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VESTIBULARES UFRR

(2011)
Se se morre de amor
Se se morre de amor! – Não, não se morre,
Quando é fascinação que nos surpreende
(...)
Amor é vida; é ter constantemente
Alma, sentidos, coração – abertos
Ao grande, ao belo; é ser capaz d’extremos
D’altas virtudes, té capaz de crimes!
Compr’ender o infinito, a imensidade,
E a natureza e Deus; gostar dos campos,
D’aves, flores, murmúrios solitários;
Buscar a tristeza, a soledade, o ermo,
E ter o coração em riso e festa;
E à branda festa, ao riso da nossa alma
Fontes de pranto intercalar sem custo;
Conhecer o prazer e a desventura
No mesmo tempo, e ser no mesmo ponto
O ditoso, o misérrimo dos entes:
Isso é amor, e desse amor se morre!
Gonçalves Dias
Questão no 4
O lirismo amoroso também aparece na obra de Gonçalves Dias,
poeta romântico da 1ªgeração. A exemplo, o poema Se se morre
de amor, que substancialmente configura-se como:
(A) Uma espécie de profissão de fé a respeito dos limites
entre a paixão e o amor, apontando diferenças, estabelecendo
parâmetros e, enfim, trazendo à tona a emoção sem se
distanciar da razão.
(B) Uma confissão de amor feita por alguém que não tem seus
sentimentos correspondidos e, portanto, despreza o fato de
amar.
(C) Uma canção de amor feita e oferecida a alguém distante, que
jamais poderá corresponder a esse sentimento.
(D) Uma situação de amor correspondido, porém impossível de
ser vivido, tendo em vista a correria cotidiana e a falta de
tempo para amar.
(E) Uma declaração que revela o seguinte: amar não faz bem à
saúde, por isso muitas pessoas matam e morrem por amor.
2014
obra “O Primo Basílio” e responda as questões
1 e 2.
Mas Julião indignava-se:
- Estás desmoralizado pela doutrina
vitalista, miserável! - Trovejou contra o Vitalismo,
que declarou "contrário ao espírito científico". Uma
teoria que pretende que as leis que governam os
corpos brutos não são as mesmas que governam
os corpos vivos - é uma heresia grotesca -
exclamava. - E Bichat que a proclama é uma besta!
O estudante, fora de si, bradou - que
chamar a Bichat uma besta era simplesmente de
um alarve.
Mas Julião desprezou a injúria, e
continuou, exaltado nas suas ideias:
- Que nos importa a nós o princípio da
vida? Importa-me tanto como a primeira camisa que
vesti! O princípio da vida é como outro qualquer
princípio: um segredo! Havemos de ignorá-lo
eternamente! Não podemos saber nenhum
princípio. A vida, a morte, as origens, os fins,
mistérios! São causas primárias com que não
temos nada a fazer, nada! Podemos batalhar
séculos, que não avançamos uma polegada. O
fisiologista, o químico, não têm nada com os
princípios das coisas; o que lhes importa são os
fenômenos! Ora, os fenômenos e as suas causas
imediatas, meu caro amigo, podem ser
determinadas com tanto rigor nos corpos brutos,
como nos corpos vivos — numa pedra, como num
desembargador! E a Fisiologia e a Medicina são
ciências tão exatas como a Química! Isto já vem de
Descartes!
Travaram então um berreiro sobre
Descartes. E imediatamente, sem que Sebastião
atônito tivesse descoberto a transição,
encarniçaram-se sobre a ideia de Deus.
(QUEIRÓS, Eça de. O Primo Basílio. São Paulo: Ateliê Editorial,
2001, com atualização da ortografia, conforme Acordo Ortográfico
da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa)

Pela leitura do texto é correto afirmar que:


( a ) Julião, personagem dominado pelo
desequilíbrio, sentimentalismo e
subjetividade, exemplifica o estilo cultural,
artístico e literário do Naturalismo, por
oposição ao Barroco e ao Romantismo.
( b ) O trecho confirma que o desenvolvimento
científico transformou a intelectualidade do
final do século XIX. Das cátedras
universitárias aos locais de diversão ou
repouso, como o quarto de pensão em que se
encontravam as personagens, os intelectuais
dedicavam-se à busca de evidências que
justificassem congregar o cientificismo aos
ideais da religião.
( c ) Para convencer seu amigo estudante a aderir
ao pensamento científico, Julião recorre a
doutrinas filosóficas e sociais, demonstrando
que somente pelo princípio da autoridade de
Deus poderia se explicar a origem da vida.
( d ) Eça de Queiroz insere em sua obra a
temática das grandes descobertas científicas,
sendo Julião o defensor da ciência. Essa
personagem defende o pensamento
positivista de que antes de expor ideias é
preciso prová-las cientificamente.
( e ) O posicionamento do estudante é embasado
nas ideias de autores clássicos, seus
contemporâneos, como Bichat e Descartes,
defensores das transformações políticas e
econômicas na sociedade do século XIX.
4. Leia o trecho retirado do quinto capítulo da obra
"O Mulato". Em seguida, assinale a alternativa
correta.
“No dia imediato, Raimundo deu um passeio ao Alto
da Carneira; no outro dia foi até São Tiago; no outro
percorreu a praça do Mercado; foi três ou quatro
vezes ao Remédios; repetiu a visita aos pontos
citados e não tinha mais onde ir. Meteu-se em
casa, disposto a cultivar as relações familiares do
tio e visitá-las de vez em quando, para se distrair;
mas, […] reparava despeitado, que, sempre e por
toda a parte, o recebiam constrangidos. Não lhe
chegava as mãos um só convite para baile ou para
simples sarau; cortavam muita vez a conversação,
quando ele se aproximava; tinham escrúpulo em
falar na sua presença de assuntos, aliás, inocentes
e comuns; enfim isolavam-no […]. Todavia, uma
circunstância o intrigava, e era que, se os chefes de
família lhe fechavam a casa, as moças não lhe
fechavam o coração; em sociedade o repeliam
todas, isso é exato, mas em particular o chamavam
para a alcova. Raimundo via-se provocado por
várias damas, solteiras, casadas e viúvas, cuja
leviandade chegava ao ponto de mandarem-lhe
flores e recados, que ele fingia não receber,
porque, no seu caráter educado, achava coisa
ridícula e tola. Muitos e muitos dias não se
despregava do quarto, senão para comer ou, o que
sucedia com frequência, para ir à varanda dar dois
dedos de palestra à prima.”
( a ) Raimundo admirava os valores e
comportamentos da sociedade maranhense
do final do século XVIII, esforçando-se para
ser aceito e poder transitar nas festas e
saraus para os quais era sempre convidado.
( b ) Raimundo não entendia por que ser filho de
uma escrava transformara-se em motivo para
Ana Rosa tê-lo negado o pedido de
casamento.
( c ) Até esse momento do enredo, Raimundo
ignorava sua condição de mulato,
desconhecia sua origem e, por isso, não
entendia as razões da discriminação e
preconceitos sofridos.
( d ) O narrador preocupa-se em descrever a
rotina de Raimundo. Revela que a
personagem sentia o constrangimento das
pessoas com sua presença. Por isso, preferia
ao convívio da família onde se sentia
plenamente acolhido.
( e ) Raimundo isolava-se, consciente de que essa
era a melhor forma de evitar o convívio com a
sociedade abolicionista, mantendo, assim,
seus valores escravocratas e o
conservantismo moral e religioso por ele
defendidos.
Leia o trecho da obra "O Mulato" e julgue os
itens de I a V.
“Não! Ela não podia admitir o celibato,
principalmente para a mulher!... Para o homem
ainda passava... viveria triste, só; mas em todo o
caso era um homem... teria outras distrações! Mas
uma pobre mulher, que melhor futuro poderia
ambicionar que o casamento?... que mais legítimo
prazer do que a maternidade; que companhia mais
alegre do que a dos filhos, esses diabinhos tão
feiticeiros?... Além de que, sempre gostara muito de
crianças: muita vez pedira a quem as tinha que lhas
mandasse a fazer-lhe companhia, e, enquanto as
pilhava em casa, não consentia que mais ninguém
se incomodasse com elas; queria ser a própria a
dar-lhes a comida, a lavá-las, a vesti-las, e
acalentá-las. E estava constantemente a talhar
camisinhas e fraldas, a fazer toucas e sapatinhos
de lã, e tudo com muita paciência, com muito amor,
justamente como, em pequenina, ela fazia com as
suas bonecas. Quando alguma de suas amigas se
casava, Ana Rosa exigia dela sempre um cravo do
ramalhete ou um botão das flores de laranjeira da
grinalda; este ou aquele, pregava-os religiosamente
no seio com um dos alfinetes dourados da noiva, e
quedava-se a fitá-los, cismando, até que dos lábios
lhe partia um suspiro longo, muito longo, como o do
viajante que em meio do caminho já se sente
cansado e ainda não avista o lar.”
I. As indagações de Ana Rosa são próprias de
uma moça romântica, possuidora de habilidades
domésticas que a tornavam apta para o
casamento.
II. O advérbio "quando" introduz uma oração
subordinada adverbial temporal.
III. No trecho "este ou aquele, pregava-os
religiosamente no seio com um dos alfinetes
dourados da noiva…", o pronome "este" tem
como referente "um cravo do ramalhete" e
"aquele", "um botão das flores de laranjeira".
IV. A forma verbal "quedava-se" não consta no
léxico da língua portuguesa, sendo, por isso, um
empréstimo da língua espanhola.
V. A imagem criada pela comparação do estado de
espírito de Ana Rosa ao cansaço de um viajante
permite afirmar que ela se sente angustiada pela
espera de um amor verdadeiro. Imagem essa,
própria do estilo realista.
Estão corretos os itens da alternativa:
( a ) II e IV.
( b ) III e V.
( c ) I e II.
( d ) I e IV.
( e ) III e IV.
QUESTÃO 7
Considerando a polissemia da noção de leitura,
analise as assertivas referentes aos textos
retirados do romance “O Quinze” de Raquel de
Queiroz e “Debaixo da Ponte” de Carlos
Drummond de Andrade e, em seguida, assinale
as alternativas corretas.
- A rês estava quase esfolada. A cabeça inchada
não tinha chifres só dois ocos podres mal
cheirosos, donde escorria uma água purulenta.
- Eu vou lá deixar um cristão comer bicho podre de
mal, tendo um bocado no meu surrão!
- Faz dois dias que a gente não bota um de comer
de panela na boca.
O Quinze
- Nem todos os dias se pegam uma posta de carne.
Não basta procurá-la... aquela vinha até eles,
debaixo da ponte e não estavam sonhando, sentia
a presença física da posta, o amigo rindo diante
deles, a posta bem palpável comível.
- Comê-la crua ou sem tempero não teria o mesmo
gosto... Debaixo da ponte a comeram... cada um
saboreava duas vezes: a carne e a sensação da
raridade da carne... dizem uns morreram da carne,
dizem outros que do sal...
Debaixo da Ponte
( a ) Relacionando os textos acima citados há
intertextualidade.
( b ) No que concerne à leitura, estamos diante de
um processo polissêmico.
( c ) Prevalece a paráfrase nos textos analisados.
( d ) Na perspectiva discursiva a interpretação vai
além da compreensão.
( e ) Tanto a leitura quanto a escrita não fazem
parte do processo de instauração de
sentidos.

