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Civil IV, aula 02, III unidade. 20/05/2020.

Inventário e partilha – primeiras


declarações.
As espécies de testamentos, são:
O arrolamento sumario é aquele que não há interesse e menores ou incapazes; é
amigável; não há testamento. É necessário a existência desses três requisitos. Não
importa o valor dos bens. Pode ser feito em juízo ou fora dele, no cartório extrajudicial.
É o processo mais célere, rápido e simples. (será melhor estudado nas próximas aulas).
Arrolamento de alçada ou comum, é aquele que pode haver interesse de menores,
incapazes, pode haver testamento, mas o valor dos bens não pode ser superior a mil
salários mínimos, neste caso, o valor tem que ser igual ou inferior a mil salários
mínimos. (será melhor estudado nas próximas aulas).
Inventário e partilha. Só pode ser judicial, tem que ser judicial, não importa o valor
dos bens. Tem interesse de menores ou incapazes; tem testamento; tem litigio entre os
herdeiros; e o valor é superior a mil salários mínimos. Como ultrapassa mil salários
mínimos não pode ser o comum.
O procedimento de inventário e partilha, como é obrigatório que seja judicial, começa
com uma petição ao juízo, pedindo a abertura do procedimento. A petição tem que ser
feita no prazo de 2 meses da abertura da sucessão (611, cpc).
Art. 611. O processo de inventário e de partilha deve ser instaurado
dentro de 2 (dois) meses, a contar da abertura da sucessão,
ultimando-se nos 12 (doze) meses subsequentes, podendo o juiz
prorrogar esses prazos, de ofício ou a requerimento de parte.
Caso não ajuíze o processo no prazo de dois meses, pagará multa e tributos maiores, ou
seja, maiores tributos. Os herdeiros se desobedecerem ao prazo de 2 meses terão essa
penalidade de pagar mais caro nos impostos.
Essa petição de inventário pode ser, tem que ser bem simples, é simplesmente para
requerer a abertura do procedimento, comunicar o juízo o falecimento de alguém, e pedi
a instauração do inventário e a nomeação do inventariante. Para elaborar a petição é
necessário conhecer as regras de competência, para saber qual o juízo competente para
tramitar essa causa, sendo o primeiro passo; o segundo passo, é saber qual o
procedimento que deve ser adotado, se é procedimento de arrolamento sumário,
arrolamento comum, ou inventário e partilha.
Em algumas comarcas temos mais de uma vara de sucessões, enquanto que em
comarcas menores não temos nenhuma, sendo assim, cabe a vara cível julgar a ação, no
caso de Vitória da Conquista, temos a vara de família, sucessão, órfãos, interditos e
ausentes ( que se dar no estado da Bahia, mas esse nome depende de casa estado, esse é
o nome das varas da Bahia, que tem a sucessão), quando se tem mais de uma vara, ai
cabe o sistema fazer a distribuição.
Quem tem legitimidade para propor este procedimento, está previsto no art. 615, cpc:
Art. 615. O requerimento de inventário e de partilha incumbe a
quem estiver na posse e na administração do espólio, no prazo
estabelecido no art. 611.
Parágrafo único. O requerimento será instruído com a certidão de
óbito do autor da herança.

E o 616, cpc, enumera outras situações de pessoas que tem legitimidade concorrente, ou
seja, também podem propor a abertura do inventário.

Art. 616. Têm, contudo, legitimidade concorrente:


I - o cônjuge ou companheiro supérstite;
II - o herdeiro;
III - o legatário;
IV - o testamenteiro;
V - o cessionário do herdeiro ou do legatário;
VI - o credor do herdeiro, do legatário ou do autor da herança;
VII - o Ministério Público, havendo herdeiros incapazes;
VIII - a Fazenda Pública, quando tiver interesse;
IX - o administrador judicial da falência do herdeiro, do legatário,
do autor da herança ou do cônjuge ou companheiro supérstite.

