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FISIOLOGIA DA REPRODUÇAO DO COELHO MACHO

O macho joga um importante papel no êxito de uma exploração de coelhos,


tendo em vista que condiciona o rendimento reprodutivo de 8 a 10 matrizes em
criações com monta natural e 50 ou mais em criações com inseminação artificial.
Portanto, todos os fatores que podem interferir nas condições reprodutivas do
reprodutor devem ser avaliados e controlados, com o intuito de otimizar a
capacidade reprodutiva das matrizes.

Anatomia do trato reprodutivo

O trato reprodutor do macho é constituído por:


- Testículos,
- Epidídimo,
- Condutos deferentes,
- Ampola deferente,
- Coletor seminal,
- Conduto ejaculador e
- Uretra.
Além destes componentes, fazem parte do trato reprodutivo, outros órgãos
receptores e secretores do liquido seminal, tais como:
- Vesícula seminal,
- Glândula Vesicular,
- Glândula Prostática,
- Glândulas para-prostáticas e
- Glândula Bulbo uretral.

Os Testículos são glândulas compostas essencialmente por uma trabécula


de tubos seminíferos que se unem em um conduto comum. Entre o escroto e a
cavidade abdominal há uma comunicação, através do anel inguinal, que permite a
retração dos testículos para dentro da cavidade abdominal, dependendo,
particularmente da temperatura ambiente.
O epidídimo é um corpo tubular sobreposto ao testículo, constituído por três
porções: cabeça, corpo e cauda.
Os condutos deferentes são tubos lineares e flexíveis que saem da cauda
do epidídimo e conduzem os espermatozóides imaturos através do anel inguinal
até os condutos excretores comuns. Antes do sêmen chegar ao coletor seminal,
este conduto alarga-se, formando a ampola deferente.
O coletor seminal é um conduto reto situado na base do pênis e recebe os
SPZ que chegam pelo conduto deferente e as secreções da glândulas vesiculares
e prostáticas que ficam sobre ele.
O conduto ejaculador é uma continuação do coletor seminal além de
recolher também as secreções das glândulas bulbo-uretrais.
A uretra corresponde ao prolongamento do conduto ejaculador, sendo a
porção correspondente ao corpo do pênis. O pênis do coelho não tem glande.

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Desenvolvimento do aparelho genital do macho

Idade/fase característica
14-15 dias de gestação diferenciação sexual e aparecimento de uma
formação tubular rudimentar

Ao nascer os testículos encontram-se na cavidade abdominal


e seu tamanho é muito reduzido

40 dias início do desenvolvimento das glândulas anexas

Até 45 dias crescimento testicular muito lento

A partir de 45 dias crescimento testicular em proporção superior ao do


corpo

40 a 50 dias início da atividade dos tubos seminíferos,


aparecendo células que originarão os SPZ já a
partir dos 60 dias, embora esta atividade se
completa a partir do 84 dias de idade, onde todos
os tubos seminíferos se encontram ativos. Os
espermatozóides imaturos produzidos nos tubos
seminíferos passam para o epidídimo.
50 dias secreções das glândulas seminais e da próstata
são ricas em frutose

Aos 65 a 70 dias aparecem as primeiras manifestações de atividade


sexual com tentativas de monta sobre outros
coelhos e intensificação de brigas com outros
machos.
Aos 112 dias chegada dos primeiros espermatozóides no
conduto deferente

Aos 120 dias aparecimento dos SPZ nas primeiras ejaculações

As primeiras ejaculações apresentam alta porcentagem de SPZ


incompletos, imaturos e anormais, além da baixa motilidade.

Espermatogênese

A duração da espermatogênese é de 38 a 41 dias.


A atividade testicular varia de acordo com as condições, particularmente do
foto-período, com influência positiva da luz, da temperatura, sendo o calor um fator
negativo (acima de 27o C a produção de SPZ é praticamente nula) e finalmente as
condições de alimentação, especialmente no que se refere a Vitamina A e E. A

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deficiência de vitamina E por algumas semanas leva a queda da fertilidade. Após
3 meses de deficiência o macho já não se encontra apto para a monta, os SPZ
apresentam baixa motilidade e os testículos apresentam atrofia.
A produção diária de espermatozóides é estimada em 30 a 40 milhões/gr de
testículo/dia, ou seja, um total diário de 250 milhões de spz, com variações,
particularmente, da raça e temperatura ambiente.
O conteúdo total de spz armazenado nos testículos é 4 a 6 vezes maior que a
produção diária, ou seja, 1.299 milhões distribuídos com segue:
- 184 milhões na cabeça e corpo do epidídimo,
- 1.028 milhões na cauda do epidídimo e
- 86 milhões no ducto deferente.

