulo de subida.
Janeiro/Fevereiro de 2006 - Página 6
No dia 8 de novembro de 2003, aconteceu um curioso
fenômeno no céu: a formação de uma estrela de seis pontas
pelo posicionamento de planetas do nosso Sistema Solar. Há
uma corrente de pensamento que defende a teoria de que, junto
desse fenômeno, haveria uma “abertura de portais”. Tal abertura
seria uma espécie de foco de convergência harmônica para os
Planos Espirituais Superiores, que estariam elevando a categoria
vibratória da Terra, a Transição Planetária. Segundo essa teoria,
o planeta e, conseqüentemente, a humanidade, evoluirão um
passo a mais em direção à harmonia cósmica.
Bibliografia:
- Observações Tumarã - José Carlos Nascimento;
- Enciclopédia Judaica.
Artigo do Leitor
Um olhar sobre a mudança
Por Emily Pierini, Antropóloga
No dia 8 de outubro de 2004, cheguei ao Vale do
Amanhecer para realizar uma pesquisa etnográfica sobre
“identidade e híbridismo religioso”. Naquele período, a
comunidade encontrava-se em uma situação delicada, no início
de uma fase crucial, de transformação, após a morte do Trino
Arakém, Mestre Nestor Sabatovicz, ocorrida apenas uma
semana antes.
No decorrer de dois meses de pesquisa de campo,
pude perceber a passagem, do luto, a um clima geral de
insegurança por causa da sucessão hierárquica e das possíveis
mudanças que esta pudesse portar consigo.
Inicialmente, verifiquei que a geração dos que viveram
com Tia Neiva e lutaram com ela para construir o Vale do
A m a n h e c e r, m o s t ra va , s e m d ú v i d a , u m a a t i t u d e m a i s
conservadora, algumas vezes negando qualquer possibilidade
de mudança. Tratava-se, na realidade, de uma insegurança
manifestada mais no âmbito privado do que no público, uma
espécie de ansiedade diante de um processo de transformação
lenta e sutil, no qual cada um estava reconstruindo o significado
do Vale do Amanhecer.
Todavia, trabalhando com os Jaguares mais jovens
através de entrevistas e grupos de discussão, fiquei tocada
pela confiança deles nas mudanças que estavam para acontecer,
interpretadas como uma fase de crescimento da Doutrina, uma
ocasião para redescobrir e enriquecer o próprio conhecimento
doutrinário e a si mesmos.
O confronto entre os jovens estimulava a expressão
de idéias e projetos voltados a reunir o acervo doutrinário, uma
vez dividido entre alguns médiuns, de uma forma que poderia
ficar disponível a quem quisesse aprofundar o próprio
conhecimento.
Os rituais eram um ponto de encontro entre as duas
gerações, assim, no espaço ritual, confluíam a insegurança na
transição e a vontade de andar além. Através da manipulação
da energia, tentava-se buscar uma certa estabilidade, um
equilíbrio. É a partir dos próprios rituais que uma comunidade
pode reafirmar e renovar os seus valores, os seus significados
e o seu sentido comunitário.
As formas religiosas são fenomenos dinâmicos que se
transformam mediante processos de resignificação ao mudar
as condições sociais em que se localizam. Portanto, é em seu
crescimento e na sua expansão que uma doutrina assume
significados diversos, vem reinterpretada em modo diferente,
segundo o lugar, o momento e os sujeitos interpretantes.
Na minha experiência no Vale do Amanhecer, através
das numerosas entrevistas dos médiuns, verifiquei como, por
exemplo, diante um símbolo da Doutrina, resultavam
interpretações diversas do seu significado, em relação à leitura
individual que cada membro da Doutrina operava sobre o Vale
do Amanhecer.
A Doutrina do Amanhecer, encontrando-se ainda em
fase de formação e sendo, segundo os médiuns, “uma doutrina
mais prática do que teórica”, portanto não-dogmática, se presta,
seguramente, a muitas interpretações, assim como retenho que
o Jornal do Jaguar se presta perfeitamente a acolher e a fazer
dialogar as muitas leituras operadas pelos médiuns.
