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ITOMO II I
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AGOSTO DE 1959 IN." 8

Digitalizado pelo Arquivo Histórico José Fereira da Silva - Blumenau - SC


em CADERNOS
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Tomo 11 AGÔSTO DE 1959
I N.U 8

Homens Ilustres e Lugares Catarinenses Cele-


hrados em Nomes Botânicos
P . Raulino REITZ
Na .n omenclatura das plantas é Aechmea recurvata (KI .) L. B .
uso comum entre os botânicos t o- Smith var . benrathii (Mez ) Reitz,
mar nomes de lugares geográficos Br omeliaceae, colhida no EstadQ
onde a planta foi encontrada, ou de Santa Catarina .
de homens que encontraram a
planta, ou patrOCinaram estudos BLUMENAU, Dr. Hermann
fitológicos dando-lhes uma termi- Fundador da cidade de Blume-
nacão latina . Tanto o primeiro n au . Era formado em botânica e
n ome, como o segundo do binômio farmácia .
botânico poderão celebrá-los . O Amaryllis blumenavia (C . Koch
primeiro nome se refere ao gênero & Bouché ex Carr. ) Traub, Ama-
e o segundo à espécie que são se- ryllidaceae, colhida pelo Dr . Blu-
guidos dum terceiro que é o nome menau na Ilha de Santa Catarina .
do botânico que batiza e descreve CAPANEMA, Guilherme Schuech,
a planta . Barão de
Reuni todos os nomes dos fane- Colheu plantas em Joinvile , em
rógamos catarinenses que lembram 1883 .
lugares ou homens que têm qual- Begonia capanemae Brade, Be-
quer relação com o Estado de San- goniaceae, colhida em Joinvile.
t a Catarina . Dos criptógamos não CHAMISSO, Adalbert von
tenho literatura suficiente em mão. Grande cientista e poeta alemão.
Aqui cito apenas nomes de plan- Em 1915 esteve em Destêrro e S .
tas ainda hoje válidos, omitindo Miguel onde colecionou plantas .
os que cairam em sinonímia por Vani1la chamissonis Klotzsch,
causa da lei da prioridade . Orchidaceae, colhida em Santa
Inicialmente apresento os nomes Catarina .
de pessoas para depois apresentar
os de localidades . Acho interes- DUSEN, Karl Pér
sante indicar a família botânica à Sueco, por 3 vêzes, no inicio dês-
que cada planta pertence indican- te século, excursionou pelo Estado
do também o lugar onde foram en- do Paraná, colhendo plantas. Vi-
contradas as plantas pela primeira sitou ràpidamente o Oeste catari-
vez. nense e Laguna .
I. PESSOAS ILUSTRES Croton dusenü Croizat, Euphor-
BENRATH biaceae, colhida em Calmon, PôrtQ
Benrath enviava plantas vivas União.
de Santa Catarina para i) Jardim Begonia per-dusenü Brade, Be-
Botânico de Kõnigsberg, na Ale- goniaceae, colhida em Herval do
manha . Oeste.
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GAUDICHAUD-BEAUPRÉ, Hoehne, Orchidaceae, colhido em
Charles Blumenau .
Francês, esteve na viagem de MüLLER, Fritz
1831 a 1833 por alguns dias em Johann Friedrich Theodor Mül-
Santa Catarina, onde colheu plan- ler, apelidado Fritz Müller, viveu
tas . em Blumenau e Florianópolis du-
Anthurium g a u d i c haudianum rante 45 anos, onde estudou a flo-
Kunth, Araceae, colhido na Ilha ra e a fauna autóctones .
de Santa Catarina. Ananas fritzmuelleri Camargo,
Tradescantia crassula Link et Bromeliaceae, colhido em S. Cata-
Otto varo gaudichaudii Hort., Com- rina .
meUnaceae, colhida na Ilha de Abutilon mülleri-frederici Gürcke
Santa Catarina . & K. Schum., Malvaceae, colhido
UtJLSE, Heriberto em Blumenau.