No entanto, as reservas da cauda do epidídimo podem variar notavelmente


de acordo com a atividade sexual e a iluminação. Uma reserva de 1.500 milhões
para um macho em repouso poderá baixar para 50 milhões após varias
ejaculações consecutivas. Em relação ao fotoperíodo, uma reserva de 1.300
milhões de SPZ na cauda do epidídimo, em situação constante de 16 horas, pode
aumentar para 1.750 e 2.500 milhões, ao diminuir o fotoperíodo, respectivamente,
para 12 e 8 horas de luz diária.
No quadro a seguir pode-se observar os valores médios de SPZ nas
distintas porções do aparelho reprodutor do macho.

Órgãos No de espermatozóides (milhões)


Em repouso sexual Em atividade sexual
Testículos 704 ± 498 581 ± 258
Cabeça do epidídimo 243 ± 88 218 ± 87
Corpo do epidídimo 31 ± 15 41 ± 18
Cauda do epidídimo 649 ± 286 740 ± 359
Conduto deferente proximal 48 ± 34 15 ± 15
Ampola 8 ± 10 5±6
Gel vesicular 22 ± 19 56 ± 59
Glândulas anexas 0 0

O comprimento da cauda do epidídimo oscila entre 2,0 a 2,5 metros. O


transito dura de 8 a 10 dias, sendo destes, uma permanência de 02 dias na
cabeça, 01 dia no corpo e 05 a 06 dias na cauda do epidídimo.
Durante o trânsito pelo epidídimo, os SPZ sofrem um processo de
maturação (redução do acrossoma, desaparecimento de gotas citoplasmáticas),
imprescindível para que os SPZ adquiram capacidade fecundante. Neste
processo, as secreções do epidídimo jogam um importante papel, nas quais os
SPZ adquirem motilidade e capacidade fecundante, como pode ser observado no
quadro a seguir, em trabalho de inseminação artificial com sêmen obtido de
distintas porções do trato reprodutivo do macho.

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Ponto de procedência dos SPZ % de óvulos fecundados
Cabeça do epidídimo 0
Corpo proximal do epidídimo 0
Corpo distal do epidídimo 57
Cauda proximal do epidídimo 74
Cauda distal do epidídimo 95
Ejaculado final 95

Características do sêmen

O sêmen do coelho se compõe de liquido seminal e espermatozóides. O


líquido seminal é formado pela mistura de secreções do epidídimo e das glândulas
anexas. É um líquido translúcido, branco aquoso ao leitoso e viscoso, rico em
frutose e ácido cítrico além de outros componentes como inositol, glicerol,
fosforilcolina, proteínas, íons e pequenas gotas de gordura.

Componentes Níveis
Frutose 40mg/100ml
Ácido cítrico 110-150 mg/100ml
Inositol 20 mg/100ml
Glicerilfosforilcolina 210 a 370 mg
Numerosos íons (Na, K, P, Mg Ca,
Zn.....)

O volume de sêmen por ejaculado varia notavelmente, de 0,2 a 6,0 ml,


dependendo das secreções das glândulas anexas, a presença ou não de gel, a
estação do ano e a atividade sexual. Contudo, o volume comumente observado
varia entre 0,3 e 1,0 ml/ejaculado.
A concentração de SPZ/ml, da mesma forma, varia consideravelmente e se
situa entre 50 e 1.500 milhões, embora a concentração média varia de 150 a 300
milhões/ml.
Vários fatores atuam sobre as características quali-quantitativas do sêmen,
entre eles: a raça, a idade do animal, o ritmo de montas e as condições
ambientais.
As variações entre raças exigem que os estudos de caracterização do
sêmen devam ser específicos para cada linhagem.
O volume médio de sêmen aumenta com a idade. Observações em machos
de 5 meses e com mais de 8 meses mostraram que o volume médio aumentou de
03 para 0,5 ml e a concentração de SPZ de 200 para 300milhões/ml.
Em geral, se admite que o volume diminui com o aumento do ritmo de
coberturas ou coletas e que a concentração aumenta da primeira para a segunda
coleta e, em seguida, diminui.
Em relação ao ambiente, pode-se afirmar que altas temperaturas diminuem
a fertilidade. A esterilidade temporária de verão, associada a altas temperaturas
(acima de 27oC), está ligada ao aumento do pH do sêmen, queda na motilidade
espermática, aumento de anormalidades espermáticas e queda da libido.

