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Direito Penal I

(prática)

29.outubro.2019

Caso prático nº1:

A, cleptomaníaca, furta a carteira que B deixa em cima da mesa de um bar. Quando se


prepara para sair do local, na possa da dita carteira, A apercebe-se que C, segurança
desse bar, vem atras de si insistindo que aquela carteira pertence a B e que, por isso, A
tem de a devolver. A tira, então, uma faca que traz no bolso e dá um golpe na perna de
C que fica de imediato imobilizado pelo ferimento. Julgada e condenada, entendeu o
tribunal que A devia cumprir 2 anos de prisão, pelas ofensas à integridade física
produzidas em C e 1 ano de internamento pelo furto.
Quid iuris quanto a modo de cumprimento destas sanções por parte de A. Justifique a
sua resposta à luz da classificação do nosso sistema, como sendo tendencionalmente
monista.

Resposta:
(Figura – onde esta mencionada – como se exercita – quais as consequências neste
caso concreto.
Como se relaciona com o problema do monismo do sistema.)

Inimputabilidade de anomalia psíquica de A – artigo 20º CP

 Figura: Vicariato de execução – artigo 49º CP – situação em que o agente é


imputável para um facto ilícito de que ele capaz de culpa (agressão) e
inimputável para outo facto elícito que ele não tem capacidade de culpa
(furto).
 Pessoa inimputável com a anomalia psíquica em relação ao furto. Não tem
capacidade de resistência ao furtar.
Pessoa imputável em razão da integridade física – agressão.

 Quer a pena, quer o internamento são privativas de liberdade. Primeiro a


medida de segurança e só depois a pena – artigo 99º nº1 – primeiro o
internamento e só depois a pena de prisão, o tempo cumprido no
internamento é descontado no de prisão, no máximo A cumpre 2 anos.
Artigo 99º nº2 – posto em liberdade se tiver cumprido metade do tempo de
pena como medida de segurança. Neste caso, pode ser posto em liberdade
condicional, logo que, tenha feito o ano de medida de segurança, desde que, se revelar
compatível com a defesa da ordem jurídica e da paz social – prevenção geral positiva.

 Sistema monista: isto não põe em causa o sistema monista, ele não pode ser
condenado numa pena de prisão e de internamento pelo mesmo facto, mas
pode ser condenado a duas sanções privativas de liberdade por dois factos
diferentes. Neste caso, A é condenado a duas sanções privativas, por dois
factos diferentes. Isto leva a que o sistema pudesse ser monista puro, o que
nos obriga a ser tendencionalmente monista é outra figura, a pena
relativamente indeterminada.

Caso prático nº2:

D, amigo de infância de E, sofre de doença bipolar. Numa recente viagem de ambos, D


agrediu E com violência durante um momento de descompensação grave. E
apresentou queixa contra D, que se encontra neste momento a aguardar julgamento.
Qual julga ser a sanção mais justa aplicável a D em sede de decisão final? Justifique a
sua resposta.

 Anomalia psíquica – inimputabilidade (artigo 20º)


Doença bipolar – artigo 20º nº1
Dois momentos de avaliação:
- Avaliação de ilicitude
- Se está de acordo ou não essa avaliação – elemento biopsicológico -
determinado psiquiatra – daqui o juiz tem o elemento normativo

 Praticou um facto típico ilícito

 A inimputabilidade, por anomalia psíquica, ele é aferido em dois momentos,


perante a avaliação do elemento biopsicológico (médico) e depois o elemento
normativo, aquela que tem a intervenção do juiz para determinar o agente tem
ou não capacidade de determinar a ilicitude do facto e de determinar de
acordo com aquela avaliação.

 O agente tem anomalia psíquica – artigo 91º (prossupostos) – aplicamos uma


medida de segurança privativa da liberdade (internamento).

 Perigosidade que é aferida no momento da prática do facto e no momento do


julgamento – artigo 91º

 Artigo 40º nº3 – perigosidade do agente

 Dizer qual a medida de segurança, os seus prossupostos, como se aplica esta


medida de segurança

 Não podemos aplicar medidas de segurança só porque elas


cometem factos, é necessário que exista perigosidade do agente,
que é aferida no momento da prática do facto e no momento do
julgamento (pressupostos para a aplicação de uma medida de
segurança (de internamento) - agente ser inimputável, agente ter
praticado facto típico ilícito)- artigo 91º e 40º nº3
Caso prático nº3:

Sabendo que:
a) C cumpriu uma pena de 13 anos de prisão efetiva por homicídio.
b) C cumpriu uma pena de 7 anos de prisão efetiva por roubo.
c) C é impulsivo e conflituoso, manifestando um comportamento não conforme
ao direito e revelando uma total ausência de arrependimento pelas suas
práticas
d) C cometeu, no passado mês de dezembro, um crime de ofensa a integridade
física grave, pelo qual deveria ser aplicada pena de prisão efetiva de 6 anos.
Refira-se à possibilidade de C ser punido com uma pena diferente daquela última, em
que termos? Justifique a sua resposta

