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Assim como no caso de ações, onde o capital da empresa está dividido em várias parcelas
(as ações), nos fundos o capital do fundo também está dividido em parcelas: as cotas. Os
investidores (ou cotistas) são proprietários de partes da carteira (número de cotas)
proporcionais ao dinheiro que investiram no fundo. O valor das cotas é atualizado
diariamente, de forma que para saber quanto está valendo o dinheiro que você investiu em
fundo específico, você só precisa multiplicar o número de cotas que possui pelo valor da
cota no dia.
A composição da carteira de investimentos deve refletir o tipo de fundo (ações, renda fixa,
mistos, cambiais etc.) e a estratégia de investimento do gestor. No regulamento do fundo
você vai saber mais sobre os objetivos de investimento, rentabilidade, risco, e regras de
entrada e saída do fundo de investimento. Nunca deixe de analisar com detalhe os
regulamentos do fundo em que está pensando em investir, para evitar surpresas no futuro.
Para escolher o fundo mais adequado é importante que você conheça o seu perfil de
investimento (veja nossa seção de Perfil de Investimento para entender qual é o seu).
Muitas vezes nos concentramos tanto na rentabilidade que nos esquecemos que retorno e
risco andam de mãos dadas, ou seja, em geral os fundos com maior rentabilidade são
aqueles de perfil de investimento mais agressivo. O segredo é descobrir qual é o fundo com
maior rentabilidade, dentre aqueles que possuem uma estratégia de investimento em linha
com o seu perfil como investidor.
O investimento em fundos é indicado para você que não tem certeza qual o melhor ativo
para o seu perfil de investidor. Isso porque todos os fundos de investimento refletem uma
estratégia específica. Por exemplo, fundos agressivos (indicados para investidores com esse
perfil) são fundos que contém na sua carteira investimentos de maior risco, mas também
com maior expectativa de retorno.
Uma das vantagens de se investir em um fundo, ao invés de sozinho, é que os fundos são
capazes de comprar alguns dos ativos financeiros que compõem a sua carteira a preços mais
baixos do que os investidores individuais. Isso porque eles tendem a comprar em grandes
quantidades, volumes maiores, o que aumenta seu poder de negociação e em geral reduz o
custo de compra. Trata-se do mesmo princípio que faz com que o atacadista pague menos
por unidade de um produto qualquer, do que você ao comprar esse mesmo produto em uma
loja. É claro que parte desse desconto no preço dos ativos fica com o próprio gestor do
fundo, na forma de taxas de administração e performance.
Taxas e Impostos
As taxas e impostos têm grande importância na rentabilidade do fundo, sendo que as taxas
cobradas variam entre fundos e instituições e podem acabar reduzindo substancialmente o
retorno do seu fundo.
• Imposto de Renda (IR): a alíquota é de 20% para os fundos de renda fixa e de 20%
para os fundos de renda variável; sendo que nos fundos de ações o imposto é
cobrado apenas no resgate. Nos fundos de renda fixa existem duas formas básicas
de cobrança, dependendo de haver ou não prazo de carência.
Fundos sem prazo de carência: o imposto é cobrado no último dia útil de cada mês
ou no resgate;
• Imposto sobre Operações Financeiras (IOF): Os fundos de renda fixa com liquidez
diária sofrem a incidência de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) de acordo
com uma tabela regressiva (5-95%), até o 29º dia da aplicação, estando isentos a
partir do 30º dia. O IOF incide sobre o ganho da aplicação.
É por isso que antes de investir em um fundo você precisa avaliar a qualidade dos ativos e
da administração do fundo, se o gestor está seguindo a estratégia e atingindo os objetivos
detalhados no estatuto do fundo. Por isso cuidado para não se concentrar muito na
rentabilidade do fundo, pois uma estratégia mais agressiva pode levar a uma rentabilidade
mais alta, mas os riscos associados também devem aumentar. Você já imaginou se precisar
resgatar o dinheiro do seu fundo de ações bem quando o valor de suas aplicações estiver no
ponto mais baixo desde que você entrou no fundo? Pois é, em fundos de menor risco (ou
volatilidade) a chance de isso acontecer é bem menor, pois a rentabilidade dos fundos não
variam muito de um mês para o outro.
