Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Se eu fosse um passarinho
Eu poderia para lá voar
E o melhor e mais eterno
É que o vírus eu não ia pegar
Como só pega em humanos
Meu porte atlético ia agüentar.
Deus é amor
Por isso falo com fervor
Que a energia do amor em tudo está
Nas folhas, na natureza, na terra
Inclusive no piquiá
No caçari, no ingá
No buriti, no tamanduá
Em mim e em você
Nos encontraremos com prazer
Poesia não poderá faltar
e se espalha em segundos.
Distanciamento, social
Doença infeciosa,
em breve choraremos,
Síndrome respiratória,
voltemos a respirar.
Comércios fechados,
economia em baixa.
e acreditar no salvador.
disse o Paulo,
Amor em cuidar.
Amor em ajudar.
Amor ao se distanciar,
e assim prossigamos.
(TEXTO SEM TÍTULO)
Perto
Longe
Mantenha distância
Estamos contaminados
Estamos e somos
Contagiosos
Fique longe
Longe, mais longe de mim
Com a sua falsidade
Com a sua ambição
Seu egoísmo
Longe!
Mas se for por amor
Que nossos corações fiquem próximos
Com a certeza
Que todos seremos curados
Pela bondade
Pelo amor
Pelo carinho
Pelo calor humano
Hoje distantes
Mas em breve juntos!
JUNTOS MAS SEPARADOS
Pensando bem
A história está sempre acontecendo
Mas alguns momentos ganham status de histórico
E normalmente os que os vivem não têm consciência deles
Até que tudo acabe e vire canção, caso de estudo ou item de coleção
E unem desconhecidos
Falta de compaixão
Venceremos o Corona
Separados em casas
é? hoje, é
o amarelo, sei lá, semana
esespero. que vem ou
o azul, eu não sei. " no mês que
— benedita da conceição vem. é uma
realidade.
devemos
não saia nesta noite aterradora com fervura, cuidar dos
pois a vida deveria ser poupada, ao fim do dia. mais idosos
odeie, odeie o mundo cujo esplendor já não fulgura. e daqueles
para qual seus vizinhos se entregaram (a troco de quê?), em fútil cortesia, tenham cu-
-idado
odeiam, odeiam o mundo cujo esplendor já não fulgura. também, mas
os loucos que abraçaram e louvaram os mitos em vívida altura
têm que
e entendem, tarde demais, como se afligiram em suas travessias
eles sim! saíram nesta noite aterradora com fervura. trabalhar.”
(a troco de quê?!) — jair bolsonaro
é? hoje, é
o amarelo, sei lá, semana
esespero. que vem ou
o azul, eu não sei. " no mês que
— benedita da conceição vem. é uma
realidade.
devemos
não saia nesta noite aterradora com fervura, cuidar dos
pois a vida deveria ser poupada, ao fim do dia. mais idosos
odeie, odeie o mundo cujo esplendor já não fulgura. e daqueles
para qual seus vizinhos se entregaram (a troco de quê?), em fútil cortesia, tenham cu-
-idado
odeiam, odeiam o mundo cujo esplendor já não fulgura. também, mas
os loucos que abraçaram e louvaram os mitos em vívida altura
têm que
e entendem, tarde demais, como se afligiram em suas travessias
eles sim! saíram nesta noite aterradora com fervura. trabalhar.”
(a troco de quê?!) — jair bolsonaro
é? hoje, é
o amarelo, sei lá, semana
esespero. que vem ou
o azul, eu não sei. " no mês que
— benedita da conceição vem. é uma
realidade.
devemos
não saia nesta noite aterradora com fervura, cuidar dos
pois a vida deveria ser poupada, ao fim do dia. mais idosos
odeie, odeie o mundo cujo esplendor já não fulgura. e daqueles
para qual seus vizinhos se entregaram (a troco de quê?), em fútil cortesia, tenham cu-
-idado
odeiam, odeiam o mundo cujo esplendor já não fulgura. também, mas
os loucos que abraçaram e louvaram os mitos em vívida altura
têm que
e entendem, tarde demais, como se afligiram em suas travessias
eles sim! saíram nesta noite aterradora com fervura. trabalhar.”
(a troco de quê?!) — jair bolsonaro
velhos velhos doentes quem se importa com velhos doentes oras estão com o pé na cova
não é problema abreviar a vida não podemos sacrificar a economia
se o país parar a maior parte da população vai sangrar
a nova geração será vítima da recessão da depressão
a economia vai estagnar o caos vai se instaurar
nesse cenário muito mais mortes de jovens no auge da vida
fase produtiva engrenagem da economia morrerão por tiro bala fome
a opção é clara vidas jovens no auge
não morrem jovens dessa doença pelo contrário criam a imunidade necessária
à sociedade autorregulada
a não ser em caso de presença de doenças prévias asma bronquite diabetes fragilidades sabe?
na verdade essas debilidades já levariam naturalmente à morte né
a estatística é clara a mortalidade é baixa
sugiro o isolamento apenas de idosos e comórbidos o afastamento dessa gente da população
um campo de concentração sem ventilação pois veja ventiladores são caros
não podemos sacrificar a maioria por quem infelizmente não sobreviveria o custo é elevado
de qualquer forma não há como parar o vírus mas parar a economia é impossível é o caos
anunciado
um mal maior com efeitos nefastos
estão preocupados em perder os empregos? pois deveriam o vírus é o de menos abrevia vidas
já perdidas que qualquer resfriadinho mataria
vidas antigas frutos do aumento da expectativa de vida da melhoria da medicina não cabem
mais
é peso demais o sistema de saúde não comporta a sociedade não suporta
não há vacina continuemos nossos trabalhos
faremos o necessário parar não dá
fechamentos restrições isolamento sem fundamentos estatísticos necropolíticos
isso é boicote ao mito
Vai passar
Se no momento vivido
A esperança acabar
Não fique agoniado
Deixe a tristeza de lado
Lembre que isso vai passar.