Diante da linguagem literária da obra “O Quinze”


podemos recorrer aos elementos linguísticos e
discursivos para realçar estilisticamente o texto
construído pela autora. Com base neste
enunciado, analise as acepções e marque a
alternativa correta.
I. Ninguém sabe o que padece
Quem sua vista não tem!...
Não poder nunca enxergar
Os olhos de quem quer bem!...
E antes de se erguer, chupou os dedos sujos
de sangue,
Que lhe deixaram na boca o gosto amargo da
vida.
II. O! meu boi! Ô lá meu boi ê!
Meu boi manso! Ô ê! ...ê...ê...
III. Os cabras fizeram finca-pé gemendo. A rês se
aluiu, mas caiu de novo. Zé Bernardo galhofou.
– Carece o quê! Terra seca é melhor que
sabonete...
IV. Mãe Tô tum fome, dá tumê!
Agora esgotadas as mezinhas, findos os
recursos, sozinha, o marido longe...
V. De vez em quando, levava a mãozinha aos
olhos, e fazia rah! rah! ah! ah! numa
enrouquecida tentativa de choro.
( a ) Na acepção I temos função poética e
metáfora.
( b ) Na acepção II temos função fática e
personificação.
( c ) Na acepção III temos função emotiva e
onomatopeia.
( d ) Na acepção IV temos função conativa e
catacrese.
( e ) Na acepção V temos função referencial e
prosopopeia.

2016

Sobre o Arcadismo, é correto afirmar que:


