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Renato De Castro Alfredo

ANÁLISE CRÍTICA DO PROGRAMA DE NSINO - PORTUGUES 1ᵒ CICLO

Licenciatura em Administração e Gestão da Educação

Universidade Save

Maxixe

2020
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Renato De Castro Alfredo

ANÁLISE CRÍTICA DO PROGRAMA DE NSINO - PORTUGUES 1ᵒ CICLO

Licenciatura em Administração e Gestão da Educação

Trabalho de Investigação Cientifica da cadeira de


Didáctica de Matemática Básica a ser apresentado a
Faculdade de Ciências da Educação e Psicologia,
Departamento de E. a D. para efeitos de avaliação.

Docente: António Chichongue

Universidade Save

Maxixe

2020
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Índice
Introdução .................................................................................................................................. 4

Objectivos ................................................................................................................................... 5

Metodologia científica do estudo.............................................................................................. 5

2. Definição de conceitos ........................................................................................................... 5

Aprendizagem – O que é? ......................................................................................................... 6

Programa de Ensino Primário (PEP) ...................................................................................... 6

Estrutura dos Programas do Ensino Primário ....................................................................... 6

Análise crítica das orientações metodológicas do Programa de português 1ᵒ ciclo 3ᵃ classe


..................................................................................................................................................... 7

Oralidade.................................................................................................................................... 8

Leitura/Escrita ........................................................................................................................... 8

Gramatica /Vocabulário ........................................................................................................... 8

Criticas às sugestões metodológicas do programa de língua portuguesa na 3ᵃ classe ........ 8

Conclusão ................................................................................................................................. 10

Referencias Bibliográficas ...................................................................................................... 11


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Introdução
O ensino primário desempenha um papel importante no processo de socialização das crianças, na
aquisição de conhecimentos, habilidades e valores/atitudes fundamentais para o desenvolvimento
harmonioso da sua personalidade. Esta afirmação e também fundamentada por Seepe (1994:15),
para quem “as crianças da amanha devem não so estar preparadas para se adaptarem ao
mundo em mudança, mas também devem preparar se para criar novas mudanças em beneficio
da humanidade”.
E nesta óptica que recentemente o Governo Moçambicano, através do INDE, desencadeou o
processo de revisão pontual do Plano curricular e dos programas de ensino com vista a
incrementar a qualidade de ensino.
Nesta perspectiva, proponho realizar um estudo com o título: Análise Crítica do novo
Programa de Ensino de língua portuguesa, 1ᵒ ciclo, concretamente a 3ᵃ classe, com os
objectivos essenciais de analisar as propostas metodológicas e sugerir melhoria.
Para tal, servi-me do método empírico consubstanciado na consulta da bibliografia especializada
e na de documentos reitores da Reforma.
O Trabalho organiza-se em cinco capítulos, conclusão, bibliografia

Palavras – chave: Ensino e Aprendizagem; Programa de ensino; Metodologias de ensino.


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Objectivos
São objectivos deste trabalho os seguintes:
a) Analisar as orientações metodológicas para o ensino dos conteúdos disciplinares e
transdisciplinares do Programa;
Por outro lado, os objectivos específicos do mesmo são:
a) Identificar os pontos fortes e fracos da metodologia sugerida no novo Programa de ensino;
b)Verificar se as metodologias do Programa favorecem a aquisição da proficiência comunicativa
no domínio da oralidade, leitura, escrita, gramática e vocabulário.
c) Analisar se as sugestões transdisciplinares do Programa ajudam na formação da cultura geral
do aluno ancorada na língua.

Metodologia científica do estudo


Desenvolveu se este estudo em várias fases de trabalho, consubstanciadas no levantamento,
recolha, selecção e análise dos documentos da Reforma, gentilmente cedidos pelo Ministério da
Educação, que permitiram conhecer mais a fundo o percurso histórico e o actual sistema
educativo Moçambicano.
O exercício da carreira docente facultou igualmente conhecimentos e experiências valiosas, que
tornaram conhecedores, não só da realidade do ensino no geral, mas também, e sobretudo, desta
disciplina que ministra se em várias escolas, suscitando sempre entre nos docentes debates
renhidos, conferências e outras manifestações informais aturadas sobre as
vantagens/desvantagens, pontos fracos/fortes da Reforma Educativa e de todos os seus
processos, o que ajuda bastante para a presente reflexão.