Atual Governador de Santa Ca- Guarea mülleri D . DC ., Melia-
tarina . Patrocinador de vários es- ceae, colhida às margens do Rio
tudos botânicos em nosso Estado . Itapocu . Não posso afirmar com
Dyckia huelsei Reitz, Bromelia- certeza que seja dedicada a Fritz
ceae, colhida em Ibirama . Müller, ou a outro Müller.
KLEIN, Roberto Miguel Maytenus mülleri Schwacke, Ce-
Conservador do Herbário "Bar- lastraceae, colhido em Blumenau .
bosa Rodrigues" em Itajaí e ecó- Microstylis muelleri Schlechter,
logo . Orchidaceae, colhida em Blume-
Aechmea kIeinii Reit~, Brome- nau .
liaceae, colhida na Serra da Boa Podostemon mülleri Warming,
Vista, S . José. Podostemonaceae, colhido em Blu-
Buchenavia kleinii Exell, Com- menau .
bretaceae, colhida em Brusque . Relbunium mülleri K . Schum .,
Croton kIeinii Smith & Downs, Rubiaceae, colhido em Campo Ale-
Euphorbiaceae, colhido em Bocai- gre . Também não posso afirmar
na do Sul, Lajes . com certeza que é dedicada a Fritz
Fagara kIeinii Cowan, Rutaceae, Müller ou a algum outro Müller .
colhida em Joaçaba . Vriesia mülleri Mez, Bromelia-
Psychotria kIeinii Smith & Down s, ceae, colhida em Blumenau .
Rubiaceae, colhida no Morro da NIEDERLEIN, G.
Fazenda, Itajaí. Botânico a rgentino que penetrou
KUHLMANN, João Geraldo nos campos banhados pelos Rios
Nascido em Blumenau em 1883. Chopin e Chapecó .
faleceu no Rio de Janeiro em 1958 ~ucothoe niederleinii Sleumer,
onde foi diretor do Jardim Botâ- Enoccaulaceae, colhida nos cam-
nico do Rio de Janeiro . Embora pos de Chapecó .
não me conste nenhuma planta PABST
catarinense com seu nome é justo Colecionou muito no início do
notar aqui que êle foi homenagea- s~culo em Santa Catarina o que
do dezenas de vêzes em gêneros e somente pude ver pelas anotações
espécies botânicas . Descobriu 2 fa- j unto às plantas . Nem sequer co-
mílias novas, 15 novos gêneros e nheço-lhe o prenome .
centenas de novas espécies para a Microstylis pasbtü Schlechter
ciência.. Orchidaceae, colhida no Estado d~
LACERDA, Jorge Santa Catarina .
Governador do Estado de Santa Piper pabstii C . DC. , Piperaceae,
Catarina . Nasceu no Paraná onde colhido no Estado de S. Catarina .
também foi falecer tràgicamente RAMBO, Padre Balduino
num desastre aviatório, em 1958 . Botânico gaucho, dirige as ativi-
Durante seu govêrno patrocinou dades do Herbário Anchieta e do
estudos botânicos em Santa Cata- Museu Riograndense de Ciências
rina . Naturais .
Anthurium lacerdae Reitz, Ara- Julocroton ramboi Smith & Downs
ceae, colhido em Rio Canoas, Luís Euphorbiaceae, colhida em Itapi~
Alves. ranga .
LORENZ, Fritz REITZ, Padre Afonso
Colheu plantas em Blumenau . Vigário de Luís Alves e Sócio
Pseudoeurystyles lorenzii (Congn.) fundador e benemérito do Herbá-

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rio "Barbosa Rodrigues" cultiva be- colhida no Campo dos Padres, Bom
las plantas ornamentais, princi- Retiro .
palmente Bromeliaceae, Cactaceae Raulinoa echinata Cowan, Ruta-
e Orchidaceae. ceae, colhida em Subida, Indaial .
Billbergia alfpnso-johannis Reitz, Rechsteineria reitzii Hoehne,
Bl'omeliaceae, colhida na Serra do Gesneriaceae, colhida ao lado da
Mirador, Taió. Estrada Dona Francisca, Joinvile .
