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Paul R.

Van Gorder
ALGUNS TÍTULOS DA
“SÉRIE RADIO BIBLE CLASS”

Pão Nosso de Cada Dia


Leituras Devocionais Diárias
Volume 1 (95 leituras)
Volume 2 (95 leituras)
Volume 3 (93 leituras)
Volume 4 (95 leituras)
O Túmulo Vazio
Príncipe da Paz
Batalhando Pela Fé
O Caminho de Volta
A Nova Moralidade
Confusão Carismática
O Anticristo e Arrnagedom
Como Estudar a Sua Bíblia
Qual o Benefício da Oração?
Macho, Fêmea e Unissex

IMPRENSA
BATISTA
REGULAR

Rua Kansas'770, Brooklin - 0 4 5 5 8 - São Paulo - SP.


The first 20.000 edition o f this book was paid for by
Radio Bible Class in 1985 fo r free distribution.
A primeira edição de 20.000 cópias deste livro foi
custeado pela Radio Bible Class em 1985 e d istri­
buído gratuitamente.

☆☆ ☆

In 1988 Radio Bible Class authorized the adaptation


and publication o f this 3.000 copy second edition
for sale through Bookstores.
Em 1988, Radio Bible Class autorizou a adaptação e
publicação desta segunda edição de 3.000 cópias
para revenda em Livrarias.

clmprcnsa Ttalísla "Retjular


"LITERATURA EVANGÉLICA PARA O BRASIL"
Rua Kansas 770, Brooklin — 0 4 5 5 8 - São Paulo — SP.
VENCENDO A
DEPRESSÃO
1
Depressão

De todas as cartas que recebemos, parece que as mais


comoventes vêm das pessoas que se encontram mergulhadas
na depressão. Em alguns casos, já se passaram meses, até
mesmo anos, desde que elas tiveram alguma alegria. Qua­
se não se interessam pelo seu trabalho. Estão retraídas,
descontentes e irritadiças. Acham que não têm nenhum
valor. Vacilam entre a auto-acusação e a auto-justificação.
Falam sobre os seus profundos sentimentos de culpa. Gos­
tariam de morrer. Estão cansadas o tempo todo. Não con­
seguem dorm ir. Queixam-se de todo o tipo de dores. E is­
to não nos causa admiração! As pesquisas médicas demons­
tram que as pessoas que estão sujeitas à depressão sofrem
mais ataques cardíacos e têm mais câncer e artrite do que
a população inteira como um todo. A constante tensão
interna parece interferir com as funções naturais de seus
organismos.
Portanto, parece-nos adequado que neste nosso p ri­
meiro estudo, Vencendo a Depressão, falemos sobre isso.

Richard W. De Haan é o professor de Radio Bible Class; um


ministério evangélico de ra'dio, televisão e literatura.
Original em inglês: How to Get Up When You're D ow nl
© 1 9 8 3 by R A D IO BIBLE CLASS
Conteúdo

Vencendo a Depressão
Depressão...............................................................................3
Preocupação................................................................... : . 12
Adversidade..........................................................................21
A Tristeza da Separação................................................... 30

Saúde, Riqueza e Sabedoria?


Os Motivos das Enfermidades........................................... 39
A Cura da E n fe rm id a d e ................................................... 48
O Cristão e a Prosperidade.................................................56
Sabedoria na Enfermidade e na Adversidade............... 65

A uxílio para Aqueles que Sofrem


As Razões do S o frim e n to ................................................ 74
O Benefício do S o frim en to ....................... 85
Vencendo a Depressão...................................................... 96
A Cura F ísica.....................................................................107

Tmp rensa Uatisla Tíetjular


■LITERATURA EVANGÉLICA PARA O BRASIL-’
Rua Kansai 770, Brooklin —04558 —S6o Paulo —SP.
1988
Creio que é uma das piores aflições. Também estou con­
vencido que, em muitos casos, é mais um problema espi­
ritual do que psicológico. Muitas pessoas investem uma
pequena fortuna em psico-análise, terapia de choque e
medicamentos, sem receber a mínima ajuda. Mas elas nun­
ca vão sarar se não acertarem a sua vida com Deus.
Nesta lição vamos meditar juntos sobre quatro passos
essenciais em qualquer programa destinado a dar alívio às
pessoas que estão deprimidas. São os seguintes:
— Aceite o perdão de Deus.
— Reconheça a providência de Deus.
— Adm ita as prerrogativas de Deus.
— Aproprie-se da provisão de Deus.
Minha oração é que o Senhor use esta mensagem para
tirar muitas pessoas sofredoras das profundezas do desespe­
ro para que andem na alegria e na vitória cristãs.
0 prim eiro passo essencial para se obter a vitória na de­
pressão é o seguinte:

A C E ITE O PER D Ã O DE DEUS

Insisto que você comece a sua batalha contra a depres­


são aceitando o perdão de Deus. Ao fazê-lo, você estará
tomando a mais importante das decisões: uma decisão que
é vital para a remoção da depressão. Pois a culpa, que en­
volva pecados específicos do passado ou seja simplesmente -
um sentimento vago de pecado, é um aspecto básico do
problema da depressão. A pessoa atormentada com uma
consciência culposa encontra-se em uma situação desespe-
radora. Ela não se ama. Ela não consegue amar os outros.
Acha que ninguém gosta dela. Mergulha cada vez mais
profundamente em um estado de desânimo. Portanto, tor-
4
na-se imperativo que comece a sua viagem para fora das tre ­
vas da depressão aceitando o perdão e a libertação da culpa
que Deus oferece de graça.
Para o incrédulo, isto significa, antes de mais nada,
aceitar o Senhor Jesus Cristo como Salvador. Mesmo que
haja uma coisa chamada de sentimento falso de culpa, este
fato não dim inui de maneira nenhuma a existência da cul­
pa real. Portanto, a pessoa que não foi salva deve reconhe­
cer o seu pecado e aceitar a Cristo como seu Salvador. A
Bíblia nos diz:

Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada


um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair so­
bre ele a iniqüidade de nós todos (Isaías 5 3 :6 ).

E Paulo, escrevendo aos efésios, disse:

Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que


nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual
nas regiões celestiais em Cristo . . . no qual temos a re­
denção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segun­
do a riqueza da sua graça (Efésios 1: 3 ,7 ) .

O Senhor Jesus, o Filho do Deus eterno, nasceu como


um ser humano real em Belém. Tornou-se o nosso substi­
tu to através de Sua vida perfeita. Sua morte sacrificial e
Sua gloriosa ressurreição. Ele morreu a fim de pagar o pre­
ço dos nossos pecados. E por causa do que fez, aqueles que
crêem nEle, além de receberem libertação do torm ento da
culpa, também se libertam do horrível sentimento de falta
de valor e alienação de Deus. Bênçãos maravilhosas, emo­
cionais e espirituais, estão à espera daqueles que aceitam
o Senhor Jesus e experimentam a realidade do perdão dos
pecados.
5
Contudo, até mesmo alguns cristãos sentem-se ator­
mentados com horríveis sentimentos de culpa. É o que a-
contece com você? Você já confiou em Cristo? Você sa­
be o que as Escrituras ensinam sobre o perdão de Deus?
"O h! sim ", posso ouvir alguém dizendo, "há muitos
anos atrás experimentei a alegria da salvação. Mas agora as
coisas são diferentes. Não consigo viver uma vida vitoriosa.
Meus pecados me incomodam. Tenho a consciência cul­
pada".
Amigo, se esse é o seu caso, aceite a Palavra de Deus ao
pé da letra, da mesma maneira pela qual você acietou o Se­
nhor Jesus como seu Salvador e experimentou o perdão do
pecado. Confesse os pecados diários que o desonram e o
perturbam, e aceite a purificação que a Bíblia promete.
Primeira João 1 :9 nos garante:
Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo
para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda in­
justiça.

Deus gosta quando você o busca com sincera confis­


são. Ele quer perdoá-lo. Por isso, aceite a Sua Palavra. Re­
conheça os seus pecados. Concorde com Ele sobre os seus
fracassos. Depois aceite o Seu perdão completo e a remo­
ção da culpa, é um passo importante para sair das profun­
dezas da depressão para as alturas da paz e da certeza.
O segundo passo essencial para obtenção da vitória so­
bre a depressão é este:

R EC O N H E Ç A A P R O V ID Ê N C IA D E DEUS

Com isto eu quero dizer que você deve reconhecer qufi


Deus tem um propósito para a sua vida. Ele tem em mente
o seu bem eterno. Mas muita gente vive insatisfeita. Quei-
6
xa-se de coisas tais como a aparência, o temperamento, a
falta de capacidade e as circunstâncias. Aumentam as coi­
sas negativas e diminuem as positivas.
Temos de concordar que algumas pessoas parecem rece­
ber além da quota normal de sofrimento neste mundo. Tal­
vez sejam fisicamente deformadas. Talvez sejam solitárias.
Ou cronicamente doentes. Ou são carentes. Mas ouça! Um
reconhecimento da providência de Deus, e o fato dele ter
um plano especial para cada um, podem proporcionar paz
de espírito. Você pode ter um coração cheio de alegria
mesmo quando tudo parece andar errado.
Você sabe, quando um cristão se queixa porque não
gosta de si mesmo, de sua aparência, de sua personalidade,
ou das circunstâncias sobre as quais não tem controle, está
se rebelando contra Deus. Sendo criação dele, nós, os cren­
tes, devemos entender que foi o Senhor que nos criou. Ele
conhece as nossas fraquezas. Ele está consciente de nossas
limitações. E Ele não espera de nós nada além do que Ele
mesmo na Sua graça nos supre. Portanto, reconheça a pro­
vidência de Deus. E seja grato pelo lugar especial que você
e tão somente você pode preencher.
Em I Coríntios 12, o apóstolo Paulo usou a analogia
do corpo humano para explicar a função individual dos
membros na igreja, o corpo de Cristo. Todos são necessá­
rios. Nem todos, naturalmente, têm um lugar de honra
igual, mas cada um de nós é útil.
O passo número três para se obter a vitória sobre a de­
pressão é este:
A D M IT A AS PRERROGATIVAS DE DEUS
E de importância vital que você reconheça que Deus
tem o direito absoluto e perfeito de fazer o que Lhe agrada.
7
Isto se encontra claramente expresso em Romanos 9 :1 4 a
23, que você deve ler agora com atenção.

Quando se sentir tentado a queixar-se por causa das


circunstâncias, quando sentir pena de si mesmo porque as
coisas parecem andar mal, quando se sentir triste porque os
outros têm as coisas que você não tem, lembre-se das pala­
vras de Paulo em Romanos 9 :2 0 :
Quem és tu , õ homem, para discutires com Deus?! Por­
ventura pode o objeto perguntar a quem o fez: Por que
me fizeste assim?
Deus tem o direito de fazer conosco o que lhe agrada.
E, na qualidade de criaturas Suas, temos de aceitar tudo o
que Ele achar que é o melhor. Na verdade, deveriamos nos
regozijar quando Ele exercita o Seu privilégio de Criador,
na confiança de que os Seus caminhos são perfeitos.
Quando Abraão estava intercedendo junto ao senhor
em benefício de Sodoma e Gomorra, ele disse:
Não fará justiça o Juiz de toda a terra? (Gênesis 18:
25).
E Moisés, em seu cântico registrado em Deuteronômio
32, exclamou referindo-se ao Senhor Deus:
Eis a Rocha! Suas obras são perfeitas, porque todos os
seus caminhos são ju íz o ; Deus é fidelidade, e não há
nele injustiça; é justo e reto (v. 4).
Sim, estamos nas mãos daquele que é "justo e re to ".
E quando admitimos as prerrogativas de Deus (isto é, que
Ele tem o direito perfeito de fazer conosco o que quiser),
em lugar de lamentar as nossas circunstâncias, vamos nos
regozijar com a sabedoria e o poder de Deus. E vamos nos
8
submeter à Sua vontade perfeita. Isto vai constituir um ou­
tro passo importante para sairmos das profundezas da de­
pressão.
0 quarto passo essencial para obter vitória sobre a de­
pressão é o segu in te :
APROPRIE-SE D A PROVISÃO DE DEUS
Tendo aceito o perdão de Deus, tendo reconhecido
a provisão de Deus e tendo adm itido as prerrogativas de
Deus, você deve prosseguir fazendo o que sabe ser o certo.
Mas você nunca conseguirá fazê-lo com suas próprias fo r­
ças. Muitos já tentaram e falharam. Isto porque o tenta­
ram do modo errado. Lembre-se, portanto, que para viver
uma vida vitoriosa e para fugir da depressão da derrota es­
piritual, você deve apropriar-se das provisões gratuitas de
Deus.
Pense em tudo o que Deus fez! Se você é cristão, Ele
lhe deu uma nova vida através do milagre da regeneração.
Ele colocou o Espírito Santo dentro de você. Ele lhe deu
a Sua justiça. Ele o transformou em um cidadão dos céus.
Ele o introduziu em Sua família. Ele o abençoou com a
igreja e com a comunhão dos outros crentes. Ele garantiu
que vai suprir todas as suas necessidades. E ele o convida a
ir ao trono da graça sempre que você precisar de ajuda ou
quando tiver necessidade de alguma coisa. Portanto, reco­
nheça e aproprie-se da abundante provisão divina para fazer
o que é certo, com a força dele e com a ajuda dele. Ao fa­
zê-lo, você fugirá desse desânimo que surge quando falhar
em fazer a vontade de Deus.
Vou explicar melhor este ponto. Se você teve uma dis­
cussão com uma pessoa, vá e peça desculpas. Se você tem
negligenciado a freqüência à igreja, comece de novo. (E"
9
certifique-se de que aquela que você freqüenta é um lugar
onde se crê realmente na Palavra de Deus e onde o Senhor
Jesus Cristo é realmente honrado.) Se você tem sido egoís­
ta, comece com a graça de Deus a interessar-se sinceramente
pelos outros. Procure uma pessoa que precisa de um amigo.
Mexa-se para ajudar os outros. Sempre há alguma coisa que
você pode fazer. E quando você começar a fazer o que Deus
quer que você faça, com as forças dele e com a capacitação
dele, você estará no caminho certo. Você encontrará a
libertação da sensação de vazio e desespero de uma vida que
é vida só para si mesmo, sem pensar em Deus e nos outros.
Todos nós temos momentos na vida quando ficamos
deprimidos. Ficamos melancólicos. Nada parece andar cer­
to. Tudo parece errado. Para piorar as coisas, não vemos
nenhuma saída. Falando de sua própria experiência, o sal-
mista disse: "Por que estás abatida, ó minha alma? Por que
te perturbas dentro em mim? Espera em Deus . . . " (Sal­
mo 4 2 :1 1 ). É um bom conselho para todos nós!

No livro de Atos somos informados sobre uma expe­


riência na vida do apóstolo Paulo enquanto ele foi prisio­
neiro em um navio que ia para Roma. Uma tempestade vio­
lenta ameaçava lançar o navio e todos os seus passageiros ao
fundo do mar. Uma noite um anjo do Senhor apareceu a
Paulo garantindo-lhe que nenhuma pessoa a bordo perece­
ría. Paulo creu na mensagem e disse aos seus companhei­
ros: "Portanto, senhores, tende bom ânimo; pois eu confio
em Deus, que sucederá do modo por que me foi d ito " (A-
tos 2 7 :2 5 ).
Amigo; ainda que você se sinta assustado e desanima­
do, você pode alegrar-se se olhar para o Pai Celestial. Co­
mo o salmista aconselhou, "Espera em Deus". E diga com
10
o apóstolo: "Eu confio em Deus". Sim, quando você esti­
ver desanimado, lembre-se de olhar para cima!

11
2
Preocupação

As pressões da vida podem ser desconcertantes. Enfren­


tar a competição, os problemas financeiros, as exigências
familiares cada vez maiores, as tragédias, a sedução do mal
e um exército de outros fatores, é algo que esta' se tornan­
do cada vez mais d ifíc il. Um número crescente de pessoas
está lutando para manter a sua estabilidade emocional. T o­
dos os grupos etários são atingidos. Até mesmo os crentes
em Cristo sucumbem diante do acúmulo assustador das
provações e situações desconcertantes que enfrentam to ­
dos os dias. Parece que cada vez um número maior de cris­
tãos tem de enfrentar problemas emocionais.
Será que isto significa que devemos desmoronar sob as
pressões das circunstâncias? Devemos nos tornar vítimas
de nossa sociedade louca e exigente? Eu diria: "A bsoluta­
mente n ã o !" Nós, que nascemos de novo, temos o Espíri­
to de Deus habitando em nós. Temos uma esperança viva,
uma âncora para as nossas almas. E temos a Bíblia, a Pa­
lavra de Deus, que nos dá instruções e incentivo para en­
frentarmos as provações e as tentações da vida. Portanto,
a minha oração é no sentido de que você perceba os vastos
recursos à disposição dos crentes no Senhor Jesus, que você
aprenda a apropriar-se deles, e que você tenha sucesso em
se colocar acima das circunstâncias.
12
Na lição anterior, consideramos diversos passos para
vencer a depressão. Agora eu gostaria de considerar a preo­
cupação. É um dos problemas emocionais mais comuns e
mais incapacitantes dos nossos dias.
Os entendidos nos dizem que a preocupação se origina
de dentro e não de fora. Não é o seu emprego, nem o seu
programa de vida, nem os seus compromissos, nem as ou­
tras pessoas que a produzem; antes, é a maneira pela qual
você reage a estas pressões externas que o conduzem à an­
siedade. Quando você a analisa com cuidado, a preocupa­
ção é real mente um problema interno. E isso lhe dá a res­
ponsabilidade de controlá-la. Tendo isso em mente, gostaria
de ajudá-lo a fugir dos efeitos debilitantes da preocupação.
Minha primeira sugestão para ajudá-lo a lidar com este
problema de maneira eficiente é a seguinte:
CONFIE NO SENHOR
Uma pessoa que está tomada de preocupações geral­
mente é uma pessoa que está tentando resolver os seus pró­
prios problemas. Ela está lutando para enfrentar as exigên­
cias da vida com suas próprias forças e sabedoria. A pessoa
sábia, entretanto, aprendeu a colocar a sua confiança em
Deus.
Eu gosto do que o salmista escreveu no Salmo 43: 5.
Durante um período d ifíc il em sua vida, ele disse:

Por que estás abatida, õ minha alma? por que te pertur­


bas dentro em mim? Espera em Deus, pois ainda o lou­
varei, a ele, meu a uxílio e Deus meu.
Por favor observe as três palavras que aparecem no
meio do versículo, "Espera em Deus". O salmista estava
confiando em Deus, não em si mesmo. A pessoa que busca
13
o Senhor pedindo ajuda deu o prim eiro passo gigantesco
para vencer a ansiedade.
Então, uma segunda sugestão para ajudá-lo a vencer a
preocupação seria a seguinte:

LEMBRE-SE DE O R A R

O apóstolo Paulo nos deu este sábio conselho:


Não andeis ansiosos de cousa alguma; em tudo, porém,
sejam conhecidas diante de Deus as vossas petições, pe­
la oração e pela súplica, com ações de graça. E a paz
de Deus, que excede todo o entendimento, guardará
os vossos corações e as vossas mentes em Cristo Jesus
(Filipenses 4: 6, 7).

Eu sei que às vezes você não tem vontade de orar. Na


verdade, quando você está desanimado, você chega a pen­
sar: "Para quê? Não vai adiantar nada mesmo". Mas, meu
amigo, geralmente quando não sentimos vontade de orar
é que mais precisamos de oração. Há muita verdade nas
palavras do velho hino de Joseph Scriven:
Oh! que paz perdemos sempre.
Oh! que dor de coração.
Só porque nós não levamos
Tudo a Deus em oração!
O Senhor ouve e responde aos clamores dos Seus filhos.
E a oração, além de mudar as coisas, também muda as pes­
soas. Há uma coisa na nossa conversa com o Pai Celestial
que refresca o espírito e remove a ansiedade. Quando vo­
cê apresenta ao Senhor os seus temores e preocupações, vo­
cê começa a perceber que em relação ao Seu grande poder,
à Sua infin ita sabedoria e ao Seu ilim itado amor, eles não
14
são tão ruins quanto você achava. 0 Espírito Santo que
habita em você produz a paz. As tensões que você m anti­
nha refreadas são aliviadas. Sim, você se sente melhor quan­
do fala com Deus.
Outra sugestão para vencer a preocupação é a seguinte:

V IV A C AD A D IA DE UMA VEZ
0 Senhor Jesus disse o seguinte no Sermão da Monha-
nha:
Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois
o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu pró­
prio mal (Mateus 6: 34).
Temos as mãos cheias com os problemas do presente.
Por que assumir os que pertencem ao dia de amanhã? Tam­
bém é verdade que grande parte do que nos preocupa não
acontece nunca. Como é to lo preocupar-se com o nada.
Durante anos eu era tomado de pânico todas as vezes
em que pensava na possibilidade do meu pai morrer. Ele
sofreu o seu prim eiro ataque cardíaco quando eu era um
rapazinho. Então, quando eu estava no seminário, caiu de
cama novamente com o mesmo problema. Desta vez rece­
beu ordens médicas restritas para que repousasse. Foi d u ­
rante aqueles dias de sua convalescença que eu assumi pela
primeira vez o "lugar dele" nos programas bíblicos do rádio.
Sabendo o quanto Deus tinha abençoado o m inistério do
meu pai e quantos milhares de pessoas foram levadas a
Cristo através do seu testemunho fiel, eu costumava estre­
mecer ao pensamento dele morrer. Eu tremia diante da
perspectiva de assumir a responsabilidade do ministério re­
pentinamente. Meu coração desfalecia quanto o telefone
tocava no meio da noite. Meu primeiro pensamento sempre
15
era: "Será que já aconteceu?"
Agora, entretanto, eu percebo a minha falta de sabedo­
ria, sim, o meu pecado, em me preocupar com a partida do
meu pai para o Lar. Eu justificava a minha ansiedade com
o seguinte raciocínio: "Eu tenho dois motivos para me

preocupar. Além de perder um pai maravilhoso, no mesmo


instante o pesado fardo de um ministério mundial vai cair
sobre os meus ombros". Que F A L T A DE FÉ! Quanta paz
e sossego eu perdi porque insistia em duvidar e me preocu­
par, em lugar de simplesmente confiar no Senhor!