A) expressa a sociedade medieval, teocêntrica, de caráter
servil e fortemente religioso. Ao mesmo tempo, é marcado
pelo surgimento de formas de expressões artísticas de
caráter popular, vinculadas a classes sociais
consideradas “inferiores” à época;
B) é marcado pelo rebuscamento das formas, pela
riqueza de detalhes e pelos contrastes. Influenciado pela
Contrarreforma, foi concebido como uma reação ao
Renascimento;
C) é também chamado de Neoclassicismo, surge como
uma releitura do Renascimento (ou Classicismo),
preconizando uma arte pautada pela observância das
formas clássicas e dos ideais humanistas. O bucolismo e
o pastoralismo podem ser citados como características
do Estilo no Brasil;
D) surge como reação direta à arte e às concepções de
mundo medievais, valorizando o passado greco-latino e a
explicação científica do mundo; é teocêntrico, em
contraponto ao antropocentrismo difundido pela Igreja;
E) é marcado pelo rebuscamento das formas, pela
riqueza de detalhes e pelos contrastes. Expressa a
sociedade medieval, teocêntrica, de caráter servil e
fortemente religioso. Surge como reação direta à arte e às
concepções de mundo medievais e é marcado pelo
surgimento de formas de expressões artísticas de caráter
popular, vinculadas a classes sociais consideradas
“inferiores” à época.
Eu não sabia nada de mim, como vim ao mundo, de onde
tinha vindo. A origem: as origens. Meu passado, de
alguma forma palpitando na vida dos meus
antepassados, nada disso eu sabia. Minha infância, sem
nenhum sinal da origem. É como esquecer uma criança
dentro de um barco num rio deserto, até que uma das
margens a acolhe. Anos depois, desconfiei: um dos
gêmeos era meu pai. Domingas disfarçava quando eu
tocava no assunto; deixava-me cheio de dúvida, talvez
pensando que um dia eu pudesse descobrir a verdade.
Eu sofria com o silêncio dela; nos nossos passeios,
quando me acompanhava até o aviário da Matriz ou a
beira do rio, começava uma frase mas logo interrompia e
me olhava, aflita, vencida por uma fraqueza que coíbe a
sinceridade. Muitas vezes ela ensaiou, mas titubeava,
hesitava e acabava não dizendo. Quando eu fazia a
pergunta, seu olhar logo me silenciava, e eram olhos
tristes.
(...)
A área que contorna o porto estava silenciosa. Na calçada
da rua dos Barés dormiam famílias do interior. Vi a loja
fechada e apontei o depósito, onde Halim, encostado à
janelinha, contara trechos de sua vida. Minha mãe quis
sentar na mureta que dá para o rio escuro. Ficou calada
por uns minutos, até a claridade sumir de vez. "Quando tu
nasceste", ela disse, "seu Halim me ajudou, não quis me
tirar da casa... Me prometeu que ias estudar. Tu eras neto
dele, não ia te deixar na rua. Ele foi ao teu batismo, só ele
me acompanhou. E ainda me pediu para escolher teu
nome. Nael, ele me disse, o nome do pai dele. Eu achava
um nome estranho, mas ele queria muito, eu deixei... Seu
Halim. Parece que a vida se entortou também para ele...
Eu sentia que o velho gostava muito de ti. Acho que
gostava até dos filhos. Mas reclamava do Omar, dizia que
o filho tinha sufocado a Zana." Senti suas mãos no meu
braço; estavam suadas, frias. Ela me enlaçou, beijou meu
rosto e abaixou a cabeça. Murmurou que gostava tanto de
Yaqub... Desde o tempo em que brincavam, passeavam.
Omar ficava enciumado quando via os dois juntos, no
quarto, logo que o irmão voltou do Líbano." Com o Omar
eu não queria... Uma noite ele entrou no meu quarto,
fazendo aquela algazarra, bêbado, abrutalhado... Ele me
agarrou com força de homem. Nunca me pediu perdão".
HATOUM, Milton. Dois Irmãos. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. p. 54,