Se preocupe em viver
E do outro bem cuidar
Renove a cada dia
Aquela sua alegria
Lembre que isso vai passar.
E se acaso você
Chegue a desacreditar
Que esse é só um momento
Desvie seu pensamento
Lembre que isso vai passar.
Viver
É sobre ver
Sobreviver
Só querem viver
Ver
Sem saber
Se haverá um amanhã
Aprenda a viver
Prevenção
Amorzinho, Amorzinho
E não é paixão
E nem amor
E nem tesão
E é um medo real
E é doença de animal.
Diário
Isolei-me de tudo
Querido diário,
Nós nem temos emprego, quem dirá dinheiro para sermos importantes
E nós, todo dia somos uma coisa diferente, números, consumidores ou mortos
entramos em colapso
chuva de mormaço
pandemia e desemprego
em tempos de fragilidade
o amanhã é premeditado
ao cair do dia
Simplesmente acontece:
Já ligou o jornal?
Seria inveja?
Torná-la realidade.
Viva!
Tão intensamente
Mas tanto
A tal da vida -
Se nunca foi…
estado de emergência
falsas promessas
agora
qual a emersão
a dez passos
quatro cômodos
silêncio e tela
na janela
espero o desgoverno
o vulcão
a grande onda
dos dias
Psicológico de Quarentena
Tanto
tempo
ocioso
Tanto
tédio
repensando o passado
eu já não sei
no canto da sala
“ô quarentena, acaba”.
Vir-a-ser _ Transcender
Os dias são maiores, as percepções mais intensas. Tudo isto me deixa ansiosa
e tensa. Em meio às incertezas, perguntas girando gritam ao redor da vida, que
segue suspensa e sob
suspeição.... o medo paralisa, o temor imobiliza! O que fazer com o prazo, que
segue indiferente à dor da gente, pela dúvida que me ocupa? O que fazer para
responder, aos questionamentos dos meus filhos, quanto à inexorável morte?
O que manter e o que mudar? Tantas divagações para um só vírus!
Am
Amazônida,
Embora forte ( nasci no norte), frente ao vírus o que manter, o que fazer, o que
mudar? Estou no limite, a máscara esconde o medo, o álcool esteriliza as
mãos, mas o temor ainda prossegue aqui.
ESPREITAR-TE PARTINDO
GANÂNCIA
SEMENTE BOA
Aglomeramos em nós
Aglomeramos em nós
Nada más
e da minha boca
e palavras de apelos
Aglomeramos eu e tu
em nós
Seremos carne
Sem pudor
Sem máscaras
Sem vírus
E brotará de nós
sementes de gente
de vida
novamente...
A vida e a pandemia
Sendo rico ou pobre, bonito ou feio, a dita pandemia passou a afetar a todos,
impactando na saúde, economia e muito mais, gerando mudanças no dia-a-dia.
Quem não pode ficar em casa, continuou na labuta tradicional, com máscara e
álcool em gel, se virando para manter distância em um contexto de incerteza.
Quem pode ficar em casa ficou em homeoffice, mas se tinha cascalho, curtiu o
sítio com a família, aproveitando a natureza ou nadando em um belo igarapé.
Vida e morte foram peças centrais nesta sopa pandêmica iniciada em Wuhan,
que hoje se torna em um caldo requentado, não mais em ebulição.
Vence a vida em sua trajetória cíclica, deixando lições daquela pandemia, para
que a humanidade em sua fragilidade seja no futuro, cada vez mais unida.
ESPERANÇA
Agenda esquecida
Anotações perdidas
Eventos cancelados
Feriados esquecidos
Viagens adiadas
Páginas vazias
Nada a fazer
Nada a viver
Rotina insistente
Solidão persistente
Medos estranhos
Pesadelos confusos
Insônia frequente
Portão trancado
Chave pendurada
Rua vazia
Não há caminhante
Não há caminhão
Tudo parado
Só há solidão
Família distante
Ausência sentida
Lembranças latentes
Saudade presente
Sentimentos alternados
Carências reveladas
A casa parou
A rua parou
O bairro parou
A cidade parou
O estado parou
O país parou
O continente parou
O mundo parou
Silêncio lá fora
Silêncio em mim
Silêncio no silêncio
Silêncio total
Silêncio mortal
METONIMIZANDO: PANDEMONIO ASSOMBRA A PANDEMIA NO
BRASIL
A inbolsolerância é assim mesmo, ver, mas não enxerga, ouve, contudo não
escuta, aplaude!
Incrível, a ingratidão aos brasileiros, descaso total no vai e vem das vidas.
Rasos dágua a abotoar rio de paletós nas águas dissolvidas.
Onde tal ciclo evoca meditação a cerca de poder, espaço, clã e sobretudo os
verdadeiros valores da vida.
