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Série Retrospectiva

8 Principais julgados de
DIREITO CONSTITUCIONAL
Márcio André Lopes Cavalcante

1. Assembleia Legislativa pode rejeitar a prisão preventiva e as medidas cautelares impostas pelo Po-
der Judiciário contra Deputados Estaduais
É constitucional resolução da Assembleia Legislativa que, com base na imunidade parlamentar formal
(art. 53, § 2º c/c art. 27, § 1º da CF/88), revoga a prisão preventiva e as medidas cautelares penais que
haviam sido impostas pelo Poder Judiciário contra Deputado Estadual, determinando o pleno retor-
no do parlamentar ao seu mandato.
O Poder Legislativo estadual tem a prerrogativa de sustar decisões judiciais de natureza criminal, pre-
cárias e efêmeras, cujo teor resulte em afastamento ou limitação da função parlamentar.
STF. Plenário. ADI 5823 MC/RN, ADI 5824 MC/RJ e ADI 5825 MC/MT, rel. orig. Min. Edson Fachin, red.
p/ o ac. Min. Marco Aurélio, julgados em 8/5/2019 (Info 939).

2. A Constituição estadual só pode exigir lei complementar para tratar das matérias que a Constituição
Federal também exigiu lei complementar
A Constituição Estadual não pode ampliar as hipóteses de reserva de lei complementar, ou seja, não
pode criar outras hipóteses em que é exigida lei complementar, além daquelas que já são previstas
na Constituição Federal.
Se a Constituição Estadual amplia o rol de matérias que deve ser tratada por meio de lei complemen-
tar, isso restringe indevidamente o “arranjo democrático-representativo desenhado pela Constitui-
ção Federal”.
Caso concreto: STF declarou a inconstitucionalidade de dispositivo da CE/SC que exigia a edição de
lei complementar para dispor sobre: a) regime jurídico único dos servidores estaduais; b) organização
da Polícia Militar; c) organização do sistema estadual de educação e d) plebiscito e referendo. Esses
dispositivos foram declarados inconstitucionais porque a CF/88 não exige lei complementar para
disciplinar tais assuntos.
STF. Plenário. ADI 5003/SC, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 5/12/2019 (Info 962).

3. O prazo decadencial previsto na Lei nº 9.784/99 não se aplica às tomadas de contas regidas pela
Lei nº 8.443/92
O prazo decadencial quinquenal, previsto no art. 54 da Lei nº 9.784/99, não se aplica para a atuação
do TCU em processo de tomada de contas, considerando que se trata de procedimento regido pela
Lei nº 8.443/92, que se constitui em norma especial.
Em suma, o prazo decadencial de 5 anos, previsto no art. 54 da Lei nº 9.784/99, não se aplica aos pro-
cessos de tomada de contas conduzidos pelo TCU considerando que existe uma lei específica que
rege o tema, que é a Lei nº 9.784/99.
STF. 1ª Turma. MS 35038 AgR/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 12/11/2019 (Info 959).
4. MPM não tem legitimidade para atuar diretamente no STF
O Ministério Público Militar não dispõe de legitimidade para atuar, em sede processual, perante o
Supremo Tribunal Federal. Isso porque a representação institucional do Ministério Público da União,
nas causas instauradas na Suprema Corte, cabe ao Procurador-Geral da República, que é, por defi-
nição constitucional (art. 128, § 1º), o Chefe do Ministério Público da União, que abrange também o
Ministério Público Militar.
STF. 2ª Turma. HC 155245 AgR-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 11/11/2019.

5. Viola a Constituição Federal norma estadual que preveja que apenas Procuradores de Justiça pode-
rão se candidatar ao cargo de Procurador-Geral de Justiça
Foi declarada a inconstitucionalidade de norma da Constituição de Minas Gerais e da lei comple-
mentar estadual 21/1991 que estabeleciam que apenas Procuradores de Justiça vitalícios podiam se
candidatar ao cargo de Procurador-geral de Justiça.
O processo de escolha do procurador-geral de Justiça, por envolver tema de índole institucional
geral, é disciplinado pela Lei Orgânica Nacional do Ministério Público e somente pode ser ampliado,
restringido ou redesenhado pela lei orgânica de cada MP, em caráter suplementar e para atender a
peculiaridades locais, mas sempre observando as linhas mestras da lei nacional.
STF. Plenário. ADI 5704/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 18/12/2019.

6. DPU não pode atuar em processo no STJ de defensoria estadual com representação em Brasília ou
que seja intimada eletronicamente
O STJ indeferiu pedido da DPU para, em substituição à Defensoria Pública de Alagoas, atuar em re-
curso especial sob o argumento de que a Defensoria Estadual não possui representação em Brasília.
Isso porque, embora a DPE/AL não possua espaço físico em Brasília, ela aderiu ao Portal de Intima-
ções Eletrônicas do STJ e, portanto, pode atuar normalmente no processo a partir de sua sede local.
A DPU só pode atuar nos processos das Defensorias Públicas estaduais se a respectiva Defensoria
Pública estadual:
• não tiver representação em Brasília; e
• não tiver aderido ao Portal de Intimações Eletrônicas do STJ.
STJ. 5ª Turma. PET no AREsp 1513956/AL, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 17/12/2019.

7. Admite-se a intervenção da DPU no feito como custos vulnerabilis nas hipóteses em que há forma-
ção de precedentes em favor dos vulneráveis e dos direitos humanos
Custos vulnerabilis significa “guardiã dos vulneráveis” (“fiscal dos vulneráveis”).
Enquanto o Ministério Público atua como custos legis (fiscal ou guardião da ordem jurídica), a Defen-
soria Pública possui a função de custos vulnerabilis.
Assim, segundo a tese da Instituição, em todo e qualquer processo onde se discuta interesses dos
vulneráveis seria possível a intervenção da Defensoria Pública, independentemente de haver ou não
advogado particular constituído.
Quando a Defensoria Pública atua como custos vulnerabilis, a sua participação processual ocorre não
como representante da parte em juízo, mas sim como protetor dos interesses dos necessitados em
geral.
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O STJ afirmou que deve ser admitida a intervenção da Defensoria Pública da União no feito como
custos vulnerabilis nas hipóteses em que há formação de precedentes em favor dos vulneráveis e dos
direitos humanos.
STJ. 2ª Seção. EDcl no REsp 1.712.163-SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 25/09/2019 (Info 657).

Retrospectiva - Principais julgados de Direito Constitucional 2019

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