Observando-se o TEXTO I no contexto do romance de


Hatoum, pode-se afirmar que:
A) as conversas com Domingas e Halim nunca
forneceram elementos suficientes para que Nael
descobrisse suas origens e pudesse ter consciência de
qual seria sua verdadeira identidade. Graças a isso, o
rapaz desenvolveu uma postura defensiva e revoltada em
relação à vida e à família no seio da qual cresceu,
tornando-se um pária, semeando a discórdia e criando
problemas, o que levou sua mãe a uma morte prematura;
B) Nael desconhece sua história pessoal até o momento
em que a mãe, em uma conversa longa e esclarecedora,
revela todo o mistério sobre sua concepção, seu
nascimento e todas as implicações advindas deste fato. A
partir disso, ele compreende as razões dos sentimentos
da família de Halim por ele;
C) antes de morrer, Halim revela a Nael as circunstâncias
sobre sua concepção, seu nascimento e todas as
implicações advindas deste fato, como a crueldade de
toda a sua família em relação ao rapaz, considerado um
risco por ter direito à herança após a sua morte;
D) após conhecer os segredos sobre suas origens, Nael
compreende que todo o preconceito que sofreu, por parte
da família de Halim, ao longo de toda sua vida se devia ao
fato de ele ser filho de uma indígena órfã e pobre, criada
da casa desde a mais tenra idade;
E) Nael reflete sobre suas origens e sua identidade em
vários momentos da obra. Para saber mais sobre si
mesmo, dispõe unicamente de fatos isolados que lhe são
relatados e do que apreende das conversas ouvidas,
fortuitamente ou não. Com base nisso, Nael vaientrelaçando os
fragmentos ouvidos e tirando suas
próprias conclusões a respeito de sua história pessoal,
bem como constrói suas opiniões acerca do mundo ao
seu redor.
narrador da obra Dois Irmãos, de Milton Hatoum é:
A) narrador personagem, com perfil de protagonista;
B) narrador personagem, com perfil de testemunha;
C) narrador onisciente, assumindo uma postura de
neutralidade em relação aos fatos narrados;
D) narrador onisciente, assumindo uma postura parcial
em relação aos fatos narrados;
E) narrador observador, relatando os fatos sem participar
deles.
Assinale a afirmação INCORRETA acerca do movimento
literário parnasiano.
A) Foi o livro Poesias, de Olavo Bilac, publicado em 1882,
que marcou o início do Parnasianismo brasileiro.
B) Enquanto a poesia romântica dava maior valor à
inspiração do que ao acabamento formal, o
Parnasianismo atribuiu grande valor à estética do texto.
C) Em virtude da preocupação com a forma do poema -
que se refletia na precisão das palavras, na riqueza das
rimas e no respeito pelas regras de composição poética -
o trabalho do poeta parnasiano comumente é comparado
ao de um ourives ou escultor.
D) O movimento parnasiano tem suas raízes na França,
com a publicação, em 1866, da antologia poética O
Parnaso Contemporâneo
E) Quanto à mulher, a poesia parnasiana a vê sob o
prisma da sensualidade e do erotismo, privilegiando a
descrição de seus aspectos físicos.

Leia o trecho da obra A mulher do garimpo, de Nenê Macaggi,


em seguida responda à 7ª questão.
V
No comum o índio é sovina e egoísta. Tudo o que faz é em
troca de pagamento e fica enfezado se não faz compra ou
troca, sempre desconfiado, agindo de má-fé para com o
branco que o ajuda.
É muito difícil o índio ter afeição sincera pelo branco,
havendo, contudo, exceções. Pode ser criado por ele
desde tenra idade, lhe dever a própria vida, que na
ocasião oportuna pagar-lhe-á com a fuga, a intriga ou a
traição, abandonando-o sem piedade ou gratidão.
As índias, quando vivem com seus irmãos de raça,
sempre são fiéis. Se vivem com homem branco,
respeitam-no. Verdade é que o branco, principalmente o
garimpeiro, só a quer para criada e máquina de fazer filho,
abandonando-a e às crianças, quando sai do garimpo. Há
exceções, entretanto.
VI
O índio é, de todos os brasileiros, o mais feliz. Não tem
responsabilidade perante ninguém, não tem noção de
dignidade, de honra, de amor fraternal, filial ou paternal,
pois do contrário não abandonaria a família nem trocaria
os filhos por uma espingarda, um saco de sal, concertina,
um poldro ou uma novilha. Vende a criança e depois vive
aperreando o branco, pedindo-lhe pagamento sem
querer trabalhar. É desleixado, teimoso, guloso e pouco
asseado (os do sertão, pois os da cidade são limpos).
Toma banho sem sabão, de maneira que sua roupa
encracada cai de velha. Não gosta de aprender bons
costumes dos brancos, porém, os maus assimila-os logo,
pois é inteligente. [...]
A partir da leitura da obra é FALSO o item:
A) o trecho é narrado em terceira pessoa, com
predominância descritivo-subjetiva, já que revela
impressões pessoais da narradora na caracterização do
índio;
B) a obra A mulher do garimpo faz parte de um projeto de
criação de uma identidade amazônica, em especial a
roraimense, almejado pela autora, a partir da abordagem
de temas como os rigores da atividade do garimpo, das
migrações, questões indígenas e criação dos Territórios
Federais;
C) no trecho, a autora descreve uma figura predominantemente
positiva do índio, revelada através de
predicativos como sovina, egoísta, desleixado, teimoso,
guloso, pouco asseado;
D) o trecho “Não tem responsabilidade perante ninguém,
não tem noção de dignidade, de honra, de amor fraternal,
filial ou paternal, pois do contrário não abandonaria a
família nem trocaria os filhos por uma espingarda, um
saco de sal, concertina, um poldro ou uma novilha.”
apresenta as relações estabelecidas entre índios e
brancos, nas quais o próprio índio podia ser considerado
moeda de troca;
E) o trecho “Verdade é que o branco, principalmente o
garimpeiro, só a quer para criada e máquina de fazer filho,
abandonando-a e às crianças, quando sai do garimpo”,
denuncia uma perspectiva biologizante, em que as índias
podiam ser tomadas apenas com a finalidade de sujeição
servil e de procriação.

