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INTRODUÇÃO

A cada três mortes de pessoas adultas, duas são de homens. ​Eles vivem, em média, sete
anos menos do que as mulheres e são mais acometidos por doenças cardiovasculares,
diabetes e câncer. O segundo câncer mais frequente nessa população é o câncer de
próstata (CaP), cujo fator de risco mais importante é a idade. O CaP caracteriza-se pelo
crescimento exagerado da próstata, com consequente diminuição do calibre e intensidade
do jato urinário.

A próstata é uma pequena glândula presente na bacia e somente nos homens. Ela tem
participação na produção do sêmen (ou esperma), o líquido ejaculado durante a relação
sexual. À medida que o homem envelhece, sua próstata aumenta de tamanho, podendo
comprimir a uretra, e resultando em dificuldade para urinar. O jato urinário se torna
gradativamente fino e fraco.

Por defeito no processo de divisão das células que formam a próstata, produz-se um
excesso de tecido, que dá origem ao tumor, podendo este ser classificado como benigno ou
maligno. Esse segundo é o câncer de próstata. No início da doença, o câncer limita-se à
próstata; entretanto, se deixado sem tratamento, poderá invadir órgãos próximos como
vesículas seminais​, ​uretra​ e ​bexiga​, bem como espalhar-se para órgãos distantes como
ossos​,​ fígado​ e ​pulmões​, quando se torna incurável.

FATORES DE RISCO

Embora a etiologia da doença seja desconhecida, alguns fatores de risco para o


desenvolvimento do câncer de próstata são conhecidos. O principal fator de risco é a​ idade​.
Cerca de 65% dos casos de câncer de próstata são diagnosticados em pacientes com idade
superior a 65 anos, sendo apenas 0,1% dos casos diagnosticados antes dos 50 anos de
idade. Outro fator de risco conhecido é a ​etnia​; o câncer de próstata é aproximadamente
duas vezes mais comum em homens negros comparados aos brancos. Além disso, a
hereditariedade​ também apresenta importância. Se um parente de primeiro grau tem a
doença, o risco é, no mínimo, duas vezes maior do indivíduo ter CaP. Se dois ou mais
indivíduos da mesma família são afetados, o risco aumenta em cinco a 11 vezes, em
relação à população em geral.

Além desses fatores, dietas ricas em ​gordura animal​ podem influenciar no


desenvolvimento do caP, uma vez que este nutriente elevaria as taxas de androgênios e
estrogênios, os quais, por sua vez, induziriam ao desenvolvimento de tumores da próstata.
O ​fumo​ também é apontado como um fator de risco evitável para o CaP.

Apesar da maior parte dos fatores de risco para a doença ser inevitável, ainda assim é
possível reduzir as chances de desenvolver o CaP. A adoção de hábitos de vida saudáveis,
comer adequadamente, controlar o peso, beber com moderação, limitar o uso de açúcar e
sal, não fumar e praticar exercícios físicos, é uma forma de suprimir o aparecimento de
doenças em geral, inclusive o câncer.
QUADRO CLÍNICO

No início da doença, o paciente não apresenta qualquer sinal ou sintoma relacionado ao


câncer. Se a doença for diagnosticada e tratada nessa fase inicial, permanece
assintomática​. No entanto, com o decorrer do tempo, a próstata aumenta de tamanho e
comprime a uretra, resultando em ​dificuldades para urinar​, ​jato urinário fraco​, ​aumento
do número de idas ao banheiro ​e sensação de não esvaziar bem a bexiga

O CaP pode ainda se disseminar pelo corpo, provocando sintomas diferentes dos urinários.
Dores no períneo​, ​alterações do funcionamento intestinal​, ​dores ao nível dos rins e
nos ossos​, ​cansaço​, ​perda de força e de peso​, são algumas das manifestações clínicas
provocadas pela extensão do CP a órgãos vizinhos ou à distância (metástases). Muitas
vezes indivíduos apresentam fratura espontânea do fêmur sem qualquer tipo de trauma, o
que pode ser considerado uma fratura patológica, esta provocada pela disseminação do
tumor prostático para os ossos.

DIAGNÓSTICO

A forma mais aceita atualmente de rastreamento do câncer de próstata é a ​associação do


toque retal à dosagem de PSA no sangue​. O PSA é uma glicoproteína produzida pela
próstata. Quando aumentada de tamanho, acaba por produzir mais PSA. Entretanto, esse
exame isolado não oferece o diagnóstico definitivo de câncer, uma vez que são várias as
doenças na próstata que também cursam com o aumento de PSA, como prostatites,
isquemias e infartos prostáticos, hiperplasia prostática benigna (doenças prostáticas em
geral). Além disso, muitos pacientes com CaP apresentam PSA normal. Um valor de PSA
abaixo de 4,0 ng/mL é aceito como normal. O aumento do valor do PSA acima de 0,75
ng/mL ao ano nos pacientes com PSA acima de 4,0 ng/mL parece estar associado a alto
risco para câncer de próstata..

Por sua vez, o exame de toque retal é um procedimento de baixo custo, rápido e que
permite avaliar o tamanho, o formato, a dureza (com CaP torna-se endurecida) e a
sensibilidade da próstata. Recomenda-se que seja realizado anualmente em todos os
homens acima de 45 anos de idade, independente de apresentarem ou não sintomas. A
chance do indivíduo com toque retal alterado ter câncer de próstata aumenta conforme o
valor do PSA.

