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Gostaria de compartilhar algumas curiosidades

da Palavra de Deus:
Jó 1:1 “Havia um homem na terra de Uz, cujo
nome era Jó; homem íntegro e reto, temente a
Deus e que se desviava do mal”.
Todavia o texto hebraico inicia diferente.
Em nossas versões o texto inicia com um verbo
(havia), mas o texto hebraico começa com um
substantivo (homem) “Um homem havia na
terra de Uz...”. A razão é para esclarecer que Jó
não era um personagem fictício, mas sim uma
personalidade real relatando fatos reais e
verídicos.
O mesmo ocorre em 2 Samuel 12:1, no
episódio em que o profeta Natã conta uma
parábola ao rei Davi, com a finalidade de
revelar os pecados desse rei decorrentes de
um relacionamento ilícito com Bate-Seba, que
era mulher de Urias. Em nossa versão diz:
“Havia numa cidade dois homens, um rico
outro pobre...”, no hebraico inicia “dois
homens havia numa cidade...”. O sujeito
antecedendo o verbo. O rei Davi entendeu sem
dificuldade, apesar de lhe estar sendo contada
uma parábola, que está falava de dois homens
reais em um relato verídico.
Assim como é enfatizado a terra natal dos
amigos de Jó que era de Uz (Jó 1:1); Elifaz era
temanita, Bildade era suíta e Zofar era
naamatita (Jó 2:11). Ademais, de Eliú se
menciona sua procedência e sua genealogia
(filho de Baraquel, o buzita, da família de Rão -
Jó 32:2) confirmando assim que todo o enredo
do livro é real.

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É questionado a origem do nome de Jó:
1-Se o nome de Jó tem origem árabe, seu
significado tem o sentido de arrependimento.
Se a terra de Uz ficasse entre Edom e o norte
da Arábia, este sentido do nome de Jó seria
coerente, até porque a realidade do
arrependimento será mostrada no Livro de Jó.
2-Se a origem do nome de Jó for semita, então
poderia significar “Onde está o Pai?” (ou “onde
está meu Pai?”). Este significado também se
encaixa com o sentido das interrogações de Jó
diante de seus infortúnios, seja elas expressão
de confusão diante de um sentimento de
abandono ou de um anseio de livramento.
Descobri que isso ocorre devido não haver um
consenso sobre a localização da terra de Uz,
dividindo-se a opinião dos especialistas entre
duas regiões. A primeira fica ao nordeste da
Palestina, na região do Hauran, ao sul de
Damasco, seria a terra onde se estabelecera o
filho de Arã, chamado Uz (Gn 10:22-23). A
segunda possibilidade é de que ficava ao
sudeste da Palestina, na região entre Edom e a
Arábia, associada a povos da região sul e
sudeste da Palestina (Jr 25:20: fala da terra de
Uz ao lado dos filisteus, de Edom e de Moabe;
Lm 4:21: Edom habitando na terra de Uz).
A Septuaginta identifica Jó com Jobabe, rei de
Edom (Gn 36:33) e a terra de Uz com os confins
da Iduméia e da Arábia. As demais pessoas
nomeadas no Livro de Jó parecem habitar na
região sudeste da palestina: Elifaz é temanita,
ou seja, proveniente de Temã (em Edom) ou
Tema (na Arábia) (Jr 49:7; 25:23); Bildade é
suíta, ou seja, da provável terra habitada por
Suá, que foi neto de Abraão com Quetura (Gn
25:2ss: note que os filhos de Quetura foram
mandados por Abraão para a terra do oriente,
sendo um deles Midiã, que habitou ao
sul/sudeste de Edom); Eliú era buzita como seu
pai, ou seja, da terra de Buz, que é colocada
em Jr 25:23 ao lado de Dedã e Tema, que estão
associadas a Arábia (Is 21:13-14) e a Edom (Jr
49:7-8). Assim, a terra de Uz seria a terra onde
se estabelecera o neto de Seir, que se chamava
Uz (Gn 36:28); note que Seir habitava na região
de Edom. Diante disto, é mais provável que a
terra de Uz ficasse ao sudeste da Palestina, na
região entre Edom e o norte da Arábia.
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Jó 1:1 “Havia um homem na terra de Uz, cujo


nome era Jó; homem íntegro e reto, temente a
Deus e que se desviava do mal”. A palavra
íntegro é associada à palavra reto (Sl 37:37 e
Pv. 29:10).
O sentido da expressão temente a Deus é
associado com a expressão se desviava do mal
(Pr 3.7; Pr 8:13; Pr 16:6).

Três palavras descrevem o caráter de Jó:


íntegro, reto e temente.