Apesar de muitas vezes os dois termos serem utilizados como se fossem equivalentes,
administrador e gestor não significam a mesma coisa. Os administradores de fundos são as
instituições financeiras responsáveis legais pelo fundo, enquanto os gestores são os
profissionais responsáveis pela escolha dos ativos financeiros que serão incluídos na
carteira de investimentos do fundo.
• Administração Ativa: quando o gestor adota esse tipo de estratégia isso significa
que ao montar a carteira do fundo ele está buscando atingir uma rentabilidade
superior a um determinado índice de referência.
Administração Passiva: nesse caso, ao montar a sua carteira o gestor investe em ações
buscando replicar a carteira de um índice previamente definido, de forma que o retorno do
fundo fique próximo do índice escolhido.
Muitas pessoas ficam confusas ao ler o prospecto de um fundo devido ao jargão utilizado
para explicar os períodos de aplicação e resgate, abaixo explicamos os termos mais
utilizados com relação às aplicações e resgates em um fundo de investimento :
• Valor mínimo de aplicação ou resgate: esse valor varia muito de fundo para fundo,
mas em geral a aplicação mínima começa a partir de R$ 250, o mesmo vale para os
resgates mínimos.
• Data de cotização: termo que define a data em que os recursos aplicados são
convertidos em cotas (cota de aplicação), e cotas são convertidas em reais, no caso
de resgate (cota de resgate). O número após o "D" indica o dia em que a conversão é
feita, por exemplo uma aplicação em D0 significa que a conversão em cotas é feita
no mesmo dia da solicitação, enquanto um resgate em D+1 significa que a
conversão da cota em reais é feita no dia útil seguinte à solicitação.
Por exemplo, vamos usar o caso do Fundo Agressivo, que são fundos com objetivos de
rentabilidade altos. Ao montar a carteira do seu fundo agressivo o administrador escolhe os
ativos que apresentam o menor risco para um mesmo objetivo de rentabilidade. Por risco
entende-se volatilidade, ou seja, menor risco significa menor volatilidade.
Vale lembrar que como os fundos de investimentos funcionam como um consórcio, eles
não se beneficiam do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). O FGC protege depósitos de
caderneta de poupança, CDB, letras hipotecárias, letras de câmbio e depósitos em conta
corrente. O teto de valor garantido é de R$ 20.000 por CPF e por instituição financeira, isto,
é se você tem uma caderneta de poupança com R$ 10.000, um CDB de R$20.000 e uma
conta corrente com R$ 5.000, então você deverá receber R$ 20.000,00 em caso de falência
da instituição financeira. Entretanto, se você tivesse R$ 20.000 aplicados em um fundo de
renda fixa, ao invés de CDB, então você receberá apenas R$ 15.000 em caso de falência do
banco. Vale lembrar que como os fundos de investimentos são pessoas jurídicas distintas da
instituição administradora, então eles não devem ser afetados pela falência do banco.
Os fundos de investimentos podem ser agrupados em duas categorias distintas: renda fixa e
renda variável. Os fundos de renda fixa e ações podem também ser classificados como FIFs
(Fundos de Investimento Financeiro) e FACs (Fundo de Aplicação em Cotas), sendo que os
FIFs investem os recursos do fundo diretamente na compra de ativos financeiros, enquanto
os FACs investem em cotas de outros fundos de investimentos.
Renda Fixa: esses fundos devem aplicar no mínimo 51% de seu patrimônio em títulos de
renda fixa (CDBs, debêntures, títulos públicos ou federais) e portanto podem ser pré ou
pós-fixados. No máximo 10% do patrimônio do fundo pode estar investido em um único
título emitido por uma mesma instituição, ou sociedades a ela coligadas. Além disso, no
máximo 20% dos recursos podem ser aplicados em papéis (vários títulos) de uma única
instituição, ou sociedades coligadas a elas.
• Títulos de renda fixa pré-fixados: são títulos cuja remuneração é fixada no momento
da aplicação.
Títulos de renda fixa pós-fixados: o rendimento desses títulos está ligado ao desempenho de
um determinado indicador, portanto você só sabe quanto irá receber no final da aplicação.