Então o legitimado vai propor uma petição, comunicar o óbito do falecido, instruir a
petição com a certidão de óbito, pois é documento indispensável para propositura do
inventário, está no código civil, tem que provar o falecimento do “de cujus”; outro
documento indispensável é a prova de que a pessoa que está requerendo o procedimento
é a mesma pessoa que está na posse ou na administração dos bens do falecido, é o
cônjuge, ou herdeiro, etc., ou seja, tem que demonstrar que é legitimado. Pedi a
nomeação do inventariante, e atribui o valor da causa. O juiz vai nomear o inventariante
no rol do 617 CC, (que será abordado na próxima aula).

Inventariante será o administrador do espólio até que finalize o procedimento e aconteça


a divisão; e o espólio é o conjunto de bens deixado pelo “de cujus”.
Pode começar com uma petição simples: Excelentíssimo dr(a) Juiz(a)/// ao juízo// da
vara de família e sucessões da comarca de Vitória da Conquista.
Fulano de tal, qualifica, vem, a presença de Vossa Excelência, comunicar o falecimento
de fulano de tal, qualifica, (falecido tal dia, conforme certidão de óbito em anexo),
requerendo a instauração do procedimento de inventário e partilha, nos termos dos
artigos 611 do CPC, requerendo a nomeação do inventariante fulano de tal, qualifica,
como inventariante, na forma do art. 617 do cpc, do mesmo diploma, dá-se a causa o
valor de tal.
Alguns advogados já apresentam nessa primeira petição o rol de herdeiros, e o rol de
bens, já faz uma peça completa. Tecnicamente não é incorreto fazer assim, mas não se
recomenda por praticidade, e também se for seguir o código ao pé da letra o correto é,
fazer primeiro uma petição simples, pedindo a abertura do inventário e a nomeação de
inventariante, e em momento posterior, apresenta rol de herdeiros e de bens.
Nesse segundo modelo/formato, duas petições, na primeira pedindo a abertura, simples,
1 ou 2páginas no máximo, e na segunda petição, as chamadas primeiras declarações. Ou
seja, por partes, primeiramente propõe no prazo de dois meses, a petição para abertura
do inventario e partilha, por meio de petição simples, comunicando o falecimento,
instruindo a certidão de óbito, demonstrando a condição de legitimado, pedindo
nomeação de inventariante e atribuindo valor a causa, o juiz vai acatar o pedido e
nomear a pessoa indicada para inventariante. Essa pessoa que é nomeada inventariante
tem o prazo de 5 dias para prestar o compromisso, a pessoa será comunicada pelo diário
oficial, redes sociais, de qualquer maneira será comunicado, acontece mais hoje pelas
plataformas digitais, e ai a pessoa vai prestar o compromisso, que é tomar posse,
oficialmente como inventariante, assinar o termo de responsabilidade por está
assumindo aquela função dentro do inventário, pois em quanto estiver tramitando o
procedimento, é o inventariante que administra e cuida dos bens.
A contar da data em que o inventariante presta o compromisso, ele tem 20 dias para
apresentar a peça chamada de primeiras declarações, art. 620 cpc:
Artigo 620 da Lei nº 13.105 de 16 de Março de 2015
Art. 620. Dentro de 20 (vinte) dias contados da data em que prestou o
compromisso, o inventariante fará as primeiras declarações, das
quais se lavrará termo circunstanciado, assinado pelo juiz, pelo
escrivão e pelo inventariante, no qual serão exarados:
I - o nome, o estado, a idade e o domicílio do autor da herança, o dia
e o lugar em que faleceu e se deixou testamento;
II - o nome, o estado, a idade, o endereço eletrônico e a residência dos
herdeiros e, havendo cônjuge ou companheiro supérstite, além dos
respectivos dados pessoais, o regime de bens do casamento ou da
união estável;
III - a qualidade dos herdeiros e o grau de parentesco com o
inventariado;
IV - a relação completa e individualizada de todos os bens do espólio,
inclusive aqueles que devem ser conferidos à colação, e dos bens
alheios que nele forem encontrados, descrevendo-se:
a) os imóveis, com as suas especificações, nomeadamente local em
que se encontram, extensão da área, limites, confrontações,
benfeitorias, origem dos títulos, números das matrículas e ônus que
os gravam;
b) os móveis, com os sinais característicos;
c) os semoventes, seu número, suas espécies, suas marcas e seus sinais
distintivos;
d) o dinheiro, as joias, os objetos de ouro e prata e as pedras
preciosas, declarando-se-lhes especificadamente a qualidade, o peso e
a importância;
e) os títulos da dívida pública, bem como as ações, as quotas e os
títulos de sociedade, mencionando-se-lhes o número, o valor e a data;
f) as dívidas ativas e passivas, indicando-se-lhes as datas, os títulos, a
origem da obrigação e os nomes dos credores e dos devedores;
g) direitos e ações;
h) o valor corrente de cada um dos bens do espólio.
§ 1º O juiz determinará que se proceda:
I - ao balanço do estabelecimento, se o autor da herança era
empresário individual;
II - à apuração de haveres, se o autor da herança era sócio de
sociedade que não anônima.
§ 2º As declarações podem ser prestadas mediante petição, firmada
por procurador com poderes especiais, à qual o termo se reportará.