A palavra hebraica ‘tam’ que é traduzida por


íntegro em Jó 1:1, tem o sentido (real ou
aparente) de perfeito, completo, que não tem
falta de qualquer coisa, uma obra pronta e
acabada.
Jacó, como acontece com Jó, é também
chamado de tam (Gn 25:27 - é a primeira
menção desta palavra na Bíblia.
O adjetivo correlato ‘tamiym’, também é
traduzido por íntegro ou perfeito, qualifica
também o caráter de Noé (Gn 6:9; é a primeira
menção desta palavra na Bíblia) e o caráter que
se veria em Abraão (Gn 17:1). Aqui, a perfeição
não é absoluta pois só Deus é perfeito em sua
natureza.

A palavra hebraica ‘yashar’ que é traduzida por


reto em Jó 1:1, tem o sentido de honesto,
correto, direito, que não se afasta do caminho
da lei. A primeira vez que palavra yashar é
usada na Bíblia, foi em Êx 15:26, quando logo
após a murmuração em Mara (águas amargas),
o Senhor torna suas águas doces, e Moisés
exorta o povo dizendo das benção que viriam
sobre eles se fizessem o que é reto.

A palavra hebraica ‘yare’ traduz por temente


em Jó 1:1, tem aí o sentido de reverente e
temente, não de quem teme exatamente o
castigo do pecado, mas de quem teme
desagradar a Deus pelo pecado e por não fazer
a sua vontade. O primeiro uso desta palavra na
Bíblia acontece em Gn 22:12, quando Abraão,
obedecendo a Deus, está prestes a sacrificar
seu filho Isaque, mas o Senhor o impede de
estender sua mão contra o menino dizendo:
agora sei que temes (é temente) a Deus... De
fato, Abraão não temeu ficar sem posteridade,
mas temeu ficar sem Deus por não fazer a sua
vontade, sem Deus que lhe poderia assegurar a
sua posteridade.
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Aparentemente, tudo tem conotação de
perfeição na vida de Jó no cap.1:3
Vejamos os números atribuídos
providencialmente aos seus filhos e filhas (7+3
= 10) e aos seus bens (ovelhas e camelos: 7 mil
+ 3 mil = 10 mil; juntas de bois e jumentas: 5
centos + 5 centos = 10 centos) estão também
ligados a idéia de perfeição (3 é perfeição
divina, 7 é perfeição temporal e humana e 10 é
perfeição da ordem divina). Pela variedade
dos bens acumulados por Jó (ovelhas, camelos,
juntas de bois e jumentas) e pelo grande
número de pessoas ao seu serviço, fica claro
que ele desenvolvia atividades pecuárias,
agrícolas e comerciais em larga escala. Por
tudo isso, Jó era considerado o maior de todos
os do oriente, o mais rico e o mais afamado
dentre deles (Jó 1:3). Por outro lado, nem tudo
era trabalho, pois havia banquetes entre os
seus filhos e as suas filhas, que revela a
existência de um ambiente de alegria e
estabilidade emocional entre os de sua casa (Jó
1:4), a nos causar admiração.
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Pode parecer estranho falar da fé de Jó,


quando nenhuma vez o substantivo
fé/confiança (‘emuwnah ou forma contrata
‘emunah) é usado no Livro de Jó.
O verbo crer ‘aman’, embora usado dez vezes,
nunca o é com o sentido de crer em Deus.
Contudo, isso não deveria nos causar
estranheza pois, embora se atribui fé aos
homens relacionados em Hebreus 11, não se
menciona expressamente, nos relatos de suas
vidas no Antigo Testamento, que eles tinham
fé ou que creram em Deus, pelo menos é isso o
que acontece com a maioria deles. E a razão
disso é simples: a fé pode ser verificada pelos
fatos da vida que a demonstram, pelo que é
dispensável qualquer declaração ou confissão
expressa nesse sentido.
Jó é um desses casos em que a fé pode ser
demonstrada pelos fatos da vida. Tal afirmação
pode ser confirmada no relato dos dias de
banquetes dos filhos e filhas de Jó, que além
de revelar Jó como sendo um pai exemplar,
manifestou também a sua fé verdadeira e
autêntica.
Jó age como sacerdote de sua família, quando
ofereceu holocaustos por seus filhos diante da
possibilidade deles terem blasfemado contra
Deus em seus corações. Fé autêntica porque Jó
demonstrou que sua espiritualidade não era
feita de pobres aparências nem de vãs
exterioridades, pois ele se preocupava com
aquilo que poderia ter acontecido dentro dos
corações de seus filhos naqueles momentos de
banquetes (blasfêmias contra Deus), dando-
nos a entender que ele sabia que Deus
abomina a hipocrisia religiosa e a devoção
mentirosa, por não procederem de um coração
sincero diante de Deus.

À semelhança da fé, acontece também com o


amor de Jó por Deus, ainda que a palavra amor
(‘ahab ou ‘aheb) só apareça uma vez no Livro
de Jó, e, mesmo assim, para designar o amor
entre seres humanos (Jó 19:19).

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