Acredito que o Jornal represente não só um eficaz
veículo de informação voltado ao melhoramento da comunicação
interna entre os Templos, bem como ao acesso de cada um dos
médiuns ao acervo doutrinário, mas a sua importância reside
no constituir-se como um texto polifônico dos Jaguares, uma
forma de auto-representação através da construção de um
discurso híbrido e variado.
Considero decisivo que o Jornal se proponha a construir
este discurso através do diálogo com o externo, tanto com as
outras religiões, quanto com as perspectivas de sociólogos,
antropólogos, psicólogos, historiadores, etc.
A troca dialógica entre visões e perspectivas diferentes
porta, conseqüentemente, uma redescoberta e uma maior
compreensão de si mesmos. A tal propósito, sustentava o filósofo
russo Michail Bachtin: “eu tomo consciência de mim e me torno
eu mesmo, somente desvelando-me para o outro, através do
outro e por meio do outro”.
Os projetos da Biblioteca e do Jornal do Jaguar, surgidos
na fase de transição em que eu assisti, são uma expressão do
dinamismo do Vale do Amanhecer favorecendo um diálogo que
levará a um enriquecimento, a um redescobrimento do
significado da Doutrina e, provavelmente, no futuro, a novos
processos de hibridação.
Jornal do Jaguar
Fé
O Movimento Franciscano
Por Vanessa Cristina Borges Oliveira
Arte: Vilela.
Entre os movimentos
católicos, o Franciscano
reúne membros - leigos,
religiosos e sacerdotes - que
se sentem chamados ao
segmento do Cristo à maneira
de São Francisco de Assis.
Francisco de Assis
nasceu na cidade de Assis,
na Itália, em 1182, no dia 04
de outubro. Fundador da
Ordem dos Franciscanos,
entre os vinte e vinte e dois
anos teve início a sua
conversão da vida mundana
para as atividades religiosas,
conversão lenta e perturbada
por p e r ío do s de a r id e z
espiritual.
Suas revelações
eram freqüentes. Em Assis,
o santo dedicou-se ao
serviço dos pobres e doentes.
Num dia do outono de 1205, enquanto rezava na igrejinha de
São Damião, ouviu a imagem de Cristo lhe dizer: “Francisco,
restaura minha casa decadente”. O chamado, ainda pouco claro
para Francisco, foi tomado no sentido literal, fazendo com que
o jovem vendesse as mercadorias da loja do pai para restaurar
a igrejinha. Como resultado, seu pai, indignado com o ocorrido,
o deserdou. Com a renúncia definitiva aos bens paternos,
Francisco deu início à sua vida religiosa.
Antes disso, empunhou armas em defesa de sua cidade
natal e sofreu um ano de prisão em Perugia. Caiu doente, tendo
sonhos e visões que o fizeram entrever o verdadeiro horizonte
de seu apostolado, preferindo a solidão de uma gruta nos
arredores de sua cidade.
A partir deste momento, passou a viver na pobreza e,
juntamente com outros jovens que dele se aproximaram por
afinidade, iniciou a Ordem Franciscana, dedicando-se aos
leprosos e enfermos. Cresceu o número de companheiros e,
em 1209, já eram doze. Francisco criou uma regra muito breve
e singela, cujas diretrizes principais eram pobreza e humildade.
Viver na pobreza não significava pedir esmolas, mas, sim,
trabalhar para o próprio sustento, sem ostentações e lucros.
Assim, iniciava-se o Movimento Franciscano, no qual
seus membros libertavam-se de suas condições sociais,
rompiam com suas classes e profissões e saíam pelo mundo
afora, indo às casas daqueles que os recebiam, evitando
rivalidades e proporcionando a caridade.