2. Definição de conceitos

2.1. Ensinar - O que é?

Segundo o conceito etimológico, Ensinar (do Latim signare), é colocar dentro, gravar no
espirito. No entanto, de acordo com este conceito, Ensinar e gravar ideias na cabeça do aluno,
sendo o método de ensino, o de marcar o tomar a lição. (PILETTI, 2004:26)

Na visão tradicional, Ensinar e transmitir conhecimentos, sendo o professor, aquele que sabe
sobre um determinado assunto e espera que o aluno saiba reproduzir o que ele lhe disse.
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Para Neuner, G. et al (1981:254) “a linha fundamental do processo de ensino é a transmissão e


apropriação de um sólido sistema de conhecimentos e capacidades duradouras e aplicáveis”.

Já por seu torno, ICCP (1988: 31) define o ensino como o processo de organização da actividade
cognoscitiva” processo que se manifesta de uma forma bilateral: Ensino – aprendizagem.

Aprendizagem – O que é?
De acordo com SCHNITZ (Op cit. p. 15), a aprendizagem é a aquisição de novos
conhecimentos.

Na visão de Teixeira (1971:60), só se aprende para a vida quando, não somente se pode fazer a
coisa de outro modo, mas também se quer fazer a coisa desse outro modo. Só essa aprendizagem
interessa a vida e portanto a escola.

Programa de Ensino Primário (PEP)


O que é um programa de ensino?

Um Programa Educativo, é um documento que permite organizar e detalhar um processo


pedagógico;

É um documento que permite orientar o docente no que se refere aos conteúdos que deve
partilhar, os meios ou materiais a usar, a forma como deve desenvolver a sua actividade de
ensino e os objectivos de ensino. (INDE, 2015)

Os programas educativos têm conteúdos obrigatórios, os quais são determinados pelo Estado, e
espera se que todos os cidadãos de um pais disponham de uma certa base de conhecimentos que
se consideram imprescindíveis por motivos culturais, históricos ou de outro tipo.

Estrutura dos Programas do Ensino Primário


Os Programas do Ensino Primário, apresentam:

a) Introdução – faz-se uma descrição dos propósitos e significado do programa, a filosofia


que esta por detrás da sua concepção e as principais alterações em relação ao programa
anterior.
b) Plano Temático – que contem a indicação da unidade temática, os objectivos específicos,
os conteúdos, as competências parciais e a carga horaria.
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c) As Sugestões Metodológicas – que são as estratégias de abordagem dos conteúdos, em


função das necessidades de aprendizagem dos alunos, de modo a desenvolverem as
competências definidas para o fim de aprendizagem de cada tema.
d) A Avaliação – o mio pelo qual se pode verificar se os resultados das actividades
desenvolvidas pelos alunos correspondem as competências preconizadas no programa de
ensino.

Apresenta ainda algumas considerações sobre o Currículo Local, bem como as competências
do ensino primário e evidências de desempenho.

Análise crítica das orientações metodológicas do Programa de português 1ᵒ ciclo 3ᵃ classe


Antes de avançar com a abordagem deste capítulo, e pertinente, mesmo que em breves linhas,
deixar claro a visão do conceito de Língua Segunda (LS) para o caso de Moçambique.
O conceito de Língua Segunda é susceptível de várias interpretações em função de factores como
o contexto ou espaço social e o estatuto social e político da língua.
Robert Galison e Daniel Coste no Dicionário de Didáctica das Línguas (1942:443) entendem ser
Língua Segunda aquela Língua não materna beneficiadora do estatuto de língua oficial, por
consequência uma língua veicular ensinada a falantes não nativos.
A mesma visão, mas com ligeiras alterações, é partilhada pelo Dicionário de Metalinguagens da
Didáctica (2000: 275) ao afirmar-se que:
“a Língua Segunda tem um estatuto privilegiado
oficialmente porque é ensinada como língua
veiculadora numa comunidade onde a (s) língua (s)
materna (s) está/estão praticamente desconhecida
(s) além das fronteiras deste país, é o caso dos
países africanos (e não só) colonizados durante
longo tempo.”
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Assim sendo, passo a descrever as sugestos metodológicas previstas no programa de ensino da


língua Portuguesa, na 3ᵃ classe nos seguintes domínios:

Oralidade
A comunicação oral é inata ao ser humano. Ela é uma actividade intersubjectiva regida por
padrões sociais, e desenvolve-se ao longo de toda a vida. Assim sendo, o novo programa de
ensino primário, prevê que para o desenvolvimento das habilidades de ouvir e falar, as imagens,
os diálogos, as histórias, as dramatizações, os recontos, as canções e os jogos constituem a base
fundamental, pois permitem consolidar, diversificar e aumentar o vocabulário e a quantidade e
qualidade de linguagem, abrindo mais espaço de uso da língua.

Leitura/Escrita
Para o desenvolvimento das habilidades de ler e escrever, a leitura, a cópia, o ditado e a redacção
poderão funcionar como actividades que estimulam a escrita, devendo ser permanentes nas três
classes do ciclo.