Estou partilhando a minha experiência com você para


que você possa aprender com o meu erro. Quando chegou a
hora que eu tinha temido durante anos, recebi uma paz
além do entendimento, uma calma e uma confiança que eu
nunca pensei poder existir. Eu senti o envolvimento e o fo r­
talecimento do Senhor de um modo maravilhoso, e desco­
bri que a promessa de Deus a Paulo era uma realidade em
minha própria vida: " A minha graça de basta".

Foi H.P. Barker que contou esta história: "Quando eu


era garotinho, costumava ajudar minha mãe a guardar ma­
çãs. Eu pegava muitas de uma vez, tentando carregá-las
todas juntas. Andava um ou dois passos, mas as maçãs co­
meçavam a cair umas após as outras, até que todas se en­
contravam rolando pelo chão. Mamãe ria. Colocando m i­
nhas mãozinhas à volta de uma maçã, ela sugeriu que eu
levasse uma de cada vez". O Sr. Barker fez então a apli­
cação: "N ão tentem colocar seus braços ao redor de um
ano, ou mesmo uma semana. Antes, digam: 'Senhor, outro
dia está começando. Ajuda-me a vivê-lo para ti. Dá-me
agora a ajuda e a força que eu preciso'
16
Que bom conselho! Antes de projetar nossas ansieda­
des além do presente, vamos dar um passo de cada vez. Se
tentarmos carregar todos os fardos do dia de amanhã, va­
mos sucumbir sob o peso. Jesus disse: "Basta ao dia o seu
próprio m al". Que tolice tomar emprestados os problemas
do dia de amanhã!
Outra sugestão para ajudá-lo a vencer a preocupação
é a seguinte:

LEMBRE-SE D A F ID E L ID A D E DE DEUS

O profeta Jeremias declarou:


As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos
consumidos porque as suas misericórdias não têm fim;
renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade
(Lamentações 3: 2 2 ,2 3 ).

Cada crente pode dar testemunho da fidelidade de


Deus. Eu gosto da maneira pela qual J. Danson Smith o
expressou:
Até agora Deus me guardou e tem guiado,
Até agora com Sua graça planejou;
Até agora tem providenciado,
Com amor e abundância me cercou.
Até agora Deus tem sido o responsável
E Sua graça já experimentei;
Por que, então, eu devo me assustar
Com caminhos que ainda não trilhei?
Uma terceira sugestão é a seguinte:
C O N SC IE N TIZE -S E D A PRESEN Ç A DE DEUS

Leia com atenção estas palavras encorajadoras:


17
Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as
cousas que tendes; porque ele tem dito: De maneira
alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei. As­
sim, afirmemos confiantemente: O Senhor é o meu
auxílio, não temerei; que me poderá fazer o homem?
(Hebreus 13: 5 ,6 ) .

Uma percepção da presença de Deus é o antídoto mais


eficiente contra a preocupação. Repousando na certeza
que nos foi dada no versículo 5, onde o Senhor disse: "De
maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei",
eu posso declarar: "Não temerei; que me poderá fazer o
homem?"
Posso ter a certeza de que em nenhuma estrada ficarei
sozinho, que não há nenhuma casa escura, nenhuma sala de
espera de hospital, nenhum lugar onde Ele não esteja para
me confortar, para me sustentar e para me fortalecer. Sim,
a presença de Deus pode operar milagres!

Uma última sugestão para vencer a preocupação é a


seguinte:
C R E IA EM DEUS EM C A D A NECESSIDADE

No Sermão da Montanha, o Senhor Jesus tratou dire­


tamente da questão da ansiedade. Ele disse.

Portanto não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos?


Que beberemos? ou: Com que nos vestiremos? porque
os gentios é que procuram todas estas cousas; pois vos­
so Pai celeste sabe que necessitais de todas elas; buscai,
pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e to ­
das estas cousas vos serão acrescentadas (Mateus 6: 31-
33).
18
Se Deus cuida das aves que voam pelo ar e das flores
que crescem no campo (e Ele o faz), não cuidará muito
mais dos Seus próprios filhos? Quando entendemos isto e
realmente cremos nisto, teremos avançado m uito em nossa
luta para vencer a preocupação.
A provisão de Deus por nós vai além do alimento eda
roupa. Ele é capaz de providenciar por cada necessidade da
vida. Pense, por exemplo, no que Deus prometeu em Fili-
penses4:19. 0 apóstolo escreveu:
E o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de
suprir em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessida­
des.
Com esta promessa nenhum crente deveria se tornar
uma vítim a da preocupação pelas necessidades da vida.
Naturalmente Filipenses 4 :1 9 não diz que Deus vai
suprir todos os nossos desejos. Mas podemos ter a certeza
de que cada necessidade nossa será suprida de maneira in­
finita "segundo a sua riqueza em glória". Certamente, seus
recursos não podem nunca ser exauridosl
Lembre-se, então, destas seis sugestões para ajudá-lo
a vencer a preocupação:
— Confie no Senhor
— Lembre-se de orar
— Viva cada dia de uma vez
— Lembre-se da fidelidade de Deus
— Conscientize-se da presença de Deus
— Creia em Deus em cada necessidade
Conta-se a história de um homem cujo vizinho criava
galinhas. Entre elas havia um galo cujo canto ocasional o
incomodava m uito. Numa certa manhã ele chamou o dono
do galo e fez a seguinte queixa: "Esse seu galo miserável
19
me mantém acordado a noite in te ira !" 0 outro respondeu:
"Não consigo entender. Ele quase não canta. Para dizer a
verdade, se a gente prestar atenção, acho que ele canta ape­
nas algumas poucas vezes por d ia ". O prim eiro retrucou
rapidamente: "O problema não é esse. Não é quantas ve­
zes que ele canta. É que eu nunca sei quando ele vai cantar
e fico a noite inteira acordado por causa disso!"
Quantas pessoas são como esse homem que se preocu­
pam com problemas e circunstâncias difíceis que possam
surgir amanhã! Em vez de viver um dia de cada vez, regozi-
jando-se na suficiência do Senhor para o momento, elas to ­
mam emprestadas as ansiedades do futuro. Elas ficam ner­
vosas com o que temem que aconteça. Como alguém já
disse e quanto mais velho fico mais percebo a verdade des­
tas palavras: " A maioria dos problemas que nos incomo­
dam na verdade nunca acontecem".
Portanto, eu lhe digo, se você conhece o Senhor, tome
nota deste bom conselho: "Portanto, não vos inquieteis
com o dia de amanhã" (Mateus 6 :3 4 ).

20
3

Adversidade

Um exemplo notável e clássico do sofrimento humano


é o que encontramos na experiência do velho patriarca Jó.
Destituído de suas propriedades, sofrendo a perda de seus
filhos e filhas, afligido por uma dolorosa enfermidade físi­
ca, ele fo i aconselhado por sua esposa: "Amaldiçoa a Deus,
e m orre". Mas isto apenas teria aprofundado ainda mais a
sua miséria. Além de receber um mau conselho de sua espo­
sa, também os seus amigos lhe falharam na hora da necessi­
dade. Na verdade, ele os chamou mais tarde de "consola­
dores molestos". Eles o acusaram de pecado em sua vida e
disseram que a sua trágica condição era devido ao castigo
de Deus por sua transgressão. Contudo, como sabemos, a
acusação estava errada. O sofrimento de Jó não era o resul­
tado da ira de Deus. Segundo à Bíblia, ele era um . ..
. . . homem íntegro e reto, temente a Deus, e que se
desviava do mal (Jó 1 :1 ).

Eu sei que Jó fez algumas declarações irrefletidas no


decorrer do tempo. Mas, na hora de sua provação, pode­
mos ouvi-lo dizendo sobre Deus:
21
Ainda que ele me mate, nele esperarei (Jó 13:15).
E mais tarde ele expressou a sua confiança da seguin­
te maneira:
Mas eie sabe o meu caminho; se ele me provasse, sairia
eu como o ouro (Jó 23: 10).
Hoje em dia, nós os que encontramos a salvação me­
diante a fé em Cristo temos mais conhecimento de Deus,
dos Seus propósitos e dos Seus métodos. Se Jó pôde expe­
rimentar paz interior depois de perder suas propriedades e
seus filhos, depois de sofrer uma enfermidade física pertur­
badora, e depois de passar pela frustração de ser malenten­
dido pelos seus amigos, nós certamente devemos ser m uito
mais vitoriosos em tais situações. E podemos!
Portanto, continuando esta série de estudos, gostaria
de examinar com você o problema do sofrimento humano.
Como reagir diante da adversidade? E como podemos nos
beneficiar das difíceis experiências da vida?

UMA ORAÇÃO DE SUBMISSÃO


Em primeiro lugar, se você já conhece Cristo como Sal­
vador e tem de enfrentar alguma dificuldade, vá ao Senhor
com uma oração de humilde submissão. Em outras pala­
vras, quando orar pedindo cura ou libertação de alguma si­
tuação d ifíc il, faça-o com uma atitude de completa entrega
diante daquilo que Deus acha que é o melhor para você.
Orar quando temos problemas é uma reação normal,
mesmo quando o interesse das pessoas em coisas espirituais
é pouco e sem significado. Um clamor desesperado ao Se­
nhor é tão natural como um grito de socorro de um homem
que está se afogando.
22
Contudo, o cristão amadurecido faz mais do que pedir
a cura ou uma mudança drástica nas condições que o per­
turbam. Ele vai incluir em sua oração as seguintes palavras:
"Seja feita a tua vontade". Às vezes Deus não quer nos dar
as coisas que pedimos. Ele pode ter um plano melhor. Ele
pode perm itir que as nossas aflições continuem para nos le­
var a um contato mais íntim o com Ele. Ele pode querer
nos usar na dor e na tristeza como veículos para demons­
tração de Sua glória e graça. Sim, podemos ter certeza ab­
soluta de que Deus vai nos curar, ou que Ele vai intervir em
nossa situação d ifíc il, se fo r o melhor. Mas, às vezes, esse
não é o caso.
As epístolas mencionam certos cristãos dedicados que
Deus não curou. Estou pensando no apóstolo Paulo. Em
II Coríntios 12 ele falou de seu "espinho na carne". Talvez
fosse uma enfermidade física. Certamente não era um pro­
blema espiritual como a sensualidade. Se fosse, ele nunca
poderia ter d ito : "De boa vontade, pois, me gloriarei nas
fraquezas" (II Coríntios 1 2:9).
Não, o "espinho na carne" de Paulo não era de nature­
za espiritual. É mais provável que tenha sido um sofrimen­
to físico para o qual ele não conseguia encontrar alívio. E
mesmo tendo pedido ao Senhor que removesse esse sofri­
mento em três ocasiões diferentes. Deus não o fez. Antes,
era vontade dEle usar o apóstolo, com o seu sofrimento,
para a grandeza de Sua glória.

Outro homem nas Escrituras que tinha um problema


físico era T rófim o. Em II Timóteo 4 :2 0 , Paulo disse que
o deixou enfermo em M ileto. Parece que o apóstolo consi­
derou esta enfermidade como da vontade de Deus para T ró­
fim o, pois não disse nada sobre orar para que houvesse
23
uma cura milagrosa e imediata.
Timóteo sofria do estômago e tinha outros problemas
de saúde. Mas Paulo não disse nada sobre a necessidade de­
le ir a alguma reunião de curas, nem lhe disse que exercitas­
se a sua fé. Pelo contrário, deu este conselho ao seu filh o
na fé:
Não continues a beber somente água; usa um pouco de
vinho, por causa do teu estômago e das tuas freqüen-
tes enfermidades (I Tim óteo 5: 23).
Apesar destes exemplos, alguns crentes atualmente têm
a idéia errada de que toda a enfermidade tem de ser curada
contanto que haja fé suficiente para isso.
Mas ouça, amigo, você acha que Paulo continuou so­
frendo de sua enfermidade porque sua fé era fraca demais?
Será que Trófim o e Timóteo não foram aliviados de suas
enfermidades porque nem eles nem Paulo tinham suficien­
te confiança em Deus? Claro que não! Simplesmente não
foi da vontade de Deus curá-los. Eu gosto do que o meu
pai, o Dr. M.R. De Haan, dizia sobre isto. Ele escreveu:

A questão não é se Deus é capaz de realizar essas mara­


vilhas hoje em dia. A questão é por si mesma absurcfa.
Naturalmente, Deus é capaz. Todas as coisas lhe são
possíveis. 0 problema não é nada disso; antes, é da
Sua vontade fazê-lo? Faz parte do Seu programa para
hoje? Certamente Deus não muda, mas a Sua obra não
é exatamente a mesma em todas as épocas. Ele opera
de maneira totalmente diferente nas diversas dispensa-
ções. Ele alimentou Israel no deserto com maná. Ele
protegeu os israelitas das enfermidades. Suas roupas
não se desgastaram, nem os seus sapatos, durante 40
24
anos. Sim, Deus ainda é capaz de fazê-io, mas Ele não
o faz. Não faz parte do Seu programa para esta dispen-
sação.

0 que nós deveriamos, então, fazer quando nos encon­


tramos em circunstâncias difíceis, é acompanhar a nossa
oração pedindo alívio com esta oração humilde de submis­
são: "Senhor, seja feita a tua vontade". E, então, teremos
coragem no conhecimento de que se Deus não atende ao
nosso desejo, temos maravilhosa companhia. Paulo experi­
mentou contínuos sofrimentos com o seu "espinho na car­
ne". Timóteo tinha problemas de estômago e muitas en­
fermidades. E Trófim o, um dos colaboradores de Paulo,
estava doente na últim a vez que o apóstolo esteve com ele.

T E N H A C O N F IA N Ç A EM DEUS

Em vez de ficar olhando para a sua aflição como se


fosse um sinal de que Deus não o ama, considere-a como
um sinal do favor de Deus.
Porque o Senhor corrige a quem ama, e açoita a todo
filho a quem recebe. É para disciplina que perseverais
(Deus vos trata como a filhos); pois, que filho há a
quem o pai não corrige? (Hebreus 12: 6 ,7 ) .

Nunca pense de si mesmo como alguém que Deus es­


queceu. Veja-se como um filh o predileto.
E, quando você orar pedindo alívio da dor e do sofri­
mento, em vez de pedir a cura ou uma libertação milagrosa,
peça que a vontade do Senhor seja feita. Então, descanse
na certeza de que Deus vai operar todas as coisas para o seu
bem. Reivindique a promessa deste versículo:
25
Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem da­
queles que amam a Deus, daqueles que são chamados
segundo o seu propósito (Romanos 8 :2 8 ).

Talvez você não entenda o que está acontecendo. Tudo


parece estar cooperando para o mal. Mas, lembre-se, o Se­
nhor sabe o que está fazendo. Um dia, com uma nova pers­
pectiva, você vai apreciar e agradecer a Deus cada circuns­
tância de sua vida, até mesmo aquelas que foram dolorosas
e aflitivas.
B.C. Lovelace, em seu artigo, " A disciplina do quarto
escuro", comparou a fotografia à experiência do cristão.
Ele diz que quando uma pessoa tira uma fotografia, há uma
exposição instantânea e uma impressão fica gravada no f il­
me. Contudo, o film e tem de passar por um tratamento
no escuro para que a imagem apareça totalmente.
Assim também, na conversão, o crente fica exposto à
luz do Salvador. A semelhança do próprio Cristo fica in-
delevelmente impressa no espírito sensibilizado. Esta "e x ­
posição", contudo, deve ser seguida por um processo de de­
senvolvimento. A imagem de Cristo, impressa em nossos
corações pela fé, vem à luz para os outros quando somos
transformados à Sua semelhança. Paulo escreveu:

E todos nós com o rosto desvendado, contemplando,


como por espelho, a glória do Senhor, somos transfor­
mados de glória em glória, na sua própria imagem, co­
mo pelo Senhor, o Espírito (II Coríntios 3 :1 8 ).

Para o crente, esta transformação envolve às vezes ex­


periências "no quarto escuro". Pedro nos diz:
. . . aquele que sofreu na carne deixou o pecado, para
que, no tempo que vos resta na carne já não vivais de
26
acordo com as paixões dos homens, mas segundo a
vontade de Deus (I Pedro 4: 1,2).
Assim, por mais difíceis que sejam as suas experiências
no quarto escuro, você pode agradecer a Deus por elas.
Lembre-se, você está sendo "revelado!"

DESENVOLVA A SUA FÉ
Tendo orado com uma atitude realmente submissa e
tendo confiança em Deus para fazer aquilo que é melhor,
você deve se esforçar para desenvolver a sua fé enquanto
passa pelo sofrimento. O Senhor quer que você confie ne­
le implicitamente. E sua fé vai crescer se você estudar a
Bíblia, se obedecer às suas diretrizes e apropriar-se das ma­
ravilhosas verdades que ela revela a respeito do Senhor e
Suas promessas.
Uma tremenda fonte de segurança e confiança existe
no conhecimento de Deus. Ele é in fin ito em poder, em sa­
bedoria e em amor. E devemos continuar crendo no poder,
na sabedoria e no amor de Deus, mesmo quando as expe­
riências da vida parecem contradizê-los.
Estou pensando em Marta e Maria quando o seu irmão
adoeceu. Você deve se lembrar que o autor do evangelho
nos conta que o Senhor Jesus permaneceu onde estava por
dois dias depois que ficou sabendo que Lázaro estava doen­
te. Posso até imaginar as duas irmãs dizendo: "Onde está
Jesus?" Por que Ele não vem?" "Ele deve estar ocupado
com outras pessoas". "Elas estão recebendo a atenção de­
le". "Ele não se importa m uito conosco".
Como elas estavam erradas! O versículo 5 de João 11
nos diz que Jesus as amava. Por que, então, o versículo 6
prossegue dizendo que Jesus, tendo sido informado de que
27
Lázaro estava doente, "ainda se demorou dois dias no lugar
onde estava?" Na verdade, Jesus só chegou a Betânia de­
pois que Lázaro já estava m orto há quatro dias. A razão
para a demora certamente não fo i porque Jesus não amava
Marta e Maria. O que Ele fez estava governado por um pro­
pósito que excedia a importância das necessidades imediatas
daqueles que Ele amava. No versículo 4, Jesus disse: "Es­
ta enfermidade não é para morte, e, sim, para a glória de
Deus". De acordo com o versículo 45, muitos, "vendo o
que fizera Jesus, creram nele".
Jesus sabia o que estava fazendo. E, tenho certeza de
que, quando tudo term inou, Marta e Maria e Lázaro tam ­
bém, não desejaram que tivesse sido diferente.
Amigo cristão, vamos ter a coragem de crer em Deus
implicitamente. Vamos nos lembrar de que Ele não vê as
coisas necessariamente como nós. Nem Ele tem a obriga­
ção de agir como nós agiriamos. O profeta Isa ias escreveu
o seguinte falando de Deus:
Porque os meus pensamentos não são os vossos pensa­
mentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos,
diz o Senhor, porque, assim como os céus são mais al­
tos do que a terra, assim são os meus caminhos mais al­
tos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos
mais altos do que os vossos pensamentos (Isaias 55:
8 , 9 ).

Depois que M ilton ficou cego ele escreveu suas maio­


res obras literárias cristãs. Depois que Handel ficou com
o lado d ire ito paralizado, e tão pobre que os seus credores
ameaçaram colocá-lo na cadeia, ele produziu os seus mais
famosos oratórios. Quando João Bunyan esteve na prisão,
geralmente sentindo fome e passando frio , escreveu O Pe-
28
regrino. Sim, muitos exemplos poderíam ser dados daque­
les que serviram o Senhor com grande eficiência depois que
sofreram a má sorte na saúde e passaram por perdas desola-
doras.
Mas você não pode começar a servir ao Senhor antes
de colocar a sua confiança em Jesus Cristo como Salvador
pessoal. Deus, no Seu grande amor, fez provisão por toda
a humanidade, inclusive você, dando-nos um meio de sal­
vação. Ele enviou o Seu Filho, o Senhor Jesus Cristo, a es­
te mundo. Jesus veio em carne, Ele guardou a lei perfeita-
mente e, então, morreu na cruz do Calvário a fim de pagar
o preço pelos nossos pecados.
Sim, Jesus morreu por você. Você não gostaria, por­
tanto, de confiar nEle e nEle somente para a sua salvação?
Adm ita que é um pecador e que não pode salvar-se a si mes­
mo e aceite-0 como seu Salvador.
A Bíblia diz:
Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu
o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não
pereça, mas tenha a vida eterna (João 3: 16).
Aceite-o hoje. Você se sentirá feliz!