2017
“Meia Pata” inicia um movimento literário criado pelo autor, Ricardo Dantas, denominado de Bioarte. A
Bioarte louva os verdadeiros artistas. Os indígenas, que mesmo diante do preconceito, da dor de presenciarem
suas terras sendo devastadas, seguem firme na luta pela autenticidade de seus direitos. Os extrativistas, como
os seringueiros, massacrados, porém resistentes, que com sangue escorrendo das bandeiras, venceram a
opressão e conquistaram uma vida digna. O sertanejo agricultor, que não desiste de rachar o solo cristalizado
pela seca, e com mãos e orgulho calejado, segue em frente sem fraquejar. E por fim a Natureza, que
compadecida, presencia árvores frondosas, literalmente milagres que fornecem o suporte para milhares de
formas de vidas, serem ceifadas, levando para a tumba toda a rede ecológica. A Bioarte exalta a
biodiversidade, a pluralidade social e principalmente as interações ecossistêmicas entre cultura e arte [...]
Esse caráter regional ressaltado pelo romance incorpora questões de formação de identidade e
raízes históricas de tradições na formação de um povo. A leitura reflexiva dessa obra desenvolve a
capacidade de análise e interpretação de textos. Também estimula a identificação das características
dos gêneros literários e da estilística. Ao levar o leitor a acompanhar a narrativa de outra pessoa,
portanto a partir de outra perspectiva, valoriza a formação dos próprios critérios no leitor.
Disponível em: http://eusouderoraima.com.br/. (Acesso em: 25/07/2016).

Sobre a obra “Meia Pata”, de Ricardo Dantas, avalie:


I - Daniel Silva, protagonista, com uma equipe de trabalhadores formada com mão de obra local,
dentre a qual está o velho caçador Xereta e seu filho Ronaldo, um experiente rastreador florestal,
adentram a mata fechada, muito traiçoeira e perigosa, visando estudar a biodiversidade
amazônica;
II - É um romance autobiográfico que retrata a saga de Daniel Silva e as conquistas entre os povos
indígenas de Roraima, consagradas após o casamento com a indígena Iara Parente, uma linda
indígena da etnia Wapixana;
III - A obra descreve minuciosamente a experiência vivida por Daniel Silva, na região mais isolada
e peculiar da Amazônia, e as vivências de um romance inusitado e místico com Iara Parente, uma
linda indígena da etnia Macuxi, além de um embate por luta de território e respeito com a maior
predadora da floresta, a onça-pintada;
IV - O argumento do romance “Meia Pata” se passa em Roraima, no final da década de oitenta e
conta a saga do biólogo Daniel Silva, que objetiva estudar a maior diversidade ecológica do
planeta.
São VERDADEIRAS:
A) II e IV;
B) apenas a IV;
C) I, III e IV;
D) I e II;
E) apenas a II.

AMOR PRA QUEM ODEIA

(Eli Macuxi)

O amor campeia, que seja.

Quando tuas penas partirem, asas Quando novas nuvens surgirem, casas Quando nossos corpos
rugirem, brasas

E nem demônios nem igrejas Nem inveja que vareja Na cabeça malfazeja De quem julga sem
amar nos farão parar!

Porque não entendo nem aceito o discurso do ódio contra o amor.


Disponível em: http://elimacuxi.blogspot.com.br/amor-pra-quem-odeia. html. Acesso em: 25/07/2016

As figuras de estilo permitem ao autor o uso mais eficaz da linguagem como fenômeno social,
vislumbrando, no simbolismo das palavras, a construção das obras literárias. Como se sabe as
figuras de linguagem podem ser subdivididas em: de palavras, de pensamento e de construção.
No poema grafado por Eli Macuxi está presente uma figura de construção que permite a
sonorização por meio da repetição de um determinado som nos versos destacados, qual seja:

A) Aliteração;
B) Anacoluto;
C) Anáfora;
D) Elipse;
E) Pleonasmo.