Gramatica /Vocabulário
O professor deverá procurar conduzir o aluno à regra gramatical a partir do uso da língua, isto é,
apresentando as estruturas gramaticais em frases ou textos. Assim, o percurso para se chegar à
regra deverá partir de um contexto mais amplo, por exemplo, uma história ouvida, um texto lido,
uma actividade de oralidade, um jogo, um debate ou um problema.

Criticas às sugestões metodológicas do programa de língua portuguesa na 3ᵃ classe


De um modo geral, o novo PEP presta-se a levar o aluno a compreender enunciados orais,
através da informação captada fora e dentro do ambiente escolar em contextos reais e
diversificados de comunicação oral.

Para o alcance desta meta, o mesmo apresenta diferentes tipologias textuais com objectivos,
metodologias, estratégias e dá alguns exemplos para a sua execução na aula.
Assim, através do método participativo, os discentes realizam actividades pedagógicas orais
como: resumos, relatos, dramatização, debate, conversas informais, entre outras. Tal processo é
contínuo e didáctico operacionalizado em conjunto com o método expositivo usado para ditar a
matéria.
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Porém, verifica-se que o novo PEP, apresenta poucos exercícios destas operações didácticas, o
que pode dificultar o trabalho ao professor novo e inexperiente por um lado, e facilitar a
criatividade e liberdade do professor experiente e mais dotado por outro.
Da análise constata se ainda que o PEP em nenhum momento se refere a interacção
interdisciplinar no processo de ensino da oralidade, o que podemos considerar uma falta, porque
os alunos não só usam a fala em questões de língua portuguesa como disciplina, mas realizam
igualmente outras tarefas que os obrigam a usar a oralidade, como operações matemáticas,
questões do meio ambiente, da química, da física, entre outras hipóteses, e seguramente
necessitarão aprender a usar palavras adequadas a esses contextos de comunicação.
Para o caso da leitura, o novo programa do ensino primário, aposta em força na metodologia de
leitura orientada, sob forte vigilância do professor, depreendendo-se daqui a ideia de uma acção
mecânica e quase coerciva da aprendizagem da leitura, o que é pouco plausível para
aprendizagem da leitura.
Quanto ao domínio da escrita, as estratégias sugeridas para o aprofundamento das técnicas, se
assemelham mais a objectivos secundários, do que propriamente à operacionalização do método.
Assim, o que há a fazer está muito claro, (copias, redacções, ditados…), mas o como fazer não é
evidente. Isto pode dificultar o processo e os resultados da aprendizagem, pois os procedimentos
metodológicos devem ser equiparados ao momento fundamental da transmissão e aquisição das
novas aprendizagens.
Já no caso do vocabulário e da Gramatica, verifica se no Programa, a inexistência de exemplos
de trabalhos/exercícios o que seguramente dificulta a ministração das aulas e deixa ainda mais
confuso o professor pouco preparado.
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Conclusão
Da análise feita conclui-se que a Reforma Educativa é um projecto ambicioso, com resultados
aceitáveis, e ainda mais próximos do ideal preconizado. No entanto, urge que se melhorem as
condições de trabalho, de investigação, de ensino e infra-estruturais.
Para a língua portuguesa em especial, a aposta na requalificação dos quadros e a implementação
de mais e melhores condições é fulcral. Do Programa vê-se uma estrutura diversificada que, se
bem aplicada, facilita a aquisição de conhecimentos científicos e heurísticos. Porém as
metodologias e as estratégias tendem mais para a mecanização do processo de ensino –
aprendizagem. Aqui o papel do professor é fundamental, não só no respeito e cumprimento do
legislado, mas sobretudo com uma perspectiva crítica construtiva.
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Referencias Bibliográficas

INDE/MINEDH, Programas das disciplinas do 1ᵒ Ciclo do Ensino Primário. INDE/MINDH


Editores. Maputo, 2018.

Ministério da Educação: DNEB. (2000). Regulamento Geral das Escolas do Ensino Básico.
Maputo.

INDE. Vocabulário Básico do Português, Contextos e Prática pedagógica, Maputo. 1996. pp


7 – 54.
INDE. Síntese dos Principais Problemas e Recomendações do SNE. 1996.

CASTILHO, A. T. de. A Língua Falada no Ensino do Português. Editora Contexto, São Paulo.
1998
CHAGAS, Valnir. Didáctica Especial das Línguas Modernas. Companhia Editora Nacional, São
Paulo. 1979
CANDAU, Vera Maria F. Reformas Educacionais Hoje na América Latina. In: MOREIRA, A.
F. (org.) Currículo: Políticas e Práticas. Papirus, Campinas, São Paulo, 1998.
FILHO, Almeida. A Abordagem Orientadora da Ação do Professor. Pontes, Campinas. 1999

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