Há certa resistência entre os homens em realizar o toque retal, porque veem o exame como
algo que conspira contra a noção de masculino. Contudo, supõe-se que a escolaridade e a
renda elevada sobrepujaram o preconceito ao exame de toque.

A evolução dos métodos de imagem tem se tornado um grande aliado no diagnóstico do


câncer de próstata. A​ ressonância magnética ​é uma modalidade de imagem que não
envolve radiação ionizante, e fornece imagens de alta resolução com excelente contraste de
tecidos moles.

O ​diagnóstico definitivo​ do CaP é feito através da​ ultrassonografia transretal ​com


biópsia prostática​ por agulha. Este exame está indicado em qualquer situação de
alterações isoladas ou conjuntas de PSA, toque retal e imagem. Durante este exame são
coletados em média de dez a 12 fragmentos prostáticos, que serão enviados para análise
histopatológica.

Pesquisadores, ao revisarem a literatura, encontraram polêmica sobre as recomendações


entre o público-alvo e o tipo de exame preventivo aconselhado. Há pesquisadores que
recomendam o toque retal associado à dosagem de PSA, enquanto outros orientam a
ultra-sonografia transretal quando necessário. Outros, ainda, defendem a realização de
apenas um dos exames, questionando o toque retal (pela subjetividade) e o PSA (pela
inconclusão).

No que diz respeito à idade para início do rastreamento do câncer de próstata, observa-se
pequena variação em documentos consultados, uma vez que tanto foi ​identificada a
recomendação de que seja realizado a partir dos 45 anos por homens que não apresentam
histórico familiar de câncer de próstata, quanto a de que homens com idade igual ou maior
que 50 anos devem dar início à realização dos exames preventivos, sendo recomendado
ainda que, para homens com histórico familiar de câncer de próstata e afro-americanos, o
rastreamento deve ter início aos 40 anos de idade.

CLASSIFICAÇÃO

Escore de Gleason. O sistema é graduado de dois a dez, sendo dois o menos agressivo e
dez o mais agressivo.

TRATAMENTO

Quando o câncer prostático encontra-se localizado, a​ radioterapia​ é uma das opções de


tratamento vigentes. Esta se baseia em administrar radiações externas ou internas sobre a
próstata para destruir as células cancerígenas. Entretanto, é passível de muitas
complicações, como impotência sexual e a incontinência urinária.
Diarréias, inflamações do reto e estreitamento na uretra são também complicações
frequentes. Um tratamento muito eficaz e curativo, que oferece maior sobrevivência que a
radioterapia é a​ prostatectomia radical​. Tal método consiste na retirada da próstata e das
vesículas seminais. Embora curativo, o paciente pode apresentar algumas complicações,
como impotência sexual.

Nos casos de CaP avançado, quando as células cancerígenas invadem outros órgãos, a
hormonoterapia​ é o tratamento indicado. Nessa terapia endócrina são empregados vários
medicamentos à base de hormônios (estrógenos, análogos da LHRH e antiandrógenos),
que impedem a produção de testosterona ou bloqueiam as suas ações na próstata. E para
reduzir de vez a produção de hormônio masculino, a retirada cirúrgica dos testículos -
castração​ - também é utilizada como hormonoterapia.

Portanto, se o tumor prostático for localizado, pode-se recorrer à cirurgia ou à radioterapia;


porém, se este se expandiu para outros órgãos, a castração ou bloqueio hormonal são os
tratamentos mais adequados.

PERGUNTAS CABÍVEIS

1) Eu posso substituir o exame de toque retal?

Na literatura, há algumas discordâncias quanto a isso. A forma mais aceita para o


diagnóstico do CaP é a associação do toque retal à dosagem sanguínea de PSA. O PSA é
uma glicoproteína produzida pela próstata, quando seus níveis sanguíneos estão elevados
não significa necessariamente que o sujeito tenha CaP, pode ser um problema menor,
como uma inflamação na glândula. Por isso, o exame do toque não deve ser substituído.
Mas não há o que temer, trata-se de um procedimento simples, rápido (~2 min) e indolor.
Com o toque retal, permite-se avaliar o tamanho, o formato, a dureza e a sensibilidade da
próstata.

2) Quais são os sintomas do CaP?

No início, não existe qualquer sintoma, a doença é assintomática. Por isso a importância de
homens com mais de 45 anos fazerem anualmente o exame de toque retal. Mas com o
decorrer do tempo, conforme a próstata aumenta de tamanho, a uretra é comprimida, e
surgem os sintomas urinários. Nesse caso, o paciente tem dificuldade em urinar, tem jato
urinário fraco e sensação de não esvaziamento da bexiga. Se não for tratado, o câncer
pode se espalhar para outras partes do corpo, como os ossos e outros órgãos, ocasionando
sintomas além dos urinários, como perda de força e de peso, dor no períneo, dor ao nível
dos rins e alterações no funcionamento intestinal.

3) Mas o que é a próstata?

A próstata é uma pequena glândula pertencente ao sistema reprodutor masculino. Ela


produz parte do líquido ejaculado durante uma relação sexual, o sêmen. E está localizada
ao redor de parte da uretra; por isso, quando aumenta de tamanho, acaba por comprimir a
uretra, ocasionando sintomas urinários. O líquido secretado pela próstata é rico em
enzimas, entre elas o PSA, que impedem a coagulação do esperma.

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