Assinale a alternativa que NÃO se aplica ao movimento realista, sua história, suas características,
seus autores e obras.
A) Dentre os principais romances de Machado de Assis, dois deles, Memórias póstumas de Brás
Cubas e Dom Casmurro, são narrados em terceira pessoa;
B) O Realismo emerge na segunda metade do século XIX, período marcado também pelo
surgimento de outros dois movimentos literários, a saber, o Parnasianismo e o Naturalismo;
C) No Brasil, trata-se de um movimento literário em que Raul Pompeia e Machado de Assis estão
entre os principais autores;
D) Diferentemente do que ocorreu com a literatura do Romantismo, no Realismo não se verificou
um excesso de subjetividade na linguagem. Havia preocupação em observar e analisar a realidade,
retratando a vida contemporânea nos textos literários;
E) Diferentes conflitos humanos são abordados no Realismo.

Entre as obras sugeridas, está a de Milton Hatoum, como se verifica na imagem a seguir:
Considerando a leitura da obra, assinale a única alternativa em que as informações NÃO são
verdadeiras.
A) A obra se caracteriza com frases curtas, ligeiras, com pouca fantasia ou adjetivação, imprimindo
clareza e sobriedade;
B) A história é narrada na primeira pessoa e o narrador é o herói principal – pelo simples fato de
ele ser o filho da empregada;
C) A obra foi escrita em estilo enxuto e ao mesmo tempo repleta de sutilezas, apresenta
vocabulário comum, ou seja, segue a linha da literatura que valoriza a linguagem simples, mesmo
com a utilização de termos desconhecidos por muitos brasileiros, tais como: “Cunhatã”,
“Narguilé”, “Paxá”, entre outros, mas com elevado grau de arte e de correção gramatical;
D) A cidade de Manaus é o principal cenário da obra, o autor valoriza o porto dos Remédios, o
Centro, os bairros e as praças mais antigas, destacando as atividades relacionadas ao comércio
como principais. O sul do Líbano também é referenciado. A cidade de São Paulo também é cenário
de referência: foi a cidade em que Yakub formou-se em Engenharia, constituiu família e fixou
residência;
E) O título da obra faz referência às personagens principais: Yaqub e Omar, irmãos gêmeos,
idênticos no físico, mas opostos nas atitudes e no caráter. Movidos pela rivalidade, vão
destruindo as relações pessoais e familiares, semeando discórdia, inveja, vingança e ódio.
2018

―Após encontrar um abrigo seguro sob uma copa de


maçaranduba caída, ainda ofegante, e com dores fortes
em sua pata esquerda e coxa direita, começou a averiguar
o que aquele estrondo havia lhe causado. A pata estava
completamente dilacerada, com sangramento. As duas
garras da região esquerda tinham sido arrancadas.
Observou a mutilação. Em sua memória automática,
associava o ferimento ao barulho alto e aterrorizante.
Pelo instinto, a onça vislumbrou que, geralmente antes
e durante as chuvas torrenciais, estrondos ecoavam pela
floresta. Não eram parecidos com os dois que acabara de
ouvir, mas às vezes, quando acontecia, isso a assustava
como se a floresta estivesse sendo engolida por um
animal maior e mais forte. Olhou novamente para a pata,
e diante de sua imponência, iniciou uma tentativa de
escoamento do sangramento com sua língua, o que logo
pressentiu ser inútil.
Ao passar do tempo, a coxa direita latejava cada vez
mais. Tentou levantar da toca provisória com o intuito de
chegar até sua caverna próxima à cachoeira. Constatou ser
impossível conseguir se apoiar sem firmar o corpo com as
regiões atingidas. O sangramento da pata diminuiu de
intensidade. Iniciou sua peregrinação arrastando-se pela
floresta. Sentiu a pele de seu peito sendo esfolada pelas
folhas, galhos e ouriços de castanha da Amazônia.
Um rastro de sangue era visível ao longo da tentativa
exaustiva de chegar à sua toca. Ao se deparar com um
igarapé, vacilou várias vezes até entrar n‘água. Mas não
tinha alternativa. Na situação em que se encontrava, não
teria como se equilibrar nos troncos das árvores caídas
que serviam de ponte e eram facilmente transpassados.
Entrando no igarapé, a onça sentiu um alívio em sua
pata flagelada. De súbito, deitou-se na água e aliviou a
coxa atingida pelo impacto desconhecido. Aproveitou e
tomou longos goles do líquido. O ferimento na coxa não
sangrava mais como antes, porém, a pata dianteira
manchava o igarapé atraindo pequenos peixes que
mordiscavam seu pelo e a carne dilacerada do ferimento.
No movimento de afastar os peixes, enterrou a pata na
lama do fundo do igarapé e o sangue parou de manchar a
água. Logo a onça afundou mais a pata, e aos poucos a
dor foi diminuindo.‖
DANTAS, Ricardo. Meia Pata. São Paulo: Kazuá, 2013. p. 20-21