29
A Tristeza da Separação

Muitas pessoas estão passando pelas profundas águas


da separação. Tendo experimentado a perda de um com­
panheiro querido através da morte, estão sofrendo a dor da
separação. Estão tomadas por um sentimento de vazio. Es­
tão imaginando como vão conseguir enfrentar as horas de
solidão que ainda estão por vir. Estão passando por um
sentimento de desânimo. Na verdade, estão desejando que
eles próprios, em lugar da pessoa querida, tivessem passado
pelo "vale da sombra da m orte".
Se descrevemos você ou alguma pessoa que você está
tentando ajudar nesta hora de aflição, então esta últim a li­
ção desta série é para você.
Já discutimos a depressão, a preocupação e a adversi­
dade. Agora vamos focalizar especialmente o sofrimento
da separação e como vencê-lo. Podemos triu n fa r sobre a
dor, mesmo nas mais devastadoras experiências da vida.
Estou pensando no momento em que perdemos uma pessoa
que nos é a coisa mais preciosa deste mundo.
Para ajudá-lo na sua hora de aflição, quero sugerir es­
tes três passos:
30
— Lembre-se das bênçãos passadas
— Reconheça a realidade presente
— Antecipe o futuro reencontro
O prim eiro passo é:
LEMBRE-SE DAS BÊNÇÃOS PASSADAS

Quando se sentir tomado de dor, em primeiro lugar re­


flita nas bênçãos que você e a pessoa amada que se fo i tive­
ram a permissão do Senhor de partilhar juntas. Por exem­
plo, você pode se lembrar daquelas horas preciosas na casa
de Deus, daqueles dias dourados quando as crianças eram
pequenas e lhes deram tanta alegria, daqueles momentos de
ternura que foram só de vocês dois e, sim, também aquelas
provações que foram tão difíceis na ocasião, mas que foram
usadas para aproximá-los um do outro.
Eu sei que essas lembranças vão fazer as lágrimas cor­
rer. Mas, ouça, não há nada de errado com as lágrimas. Na
verdade, elas podem lhe proporcionar um alívio emocional
do qual você está precisando desesperadamente.
Embora as lágrimas possam ser terapêuticas, aqueles
que perderam pessoas queridas geralmente erram se orgu­
lhando de não derramarem nenhuma lágrima nos dias se­
guintes. Elas cumprimentam os amigos no funeral e assis­
tem aos cultos em memória com os olhos secos, pensando
que sua atitude estóica é sinal de força emocional ou ma­
turidade espiritual. É verdade que os crentes não preci­
sam se lamentar como aqueles que não têm esperança, mas
quando somos separados de alguém que amamos, nós so­
fremos. Apesar da perspectiva maravilhosa que aguarda o
cristão, há dor na separação causada pela morte. Portanto
não devemos nos envergonhar de nossas lágrimas. Antes,
devemos agradecer a Deus porque Ele nos abençoou com

31
a capacidade de chorar e porque Ele nos deu esse tip o de
alívio físico para as nossas emoções reprimidas. Eu sinto
pena das pessoas que não conseguem chorar, ou que não o
fazem devido a uma simples força de vontade ou um falso
sentimento de orgulho.
Sim, quando fo r privado da companhia de uma pessoa
querida, lembre-se daqueles momentos que você desfrutou
ao lado dela. Expresse a sua gratidão ao Senhor por permi­
t ir que você andasse ao lado dela até o momento presente.
O segundo passo para achar conforto na hora da a fli­
ção é o seguinte:

R EC O N H EÇ A A R E A L ID A D E PRESENTE

0 alívio do sofrimento que nos paraliza pode ser en­


contrado também no reconhecimento consciente que, na
morte, a alma do crente separa-se do corpo e é introduzida
à presença de Cristo no céu. O corpo que é colocado na
sepultura não é a pessoa real. É apenas o lar terreno tem ­
porário no qual ela viveu. Essa pessoa querida teve a sua
alma transportada para a glória e está agora desfrutando das
delícias do céu. Está com Cristo aguardando a volta do Se­
nhor e a ressurreição do corpo.
O apóstolo Paulo escreveu:
Temos, portanto, sempre bom ânimo, sabendo que,
enquanto no corpo, estamos ausentes do Senhor; vis­
to que andamos por fé, e não pelo que vemos. Entre­
tanto estamos em plena confiança, preferindo deixar
o corpo e habitar com o Senhor (II Coríntios 5 :6 -8 ).

Leia novamente as palavras finais do versículo 8. Pau­


lo disse que ele desejava "deixar o corpo e habitar com o
Senhor". O momento em que ele fechou os olhos na mor-
32
te (e todos os nossos queridos crentes), ele contemplou a
face do seu Salvador. Sim, depois de exalar o últim o sus­
piro aqui na terra, ele respirou a atmosfera do próprio céu.
Gosto da maneira pela qual L.E. Singer expressou essa ma­
ravilhosa verdade quando escreveu:
Imagine que ao dar um passo,
Você se verá no céu.
I magine que a um toque de mão,
Você verá que é de Deus.
Imagine que o ar que o rodeia
Você sentirá que é celeste.
Imagine que ao despertar,
Você estará no seu Lar.
Estar ausente do corpo é estar presente com o Senhor.
Que conforto para o cristão aflito!
É claro que sentiremos um vazio em nossos corações e
em nossos lares quando uma pessoa querida fo r levada. Cer­
tamente sentiremos a sua falta. Mas a dor dim inuiu e o far­
do é aliviado quando nos lembramos que a realidade presen­
te dos nossos queridos é na glória. Sabendo disso, nunca
desejaremos que eles voltem a este mundo amaldiçoado pe­
lo pecado. Antes, vamos esperar com ansiedade o dia quan­
do nós nos juntaremos a eles para nunca mais nos separar­
mos.

Então, lembre-se também que todas as dificuldades des­


ta vida acabaram-se para aquela pessoa querida. Não terá
mais desapontamentos; nem sofrerá mais dores. Essas coi­
sas deixaram de existir para ela para sempre. Em lugar dis­
so, estão desfrutando das maravilhas da eterna bem-aventu­
ra nça do céu.
33
Reconhecendo estas verdades, a dor dim inui. Creio que
cada um de nós tem lembranças que gostaria de apagar pa­
ra sempre da mente. Gostaríamos de não ter dito algumas
palavras ásperas que dissemos à pessoa querida. Gostaría­
mos de fazer muitas coisas de novo e de maneira totalm en­
te diferente. Tantos atos de bondade que ficaram sem ser
feitos. E gostaríamos de te r d ito mais vezes à pessoa que­
rida: "E u te a m o ".

Tais sentimentos podem ter boas motivações. Contudo,


não devemos nunca perm itir que nos arrastem para a de-
ressão debilitante. E por quê? Pare e pense um pouco.
Essas coisas que você disse ou não disse, que você fez ou
não fez, estão fazendo agora alguma diferença para a pes­
soa que amamos? A resposta é: "Não, de maneira nenhu­
m a!"
Se essa pessoa era cristã, encontra-se em um lugar on­
de todos os cuidados, todos os problemas e todos os sofri­
mentos desta vida já se acabaram para sempre. Todas as
dificuldades e todas as palavras amargas já foram esqueci­
das e substituídas pelas glórias do céu. Não importa o que
você tenha feito ou dito à pessoa amada, ela já não se im ­
porta mais com isso. Por isso não ande por aí se arrastan­
do e se punindo com sentimentos de remorso. Não fique
pensando no que você poderia ou deveria ter feito. Antes,
sinta-se feliz porque as palavras indelicadas e as atitudes
cruéis já se encontram no passado, estão esquecidas e (se
foram confessadas ao Senhor), já foram também perdoa­
das. E os nossos queridos estão na presença do próprio
Senhor Jesus, rodeadas pelo amor de Deus.
Portanto, amigo cristão, se você está sofrendo a perda
de uma pessoa querida, lembre-se não apenas das bênçãos
34
passadas, mas também das realidades presentes. Agradeça
a Deus pela vida que vocês partilharam juntos. E deixe de
lado quaisquer remorsos que você possa sentir, tendo em
mente que as pessoas que partiram com Cristo encontram-
-se agora em um mundo totalmente novo. Todas as coisas
ruins da terra foram substituídas pelas coisas boas do céu.
Depois regozije-se porque aqueles que morreram em Cristo
encontram-se num lugar de bem-aventurança imaculada na
presença do próprio Rei dos reis e Senhor dos senhores.
O terceiro passo para encontrar conforto na hora da
aflição é o seguinte:

ANTECIPE O FUTURO REENCONTRO


Além de lembrar as bênçãos passadas e regozijar-se nas
realidades presentes, também encontramos alívio na aflição
quando antecipamos a futura reunião com aqueles que já
partiram. Na qualidade de cristãos, temos a esperança certa
de nos encontrar com os nossos queridos novamente. Va­
mos desfrutar juntos das bênçãos eternas que Deus prepa­
rou para aqueles que o amam. A morte não nos separa uns
dos outros para sempre. Antes, a perspectiva do reencon­
tro e da bem-aventurança eterna é a esperança de cada pes­
soa que já nasceu de novo mediante a fé no Senhor Jesus
Cristo.
0 apóstolo Paulo falou de cristãos que já morreram,
que vão ser arrebatados junto com aqueles que ainda esta­
rão vivos, ao encontro do Senhor nos ares.
Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes
com respeito aos que dormem, para não vos entriste­
cerdes como os demais, que não têm esperança. Pois
se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim tam-
35
bém Deus, mediante Jesus, trará juntamente em sua
companhia os que dormem (I Tessalonicenses 4: 13,
14).
Então ele acrescentou estas palavras confortadoras:
Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de or­
dem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta
de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo res­
suscitarão prim eiro; depois nós, os vivos, os que ficar­
mos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre
nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e assim
estaremos para sempre com o Senhor (I Tessalonicen­
ses 4: 16, 17).

O dia está chegando, T A L V E Z SEJA HOJE, quando o


Senhor Jesus virá com um grande grito. As almas dos remi­
dos que morreram e que estão com Cristo descerão â terra.
As sepulturas dos santos que partiram vão se abrir e os seus
corpos ressurrectos se unirão às suas almas. Junto com os
crentes vivos, subirão ao encontro do Senhor nos ares. Des­
se momento em diante e por toda a eternidade vamos des­
frutar da bem-aventurança do céu na gloriosa presença do
Filho de Deus. Por isso é que lemos no versículo 18: "Con­
solai-vos, pois, uns aus outros com estas palavras!"

Eu sei que dói a partida dos queridos. Ninguém pode


substituí-los. O mundo parece vazio de repente. Há uma
dor no coração. Mas imagine aquele glorioso momento do
reencontro! Pense na eternidade das glórias celestes na pre­
sença de Cristo. Com esses pensamentos luminosos, mesmo
que você sofra, não será como aqueles que não têm espe­
rança.
36
Dwight L. Moody nos contou esta história conforta-
dora: “ Nas praias do Mar Adriático, as esposas dos pesca­
dores que saíram a pescar nas águas profundas têm o hábi­
to de esperá-los à noite cantando a primeira estrofe de al­
gum belo hino. E então elas param para ouvir a segunda
estrofe cantada pelos seus maridos e transportada sobre as
ondas pelo vento. E eles todos se sentem felizes. Talvez,
se prestássemos atenção, pudéssemos ouvir neste mundo
tempestuoso", continua dizendo o Sr. Moody, "algum som,
algum sussurro dos nossos amados que estão tão distantes,
contando-nos que há um céu que é o nosso lar. E quando
cantamos os nossos hinos nas praias deste mundo, talvez
pudéssemos ouvir seus doces ecos sobre as areias do tem ­
po".

A maioria de nós tem queridos na glória aguardando a


nossa chegada nas praias celestiais. E eu gosto de pensar
que assim como nós ansiamos por vê-los, eles também estão
ansiosamente esperando o dia quando Jesus virá, quando
nós, os que conhecemos o Senhor, estaremos todos juntos
novamente, em nosso lar eterno.

Sem dúvida, Fanny Crosby tinha em mente essa pers­


pectiva quando escreveu estas palavras:
Ah! os amigos encontrar,
Naquele reino de luz,
Que me chamam sem parar
Para que siga os seus passos.
Eu os verei e os reconhecerei.
Ouvirei o seu hino de amor.
E todos nós cantaremos
Na casa do nosso Pai.
37
Fico imaginando se você está chorando a falta de al­
guém. Seu coração está cheio de dor? Está-lhe parecendo
que esse vazio não vai desaparecer nunca? Se é o seu caso,
tenha em mente os passos acima para encontrar o conforto
nesta hora de aflição:
1. Lembre-se das bênçãos do passado. Agradeça a
Deus pela vida que Ele permitiu que você e a pessoa queri­
da partilhassem.
2. Reconheça a realidade presente. Embora o corpo,
esta casa terrestre, possa estar descansando na sepultura, a
pessoa amada não se encontra ali. Em vez disso, se fo i um
crente, está no céu, na presença do próprio Cristo. Ela já
não sente mais o peso desta vida.
3. Antecipe o reencontro fu tu ro . A separação que pro­
voca tanto sofrimento agora não será eterna. Haverá um
dia de ressurreição e uma grande reunião para todos aque­
les que confiaram no Salvador vivo, e será m uito antes do
que você pode imaginar. Sim, T A L V E Z A IN D A HOJE!

38
SAÜDE, RIQUEZA
E SABEDORIA? Paul R. Van Gorder
1
Os Motivos das Enfermidades

Atualmente o mundo evangélico está promovendo uma


adaptação moderna do velho adágio de Benjamim Franklin:
"D o rm ir cedo e levantar cedo dá saúde, riqueza e sabedo­
ria ". Ele está sendo anunciado nos púlpitos e proclamado
na televisão. Já fo i o tema de grandes cruzadas, de reuniões
de confraternização, de grupos de oração e de volumes de
livros vendidos nas livrarias cristãs.
A citação que Benjamim Franklin fez de um almana­
que encontrou o seu correlativo nos lemas do século vinte:
"Deus quer que todos os cristãos sejam sadios". "Nenhum
cristão precisa ficar doente". "Se você não tem sucesso
ou não tem abundância de tudo, não é culpa de Deus". Ou,
que tal estes? "Se você dá o dízim o, pode ter certeza de
que vai prosperar financeiramente". "Deus quer que todos
os Seus filhos sejam prósperos".
Estes lemas sobre a saúde e a riqueza também têm sido
explorados por fórmulas que pregam a "liberação da fé ",

Paul R. Van Gorder é o professor associado de Radio Bible


Class, um m inistério mundial através de rádio, televisão e
literatura.
T ítu lo original em inglês: Healthy, Weatthy and Wise?
© 1984 by R A D IO BIBLE CLASS, Grand Rapids,
Michigan 49555-0001
39
para que você dê a fim de receber e pelo uso de macetes
que satisfazem a carne, não o espírito.
Talvez você esteja questionando a bondade de Deus
porque orou e não recebeu a resposta com a cura. Talvez
você tenha contribuído fiel mente para a obra de Deus ape­
sar de seus recursos reduzidos, mas não tem experimentado
nenhuma alteração em seu quadro financeiro. Qual é a so­
lução? O que Deus real mente tem a dizer sobre a saúde e a
riqueza dos Seus filhos? Nesta lição e na próxima, quero
examinar o que a Palavra de Deus ensina sobre a questão
da saúde e da cura.
Deus garante a prosperidade do Seu povo? Se um cris­
tão não é curado em resposta á oração, é uma indicação
de que há algum pecado não confessado? Ou será falta de
fé? Será que Deus está descontente com ele? Para respon­
der a estas e outras perguntas, temos de recorrer a uma cer­
ta fonte, a uma revelação confiável, a Palavra de Deus.
Podemos apresentar diferentes teorias das causas e cu­
ras das enfermidades, mas temos de adm itir que a doença
e a morte acabam reclamando suas vítimas. Os cristãos
oram por suas próprias enfermidades e pelas enfermidades
dos outros. Alguns falam de respostas milagrosas; outros,
que oram com a mesma sinceridade, não recebem respos­
ta. Como o apóstolo Paulo eles se regozijam na resposta
de Cristo; " A minha graça te basta, porque o poder se
aperfeiçoa na fraqueza" (II Coríntios 12:9).
Uma verdadeira mania se apossou da igreja atuante ho­
je em dia. Está sendo liderada por homens e mulheres cujo
ministério centraliza-se no que chamamos de "a cura da fé ".
Mas devemos notar que grande parte do que eles reivindi­
cam se baseia numa interpretação errada das Escrituras. As
40
perguntas sobre toda esta questão devem ser respondidas
pela Palavra de Deus.
A desobediência do homem no Éden resultou em sua
alienação de Deus. Toda a raça humana experimentou esta
separação e, com ela, a morte. Esta morte é física e espiri­
tual. O apóstolo Paulo escreveu:
Portanto, assim como por um só homem entrou o pe­
cado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também
a morte passou a todos os homens, porque todos peca­
ram (Romanos 5 :1 2 ).
A morte física é a separação da alma do corpo; a mor­
te espiritual é a separação do homem e Deus. Quando Adão
pecou, as sementes da morte física foram imediatamente
semeadas em seu corpo. A enfermidade física ea fraqueza
resultaram de sua transgressão. Esta tem sido a herança de
toda a raça humana. Nenhum de nós conseguiu escaparás
consequências do pecado.
Contudo, a enfermidade humana em alguns casos pode
ser o resultado de diversos fatores. Vamos examinar alguns
deles no restante desta lição.
TRANSGRESSÃO DAS LEIS N ATU R AIS DE DEUS
Se ignoramos os princípios que Deus estabeleceu no
Seu universo, tais como o saneamento, a limpeza, as qua­
rentenas, a higiene, a alimentação, os exercícios, o repouso
(todas são leis naturais), resulta a enfermidade física.
Alguns regulamentos severos foram prescritos por
Jeová ao antigo povo de Israel para que promovesse e man­
tivesse a sua saúde física. Tenho plena certeza de que os
crentes desta dispensação da igreja não estão sob as leis
cerimoniais dadas a Israel. Não obstante, se certas leis
41
naturais observadas pela nação de Israel fossem obedeci­
das hoje, seriam um escudo contra as enfermidades. Vou
sugerir alguns exemplos.
Em Deuteronômio 23, Deus deu a Israel algumas es-
tipulações referentes ao saneamento. O lixo devia ser en­
terrado ou queimado. Os restos dos sacrifícios deviam
ser destruídos fora do acampamento. Um grande incinera­
dor, sujeito à inspeção de Deus estava sempre aceso. A
doença prolifera na sujeira. Portanto, o povo de Israel
devia observar as leis divinas do saneamento.
O Senhor prescreveu a Israel algumas ordenanças para
a purificação diária. Sempre que uma pessoa tocasse em
alguma coisa impura, tinha de se lavar de maneira especial.
Qualquer que tocar em alguma cousa que esteve de­
baixo dele será imundo até à tarde; e aquele que a le­
var, lavará as suas vestes, banhar-se-á em água, e será
imundo até à tarde (Levítico 15:10).
Recipientes também podiam se tornar impuros. Só
podiam ser usados depois de lavados e passados pelo fogo,
desinfectados.
A saúde do povo de Deus era garantida por uma rígida
lei de quarentena para as doenças infecciosas. O que Lister
descobriu séculos depois já funcionava naquela nação anti­
ga. A transgressão desses princípios produzia enfermidades
como ainda produz atualmente.
Um regime bem equilibrado é essencial à boa saúde.
Além de ser o médico de Israel, Deus também era o seu
dietista. Podemos ler em Deuteronômio 14 as muitas proi­
bições para certos tipos de alimentos. Estas leis de higiene
e dietética tám sido aprovadas até o dia de hoje para a ma­
nutenção da boa saúde.
42
Incluído nas leis naturais de Deus para a saúde física
há um elemento importante, o exercício. Israel, o povo de
Deus, tinha muita oportunidade de fazer exercício físico.
No cultivo da terra, nas longas viagens a Jerusalém e na
conquista da Terra Prometida, eles trabalhavam laboriosa­
mente. Isto contribuiu para a sua força física.
Israel também recebeu ordens de repousar um dia em
cada sete, e um ano em cada sete. Uma devida proporção
de repouso e trabalho continua sendo fator importante pa­
ra a boa saúde.
Eram leis físicas e uma transgressão delas produzia pe­
nalidades físicas. Os judeus cometeram o erro de ensinar
que a sua transgressão significava impureza moral. O pró­
prio Senhor mostrou, mais tarde, que comer e beber certas
coisas realmente não produzia impureza moral. Contudo,
mesmo hoje continua sendo verdade que não podemos que­
brar as leis naturais de Deus e esperar uma boa saúde.

TRANSG RESSÃO DAS LEIS M O R A IS DE DEUS

Dizer, como dizem alguns, que Deus nunca envia a en­


fermidade, ou que toda a enfermidade é obra de Satanás,
é ignorar o registro da Palavra de Deus. A Bíblia é inequi­
vocamente clara que em certas ocasiões Deus usou a enfer­
midade física como um instrumento a fim de punir o peca­
do e castigar os Seus filhos. Por favor, não me interpretem
mal. Não estou dizendo que toda a enfermidade é castigo
de Deus. Contudo, temos exemplos que foram registrados
na Bíblia de situações em que isso aconteceu. Em Núme­
ros 2 1 :6 lemos que "o Senhor mandou entre o povo ser­
pentes abrasadoras . . . e morreram muitos do povo de Is­
rael". Somos informados em II Samuel do seguinte:
43
E o Senhor feriu a criança que a mulher de Urias dera
à luz a Davi; e a criança adoeceu gravemente . . . Ao
sétimo dia morreu a criança (1 2 :1 5 ,1 8 ).

O Rei Uzias de Judá também foi punido com uma en­


fermidade por causa do seu pecado. Lemos o seguinte:
O Senhor feriu ao rei, e este ficou leproso até ao dia
da sua morte (II Reis 1 5:5 ).
Estes são exemplos do Antigo Testamento em que a
transgressão da lei moral de Deus trouxe castigo na forma
de enfermidade física. Um notável exemplo do Novo Tes­
tamento é o que encontramos na experiência dos cristãos
corfntios que agiram de maneira errada na Ceia do Senhor.
Eis o que o apóstolo Paulo escreveu:

Pois quem come e bebe, sem discernir o corpo, come


e bebe ju ízo para si. Eis a razão por que há entre vós
muitos fracos e doentes, e não poucos que dormem.
Porque, se nos julgássemos a nós mesmos, não sería­
mos julgados. Mas, quando julgados, somos discipli­
nados pelo Senhor, para não sermos condenados com
o mundo (I Coríntios 11: 29-32). c

Muitos outros exemplos poderíam ser citados, mas es­


tes são os mais óbvios. Israel falou contra Deus e murmu­
rou contra Moisés, e muitas pessoas morreram porque Deus
enviou o castigo na forma de picadas de serpentes. Davi
pecou com hom icídio e adultério, e a mão de Deus desceu
na forma de enfermidade e morte para a criança nascida
daquele ato ilícito. Uzias não destruiu os lugares de idola­
tria em Judá e o castigo de Deus veio na forma de lepra,
resultando finalmente na sua morte. E na igreja de Corin-
44
to muitos estavam doentes e muitos morreram porque Deus
os castigou pelos seus pecados não confessados e não ju l­
gados.