REITZ, Cônego João Reitzia smithii Swallen, Grami-
Vigário de Sombrio, sócio funda- neae, colhida em Azambuja, Brus-
dor e benfeitor do Herbário "Bar- que .
bosa Rodrigues". Sematophyllum reitzii Bartram,
Billbergia alfonsi-johannis Reitz, Sematophyllaceae (Musci) , colhida
Bromeliaceae, colhida na Serra do em S . Catarina .
Mirador, Taió . Senecio reitzianus Cabrera, Com-
REITZ, Padre Raulino positae, colhido na Ilha de Santa
Catarinense, fundador e diretor Catarina .
do Herbário "Barbosa Rodrigues", Siphoneugenia reitzii Legrand,
Chefe de Pesquisas do Conselho Myrtaceae, colhida no Taimbêzi-
Nacional de Pesquisas, Diretor do nho, Praia Grande .
Museu Arquidiocesano Joca Bran- Stellis reitzii Garay, Orchidaceae,
dão e Professor de Ciências Natu- colhida no Campo de Maciambu,
rais no Seminário Metropolitano Palhoça .
de Azambuja, Brusque. Verbena reitzii Moldenke, Ver-
Adesmia reitziana Burkart, Le- benaceae, colhida no Campo dos
guminosa, colhida no Morro da I- Padres, Bom Retiro .
greja, São Joaquim . RENAUX, Consul Carlos
Asplundia polymera subsp. rei- Fundador das Indústrias Renaux
tzü Har!., Cyclanthaceae, colhida sediadas especialmente em Brus-
em Rio Canoas, Luís Alves. que. Com seu exemplo difundiu
Begonia raulinü Brade, Begonia- em Brusque o amor p ela natureza
ceae, colhida em Meleiro . vegetal.
Begonia reitzii Brade, Begonia- Philodendron renauxii Reitz, A-
ceae, colhida em S . Catarina . raceae, colhido em Pilões, Palhoça . .
Bertolonia raulinoi Brade, Melas - ROHR, Padre João Alfredo
tomataceae, colhida no Morro do Professor no Colégio Catarinen-
Baú, Ilhota. se, em Florianópolis, colecionou
Callamagrostis reitzii Swallen, muitas plantas na Ilha de S. Ca-
Gramineae, colhida no Campo dos tarina .
Padres, Bom Retiro. Catasetum rohrii Pabst, Orchi-
Campomanesia reitziana Le- daceae, colhido em Sertão da La-
grand, Myrtaceae, colhida em A- goa, Ilha de S. Catarina .
zambuja, Brusque. Octomeria rohTii Pabst, Orchi-
Coccocypselum reitzii Smith & daceae, colhida em Sertão da La-
Downs, Rubiaceae. colhida em Fa- goa, Ilha de S . Catarina.
chinal, Bom Jardim, S. Joaquim . SCHENCK, Johann Heinrich
Croton reitzii Smith & Downs, RudoIf
Euphorbiaceae, colhido em Canoi- Botânico alemão, colecionou por
nhas. 3 mêses em S. Catarina, no ano de
Dyckia reitzii L . B . Smith, Bro- 1886 .
meliaceae, colhida no Campo dos Begonia schenkii Irmscher, Be-
Padres, Bom Retiro . goniaceae, colhida em Santo Antô-
Justicia reitzü Leonard, Acan- nio, Ilha de Santa Catarina .
thaceae, colhida em Abelardo Luz. Cajophora scabra Urb . var.
Octomeria reitzii Pabst, Orchi- schenckiana Urb. , Loasaceae, co-
daceae, colhida no Estado de S . lhida em Joinvile .
Catarina . Justicia schenckiana Lindau, A-
Ornithocephalus reitzii Pabst, r.anthaceae, colhida em Joinvile.
Orchidaceae, colhida em S. João Leandra schenckii Cognaux, Me-
do Sul. lastomataceae, colhida em Blume-
Piptocarpha reitziana Cabrera, nau .
