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RECENSÕES

Escola e Aprendizagem para o Trabalho num País da (Semi) Periferia Europeia


Stephen R. Stoer e Helena Costa Araújo

Introdução feminina? Onde se questionam direitos


humanos e escola democrática? Onde a
Em Junho de 1992 dava à estampa coerência metodológica convive com
Escola e Aprendizagem para o Trabalho técnicas de recolha de dados que vão da
num País da (semi) periferia Europeia de «clássica» análise documental a histórias
Stephen R. Stoer e Helena Costa Araújo. orais, genealogias e uso diários?
Um livro estimulante (porqu)e Estas e outras questões dão um pouco
desconcertante a vários níveis. Que mais se a ideia da riqueza e do desafio que esta obra
pode dizer (ou escrever) de um livro que constitui. Situemos, para já, o seu contexto
nos dá conta de um projecto de investigação editorial.
levado a cabo no Minho e onde, a propósito
da relação entre uma escola (C+S de Aprendizagem para alem da escola
Viatodos) e as comunidades com que Em 1991 aparecia no mercado
interage, se questiona a especificidade da livreiro uma nova colecção através da
educação escolar em Portugal? Onde se Editora Escher: «A aprendizagem para além
relaciona sistema mundial (capitalista) com da Escola». Raul Iturra, o seu responsável,
a problemática das classes sociais (central elucida, num curto texto em cada livro, que
na sociologia) com a da cultura (central na o seu propósito é «dar a conhecer o saber
antropologia)? Onde se opta por uma que as pessoas retiram da sua experiência
etnografia não antropológica? Onde se social para suplementar o que a escola não
afirma a identidade – o ethos – daquela ensina: a didáctica cultural da transmissão
escola (e cultura em que mergulha) num oral de ideias, que o saber letrado não
sistema educativo tão centralizado (e de incorpora no ensino».
sede urbana) como o português? Onde se Julgamos que tanto estas palavras
fala da escola na sobrevivência e como o título da colecção são
transformação dos camponeses-operários? suficientemente esclarecedores. De facto, os
Onde se relaciona cultura masculina e sete volumes dados à estampa até ao
momento 1 têm parcialmente em comum a (Vila Ruiva) e coordenado por Raul Iturra.
abordagem de o que, e como se, aprende Deste trabalho de campo comum resulta a
para além da escola, se não mesmo apesar construção de quatros objectivos teóricos
dela. diferentes cuja articulação entre os dados
O primeiro livro (Iturra, 1991a), um empíricos fornecidos e a reflexão
conjunto de ensaios, corresponde ao proporcionada por cada autor nos permite
espraiar do pensamento teórico do autor na adquirir uma perspectiva em que sobressai a
perspectiva da afirmação de uma complementaridade da interacção entre
antropologia da educação. Trata-se de um diversos aspectos da vida social da aldeia e
pensamento radical, elaborado numa da escola ( e sua lógica social).
linguagem não hermética, que se debruça A meio do Verão passado saiu ainda
sobre a complexa relação entre o «saber uma obra de outro antropólogo, Ricardo
letrado» (da escola) e a «mente cultural» Vieira (1992), que se debruça sobre as
(rural). relações formais e não-formais entre a
Os quatro volumes seguintes (Iturra, escola e as vivências extra-escolares de um
1991b; Porto, 1991; Raposo, 1991; Reis, grupo de crianças e jovens do concelho de
1991) têm como base um trabalho de Pombal, situada no norte do distrito de
campo realizado numa aldeia da Beira Alta Leria.
Curiosamente, o livro sobre o qual
1
Por ordem de aparecimento:
nos debruçamos é o único, ate ao momento,
da sua autoria de dois não- antropólogos.
Iturra, Raul (1991), Fugirás à Escola para
Trabalhar a Terra – Ensaios de Stephen Stoer e Helena Araújo provêm
Antropologia Social sobre o Insucesso
ambos da área da sociologia da educação.
Escolar, Escher, Lisboa.
Iturra, Raul (1991), A Construção Social do Curiosamente também, o seu estudo centra-
Insucesso Escolar – Memória e
Aprendizagem em Vila Ruiva, Escher, se nas relações entre uma escola (Escola
Lisboa.
C+S de Viatodos) e o mundo envolvente
Porto, Nuno (1991), O Corpo, a Razão, o
Coração – A Construção Social da (Minho rural), tendo como base a primeira,
Sexualidade em Vila Ruiva, Escher,
Lisboa. ao contrário do trabalho da equipa de Iturra,
Raposo, Paulo (1991) Corpos Arados e cujo centro de estudo é a aldeia.
Romarias: entre a Fé e a Razão em
Vila Ruiva, Escher, Lisboa.