Caso de aplicação possível de pena relativamente indeterminada- artigo 83º


Pressupostos (ele ter praticado crime doloso e esse crime ter pena maior do que 2
anos, tiver cometido antes 2 ou mais crimes dolosos e tenha sido aplicada prisão
efetiva mais de 2 anos, a avaliação conjunta dos factos praticados e a personalidade
dele revelar uma acentuada inclinação para o crime, no momento da condenação
ainda persista)
C é um delinquente por tendência
Mínimo- 2/3 de 6 = 4
Máximo- pena +6 = 12
Nova moldura penal- de 4 a 12 anos (PRI)
Culpado só saberá quanto vai ser condenado durante a execução da PRI

Quando estamos a falar deste problema há uma figura que pode estar implícita-
figura da reincidência- artigo 76º nº2 diz que o legislador é que desempata, se
acharem que e reincidência mas verificarem que estão verificados os pressupostos
da PRI, aplicamos a PRI porque a PRI prevalece sobre a reincidência. (EXAME!!)

O agente pratica o facto 1, o facto 2 o facto 3. Pode já ter cumprido a poena dos
primeiros 2 factos, não pode é ter cumprido a pena do facto 3. Pode ainda não ter
cumprido nenhuma, mas assim, ele teria de cumprir a pena do crime 1, depois a
pena do crime 2 e depois cumpre a PRI do 3 facto

5.novembro.2019

Caso prático:

D e E são namorados á vários anos. Mantendo uma relação tensa e marcada com
muitas discussões, ciúmes e sentimento de posse. Durante a última discussão, D
decidiu terminar a relação, tendo comunicado ainda que partiria no dia seguinte para
os EUA, onde realizaria um estágio de investigação numa universidade que lhe acenava
com fortes possibilidades de contratação futura.
E, com diagnostico de doença mental a vários anos, não suportou a rejeição e misturou
calmantes e álcool, procurando esquecer o momento que vivia.
Quando D se preparava para embarcar no avião, E num comprovado surto psicótico,
disparou 5 tiros que atingindo D na cabeça e no tórax, apesar de tudo não produziram
a sua morte.
E gritava, enquanto efetuava os disparos, “quem eu amo e não quer ficar comigo, não
fica com mais ninguém”.

a) diga em que termos poderá julgar-se E, e qual a sanção que poderá ser aplicada.
Justifique a sua resposta.

b) e se aquele surto não foi comprovado, e E planeou o crime logo a partir do


momento em que foi rejeitado, incluindo a toma dos calmantes e do álcool.

Resolução:

a) Anomalia psíquica de E – artigo 20º nº1, caso na altura do facto E não


conseguisse avaliar a ilicitude do crime ou determinar o seu comportamento de
acordo com a sua avaliação.
Artigo 22º - tentativa – artigo 23º - punibilidade
O crime, caso consumado como sendo o crime por homicídio (artigo 131º) com
pena de prisão de 8 a 16 anos, logo, segundo o artigo 23º nº1, é punível.
Assim, sendo E inimputável por um crime cujo é favorável a atenuação especial
(artigo 73º), a pena será reduzida, neste caso, para o limite máximo para 1/3 e o limite
mínimo para 1/5.

- E sofre de uma doença mental, o que não quer dizer que seja inimputável
por ter esta doença, no entanto, teve um surto psicótico comprovado, o que faz de E
um sujeito inimputável por anomalia psíquica (artigo 20º, nº1). E pratica um facto
ilícito, uma tentativa de homicídio – artigo 22º, 23º (só posso punir por tentativa
apenas quem pratica factos que se tivessem sido consumados fossem de mais de 3
anos, neste caso a punibilidade é válida, para casos de homicídio consumados a pena
é de 8 a 16 anos, E é culpado por tentativa de homicídio).
Aplica-se uma medida de segurança a E privativa da liberdade, o
internamento (artigo 91º). Neste caso, depois dos prossupostos do nº1 do artigo 91º,
utiliza-se o artigo 91º nº2 porque esta medida de segurança de internamento tem
uma finalidade diferente. Em regra, a finalidade é de prevenção especial positiva,
neste caso, é a prevenção geral positiva, porque mesmo que não seja preciso a
ressocialização do agente, prevalece a prevenção geral sobre a prevenção especial,
alternado a ordem das medidas de prevenção das medidas de segurança.
Perigosidade.

b) Se a doença mental, no caso concreto, não resultar de anomalia psíquica, E é


imputável, de acordo com artigo 20º nº4
Se ao que tudo indica, essa doença mental não lhe retira a capacidade de
compreender a ilicitude dos factos e a sua capacidade de compreender essa ilicitude
depois de ser avaliada, o agente será à partida, imputável. Neste caso prático, E
comete o crime depois de beber e tomar comprimidos (pode tornar a pessoa
momentaneamente inimputável), por isso, o artigo 20º nº4 aplica-se, comprovando
que o agente programa uma medida diferente para ter capacidade de cometer o
crime, pois este já tinha intenção de praticar aquele facto, incluindo a toma da
medicação.
O agente é imputável, embora no momento da pratica do facto, o agente
esteja numa situação de inimputabilidade, porque ele propositadamente, tendo em
vista cometer aquele crime, se pôs naquela situação, aplica-se, assim, uma pena de
prisão