OBRA DE S ATA NÁ S SOB A V O N T A D E


P E R M IS S IV A DE DEUS

Uma terceira causa de enfermidades é obra de Satanás


sob a vontade permissiva de Deus. Dois casos notáveis fo ­
ram Jó e o apóstolo Paulo.
Deus disse que Jó era "homem íntegro e reto, temente
a Deus, e que se desviava do m al" (Jó 1 :1 ). Satanás, o acu­
sador dos filhos de Deus, apareceu no céu e acusou Jó de
temer a Deus por causa do que recebia. Em resposta, Deus
permitiu primeiro que Satanás deixasse Jó na pobreza e,
depois, que o privasse de sua saúde.
Disse o Senhor a Satanás: Eis que ele está em teu po­
der; mas poupa-lhe a vida (Jó 2: 6).

O diabo saiu da presença do Senhor com permissão


de afligir Jó com terríveis tumores. Como sabemos pouco
do que acontece por trás dos bastidores!
O apóstolo Paulo contou a sua experiência de enfer­
midade física, dizendo:
. . . foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de
Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exal­
te (II Coríntios 12: 7).

Deus não removeu essa enfermidade, embora Paulo


orasse, por ela três vezes. Mas Deus forneceu graça suficien­
te para o Seu servo fiel. O apóstolo aprendeu que a força
de Deus se aperfeiçoa na fraqueza.
45
P AR A A G L Ó R IA DE DEUS E O NOSSO BEM

Vou falar sobre mais um motivo para a enfermidade,


um motivo m uito importante! Às vezes a enfermidade é
para o nosso bem e para a glória de Deus.
O sal mista Davi sabia disso. Em diversas ocasiões ele
levantou a sua voz para louvar a Deus pela enfermidade que
o Senhor permitiu em sua vida. Resultou em benefício espi­
ritual e produziu a glória de Deus. Leia o que Davi disse:
O Senhor o assiste no leito da enfermidade; na doença
tu lhe afofas a cama (Salmo 41: 3).
Muitos dos queridos filhos de Deus podem dar teste­
munho que se não tivessem passado pela enfermidade, se
não tivessem sofrido, se tivessem sido poupados, nunca te-
riam conhecido o conforto de nosso Grande Sumo Sacer­
dote. Mesmo depois disto, Davi pôde escrever:
Foi-me bom ter eu passado pela aflição, para que apren­
desse os teus decretos (Salmo 119: 71).
Meu amigo, a providência de Deus se estende aos me­
nores incidentes na vida dos Seus filhos. Ele não é um Ser
sinistro e malevolente que de maneira extragavante se delei­
ta em afligir as pessoas a Seu belprazer. 0 cristão sabe que
"todas as cousas cooperam para o bem daqueles que amam
a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósi­
t o " (Romanos 8 :2 8 ).
Amigo cristão, se você se encontra enfermo, peço que
considere debaixo de orações o propósito de Deus nisso tu ­
do. Se aconteceu porque você transgrediu alguma lei natu­
ral ou moral, confesse e abandone o seu pecado. Mas se,
tendo os pecados confessados e tendo-os abandonado, vo­
cê sabe que está em comunhão com o Senhor, simplesmen-
46
te confie em Sua graça todo-suficiente. Pela experiência,
aprenda a aceitar alegremente tudo o que a Sua mão amoro­
sa permite que aconteça.
Talvez você ainda não tenha recebido o perdão de Deus
pelos seus pecados. Talvez você ainda não aceitou pela fé
a providência dele para a sua salvação através de Cristo. Vo­
cê está enfermo espiritualmente, é uma morte espiritual.
Você está separado de Deus. Mas, amigo, você não precisa
mais continuar nesta condição. Você pode ter nova vida em
Cristo. Aceite o dom livre da vida eterna aceitando o Se­
nhor Jesus. Mais importante do que a saúde física é a certe­
za de que você fo i libertado da condenação e da morte es­
piritual.

47
A C u ra da Enfermidade

A igreja está enfatizando m uito atualmente a cura do


corpo, para depreciar a salvação da alma. Isto está em de­
sacordo com o padrão estabelecido por nosso Salvador. Du­
rante o Seu ministério terreno Ele deu m uito mais atenção
aos males espirituais do povo do que aos seus problemas
físicos. Nenhum dos autores das epístolas mencionou o
ministério de cura do Senhor Jesus. Mas com muita fre­
quência falaram sobre a Sua obra sacrificial na morte e na
ressurreição, pela qual somos feitos novas criaturas em
Cristo Jesus.
Não há nenhuma promessa nas Escrituras de que é a
vontade de Deus que todos os cristãos sejam isentos das
enfermidades. Mas talvez você diga: “ Cristo não curou as
pessoas?" “ Ele não continua curando hoje?" A resposta
para as duas perguntas é sim. Cristo curou no Seu minis­
tério terreno. E Deus cura atualmente.
Na primeira lição, examinamos a Palavra de Deus para
determinar as diferentes causas da enfermidade. Descobri­
mos que se um homem transgride as leis naturais de Deus
pode esperar uma enfermidade física. Igualmente, se trans­
gride uma lei moral de Deus, pode esperar as conseqüências,
48
às vezes na forma de uma enfermidade, ou até mesmo a
morte. Às vezes Satanás nos aflige, mas apenas sob a vonta­
de permissiva de Deus. E, então, a Bíblia ensina que Deus
às vezes permite a enfermidade para o bem de Seus filhos
e para a sua própria glória. Como a experiência do apósto­
lo Paulo é instrutiva. Ele teve uma enfermidade, um espi­
nho na carne! Quando ficou sabendo o m otivo, deixou de
orar pedindo a sua remoção; antes, apropriou-se da graça
que Deus providenciou.
Através dos séculos, muitos dentre os mais devotados
santos do Senhor experimentaram a grande graça e a alegria
que há no meio do sofrimento e da enfermidade. E, atra­
vés dela. Deus fo i glorificado. Eles não foram libertados de
sua enfermidade, mas algo melhor resultou dela. Suas v i­
das foram conformadas a Cristo, e a Sua graça nelas, atraiu
outros ao Salvador.
Nesta lição, quero responder â pergunta: "Qual é a cu­
ra para a enfermidade?" Se você estudar a Bíblia com aten­
ção e cuidado, verá que realmente existe uma cura divina.
E esta cura é realizada de pelo menos três maneiras d ife­
rentes. Vamos considerar cada uma delas à luz da Palavra
de Deus.

A C U R A COM A M E D IC IN A

Observamos este tipo de cura no mundo que nos ro­


deia, e também, o que é mais importante, nas histórias que
lemos na Palavra de Deus. Se uma pessoa sugerir que usar
remédios e consultar um médico é "falta de fé " está igno­
rando o abundante testemunho da Bíblia e das experiên­
cias pessoais. A medicina é um dom de Deus.
Quando o povo de Israel chegou às águas de Mara, en­
49
controu um rio de água salobra. Deus mostrou ao Seu povo
uma árvore, que foi derrubada por ordem Sua e lançada
nas águas. As águas foram purificadas. Essa não fo i a ú l­
tim a vez que uma árvore produziu meios medicinais para
uma cura. Tenho amigos missionários que passaram por
ataques de malária. Agradecem a Deus pela casca da cin-
chona da qual é extraída o quinino. Deus colocou esta
árvore na Sua criação para que fosse usada por Suas cria­
turas.
O Rei Ezequias de Judá ficou desesperadamente doen­
te e Isaías, o profeta, lhe disse que se preparasse para mor­
rer. Mas o rei chorou e orou, e Deus lhe deu mais 15 anos
adicionais. Deus prescreveu um remédio para a sua cura.
Leia as palavras do profeta:
Ora Isaías dissera: Tome-se uma pasta de figos, e po­
nha-se como emplasto sobre a úlcera; e ele recuperará
a saúde (Isaías 38: 21).
Certos remédios também foram usados para cura no
tempo de Cristo. Nosso Senhor contou a história do Bom
Samaritano. Os assaltantes espancaram o homem, arran­
caram sua roupa e o deixaram meio m orto. Jesus disse que
o samaritano usou "azeite e vin h o " para untar os ferimen­
tos. Meios semelhantes continuam sendo eficientes para
as curas de hoje.
Quem pode duvidar dos grandes milagres operados pe­
la mão do apóstolo Paulo? Se houve um homem que foi po­
deroso em palavras e obras, esse homem foi o apóstolo.
Mas, quando escreveu ao seu filh o espiritual, Tim óteo, acon-
selhou-o: "Não continues a beber somente água; usa um
pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas fre-
qüentes enfermidades" ( I Tim óteo 5 :2 3 ).
50
Acho que é importante manter em mente que o Senhor
não opera milagres quando a agência humana pode realizar
o resultado desejado. 0 nosso Senhor disse: "Os sãos não
precisam de médico, e, sim, os doentes" (Mateus 9: 12).
Os cristãos deveriam louvar a Deus pelos médicos dedicados
e preparados. Que deliciosa descrição temos no comentá­
rio inspirado do apóstolo em Colossenses 4 :1 4 , onde ele
fala de "Lucas, o médico amado". Sempre que eu leio essa
frase, eu me lembro do piedoso médico que a nossa família
teve durante muitos anos, o Dr. J.D. Manget. Ele fo i o ins­
trum ento humano nas mãos do Médico divino para curar
a minha esposa e abençoar espiritualmente a nós dois. AgoT
ra ele já está na glória com o seu Senhor, mas eu me lembro
com gratidão de seu bondoso ministério de cura. Seu modo
de vida se caracterizava por um lema que havia em sua me­
sa: "Mas pela graça de Deus".
Não é falta de fé quando um cristão sincero e sensível
consulta um médico ou usa os remédios adequados. Eu
acho interessante notar que, no caso de Timóteo, suas en­
fermidades eram freqüentes. Parece que ele não sabia nada
sobre como manter a "saúde perfeita" através do Senhor.
Esse grande homem de Deus, o apóstolo Paulo, através do
qual Deus operou muitos milagres, prescreveu um remédio
para o seu jovem cooperador no evangelho.
A T R A V É S DE REPOUSO E M U D A N Ç A S

Um outro meio de cura é através de mudança de situa­


ção e repouso. O salmista Davi exclamou: "Graças te dou,
visto que por modo assombrosamente maravilhoso me fo r­
maste" (Salmo 139:14). Esta maravilhosa criação chamada
corpo humano é uma máquina espantosa. Quero citar um
artigo do Dr. Paul Brand, que é encarregado do hospital
51
para leprosos do Serviço da Saúde Pública dos Estados Uni­
dos, em Carville, na Louisiana. Ele escreveu:
Por que os cristãos têm dificuldades em aceitar a regu­
laridade das leis naturais na saúde e na medicina, em­
bora as aceitem naturalmente em outras áreas? Ficamos
enfurecidos contra Deus quando Ele não intervém e
não revoga Suas leis naturais para a manutenção da nos­
sa saúde . .. mas aceitamos como coisa natural que Ele
não intervenha em outras áreas.
Seu corpo funciona de acordo com leis naturais. Ele
tem elementos em si que reagem às mudanças e ao repouso.
As próprias leis que Deus embutiu na operação e no bem-
-estar do corpo humano são usadas por Ele como meios de
cura divina.
Os discípulos reconheceram a necessidade de repou­
so quando falaram de Lázaro. Jesus lhes disse: "Nosso ami­
go Lázaro adormeceu, mas vou para despertá-lo" (João 11:
11). Eles não entenderam que Cristo estava falando de sua
morte física. Eles pensaram que o Senhor estivesse se re­
ferindo ao sono físico e, por isso, responderam: "Senhor,
se dorme, estará salvo" (v. 12).

Quando os discípulos retornaram de uma extenuante


campanha e começaram a recordar tudo o que tinham feito
e ensinado, o Senhor Jesus lhes disse: "V inde repousar um
pouco, à parte, num lugar deserto" (Marcos 6 :3 1 ). Muitos
de nós já ouvimos o grande servo de Deus, o Dr. Vance
Havner, dizer: "Se não ficarmos um pouco à parte, logo
nos desfaremos em muitas partes". Algumas enfermidades
poderiam ser evitadas e outras curadas mais rapidamente se
observássemos esta cura divina do repouso e das mudanças.
52
PELA INTERVENÇÃO DIRETA DE DEUS
Talvez você já tenha feito mentalmente a pergunta que
poderia ser enunciada da seguinte maneira: "M u ito bem,
então Deus não intervém nunca de maneira milagrosa para
curar uma pessoa?" Boa pergunta! Este é o terceiro meio
de cura divina que vamos considerar neste estudo.
Folheie as páginas do evangelho e você encontrará e-
xemplos de curas milagrosas quando Deus, na pessoa do
Seu Filho, curou homens, mulheres e crianças. Quero que
você considere três fatores que caracterizaram cada ato des­
sas curas.
Primeiro, as curas milagrosas de Cristo foram instan­
tâneas. A purificação de um leproso ficou registrada em
Mateus 8 :3 . O versículo diz: "E imediatamente ele ficou
limpo de sua lepra". Quando quatro homens trouxeram
um paralítico ao Senhor Jesus e Ele o curou pelo poder de
Sua palavra, lemos que "imediatamente se levantou diante
deles e, tomando o leito em que permanecera deitado, vol­
to u para casa, glorificando a Deus" ( Lucas 5: 25).
Segundo, as curas milagrosas realizadas por Cristo eram
completas. Sobre o inválido no tanque de Betesda, lemos:
"Imediatamente o homem se viu curado" (João 5 :9 ). Isto
é, ele fo i totalm ente curado.
Terceiro, as curas milagrosas de Cristo eram permanen­
tes. De fato, todos os casos de cura nos evangelhos e no
livro de Atos foram imediatas e permanentes. Você não
poderá encontrar nenhum registro de fracasso ou recaída.
Em nenhum caso você encontra a volta dos sintomas, le­
vando o paciente a ficar desanimado ou deprimido. Instan­
tâneas, completas e permanentes são palavras que podem
ser usadas para caracterizar cada caso de cura realizada pelo
53
Senhor Jesus. As modernas cruzadas de cura deveríam ser
pressionadas a produzir algo que se parecesse com a obra
de nosso Senhor durante o Seu ministério terreno.

A LG U M A S PERGUNTAS

Vamos agora d irig ir a nossa atenção a duas perguntas


que são comuns hoje em dia. O filh o de Deus tem o direi­
to legal de reivindicar a cura física para todas as enfermi­
dades? O cristão tem o d ireito de reivindicar a cura física
da mesma forma em que reivindicou a salvação?
Tenho ouvido muitas vezes a citação de Êxodo 15:26
por pessoas que creem que o plano de Deus para todos os
cristãos é a saúde. 0 versículo diz o seguinte:
Se ouvires atento a voz do Senhor teu Deus, e fizeres
o que é reto diante dos seus olhos, e deres ouvido aos
seus mandamentos, e guardares todos os seus estatu­
tos, nenhuma enfermidade virá sobre ti, das que enviei
sobre os egípcios; pois eu sou o Senhor que te sara
(Êxodo 1 5 :2 6 ).

Eu acho que esta aliança de cura foi feita exclusiva­


mente com Israel. Eles eram o povo terrestre de Deus e
para eles foram prometidas bênçãos terrenas e temporais.
Se Israel obedecesse aos mandamentos de Deus, podia rei­
vindicar esta aliança de cura. Aqueles que são de Cristo
pertencem à igreja, o povo celeste de Deus. Nós somos
abençoados "com toda sorte de bênção espiritual nas re­
giões celestiais em C risto" (Efésios 1 :3 ). Mas, enquanto
nos encontramos neste mundo, estamos sujeitos a enfermi­
dades que afligem a raça humana.
Certamente, em resposta à oração feita na vontade de
Deus, com o uso dos remédios dados por Deus e consultan-
54
do médicos capazes, ou respeitando as leis da mudança e
do descanso, o crente pode experimentar a cura. Mas há
ocasiões em que Deus prefere não curar os Seus filhos. Eles
permanecem fracos fisicamente mesmo quando todo o
pecado foi confessado e a oração da fé fo i feita. Devemos
concluir, portanto, pelo que dizem as Escrituras e pela ex­
periência dos santos piedosos que a vontade soberana de
Deus está envolvida na cura do Seu povo.
Muito maior do que qualquer enfermidade física é a
enfermidade da alma causada pelo pecado. Você pode ter
um físico robusto e desfrutar de excelente saúde física, mas
se você não descansou naquele que pagou pelos seus peca­
dos, naquele que foi ferido pelas suas transgressões, você es­
tá sofrendo da doença do pecado. Ela produz eterna sepa­
ração de Deus. Reconheça hoje a sua condição desgraçada,
desesperada e perdida, sem Cristo. Confie no Salvador. Ele
lhe dará perdão, purificação e vida eterna. Olhe para Ele e
seja salvo.

55
O Cristão e a Prosperidade

Qual a situação dos cristãos antes da existência dos


seminários? Será que eles se sentiam terrivelmente desti­
tuídos sem todas essas extravagâncias orientadas para o
sucesso dos empreendimentos pessoais? Ouvimos de m ui­
tas fontes esta filosofia sobre "saúde e prosperidade". Ge­
ralmente vem embutida na fraseologia cristã e é ilustrada
com testemunhos brilhantes de sucesso.
Santos sofredores que ganham pouco e têm posses li­
mitadas sentem-se como cidadãos de segunda classe no rei­
no de Deus. Isto acontece especialmente quando ouvem
alguém proclamar: "Deus não quer que você seja pobre
ou fique doente!" "Deus quer que todos os Seus filhos
sejam prósperos". Será que isto é realmente verdade?
Temos uma fonte autorizada à qual podemos pergun­
tar: " A Palavra de Deus, a Bíblia, ensina isto?" Grande
parte da confusão sobre a questão das bênçãos temporais
e materiais surge devido a uma má interpretação das pro­
messas que Deus fez ao Seu povo terrestre, Israel.
56
A ALIANÇA DE DEUS COM ISRAEL
Leia com atenção as palavras de Jeová a essa nação re­
gistradas no livro de Deuteronômio:
Se ouvires a voz do Senhor teu Deus, virão sobre ti e te
alcançarão todas estas bênçãos:
Bendito serás tu na cidade, e bendito serás no campo.
Bendito o fru to do teu ventre, e o fru to da tua terra, e
o fru to dos teus animais, e as crias das tuas vacas e das
tuas ovelhas.
Bendito o teu cesto e a tua amassadeira.
O Senhor determinará que a bênção esteja nos teus ce­
leiros, e em tudo o que puseres a tua mão; e te aben­
çoará na terra que te dá o Senhor teu Deus (Deutero­
nôm io 28: 2 -5.8).
Observe a variedade destas bênçãos: os habitantes da
cidade ou os fazendeiros; a vida fam iliar e os negócios; o
que eles produziam e o que compravam. Deus repetiu tudo
isto nos capítulos 29 e 30.
Guardai, pois, as palavras desta aliança e cumpri-as,
para que prospereis em tudo quanto fizerdes (2 9 :9 ).
Exatamente como Deus prometeu ao povo de Israel
que ficaria imune às doenças que as nações ao seu redor so-
friam , Ele também garantiu-lhes prosperidade no lar, no
campo, no trabalho e nos negócios. Tanto a saúde física
como a prosperidade material seria deles se obedecessem
aos mandamentos de Jeová.
Tome nota disto. A prosperidade dé Israel dependia
de sua obediência a Deus. Se eles guardassem os Seus es­
tatutos, teriam o direito de esperar abundância de bens, de
gado, de terras e de dinheiro. É o mesmo princípio que en-
57
contramos enunciado em uma conhecida profecia de Ma-
laquias:
Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais,
e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas
ofertas. Com maldição sois amaldiçoados, porque a
mim me roubais, vós, a nação toda. Trazei todos os
dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento
na minha casa, e provai-me nisto, diz o Senhor dos
Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não
derramar sobre vós bênção sem medida (Ml. 3:8-10).
Onde era a casa do tesouro? Lemos em I Crônicas 26:
20 que a casa do tesouro ficava no templo. Malaquias pro­
fetizou que nos dias de Neemias, quando o sacerdócio era
corrupto, os homens de Israel casaram-se com mulheres
pagãs e o povo já não levava mais os seus dízimos e ofer­
tas à casa do tesouro do tem plo do Senhor. Nesta passa­
gem Deus os confrontou com o seu pecado. E Ele prome­
teu restauração, bênçãos multiplicadas e prosperidade ma­
terial se entre outras coisas, eles trouxessem os seus d íz i­
mos e ofertas ao templo.
Tenho certeza de que você já ouviu a citação de Mala­
quias 3 :1 0 como uma promessa para os cristãos do Novo
Testamento, dizendo que, se eles derem o dízim o, poderão
esperar que Deus os abençoe financeiramente. Eu acho esta
uma interessantíssima mas errada aplicação do versículo.
Você já pensou quanto era o dízim o dos israelitas? Núme­
ros 18:21 fala de dez por cento, dízim o esse que ia exclusi­
vamente para os levitas. Deuteronômio 12:6-17 fala de
um dízim o especial. Os dois juntos perfazem vinte por
cento. Depois, em Deuteronômio 2 6 :1 2 , lemos que em
cada terceiro ano eles deviam dar um dízim o adicional pa­
58
ra ajudar aos pobres. Tudo isso totalizava 23 e 1/3 por
cento! Para Israel, portanto, o dízim o era simplesmente
o imposto da teocracia. Mas não acabava aí! Observe que
em M alaquias3:8 Deus diz que estava sendo roubado nos
dízimos e nas ofertas. Além dos dízimos, eles deviam fazer
ofertas espontâneas ao Senhor. Estas ofertas espontâneas
eram as únicas ofertas que podemos comparar às ofertas
do Novo Testamento. "Cada um oferecerá na proporção
em que possa dar, segundo a bênção que o Senhor seu Deus
lhe houver concedido" (Deuteronômio 16:17). Portanto,
os israelitas podiam esperar as bênçãos de Deus nos assun­
tos materiais e temporais se obedecessem às Suas ordens
trazendo-lhe os dízimos (impostos) e ofertas.
Se alguém insiste em fazer dos dízimos de Malaquias
3 :1 0 o fundamento da bênção e prosperidade do cristão,
é melhor que eleve toda a porcentagem desta contribuição
até aquilo que era esperado dos israelitas.
Mas, amigo, isto não é o que Deus prometeu ao cren­
te. Foi exclusivamente para a nação de Israel. Se nós rei­
vindicarmos esta promessa, então teremos também de pre­
encher as condições. Se interpretarmos corretamente a
Palavra da verdade, faremos a devida distinção entre Israel
e a igreja. O povo terrestre de Deus recebeu promessas de
bênçãos temporais e terrestres pela obediência terrestre.
A igreja, o povo celeste de Deus, é constituída de peregri­
nos e estrangeiros neste mundo.