Ao cair,
Em milésimos de segundos,
A calada enfraquece mas também enaltece o que ali dentro não parece, mas se
fortalece.
Nem o frio provocado pela força dos poços artesianos que brotam igarapés e
rios.
Aquela hora não passava e parecia ser um propósito para trazer outro
movimento
Poderiam apreciar.
O que não passaria pelos fios de alta tensão, antenas ou canais de áudio
difusão.
A ascensão dos galhos,
O extasiante sossego daquela hora que não passara, talvez fosse para deixar
Pode reinar.
Como se revela
Em sua resistência
Em revolta
Em essência
A natureza da vida.
PLATAFORMA AUDÍVEL
Que os flagelados com seus corpos devassos por aniquilação, de certa forma,
Que vê seu ciclo como uma boca esparramada por fome de aprendizado
Por dor
Por amor
Por vibrar
Que escorreu
Que escorreu
Que escorrerá
Por dor
Por amor
Por vibrar
Paciência, paciência.
Paciência, paciência,
No mesmo circuito
(Iludidos...)
Se tornaram vergonhosos
Emudeceram
Foram se adequando
Deus, será que da quarta parede eles nos escutam? [Faz isso... Abraça!]
***
Apenas sei que daqui consigo avistar com menos turbidez as coisas de lá
Quanto a eles...
há algo diferente
contadores continuam
amigos
há algo diferente
há algo diferente
experiência homossexual e
3 meses
há algo diferente
as farmácias seguem
vendendo como nunca e
os filmes continuam a
um panda penetrou
de 10 anos em
abstinência
há algo diferente
continuamos queimando
combustível e procurando
os culpados mas
se sempre estivesse
ali
há algo diferente
de bebermos vinho ou
aqui
VIVENDO NO PERÍODO DA PANDEMIA DO CORONA VÍRUS
Em meio à pandemia
Tampouco de alegria
a rotina de todos.
A correria do dia-a-dia
O futuro dá medo
E de lá não resistir.
O inimigo é invisível
e continuar sonhando
Porque HOJE
Em meio a tudo, o meu olhar para o futuro nunca foi tão desfocado.
O ser humano é tão frágil que até algo que não se pode ver
No interdito da indiferença,
Sacralizamos o espelho,
despedaçamos as flores,
produzimos o espinho
codificamos o abraço,
quantificamos o desejo
Criaturas em decomposição,
rostos desfigurados,
e reinventamos a poesia.
Nem sempre
Eu posso! Eu preciso?
Fim do mundo
É O que será.
Socorro.
Crer-Sendo.
1-800-273-8255.
A vida é um sopro!
Estava enganado...
A vida é um sopro!
A vida é um sopro!
Novos hábitos
Trazendo positividade
Com poucos ruídos, dava até para ouvir o canto dos pássaros.
Mas de repente,
E nossa mente.
E o ausente.
Pra frente...
E o que vemos?
Na primeira carteira.
Do motorista atrasado
Toda sexta-feira.
Da fila do mercado,
Do açougue
Da feira...
Da senhorinha brigando
[Transcendi]
sobe no prédio
e contamina a cidade
Esperança
Amor
Empatia
Hu
Ma
nos
[voltei]
Agarrei-me a essa profecia:
é enraizada na seca
deserto consumado
Faz brotar fé
Acre[ditar]
Tic
Tac Tac
Tic
Rack
Trim
Ráh
Nada para
Tudo segue
“É uma gripezinha”
A mensagem é certa
Tac
Tic Tic
Tac
Rack
Trim
Ráh
Parou
Stop
Esbarrou
Congestionou
A mensagem é certa,
como a chuva que ainda cai na terra,
É preciso cair em si
Ter coragem de ser
o que tem de ser
E a hora é agora
Tac
Tic Tic
Tac
Rack
Trim
Ráh
Produzir
Comprar
Vender
Tic Tic
Tac
Rack
Trim
Ráh
Tic
Tac Tac
Tic
Rack
Trim
Ráh
Maio
Dia um
Dia do trabalhador
“Que trabalhador?”
A crise doí, pesa
e verga
A crise leva o que restou de nós
Desempregados!
Desempregados!
Crise!
"E daí?"
O maquinário não pensa
Faz rodar a manivela
A trava quebrou
Tac
Tic Tic
Tac
Rack
Trim
Ráh
O maquinário não pensa
Faz rodar a manivela
A trava quebrou
Tic
Tac Tac
Tic
Rack
Trim
Ráh
Falta pão
no banquete do galpão
Aruasufoca
“Vende-se ar”
Mortes! Mortes!
Muitas mortes!
“E daí?”
O maquinário não pensa
Faz rodar a manivela
Tac
Tic Tic
Tac
Rack
Trim
Ráh
Tac
Tic Tic
Tac
Rack
Trim
Ráh
Entre (a)braços
Amei,
Distanciei,
Primeiro, cores,
Fortes,
Reluzentes.
Presente. Modernidade.
Rústico. Passado.
Preto e branco.
Amo,
Distancio,
Sempre cores,
Fortes, reluzentes,
Preto e branco,
Ainda presente.
Ainda passado.
O ar,
Respiros,
Suspiros,
Seus amigos
UMA PRECIOSIDADE!