- Artigo 20º nº4 diferente do artigo 295º, se aplico o 20º nº4 nunca posso aplicar o
295º e o contrário. Não se podem aplicar os dois porque a forma de culpa presentes
é diferente. No 20º nº4 há intenção de cometer o crime – dolo direito de 1º grau –
planeia o estado em que vai estar. O agente é punido pelo crime que efetivamente
pratica, neste caso tentativa de homicídio, é aplicada uma pena de prisão pelo crime
que o sujeito pratica. No artigo 295º são todas as outras formas de culpa (negligência
e dolo eventual), o agente não quer praticar o crime, mas devido ao seu estado
acaba por o praticar. O agente é punido por ter cometido um facto embriagado ou
com intoxicação, o crime é de embriaguez ou de intoxicação ligada à prática do facto,
mas o facto é um mero incidente, o crime é realmente a embriaguez, o agente é na
mesma inimputável, aplica-se uma pena de prisão.

Neste caso, aplica-se o artigo 20º nº4 devido ao planeamento do crime, incluindo a
toma dos medicamentos e do álcool.

Caso prático nº 2:

A, que sofre de uma anomalia psíquica, que o impede de controlar os impulsos sexuais
para visionar filmes pornográficos com crianças (pedo pornografia) e adultos com
aparência de criança (pedo pornografia virtual), foi condenado a um internamento de
dois anos por factos praticados nesse contexto. Na mesma altura, no entanto, A havia
furtado um computador de uma superfície comercial precisamente com o intuito de
poder satisfazer esses seus desejos. O computador foi avaliado em 1600 euros e A foi
condenado por crime de furto numa pena de prisão de três anos. Quid iuris quanto à
forma de execução destas sanções. Justifique.

Resolução:

A é inimputável para o facto visionar os filmes pornográficos com crianças ou com


adultos que parecem crianças, segundo o artigo 20º nº1.
A é imputável para o crime de furto do computador, pois tal não é justificado pela sua
anomalia psíquica – artigo 203º.
Este caso é um caso de vicariato na execução – artigo 99º. Este não põe em causa o
sistema monista, nem o torna tendencionalmente monista porque, embora o agente
esteja a ser condenado por duas sanções preventivas da liberdade, está a ser
sancionado por dois factos diferentes e não pelo mesmo facto.
A terá a aplicação de uma medida de segurança preventiva da liberdade – artigo 91º
nº1 – pelo 1º facto e, segundo o artigo 99º nº1, será executado primeiro o
internamento, sendo este tempo descontado na pena de prisão.
Artigo 99º nº2 – pode colocar o agente em liberdade condicionada, pois já cumpriu
mais de metade do tempo da pena de prisão (2 anos).

12.novembro.2019

Caso prático:

Considere que, A cumpriu uma pena de 10 anos de prisão efetiva por violação. A
cumpriu uma pena de 11 anos de prisão efetiva por homicídio. A pagou uma pena de
multa no valor de 2000 euros por um crime de injuria. A é conhecido por ameaçar e
agredir de forma gratuita. A praticou no mês passado um crime de burla pelo qual
deverá ser-lhe aplicada pena de prisão efetiva de 3 anos.
a) Refira-se à possibilidade de A ser punido com uma P.R.I., em que termos?
Justifique a sua resposta.
b) Considere agora que A foi condenado em todas aquelas três primeiras penas,
mas ainda não as cumpriu por não ter tido tempo útil para tal, na medida em
que tem apenas 23 anos. Quid iuris.
c) Considere, finalmente que, por outro crime de burla, A deveria ser condenado
numa pena de 1 ano de prisão. Poderá ser aplicada ao agente uma P.R.I?
Justifique.

Resolução:

Artigo 83º - Pena relativamente indeterminada.


a) É aplicada uma PRI. A cometeu um crime cuja pena é de mais de dois anos de
prisão efetiva, tendo cometido anteriormente duas penas de prisão efetiva por
mais de dois anos, a primeira por 10 anos e a segunda por 11 – artigo 83º nº1 –
A ainda tem uma acentuada inclinação, sendo que é conhecido por ameaçar e
agredir de forma gratuita.
De acordo com o artigo 83º nº2, A terá uma pena de 2/3 de 3 mínimo e de 3+6
de máxima, ou seja, uma pena de 2 a 9 anos. Tenho uma PRI de 2 a 9 anos, com
as seguintes características: ate aos 3 anos é uma pena, porque o limite da
culpa é de três anos, a partir destes três anos não é considerado uma pena
porque não se pode condenar o agente por mais de três ano de pena de culpa
(principio da culpa), é sim, materialmente, uma medida de segurança onde o
agente fica privado da sua liberdade pela sua perigosidade (pela sua
personalidade). Isto não é uma pena + uma medida de segurança porque o
nosso sistema não é dualista. Uma PRI é um terceiro tipo de reação penal.
Porque é que a PRI poe em causa o sistema monista puro do sistema? Porque
se fossemos monistas puros não podíamos aplicar ao agente, pelo mesmo
facto, uma reação penal com características de pena e de medida de
segurança, teríamos que aplicar uma pena privativa da liberdade pura ou uma
medida de segurança privativa da liberdade pura.
b) A, tendo apenas 23 anos, ou seja, menos de 25 anos, usa-se o artigo 85º nº1,
onde este, caso tiver cumprido no mínimo um ano de prisão, é-lhe aplicado o
83º e 84º, ou seja, uma pena relativamente indeterminada.
A PRI ficaria de 2 a 7 anos de pena, pois este cumpre os prossupostos do artigo
83º.
c) Não, porque mesmo A tendo cumprido duas penas efetivas de mais de anos, é
condenado, agora, por um crime de burla de apenas de 1 ano, logo não se pode
aplicar o artigo 83º. Nem o artigo 84º porque um dos crimes é de multa e não
de pena efetiva de prisão, logo, apenas cumpriu três crimes de pena efetiva de
prisão.