Compositae, colhida em Ibirama . Panicum schenckii Hack ., Gra-
Poa reitzii Swallen, Gramineae, mineae, colhido em Blumenau .

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Podostemon schenckü Warming, noU perto de 6.000 plantas catari-
Podostemonaceae, colhido em Blu- nenses.
menau. Arundinaria ulei Hack., Grami-
SCHIMPER, W. neae, colhida no Rio das Contas,
Professor Schimper colecionou Bom Jardim , S . Joaquim .
em companhia de Fritz Müller e Begonia ulei C. DC ., Begonia-
W. Schwacke . ceae, colhida em Blumenau.
Billbergia schimperiana Witt- Bertolonia ulei Cogn., Melasto-
mack, Bromeliaceae, colhida em mataceae, colhida em Glória, San-
São Bento do Sul. ta Catarina .
SCHLICKlVIANN, Padre Vito Brachystele ulei (Cogn.) Schlech-
Reitor do Seminá rio de Antônio ter, colhida perto do Rio Capiva-
Carlos, em Biguaçu, é amigo da ras, Bom Jardim, São Joaquim.
n atureza vegetal. Descobriu a Cuphea urbaniana var. uleana
Rechsteineria schlickmannii Hoe- Koehne, Lythraceae, colhida perto
hne, Gesneriaceae, colhida em S . do Rio Capivaras, Bom Jardim, S .
Ludgero, Braço do Norte, sua ter- Joaquim .
ra natal. Gaultheria ulei Sleumer, Erica-
SCHWACKE, Carl August ceaf' , colhida na Serra do Orató-
Willhelm r io, Lauro Müller .
Botânico alemão (1848-1904 ), e- Habenaria ulaei Cogn. , Orchida-
migrou para o Brasil . Colecionou ceae, colhia perto do Rio Capiva-
e estudou plantas em S . Catarina, las, Bom Jardim .
especialmente em Joinvile, S. Ben- Leandra ulaei Cogn. , Melasto-
to, Blumenau, etc . mataceae, colhida em Blumenau .
Neea schwackeana Heimerl, Nyc- Paspalum ulei Hack. , Gramineae,
taginaceae , colhida em Velha, Blu- colhido junto ao Rio Capivaras,
menau. Bom Jardim, S . Joaquim .
Oxalis schwackei R . Knuth, 0- Philodendron ochrostemon Schott
xalidaceae, colhida às margens do var . uleanum Engl. , Araceae, co-
Rio Itapocu . lhido em Itaj aí.
SMITH, Lyman B. Peperomia ulei C . DC ., Pipera-
Conservador da Divisão dos Fa- ceae, colhida em S . Catarina .
nerógamos no Museu Nacional dos Piper ulei C. DC . , Piparceae.
Estados Unidos da América do colhido em Blumenau.
Norte muito est uda a flora catari- Rechsteineria uleana (Fritsch )
nense. Por duas vêzes já esteve du- Fritsch, Gesneriaceae , colhida no
rante 8 mêses colecionando em to- Mor ro da Bandeira, Ilha de S . Ca-
do o território catarinense . tarina .
Dyschoriste smithii Leonard, A- Scleria uleana Boeck ., Cypera-
ca nthaceae, colhida no Estreito do ceae, colhida em Tubarão .
Rio Uruguai, Concórdia . Siphocampylus betulaefolius G .
Reitzia smithii Swallen, Grami- Don . var o uleanus E . Wim.,Cam-
n eae, colhida em Azambuja, Brus- panulaceae, colhida na Serra do
que. Oratório, Lauro Müller .
Wittrockia smithii Reitz, Brome- Tibouchina ulaei Cogn ., Melasto-
liaceae, colhida no Fachinal, An- m ataceae, colhida em Tubarão .
tônio Carlos, Brusque. Uleiorchis cognauxiana Hoehne,
TWEEDIE, James Or chidaceae, colhida no cimo do
Escocês, mudou-se para a Argen- Morro Garcia, Blumenau .
tina e Brasil. Colecionou plant as D'URVILLE
em S . Ca t a rina, onde faleceu a 1.0 Em 1822 esteve por meio mês na
de abril de 1862 . Ilh a de Santa Ca tarina, junto com
Asterostigma tweedieanum Schot t , a expedição de Duperrey .