Reis, Filipe (1991) Educação, Ensino e
Crescimento: o Jogo Infantil e a
Aprendizagem do Cálculo Económico Roteiro de um livro
em Vila Ruiva, Escher, Lisboa.
Stoer, Stephen R. e Araújo, Helena Costa O título do livro de Stephen Stoer e
(1992) Escola e Aprendizagem para o
Trabalho num País da (Semi)Periferia Helena Araújo – Escola e Aprendizagem
Europeia, Escher, Lisboa. para o Trabalho num País da (Semi)
Vieira, Ricardo (1992), Entre a Escola e o Lar,
o Curriculum e os saberes de Infância, Periferia Europeia – é assumidamente
Escher, Lisboa.
«pedido emprestado» à já clássica obra de
paul Willis Learning to Labour (1978). Só participada, e onde se utilizaram técnicas de
que, como veremos, rompe com um certo recolha que incluíram genealogias, diários,
determinismo e fatalismo sociológicos a entrevistas e observação directa» (pp. 22-
que a obra de Willis não se consegue furtar. 23) visa cinco objectivos.
Os autores começam por elucidar, 1 – «caracterizar as práticas sociais e
logo na primeira página, que a «principal culturais presentes tanto na escola como na
preocupação orientadora do nosso livro é: comunidade local (...) de forma a poder
qual a especificidade da educação escolar tornara visíveis as diferenças e possíveis
em Portugal?» (p.11) e que, para tal, tensões entre a cultura da escola a cultura
«teremos logicamente de perguntar que camponesa;
lugar, ou posição, ocupa Portugal no 2 – «investigar a relação
sistema mundial?» (id.). percepcionada entre a educação e o
O seu estudo «centra-se em torno de mercado de trabalho, tanto para rapazes
três problemas, de natureza cultural, como para raparigas»;
económica e política» (p. 21): 3 – «pesquisar a percepção que a
1 – qual o «choque potencial entre a juventude tem do seu futuro no mercado de
expansão da escola urbana (escolarização trabalho (...)»;
de massas) e a cultura rural»? (id.). 4 – «identificar experiências culturais
2 – qual a «relação percepcionada e materiais da juventude como elemento
entre a escola e o mercado de trabalho que importante no processo de transição da
se manifesta nas comunidades escolar e escola para o trabalho (...)»,
local»? (id.). 5 – «estimular a consciência local
3 – «será que a falta de sobre as finalidades e as capacidades da
conhecimento, por parte dos professores, da escola e encorajar as entidades locais a
realidade social, não só da escola, mas actuar como agência para o
também da forma como a escola e o sistema desenvolvimento».
educativo estão inseridos no contexto das O livro de Stoer e Araújo segue um
relações nacionais e mundiais, é conciliável percurso no sentido macro-micro-macro.
com a concretização efectiva dos Começando por se centrarem na
pressupostos inerentes á escola categoria de semiperiferia europeia de
democrática?» (id.). Wallerstein, os autores – seguindo de perto
estas questões levam, na opinião dos um seu texto anterior, compreensivelmente
autores, ao «estudo da autonomia relativa mais desenvolvido (Stoer e Araújo, 1191) –
da educação como modo de regulação perfilham a opinião de Boaventura Sousa
estatal» (p.229. Santos segundo a qual Portugal
O seu trabalho, usando, durante três semiperiférico se caracteriza por «uma
anos, «uma metodologia de investigação descoincidência articulada entre relações
capitalistas de produção e relações de Banco Mundial «inadvertidamente pode
reprodução social» (Santos in Stoer e consolidar o lugar de Portugal no sistema
Araújo, 1992:14) e por um Estado assente mundial» (p.15).
em tensões (p. 14). Apontam, assim, para A Introdução, simultaneamente
«um conceito não-determinista sobre o explicação daquilo em que consistiu a
Estado e as políticas estatais» (id.) ou, por investigação – objecto de estudo, fases, etc.
outras palavras, para a sua autonomia – e mapa das questões teóricas que lhe
relativa. serviram de bússola, desemboca num
Segundo os autores, uma das primeiro capítulo - «Memória local num
particularidades de Portugal semiperiférico espaço social em mudança – em que nos é
é a mutação sofrida pelos camponeses com oferecida uma retrospectiva da vida da
a sua transformação em camponeses com a aldeia ao longo de quatro gerações: bisavós,
sua transformação em camponeses- avós, pais e jovens. De facto, através de
operários, mutação para a qual assinalam a mais de uma dezena de quadros e gráficos
«contribuição da escola e da extensão da com dados demográficos, educacionais e
escolaridade obrigatória» (p.17). na económicos, ficamos na posse de uma
sequência de trabalhos como os de sociografia da zona de Viatodos que é
Madureira Pinto (1987) e Ramirez Boli complementada com relatos e análise das
(1987) – estes dois, «autores que têm genealogias e histórias de vida dos jovens
procurado repensar as questões do da Escola C+S de Viatodos e suas famílias.