DEUS QUER QUE TO D O S OS C RISTÃOS


SEJAM PRÓSPEROS?

Vamos agora considerar esta importante pergunta re­


tornando ao Livro em busca da resposta. Vamos examinar
59
as experiências de alguns dos melhores servos de Deus. Pen­
se no apóstolo Paulo. Ninguém duvidaria de sua sincerida­
de, de sua devoção a Deus ou de sua obediência â vontade
de Deus. Mas ele escreveu o seguinte aos crentes de Filipos:
Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendí a
viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei
estar humilhado, como também ser honrado; de tu d o
e em todas as circunstâncias já tenho experiência, tanto
de fartura, como de fome; assim de abundância, como
de escassez (Filipenses 4: 11,12).
Espere um pouco! Paulo está dizendo que, nas suas
viagens, não teve sempre dinheiro suficiente para gastar,
nem roupas boas para vestir, ou transporte de primeira
classe, ou alojamentos luxuosos e todas essas coisas? Va­
mos deixar que o próprio apóstolo responda com as pala­
vras que usou para repreender os cristãos carnais de Co-
rinto:
. . . porque nos tornamos espetáculo ao mundo, tanto
a anjos, como a homens . . . nós (somos) fracos, e vós
fortes; vós nobres, e nós desprezíveis. Até a presente
hora sofremos fome, e sede, e nudez; e somos esbofe-
teados, e não temos morada certa (I Coríntios 4 :9-11 ).
E em II Coríntios 11, o apóstolo falou em "trabalhos e
fadigas, em vigílias muitas vezes; em fome e sede, em jejuns
muitas vezes; em frio e nudez" (v. 27).
Nunca poderia imaginar, nem foi registrado, que Paulo
fosse privado da prosperidade temporal por causa de alguma
desobediência sua ao Senhor. Como também não estou su­
gerindo que os crentes piedosos não desfrutam de riqueza
e prosperidade. Eu conheço alguns cristãos maravilhosos
60
cujas prioridades estão centralizadas em Cristo e que usam
suas muitas posses dadas por Deus para a Sua glória.
0 autor de Hebreus insiste com os leitores:
Lembrai-vos, porém, dos dias anteriores em que, depois
de iluminados, sustentastes grande luta e sofrimentos;
ora expostos como em espetáculo, tanto de oprôbrio,
quanto de tribulação; ora tornando-vos co-participan-
tes com aqueles que desse modo foram tratados. Por­
que não somente vos compadecestes dos encarcerados,
como aceitastes com alegria o espólio dos vossos bens,
tendo ciência de possuirdes vós mesmos patrim ônio
superior e durável (Hebreus 10:32-34).
A fidelidade a Cristo não garantiu a prosperidade da­
queles crentes da igreja prim itiva;antes, provocou o espólio
de seus bens.

A IG R EJA EM TO D O O M U N D O

Os cristãos do continente norte-americano têm uma


vida relativamente fácil. Até mesmo os mais pobres têm
m uito mais do que os nossos irmãos ao redor do mundo.
Papaguear a reivindicação patentemente falsa de que Deus
deseja que todos os Seus filhos sejam prósperos e tenham
sucesso é ignorar os ensinamentos do Novo Testamento e
a experiência da grande porcentagem dos membros da igre­
ja de Jesus Cristo. É ignorar o exemplo das igrejas da Ma-
cedônia que deram de sua profunda pobreza, indicando
que possuíam um outro tip o de riqueza, a "riqueza de sua
liberalidade".
O que poderiamos dizer aos nossos irmãos que estão
atualmente presos nas terríveis garras do comunismo, não
possuindo nada que possam declarar que seja realmente
61
seu? E como poderiamos deixar de considerar com amor
sacrificial os cristãos de Mali e Gana que têm a sua existên­
cia ameaçada pela seca? Permanecendo fiéis a Cristo, eles
sofreram a perda de todas as coisas. Você diria que fo i al­
guma desobediência, algum fracasso de sua parte em con­
trib u ir, que os tem privado da prosperidade? Que loucura!

A V E R D A D E IR A PROSPERIDADE
O povo de Deus, os verdadeiros crentes, consideram o
cenário mutante na terra com a seguinte perspectiva:
. . . não atentando nós nas cousas que se vêem, mas nas
que se não vêem; porque as que se vêem são temporais,
e as que se não vêem são eternas (II Coríntios 4: 18).
Quando pensamos assim, podemos olhar além do pre­
sente e reconhecer que os cristãos não são um povo terres­
tre como os israelitas de antigamente. Aquela nação rece­
beu a promessa da prosperidade material em troca da obe­
diência a Deus. A igreja, um povo celestial, que se encon­
tra atualmente peregrinando pela terra, sabe que têm à sua
espera uma herança maior. Lemos o seguinte:
Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que,
segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para
uma viva esperança mediante a ressurreição de Jesus
Cristo dentre os mortos, para uma herança inco rru p tí­
vel, sem mácula, imarcescível, reservada nos céus para
vós outros (I Pedro 1: 3 ,4 ).
Mesmo agora, a verdadeira riqueza dos filhos de Deus
encontra-se nos tesouros espirituais. Pois Deus "nos tem
abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões
celestiais em C risto" (Efésios 1 :3 ). Quem poderia colocar
62
uma etiqueta com preço na redenção que nos libertou da
servidão do pecado e da escravidão de Satanás? Que rique­
zas inestimáveis nós temos como herdeiros de Deus e co-
-herdeiros de Cristo Jesus! Quem podería estipular o valor
de ser aceito diante de Deus na pessoa do Seu Filho?
Cristão, talvez Deus na Sua vontade soberana tenha
permitido que você sempre tivesse sucesso em ganhar d i­
nheiro. Se você está fazendo sucesso no acúmulo de bens,
preste atenção no conselho do salmista, no Salmo 6 2 :1 0 :
"Se as vossas riquezas prosperam não ponhais nelas o cora­
ção". O poeta escreveu o seguinte:
Pense nisto, cristão, você mesmo:
Vale a pena fixa r o coração
Onde os animais pisam, neste chão?
Os afetos não devemos conceder
A quem de fato não os merecer.
Com pá de ouro não se cava escória,
é a moral de uma antiga história;
Nem desce a águia, diz o provérbio popular.
Lá das alturas, insetos p'ra pegar.
Podería o cristão a Deus deixar
Para um torrão de terra ir buscar?
O filho de Deus deve usar o seu dinheiro, suas posses
materiais, para a glória de Deus e o bem das almas. Dessa
forma estará transformando o seu tesouro em valores espi­
rituais e eternos.
Amigo, talvez você tenha m uito, pouco ou nada de
riquezas terrestres. Seja qual fo r o seu status financeiro,
você é um mendigo espiritual diante de Deus se ainda não
aceitou o dom da vida eterna através de Jesus Cristo. Se
você reconhecer a sua necessidade, será um candidato à Sua
63
graça. Deus salva apenas pecadores! Então, crendo que Je­
sus Cristo morreu por você, que Ele pagou por seus pecados
e que Ele ressuscitou, aceite o Filho de Deus como seu Sal­
vador.
Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de
serem feitos filhos de Deus; a saber: aos que crêem no
seu nome (João 1: 12).

64
4

Sabedoria na Enfermidade e na Adversidade

Se cada cristão fosse sadio e rico, temo que a igreja de


Jesus Cristo estaria assumindo uma atitude de convenci­
mento, auto-suficiência e presunção. Mas nem todos os
cristãos são sadios; nem todos os cristãos são prósperos. Os
crentes em Cristo estão sujeitos às enfermidades e às d ifi­
culdades financeiras como toda a gente. Mesmo assim, ca­
da cristão pode ter a sabedoria de Deus em momentos de
enfermidade e adversidade.
Nesta lição, tenho um profundo desejo de ser ú til se
você estiver enfrentando uma doença, pessoalmente ou na
sua fam ília. Ou, talvez, você esteja enfrentando uma situa­
ção embaraçosa e desconcertante de recursos financeiros
dim inuídos ou esgotados. Você já ouviu alguém citar III
João 2: "Am ado, acima de tudo faço votos por tua pros­
peridade e saúde, assim como é próspera a tua alm a". Mas
você deve enfrentar a verdade despretenciosa de que não
está bem fisicamente ou que está lutando financeiramente.
A propósito, não temos autorização para fazer da de­
claração do apóstolo João que orou pela saúde e prosperi­
dade de um homem chamado Gaio, o fundamento para
65
crer que todos os cristãos deveríam ser saudáveis e ricos o
tempo todo. Na verdade, III João 2 demonstra a ilusão da
reivindicação de que a saúde física acompanha a saúde es­
piritual.

QUANDO CHEGA A ENFERM IDADE

O que o crente deve fazer em períodos de enfermida­


de? O instinto espiritual da nova natureza, quando chega a
aflição, os problemas ou a enfermidade, fá-lo buscar o Pai
Celestial. Paulo advertiu os crentes em Filipos da seguinte
maneira:
Não andeis ansiosos de cousa alguma; em tudo, porém,
sejam conhecidas diante de Deus as vossas petições, pe­
la oração e pela súplica, com ações de graça (Filipenses
4 :6 ).

Li com m uito interesse o Diário de João Wesley. Ele


conta que, numa tarde, quando terminara de pregar, foi
tomado de grandes dores, febre alta e uma tosse terrível.
Ele disse: "Clamei a Jesus . . . Enquanto ainda falava, m i­
nhas dores desapareceram, a febre me deixou e minha fo r­
ça física retornou". Ele fala ainda de outras ocasiões em
que suas muitas enfermidades reagiram com uso de remé­
dios. Oração e medicina, uma não cancela a necessidade
da outra.
Muitos crentes podem dar testemunho junto comigo
da intervenção de Deus em resposta às orações. Quando es­
tiveram desesperados, eles, ju n to com outros cristãos sin­
ceros, fizeram a oração da fé e Deus respondeu maravilho­
samente com a cura física. Indiscutivelmente, a cura veio
de Sua mão.
66
Contudo, também é verdade que um crente que está
vivendo em completa obediência à vontade de Deus não
fica isento dos males físicos. Algumas das pessoas mais
piedosas que eu conhecí viviam afligidas por severas enfer­
midades físicas. Algumas ficaram confinadas ao leito du­
rante anos por causa de suas enfermidades. Fizeram tudo o
que deviam; oraram com fé; mas não foram curadas. Suas
enfermidades não foram por causa de pecados não confes­
sados. Elas não duvidaram de Deus, nem demonstraram
falta de fé. Mas não houve cura. Para algumas, a condição
piorou até que a morte finalmente libertou a alma remida
de um corpo desgastado e frágil, um corpo que será restau­
rado na ressurreição.
Quer Deus responda às orações pela cura ou permita
que a enfermidade continue agindo, você pode te r certeza
de que o nosso Senhor soberano não cometeu nenhum er­
ro. Quando o apóstolo Paulo foi acometido por uma en­
fermidade física, pediu ao Senhor três vezes que removesse
o seu espinho na carne. Sua oração foi respondida, mas não
da maneira pela qual ele esperava. Paulo recebeu resposta
de maneira bem mais completa do que ele (ou nós) tinha
esperado. O espinho, a enfermidade, não foi removido. A
resposta de Deus à oração de Paulo fo i simples; " A minha
graça te basta" (II Coríntios 12:9).
Paulo não tinha falta de fé. Seu corpo era um vaso te r­
restre guardando um tesouro divino (II Coríntios 4 :7 ). Ele
podia gloriar-se nas enfermidades que tinha pedido que fos­
sem retiradas. Paulo, o apóstolo, não trocaria o poder de
Cristo por alguma melhoria em sua condição física. Ele
pôde dizer: "Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas in­
júrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por
67
amor de C risto" (II Coríntios 1 2:1 0). Isso, caro amigo,
não era falta de fé, mas, antes, uma grande confiança na
sabedoria e no plano de Deus.

O EXERCÍCIO d a fé

A fé não é uma suposição cega. As condições para que


uma oração seja respondida são as seguintes: 1) pedir com
fé; 2) pedir em nome do Filho de Deus; 3) pedir de acor­
do com a Palavra de Deus; e 4) pedir de acordo com a von­
tade de Deus.
Orar pedindo que todos os cristãos sejam ricos em pro­
priedades deste mundo não seria adequado ou correto. Por
quê? Porque a Bíblia não nos dá garantia que esta seja a
vontade de Deus.
Não temos também nenhuma promessa nas Escrituras
de que seja a vontade do Pai que todos os cristãos fiquem
isentos das enfermidades. Não encontro uma linha sequer
desde o Gênesis até o Apocalipse que declare que Deus con­
cede o Seu poder em resposta à oração em cada caso de en­
fermidade física. Na verdade, o apóstolo João escreveu es­
tas palavras aos crentes da igreja do prim eiro século:
E esta é a confiança que temos para com ele, que, se
pedirmos alguma cousa segundo a sua vontade, ele
nos ouve (I João 5: 14).
Se a oração não fo r feita "de acordo com a vontade de
Deus", ela se transforma em presunção, não fé. É uma o r­
dem em lugar de um pedido. Não há nenhuma oração maior
que tenha subido ao Pai do que a oração que o Filho fez
no Getsêmane: . . contudo, não se faça a minha vontade,
e, sim, a tu a " ( Lucas 2 2:4 2).
68
Filho de Deus sofredor, você não está sozinho a carre­
gar o seu fardo, a aflição que tem de suportar. Alguns dos
maiores santos de Deus através dos séculos foram colocados
na coluna dos sofredores. O próprio Paulo tinha uma en­
fermidade, Epafrodito estava doente, Trófim o também
quando Paulo o deixou, e Timóteo tinha muitas enfermi­
dades. Pense nos hinos que temos por causa da pena ungi­
da de Fanny Crosby! Com a idade de seis semanas ela per­
deu a visão e ficou cega pelo restante de sua vida. Mas foi
capaz de escrever: "E face a face vá-lo-ei! De graça salvo,
cantarei!" Mais de 8.000 hinos foram escritos por esta
santa cega!

SABEDO RIA N A ENFERMIDADE


O que nós, os cristãos, devemos fazer quando somos
atacados por alguma enfermidade? Como devemos reagir
quando ficamos doentes? Primeiro, devemos nos julgar
diante do Senhor e confessar nossos pecados. Deste modo
nos certificaremos que a enfermidade não veio como cas­
tigo por algum pecado não confessado e não abandonado.
Segundo, devemos nos colocar nas mais cheias de graça
de nosso Pai Celestial, pedindo-lhe que nos restabeleça se
fo r da Sua vontade. Terceiro, não devemos rejeitar o con­
selho bom do médico de confiança.

Amigo, estou convencido que muitas vezes deixamos


de perceber a mão de Deus na restauração da saúde porque
não oramos e não lhe pedimos com fé para que nos cure.
Primeiro corremos ao consultório do médico ou à farmá­
cia, quando o nosso prim eiro recurso deveria ser o Pai Ce­
lestial. Que privilégio bendito nós temos, quando estamos
doentes, de buscar imediatamente o Senhor!

69
Mas, quando uma pessoa não fo r curada, isto não indi­
ca necessariamente uma falta de fé ou a presença de pecado
em sua vida. Nenhum cristão deveria esperar (ou desejar)
que as suas orações derrotassem a vontade de Deus in fin i­
tamente sábia, soberana e justa. Deus cura, mas nem sem­
pre. 0 Seu desejo é sempre o bem maior para os Seus f i­
lhos.
Cada cristão tem experiências que são permitidas por
Deus com um propósito m uito maior do que o óbvio. Duas
irmãs desesperadas enviaram um recado ao Salvador, d i­
zendo: "Senhor, está enfermo aquele a quem amas" (João
11:3 ). Elas pediram que Jesus viesse para curar a Lázaro.
Você se lembra da resposta de Cristo?
Ao receber a notícia, disse Jesus: Esta enfermidade
não é para morte, e, sim, para a glória de Deus, a fim
de que o Filho de Deus seja por ela glorificado (v. 4).
Esta enfermidade que resultou na morte de Lázaro
tinha um propósito divino. Se Lázaro não tivesse ficado
doente, esta família não teria conhecido tão pessoalmente
como conheceu a Jesus, Aquele que é a ressurreição e a
vida. A família não sabia a razão porque nosso Senhor
adiou a Sua ida a Betânia. Ele perm itiu que chegassem
"até o fu n d o " antes de demonstrar o Seu poder. Amigo
cristão, nós não precisamos conhecer os propósitos de
Deus. Alguém já disse: "Quando não conseguimos encon­
tra r a Sua mão, podemos confiar no Seu coração".
George Mueller perguntou, certa vez, durante um pe­
ríodo de enfermidade: "Senhor, porque estou sendo a fli­
gido desta maneira?" Lá no fundo do seu coração ele sen­
tiu esta resposta do Pai: "Meu filh o , isto é o melhor para
você. Se houvesse alguma coisa melhor, eu lhe daria por-
70
que o amo".

A SOBERANIA DE DEUS
Quando um cristão é afligido por alguma enfermidade
física e pela adversidade, ele olha além das causas imediatas
e fica sabendo que o Deus eterno e todo sabedoria está
operando em todas as coisas segundo o conselho de Sua
vontade. Quer seja uma oração atendida com o livramen­
to da enfermidade, ou uma oração não atendida quando a
aflição segue o seu curso; quer seja na adversidade finan­
ceira que persiste, ou na pressão da escassez financeira re­
movida com o retorno da prosperidade. Deus é soberano
no controle das vidas do Seu povo.
OS D IVIDEN DO S D A ADVERSIDADE
Acho que você já percebeu no Salmo 23, o Salmo do
Grande Pastor, um dos principais motivos para a orientação
soberana de Deus, mesmo na adversidade. "Guia-me pelas
veredas da justiça por amor do seu nom e" (v. 3). Quando
o céu está limpo e o caminho é visível, as ovelhas andam
pelos campos e facilmente se desviam do rebanho. Mas,
quando há perigo e medo, elas seguem o pastor de perto,
não se afastando dele.
Um escritor disse o seguinte: " A adversidade tem mui­
to a ver com a santificação". Muitos crentes já experimen­
taram a comunhão doce e íntima com o nosso Senhor quan­
do atraídas ao Trono da Graça pela adversidade e pela en­
fermidade. A oração assume, um significado novo quando
as petições do coração quebrantado diante do Trono da
Graça chegam como ondas do oceano quebrando na praia.
Estas palavras de Davi no Salmo 142 se tornam a nossa ora­
ção em momentos como esses:
71
Ao Senhor ergo a minha voz e clamo, com a minha
voz suplico ao Senhor. Derramo perante ele a minha
queixa, à sua presença exponho a minha tributação.
Quando dentro em mim me esmorece o espírito, co­
nheces a minha vereda (Salmo 142: 1-3).
Também já descobri esta verdade a respeito da Sua
Palavra. Os períodos de sofrimento e adversidade, física
ou financeira, nos levam à Palavra de Deus. E as promes­
sas deste Livro bendito assumem então um novo signifi­
cado.
Naturalmente o nosso desejo é ter uma boa saúde f í ­
sica e desfrutar da prosperidade. Mas, quando a adversida­
de nos leva aos caminhos da justiça e nos afasta da deso­
bediência e do pecado, os dividendos são m uito mais be­
néficos.