Conceito material de crime:

 Função de direito penal como proteção subsidiaria do bem jurídico.


 Distinção de direito penal e direito constitucional.
 Artigo 18º nº2 CRP tem de ser respeitado na criação de uma norma penal. Se
estivermos perante uma norma que cumpre todos os prossupostos formais,
mas não respeita a proteção de um bem jurídico, nos termos do artigo 18º nº2,
ela é nula porque é materialmente inconstitucional (não é formalmente
inconstitucional porque respeita todos os prossupostos).
 A ofensividade que é subjacente a uma norma penal não a mesma da
ofensividade social, pode ser ofensiva no plano social, porem não ter relevância
para o direito penal. A ofensividade penal depende dos bens jurídicos com
dignidade penal.
 Distinção entre direito penal e direito meramente social
Quanta à sanção e meramente pecuniária, nunca pode afetar o direito
da liberdade garantia, ainda que não seja cumprida. Quando não é
cumprida só se pode executar o património da pessoa, se não houver
património, o credor não recebe o seu credito.
Quem pode aplicar a sanção penal são os tribunais, as coimas podem
ser aplicadas pelos tribunais e pelas entidades administrativas.
Quanto à aplicação da lei penal no espaço, em matéria de lei penal os
tribunais competentes podem julgar casos que não foram praticados
em Portugal, ou porque o agente é português, ou porque a vitima é
portuguesa, ou porque não há maneira de ser julgada noutro pais.
No caso de mera ordenação social, os tribunais e entidades
administrativas só podem julgar aquelas que forem praticadas em
território nacional.
Quanto á responsabilidade das pessoas coletivas
No direito penal, a responsabilidade das pessoas coletivas é muito
limitada (artigo 11º), as entidades coletivas só são puníveis nos termos
do artigo previsto no âmbito no artigo 11º do código penal.
No caso da ordenação social a responsabilidade é ilimitada.
Quanto à tentativa:
No caso das contraordenações temos um principio da taxatividade da
tentativa – artigo 13º Regime Geral das contraordenações
No caso da lei penal existe uma regra – penas superiores a 3 anos de
prisão, mesmo que o legislador não diga nada, a tentativa é punível –
artigo 23º Código penal.

20.novembro.2019

APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO TEMPO


Qual a lei penal que vai ser aplicada num determinado momento? – art-1º cp e 29º
CRP (para fins de contextualização); específicos (art.3º e 2º do código penal)
ART.1º CÓDIGO PENAL
ART. 29 CRP
Art.3º CÓDIGO PENAL
Art.2 CÓDIGO PENAL

Deve ser abordado o princípio da legalidade (Art.29º CRP + Art.1º código penal), ideia,
segundo a qual não é possível a aplicação de uma pena ou determinação de um crime,
sem a existência de uma lei. Esta tem de ter caraterísticas:
 Prévia: Princípio da irretroatividade da lei penal, “in malem parten” (em
desfavor do agente), art.29º CRP + art. 1º Código penal
 Estrita: Princípio da proibição da analogia, “in malem parten”, art. 29º CRP +
Art.1º Código Penal
 Escrita: Princípio da reserva de Lei Formal
 Certa: Princípio da determinabilidade da Lei penal
Princípio da irretroatividade da lei penal – Art.29º CRP (aplicação da lei criminal). Se a
lei não existia e foi aplicada no momento da prática do facto, há uma contradição face
ao princípio da responsabilidade consagrado no Direito Penal. É preciso haver uma Lei
no momento da prática do facto que preveja o crime.

Princípio da proibição da analogia in malem partem - Art.1º, nº3 do CP. O legislador


afirma todas as hipóteses em que a analogia é proibida. Art.38º, nº4 pode ser visto o
exemplo da proibição da analogia.
Ex: A mata B com um tiro
B tinha a mão no bolso, e ia tentar matar A
Princípio da reserva da Lei Formal - apenas a AR pode emanar leis que prevejam crimes
Princípio da determinabilidade da Lei Penal – o interprete tem de perceber o que está
implícito na norma. ARt.3º e 2º CP.