desenvolvimento da escola de massas As descrições parcelares (e
utilizando uma perspectiva de sistema comentários ás mesmas) daquelas histórias
mundial [e segundo os quais] possivelmente de vida constituem uma espécie de frescos
a competitividade dos países sucessivos que nos fazem sentir como
semiperiféricos é melhorada através da espectadores de um filme, colorido e
escolaridade obrigatória, no sistema inter- animado, em que nos é permitido seguir o
estatal» (p.18) - , Stoer e Araújo adoptam desenrolar da vida de toda uma zona e suas
como uma das ideias centrais do seu livro a gentes ao longo de um século: «as histórias
de que a escola de massas garante à biográficas (...) contribuem para perceber
condição salarial dos grupos camponeses, que também aqueles espaços sociais, e
grupos, esses significativos (agora enquanto aqueles e aquelas que ali habitaram e
operário-camponeses) na zona em que se habitam, construíram histórias de vida
desenvolve o seu trabalho. difíceis, de resistências duras, de escolhas
Os autores alertam ainda para o facto inadiáveis. Mas também construídas através
de que a formulação de políticas educativas de solidariedades afectivas, de experiências
baseadas no apelo a organizações ricas e variadas, de sentidos vivos» (p.30).
internacionais como a OCDE, a CEE ou o
Os dados postos á nossa disposição da família camponesa revelam um carácter
permitem confirmar o «carácter de ao mesmo tempo afectivo, hierárquico e
semiruralidades» (p.35) da região e rígido» (p.49), com o poder a basear-se na
perceber como «emigrar surge ao mundo estratificação etária – «o dos mais velhos
camponês como uma forma de evitar perder sobre os mais novos» (p.49) – e no eixo –
a terra e ser proletarizado» pois «a masculino/feminino.
proletarização que aqui ocorreu (...) acabou Uma das características deste livro é
por constituir-se apenas numa que á medida que os autores vão
proletarização parcial, com os camponeses- apresentando «dados», vão também, a par e
operários» (p.48). Os autores falam-nos passo, questionando/fundamentando os
também dos papéis ocupados pela família e conceitos, os métodos e as técnicas pelos
pela escola enquanto quadros de quais optaram. Assim é que se debruçaram
socialização ao longo das quatro gerações: sobre as possibilidades oferecidas pelas
«A escola quase não aparece referida nesta genealogias ao permitirem o estudo de
memória popular, com referências ao modos de vida, formas de socialização e
período 1870-1945 (...), a frequência da memória local das comunidades, e pelas
escola primária só se torna uma realidade possibilidades oferecidas pela história oral
na geração dos pais destes jovens, nos finais de fazer o registo da voz (que de voz e não
da década de 1950. (...) A escola urbana a de escrita essencialmente se trata no
invadir os campos é um processo contexto rural) dos ignorados, dos
relativamente recente» (p. 50-51), «As marginalizados, dos esquecidos. A o pôr ao
famílias aparecem como os centros de alunos a entrevistarem pais e avós sobre as
aprendizagem de comportamentos e valores suas histórias vida, estão assumidamente, a
aceites, e de aptidões ensinadas para o perfilhar a concepção de Steel e & Taylor
mundo agrícola e artesanal» (p.51). para (1973) do aluno como jovem historiador. É
Stoer e Araújo, a «imagem que fica a que , na óptica de Stoer e Araújo, para estes
perdura sobre a s famílias camponesas, alunos, «conhecer as experiências dos seus
através destes relatos, é a de uma rede antepassados, neste capítulo, funciona como
fortemente tecida, no sentido em que o um recurso cultural acrescentado,
trabalho dos seus membros é indispensável facilitando a valorização da sua cultura e
para a sobrevivência da sua unidade permitindo aos jovens ganhar poder face á
produtiva familiar a que, por sua vez, se cultura da escola» (p. 48). É também uma
constitui em unidade básica de consumo, tentativa de que a investigação possa
administrando e gerindo os bens comuns e também reverter a favor dos «investigados»
tomando decisões sobre necessidades e e de que a cultura rural, «que não constitui
gastos a fazer com cada um dos seus uma cultura oficial, não seja marginalizada
membros» (pp. 48-49). As relações no seio
no contexto da produção cultural nacional» diz respeito às actividade físicas, ao
(p.65). desporto» (p.81), e de uma cultura feminina
Seguidamente os autores confrontam- «mais discreta e menos visível» (id.), mais
nos com o conceito de ethos, fazendo-nos identificável pelas actividades
entrar no capítulo talvez mais polémico mas desenvolvidas na escola: ajudar na cozinha,
porventura mais original de todo o livro. É tratar dos faisões da escola, preferência por
que pode parecer contraditório, num passear e conversar com as amigas no
sistema educativo tão fortemente recreio ou por jogos tradicionais em vez de
centralizado como o português, falar de desporto, etc.