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Inseminação Artificial

Os primeiros resultados da aplicação desta ferramenta datam de 1950,


embora uma descrição completa da técnica tenha sido feita em 1961, na
Inglaterra. Apesar de sua relativa sofisticação, a técnica é relativamente simples e
não requer material ou infra-estrutura complexa e, por isso, está ao alcance de
qualquer cunicultor que esteja disposto a realizar um pequeno investimento em
treinamento de pessoal e em material para aplicação da técnica.
Em relação aos materiais são necessários aqueles para:
- coleta do sêmen,
- avaliação, diluição e conservação e
- inseminação propriamente dita.

a) Materiais para coleta

A coleta do sêmen é realizada, basicamente utilizando-se uma vagina


artificial, que e proporcione ao órgão copulador os estímulos térmicos, mecânicos
e de elasticidade necessários para a ejaculação. É composta por um corpo rígido,
um revestimento interno de goma ou borracha e um tubo coletor.
O corpo é um cilindro de vidro ou plástico, com, aproximadamente, 10 cm
de comprimento e 3,0cm de diâmetro, sendo que em uma das extremidades fica
acoplado o tubo coletor e na outra permite a introdução do pênis. A goma ou látex
(preservativo sem lubrificação) é introduzida no cilindro interno do corpo da
vagina, fechando ambas as extremidades e terá a ponta do fundo cortada para
acoplar o tubo coletor. Deste modo, forma-se uma cavidade fechada entre o corpo
rígido da vagina artificial e a goma, onde, através de um orifício, permite a
introdução de água quente (42 a a 43o C) entre a parede rígida da vagina e a goma
ou o látex.
O coletor é um tubo graduado que se acopla à vagina em sua extremidade
mais estreita, onde será feita a coleta.
A coleta do sêmen se realiza na gaiola do macho, utilizando-se uma fêmea
ou então uma pele de coelho revestindo o braço do operador para que o macho
salte e ejacule. Uma vez que o macho montou sobre a fêmea ou sobre o braço do
operador, imediatamente será posicionada a vagina artificial para que o macho
realize a penetração e ejaculação. Esta operação ocorre de forma semelhante a
uma cobertura normal, com a queda do macho para trás ou para um dos lados em
seguida a ejaculação. Após, coloca-se a vagina artificial em posição vertical para
que o sêmen escorra para o tubo coletor. Em seguida, toma-se o tubo coletor com
cuidado para evitar entrada de água, faz-se a leitura do volume do ejaculado (com
e sem gel), mantendo-o em banho Maria, a 40 o C, para conduzir as demais
análises qualitativas e diluições.

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b) Material para avaliação, diluição e conservação

Para realizar a avaliação microscópica do ejaculado são necessários:


- Microscópio de 100 aumentos,
- Pipeta Pasteur,
- Lâminas e lamínulas,
- Câmara de Neubauer,
- Solução de eosina a 2% e
- Pipetas conta gotas

As avaliações compreendem a leitura do volume, cor, consistência e


existência de gel, mediante a observação direta do ejaculado no tubo coletor, a
medida do pH, usando papel tornassol, e a motilidade e concentração de SPZ,
usando o microscópio óptico.
O volume médio fica entre 0,3 e 1,0 ml. A cor normal é de um branco mais
ou menos leitoso, de acordo com a concentração de espermatozóides. Outras
cores que podem ocorrer:
- Amarelado = indica a presença de pus ou urina,
- Avermelhado = presença de sangue ou algum medicamento (fenotiazina),
- Marrom = presença de elementos sanguíneos degenerados ou fezes,
- Branco transparente= baixa concentração de SPZ,

A consistência poderá variar do leitoso (cremoso) ao aquoso.