A lei tem de cumprir todos estes requisitos, sob pena de se considerar inconstitucional.
Cumprindo todos estes requisitos. Art.3º CP – o caso começa a ser analisado no
momento em que o agente atua e não quando é manifestado o resultado. Depois de
visto este artigo, vê-se o: Art.2º (falar sempre da regra):
Nº1 – regra – A lei tem de estar em vigor no momento em que o facto é praticado pelo
agente
Nº2 – discriminação – exceção à regra; opera a libertação do agente, mesmo que
esteja condenado, inutilidade da privação da liberdade do agente
Nº3 – Lei temporária – Manda aplicar a regra, estado factual de exceção, a lei é criada
para uma situação muito concreta, pode haver leis de emergência (estabelece-se o
início do facto estadual de exceção, mas não se consegue definir o fim). Não se aplica a
lei mais favorável, mas aplica-se a lei que ele praticou o facto.
Nº4 – Lei mais favorável sem descriminalização – exceção à regra; A lei intermedia não
existia em vigor no momento da prática do facto, mas também já não se encontra em
vigor ao julgamento. Fica no meio termo. A lei intermédia é uma lei posterior á pratica
do facto, mas as leis posteriores não são leis intermedias.
L1
CASO PRÁTICO:
A e B são casados e em 30 de agosto 2007, no meio de uma acesa discussão, A desferiu
um tiro sobre B. B entrou me estado de coma e veio a falecer no dia 25 setembro de
2007. sabendo que em 15 setembro de 2007 entrou em vigor uma alteração ao código
penal, pela qual o homicídio de cônjuges deixou de ser um homicídio simples, unido
pelo artigo 131º do CP, co uma pena de prisão de 8 a 16 anos e passou a ser um
homicídio qualificado, previsto e punível no art.132º do CP, com uma pena de prisão
de 12 a 25 anos.
Diga por qual das normas A deve ser punido e justifique
RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO
- É um problema de aplicação da lei penal no tempo
- O princípio da legalidade está presente (art.3º)
- Momento da prática do facto (art.3º); foi 30 de agosto de 2007. Art.2º, nº1, este
mantem-se porque não há discriminação, nem a lei posterior é mais favorável nem há
uma lei temporária.

CASO PRÁTICO 2:
Suponha que em janeiro de 2016, A pratica facto X que constituía um crime, no
entanto, uma alteração ao CP de julho desse ano passou a considerar que a conduta
em causa não era crime. A está hoje a ser julgado por aquele facto, qual a norma a
aplicar? Justifique.

RESOLUÇÃO DO CASO PRÁTICO 2:


Momento da prática do facto (art.3º); janeiro. Art.2º, nº2, 1º parte, não estamos
perante nenhum caso julgado, por isso não se aplica o regime geral e é aplicada a lei
nova

CASO PRÁTICO 3
A grávida de 8 semanas, saudável e por sua opção em outubro de 2006 procedeu a
uma interrupção da gravidez realizada por um médico num estabelecimento de saúde
oficial.
Cometeu por isso um crime de aborto, punível com uma pena de prisão de 2 a 8 anos,
nos termos do art.140º do CP. Sabendo que na consequência do referendo e da Lei
16/2007 de 17 de abril, o art.142º, nº1 alínea E do CP passou a prever que a
interrupção da gravidez não é punida se for realizada por opção da mulher nas
primeiras 10 semanas.
A) Diga qual a lei a aplicar hoje no julgamento de A pelo crime de aborto
B) Suponha agora que aquela norma só entra em vigor no momento em que A
já tinha sido condenado com transito em julgado e já se encontrava a
cumprir uma pena de prisão de 3 anos. O que fazer?
RESOLUÇÃO
(A) RESPOSTA:
Se a pessoa ainda não foi julgada é aplicada a nova lei
Art.3º diz que é em 2006, e a nova lei entra em vigor em 2007, aplicamos a nova lei
porque é a mais favorável, e se deixou de ser crime, é uma discriminação. Não é
punitivo para o direito penal. Como não foi julgada ainda, aplicamos a lei mais
favorável, segundo o art.2º, nº2, aplicamos a lei nova e não julgamos a senhora.

(B) RESPOSTA:
Art. 2º, nº2, 2º parte. Se ela esta a cumprir pena, é posta em liberdade, pois uma nova
pena torna-se inútil, do ponto de vista dos valores essenciais para a comunidade.

CASO PRÁTICO 4:
Em abril de 2000, A foi encontrado com 3 embalagens de plástico transparente dentro
das quais havia um pó que contia 401 gramas de heroína. A detinha tal produto para
consumo pessoal, julgada em 30 de outubro de 2000, A foi condenado pelo crime de
detenção de estupefacientes numa pena de multa, insatisfeito A recorreu da sentença
e o tribunal da relação competente veio decidir o recurso em setembro de 2001,
acontece que em 1 de julho de 2001, entrou em vigor uma nova lei que passou a
considerar contraordenação tanto o consumo como a aquisição e a detenção para
consumo próprio de drogas ilícitas. Qual julga ter sido a decisão final do tribunal
superior e porquê, justifique a sua resposta mobilizando as varias posições doutrinais
sobre o problema?

26.novembro.2019

Resolução do caso anterior:

Abril de 2000 – data da prática do facto


30 de outubro de 2000 – data do julgamento
Setembro de 2001 – data da decisão de recurso
1 de Julho de 2001 – data de entrada e vigor da nova lei que passa a considerar o facto
uma contraordenação.