CONCLUSÃO
Se você está desfrutando de boa saúde, se o seu corpo
é forte e a sua mente está alerta, então ofereça "sacrifício
de louvor" a Deus (Hebreus 1 3:1 5). Reconheça, amigo
cristão, que você não pertence a si mesmo. "Porque fos­
tes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus
no vosso co rp o " que é dele (I Coríntios 6 :1 9 , 20).
Se o Pai Celestial perm itiu que você usasse a sua capa­
cidade e talentos em empreendimentos de sucesso que re­
sultaram em prosperidade, dê-lhe louvor. Não mantenha
presas na sua mão as posses materiais. Coloque-as à dispo­
sição do Doador de todo o dom perfeito. Você e todos os
outros crentes têm o privilégio de ajuntar "para vós outros
tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde
ladrbes não escavam nem roubam " (Mateus 6 :2 0 ). Lem­
72
bre-se, "onde está o teu tesouro, aí estará também o teu
coração" (Mateus 6 :2 1 ).
Talvez você não tenha saúde nem prosperidade. Mesmo
neste caso, seja sábio. No meio de sua provação você pode
apropriar-se da confortadora palavra do Salvador: " A m i­
nha graça te basta". Você pode reivindicar a palavra de
conforto: "Porque a nossa leve e momentânea tribulação
produz para nós eterno peso de glória, acima de toda com­
paração" (II Coríntios 4 :1 7 ). 0 amoroso Pai Celestial es­
tá usando a sua provação para o seu bem e para a glória dE-
le. A operação de Sua providência, sim, até mesmo a Sua
mão que corrige e ensina, talvez não seja "no momento . . .
m otivo de alegria, mas de tristeza; ao depois, entretanto,
produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados,
fru to de justiça" (Hebreus 12:11). Deus está nos modelan­
do, não para o momento presente, mas para a eternidade!

73
AUXILIO PARA
AQUELES QUE
SOFREM Richard W. De Haan

1
As Razões do Sofrim ento

Vivemos em um mundo cheio de sofrimento e dor.


Muitas e muitas vezes ouvimos a pergunta: "P or quê?"
Por que o sofrimento? Por que a enfermidade? Por que a
tragédia? Por que Deus não faz alguma coisa para resol­
ver todas estas pragas que assolam a humanidade?
Há respostas para estas perguntas? Será que real mente
satisfazem? E o que podemos fazer para enfrentar as expe­
riências desconcertantes e difíceis desta vida?
Posso lhe assegurar que a Bíblia responde a alguns dos
"p o r ques" do sofrimento humano. Quando aceitamos a
Palavra de Deus onde Ele nos dá uma explicação e confia­
mos nEle mesmo quando Ele não nos dá essa explicação,
podemos enfrentar nossas tragédias como bênçãos e os nos­
sos sofrimentos como motivos de louvor. Há um meio de
nos beneficiarmos de nossas provações, saindo vitoriosos
delas.

Richard W. De Haan, professor da Radio Bible Class, m i­


nistério mundial através do rádio, televisão e literatura.
T ítulo original em inglês:/?e/p fo r Those Who Hurt.
© 1 9 7 9 by R A D IO BIBLE CLASS

74
Nesta lição, A u x ílio Para Aqueles que Estão Sofrendo,
gostaria de sugerir quatro razões para a adversidade na vida
do cristão. Se a entendemos, torna-se bem mais fácil supor­
tar o sofrimento e a provação:
— Ela nos disciplina com amor.
— Revela a graça de Deus.
— Estimula o crescimento espiritual.
— Realça o serviço cristão.

ELA NOS DISC IPLINA COM AMOR


A primeira razão para a adversidade na vida do crente
é que ela nos disciplina com amor. O autor de Hebreus es­
creveu:
Porque o Senhor corrige a quem ama, e açoita a todo
filh o a quem recebe. É para disciplina que perseverais
(Deus vos trata como a filhos); pois, que filh o há a
quem o pai não corrige? (Hebreus 12: 6 ,7).
Sim, Deus disciplina àqueles a quem ama quando eles
se desviam e desobedecem à Sua vontade. E essa disciplina
pode vir na forma de uma enfermidade física, ou até mes­
mo a morte. Escrevendo aos crentes em Corinto, o após­
to lo Paulo advertiu-os:
Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma
do pão e beba do cálice; pois quem come e bebe, sem
discernir o corpo, come e bebe ju ízo para si. Eis a ra­
zão por que há entre vós muitos fracos e doentes, e
não poucos que dormem (I Coríntios 11: 28-30).
Eu sei que nem toda a enfermidade é resultado de pe­
cado deliberado e intencional, mas $e você é crente e está
passando por alguma aflição, eu gostaria de lhe sugerir que
75
examinasse a sua vida. Leia a Bíblia. Ao fazê-lo, peça ao
Senhor que diriga os seus pensamentos. Se determinadas
fraquezas, erros e pecados estão precisando de correção,
confesse-os. Acerte o que estiver errado. E tenha certeza
do perdão e da restauração de Deus. Reivindique a pro­
messa de I João 1 :9 : "Se confessarmos os nossos pecados,
ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos p u rifi­
car de toda injustiça".

R EV ELA A GR AÇ A DE DEUS
A segunda razão para a adversidade na vida do crente
é que ela revela a graça de Deus. Quando um dos Seus f i ­
lhos sofre, o Senhor manifesta a Sua graça sustentadora
e o Seu poder fortalecedor. Não devemos nunca imaginar
erradamente que apenas os pecadores grosseiros, ou aqueles
que são fracos na fé, é que são chamados para passar por
aflições. Em vez disso, alguns dos melhores santos de Deus
já passaram por tristezas e sofrimentos profundos. Em II
Coríntios 1 2:7 , o apóstolo Paulo nos fala sobre uma situa­
ção aflitiva e perturbadora de sua vida. Embora desfrutasse
do favor especial de Deus, ele tinha (segundo suas próprias
palavras) "u m espinho na carne, mensageiro de Satanás,
para me esbofetear, a fim de que não me exalte". O após­
to lo devia, em primeiro lugar, ter ficado m uito perturbado
com este "espinho na carne". De fato, ele orou pedindo
a sua remoção.
Por causa disto (referindo-se, naturalmente, ao seu es­
pinho na carne) três vezes pedi ao Senhor que o afastas­
se de mim (II Coríntios 12: 8).
Em vez de dar alívio a Paulo, atendendo ao desejo do
seu coração, Deus deu ao Seu servo esta resposta: " A m i­
76
nha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraque­
za" (v. 9).
A reação do apóstolo diante desta mensagem do céu
demonstra as maravilhosas alturas espirituais às quais a gra­
ça de Deus pode levar uma pessoa. Ele não se resignou sim­
plesmente com a aflição como se fosse um destino inexorá­
vel, apesar de indesejável. Em vez disso, aceitou-a sem má­
goa ou reservas.
De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas,
para que sobre mim repouse o poder de Cristo. Pelo
que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas neces­
sidades, nas perseguições, nas angústias por amor de
Cristo. Porque quando sou fraco, então é que sou
forte (II C oríntios 1 2 :9 ,1 0 ).
E por causa de uma tal atitude de submissão à vontade
de Deus para a sua vida, todos os que entravam em contato
com o grande apóstolo podiam ver uma maravilhosa de­
monstração da graça de Deus. Lembre-se, o Senhor frequen­
temente demonstra o Seu glorioso poder e a Sua graça sus-
tentadora com mais itensidade na vida dos santos sofredo­
res.
ESTIM U LA O CRESCIMENTO ESPIRITUAL
Uma terceira razão para a adversidade na vida do cren­
te é que ela estimula o crescimento espiritual. Ajuda a
transformar os filhos de Deus no tip o de pessoas que Ele
deseja que sejam. Um dos objetivos do Pai na salvação é
nos tornar semelhantes ao próprio Salvador, e nós sabe­
mos que uma tremenda transformação acontecerá na volta
de Cristo. O apóstolo João disse:
Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se
77
manifestou o que havemos de ser. Sabemos que, quan­
do ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque
havemos de vê-lo como ele é (I João 3: 2).
Sim, quando o Senhor Jesus vier outra vez, seremos
iguais a Ele! Não nos preocupa agora saber se esta mudan­
ça que João tem em mente será física ou espiritual, ou as
duas coisas. Gostaria de enfatizar, entretanto, que o pro­
cesso de nos tornarmos cada vez mais parecidos com o Se­
nhor Jesus em nossa vida deve começar agora mesmo.
O escritor de Hebreus destacou que as provações da
vida destinam-se pela vontade do Senhor, a promover o
desenvolvimento espiritual dos Seus filhos, mas este cres­
cimento acontece apenas quando o crente permite que elas
ajam. Lemos o seguinte:
Toda disciplina, com efeito, no momento não parece
ser m otivo de alegria, mas de tristeza; ao depois, en­
tretanto, produz fru to pacífico aos que têm sido por
ela exercitados, fru to de justiça (Hebreus 12: 11).
Ser devidamente exercitado quando experimentamos a
mão disciplinadora de Deus envolve um auto-exame e uma
meditação consciente sobre as realidades espirituais. Quan­
do o fazemos, o Espírito Santo produz o fruto pacífico da
justiça em nós e nos ensina lições valiosas de humildade e
compaixão. Entendemos que o Senhor poderia passar m ui­
to bem sem nós se assim o quisesse. Portanto, temos de de­
pender inteiramente dele.
Muitos de nós nunca aprendem a simpatizar verdadei­
ramente com os outros até que experimentem a adversi­
dade. Só quando sentimos pessoalmente a necessidade do
conforto e o recebemos do próprio Deus aprendemos co­
mo simpatizar com os outros. 0 apóstolo Paulo escreveu:
78
Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cris­
to, o Pai de misericórdias e Deus de toda consolação!
É ele que nos conforta em toda a nossa tribulação, pa­
ra podermos consolar aos que estiverem em qualquer
angústia, com a consolação com que nós mesmos so­
mos contemplados por Deus (II Coríntios 1: 3, 4).
Estas lições de humildade e compaixão, tornam-se, en­
tão, os meios do desenvolvimento do caráter. Crescemos
espiritualmente e nos tornamos parecidos com o nosso Sal­
vador. Lembre-se, os crentes são chamados às vezes para
sofrer a fim de se tornarem o tip o de pessoas que Deus de­
seja que sejam.

R E A LÇ A O SERVIÇO CRISTÃO
A quarta razão porque o sofrimento às vezes penetra
na vida do cristão é que ele realça o serviço cristão. Torna
o cristão mais eficiente no trabalho para o Senhor. As pro­
vações geral mente são um ingrediente vital na preparação
daqueles que são chamados para um ministério especial.
Portanto, preste atenção, filh o de Deus sofredor, não deixe
que a sua enfermidade o desanime. Antes, permita que seja
um passo para aproximá-lo mais do Senhor tornando-o
uma testemunha mais eficiente. Lembre-se, a pessoa na
qual a graça de Deus é revelada por meio da tribulação po­
de desenvolver um grande impacto para o bem. A atitude
que ela revela na hora da dificuldade e o testemunho que
dá podem ser influências maravilhosas na vida dos outros.
Muitos cristãos que se encontram sobre uma cama estão
trabalhando para Deus através de suas orações e exemplo,
o que é m uito mais do que fazem aqueles que desfrutam
de uma saúde robusta.
79
No meio do sofrimento e da dor, portanto, creia nas
promessas de Deus. Tenha certeza de que Ele está operan­
do para o seu bem com amor. E se você confiar nele e pro­
curar fazer a vontade dele, a sua vida será marcada por um
santo otimismo, um poder espiritual e uma plenitude de
alegria que honrarão a Deus.
O valor do sofrimento como meio de capacitação ao
serviço cristão ficou expresso em Colossenses 1 :2 4 , um
versículo que tem muitas vezes confundido e assustado
muitos crentes. Lemos aí o seguinte:
Agora me regozijo nos meus sofrimentos por vós; e
preencho o que resta das aflições de Cristo, na minha
carne, a favor do seu corpo, que é a igreja.
Esta expressão, "preencho o que resta das aflições de
C risto", certamente não implica em dizer que a morte sa-
crificial do Senhor Jesus fo i incompleta. No Calvário, Ele
pagou o preço total pelo pecado e destruiu o poder da m or­
te de uma vez por todas. Mas o programa de Deus para a
igreja não pôde ser plenamente realizado sem o sofrimento
da parte do Seu povo. Os sofrimentos de Paulo foram um
elemento necessário em sua vida e ministério. Sem eles,
o Senhor não poderia ter realizado os Seus propósitos nas
vidas dos santos do prim eiro século. E Paulo declarou que
ele se alegrava em sofrer em benefício deles.
Esses sofrimentos que ele suportou são chamados de
"as aflições de C risto" porque o Senhor Jesus está intim a­
mente identificado com o Seu povo quando sofremos. Eu
me lembro, em conexão com isto, das palavras de nosso
Senhor a Saulo de Tarso no dia em que ele foi impedido
na estrada para Damasco. Referindo-se às perseguições de
Saulo aos crentes, o Senhor disse: "Saulo, Saulo, por que
80
me persegues?" (Atos 9 :4 ). Toda vez em que um dos Seus
discípulos era espancado, o Senhor Jesus sentia a dor. E o
nosso Salvador realmente partilha, até o dia de hoje, das
tristezas e sofrimentos do Seu povo. Isto deveria constituir
uma fonte de grande consolo para nós quando encontramos
oposição e dificuldades em nosso serviço prestado a Cristo.
Na verdade, desde que sabemos que o sofrimento é uma
parte indispensável do programa de Deus para a Sua igreja,
podemos suportá-lo com a alegre certeza de que estamos
realizando a Sua vontade.
Concluindo, se você é um crente que está andando em
comunhão com o Senhor, você pode reivindicar a maravi­
lhosa garantia de Romanos 8 :2 8 : "Sabemos que todas
as cousas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus,
daqueles que são chamados segundo o seu propósito". Ao
passar por provações, tenha em mente estas quatro razões
para a presença da adversidade na vida dos filhos de Deus:
1) Ela nos disciplina com amor. 2) Revela a graça de Deus.
3) Estimuía o crescimento espiritual. 4) Realça o serviço
cristão.
Natural mente, todas estas verdades confortadoras só
se aplicam àquelas pessoas que já foram salvas. Se você ain­
da não aceitou o Senhor Jesus mediante a fé, você deve
focalizar a sua atenção sobre a pergunta: "Por que Jesus
sofreu e morreu por m im ?" Isso é mais importante do que
ficar imaginando o "p o r quê" do sofrimento na sua vida.
O Senhor Jesus que não tinha pecado morreu aquela mor­
te horrível na cruz para pagar o preço dos seus e dos meus
pecados. A Bíblia nos diz: "Pois também Cristo morreu,
uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para
conduzir-vos a Deus" (I Pedro 3: 18).

81
Cristo suportou o sofrimento da cruz e a sua vergonha
por você. Ele fo i condenado è morte no madeiro maldito.
Ele derramou o Seu sangue pelos seus pecados. Ele morreu
em seu lugar. Por causa do que o Senhor Jesus suportou
no Calvário, você pode agora conhecer as bênçãos da salva­
ção se confiar nele. Se ainda não o fez antes, faça-o hoje!

PARA APRENDER E CRESCER


Este estudo destina-se a desenvolver os seus conheci­
mentos e a desafiá-lo a crescer espiritualmente. As respos­
tas estão na última página.

1. Este capítulo apresenta quatro motivos para o sofrimen­


to humano. Eles são os seguintes:
a ) -----------------------------------------------------------------------------

b ) -----------------------------------------------------------------------------

c) ------------------------------------------------------------------------------

d) ------------------------------------------------------------------------------

2. De acordo com Hebreus 12: 6, 7, a quem Deus castiga?


a) A Todos.
_____ b) A seus inimigos.
_____ c) Àqueles a quem ama.

3. Leia a parte intitulada “ Estimula o Crescimento Espiri­


tu a l" e responda se as declarações abaixo são Verdadei­
ras ou Falsas:
_____ a) Deus nunca permite que os Seus grandes san­
tos sofram.
82
_____ b) Paulo pediu ao Senhor que removesse o seu
"espinho na carne" sete vezes.
_____ c) O Senhor finalmente atendeu o pedido de
Paulo e removeu o espinho.
--------- d) Paulo nunca aceitou a sua aflição nem g lo rifi­
cou a Deus por ela.
_____ e) A graça de Deus é suficiente para todas as ne­
cessidades.
_____ f) Deus é glorificado quando suportamos as a fli­
ções com a Sua graça.

DESAFIO: Leia II Coríntios 1 2:9 , 10. Você pode dizer o


mesmo sobre a aflição pela qual está passando atualmente?

4. Quais as lições que podemos aprender através das a fli­


ções?
a) ______________________________________________

b) _____________________________________________

5. Leia II Coríntios 1 :3 ,4 . Qual o m otivo que esta passa­


gem nos apresenta para Deus nos consolar em nossas
aflições?_________________________________________

6. De que duas maneiras o cristão sofredor pode influen­


ciar os outros?
a) ______________________________________________

b) ______________________________________________

83
7. Qual a passagem da Bíblia que nos ensina que quando o
crente sofre. Cristo partilha dos seus sofrimentos?
-------- a) Atos 9 :4 .
-------- b) Romanos 13:1.
-------- c) I Timóteo 6 :6 .

84
2

O Benefício do Sofrim ento

Um exemplo clássico e notável d '' sofrimento humano


se encontra nas experiências do patriarca Jó. Ele foi priva­
do de suas propriedades, perdeu todos os filhos e fo i afligi­
do por uma enfermidade física dolorosa. Até mesmo sua
esposa lhe disse: "Amaldiçoa a Deus, e m orre". Mas isso
apenas aumentaria ainda mais a sua miséria. Além do mau
conselho de sua esposa, os seus amigos (os quais ele mais
tarde chamou de "consoladores molestos") também falha­
ram na hora da necessidade.
Eles o acusaram de acolher o pecado em sua vida, d i­
zendo que a sua condição trágica era devido ao castigo de
Deus por sua transgressão. Como sabemos, entretanto, as
acusações eram falsas. O sofrimento de Jó não era o resul­
tado da ira de Deus. Na verdade, lemos que ele era "h o ­
mem íntegro e reto, temente a Deus, e que se desviava do
m al" (Jó 1 :1 ). Em suas provações ele foi capaz de excla­
mar:
Mas ele sabe o meu caminho; se ele me provasse, sairia
eu como o ouro (Jó 23: 1).
85
Oh! eu sei que Jó fez algumas declarações irrefletidas.
Mas, mesmo quando não conseguiu perceber os motivos de
sua triste condição e quando estava perplexo por causa de
sua aflição, ouvimo-lo dizendo: "A inda que ele me mate,
nele esperarei" (Jó 13:15). Com a revelação que Deus deu
em Sua Palavra, temos conhecimento adicional. Se Jó pôde
ser vitorioso depois de perder todos os seus filhos, sofrendo
de uma desesperadora enfermidade física, sendo malenten­
dido por seus amigos, nós certamente podemos ser v ito rio ­
sos em nossas provações. Gostaria de sugerir três maneiras
de se beneficiar do sofrimento. São as seguintes:
— Submeta-se à vontade de Deus.
— Confie na providência de Deus.
— Mantenha a perspectiva divina.
SUBMETA-SE À VO NTADE DE DEUS
Se você já aceitou Cristo como Salvador e quer ser
vitorioso nas provações da vida, tem de se submeter à von­
tade de Deus. Sim, você deve aproximar-se do Senhor com
uma humilde oração de submissão na hora da provação.
Em outras palavras, quando você estiver orando por cura
ou libertação de alguma situação d ifíc il, tenha a certeza de
que o faz em uma atitude de completa submissão ao que
Deus considera o melhor para você. Orar quando temos
problemas é uma reação normal, mesmo quando o interes­
se de uma pessoa nas coisas espirituais é pouco ou insigni­
ficante. Um grito desesperado pedindo a ajuda do Senhor
é tão natural quanto o grito de um homem que está se afo­
gando.
Contudo, o cristão amadurecido fará mais do que sim­
plesmente pedir a cura quando estiver doente ou pedir uma
saída em situações difíceis. A sua oração deve incluir sem-
86
pre: "Seja feita a tua vontade". Às vezes não é da vontade
de Deus nos dar as coisas que pedimos. Talvez ele tenha um
plano melhor. Ele pode perm itir que a nossa aflição prossi­
ga e, assim, nos levar a uma comunhão mais íntima com
Ele. Talvez Ele prefira nos usar em nossa tristeza ou dor
como veículos para a demonstração de Sua glória e graça.
Podemos estar absolutamente certos de que Deus vai
nos curar ou intervir em nossa situação perturbadora se fo r
o melhor. Mas, às vezes, isso não acontece. As epístolas,
por exemplo, mencionam certos cristãos dedicados que
Deus não libertou de suas dificuldades nem curou de suas
enfermidades. Estou pensando agora no apóstolo Paulo.
Em II Coríntios 12 ele falou do seu "espinho na carne".
Talvez fosse alguma enfermidade física. Certamente não
era um problema espiritual tal como a sensualidade. Se fos­
se, ele nunca poderia ter d ito : "De boa vontade, pois, mais
me gloriarei nas fraquezas" (v. 9). Não, não era esse o seu
"espinho na carne". Devia ser algum problema físico do
qual ele não conseguia alívio. E mesmo pedindo ao Senhor
que removesse este espinho doloroso e perturbador em
três diferentes ocasiões. Deus não o removeu. Em vez dis­
so, era da Sua vontade usar o apóstolo, com este incômodo,
para a Sua grande glória.

Dois outros exemplos de pessoas que não foram mila­


grosamente curadas são T rófim o e Timóteo. Em II Corín­
tios 4: 20, Paulo disse que deixou o seu fiel irmão Trófim o
em Mileto porque estava doente. Lemos também que T i­
móteo sofria de um problema do estômago e diversas outras
enfermidades. Mas Paulo não disse nada sobre fazer uma
reunião de cura ou perseverar em oração. Em vez disso, ele
deu este conselho:
87
Não continues a beber somente água; usa um pouco
de vinho, por causa do teu estômago e das tuas fre-
qüentes enfermidades (I Tim óteo 5: 23).
Contudo, apesar desses exemplos, há pessoas que têm
a idéia errada de que todas as enfermidades serão curadas
contanto que haja uma fé suficientemente forte. Mas ouça,
amigo, você acha que Paulo continuou sofrendo do seu pro­
blema porque a sua fé era demasiadamente fraca? Você
acha que T rófim o e Timóteo continuaram doentes porque
nem Paulo nem eles tinham suficiente confiança em Deus?
Claro que não! Simplesmente não fo i a vontade de Deus
curá-los.