identidade e especificidade culturais a Os autores debruçam-se de seguida
propósito de uma escola. Contudo, na sobre os dois padrões de aprendizagem para
escola em estudo, «há na verdade o trabalho: - o que «é fornecido pela escola
numerosas alusões e referencias á e que aponta para o mercado do trabalho
características especificas, a uma identidade oficial» (p.88) e se traduz em opções como
particular, apontadas como permitindo hortofloricultura e textéis;
distinguir esta escola de outras, e que se - «aquele que as famílias camponesas
projecta na construção do espaço escolar. imprimem às suas crianças» (id.)
Pode assim falar-se do ethos desta escola» Na senda do trabalho de Karin Wall
(p. 27). (1987) sobre o Minho semi-rural, os autores
Este ethos traduz-se essencialmente, identificam duas categorias de famílias.
no aspecto relacional e expressivo, 1 – a família monoactiva, mais
salientado por todos os membros das tradicional com uma divisão de papéis clara
comunidades escolares e local «alunos, e rígida, onde a criança é obrigada a
professores, Conselho Directivo, desempenhar trabalho agrícola, e as
Associação de Pais, Associação cultural expectavas quanto ao seu futuro estão aí
local, etc.» e que desemboca num conjunto encerradas; vivem em choque constante
importante de actividades extra-curriculares com a escola urbana;
bastante participadas. Para os autores, «o 2 – a família pluriactiva, com uma
ethos da escola de Viatodos é resultado da maior flexibilidade de papéis e de
rearticulação entre a cultura rural em autonomia de cada um dos seus membros,
mudança e a cultura urbana (...)» (p.69). Ele «parece trabalhar em relativa harmonia»
aparece, assim, como a forma pela qual a (p.87) com a escola, a qual é vista
cultura (camponesa) se afirma, ou pelo positivamente devido ao seu papel
menos resiste, à cultura (urbana) da escola. credencializador.
Este facto não deve, porém, ocultar a A relação entre estes dois tipos de
existência de uma cultura masculina « família e os padrões de aprendizagem
particularmente visível sobretudo no que parece clara. Os actores apresentam uma
serie de quadros através dos quais é mercado de trabalho oficial é de
possível ver como os jovens ocupam o seu descontinuidade, e a relação escola-
tempo fora da escola, ou seja de uma forma economia paralela é de continuidade. A
muito diversa para cada uma das maior parte dos jovens só encontra trabalho
actividades – domésticas, agrícolas, «clandestino» nas pequenas fabriquetas: «a
desporto, religião – e com nítida distinção aprendizagem para o trabalho no Portugal
sexual de tarefas. A quantidade de crianças semirural parece significar, sobretudo,
que desenvolvem um número significativo aprender a sobreviver numa economia
de horas de trabalho agrícola, permite-lhes clandestina ou a aprender a viver com a
secunda as opiniões de Madureira Pinto frustração de um sonho nunca realizado»
(1985) e Ferreira de Almeida (1986) (p.103).
segundo as quais estas crianças, juntamente Na realização dos eu projecto é de
coma as mulheres e os velhos constituem registar a opção de Stoer por uma
um «exército agrícola de recurso» (Pinto in etnografia crítica, cuja preocupação
Stoer e Araújo, 1992:93). Não conseguem fundamental «é fornecer um forma de poder
deixar de chamar a atenção para o facto de aliar agência humana estrutura social» (id:
que «encontramos, pois, nesta zona, 23). Em consonância com este conceito,
crianças e adolescentes envolvidos em entendem cultura como uma pratica social,
actividades de trabalho manual intensas que conceito que resulta da tensão entre cultura
necessitam ser tomadas em consideração entendida como «um modo de vida, como
por parte das instituições educativas e na aquilo que é inerente a práticas sociais
formulação de políticas educativas, quando resultantes de um modo de produção e
a escola nos sistemas democráticos afirma reprodução (a cultura camponesa; a cultura
reger-se pelo princípio de igualdade de rural; a cultura semi-rural), e cultura
oportunidades» (pp. 94-95). O quadro que [entendida] como uma actividade criativa,
apresentam , mostrando que o trabalho como aquilo que implica que as próprias
agrícola realizado pelos alunos varia desde estruturam sejam constantemente criadas e
8,5 horas numa turma a 188,5 horas noutra recriadas» (id:25). Recusam, assim, uma
turma, não pode evitar a reflexão que a concepção acabada e determinista de
«organização da escola, concretamente no cultura - «seria, de facto, um beco sem
seu sistema de formação de turmas, aparece saída para a nossa análise se as culturas
como muito evidente uma forma de estivessem presentes na escola, à partida,
streaming» (p.95). como culturas completamente formadas
A relação casa-escola é, para ao (determinadas)» (id: 26).