O texto I diz respeito a um momento pungente da


narrativa de Meia Pata, de Ricardo Dantas, e que é
fundamental para o desenrolar da obra. Trata-se de
quando:
A) a onça ataca Daniel, que reage violentamente e atira
nela.
B) Daniel é ferido pela onça e busca ajuda na mata.
C) a onça sofre a mutilação que acaba se tornando seu
nome.
D) a onça é alvejada por arma de fogo e acaba capturada.
E) a onça tenta chegar à sua toca, fugindo dos tiros
desferidos por Daniel.
Leia o poema de Tomás Antônio Gonzaga, transcrito a
seguir, e marque a alternativa que aponta três características do Arcadismo brasileiro que nele
podem
ser observadas.

Lira I
Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
Que viva de guardar alheio gado;
De tosco trato, d’expressões grosseiro,
Dos frios gelos, e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal, e nele assisto;
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
Das brancas ovelhinhas tiro o leite,
E mais as finas lãs, de que me visto.
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!
A) Temas urbanos; linguagem simples; medievalismo.
B) Egocentrismo; pastoralismo; denúncia social.
C) Exaltação da vida no campo; linguagem simples;
pastoralismo.
D) Vulgarização da figura da mulher; medievalismo;
egocentrismo.
E) Denúncia social; exaltação da vida no campo; temas
urbanos.

TEXTO III
―Caía então luz de chapa sobre ela, iluminando-lhe o
rosto, parte do colo e da cabeça, coberta por um lenço
vermelho atado por trás da nuca.
Apesar de bastante descorada e um tanto magra, era
Inocência de beleza deslumbrante.
Do seu rosto irradiava singela expressão de
encantadora ingenuidade, realçada pela meiguice do olhar
sereno que, a custo, parecia coar por entre os cílios
sedosos a franjar-lhe as pálpebras, e compridos a ponto
de projetarem sombras nas mimosas faces.
Era o nariz fino, um bocadinho arqueado; a boca
pequena, e o queixo admiravelmente torneado.
Ao erguer a cabeça para tirar o braço de sob o lençol,
descera um nada a camisinha de crivo que vestia,
deixando nu um colo de fascinadora alvura, em que
ressaltava um ou outro sinal de nascença.‖
TAUNAY, Visconde de. Inocência. São Paulo: DCL, 2013.

Sobre a figura feminina na visão do Romantismo, e sobre


o enredo do romance Inocência, só NÃO se pode afirmar
que:
A) A vida enclausurada da personagem Inocência teve
fim quando seu pai finalmente aceita seu romance com o
Dr. Cirino por conta da vida confortável que ele lhe
proporcionaria, característica romântica de apego aos
ideais burgueses.
B) A descrição da personagem Inocência revela a
preferência da escola do Romantismo pela exaltação da
figura feminina nos moldes medievais de vassalagem
amorosa.
C) A personagem Inocência é apresentada com aura de
santidade e pureza, o que implica ser descrita fisicamente
com termos que sugerem pudor e moralidade.
D) Inocência não tem poder de escolha e está prometida
a um noivo descrito pelo narrador como homem rude e
grosseiro, o oposto da amabilidade e civilidade da heroína
romântica.
E) O fato de Inocência recusar o noivo foi considerado
desonra e sua desobediência ao pai tornou-se ato passível
de punição.

Sobre a obra de Raquel de Queiroz – O Quinze – é


INCORRETO afirmar que:
A) A personagem principal foi desenvolvida para permitir
a afirmação social da mulher em uma sociedade machista
e organizada em torno de coronéis.
B) No segundo plano, é narrada a trajetória do vaqueiro
Chico Bento e sua família – trata-se de uma tragédia
humana desencadeada pelo clima da região e isso fica
registrado em alguma passagem inesquecível, exemplo
disso é o enterro do filho mais novo do vaqueiro, que
morre durante a viagem.
C) A questão central da obra está na relação entre o
indivíduo e a sociedade, atravessada pelo espaço
dominado pela seca que leva os nordestinos para uma
condição de vida desumana e os torna vítimas de patrões
inescrupulosos. Nessa obra, os nordestinos acalentam um
único sonho: sobreviver, como se verifica em uma
passagem muito conhecida – o vaqueiro questiona a
própria humanidade para concluir, orgulhoso, que é um
bicho.
D) O leitor acompanha a história de Conceição,
protagonista do livro, mulher educada, professora que
gostava de ler livros avançados para sua época.
E) A autora, de forma harmoniosa, relaciona aspecto social
ao psicológico, tratando também de temas sociopolíticos,
como o do papel da mulher na sociedade nordestina.

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