Araceae, colhida n a Ilha de San t a Ischaemum urvilleanum Kunth,
Catarina . Gramineae, colhido na. Ilha de
Stelis t weedieanum Lindl ., Or- Sa n ta Ca tarina.
chidaceae, colhida no Estado de Tibouchina Ilrvilleana Cogn. Me-
Santa Catarina . lastoma taceae, colhida na Ilha de
ULE, Enrst Heinrich Santa Catarina .
Botânico alemão foi professor VELOSO, Henrique Pimenta
em S . Catarina durante 8 a nos Ecólogo, dirigiu por 3 anos os le-
(1883-1890 ) tempo em que colecio- va ntamentos ecológicos em Brus-
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que para a solução do problema Leandra catharinensis Cogn .
Bromelia-malária. Melastomataceae, colhida na Serra
Aechmea pimenti-velosoi Reitz, Geral, S. Joaquim.
Bromeliaceae, colhido em Barra do Justicia catharinensis Lindau,
Trombudo, Rio do Sul. Acanthaceae, colhida em Blume-
nau.
11. Ocotea catharinensis Mez, Lau-
LOCALIDADES CATARINENSES raceae, colhida em Blumenau.
BIGUAÇU Peperomia catharinae Miq., Pi-
Begonia biguassuaensis Brade, peraceae, colhida em S. Catarina .
Begoniaceae, colhida no Fachinal, Peperomia catharinensis Dahlst.,
Biguaçu. Piperaceae, colhida em Blumenau.
Vriesia biguassuensis Reitz, Bro- Peperomia caulibarbis Miq. vaI'.
meliaceae, colhida no Fachinal, catharinensis C . DC. , Piperaceae,
Biguaçu. colhida em S. Francisco do Sul.
BLUMENAU Pleurothallis catharinensis Cogn.,
Aechmea blumenauensis Reitz, Orchidaceae, colhida na Ilha de S.
Bromeliaceae, colhida no Morro Catarina.
Spitzkopf, Blumenau . Portulacca catharinae von Poell-
Begonia blumenauensis Irmscher, nitz, Portulaccaceae, colhida em
Begoniaceae, colhida em Blume- S. Catarina.
nau . Promenaea catharinensis Schlech-
Peperomia blumenauensis C. DC., ter, Orchidaceae, colhida na Barra
Piperaceae, colhida em Blumenau . do Rio Itajaí.
Schenckia blumenauensis K. Scleria catharinensis Boeck., Cy-
Schum. , Rubiaceae, colhida em peraceae, colhida junto ao Rio Ca-
Blumenau . pivaras, Bom Jardim, S. Joaquim.
BRUSQUE Senecio catharinensis Dusen ex
Vriesia brusquensis Reitz, Bro- Cabrera, Compositae, colhido em
meliaceae, colhida em Azambuja, Nova Teutônia, Seara.
Brusque . Stelis catharinensis Lindr., Or-
SANTA CATARINA (ESTADO) chidac eae, colhida no Estado de S.
Amaryl1is santacatarina Traub, Catarina.
Amaryllidaceae, colhida em Ta- Tournefortia catharinensis Vau-
quara Verde, Caça dor. pel, Boraginaceae, colhida em Ve-
Anisomeris catharinae Smith & lha, Blumenau.
Downs, Rubiaceae, colhida em Ita- Verbena catharinae Moldenke,
jaí. Verbenaceae, Taimbezinho, Praia
Apodanthera catharinensis Cro- Grande.
vetto, Cucurbitaceae, colhida na CAMPO DOS PADRES
Ilha do Francês, junto da Ilha de Croton patrum Smith & Downs,
S . Catarina. Euphorbiaceae, colhida no Campo
Begonia catharinensis Brade, Be- dos Padres, Bom Retiro.
goniaceae, colhida na Serra da Pe- IBIRAMA
dra, Jacinto Machado . Begonia hammoniae Irmscher,
Blumenbachia catharinensis Ur- Begoniaceae, colhida em Hammô-
ban et Gilg, Loasaceae, colhida na nia que hoje se chama Ibirama.