autores, simultaneamente de continuidade e Stoer e Araújo não esquecem que «se
descontinuidade (apresenta ambas as a cultura tem de ser compreendida tanto na
facetas), enquanto que a relação escola- esfera produtiva como reprodutiva,
necessita de se questionar a forma como o envolvida em actividades de produção
género (tal como a etnia, a classe e a agrícola, domestica e também, em menor
região) interfere na sua construção» escala, oficinal» (p.131), e por outro, que
(p.113). Baseando-se em Mc Robbie são actividades de reprodução estrita do
(1991) lembram, assim, que «pela sua agregado doméstico que consomem muitas
situação estrutural de subordinação, a horas passadas em casa» (p.129), o que não
cultura feminina não atraiu a atenção dos os entusiasma, preferindo claramente a
estudos sobre culturas juvenis que tenderam escola, quanto mais não seja pelo convívio
a focar as actividades que se desenrolam na com os seus pares que esta proporciona.
rua, onde as raparigas estão menos Outro dado salientado é que há uma
presentes, e no trabalho, onde são distintas divisão clara na ocupação dos tempos de
as expectativas que sobre elas se exercem. lazer de acordo com o tipo de família e o
A esfera da família e da vida doméstica género a que pertence. Nas famílias
foram genericamente esquecidas» (p.114). monoactivas quase não há tempo para ver
Não pretendendo apresentar a cultura televisão (uma das actividades mais
juvenil – conceito por si também discutido comuns) e as raparigas desenvolvem a
– de Viatodos, tentam, porém, «uma maior parte das suas horas de lazer dentro
primeira abordagem do que significa ser de casa - «o café continua a ser um espaço
jovem nas aldeias que a escola serve» sobretudo masculino» (p.135). Stoer e
(p.111) na medida em que, sendo certo que Araújo falam, assim, da existência de
a juventude é em larga medida criada como distintos padrões de vida.
categoria social» (id.), também não é o O papel do controlo familiar,
menos que «estes jovens estão envolvidos exercido «com alguma visibilidade» (p.
em práticas e condições (institucionais e 138) – nomeadamente através da
outras) diferentes dos membros mais velhos dependência económica - , é outro dos
das suas famílias, com implicações para a aspectos abordados pelos autores que
forma como actuam e para as visões do referem o papel da mãe, «dado a sua
mundo que sustentam» (id.). centralidade no governo doméstico, como
Depois da discussão do conceito de também a sua crescente presença no
cultura e das razões da exclusão do estudo trabalho do campo minhoto, trabalhando no
da cultura feminina pelas ciências sociais, dia-a-dia, em muitos casos sem a
Stoer e Araújo apresentam, ao longo de contribuição do marido, ausente para a
uma dúzia de páginas, a «voz – transcrições oficina, o estaleiro, a fábrica» (p.138).
– das raparigas e dos rapazes de Viatodos A fraca «identidade específica»
acerca do que fazem fora da escola. Pela (p.139) destes grupos de jovens, quando
sua leitura torna-se claro que, por um lado, comparada com os das zonas urbanas, é
uma «boa parte [destas e destes jovens] está posta em paralelo com outros dos seus
traços caracterizadores, que é o facto de que ocorreram separadamente (p.147). A
«a juventude de Viatodos sublinha que contradição entre o «processo (lógica de
gosta de viver no campo» (id.). Quanto às acumulação) e o contexto (promoção de
expectativas de sair da aldeia - «as férias igualdade de oportunidades) assume uma
como conceito na cultura rural deve a sua dimensão e uma especificidade só
emergência, em grande parte, à escola» explicáveis à luz da posição do país no
(p.140) -, elas são consideravelmente mais sistema mundial» (p.152).
notórias nos rapazes do que nas raparigas, A especificidade portuguesa resulta,
«cuja mobilidade aparece como muito assim, na opinião dos autores, do
condicionada e restrita à casa da família e cruzamento entre o processo e o contexto
aos espaços mais directamente com ela nacionais. O primeiro leva à «hipótese de
relacionados, com vidas mais estruturadas uma escola de massas menos baseada na
do que os seus pares masculinos (...)» classe social do que a que se desenvolveu
(p.143). nos países do centro europeu» (p.154); o
A realidade comum a todos estes segundo revela a «subordinação da política
jovens – famílias mono/pluriactivas, educativa às preocupações conjunturais das
rapazes/raparigas – é o trabalho rural e políticas económicas e industriais» (id.),
semirural, sendo através dele que se provocando a (quase) inexistência de
afirmam como produtores de uma cultura alianças entre «agentes da esfera de
em mudança (p.143). reprodução (professores) e agentes da
Na parte final do seu livro, os autores esfera de produção (pais e trabalhadores)»
lidam com questões em torno da (id.).