O facto deixa de ser um crime, mas também não passa a ser uma coisa tolerada pelo
ordenamento jurídico, passa a ser uma contraordenação.
A doutrina não é unanime para estes casos. Existem três posições:
 Prof. Taipa de Carvalho – mais radical, “não posso punir o senhor A, ele tem
que sair em liberdade, não há noma, porque do ponto de vista penal aquilo que
aconteceu foi uma descriminalização, é uma situação em que uma coisa deixa
de estar dentro do direito penal, logo aplico o artigo 2º nº2. Não lhe posso
aplicar também a lei das contraordenações porque o principio da legalidade é
um principio que perpassa não só o direito penal. Eu só posso aplicar o
principio da legalidade se a lei for a lei mais favorável pelo agente, neste caso
não é porque ele esta em liberdade e seria pior aplicar-lhe uma coima, porque
a lei não é previa à pratica do facto” – para ele o agente não é punido.
 Prof. Figueiredo Dias – “entendo que é uma descriminalização, saímos do
âmbito do direito penal, estamos noutro ramo do direito, nas exceções no
artigo 2º é o nº2, portanto não posso aplicar uma pena porque entendo que é
uma descriminalização e de acordo com este artigo cessam todos os momentos
penais. Porem, posso aplicar uma coima, porque embora exista o principio da
legalidade, esta aplicação da lei da contraordenação é mais favorável ao
agente, aplicando o artigo 2º nº4 e aplico a coima por ser mais favorável que a
pena. Na realidade o agente do facto não sabia que era uma contraordenação
porque sabia que era um crime, logo, ele tinha obrigação de limitar o facto
ainda mais por saber que era um crime. Entre não aplicar norma, uma pena ou
uma coima, deve aplicar-se uma coima. Estamos no âmbito de uma
descriminalização, mas não é uma qualquer porque noção existe uma rutura
completa no juiz de censura ao facto, é como se assistisse apenas uma
evolução de censura, passou a ser muito menos censurado, mas continua a sê-
lo. Aplicamos uma coima ao agente”
 Prof. Faria Costa – Chega à mesma conclusão que o anterior, mas de maneira
mais fácil. Temos a chamada “ciência do direito penal total”, como se fosse um
grande direito penal, dentro deste o direito das contraordenações e o direito
penal propriamente dito, entre outros. Então, quando passo do direito penal
para fora desta ciência penal total eu tenho a descriminalização (artigo 2º nº2),
mas quando saio para o direito da mera ordenação social, mas ainda dentro da
ciência penal total, é uma despenalização absoluta, remetendo logo para o nº4
do artigo 2º, logo aplica-se uma coima.

Caso pratico:

A lei 1 punia o crime X com uma pena de prisão de 2 a 8 anos. Na vigência dessa lei, A
cometeu o crime nela tipificado. Pouco tempo depois da prática do crime, entrou em
vigor a lei 2 que passou a punir esse facto com pena de prisão de 1 a 5 anos. Acusada
de ser demasiado branda, essa lei 2 foi revogada e substituída pela lei 3, que voltou a
punir o crime com pena de prisão de 2 a 8 anos.
Supondo que A foi julgado na vigência da lei 3, diga qual a lei aplicável e porque?

Resolução:

Artigo 2º nº4 – lei 2 – mais favorável ao agente (?)

Facto – lei 1 (punido com pena de prisão de 2 a 8 anos)


Lei 2 – punido com 1 a 5 anos - lei intermedia porque ainda não estava em vigor na
pratica do facto e já não esta na altura do julgamento
Lei 3 – 2 a 8 anos – julgamento

Artigo 3º - momento da pratica do facto na vigência da lei 1.


Artigo 2º nº1 – pela regra aplicar-se-ia a lei 1 (explicar e regra e porque de se aplicar ou
não). Neste caso não há descriminalização, mas uma certa despenalização na lei
intermedia.
Artigo 2º nº4 – lei 2 (lei posterior mais favorável).
Lei intermédia é sempre posterior, mas uma lei posterior nem sempre é uma lei
intermédia. Por exemplo, a lei 2 é intermedia e posterior, a lei 3 é só uma lei posterior.
Lei posterior é uma lei que aparece depois da prática do facto.

Caso prático nº2:

Devido a uma grave crise económica, suponha que o parlamento aprovou uma lei que
agravava a pena do crime de especulação. O crime de especulação era punido com
uma pena de prisão até 3 anos e com a nova lei passou a ser punido com uma pena de
prisão de 7 a 10 anos. Esta nova lei (lei 2) fixava o seu próprio período de vigência
entre 1 de janeiro e 31 de julho de 2017. Após o dia 31 de julho de 2017, tornou a
vigorar o regime anterior ao dia 1 de janeiro desse ano.
a) A cometeu um crime de especulação no dia 10 de janeiro de 2017 e foi julgado
no dia 20 de junho de 2018. Qual a lei a aplicar? Justifique.
b) Perante o mesmo caso, suponha agora, que B praticou um crime de
especulação no dia 10 de dezembro de 2016. Se a condenação ocorrer no dia
11 de junho de 2017, qual a lei a aplicar e porque?