Serra do Oratório, Bom Jardim, ITAJAí
São Joaquim . Begonia itajaiensis Brade, Bego-
Cleistes catharinensis (Cogn .) niaceae, colhida no Braço Sera-
Hoehne, Orchidaceae, colhida no fim , Luís Alves.
Estado de S. Catarina . LAGUNA
Dioscorea catharinensis R. Knut, Miconia lagunensis Ule, Melasto-
Dioscoreaceae, colhida no Estado mataceae, colhida em Laguna.
de S . Catarina . PILõES
Erigeron catharinensis Cabrera, Anthurium pilonense Reitz, Ara-
Compositae, colhido no Campo dos ceae, colhida em Pilões, Palhoça.
Padres, Bom Retiro . SERRA GERAL
Eugenia catharinensis Legrand , Oxalis geralensis R. Knuth, 0-
Myrtaceae, colhida em Azambuja , xalidaceae, colhida na Serra Ge-
Brusque. ral, Rio Capivaras, Bom Jardim,
Guarea pseudostipularis C . DC., S . Joaquim.
var . sanctae-catharinae C . DC. , TUBARÃO
Meliaceae, colhida às margens do OxaJis tubaraensis R. Knuth, 0-
Rio Itapocu . xalidaceae, colhida em Tubarão .
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FIGURAS DO PASSADO

AUGUSTO ÀsZITTLOW
páginas 128 e seguintes dêste
tomo, publicamos um relatório das
observações feitas por Augusto Zitt-
low no pôsto Duque de Caxias, dos
índios do Rio Plate. Conforme dis-
semos então, Zittlow foi um cidadão
prestimoso, com valiosos serviços
prestados a Blumenau e ao Brasil,
n0 desempenho das várias comis-
sões de que foi incumbido. Era na-
tural de Lippstadt, na Vestfália, A-
lemanha, onde nasceu a 25 de abril
de 1855. Feito os seus estudos em
Bielefeld, com 17 anos de idade emi-
grou para o Brasil, empregando-se,
em 1873, como ajudante de agri-
mensor na Serra do Oratório, em
Laguna, Tubarão, Rio do Braço, etc. ,
neste Estado. Nomeado, em 1874,
Inspetor de Linhas telegráficas, de
2. a classe, a sua atividade foi extra-
ordinária, não apenas nêsse setor
como ainda no de agrimensor em
Curitiba, Morretes, Ponta Grossa,
tendo, em 1883, inaugurado a estação telegráfica desta última cidade
paranaense. Merecedor da confiança do chefe Barão de Capanema, foi ,
por êste, distinguido com várias referências elogiosas, tendo recebido,
como presente dêle, um valioso cronômetro. Em 1883 foi encarregado
de procurar e socorrer a turma chefiada pelo engenheiro Odebrecht,
nos sertões paranaenses e de que, há vários meses, não se tinha notícia.
Encontrou-a próximc ao salto Santa Maria, nas imediações da embo-
cadura do rio Chopin, em precárias condições, sem comestíveis. Regres-
saram todos por Laranjeira, Guarapuava, para Curitiba . Em 1885, já
promovido à l. a classe, casou-se com Ana Repsold , parente da espôsa
do dr. Blumenau, no Rio de Janeiro . Prestou, depois, serviços no Espí-
rito Santo, no Rio de Janeiro, no Rio Grande do Sul, em várias vias
férreas. Em 1893 trabalhava na execução do contrato da construção da
línha telegráfica de Blumenau para Lajes, quando, em virtude da re-
volução, foi demitido e, pouco depois, reintegrado no pôsto. Até a data
de sua aposentadoria, em 1917, exerceu outras comissões, neste e em
vários Estados. Foi um animador entusiasta da vida social e cultural
de Blumenau, sendo, de 1915 a 1935 presidente da Sociedade Teatral
"Frohsinn" ; de 1921 a 1925 dirigiu a "Schuetzen-Verein". De ambas
as sociedades continuou, até sua morte, como presidente de honra. De
1926 a 1928 foi presidente da Junta de Alistamento Militar. Faleceu ·
em Blumenau, a 7 de março de 1945, quase nonagenário . Sua espôsa
falecera três anos antes. Deixou duas filhas: Erica Altenburg, residente
em Blumenau e Gertrudes Siegel, na Alemanha.