Na sua simplicidade, o Movimento Franciscano atraiu,
no início, dez homens, depois uma centena de homens e
mulheres, que deixaram as perturbações de seus corações
para se colocarem diante de Deus. Todos os irmãos traziam
uma carga hereditária e social, da qual tentavam, bem ou mal,
se desvencilhar. Manter-se no movimento não era fácil, renegar
aos prazeres do mundo em prol da caridade, muitas vezes era
um teste de afirmação.
O Movimento Franciscano deixava claro que o homem
faz o seu caminho só, diante de Deus, e quis ter como
engajamento a construção de um mundo novo e de um ambiente
de fraternidade.
Francisco de Assis quis partilhar a vida “franciscana”
com todo mundo. Ele e seus irmãos imaginaram e aprofundaram
uma “regra de vida” que fazia com que eles descobrissem,
primeiramente, a si próprios para, em seguida, descobrir os
outros. Procuravam sempre a justiça e a paz, pois, assim, Deus
estava novamente presente, de forma a aparecer tão belo e
visível como o sol.
O amor de Francisco tem um sentido profundamente
universalista. Ninguém, como ele, irmanou-se tanto com todo
o universo: foi o irmão do sol, da água, das estrelas, das aves
e dos animais. O “Cântico ao Sol”, no qual ele proclama seu
amor a tudo que existe, é uma das mais lindas páginas da
poesia cristã.
São Francisco de Assis é o padroeiro universal da
Ação Católica. Faleceu no dia 03 de outubro de 1226.
Canonizado em 1228, por Gregório IX, sua festa é celebrada
nos dia 04 de outubro pelos católicos.
Hoje o movimento Franciscano ainda é muito
presente. Em 1995, havia oito centros franciscanos na América
Latina procurando servir à organização e renovação espiritual
da Família Franciscana neste continente. Além da CIPFE no
Uruguai, havia Centros Franciscanos na Argentina, Bolívia,
Brasil, Equador, Guatemala, Paraguai e Peru. No Chile, na
Colômbia e no México, os membros da família franciscana se
organizaram também, sem entretanto, fundar centros
específicos. Na Venezuela há uma “Família Franciscana” e um
centro de formação.
Os centros existentes organizam seminários,
retiros, publicações, congressos, programas de formação,
grupos de ação em prol da justiça, da paz e da integridade da
criação etc. Atualmente, essa função cabe ao Centro
Franciscano da Argentina.
O Centro Franciscano de Petrópolis (FFB),
Brasil, foi fundado em 1969 com o nome Cefepal. Os fundadores
percebiam claramente que uma autêntica renovação somente
seria possível, se houvesse uma concentração de todas as
forças, levando todos os ramos da Família Franciscana à unidade,
apesar das suas diferenças. Atualmente (isto é em 2000), 155
comunidades da Família Franciscana se unem ao Centro que
dispõe de um secretariado e de uma casa de formação.
No Distrito Federal, existe uma paróquia de
S. Francisco de Assis na 710 Norte e um grupo franciscano,
chamado de Toca de Assis, no Gama, onde os frades buscam
manter as tradições da pobreza e das vestes, tais como os
primeiros franciscanos.
Ciência
A Evolução,
na Ciência e no Espírito
Por Marcelo Monteiro, Físico
A presença de um espírito não é medida como se medem
grandezas físicas, tais como temperatura ou força, em que se
lê: 20 graus Celsius ou 15 Newtons. Talvez esteja aí uma das
razões do ceticismo, da não-crença, por parte dos cientistas,
no espírito e na espiritualidade.
Rutherford, em 1911, numa de suas experiências,
reafirmou a existência do átomo — já proposta por Demócrito
(460 a 370 a.C.) na Grécia Antiga. Acrescentou que este possuía
um núcleo rígido muito pequeno em relação ao tamanho do átomo.