Felicidades
Decepções
T r i s t e z a s
P a i x õ e s
Mas já desvaneceu
exceto uma
Mas é inevitável
O que é viver?
Há muitas definições
É sofrer
É uma arte
É arriscar tudo
É um risco
É muito perigoso
É cristo
É adaptar-se
Há muitas citações
23:59
Já é meu aniversário
Numa pandemia
Abdicar da vontade
Decadente
Dor nos dentes
Dor na barriga
Dor
Sinto-me selvagem
Estava em crise
Crise alérgica
Somos natureza-morta
18 para sempre
Para sempre
Chega de inverdades
Não mais fatos inventados
Não mais falsas amizades
Chega de rostos mascarados
E A VIDA MUDOU...
A rotina se alterou
Na casa da vó ninguém ia
Aumentava a ansiedade
Na nossa sociedade
E o tempo apareceu
Pra se autoavaliar
Vamos se conectando
Outros sobreviver
Se as preces ao Salvador
Suficiente, Persistente
fora de campo
fora de área
Acorda homem!
Acorda mulher!
O trem já vai lá
Vento fustigante
Sol alto lá
E a vida simples
Não programada
Vai trem
Vai campeão
Se aqui jaz
Medo, pavor
Duas alternativas:
“Sobreviver ou morrer”
É condição patológica
As coisas notáveis
Da próxima vez
Talvez ecoando
Qual é a utilidade
De tanta matemática
No dia-a-dia,
No “mundo real”,
Conte a ela
Que ao longo de
Progressões geométricas
Questões de vida
E de morte.
Libertamente presa
Até chegar a ti
Liberdade
Desisto e volto
Me deito na cama
Eu vejo um sorriso
- PANDEMIA!!!!
a fala infantil ,
a linguagem digital,
a conversa com o “melhor amigo do homem”,
a história nostálgica,
Inesperadamente chega
- JÁ PASSOU!!!!
Bronze no corpo
Tudo comprado
Fila do caixa
Outro também
Solidária figura
Estenderam linha
Da pandemia acabar
Para se acharem
31/03/2020
Cidades silentes
Em bando simulam
paz na natureza
Espera!
Não obstante
Refulge no cisne
Benevolente
31/03/2020
Cidades silentes
Em bando simulam
paz na natureza
Espera!
Não obstante
Refulge no cisne
Benevolente
Multidões espalhadas
E o mundo paralisou
Se livrando da pandemia
Eu vi o cuidado dobrar
Eu vi heróis de máscaras
E o invisível vilão no ar
E os corações a pulsar
Eu vi bondade e partilha
Vi lealdade no olhar
Em minha visão vi a fé
O inimigo enfrentar
Sairemos da peleja
de antes
nas vielas
pelas avenidas
descerram os morros
subiram os elevados
todos aquietados
pasmos ainda
os braços se despregando
do resto do corpo
enxugaram as lágrimas
olhei para o capacho
uma recordação
ENTRADA
Há e quem
Há quem lucra
E quem esfalece
Há quem perde
E quem enriquece
Há quem morre
Há quem chora
E quem ignora
Há quem respeita
E quem sobrevive
Há quem perece
E quem se envaidece
Há quem ora
E quem ri agora
Há quem resiste
E quem desatina
Há quem luta
E quem se recusa
Há quem trabalha
E quem atrapalha
E quem só é cansaço
Há quem número é
E quem tem fé
Há quem é nome
E quem é sobrenome
Há quem chora
Há quem sorrir
Há quem é salvação
Há quem tá de quarenta
E quem se irrita
Há quem se isola
Há quem é morte
Há quem é festa
Há quem assiste tv
Há quem é alegria
E quem se contagia
Há quem é descaso
E quem é prazo
Há quem é amor
E quem é clamor
Há quem cuida
E quem julga
Há quem é despedida
Há quem é vítima
E quem é íntima
Há quem é médico
Há quem é paciente
Há quem é família
Há quem é rico
E quem é bíblico
Há quem é pobre
E quem cobre
Há quem é trabalhador
E quem é empregador
Há quem se entrega
Há quem é cura
E quem é amargura
Há quem é ódio
E quem tá no pódio
Há quem é proteção
E quem é vacilão
Há quem tosse
E quem torce
E quem é só lamento
Há quem é devastação
Há quem é produtividade
Há quem é descansa
E quem é criança
Há quem é vô e vó
E quem está só
Há quem é paz
E quem é capaz
Não há e quem
Há quem é consciência
(Alceu Valença)
por um microorganismo
é só um dia qualquer
na história do universo
e é o mesmo augusto
o dos anjos
niilista escatológico
trágico poeta
e tísico
e embora as interdições
lançamos juntos
nosso canto
embriagam-se e dançam
pulmões
que as sombras
atônitas e extáticas
para sempre irrequietas
Todos em casa,ressabiados
Eu tinha escolha
Eu tinha escolha, de visitar meus avós, sair com amigos e de abraçar meus
irmãos.
Eu tinha escolha.
Esse vilão que roubou nossa paz, mudou a rotina e devastou a tantos.
1
Releitura da Poesia de Fernando Pessoa – Mar Portuguez, em decorrência
da pandemia de COVID-19.
CONFINAMENTO
Um pandemônio caótico
Para os filhos de Adão.
Estranho transe hipnótico,
Castigo, tão amarga redenção?
