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Continuação do excerto

“Uma política de alimentação e nutrição que seja capaz de influenciar


consumos, exige uma ação concertada entre as diversas políticas públicas, superando
inclusive o princípio da OMS de “saúde em todas as políticas” (World Health
Organization, 2010). É determinante uma articulação sólida entre as políticas agrícolas
(produção), económicas (promoção e regulação da aquisição), de educação, saúde e
de ação social (redistribuição e redução de iniquidades) e, naturalmente, o ambiente.
Por outro lado, as modificações na oferta e procura de alimentos, têm cada vez mais
uma escala global, sendo difícil aos países, individualmente, terem o controlo da
situação. Contudo, se não tiverem uma ideia do que aspiram a médio e longo prazo
para os seus cidadãos dificilmente, serão capazes de fazer escolhas e de justificar
opções.”
Tendo em conta que as escolhas alimentares são resultado de complexos
processos de decisão, que são influenciados por múltiplos fatores de ordem ambiental
(ambiente social e físico) e individual (conhecimentos, desejos, expectativas, fatores
biológicos), para melhorar os hábitos alimentares da população é necessário uma
política de alimentação e nutrição que se foque tanto nos comportamentos individuais
como nos contextos ambientais, nos quais as pessoas estão inseridas. Deste modo,
as políticas devem incluir medidas e planos de ação que se foquem em três amplos
domínios: a modificação dos ambientes alimentares, a coesão do sistema alimentar e
a capacitação dos indivíduos através da educação alimentar.
Neste sentido, só será possível modificar os comportamentos alimentares de
forma consistente com uma política integrada, que reúna esforços de todos os
intervenientes do sistema alimentar – governo, indústria e sociedade civil. Por parte do
governo deve haver uma ação coordenada entre todos os ministérios (agricultura,
pesca, comércio, indústria, economia, saúde, educação, segurança social, entre
outros) para assegurar a coerência entre todas as políticas que visam promover os
hábitos alimentares saudáveis. Deverá igualmente regular as estratégias de marketing,
fornecer incentivos à produção local e ainda desincentivar a aquisição de produtos de
elevada densidade energética, através da taxação. A indústria deverá reformular os
seus produtos tornando-os mais ricos do ponto de vista nutricional, e ainda apoiar o
governo na criação de ambientes alimentares mais saudáveis. A sociedade civil
deverá exercer pressão sobre os órgãos administrativos para que estes criem
ambientes alimentares que permitam a adoção de boas escolhas alimentares, e ainda
para que forneçam educação alimentar feita por profissionais de elevada competência
a toda a população, com especial incidência nos grupos mais vulneráveis.

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