Resolução:

Lei 1 – até 3 anos – facto de B (10 de dezembro de 2016)


Lei 2 – 7 a 10 anos (de 1 de janeiro a 31 de julho de 2017) – 10 de janeiro (facto de A) –
11 de junho (julgamento de B)
Lei 1 – até 3 anos (a partir de 31 de julho de 2017) – julgamento de A (11 de julho de
2018)

a) Artigo 3º - momento da pratica do facto – 10 de janeiro – já está em vigor a lei


2 com um período de vigência determinado (lei temporária normal)
Lei temporária de emergência – tem início, mas não tem fim determinado.
Em regra, aplicaríamos o nº1 – aplicação da lei 2 – como estamos no âmbito de
uma lei temporária, remetemos para o nº3 (característica da lei temporal para
aplicação da lei mesmo que haja outra lei posterior mais favorável: ulta
atividade da lei temporal, ou seja, o seu período de vigência ultrapassa o prazo
da sua vigência literal.
b) Aplica-se a lei nº1 – estava em vigor na pratica do facto – artigo 2º nº1 – regra.
Não se aplica a lei 2, porque não praticou o facto durante a sua vigência, nem é
mais favorável do que a que estava em vigência na altura da pratica do facto.

Continuação do caso anterior:

c) Imagine agora que devido às criticas que se fizeram ouvir no sentido da


demasiada severidade do regime da lei 2, que punia o crime de especulação
com pena de prisão de 7 a 10 anos, o Parlamento aprovou, no dia 1 de
fevereiro de 2017, uma nova lei (lei 3) que também limitava a sua vigência ao
dia 31 de julho de 2017 e onde baixava a sanção para prisão de 3 a 5 anos. De
novo se fez sentir a critica, agora em sentido inverso, falando-se da insuficiente
severidade desta última disciplina e o dia 1 de março de 2017 entra em vigor
um novo regime (lei 4), cuja a vigência se continuava a limitar ate ao dia 31 de
julho de 2017, que estabeleci para o crime uma pena e 5 a 7 anos de prisão.
Após o dia 31 de julho de 2017, tornou a vigorar o regime anterior ao dia 1 de
janeiro desse ano.
C cometeu um crime de especulação no dia 15 de janeiro de 2017 e foi julgado
a 20 de outubro de 2018. Qual a lei a aplicar? Justifique.

Resolução:

Neste caso temos 4 leis.


Temos a lei 1 que é a lei que está em vigor na altura do julgamento.
A lei 2, 3 e 4 são leis temporárias. Para alguém de temporária, a lei 3 e 4 são
intermédias.
Cada uma delas tinha o seu período de vigência a acabar no mesmo dia. Porem, a lei 2
só está ate dia 1 de fevereiro, porque entra a lei 2 que a revoga. A lei 3 vigora até dia 1
março porque ao entrar a lei 4 revoga a lei 3.
Pelo nº1, do artigo 2º aplicava-se a lei 2 – regra.
Houve uma sucessão de leis temporárias, aqui temos duas opções: ou essa sucessão
acontece porque há uma mera alteração da conceção do legislador e, neste caso,
escolhemos a lei mais favorável de entre todas as temporárias, ou a sucessão de leis
temporárias ocorre porque há alguma alteração das circunstâncias, na mesma situação
mas algo difere (por exemplo continuamos em crise mas um pouco mais branda),
neste caso, somos obrigados a aplicar a lei temporária em vigor no momento em que o
agente pratica o facto.
Neste caso, é a primeira hipótese, por isso, escolhemos a lei temporária mais
favorável, aplicamos a lei 3, por uma conjugação de leis temporárias (nº3) com a
aplicação da lei posterior mais favorável (nº4).

Se fosse pela hipótese 2, aplicávamos a lei 2, porque é a lei em vigor no momento da


prática.

3.dezembro.2019

Caso prático:

a) Quid iuris se A, B e C julgados e condenados, respetivamente, em 6, 12 e 14


anos de prisão em 2011, vêm hoje o tipo legal de crime no qual foram
subsumidas as suas condutas ser alterado no sentido de prever como pena
máxima 6 anos de prisão.
b) Quid iuris se a condenação ocorreu em 2013.
c) Se o julgamento acontecesse em 2016.

Solução:
a) Artigo 371ºA CPP – saem todos pois já cumpriram a pena máxima de 6 anos
fixada pela lei nova.
Caso de aplicação da lei penal no tempo.
Neste momento já houve condenação dos arguidos, não usamos o artigo 3º, nem o
artigo 2º nº1 CP, o momento da pratica do facto não é relevante para este caso.
Artigo 2º nº4, 2ª parte CP – já houve transito em julgado, logo, já estão a cumprir
pena.
A foi condenado a 6 anos; B foi condenado a 12 anos; C foi condenado a 14 anos – em
2011.
No ano de 2019 – A cumpriu a pena completa até 2017;
B já cumpriu 8 anos, com base no artigo 2º nº4 sai em liberdade e C também.
Na prática, A cumpriu a pena toda, B e C para alem de terem sido condenados com
penas diferentes, acabam por cumprir o mesmo numero de anos.
Será justo?
Há diferentes condenações dependendo da culpa do agente, o facto pode ser o
mesmo, aquilo que pode mudar é a culpa.
Em regra geral, o que poderíamos fazer para ser justo? Se fosse aplicada a pena em
2018, poder-se-ia voltar a repensar a pena de todos eles e ajustar a pena para que
fosse justo – artigo 371ºA CPP – reabertura da audiência do julgamento para que haja
uma nova ponderação.

b) Neste caso, saem todos também, não sendo justo.