Da janela vi o vazio
O medo
O vírus
Ele matou
Sufocou
Deixou um mundo mais vazio
O vírus se e s p a l h a
E a vida
novamente se refaz
em escuridões e estilhaços
alimentada de uma esperança
(inda que frágil)
Mas – e mais – que gigante
Que jaz vizaz, tenaz: a paz.
DESCOBERTA
Descobrir em casa:
os livros que ficaram por ler
o filho, com a luz do dia
o prazer e o cansaço do sofá
da sala ao quarto, a cozinha.
As pontes e hiatos
distâncias e nós
caronas e eremitas da infectologia
Tomem poesia
conforme a prescrição:
de nove à doze gotas por dia:
faz bem pro coração!
Tomem poesia
de nove à doze gotas por dia.
Faz bem para a humanidade!
É sério,
mas não basta!
Precisamos tomá-la em voz alta
para banir os males do ofício,
do espírito,
da garganta,
das entranhas…
Para o novo
florescer.
casa-mundo
Que se passa
quando a casa
é o mundo
quando o mundo
é a casa
que se passa?
-
Só,
me ponho
a girar e a rodar,
dançar no ar
até ser Catavento
Outubro
de Nascimento.
-
E se me bate o medo e a tristeza,
canto alto e mostro o meu retrato:
_daqui do caracol
eu vejo o mundo
e sinto muito.
por dentro
tenho asas,
voo leve
sob mim.
lá fora,
pouso as mãos,
subo no muro,
me escalo
no profundo
de um poema
ao sem fim.
Vingança
Idas ao zoológico
Que beleza há no diabólico?
Devastar florestas
Só a vida humana presta?
Poluir as águas
Vidas amaldiçoadas!
Fartura, abastança
Nas ruas, fome e desesperança.
Participar de festas
E as velas nas ruelas?
Beijos, abraços
E o choro dos desempregados?
A paz impera
E as Guerras?
Ter direitos
E a falta de respeito?
Dias natalícios
E o feminicídio, homicídio, infanticídio, latrocínio…?
Saltitar de euforia
E a pedofilia, zoofilia, necrofilia, xenofobia…?
Somos amáveis!
Adoráveis!
Veneráveis!
Dividimos o pão!
Estendemos a mão!
Perdão!
A ira de Deus
Ou a vingança de Satã?
A ira de Deus!
A vingança de Satã?
A morte à Ciência
Amaldiçoado vírus
Contar-nos a Verdade
A Peste
Pandemia e Educação: um desafio a vencer
E começa 2020, um novo ano que se inicia e a população faz muitos planos na maior
empolgação.
Docentes da Educação Básica ansiosos começam a pensar nos novos alunos, nos planos
e as habilidades a ensinar nesse novo ano letivo a iniciar.
Discentes animados para novas amizades e aprendizagens. Ficam a imaginar como será
a escola onde vão estudar.
Começa o ano letivo de 2020, todos na maior animação para as etapas da Educação. De
repente muita preocupação: parece que faltou o chão.
Ainda no primeiro bimestre letivo um vírus pelo mundo veio se alastrar, trazendo
incertezas pelo inesperado e desconhecido. Um momento atípico é preciso se adaptar.
Os professores que tinham dias letivos e habilidades da BNCC a cumprir, então
começam a se preocupar. A pandemia do coronavírus chegou para atrapalhar.
Para não afetar os dias letivos e a aprendizagem dos alunos o jeito foi flexibilizar e o
recesso antecipar. Enquanto isso o vírus continuou a se alastrar com vítimas a aumentar.
De repente uma confusão, professores e alunos na escola não podem permanecer. Tem
que repensar, devido a ameaça do coronavírus é necessário não aglomerar para o vírus
não se disseminar.
Pensando na vida como prioridade chega o decreto Estadual para aulas em forma de
EAD. Muitos professores se questionam como fazer?
Internet, celular, computador nem todos os alunos têm em mãos. Como fazer? Onde
clicar? Como vou lecionar?
Transmitir via teleconferência, rádio ou televisão? Qual seria a solução? Virtualizar?
Que comece um novo jeito de ensinar.
Diante do isolamento social os professores passam a se adaptar, focados dia e noite a
planejar. Com a tecnologia começam a se aliar.
Alunos, professores e as habilidades da BNCC não irão mudar. Da sala de aula é preciso
se desapegar, um novo espaço geográfico e ambientes virtuais é importante usar.
Sala de aula no google classroom, grupos no wattsap, vídeo aulas no celular. Para os não
tecnológicos vai uma apostila complementar e a família pode ajudar.
A família que ao professor nunca deu mole, sente dificuldade para ajudar sua prole.
Começa então a questionar: como vou fazer? Não tenho a didática para explicar, não
sou formado para ensinar.
Todos fazem parte da sociedade escolar. Aos poucos sem muito esperar a família entra
no processo e começa o trabalho docente a valorizar. As dúvidas ao professor são
enviadas por vídeos ou mensagem para a questão solucionar.
Ainda tem a opção para aqueles que não conseguem acompanhar, o reforço ao para
escola retornar.
O importante é alcançar a aprendizagem significativa nesse novo jeito de estudar. Essa
pandemia trouxe para a educação um desafio no ensinar. O que era presencial passou a
ser virtual.
Com o isolamento social professores e alunos passam por transformação. Diante de
novas possibilidades o ensino se adequando para novas experiências, descobertas e
informação.