problemática da escola democrática e dos Para Stoer e Araújo há que cumprir
direitos humanos. Naturalmente não as promessas da modernidade (consolidação
poderiam deixar de abordar a questão de da escola de massas com o que isso implica
qual a relação entre o princípio da de interiorização de direitos humanos e
igualdade de oportunidades educativas, sociais básicos) e da pós-modernidade
assumido retoricamente pela escola de (crise da escola de massas que leva ao
massas, e a cultura semirural de Viatodos. necessário confronto entre culturas):
A questão é tão mais complexa quanto somente deste modo «será possível desfiar a
Portugal vive em simultâneo a crise e a existência do fosso cultural entre a cultura
consolidação da escola de massas: «A crise nacional» (p.156).
da escola de massas em simultâneo com a
sua consolidação, num país com uma Um olhar e algumas interrogações
especificidade própria, tem o efeito de No final dos anos 70 Karabel e
trazer, para o mesmo espaço e o mesmo Halsey (1977), ao fazerem o ponto da
tempo, lutas sociais que em países do centro situação sobre a sociologia da educação,
davam conta de que os anos 80 have little force». Não se trata, contudo, de
necessitavam de estudos que um eclectismo estéril ou pomposo. A opção
estabelecessem a ponte ente o macro e por uma etnografia crítica, fundamentada e
micro-sociológico. Os anos 80 passaram e o coerente coma s técnicas de recolha de
contexto português daquele ramo do saber adoptadas (nomeadamente aquelas menos
não permitiu grandes «voos». usuais entre nós no campo da sociologia da
Consideramos um dos aspectos mais educação, como são o caso das genealogias,
interessantes da obra em análise diários e história oral), tornou possível
precisamente o estabelecimento daquela aquela caminhada, De facto, a etnografia
ponte, tanto mais que ainda não é uma crítica, ao ter como preocupação «fornecer
situação corrente entre nós. uma forma de poder aliar agência humana
Naturalmente que desbravar com estrutura social» (p.23), constituirá um
caminhos ou percorrer sendas pouco excelente meio de estabelecer a ponte
trilhadas é sempre ingrato. Construir pontes micro-macro. É também enquadrada nesta
tem o seu quê de aventura. E desventura. opção metodológica que a utilização de
A obra de Stephen Stoer e Helena técnicas como a história oral não corre o
Araújo é de certa forma, circular. Começa perigo de produzir «dados»
pelos conceitos de sistema mundial, descontextualizados. Claro que a escolha de
semiperiferia europeia, Estado, sistema uma técnica destas, ao privilegiar dar voz
educativo, Portugal (domínio macro), passa aos socialmente marginalizados e
pela análise de uma comunidade, uma esquecidos, constitui uma opção tão teórica
escola e uma cultura juvenil «concretas» quanto ideológica (tal como o seria
domínio micro) e termina com questões qualquer opção). Só que esta escolha –
ligadas aos direitos humanos e escola através da concepção do jovem historiador
democrática numa comunidade, em – e, uma vez mais, coerente com um dos
Portugal e no sistema mundial (domínio objectivos propostos: «estimular a
macro). Se o percurso é basicamente este, consciência local sobre as finalidades e as
ele não é, no entanto, linear. Várias vezes capacidades da escola, e encorajar as
os autores o curto-circuitam. entidades locais a actuar como agências
Este percurso é possível através de para o desenvolvimento» (id.). Os autores
uma opção metodológica não dogmática. são muito claros ao firmarem que
Os autores mostram-se de acordo com o «conhecer as experiências dos seus
princípio de Martyn Hammersley e Paul antepassados neste capítulo funciona como
Atkinson (1983: X) segundo o qual um recurso acrescentado, facilitando a
«methods must be selected according to valorização da sua cultura e permitindo aos
purposes; general claims about the jovens ganhar poder face à cultura da
superiority of one technique over another escola» (p.48). Não é também por acaso
que Stoer e Araújo definem a sua A dúvida que se coloca é que se, por
investigação como sendo participada (p.22). um lado, «é através do ethos que é atribuído
A coerência entre métodos e críticas valor ao que é normalmente desvalorizado
estende-se ainda à das opções conceptuais. pela escola» (p. 80), e que «é cultura
É o caso, por exemplo, do entendimento da camponesa que determina a cadência, o
cultura como prática social, uma prática que ritmo, a identidade expressa da escola»
permite aos seres humanos, em cada (id.), por outro, «é inegável que a cultura
momento e contexto históricos, criarem e urbana, académica, literária, se impõe na
re-criarem as estruturas nas quais estão sala de aula, sobretudo no momento da
inseridos. A relação dialéctica indivíduo- avaliação dos alunos» (id.). Parece criar-se
sociedade e indivíduo-estrutura perpassa um duplo espaço intra-escola, o da sala de
por todo o trabalho. aula (cultura urbana) e o fora dela (cultura
O capítulo sobre o ethos da escola, já rural), que testemunha uma relação de
o dissemos, é tão interessante quanto incomunicação: «faz sentido, pois, falar de
polémico. Debruça-se sobre a questão distância e mesmo de choque cultural que
fulcral da relação entre culturas – a da ganha expressão na sala de aula, através da
escola e a local – bem como da relação forma como os alunos comentam os
entre cultura e classe social. Os autores professores e as matérias; na sensação
afirmam que a escola de Viatodos consegue explicitada de pura incomunicabilidade (
criar uma certa identidade cultural que se estive atento, mas não percebi nada)» (p.