Fundos DI: cujo retorno está atrelado à variação do CDI, sendo que a indexação é
feita por meio de derivativos financeiros como swaps. Esses fundos têm um perfil
bastante conservador e são recomendados em cenários de alta de taxa de juros.
Fundos Cambiais: esses fundos são recomendados para pessoas que querem manter
o valor do seu patrimônio constante em dólar, pois em geral aplicam seus recursos
em títulos de renda-fixa indexados ao dólar como por exemplo as export notes.
Esses fundos são recomendados para pessoas que têm dívidas em dólar, ou que
acreditam em um cenário de desvalorização do real.
Fundos Derivativos: esses fundos aplicam em ativos de renda fixa pré ou pós-
fixados e tendem a investir de forma agressiva em mercados mais sofisticados como
futuros, opções e swaps de forma a maximizar o retorno.
Fundos multicarteira: esses fundos investem parte do seu patrimônio em renda fixa
e parte em ações, podendo incluir também derivativos.
Fundos FIEX: esses fundos investem seu patrimônio em ativos externos, no mínimo 80%
do patrimônio investido em títulos da dívida externa brasileira, e até 20% em qualquer
título de crédito negociado no mercado internacional, com um limite de concentração
máximo de 10% em títulos de um mesmo emitente.
Esses fundos são mais conhecidos como fundos de ações, e precisam ter pelo menos 51%
do seu patrimônio aplicado em títulos de renda variável como ações e não existem
restrições quanto ao uso de derivativos. Em geral são recomendados para investidores com
um perfil mais agressivo, pois apesar da rentabilidade mais alta, possuem alto risco,
possibilidade de altos retornos e também de eventuais perdas. Existem três categorias de
fundos de ações: fundos passivos, fundos ativos e setoriais.
Fundos mútuos de privatização: são fundos que aplicam os recursos provenientes do Fundo
de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Até o momento esses fundos são compostos
por ações de uma única empresa, a Petrobrás. Cerca de 90% do patrimônio desses fundos
está investido em ações da Petrobrás e o restante está aplicado em títulos públicos federais
de baixo risco. Esses fundos surgiram em meados de 2000, quando o Governo promoveu a
distribuição do excedente de ações da Petrobrás que tinha em carteira. O governo tem
planos de criar novos FMPs para investimento em outras empresas.
• Fundos de previdência privada: esse grupo inclui os famosos FAPIs e PGBLs, que
são fundos desenhados para aposentadoria. Esses fundos foram desenvolvidos para
substituir os antigos planos de retorno garantido que caíram em desuso com a
redução nas taxas de juros, pois ficou cada vez mais difícil garantir um retorno de
IGPM+6% ao ano.
• Alocação de carteira: varia de acordo com a estratégia adotada pelo gestor, sendo
que existem três categorias de risco para fundos de previdência: fundos soberanos
(investem primordialmente em títulos federais), fundos de renda fixa (além dos
títulos federais também investem em DI e títulos pré-fixados) e fundos compostos
(permitem a inclusão de ações na composição da carteira). Tributação: os FAPIs
têm um tratamento fiscal menos favorável e por isso perderam participação de
mercado em relação aos PGBLs. Em ambos as aplicações são dedutíveis da
declaração de imposto de renda até um máximo de 12% da renda bruta anual. A
principal diferença refere-se ao pagamento de IOF, já que aplicações em PGBLs são
isentas enquanto aplicações em FAPIs só são isentas depois do prazo de carência de
um ano, antes disso o investidor paga 5% de IOF.
A análise de fundos de investimento nada mais é do que uma análise dos retornos ajustados
para risco da carteira de investimentos. Isso porque a análise de retorno ajustado reflete o
conceito de "otimização de carteira de investimento", de que ao escolher os ativos que
compoem a carteira de investimentos do fundo, o gestor deve procurar aqueles que
minimizam o risco para um objetivo específico de rentabilidade.
Existem vários indicadores de risco ajustado, sendo que a principal diferença entre eles é a
forma de cálculo do retorno (absoluto ou em relação a um benchmark) e a metodologia de
cálculo da volatilidade (ou risco) da carteira. Abaixo discutimos os principais indicadores
de risco ajustado usados no mercado financeiro.