Entre os sintomas do coronavírus estão febre, a coriza e a dificuldade para respirar. Pelo
ar está a se disseminar. Usar máscaras, lavar as mãos com água e sabão são medidas que
auxiliam na proteção.
Com o coronavírus (COVID-19): uma visita sem esperar, geograficamente distante do
professor o aluno passou a estudar. O professor, o aluno, a família e a tecnologia estão
juntos nesse novo caminhar.
De forma integrada todos buscaram solução para durante o período da pandemia atingir
medidas assertivas na Educação. Estudando em casa, essa é a recomendação para conter
a disseminação.
A pandemia veio nos mostrar que podemos estudar independente do lugar. Portanto,
com o ensino remoto também é necessário ter disciplina, atenção e dedicação.
Afugentar a tensão e continuar com o vínculo escolar ampliando o aprendizado
intelectual num envolvimento social nesse mundo virtual.
Não deixe abalar seu emocional, distantes pelo isolamento social vamos de
comunicação, Educação, e interação virtual.
De repente o que todos viam como confusão passa a ser um meio de informação e
interação. Pais e professores em parceria. Resiliência e empatia são palavras do dia.
Não se trata de dizer se a experiência é boa ou ruim. A ideia é repensar, inovar,
flexibilizar e acreditar. Devemos nos unir e a essa pandemia dar um fim.
Diante dessa situação nos fica uma lição com medidas preventivas e educativas
podemos reverter a situação. Que estudiosos pesquisadores criem uma vacina como
prevenção para proteger a população.
Com esse momento doído jamais o trabalho docente passará despercebido. Esperando
tudo normalizar e que todos venham a Educação valorizar.
Diante das dificuldades o ser humano é capaz de reaprender. Mudamos o jeito de
socializar para não deixar de estudar.
Cada um fazendo sua parte sairemos dessa mais fortes. Em tempos difíceis é relevante
coletivamente criar forças e perceber que esse desafio podemos vencer.
Que educação teremos pós pandemia? Não cabe a esse momento julgar é só uma
pergunta que não quer se calar:
VENTO FRIO
Vento frio
Sopra no deserto
Tenho medo
Do destino incerto
O inimigo ronda
Trazendo dor
Destruindo vidas
Causando o terror
Vírus mortal
Inimigo de guerra
Aterroriza o mundo
Assombra a Terra
A morte reina
Impera o mal
Pessoas perecem
No frio caos
Heróis batalham
Na batalha da vida
Enfrentam a guerra
A estrada sofrida.
De repente
O mundo parou
Um inimigo invisível
Trouxe o tremor
Impérios da morte
Reinos do horror
Reina o imprevisível
O presente terror
De repente
Um constante temor
De sua estupidez
O homem acordou
Novos caminhos
A humanidade encontrou
Na luta pela vida
A Terra parou
De repente
Ter tudo perdeu o valor
Um sentimento renasceu
O sentimento do amor
Heróis lutam e tombam
Neste tempo de pavor
Enfrentam o vírus
O caos e a dor.
Lágrimas derramadas
Na sofrida era
Um vírus mortal
Verdadeira guerra
Dominando o mundo
Causando dor
Impondo a morte
Trazendo o horror
Todos temem
O grande perigo
O grande mal
Maior perigo
Heróis lutam
Tombam na jornada
Enfrentando o terror
Cruzam a ultima estrada
Buscando salvam
Perecem e caem
Nas trincheiras da morte
Nos sofridos hospitais
Milhões padecem
Tombam na Terra
Morrem indefesas
Vitimas da Guerra.
PAN
Só eu e este o mundo,
Um tudo de pessoas que me leem na palavra espelho,
Que vibram feito eu para que a vida vença o caos,
O corpo vença a matéria e a verdade o invisível.
Silencio.
1º ATO
A Pergunta
Qual o preço de uma vida?
está posto
de qual vida se fala
da minha, da sua
da minha mãe, da sua mãe
do seu pai, já o meu não está mais
dos meus irmãos, dos seus irmãos
de minha família, de sua família
de meus amigos, de seus amigos.
Os meus não tem preço que pague
e os seus ?
Não quero a morte, valorizo a vida
aqui estamos, presenteados fomos
então que seja honrada, cuidada.
Ouço vozes e não vejo o emissor
salve a economia
mesmo que se morra sabe lá quem
as vozes continuam a zumbir em meus ouvidos
querido é a lei da sobrevivência
querem me seduzir com suave e doce som a emitir
relutante digo, quero vida
Vida em Plenitude.
Irá quebrar a economia, insiste o coro das vozes
pergunto eu, de qual economia
da que leva o trabalhador às inúmeras doenças
desta que um grupo se apossa
do bem produzido pelo coletivo ?
E no silêncio mordaz, fico a matutar
a peste sorrateira global
pode nos ajudar a refletir, repensar em ações
mudar o foco do modelo econômico atual
é paradigma não natural
não apareceu do nada, sua existência surgiu da dialética
de um momento histórico-social
devido a poucos, o banquete não é democrático total,
fica privado por ser parcial
deixa o público com fome, sem teto, sem quintal
corroendo os corações, petrificando as relações.
Nela eu, você, nós, somos nada
somos números estatísticos, um gráfico ilustrativo.