A acaba de cumprir a pena quando a lei entra em vigor.
B cumpre apenas metade da pena.
C cumpre nem metade da pena.

c) A cumpriu 3 anos (faltam 3)


B cumpriu ¼ da pena (faltam 3 com a nova lei)
C cumpriu menos de ¼ da pena (faltam 3 com a nova lei)

A acaba por cumprir a sua pena completa e os outros acabam por sair
beneficiado.
Artigo 371º A CPP – ponderação de acordo com a nova lei e eventualmente uma
alteração das condenações no geral.
Nesta reabertura faz-se uma nova ponderação dos factos, por requerimento. O
impulso processual tem que ser dado pelo arguido interessado, principalmente
pelo que se sente injustiçado (neste caso A).

Caso prático:

De janeiro a agosto de 2006 praticamente não choveu em Portugal. Para minorar os


efeitos da falta de chuva, logo em março desse ano, o Parlamento votou uma lei que
entrou em vigor em 1 de abril e que punia com pena de prisão até dois anos e
enquanto dura-se a seca, a utilização de agua dos serviços públicos em piscinas
particulares. Como caiu alguma chuva em fins de maior, o legislador, através da nova
lei com inicio de vigência a 20 de junho, diminui a pena prevista para tais
comportamentos, fixando-a em multa até 120 dias. Já em dezembro e depois de
passar a seca, A esta a ser julgado por ter usado agua dos serviços públicos para
encher a sua piscina particular no dia 20 de abril de 2006, qual a lei a aplicar e porque?

Solução:

1 de abril – pena até dois anos


20 de abril – pratica do ato
20 de junho – nova lei com multa até 120 dias

Artigo 2º nº3 – lei temporária.


Lei temporária de emergência, tem inicio determinado, mas não tem fim.
A é julgado quando já não existe nenhuma destas leis temporárias em vigor.
Temos uma sucessão de leis temporárias, distinguindo duas hipóteses: se é uma
verdadeira alteração das circunstancias, ainda que dentro factual de exceção ou uma
mera alteração da conceção do legislador. No caso de ser a segunda é aplicada a lei
mais favorável posterior ao facto, no caso da 1ª usa-se a que estava em vigor no
momento da pratica do facto.
Neste caso, é por alteração dos factos, logo usa-se a lei que estava em vigor na altura –
existe um juízo de culpa especial porque quando o facto foi praticado durante um
período de emergência era mais grave, logo não faz sentido aplicar-se a lei mais
favorável quando o ato foi praticado numa situação pior.
O agente é punido com uma pena de prisão até 2 anos.

Caso prático:

A, de 25 anos, abusou sexualmente da sua vizinha B, de 5 anos, durante o período que


esta passou a viver apenas com a avó, na sequencia da emigração dos seus pais. Os
factos remontam aos meses de março, abril e maio de 2011. Julgado e condenado em
dezembro de 2014, A cumpre neste momento pena de 9 anos de prisão. Supondo que
o legislador português, tivesse aprovado uma lei em julho deste ano, segundo o qual, o
crime em causa, passaria no máximo a ser punido com uma pena de prisão até 7 anos,
diga em que termos poderá esta alteração influenciar a situação prisional de A.
Justifique.

Solução:

Artigo 2º nº4, parte final - já foi julgado


Artigo 371ºA – A pode pedir reapreciação da pena

Principio da fragmentariedade penal – artigo 18º nº2 CRP


Aplicação da lei penal no espaço:

Neste caso, aplica-se o artigo sempre o artigo 7º primeiro, depois aplica-se o 4º ou 5º e


o 6º (sempre juntos estes dois artigos), duas vias diferentes.
Aplica-se o 4º em factos aplicados em Portugal, o 5º e 6º é para factos aplicados fora
de Portugal. Se houver o mínimo de conexão com Portugal é sempre utilizado o artigo

Artigo 7º, dois números com diferentes critérios:
Nº1: critério da ação e critério do resultado – aqui qualquer um dos momentos que
tenha acontecido em Portugal é relevante, tanto a ação como o resultado, pode
acontecer uma coisa ou as duas. Pode também, o agente, ter atuado parcialmente em
Portugal ou totalmente. Também pode ter atuado em Portugal sob qualquer forma de
participação. No caso de ação e de omissão.
Pode não ter praticado a ação em Portugal, mas o resultado ser cá ou resultados não
compreendidos no tipo de crime.
Nº2: tentativa – também se considera o lugar em que o agente pensava que o
resultado ia ocorrer. Na tentativa não há resultado. Como se houvesse um resultado
imaginado pelo agente.
Chama-se a isto “Locus Deliciti” – lugar da prática do facto

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