Índice de Modigliani
Um dos primeiros índices de retorno ajustado utilizado pelo mercado, e certamente o mais
simples, já que compara o retorno absoluto da carteira do fundo (médio pela rentabilidade
diária média) com a sua volatilidade, sendo que a volatilidade da carteira é medida pelo
desvio padrão dos retornos da carteira do fundo.
Índice de Sharpe
Sem dúvida o mais conhecido índice de retorno ajustado no mercado brasileiro, que
compara o retorno relativo do fundo contra o ativo de risco livre com a volatilidade da
carteira de fundos de investimento. Quanto maior o retorno e menor o risco do investimento,
melhor será o Índice de Sharpe.
Volatilidade
A volatilidade é uma das possíveis medidas de risco de um ativo; no caso dos índices de
retorno ajustado divide-se o retorno diário médio da carteira do fundo pela sua volatilidade
(ambos no mesmo período). A volatilidade diária é calculada como o desvio padrão dos
retornos diários da carteira do fundo, durante um período de 252 dias. Alguns analistas
utilizam o método de alisamento exponencial (EWMA) para atribuir pesos mais altos aos
retornos mais recentes. A volatilidade então é calculada como o desvio padrão do produto
entre a rentabilidade diária e seu respectivo peso. Beta
Medida de risco diversificável de uma ação. O coeficiente beta pode ser visto como um
índice do grau do retorno relativo de uma ação em relação ao retorno do mercado. O beta
do mercado é igual a 1 e todos os outros betas são calculados em relação a esse valor. Um
beta positivo sugere que a ação mova na mesma direção do mercado, enquanto um negativo
sugere um movimento na direção oposta. Betas positivos são mais comuns que negativos.
Uma ação com um beta igual a 2.0, reage duas vezes mais que o mercado, ou seja
experimenta um mudança de 2% em seu retorno para cada mudança de 1% no retorno do
mercado.
Além da análise de retorno ajustado, a maioria dos analistas de fundos também calcula as
medidas de retorno relativo ao benchmark. No caso de fundos de renda-fixa cujo
benchmark é o CDI, o retorno relativo é calculado como a divisão entre o retorno do fundo
pelo retorno do benchmark, como ilustrado abaixo:
Uma vez calculado o retorno relativo do fundo, muitos analistas contam o número de meses
em que esse retorno ficou acima ou abaixo do benchmark. Alguns vão mais além e
calculam esse retorno diariamente desde o início do fundo, o que permite o
desenvolvimento de um histograma, mostrando quantos dias (para um determinado período)
o investidor poderia comprar cotas do fundo, e obter um retorno acima do benchmark. Por
exemplo, vamos assumir que o fundo exista há um ano e que a distribuição do histograma é
a seguinte:
Isso significa que durante 55 dias no ano passado as pessoas que compraram cotas do fundo
tiveram um retorno relativo ao benchmark negativo, isso equivale à soma do número de
dias entre os intervalos de abaixo de 95% e De 95% até 100%.
3.6.3 - Análise de Risco
Na maioria das vezes em que se utiliza o termo risco na análise de fundos, estamos nos
referindo à volatilidade da carteira de investimentos do fundo. No entanto, ao investir em
um fundo de investimento você também deve estar atento aos seguintes riscos:
Risco de crédito
Este tipo de risco é relacionado à probabilidade de um dos ativos que fazem parte da
carteira do fundo não ser honrado (no caso de títulos de renda fixa) ou da empresa ir à
falência (no caso de ações). Neste caso, com a perda nesse ativo a rentabilidade da carteira
se reduz de forma mais ou menos proporcional à participação do ativo na carteira do fundo.
Risco de mercado
Este tipo de risco é relacionado à probabilidade do valor de um dos ativos que fazem parte
da carteira oscilar em função de mudanças na situação do mercado. Por exemplo, como
discutido antes, a rentabilidade dos fundos de renda fixa pode cair no caso de aumento das
taxas de juros.
Risco de Liquidez
Este tipo de risco é relacionado à probabilidade do gestor precisar vender (ou comprar) um
dos ativos que fazem parte da carteira do fundo e não conseguir pela ausência de
compradores (ou vendedores).