Quando nos encontramos em circunstâncias perturba­


doras, devemos acompanhar as nossas petições com esta
oração de humilde submissão: "Senhor, seja feita a Tua
vontade". Então, anime-se sabendo que se Deus não aten­
de o seu desejo de santo sofredor, você está em companhia
maravilhosa. Paulo expressou contínua angústia por causa
do seu "espinho na carne". Timóteo teve as suas enfermi­
dades. Epafrodito serviu a Deus zelosamente e mesmo as­
sim ficou doente e quase morreu. E Trófim o, um dos fiéis
cooperadores de Paulo, estava doente na última vez em que
o apóstolo esteve com ele.

Em vez de ficar olhando para a sua aflição como se


fosse um sinal de que Deus não o ama, veja-a como um
sinal do Seu favor. A Bíblia diz:
Porque o Senhor corrige a quem ama, e açoita a todo
filh o a quem recebe. É para disciplina que perseverais
(Deus vos trata como a filhos); pois, que filh o há a
quem o pai não corrige? (Hebreus 12: 6 ,7 ).

88
Nunca pense de si mesmo como se Deus o tivesse es­
quecido. Antes, veja-se, no caso de já ter nascido de novo,
como um dos Seus filhos prediletos. Então você poderá
descansar na certeza e na crença de que todas as coisas
cooperam para o melhor. O apóstolo Paulo escreveu:
Sabemos que todas as cousas cooperam para o bem
daqueles que amam a Deus, daqueles que são chama­
dos segundo o seu propósito (Romanos 8: 28).
Talvez você não entenda o que está acontecendo. Tu­
do parece estar cooperando para o mal. Mas, lembre-se, o
Senhor sabe o que está fazendo. E algum dia, quando você
tive r o conhecimento perfeito, olhará para trás, apreciando
e agradecendo a Deus por cada circunstância de sua vida,
até mesmo aquelas que agora são dolorosas e perturbadoras.
Sim, quando orar pedindo alívio do sofrimento e da
dor, ore: “ Senhor, seja feita a Tua vontade" em vez de exi­
gir uma cura ou uma libertação milagrosa. 0 escritor de
Hebreus nos incentivou dizendo:
Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, ju n to ao
trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e
acharmos graça para socorro em ocasião oportuna (He­
breus 4: 16).
Vamos orar sempre dentro da vontade de Deus.

CONFIE N A PROVIDÊNCIA DE DEUS


Tendo orado com atitude verdadeiramente submissa
para ser vitorioso nas provações da vida, você deve também
confiar na providência de Deus. O Senhor quer que você
confie nele implicitamente. E a sua fé aumentará se você
estudar a Bíblia, obedecer às Suas ordens e apropriar-se
89
das maravilhosas verdades que ela revela sobre o Senhor e a
provisão dEle para as suas necessidades.
Uma tremenda fonte de certeza e confiança é o conhe­
cimento que podemos ter de Deus. Ele é infin ito em poder,
em sabedoria e em amor. E devemos continuar crendo em
Seu poder, Sua sabedoria e Seu amor mesmo quando as
aparências e as experiências da vida parecem indicar o con­
trário. Estou pensando em Marta e Maria quando o seu ir­
mão ficou doente. Você deve se lembrar que o escritor do
evangelho nos conta que o Senhor Jesus permaneceu onde
estava por mais dois dias mesmo depois de receber a mensa­
gem sobre a enfermidade de Lázaro. Eu posso imaginar as
duas irmãs dizendo: "Bem, acho que Jesus não se importa
m uito conosco. Ele deve estar ocupado demais com outras
pessoas. Nós simplesmente não contamos. Outros estão
recebendo a Sua atenção". Mas como elas estavam erradas
se pensavam assin, ainda que as aparências pudessem justi­
ficar uma idéia dessas. João tornou m uito claro que a a titu ­
de de nosso Senhor para com os Seus amigos não mudou. 0
apóstolo escreveu:
Ora, amava Jesus a Marta, e a sua irmã e a Lázaro.
Quando, pois, soube que Lázaro estava doente, ainda
se demorou dois dias no lugar onde estava (João 11: 5,
6 ).
Somos informados que Jesus os amava (isto é, à Marta,
Maria e Lázaro), mas mesmo assim demorou dois dias para
atendê-los! Parece uma contradição, não parece? E tenho
certeza de que as irmãs não puderam entender por que Je­
sus demorou-se para vir, perm itindo que seu irmão morres­
se. O Senhor tinha um bom m otivo. A enfermidade de
Lázaro, como também a sua morte (que ocorreu durante
90
a delonga do Senhor) e ressurreição foram para a glória de
Deus e bênção de outras pessoas.
Amigo cristão, vamos ter a coragem de confiar em Deus
implicitamente. Vamos nos lembrar de que Ele não vê as
coisas como nós as vemos. Como também Ele não tem
obrigação de agir como nós agiriamos. O profeta Isaías
escreveu:
Porque os meus pensamentos não são os vossos pensa­
mentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos,
diz o Senhor, porque, assim como os céus são mais al­
tos do que a terra, assim são os meus caminhos mais
altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamen­
tos mais altos do que os vossos pensamentos (Isaías
55: 8, 9).
Podemos achar que alguma coisa é mais apropriada
para nós, mas podemos estar errados. Só Deus sabe o que
é o melhor. Vamos colocar a nossa confiança nele e crer
de todo o nosso coração que ele "faz tudo perfeito". De­
pois que M ilton ficou cego ele escreveu sua melhor obra
de literatura cristã. Depois que Handel ficou paralizado de
um lado e tão pobre que os seus credores o ameaçaram de
pôr na cadeia, ele produziu os seus oratórios mais famosos.
Quando John Bunyan fo i preso, geralmente passando fome
e frio , escreveu o conhecido livro, O Peregrino.
Muitos exemplos poderíam ser apresentados de pessoas
que serviram o Senhor com maior eficiência depois que pas­
saram pelo infortúnio, por enfermidades ou perdas doloro­
sas. Estas experiências desagradáveis são bênçãos disfarça­
das para o povo do Senhor. Lembre-se, o Criador e o Man­
tenedor do mundo não perfeu o controle. Além disto, Ele
6 amoroso demais para ser cruel e sábio demais para come­
91
ter um erro. Por isso ponha a sua confiança nEle, sejam
quais forem as circunstâncias. Ele vai atender a cada uma de
suas necessidades agora e lhe dará uma eternidade gloriosa­
mente bendita.

M A N T E N H A A PER SPEC TIVA D IV IN A

Para obter a vitória nas provações da vida, devemos


manter a perspectiva divina. Você tem de olhar para a vida
e os seus sofrimentos do ponto de vista da eternidade. 0
apóstolo Paulo fez isso e que diferença! Ele escreveu:
Porque para mim tenho por certo que o$ sofrimentos
do tempo presente não são para comparar com a gló­
ria por vir a ser revelada em nós (Romanos 8 :1 8 ).

Mais tarde ele disse:


Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz
para nós eterno peso de glória, acima de toda compara­
ção, não atentando nós nas cousas que se vêem, mas
nas que se não vêem; porque as que se vêem são tempo­
rais, e as que se não vêem são eternas (II Coríntios 4:
1 7 ,1 8 ).

Portanto, mantenha a devida perspectiva.


Um jovem que faz a faculdade de medicina tem de tra­
balhar muito. Tem de fazer muitos sacrifícios. Toda a ex­
periência às vezes parece extremamente d ifíc il e longa. Mas,
na verdade, aqueles anos de preparo são curtos quando
comparados à vida da prática da medicina. Manter a devida
perspectiva é de tremenda importância! É isso que mantém
o estudante de pé. Isto também acontece com o cristão.
Alguns cristãos regenerados talvez vivam em choupanas
aqui na terra, mas passarão a eternidade em mansões lá na
92
Glória. Alguns talvez tenham corpos deformados e sofram
muitas dores, mas um dia trocarão os seus corpos de hum i­
lhação por aqueles gloriosos, além de qualquer descrição!
Jamais se cansarão novamente. Nunca mais precisarão de
um hospital. Nunca mais precisarão de operações. E nunca
mais sentirão dores. Podemos agüentar melhor as prova­
ções atuais quando olhamos para a frente antecipando o
tempo quando entenderemos tudo perfeitamente, e quando
todos os sofrimentos e tristezas da vida terão acabado pa­
ra sempre. 0 que são estes poucos anos de existência aqui
comparados com a eternidade lá.

Lembre-se, cristão amigo, a Bíblia não nos oferece uma


exceção coletiva da dor, da tristeza e da morte. Contudo,
há um meio de enfrentar a vida com suas alegrias e triste­
zas, com os seus prazeres e sofrimentos, de maneira eficien­
te. E isto se faz quando:

Submetemo-nos à vontade de Deus, porque Ele sabe


o que é melhor para nós.

Descansamos na providência de Deus, porque podemos


depender dEle para realizar o que é melhor.

Mantemos uma perspectiva divina, porque Ele é capaz


de realizar o Seu plano perfeito cabalmente.

Vem o dia quando todas as dificuldades e provações


desta vida parecerão como nada quando comparadas com
as glórias e as bênçãos que vamos desfrutar. Quando os pro­
blemas e os desapontamentos surgirem no seu caminho (e
eles surgirão), lembre-se de confiar e obedecer. Aquele an­
tigo hino fam iliar nos conta:
93
Em Jesus confiar, sua lei observar,
Oh! que gozo, que bênção, que paz!
Satisfeito guardar, tudo quanto ordenar,
Alegria perene nos traz.
Crer e observar tudo quanto ordenar;
O fiel obedece ao que Cristo mandar!
PARA A PR E N D ER E CRESCER

(As respostas se encontram na últim a página.)


1. A quem o autor identificou como um exemplo clássico
de sofrimento humano na B íb lia ? ___________________

2. Embora Jó fizesse algumas declarações precipitadas, con­


tinuou confiando em Deus. Como você pode sair-se vi­
torioso em suas provações?
a) -----------------------------------------------------------------------------

b) --------------------------- ---------------------------------------------------

3. Mencione três preso na Iidades do Novo Testamento que


não foram curadas de suas enfermidades, incluindo as
referências.
a ) -----------------------------------------------------------------------------

b) ______________________________________________

c) ------------------------------------------------------------------------------

4. Em períodos de provação, quais os atributos de Deus


que devemos lembrar? ( Veja à pág. 89).
• a) ------- ---------------------------------------------------------------------

94
b ) ----------------------------------------------------------------------------

c) ------------------------------------------------------------------------------

5. Que três homens notáveis produziram obras importan­


tes depois de seriamente afligidos?
a ) ------------------------------------------------------------------------ _

b) -----------------------------------------------------------------------------

c) -----------------------------------------------------------------------------

6. Cite duas passagens das obras do apóstolo Paulo que pro­


vam que ele via a adversidade do ponto de vista da eter­
nidade.
a) -----------------------------------------------------------------------------

b ) ----------------------------------------------------------------------- ---

PARA VOCÉ PENSAR: Você cresceu espiritual mente atra­


vessando alguma aflição em sua vida? Você foi uma bênção
para os outros na adversidade?

95
3

Vencendo a Depressão

Os rostos que vemos pelas ruas e as conversas que te ­


mos com os amigos podem às vezes deixar a impressão de
que as pessoas de um modo geral são serenas e felizes. Mas,
se pudermos passar um dia no escritório de um ministro ou
conselheiro experiente, ou se tivermos uma conversa séria
e franca com os nossos vizinhos, teremos uma impressão
diferente. Concluiremos que o mundo está cheio de pessoas
que são infelizes, desanimadas e sofredoras. Muitas, na ver­
dade, simplesmente passam pela vida mascarando seus ver­
dadeiros sentimentos de desalento. Em alguns casos, pas­
saram-se meses e até mesmo anos desde que realmente des­
frutaram de alguma coisa. Interessam-se pouco pelo seu
trabalho. São retraídos. Estão descontentes e irritados.
Acham-se inúteis. Vacilam entre a auto-acusação e a auto-
justificação. Falam de seus pesados sentimentos de culpa.
Sentem-se cansados o tempo todo. Não conseguem dorm ir.
Queixam-se de todo tip o de dores. Às vezes gostariam de
morrer. E não é para nos admirar!
Pesquisas médicas mostram que tais pessoas têm mais
ataques do coração e uma incidência maior de câncer e ar­
trite do que a população como um todo. A tensão interior
96
contínua parece interferir com as funções naturais do cor­
po.
Nesta lição vamos considerar cinco passos importantes
para vencer a depressão, uma das piores aflições humanas.
São os seguintes:
— Reconheça a providência de Deus.
— Adm ita as prerrogativas de Deus.
— Aceite o perdão de Deus.
— Seja rico no amor de Deus.
— Aproprie-se das provisões divinas.
RECONHEÇA A PROVIDÊNCIA DE DEUS
O primeiro passo para vencer a depressão é reconhecer
a providência de Deus. Você deve reconhecer que Deus o
criou, que Ele tem um propósito para a sua vida e que Ele
tem em mente o seu bem eterno.
Muitas pessoas ficam insatisfeitas e queixam-se de sua
aparência, de seu temperamento, de sua capacidade e das
circunstâncias que as rodeiam. Elas exageram os pontos
negativos e ignoram os positivos. É verdade que algumas
pessoas parecem receber mais do que merecem do que o
mundo chama de "azar". São fisicamente deformadas.
São solitárias. Estão cronicamente enfermas e são pobres.
Mas o reconhecimento da providência de Deus e o fato de
que Ele tem um lugar especial e um propósito único para
cada um de nós pode nos proporcionar paz de espírito e
um coração cheio de alegria. Isto acontece mesmo quando
tu do parece andar errado e quando temos aquele sentimen­
to de termos sido roubados. Quando você tiver vontade de
se queixar por causa das circunstâncias, lembre-se, Deus
sabe o que está acontecendo. Ele sabe o que está fazendo.
Ele não comete erros. E o que Ele faz sempre está certo.
97
Referindo-se ao Senhor Deus, Moisés declarou:
Eis a Rocha! Suas obras são perfeitas, porque todos os
seus caminhos são ju ízo ; Deus é fidelidade, e não há ne­
le injustiça; é justo e reto (Deuteronômio 32: 4).
Sim, estamos nas mãos daquele que é "justo e reto".
A D M IT A AS PRERROGATIVAS DE DEUS
0 segundo passo para vencer a depressão é adm itir as
prerrogativas de Deus. Você deve reconhecer que Deus
tem um direito absoluto e perfeito de fazer com você o
que lhe agrada. 0 apóstolo Paulo fez a seguinte declaração
interessante e bastante impressionante quanto à soberania
de Deus:
Que diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? De
modo nenhum. Pois ele diz a Moisés: Terei misericór­
dia de quem me aprouver ter misericórdia, e compade-
cer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão. Assim,
pois, não depende de quem quer, ou de quem corre,
mas de usar Deus a sua misericórdia. Porque a Escritu­
ra diz a Faraó: Para isto mesmo te levantei, para
mostrar em ti o meu poder, e para que o meu nome
seja anunciado por toda a terra. Logo, tem ele miseri­
córdia de quem quer, e também endurece a quem lhe
apraz. Tu, porém, me dirás: De que se queixa ele ainda?
Pois quem jamais resistiu à sua vontade? Quem és tu , ó
homem, para discutires com Deus?! Porventura pode o
objeto perguntar a quem o fez: Por que me fizeste
assim? Ou não tem o oleiro direito sobre a massa, para
do mesmo barro fazer um vaso para honra e o utro para
desonra? Que diremos, pois, se Deus querendo mostrar
a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com
98
muita longanimidade os vasos de ira, preparados para a
perdição, a fim de que também desse a conhecer as
riquezas da sua glória em vasos de misericórdia, que
para glória preparou de antemão . . .? (Romanos 9:
14-23)
Quando você se sentir tentado a queixar-se de suas cir­
cunstâncias, quando você sentir pena de você mesmo por­
que tudo parece estar saindo erj-ado, quando você estiver
melancólico porque os outros tem tanta coisa mais do que
você, lembre-se das palavras de Paulo em Romanos 9: 20:
Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?! Por­
ventura pode o objeto perguntar a quem o fez: Por que
me fizeste assim?
Deus tem o direito de fazer conosco o que lhe agrada.
E nós como criaturas dele devemos aceitar o que Ele nos dá.
Na verdade, devemos nos regozijar quando Ele exerce a Sua
soberania e devemos ter confiança de que os Seus caminhos
são perfeitos. Quando Abraão intercedeu com o Senhor
em benefício de Sodoma e Gomorra, ele disse: "N ão fará
justiça o Juiz de toda a terra?" (Gênesis 18:25). Portanto
admita as prerrogativas de Deus. Em lugar de se queixar de
suas circunstâncias, regozije-se na bondade de Deus, na Sua
sabedoria e no Seu poder. Submeta-se alegremente à Sua
vontade. Ao fazê-lo, haverá uma tremenda diferença em sua
perspectiva total.
ACEITE O PERDÃO DE DEUS
O terceiro passo para vencer a depressão é aceitar o
perdão de Deus. É vital para a remoção da depressão. A
culpa, quer envolva pecados reais, específicos do passado,
ou simplesmente um sentimento generalizado de pecado,

99
é um aspecto básico do problema. A pessoa atormentada
por uma consciência culpada encontra-se numa situação
desesperadora. Ela não se ama. Ela não consegue amar os
outros. Ela acha que não é amada. E mergulha cada vez
mais em um estado de desânimo.

Portanto é imperativo começar o caminho para fora


das trevas da depressão aceitando o perdão e a libertação
real da culpa que Deus tão graciosamente oferece. Para o
incrédulo, isto significa uma aceitação do Senhor Jesus
Cristo como Salvador. Embora haja uma coisa que nós
chamamos de culpa falsa, este fato de maneira nenhuma
acaba com a culpa real. A pessoa que nunca foi salva deve
reconhecer o seu pecado e deve aceitar Cristo como Salva­
dor. O Senhor Jesus, através de Sua vida perfeita, Sua
morte sacrificial e Sua gloriosa ressurreição, pagou o preço
pelos nossos pecados. A Bíblia nos diz o seguinte:
Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada
um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair
sobre ele a iniqüidade de nós todos (Isaías 5 3 :6 ).
Para todos aqueles que crêem nEle, a morte de Cristo
na cruz proporciona libertação do torm ento da culpa, a lí­
vio da tensão e libertação do horrível sentimento de indig­
nidade e alienação de Deus. Sim, temos maravilhosas bên­
çãos emocionais e espirituais à espera daqueles que con­
fiam em Cristo para a salvação e que experimentam a rea­
lidade do perdão dos pecados.
Cada crente deveria sentir paz e alegria, mas infeliz­
mente muitos andam atormentados por horríveis senti­
mentos de culpa. Não se sentem perdoados. Parece que
têm algum conhecimento do que a Bíblia diz sobre o per­

100
dão, mas não se sentem felizes no Senhor. Posso ouvir al­
guém dizer: "O h! sim, há muitos anos atrás experimentei
a alegria da salvação. Mas agora as coisas são diferentes.
Não consigo mais viver uma vida vitoriosa. Tenho uma
consciência tão culpada".
Amigo, se é o seu caso, a solução é simples. Exatamen­
te como você aceitou a palavra de Deus quando aceitou o
Senhor Jesus como Salvador experimentou a emoção da
redenção, aceite a Sua palavra agora para a purificação da­
queles pecados diários que o prejudicam e o perturbam.
O apóstolo João escreveu:
Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo
para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda
injustiça (I João 1 :9 ).
Lembre-se, Deus quer perdoá-lo. Portanto, confesse-
-Ihe os seus pecados, concorde com Ele sobre o seu fracas­
so e, então, aceite o Seu perdão, a Sua purificação e a remo­
ção da culpa. É essencial que você passe das trevas da de­
pressão para a luz da paz e da segurança.

SEJA RICO NO AMOR DE DEUS


O quarto passo para vencer a depressão é ser rico no
am ordeD eus. Jesusdisse:
Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de
toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Este
é o grande e prim eiro mandamento. O segundo, seme­
lhante a este, é: Amarás o teu próxim o como a ti mes­
mo (Mateus 22: 37-39).
Sim, você deve ser rico no amor de Deus. Com isto eu
quero dizer que você deve amar o Senhor de maneira supre­
101
ma e o seu próxim o como a si mesmo. Quando o fizer, es­
tará tão ocupado adorando e servindo o Senhor e fazendo
coisas para os outros que não terá tempo de pensar em
seus próprios problemas. E por causa da satisfação que vo­
cê vai experimentar com uma vida assim de abnegação e ser­
viço, será mais fácil aceitar-se como você é. O amor de Deus
permeando a sua vida e atingindo os outros fará de você
uma pessoa mais atraente e mais agradável. Os outros gos­
tarão da sua companhia e você ganhârá novos amigos.
Se você tem sido egoísta, peça a ajuda de Deus para
começar a demonstrar um interesse genuíno pelos outros.
Procure uma pessoa que precisa de um amigo. Procure ser­
vir os outros. Sempre há uma coisa que você pode fazer.
E quando você começar a fazer o que Deus quer que você
faça, e quando você fo r rico no Seu amor, você terá dado
um outro passo no caminho da libertação da depressão.