O pH normal do sêmen se encontra entre 7,5 e 8,0.
A motilidade dos SPZ é analisada após a retirada do gel, caso esteja
presente no sêmen produzido. Com uma pipeta Pasteur deposita-se uma gota de
sêmen sobre uma lâmina cobrindo-a com uma lamínula e com a objetiva de 40
aumentos se procede a avaliação da motilidade massal. A esta atividade são
dados valores de 0 a 5, de acordo com a proporção de SPZ que apresentam
algum movimento (0, 20, 40, 60, 80 e 100%). Em seguida com objetiva de 100
aumentos analisa-se a motilidade individual, onde o ideal será a presença de
movimentos progressivos. Um bom sêmen apresentará motilidade massal com
índice de 3 a 4, com, pelo menos, 60 a 70% de SPZ moveis e motilidade individual
em que, pelo menos, 50% dos SPZ tenham movimentos progressivos (para
frente).
A concentração de SZP é medida em câmara de Neubaeur, com valores
que variam entre 50 e 1.500 milhões SPZ/ml de sêmen, com valores médios e
aceitáveis para inseminação com, pelo menos, 200 milhões SPZ/ml.

c) Material para inseminação propriamente dita

Para deposição do sêmen no trato genital da fêmea se utiliza um cateter,


apresentando um ângulo de curvatura em seus 5 a 8 cm da extremidade anterior.
Na extremidade oposta é acoplada uma seringa de plástico ou balão (tipo pêra)
para aspirar o sêmen do recipiente e deposita-lo no trato genital da matriz.
Normalmente o comprimento desta palheta varia de 14 a 20cm, seu diâmetro
externo de 0,5 a 0,6cm e o diâmetro interno de 0,2cm.

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Atualmente, existem pistolas com recarga automática para inseminação
com capacidade para 50 a 100 doses.

Diluição do Sêmen

Após a avaliação quali-quantitatva do sêmen se procede a diluição. A


diluição permite aumentar o volume total da massa espermática, proporcionar um
meio favorável para a sobrevivência dos SPZ e realizar, com um só ejaculado, a
inseminação de um número elevado de matrizes.
Os meios de diluição devem apresentar as seguintes características:
- Pressão osmótica o mais isotônica possível com o esperma,
- Conter substâncias tampão que permitam manter o pH invariável e neutro,
- Conter substâncias coloidais capazes de proteger os SPZ,
- Possuir substâncias nutritivas ou elementos que favoreçam o metabolismo,
vitalidade e longevidade dos SPZ e
- Estar livre de substâncias, produtos ou organismos infecciosos prejudiciais
tanto aos SPZ como para o trato genital e reprodutivo da matriz.

Tradicionalmente, os meios de conservação mais comuns são os produtos


de origem animal como gema de ovo e leite.
Na Espanha é utilizado um produto específico para conservação de sêmen
de coelhos, denominado MA24, a base de duas fontes energéticas e EDTA, com
capacidade de conservação por 24 horas, sem perdas na capacidade fecundante
do sêmen.
Para que a diluição seja conduzida corretamente, deve-se levar em conta
todos os parâmetros da avaliação do sêmen e assim a taxa de diluição estará na
dependência do número mínimo de SPZ necessários em cada dose. O sêmen
diluído, quando utilizado a fresco (antes de 4 horas da sua obtenção), deverá ser
mantido a 37 – 38oC, dentro de recipiente esterilizado e seco.
As doses inseminantes apresentam um volume de massa de 0,5 a 1,0 ml e
25 a 30 milhões de SPZ.

Conservação do sêmen

Em casos em que o sêmen não seja utilizado nas próximas 04 horas após
sua coleta, deverá ser conservado sob refrigeração ou, então, procede-se o
congelamento.

a) Refrigeração

Uma vez diluído, a conservação do sêmen, sob a temperatura de 4 a 19 oC,


permite sua utilização até 24 a 36 horas após a diluição. Pesquisas realizadas na
Espanha demonstraram que a temperatura ótima de conservação é de 18 oC.
A técnica consiste em diluir o sêmen a 37 – 38 oC e, imediatamente após,
submetê-lo a um resfriamento progressivo, evitando-se o choque térmico que
poderia prejudicar a viabilidade dos SPZ. É aconselhável, neste processo, colocar
o recipiente contendo sêmen em outro com água a 37 oC e, por sua vez, este