Digo às vozes, sonho por mudanças melhores
e o que me dizem, soa piegas
somente se fala e o concreto não se faz, desfaz
palavras que o vento sobra, somem-se sem sinal.
Na ausência do conhecimento científico, tornamo-nos máquinas de um sistema
quarentena nos propicia, planejar o diferente
vejo esperança quebrando pressupostos, na perspectiva do leme mudar a rota
na direção contrária da sociedade contemporânea desigual
criando um novo modelo, capaz de florir o campo
de semear a bonança, de regar a terra seca arrasada
de colher os frutos da suavidade, convidando ao piquenique
incluindo àqueles que muito fazem por nós
àqueles que olham o futuro vizinho, que fantasiam
criando da lama, alegorias e fantasias.
Assim o desfile da folia alegre aproxima
no ritmo do samba, a cantar o enredo
O Amor está a Raiar.
2º ATO
Em Nome do Dinheiro, do Lucro e do Capital
Sinal da cruz
fizeram os mandantes da desigualdade
abençoaram os empossados office-boys
orgulharam do posto almejado
achando democrático eleitoral.
Viam-se no comando
celebram à posse junto aos negociantes
proprietários vestidos de arrogância
lembrando a imagem da cena,
o personagem de Charles Chaplin que dança com o globo na mão
no jogo de um comando
calculam os donos do mundo ou fabricantes do mal?
Ditam as ordens a seus escolhidos
mal sabem que são subservientes, obedecem à cartilha entregue
regulamentando as injustiças aos que produzem o bolo nupcial.
No banquete da elite, ela se lambuzava das camadas de recheios
misturados ao sabor do suor e sangue do cansaço das horas
que longe do lazer faziam os trabalhadores adoecerem.
Do bolo feito, repartido de maneira desigual
da pequena fatia que sobrava
distribuía à maioria no curral e dela as migalhas caídas
a briga acontecia e muitos filhos da pátria pereciam
nem o gosto sentiam daquele bolo descomunal.
Assim permitiu que se fizesse, aglomerasse na festa cultural
divertiam do labor das mãos calejadas
pularam com fantasias confeccionadas pelo imaginário coletivo.
A festa acabou, a bateria silenciou e os office-boys não cuidaram
permitiram a folia de muitos dias, estão a servir a minoria
a tirar o bolo daqueles que o fizeram
restará saber quem contará a história depois da praga passar
que sejam os contadores da alegria, aqueles que visitam doentes
que fazem eles dançarem e sorrirem, vendo no horizonte o apagão
mesmo assim enxergam a esperança que não morreu, mantém o brilho da luz interior.
3º ATO
O (Im)possível Vencerá ?
Amanhã será outro dia, o despertar da consciência
já durante a noite restabelece do não cansaço
o cansaço não realizado, deveras feito o que não pôde.
Os dias passam e do nada a arte enobrece a existência
transforma lágrimas em rios de rosas, pétalas que perfumam
das amarelas que energizam às brancas que pacificam.
No confinamento a prova, a de reviver o não vivido
embutido, incrustrado, fechado feito ostra
não larga da visão de um mundo corrompido
esnoba os menos favorecidos, cai por terra e não levanta
oportunizou, ganhou créditos, descartou.
De certo modo, o feio se embelezou, deu sentido à vida
soube desabrochar de seu ego, egoísmo altaneiro
desceu os degraus do orgulho, aterrissou no chão da imensidão
é chamado a transitar entre diferentes aldeias
um convite ao aprendizado, da cidadania participativa.
Enquanto não chega a hora, mantenha calma
a paz que vem dos confins do mundo inconsciente para dentro do seu eu
do livro amigo que viaja pelas cenas delineadas pelo escritor
da oração que também é alento, o alimento
da conversa clara dos sonhos, que se realizou
pede e agradece por toda a humanidade
unidos pelo sangue, espírito, vivem na morada planetária.
De onde se veio, para onde se vai, encerra a peça encenada
a cortina se fecha ao som dos belos sonoros aplausos acústicos
e os mensageiros aguardam, levam a vida para onde o Belo brotou
o Amor reina e o cotidiano se harmoniza no canto sinfônico dos pássaros com os tons de
azuis.
RESSIGNIFICAÇÃO
veio um vírus e foi parando o tempo, mostrando que ele não era só dinheiro
então viu-se que a vida ávida da economia
não é mais importante que a economia da vida.
veio um vírus e foi deixando a gente longe dos outros mas mais pertos de nós mesmos
veio um vírus e foi mostrando pra gente que há templos no tempo e auras nas horas
Voltemos à realidade
Acordo não querendo levantar
Mas lembro “que sorte a minha poder acordar”
Ciência ou ideologia?
Política ou religião?
Pelo que assisti
Ninguém, até agora, sabe para onde ir
Pensando melhor
Sabemos aonde vamos chegar
Não sabemos como
Então o que faremos até lá?
É tempo de confinamento,
É tempo de solidão, reflexão...
De autoisolamento!
É tempo de parar,
De parar a velocidade
Da vida... do nosso tempo!
Como num antigo filme argentino – ou talvez não tão antigo, mas já de uma outra época
Me ponho a martelar, abrir buracos, criar janelas
Botar mais do céu nessa morada
Aconchegante e opressora
De medo e de tédio
Espero.