O art. 620 é uma receita de bolo. Então o que deve ser feito na peça: vai qualificar
pormenorizadamente o “de cujus”, vai qualificar pormenorizadamente o cônjuge ou
companheiro que o falecido deixou, qualificar todos os herdeiros (os que você
representa como advogado e os que não representa também), se não tiver a qualificação
dos que você não representa como advogado, coloque pelo menos o nome e o endereço
para que sejam citados/chamados para que entre no procedimento; depois vai relacionar
todos os bens deixado pelo de cujus, por exemplo: bens imóveis, empresas, dinheiro,
cotas em sociedades, etc.; vai relacionar as dívidas passivas (que o espólio tem para
receber; e as dívidas ativas ( que tem para pagar); expor toda a realidade do espólio,
essa é a função das primeiras declarações, mostrar o espelho pormenorizado de toda a
situação do espólio, para mostrar para o juiz, do Ministério Público, para todo os
interessados qual a realidade do espólio.

O inventariante tem que agir com transparência, pois pode sofrer consequências caso
não seja fiel com as informações, caso não seja transparente, ele pode ser: destituído
dessa função de inventariante; pode sofrer uma penalidade cível, tendo que indenizar o
espólio por algum prejuízo cometido; pode sofrer uma penalidade na esfera do direito
penal por ter cometido um delito, envolvendo a administração de bens. Ou seja, o
inventariante tem que ser transparente, tem que deixar claro todos os bens e obrigações
do espólio.

Nessa peça também, pede para citar os herdeiros que não representa também, para que
contrate os respectivos advogados, e que venha a fazer parte do procedimento, até
porque um dos deveres do inventariante é contribuir para o andamento do inventário.

Nessa peça também é evidente, o pedido de intervenção do Ministério Público, caso


exista interesse de menor ou incapaz, no procedimento. Porque pode ser que não tenha
menores ou incapazes. Exemplo: Suponhamos que há um litigo muito grande, que não
tenha incapazes, mas o valores dos bens é de 100 milhões de reais, neste caso, não cabe
nem o arrolamento sumário ( não tem menores) nem o arrolamento de alçada (ultrapassa
mil salários mínimos), sendo assim, não há nesse caso a necessidade da intervenção do
Ministério Público, porque não há interesse de menores ou incapazes. Sendo assim, não
se pode afirmar que o MP vai intervir em todos os processos de inventário e partilha.

O MP e as respectivas fazendas, a Fazenda Pública é interessada no inventário, porque


terá os créditos e tributos que se reverteram em seu favor, então, se eu tenho bens
situados no estado da Bahia, o estado da Bahia tem interesse em funcionar no inventário
e partilha, pois receberão tributos na transmissão do bem do morto para os sucessores,
se tem um bem em São Paulo, em Minas, do mesmo jeito. Então, tem que pedir a
intervenção do MP, e dos estados interessados, como credores de tributos.

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