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recipiente dentro de um refrigerador programável, para reduzir a temperatura o
mais lentamente possível.

b) Congelamento

O congelamento requer um diluente capaz de manter a vitalidade e


capacidade fecundante dos SPZ submetidos a uma diferença de temperatura de
230oC ou mais (-196oC no congelamento e + 34 a 38o C para inseminação). Os
diluentes utilizados não só aportam substâncias nutritivas, tampão, entre outros,
como também deverão apresentar crioprotetores DMSO – (Dimetilsulfóxido),
glicerol, etilenoglicol, acetamida, lactamida....
A diluição deve ser feita, neste caso, de forma a obter doses com 80 a 100
milhões de SPZ e o esperma passa a ser aspirado em palhetas, congelados em
vapor de nitrogênio e armazenado em nitrogênio líquido a –196 oC
A técnica de congelamento com glicerina apresenta os seguintes passos:
1- Após a coleta e análises do sêmen, realizar a diluição, conforme descrito
acima.
2- Resfriar, progressivamente, até alcançar 5 oC, em um tempo aproximado de
3 horas,
3- Meia hora antes do congelamento, misturar 6% de glicerina,
4- Aspirar o sêmen diluído e refrigerado em:
- Ampolas com 2,5 ml, contendo várias doses, ou
- Palhetas de plástico de 0,5 ml.
5- Congelar em vapor de nitrogênio durante 6 a 10 minutos,
6- Armazenar em nitrogênio líquido.
O descongelamento é realizado durante 20 segundos, em banho Maria a
37o C.

Contenção das matrizes e Inseminação Artificial propriamente dita

Dependendo da forma de contenção dos animais, a prática exigirá a


presença de um ou dois operadores.
1- A coelha é colocada sobre a gaiola ou uma mesa, com a mão esquerda o
operador prende a cauda e uma dobra de pele da região da garupa do
animal, elevando o posterior. Com a mão direita, o inseminador introduz,
com muito cuidado, a pipeta de inseminação (8 a 12 cm) no trato genital,
depositando o sêmen próximo ao colo uterino. Ao introduzir a pipeta de
inseminação deve-se tomar o cuidado para faze-lo, inicialmente, com a
curvatura da pipeta voltada para o dorso do animal e, após a introdução de
5 a 7 cm, girar a pipeta em 180o para então alcançar a profundidade
correta. Este procedimento evita a introdução da pipeta na uretra da matriz,
que se encontra a parte ventral da vagina.
2- Caso houver a disponibilidade de duas pessoas, uma delas faz a
contenção da matriz colocando-a lateralmente ao corpo da pessoa, com o
dorso para baixo e o posterior em um nível superior e voltado para o
inseminador. Nesta posição, com uma das mãos (esquerda) o operador

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contém a coelha pelas orelhas e uma dobra de pele da região próxima ao
pescoço e, com a outra (direita), prende os membros posteriores.
3- Existe também a possibilidade de utilizar caixas de contenção, na forma de
um cilindro de 15 cm de diâmetro, com a extremidade superior, em que a
fêmea é introduzida, cortada em bisel (25cm de comprimento no lado de
cima e 35 cm de comprimento no lado de baixo) e que permita um ângulo
de 23 a 25o, mantendo a matriz com o posterior em uma posição mais
elevada, facilitando a operação.

Tratamentos associados à Inseminação Artificial

A aplicação da técnica de inseminação artificial em uma criação de coelhos


deve considerar, obrigatoriamente, dois pontos:
1o- A indução da ovulação por métodos artificiais, uma vez que a fêmea não
terá contato com o macho.
o
2 - A sincronização do cio ou uso de sistema de reprodução em bandas, de
formas a poder agrupar um número expressivo de matrizes a serem
inseminadas no mesmo dia.

Vários métodos poderão ser aplicados para a indução da ovulação e


sincronização do cio, entre eles, a bioestimulação, a aplicação de hormônios, além
do controle do fotoperíodo, temperatura e alimentação.
A bioestimulação consiste na separação dos láparos durante a lactação
por um período de 36 a 48 horas Vários estudos conduzidos na França, Itália e
Espanha mostraram que os melhores resultados reprodutivos foram obtidos com o
período de 36 a 48 horas de separação dos láparos da mãe e que esta técnica
permite também resultados reprodutivos semelhantes aos obtidos com utilização
do hormônio PMSG para induzir a ovulação, como pode ser observado nas duas
tabelas a seguir, utilizando dois ritmos reprodutivos, com cobertura 4 e 11 dias
após o parto.
Por outro lado, a separação parece não afetar negativamente a
sobrevivência dos láparos, apesar do peso vivo à desmama ter sido afetado, com
valores de 10% mais baixos (70g). Contudo, os animais recuperam este peso
após a desmama até o abate, com ganho de peso compensatório.