Gestar em quarentena
Livre e desenfreada,
Temível, letal e assombração,
Entrou e rompeu continentes,
Levou o homem ao pavor e a loucuras,
Desafiou os sábios a procurarem curas,
Decretou-se o mal que alimenta de seus doentes.
deito na folha
palavra por palavra
a geometria inútil
deste sentimento
disfarces de metáforas
símiles alegorias
nada basta ou esconde
a morte das cores
na tela destes dias
abraço
simbolicamente
a respiração de cada verso
e sinto o ar escasso
do meu poema
quase morrendo
porque a poesia sabe
da pneumonia dos ponteiros
Em casa 32
um baile de máscaras
sem carnaval
desfila dor
nos supermercados
nas quitandas
nas varandas
nos hospitais
muitas faces
sem espelhos
vendo o enredo
de suas vidas
atravessando
sem fantasia
a avenida
do medo
tem fugido o ouvido
e os olhos
dessa sequência de sons
que aos jornais e mundo move
tantos os números
que não acreditam os olhos serem pessoas com nome
fosse alguém divulgá-los em memorial
não caberia num post
mas em letras pequenas do diário oficial
não lírico, subjetivo, eu
mas escrito a várias mãos
duzentos mil seiscentos e noventa e seis
duzentos mil seiscentos e noventa e sete
duzentos mil seiscentos e noventa e oito
duzentos mil seis...
a ferida
abre flor
necrosada do poder
coronial
14 de abril
tarde:
artista morre
apedrejado
com uma maçã
enfiada na boca
bondade no cu
15 de abril
abril
des
pe
da
ça
do
o terminal da atalaia
en - tu - pi - do
absorve o suor
(ativo do paciente zero)
formando estalactites
no céu de amianto:
igreja da necropolítica
o mercado é o altar:
carne
dinheiro
óbito
tudo ao gosto-gourmet da mosca
RUA
Invento
Mudou
Esvaíram-se rotinas, horários, dias de sol
Saideiras de sextas, idas ao futebol
Acabou
O estresse da correria, trânsito de rotina
Noitadas no fim de semana, competição doentia
Iniciou
Medo do novo, ansiedade pelo simples nada
Angústia por tudo, tristeza insensata
Vimos o mundo sofrer, agora parece tudo mais perto
Se ficamos muito longe, parece que não fazemos certo
Indiferença não é possível, isso seria insano
Que tipo de gente é essa que não se importa com seres humanos?
Mudou
Enalteceram a ciência, expurgaram a ignorância
De repente vi nossa pequeneza de ser humano agindo feito criança
Procuramos acreditar que éramos donos do mundo
Descobrimos com tudo isso, que não temos controle de tudo
Acabou
Os donos da verdade, com vontades sem limites
Tiveram tapa na cara quem duvidou do COVID
Iniciou
Muito mais solidariedade, felicidades em saber
O quanto, como gente, a gente tem que aprender
Procure olhar nos olhos de quem te entendeu e deu ajuda
Assim perceberá que estamos todos nessa luta
Quando se vê no espelho, sinta-se parte desse novo
Pois a vida é uma só, não temos o tempo todo
COVID-19 surgiu para nos alertar, inertes em um sonho que parecia não acabar
Nos acordou de um pensamento, quase despercebido
Não somos donos do planeta, ele é desconhecido
Vamos ter mais cuidado com os passos que todos damos, vamos amar mais, tentar ser
mais humanos
I–
A não reincidência
Esperança traz
À inquietante espera
Do coadjuvante!
Agora
e agora
que a palavra não
comporta?
vida lá fora
voraz devora
vida falta
fúria fenda
rocha água
racha contenda
vida
sem papas
na língua:
fica em casa,
O Fausto Moderno
Lembra-se do descuido
Cai a máscara
E fala: fique em casa
Acompanha notícias
Máscaras são partes do cuidado
Testar é preciso
Pesquisa pandemia
No Google e no dicionário
E liga pra amiga
Minha querida
A coisa está muito feia com o vírus
Não arrisque a vida
Escreve um conto
Sobre a crônica época de agora
Vazia de poesia
Nos pensamentos
Divididos em tantos fragmentos
Só restam os sentimentos
CORONA VÍRUS (ASPECTO SOCIAL)
Em tempo de guerra
Nunca pare de lutar
Já diz a letra de uma musica
Portanto temos que nos regrar
E manter-se em isolamento social
Para esse vírus não se propagar
Canoa fúnebre
A Devair Fiorotti
Uma canoa vai solitária sem remos,
levada pela correnteza do rio Branco,
partiu na noite do dezenove de março;
ela leva o corpo morto de um grande mestre,
cujo coração era tão grande que não cabia em seu
peito.
!Devair Fiorotti! murmura o rio,
!Devair Fiorotti! cantam os pássaros;
enquanto os peixes com escamas de prata
acompanham em procissão fúnebre
a canoa mortuária da sua última viagem.
Quão desolado se sente este paragem Roraimence,
já ninguém transcreverá o Panton Pia dos Macuxí
desmemoriados;
nem o sol da Amazônia coberto de nuvens
quer ver seu rosto com os olhos fechados.
!Devair Fiorotti! murmura o rio,
!Devair Fiorotti! cantam os pássaros;
enquanto a corrente do branco rio leva
ao mar imperturbável da eternidade,
sua canoa fúnebre cheia de lembranças e presságios.
Quem sabe ela vai embora e vemos como é bom poder ficar juntos de todos.