manifesta através daquilo a chamam a sua 99)...
ordem expressiva. É através do ambiente A sensação que fica é que a escola,
acolhedor – testemunho por alunos e enquanto instituição transmissora/
professores e pais -, através das actividades reprodutora de uma cultura estranha à do
extra-curriculares e através da introdução meio, tenta ser acolhedora e cativar os
de disciplinas ligadas ao meio, como alunos ( e famílias) através de todo um
hortofloricultura e têxteis, que se manifesta clima e um conjunto de actividades que, por
o ethos. Segundo os autores, esta é a forma sua vez, acabam por ser estranhos ao que se
encontrada pela cultura local (rural) para se passa nas actividades ligadas ao currículo
afirmar perante a cultura (urbana) da escola. forma. A excelência académica não parece
De algum modo é a forma encontrada pelos ser propriamente uma prioridade para
indivíduos para resistirem, por muito ninguém . Stoer e Araújo várias vezes dão
parcialmente que seja, à estrutura: «o ethos conta que a escola é encarada por alunos,
da escola tem mais a ver com um espaço de professores e famílias sobretudo pela sua
negociação através da cultura e menos a ver função de credenciação. O acesso à cultura
com uma determinação de classe social» socialmente dominante por parte dos filhos
(p.69). dos camponeses ou camponeses-operários
parece, assim, nem chegar a ser uma lado, o livro constantemente intersecta a
miragem, na media em que não haverá problemática das classes sociais (central na
sequer expectativas nesse sentido. Coloca- sociologia) com a da cultura (central na
se a questão de se a reprodução social e antropologia).
cultura não continuará a ser a norma numa Os olhares parecem cruzar-se, as
escola que os alunos (e professores e caminhadas convergir, o esbatimento entre
comunidade) até gostam de frequentar fronteiras uma realidade cada vez mais
(indicadores do tipo de taxa de repetência, tangível. Casamento de conveniência ou já
global e por categoria social, poderiam se um outro tipo de interdisciplinaridade?
aqui de alguma utilidade)...Aliás, os autores Unidade do social/ pluralidade das ciências
falam na «tradução e subordinação deste sociais ou unidade do social/unidade
ethos às determinações de classe social em (parcial) de algumas ciências sociais? Serão
momentos cruciais da vida escolar (por o objecto e o método suficientes para
exemplo, nos momentos de avaliação dos demarcação de territórios? Tenderá esta
alunos)» (p.69). demarcação fazer progressivamente menos
Outra das características deste livro é sentido? Este livro levanta algumas
a que respeito à relação sociologia- questões epistemológicas interessantes.
antropologia. Se a análise macro que é feita É um livro também interessante e
– com a reflexão em torno de conceitos rico do ponto de vista teórico. Não adopta
como sistema mundial, semiperiferia, explicitamente nenhuma teoria global, mas
Estado, autonomia do sistema educativo, o questionamento que vai fazendo a par e
etc. - se situa num campo mais tradicional passo, quer em termos de objectivos quer de
da sociologia (o que até é reforçado pela conceitos usados, permite um mapear
bibliografia a que se recorre), já os constante do terreno que vai sendo
capítulos sobre a escola e a comunidade nos percorrido. O cruzamento das
levam a perguntar se não poderiam ter sido problemáticas das classes e a da cultura
escritos por um antropólogo. Isto é com a do género é um sinal daquela
particularmente visível se nos situarmos no riqueza.
ponto de vista metodológico: a opção por O livro levanta ainda questões que
uma etnografia crítica e por técnicas de directa ou indirectamente se prendem com a
recolha, como as histórias orais, as formação de professores. Stoer e Araújo
genealogias ou o uso de diários. alertam para o facto de que «embora muitos
Interessante a afirmação de que não houve a professores nesta escola posam reconhecer
«pretensão de se ter escrito etnografia na a existência de diferentes culturas no espaço
tradição antropológica» (p. 25). Poder-se-á escolar, existem dúvidas sobre o grau de
falar de uma etnografia sociológica? Qual, conhecimento que detêm sobre as
então, a diferença entre ambas? Por outro diferenças culturais presentes na sala de
aula, conhecimento esse que também não sociológico será certamente acusada de
parece ser foco de reflexão central» (p.98). pobreza ou falta de fundamentação teórica,
Esta distinção que os autores estabelecem por uns, e falta de investigação empírica,
entre reconhecimento e conhecimento das por outros. Nem sempre «a virtude está no
diferenças culturais presentes na escola meio». Nem sempre há virtude...