Desempenho reprodutivo de matrizes inseminadas 4 dias após o parto utilizando


bioestimulação e PMSG para induzir a ovulação

Características Período de separação dos láparos (horas) PMSG


0 24 36 48 controle
No de I.A. 194 181 169 179 819
Fertilidade (%) 47d 64,2c 79,8ab 81,8 a 74,9b
Nascidos vivos 7,1c 7,6bc 7,4bc 7,9ab 8,1 a
Nascidos 7,6c 7,9bc 7,9bc 8,3ab 8,5 a
totais
(a,b,c: p<0,01)

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Desempenho reprodutivo de matrizes inseminadas 11 dias após o parto utilizando
bioestimulação e PMSG para induzir a ovulação

Características Período de separação dos láparos (horas) PMSG


0 24 36 48 controle
No de I.A. 196 184 190 187 693
Fertilidade (%) 75,1 bc 78,6 b 85,6 a 81,6 ab 81,8 ab
Nascidos vivos 8,9 8,4 8,2 8,1 8,7
Nascidos 9,3 8,8 8,6 8,9 9,2
totais
(a,b,c: p<0,01)

Os tratamentos hormonais tem sido amplamente utilizados, com o


objetivo de induzir a ovulação tanto em programas de reprodução com coberturas
naturais como em programas com inseminação artificial. Vários hormônios
naturais ou análogos sintéticos que incidem nos distintos níveis do sistema
endócrino são utilizados para controlar as funções reprodutivas: Alguns atuam
sobre a hipófise, estimulando ou inibindo sua atividade, outros atuam sobre o
ovário, ativando a maturação folicular. Entre os hormônios mais utilizados temos:

- ECG (Gonadotrofina coriônica eqüina)

- estimula o crescimento folicular ovariano e a atividade sexual da coelha.


Ação de FSH 75% e 25% de LH.
- doses indicadas - 40 U.I. /animal,
- 48 a 72 horas antes da inseminação.
- tratamentos repetitivos - produção de anticorpos anti-ECG,
- via intramuscular.
- Nome comercial = Folligon

- LHRL ( Análogo sintético liberador do hormônio luteinizante) –

- produz modificações encefálicas semelhantes às obtidas após a


cobertura.
- Estimula a liberação do LH.
- Ausência de reações imunológicas.
- Doses - 0,5 mg/kg de peso vivo,
- Via intramuscular.
- No momento da inseminação.

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- GNRH (Análogo sintético liberador de gonadotrofina)-

- Estimula a liberação do LH e FSH.


- Ausência de reações imunológicas.
- doses recomendadas – 10 a 100 ug/animal, via intramuscular.
- Aplicação 24 horas antes da inseminação.
- Intramuscular
- Produto comercial = Conceptal, pro-fertyl, sertagyl

- HCG (Gonadotrofina coriônica) Mais indicado para coelhos

- estimula a ovulação de forma direta (75% de ação de LH e 25% de


FSH).
- dose indicada - 40 U.I. /animal.
- no momento da inseminação.
- Produto comercial = Pregnil, prófase, corolon, vetcor.

A aplicação de um período de luz constante ao longo do ano, entre 14 e 16


horas de luz/dia, com intensidade entre 6 a 40 lux, permite a manutenção das
atividades reprodutivas, eliminando possíveis períodos de anestro e mantendo os
parâmetros reprodutivos, independente da estação do ano.
A temperatura ambiente também tem claro efeito sobre a atividade sexual
da coelha, sendo ideal entre 15 e 20 o C. Temperaturas superiores a 30 o C
reduzem a ingestão de alimentos, a fertilidade, a taxa de implantação embrionária,
o número e peso dos embriões e a produção de leite.
A alimentação também tem um papel determinante sobre as atividades
reprodutivas, interferindo na aceitação da monta, ovulação e sobrevivência dos
embriões.

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