APROPRIE-SE DAS PROVISÕES D IV IN A S

O quinto passo para vencer a depressão é apropriar-se


das provisões divinas. Tendo reconhecido a Sua providên­
cia, tendo-se se submetido às Suas prerrogativas, tendo acei­
tado o Seu perdão e tendo alcançado os outros com a de­
monstração do amor de Deus, você deve agora exercitar a
fé na apropriação das bênçãos do Senhor. Mas você não
conseguirá nunca fazê-lo com as suas próprias forças.
Talvez você pergunte: "Com o posso me apropriar das
provisões de Deus?" 0 prim eiro passo é pensar em tu do o
que Ele tem feito por você! Reflita na sua salvação. Ele
lhe deu uma nova vida através do milagre da regeneração.
Ele colocou o Espírito Santo em você. Ele lhe deu a Sua
justiça. Ele o tornou um cidadão dos céus. Ele o introdu-
102
ziu na Sua família. Ele o abençoou com a igreja e a comu­
nhão dos outros crentes. Ele lhe prometeu a Sua orienta­
ção. Ele garante que suprirá todas as suas necessidades.
E Ele o convida a se aproximar do tron o da graça para re­
ceber ajuda na hora da necessidade.
Reconhecendo a abundante provisão de Deus, você se
valerá de Sua força e será capaz de fazer o que é certo. Vo­
cê começará a se sentir melhor. E você será libertado da
derrota espiritual.
Fico imaginando se você não deixou que a depressão
acabasse com tudo o que é bom em você? Você está aba­
tido? Com medo? Desanimado por causa dos fracassos em
sua vida cristã? Então quero aconselhá-lo a dar os cinco
passos que estivemos discutindp. Ei-los novamente: 1) Re­
conheça a providência de Deus. 2) Adm ita as prerrogati­
vas de Deus. 3) Aceite o perdpo de Deus. 4) Seja rico no
amor de Deus. 5) Aproprie-se cjas provisQes divinas.
Quando você fizer isso, verá como a sua vida vai se
modificar. O desânimo será substituído pela alegria, o me­
do pela confiança, a amargura pelo amor. Você se sentirá
mais atraente para os outros e para você mesmo. E, acima
de tudo, você proporcionará honra a Deus. Lembre-se,
amigo cristão, somos destinados para a eterna glória de nos­
so Senhor Jesus Cristo. O melhor ainda está por vir. Deve­
mos dizer junto com o apóstolo Paulo:

. . . mesmo que o nosso homem exterior se corrompa,


contudo o nosso homem interior se renova de dia em
dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação pro­
duz para nós eterno peso de glória, acima de toda com­
paração, não atentando nós nas cousas que se vêem,
mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são
103
temporais, e as que se não vêem são eternas (II Corfn-
tios 4 :16-18).
Os cuidados e as preocupações desta vida ficam menos
confusas quando as encaramos à luz da eternidade. Portan­
to , mantenha os seus olhos fixos no que é eterno e não no
que é temporal. Isto também ajuda a dissipar as nuvens da
depressão. Eu gosto do que o apóstolo Paulo escreveu em
Filipenses 4:
Não andeis ansiosos de cousa alguma; em tudo, porém,
sejam conhecidas diante de Deus as vossas petições,
pela oração e pela súplica, com ações de graça. E a paz
de Deus, que excede todo o entendimento, guardará
os vossos corações e as vossas mentes em Cristo Jesus
(Filipenses 4: 6 ,7 ).
Antes de experimentar a paz DE Deus, você tem de co­
nhecer prim eiro a paz COM Deus. Ela vem quando confia­
mos no Senhor Jesus Cristo. Ele disse: "Eu sou o caminho,
e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por m im "
(João 1 4:6), Portanto admita o seu pecado e a sua necessi­
dade de salvação e aceite o Senhor Jesus. Então, quando es­
tiver caminhando com o Senhor em fé e obediência, você
experimentará a paz COM Deus e a paz DE Deus.

PARA APRENDER E CRESCER


(As respostas se encontram na últim a página.)
1. Você está atualmente enfrentando a depressão?-------------

2. Quais os cinco passos que o cristão pode dar para ven­


cer a depressão, conforme fo i explicado nesta lição?

a)
104
b ) --------------------------------------------------------------------------

c) ------------------------------- ----------------------------------------------

d) --------------------------------------------------- ------------------------

e) -— _------------------ ----------------------------------------------------

3. Quais os três elementos sugeridos pelo autor como par­


te do reconhecimento da providência de Deus? (Veja à
pág. 98).
a) ------------------------------------------------------------------------------

b) ------------------------------------------------------------------------------

c) ------------------------------------------------------------------------------•

4. Leia Romanos 9 :2 0 . O que este versículo nos diz sobre


o relacionamento de Deus conosco?_________________

DESAFIO: Você está pronto a deixar que Deus faça por


você o que Ele desejar?

5. Leia a seção intitulada "A ceite o perdão de Deus" e d i­


ga se as declarações abaixo são Falsas ou Verdadeiras.
_____ a) A culpa é uma causa básica da depressão.
_____ b) Uma pessoa que sofre de sentimento de culpa
tem dificuldade de se amar e amar aos outros.
_____ c) Deus oferece a libertação da culpa do pecado
por meio da salvação.
_____ d) Cristo não assumiu a culpa e a penalidade de
todos os nossos pecados na cruz.
105
--------- e) Os cristãos não têm nunca problemas de
culpa.
-------- f) Deus perdoará os nossos pecados diários se
aceitarmos a Sua palavra.
DESAFIO: Você já aceitou o perdão de Deus pelos seus pe­
cados?
6. Se você ama a Deus de maneira suprema e ao seu pró­
xim o como a si mesmo, você não terá tempo para o quê?
--------- a) Endireitar os erros da sociedade.
-------- b) Corrigir os erros do seu próximo.
--------- c) Pensar nos seus próprios problemas.

106
4

Cura Física

Ao concluir nossa série de estudos sobre o sofrimento


humano, gostaria de pensar na questão da cura milagrosa,
um assunto que tem despertado considerável controvérsia.
Há aqueles, e nós estamos entre eles, que incentivam os
doentes e procurar um médico quando é necessário. Não
os aconselhamos a assistir reuniões de cura. Não lhe envia­
mos peças de roupa sobre as quais tenhamos orado. Não
lhes dizemos que a vontade do Senhor é que ninguém f i ­
que doente e que eles serão curados se exercitarem a sua
fé em Deus que é bom.
Embora reconheçamos que Deus pode curar, não acre­
ditamos em "curandeiros divinos". Também reconhecemos
que embora Deus possa curar, às vezes não é da Sua vontade
fazê-lo. Embora reconheçamos que Deus pode curar sem
nenhuma ajuda de nossa parte, Ele espera que usemos os
meios que colocou à nossa disposição. Devemos agradecer
ao Senhor por todos os benefícios que a ciência médica
tem providenciado.
Por outro lado, há aqueles que, em lugar de encorajar
os doentes a procurar um médico de confiança, prometem-
-Ihes curas milagrosas se eles forem a uma reunião de cura
107
ou se eles "fizerem uso da sua fé ". Dizem que não é da
vontade de Deus que alguém fique doente e que todos po­
dem experimentar o livramento de suas aflições.
Aqueles que fazem tais declarações argumentam que a
cura está im plícita na expiação. Eles também destacam as
Obras milagrosas de Cristo e dos apóstolos que dizem que
devem ser copiadas. E eles citam H ebreus13:8, "Jesus
Cristo ontem e hoje é o mesmo, e o será para sempre".

A C U R A E A E X P IA Ç Ã O

Talvez você esteja pensando no argumento de que a


cura está im plícita na expiação. Como eu já disse antes,
existem aqueles que declaram que nunca foi a vontade de
Deus que um cristão fique doente. Dizem que a expiação
de Cristo providenciou a salvação do pecado mais a cura do
corpo. Eles citam Mateus 8 que diz o seguinte:
Tendo Jesus chegado à casa de Pedro, viu a sogra deste
acamada e ardendo em febre. Mas Jesus tomou-a pela
mão, e a febre a deixou. Ela se levantou e passou a ser­
vi-Io. Chegada a tarde, trouxeram-lhe muitos endemo-
ninhados; e ele meramente com a palavra expeliu os
espíritos, e curou todos os que estavam doentes; para
que se cumprisse o que fora dito por intermédio do
profeta Isaías: Ele mesmo tomou as nossas enfermida­
des e carregou com as nossas doenças (Mateus 8: 14-
17).

É uma referência a Isaías 5 3 :4 :


Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades,
e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos
por aflito, ferido de Deus, e oprimido.
108
É verdade que Cristo "tom ou as nossas enfermidades e
carregou com as nossas doenças", mas Ele o fez antes de
subir à cruz. A passagem de Mateus 8 nos diz que a profe­
cia de Isaías fo i cumprida por Jesus quando Ele "expeliu
os espíritos, e curou todos os que estavam doentes". A
declaração de que "ele mesmo tom ou as nossas enfermi­
dades e carregou com as nossas doenças" não fala da cruz,
mas das obras milagrosas de Cristo já realizadas. Declarar,
com base em Mateus 8 :1 7 , que a cura está im plícita na ex-
piação e que ninguém precisa ficar doente hoje em dia é in­
terpretar mal o que o evangelho está dizendo. Com o Seu
sacrifício no Calvário, o Senhor Jesus providenciou o per­
dão e também destruiu o poder da morte. Ele também to r­
nou possível a redenção daqueles corpos mortais que esta­
rão vivos quando Ele vier novamente. Por causa disto, po­
demos aguardar com alegre antecipação aquele cumprimen­
to bendito da promessa do apóstolo em I Coríntios 1 5:5 1:
Eis que vos digo um mistério: Nem todos dormiremos,
mas transformados seremos todos.
Contudo, até lá, devemos estar preparados para experi­
mentar em nossos corpos as enfermidades e as fraquezas
causadas pelo pecado.
OS M ILAGRES DE JESUS
Os proponentes da cura da fé, além de reivindicar que
a morte de Cristo providenciou livramento de todas as en­
fermidades já neste mundo, apontam para os muitos e gran­
des milagres realizados por Cristo durante o Seu ministério
terreno. Estarão eles justificados em esperar o mesmo tipo
de atos sobrenaturais em nosso tempo? Não podemos negar
que o ministério do nosso Senhor foi marcado por uma de­
109
monstração impressionante de milagres. Ele demonstrou a
Sua autoridade sobre as enfermidades curando os doentes,
sobre a morte ressuscitando os mortos, e sobre Satanás ex­
pulsando demônios. Ele demonstrou o Seu poder sobre a
natureza acalmando o mar enfurecido e andando sobre as
águas.
Sim, o Senhor Jesus foi um operador de milagres!
Mas, antes que alguém insista que Seus poderosos feitos
deveriam ser imitados em nossos dias, esse alguém deveria
descobrir por que o Senhor Jesus os realizou. Qual foi o
propósito dos Seus milagres? Foram simplesmente obras
de caridade? Foram simplesmente a revelação do amor de
Deus? As pessoas foram curadas simplesmente porque Je­
sus não queria que alguém ficasse doente? Não há argu­
mentação contra a compaixão de nosso Senhor e o Seu de­
sejo de aliviar o sofrimento humano. Mas este não fo i o
motivo principal do Seu ministério de cura. Ainda que
Jesus sem dúvida curou milhares de pessoas, as enfermida­
des não foram eliminadas. Para cada pessoa que foi curada,
milhares não foram. Jesus, ao contrário dos muitos "cura­
dores da fé ", sempre teve sucesso ao se entregar a uma obra
de cura. Ele não teve fracassos!
O motivo principal para os milagres de Cristo fo i, en­
tão, não a Sua compaixão (embora Ele fosse compassivo),
não uma simples revelação do amor de Deus, nem a inten­
ção de acabar com as enfermidades. Antes, Suas poderosas
obras foram o credenciamento, diante do povo judeu, de
que Ele era realmente o Messias prometido. Jesus disse:
Se, porém, eu expulso os demônios, pelo Espírito de
Deus, certamente é chegado o reino de Deus sobre vós
(Mateus 12:28).
110
Seus milagres autenticaram Suas reivindicações. De­
monstraram que Ele era o Messias da promessa, o legítimo
Rei de Israel. Foram prova de que Ele não era um impostor.
Os líderes religiosos e o povo do Seu tempo deviam ter re­
conhecido quem Ele era pelos sinais e deviam tê-lo aceito
como o seu Messias.
OS M IL A G R E S DOS APÓSTOLOS

Os milagres realizados pelos apóstolos, conforme fo ­


ram comissionados por nosso Senhor em Mateus 10, tam ­
bém serviram de credenciais. Estavam relacionados com a
mensagem do reino.
A estes doze enviou Jesus, dando-lhes as seguintes ins­
truções: Não tomeis rumo aos gentios, nem entreis em
cicfade de samaritanos; mas, de preferência, procurar as
ovelhas perdidas da casa de Israel; e, â medida que se­
guirdes, pregai que está próximo o reino dos céus. Cu­
rai enfermos, ressuscitai mortos, purificai leprosos,
expeli demônios; de graça recebestes, de graça dai. Não
vos provereis de ouro, nem de prata, nem de cobre nos
vossos cintos; nem de alforje para o caminho, nem de
duas túnicas, nem de sandálias, nem de bordão; porque
digno é o trabalhador do seu alimento (Mateus 10: 5-
10).
Aqueles que hoje em dia reivindicam que devemos
Aqueles que hoje em dia reivindicam que devemos fa­
zer as mesmas coisas que os apóstolos fizeram segundo Ma­
teus 10, isto é, curar os enfermos, purificar os leprosos, res­
suscitar os mortos e expulsar demônios, deveríam se lem­
brar do conteúdo da pregação dos apóstolos, o propósito
dos seus milagres e o auditório ao qual eles falavam. Obser-
111
be que a mensagem que esses homens proclamaram fo i es­
ta: "Está próxim o o reino dos céus". Os milagres que eles
realizaram, como os de Moisés e de Cristo, foram creden­
ciais confirmando a veracidade de sua mensagem. E os ho­
mens aos quais o Senhor Jesus comissionou foram pregar
só aos israelitas e a mensagem do reino. Contudo, hoje,
nós vamos "p o r todo o m undo" e pregamos "o evangelho
a toda criatura". Nós temos de proclamar a salvação me­
diante a fé em Cristo a todos os homens por toda parte,
tanto a judeus como a gentios. Não, a ordem do Salvador
aos apóstolos em Mateus 10 não é uma regra para nós. Não
temos o direito de esperar os mesmos milagres que eles rea­
lizaram.
Atualmente, o Senhor costuma empregar com mais
frequência os meios normais para a realização de curas em
lugar do método espetacular, e pessoas não são ressuscita­
das dos mortos hoje em dia. Lembre-se, embora o Senhor
Jesus não mude nunca, isto não significa que os métodos de
Deus não possam variar. Temos de reconhecer que o Se­
nhor tem liberdade perfeita de agir como quer.

UNGIR COM ÓLEO


Embora você esteja inclinado a aceitar o que estivemos
dizendo (que os milagres foram a credencial especialmente
relacionada com Israel e o reino e não com a igreja), você
deve ainda estar pensando nas instruções que encontramos
em Tiago 5:
Está alguém entre vòs doente? Chame os presbíteros
da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o
com óleo em nome do Senhor. E a oração da fé salva­
rá o enfermo, e o Senhor o levantará; e, se houver co­
112
metido pecados, ser-lhe-ão perdoados. Confessai, pois,
os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos ou­
tros, para serdes curados. M uito pode, por sua eficá­
cia, a súplica do justo (Tiago 5: 14-16).
Surge a pergunta: Devemos praticar hoje o que Tiago
manda nestes versículos, isto é, ungir o doente com óleo
para que seja curado? Eu acho que não, e pelos seguintes
motivos. A epístola de Tiago foi uma das primeiras. Ela
foi escrita enquanto os milagres óbvios e notórios do livro
de Atos ainda estavam acontecendo. Na verdade, ela pre­
cedeu até as primeiras epístolas de Paulo. Os crentes da igre­
ja à qual Tiago escreveu eram predominantemente judeus.
Ele se dirigiu a eles, chamando-os de "doze tribos que se
encontram na Dispersão". Milagres, curas e sinais ainda es­
tavam em evidência. A situação era m uito diferente daque­
la quando Paulo escreveu suas epístolas na prisão e a sua ú l­
tim a carta a Timóteo.
Podemos, portanto, concluir que durante o período
em que os sinais e milagres ainda estavam em evidência, um
crente que soubesse que a sua enfermidade era devido ao
castigo de Deus, deveria chamar os anciãos da igreja, confes­
sar os seus pecados, ser ungido com óleo e pedir que oras­
sem por ele.
A unção com óleo e a promessa da cura relaciona-se
com a igreja do começo do período apostólico. A prática
da unção pode nos parecer estranha hoje em dia, mas a
cerimônia da unção era m uito comum entre os judeus. E,
lembre-se, o livro de Tiago foi dirigido principalmente aos
crentes que viviam da tradição hebraica. Embora interpre­
temos as palavras de Tiago com um significado especial pa­
ra a igreja prim itiva, há nelas uma lição para nós também.

113
Se um cristão crê que a sua enfermidade é devido ao casti­
go de Deus, torna-se perfeitamente próprio que chame os
líderes da sua igreja e confesse publicamente os seus peca­
dos (se a natureza deles o exigir) e peça-lhes que orem por
ele. E o Senhor pode m uito bem curá-lo. Continua sendo
verdade que “ m uito pode, por sua eficácia, a súplica do
justo".
Não negamos a capacidade de Deus de realizar mila­
gres. Não estamos dizendo que eles nunca acontecem em
resposta à oração do crente. Mas insistimos que eles não
acontecem da mesma forma que aconteciam durante o m i­
nistério de Cristo e no período apostólico. Naquele tempo.
Deus exibiu o Seu grande poder de maneira tão visível que
ninguém pudesse honestamente negar a veracidade de Sua
atividade sobrenatural. Agora, entretanto, a obra milagrosa
de Deus em nossas vidas é menos espetacular e menos apa­
rente para o incrédulo.

Se você é cristão e está sofrendo alguma enfermidade,


lembre-se que Deus está sabendo. Descanse na certeza de
que as suas circunstâncias não estão fora do controle dele
nem fora do campo de ação de Seu amor. Com humilde
submissão, busque-o em oração e peça-lhe com fé que aten­
da ao desejo do seu coração. Sim, peça a cura ao Senhor,
mas sempre dizendo: "Seja feita a Tua vontade". E use
todos os meios médicos que lhe forem prescritos. (O após­
tolo Paulo sentia-se grato pelos serviços do Dr. Lucas.)
Examine também a sua vida. Resolva quaisquer peca­
dos que o Espírito Santo lhe revele. E estabeleça como alvo
de sua vida ser semelhante a Cristo. Então, se o Senhor lhe
der a cura, não se esqueça de lhe agradecer. E, se Ele não
o curar, agradeça-lhe da mesma forma. Oh! que bênção e
114
que alegria existem na plena submissão à vontade de Deus,
seja qual for o preço. Lembre-se, m uito mais importante do
que a sua saúde física é a sua saúde espiritual. Essa deve ser
a sua preocupação máxima. Vamos, portanto, permanecer
em Cristo de modo que "quando ele se manifestar, tenha­
mos confiança e dele não nos afastemos envergonhados na
sua vinda" (I João 2: 28).
P AR A A PR EN D ER E CRESCER
(As respostas encontram-se na últim a página.)
1. Aqueles que reivindicam que a cura da fé continua fu n ­
cionando atualmente, fundamentam a sua posição em
dois argumentos. Quais são eles?
a) ------------------------------------------------------------------------------

b) _________________________ ____________________

2. Quando Mateus narra a cura da sogra de Pedro, que pas­


sagem de Isaias ele citou?--------------------------------------------
3. Qual destes não fo i o motivo principal para Jesus reali­
zar Seus milagres, segundo Mateus 12:28?
_____ a) Sua compaixão.
____ b) Revelar o amor de Deus.
_____ c) Acabar com as enfermidades.
_____ d) Apresentar aos judeus as credenciais de Sua
messianidade.
4. Qual foi o propósito dos milagres que os discípulos rea­
lizaram em sua viagem missionária? (Mateus 1 0:5-10).

115
RESPOSTAS

Capítulo 1
1. a) Disciplina com amor.
b) Revela a graça de Deus.
c) Incentiva o crescimento espiritual.
d) Capacita o serviço cristão.
2. c)
3. a) Falso; b) Falso; c) Falso; d) Falso; e) Verdadeiro;
f) Verdadeiro.
4. a) humildade; b) compaixão.
5. " . . . para podermos consolar aos que estiverem em qual­
quer angústia".
6. a) com sua atitude, b) com seu testemunho.
7. a)
Capítulo 2
1. Jó.
2. a) Submeta-se à vontade de Deus; b) Descanse na provi­
dência de Deus; c) Mantenha a perspectiva divina.
3. a) Paulo (II Coríntios 1 2 :9 ).
b) T ró fim o (II Timóteo 4 :2 0 ).
c) Timóteo (I Timóteo 5 :2 3 ).
4. a) Seu poder; b) Sua sabedoria; c) Seu amor.
5. a) M ilton; b) Handel; c) Bunyan.
6. a) Romanos 8 :1 8 , b) II Coríntios 4 :1 7 ,1 8 .
Capítulo 3
1. Sua resposta pessoal.
2. a) Reconheça a providência de Deus.
b) Adm ita as prerrogativas de Deus.
c) Aceite o perdão de Deus.
d) Seja rico no amor de Deus.
116
e) Aproprie-se das provisões divinas.
3. a) Reconheça que Deus o criou; b) que Deus tem um
propósito na sua vida; c) que Deus tem o seu eterno
bem em mente.
4. Que Ele tem o direito de fazer o que quiser conosco.
5. a) Verdadeiro; b) Verdadeiro; c) Verdadeiro; d) Falso;
e) Falso; f) Verdadeiro.
6. c)
Capítulo 4
1. a) A cura está im plícita na expiação.
b) Deus não muda.
2. Isaías53:4.
3. a) b) c)
4. Apresentar aos judeus as credenciais de sua mensagem.

117

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