chama a atenção para a necessidade de uma Outra questão sugerida pelo livro é
formação de professores qual p efeito de uma investigação com a
sóciopsicopedagógica e não apenas natureza desta junto daqueles que (e,
psicopedagógica, como ainda é corrente eventualmente, com quem) se investiga.
ouvir-se. Claro que não basta reconhecer as Ficamos sem nada saber sobre isso, resta
diferenças. Torna-se imprescindível saber o saber se por opção (os autores publicaram
que fazer com elas. E parece-nos que, de recentemente outro livro com base no
um modo geral, a formação de professores mesmo projecto 2 ,que ainda não
(nas suas várias vertentes: inicial, contínua, conhecemos, e que poderá abordar este
em serviço) ainda não se sabe como abordar assunto), ou se porque ainda é cedo para ter
devidamente esta problemática. Aliás, «resultados». Pela leitura do livro ficamos
julgamos importante a explicitação que ao na realidade sem saber qual a avaliação do
autores fazem ao argumentarem que «às que foi feito até ao momento, o estatuto dos
vezes o que está em causa não é uma diversos intervenientes no processo de
questão do grau de conhecimento que os [os investigação participada, se esta já acabou,
professores] detêm, mas mais como se continua com outras modalidades, etc.
mobilizar esse conhecimento na forma de Mesmo ignorando se haverá «cenas
dispositivos pedagógicos capazes de dos próximos capítulos», só por si a leitura
enfraquecer as fronteiras entre a escola e a deste livro já é suficientemente estimulante.
comunidade» (id, nota 16). Um livro que revela uma reflexão crítica
De registar que os conceitos por constante e uma imaginação metodológica e
vezes aparecem como pares de oposição: sociológica que um Wright Mills não
sistema mundial/ cultura local, cultura desdenharia.
masculina/ cultura feminina, família mono/
pluriactiva, padrão de aprendizagem da Referências
escola/ padrão de aprendizagem da família, Almeida, João Ferreira (1986), Classes
Sociais nos Campos, Instituto de
rural/urbano, cultura/ classe social,
Ciências Sociais, Lisboa
reconhecimento/ conhecimento da
Hammersley, Martin e Atkinson, Paul
pluralidade de culturas.
(1983), Ethnography; Principles in
Um dos aspectos a referir ainda é
que uma obra que tenta encontrar um certo
2
Genealogias, a capacidade de nos
equilíbrio entre o macro e o micro- Surpreender, Ed. Afrontamento, Porto, 1993.
Practice, Routledge, Londres e Nova Realidade Portuguesa – uma
Iorque Abordagem Pluridisciplinar, Ed.
Afrontamento, Porto
Iturra, Raul (1991a), Fugirás à Escola Para
Trabalhar a Terra – Ensaios de Stoer, Stephen R. e Araújo, Helena Costa
Antropologia Social sobre o (1992), Escola e Aprendizagem para
Insucesso Escolar, Escher, Lisboa o Trabalho num País da (Semi)
Periferia Europeia, Escher, Lisboa
Iturra, Raúl (1991b), A Construção Social
do Insucesso Escolar – Memória e Vieira, Ricardo (1992), Entre a Escola e o
Aprendizagem em Vila Ruiva, Lar, o Curriculum e os Saberes de
Escher, Lisboa Infância, Escher, Lisboa

Karabel, Jerome e Halsey, A. H. (1977), Wall, Karin (1987), «Modernisation et


Power and Ideology in Education, Dynamique Familiale: le cas de la
Oxford University Press, Nova Famille Paysanne Portugaise» in
Iorque Gonçalves, A. et al (Orgs.) La
Sociologie et les Défis de
McRobbie, Angela (1991), Feminism and Modernisation, Faculdade de Letras,
Youth Culture: from Jackie to Just Porto
Seventeen, MacMillan, Londres

Pinto, José Madureira (1985), Estruturas


Sociais e Práticas Simbólico- PEDRO SILVA
Ideológicas, Afrontamento, Porto

Porto, Nuno (1991), O Corpo, a Razão, o


Coração – A Construção Social da
Sexualidade em Vila Ruiva, Escher,
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Raposo, Paulo (1991), Corpos, Arados e


Romarias entre a Fé e a Razão em
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Crescimento: o Jogo Infantil e a
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num país Semiperiférico (no
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