Lançando partículas sobre uma lâmina de metal reparou, através
de aparelhos, que a maioria destas ultrapassavam a fina folha
metálica. Em menor quantidade, outras batiam e ricocheteavam,
como uma bala de revólver numa placa de chumbo. Ele concluiu,
então, que deveria haver um núcleo sólido. Em breves palavras,
foi a partir de Rutherford e com a grandiosa contribuição do
físico dinamarquês Niels Bohr (1913) que chegamos àquele
modelo atômico que tanto conhecemos, comparado ao Sistema
Solar, onde há uma esfera no meio (Sol) e elétrons (planetas)
circulando, bem comportados, em volta dela.
Depois de tais experimento e modelo serem aceitos por
muitos outros cientistas, o átomo passou a ser acreditado
daquela maneira. Sim, acreditado, pois mesmo com todo feito
de Rutherford e Bohr, não se podia ver a pequena partícula
formadora dos corpos, da matéria. O que se poderia considerar
um pouco incoerente para uma ciência com bases em Descartes
e principalmente em Galileu, na qual muito vale o popular “ver
para crer”. Dizemos isto por, a princípio, não concordarmos com
o fato de um cientista acreditar — mesmo após experiências —
na existência do átomo, e, por outro lado, muitas vezes
desacreditar, por completo, que há espíritos, mesmo após a
manifestação destes em fenômenos mediúnicos. Mas, estava a
humanidade preparada pra uma avalanche de descobertas?
Novos conceitos tão complexos em campos distintos? O físico
brasileiro Marcelo Gleiser, numa comparação simples e precisa,
diz que a ciência é como uma “cebola”, composta por camadas,
em que é preciso tirar uma destas para alcançar a outra.
Há algum tempo (séculos XIX e XX) já havia ocorrido
uma dissociação entre o espírito e a matéria. Desde épocas
Há 30 anos...
O Coroamento
Por Guilherme Stuckert,
Adjunto Amayã
Em 1976, inaugurada a
Estrela Candente, Tia Neiva
preocupou-se em fazer vários ensaios
com os Jaguares para que o ritual
ocorresse de maneira precisa.
Um dia, ela me chamou para
fotografá-la, ao lado do seu Mestre, o
Trino Tumuchy, fazendo o Coroamento,
pois queria deixar registrada a
maneira correta de fazê-lo.
Percebam a elegância e o
porte com que nossa Mãe o faz, sem
levantar o braço, dando-nos o seu
exemplo de fidalguia.
Na foto, vemos também, no
radar, o Trino Arakém, Mestre Nestor.
Foto: Guilherme Stuckert.
Janeiro/Fevereiro de 2006 - Página 7
remotas, o homem percebe a presença de espíritos, porém num
determinado momento, por razões convenientes às religiões e
ao próprio volume de conhecimento que se acumulava foi
acontecendo uma grande separação dos níveis e ramos do
conhecimento humano. Houve um aprofundamento em
determinadas áreas do saber, enquanto outras foram sendo
marginalizadas, esquecidas e até mesmo proibidas.
Principalmente o homem ocidental tornou-se cético a ponto de
considerar apenas o que lhe é palpável, mensurável, passando
assim, a caminhar por uma estrada antiparalela a espiritualidade.
Mas felizmente, tudo evolui, mesmo que tenha que passar
por momentos de involução. Ainda por esse caminho, as ciências
físicas vêm evoluindo bastante e hoje, a tão falada
interdisciplinaridade, traz a (re)união dos saberes e o avanço
conjunto. O que se verifica em áreas como a biofísica,
bioquímica, psiconeurologia, etc.
É sabido, hoje, que o átomo não é tal qual o modelo
daqueles cientistas — apesar de, por didática, ainda
aprendermos deste modo. Com o auxílio da física quântica,
sabe-se: os elétrons não giram em órbitas certas, como os
planetas, de maneira que se possa determinar sua posição e
velocidade. Existe, sim, uma probabilidade, uma certa
possibilidade de que eles estejam em determinado lugar,
próximos do núcleo. Conhecimento esse que, com efeito, nos
levou aos computadores, a outros planetas e até mesmo ao
mapeamento dos genes.
Em relação à espiritualidade verificamos, com a história,
a evolução dos povos, de suas religiões e doutrinas, de suas
ciências. Sem qualquer pretensão ou desmerecimento a outras
doutrinas, observa-se nos jaguares um dos exemplos latentes
da evolução da mediunidade, do espiritualismo. A incorporação
semiconsciente e principalmente a chegada do doutrinador,
trazidos através de Tia Neiva, registram na história uma
importante página de mais um ciclo evolutivo.
Aliás, não se pode falar de Jaguares e de avanços sem
mencionar Pai Seta Branca, que na mensagem de fim de ano,
2004, nos trouxe um belo exemplo de humildade e evolução
contínua quando diz: “(...) participo e vivo numa hierarquia.
Também existem meus superiores. Quero-lhes dizer que também
cumpro uma missão, porque alguém me confiou os poderes
Superiores para que o dia que concluir minha missão como
Jaguar, com certeza outro estará em meu lugar — porque ninguém
é insubstituível, somente a nossa força Suprema, Soberana — o
grande Deus”.
A ciência, a espiritualidade se desenvolve também
segundo a mente, a razão. O que ilustramos com um pensamento
de Einstein: “A mente que se expande para uma nova idéia
jamais volta a seu tamanho original”.
Contudo, pensamos no caminhar das ciências físicas,
do espírito e da mente. E certamente foi observando este
caminhar que o mestre Mario Sassi, no livro “Sob os Olhos da
Clarividente” deixa indicado que “o fenômeno (da mediunidade,
a presença de espíritos de outros planos) se evidencia por
estar se intensificando a ponto de causar efeitos cada vez mais
notáveis”. Tais fenômenos já não são muito negados pela
ciência, especialmente no campo psíquico, com estudos da
parapsicologia, progestologia. Há também uma crescente
interesse por parte de físicos, químicos, biólogos e diversas
outras fontes de pesquisa.
Tudo isso tem trazido o tema espiritualidade aos meios
de comunicação. Televisão, jornais. E, finalmente, porém de
forma cautelosa, tem chegado às universidades e ao meio, dito,
científico. A evolução das idéias, dos conceitos etérico-
científico está acontecendo, a fase científica da humanidade já
é vivida e a cada dia se intensifica, muito importante, porém, é
a ciência física olhar para etérica como grande aliada e
complementar, não como inimiga.
Jornal do Jaguar
Espaço do Leitor
O mais feliz dos pais
Por Angella Marya, Terezópolis-GO
A Biblioteca do Jaguar agradece a colaboração dos nossos patrocinadores, que permite a concretização deste trabalho.
Para os povos da Terra
As luzes do Cristo emanam
Impulsionando a vida nas vidas!
Salve Deus, meus filhos!
Em Cristo Jesus, graças a Deus!
Ternuras vivas do meu coração
Amo-vos sempre mais!
Breve é a luta terrena
Rude e aguerrida porém...
A jornada reparadora se produz
No confronto das forças
Conduzindo-nos na espiral evolutiva
Ao reencontro da primordial origem.
O amor, filhos queridos, é a chave!
Arte gráfica: Márcio da Silva Santos
Janeiro/Fevereiro de 2006 - Página 8
Maravilhosa chave dos portais do infinito!...
Amando, nos libertamos ao dar liberdade
Impondo-nos teremos, por retorno, imposições
Soltando, seremos livres...
Façam, meus filhos, aos seus irmãos
Exatamente o que desejais que seja-vos feito
Levai o Evangelho vivo
Iluminados, quais faróis benfazejos
Zelando pela harmonia geral
Da humildade e da tolerância recebereis os frutos
O conhecimento amoroso de que tudo é bom
Semeará sempre a paz...
Porta estreita devereis atravessar
A caminho de Deus
Imantrai esta jornada em Cristo Jesus
Somente com humildade, tolerância e amor.