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RELATÓRIOS DO DR. BLUMENAU


1858
(CONCLUSAO)
Quem conhece êstes negoclOs e Outro r equisito é que essa tarefa.
sabe a que avultadas quantias che- seja confiada a uma casa respeitá-
gam as perdas, quando um barco vel e capaz; que ela fique obrigada,
é fretado e logo não tiver carga por um contrato oneroso, e formal,
completa, sabe, também, que ne- e ofereça as necessárias garantias,
nhum agente de colonos, ou casa não só para cumprimento dêle, mas
comercial, se compromete a enga- ainda para a solícita escolha e da
jar e a mandar certo e determina- boa qualidade do colono, não con-
do número de colonos, em épocas vindo a esta colônia, nem ao Bra-
determinadas, se não receber uma sil, em geral, as fézes dos povos eu-
comissão exorbitante, que não só ropeus, como a dos últimos tempos,
garanta bom lucro, como previna que nos foram mandadas em gran-
contra qualquer perda, ou tiver à de proporção.
sua disposição, além de uma co- As despesas que se teem de fa-
missão, mais ou menos alta ou ra- zer, para satisfazer a êsses requisi-
zoável, fundos bastantes para a- tos, só se referem à Europa e ao
diantar a passagem a emigrados enganj amento e transporte dos co-
pobres e, assim, completar a car- lonos .
ga dos navios, caso não haja bas- Mas há ainda outras, de maior,
tante emigrados espontâneos e a- ou, pelo menos, de não menor mon-
bastados. ta, no lugar da colônia, no Brasil.
É, também, conhecido que a re- Abstraindo das obras públicas
gularidade nas épocas e a pontua- de maior custo e importância, co-
lidade da partida das expedições mo são, para esta colônia, a estra-
de emigrados, é um dos adjutórios da para a Barra, com as suas pon-
mais essenciais e até indispensá- tes e estivas; um templo decente
veis para promover a emigração para os prot estantes, desde já; uma
espontânea, porquanto os emigra- igreja para os católicos, se o seu
dos, uma vez prontos, para a via- número, como é de se esperar, au-
gem, são fàcilmente desviados pa- mentar na colônia; uma casa de
ra outros lugares, por agentes da morada para o padre católico; ca-
concorr€ncia, se não acharem pron- sas para escolas e uma dita para
ta saída para o país a que origi- cadeia, cujas obras se fazem, é
nàriamente se destinaram. Enfim, verdade, de uma só vez, mas .
o preço atual da passagem é mui- querem contínua conservação, e-
to alto para que, com bom suces- xistem, ainda, as despesas com a
so, se possa vencer a concorrên- recepção dos colonos, na barra do
cia dos Estados Unidos. rio; com o seu transporte à colônia
O primeiro requi'iito para conse- e seu abrigo provisório; com os
guir uma emigraçúo constante e adiantamentos, que se lhes deve
proporcional à respectiva colônia, fazer , para poderem cuidar dos
consiste, pois, no despacho de na- seus primeiros roçados e planta-
vios em épocas certas e determi- ções e estabelecer, nas suas terras,
nadas para a mesma e na exis- as indispensáveis casinhas de mo-
tência dos fundos necessários para rada; com o estudo e exploração,
se poder rebaixar o preço da pas- abertura e conserva cão de estradas
sagem, ao nível do que se paga pa- e pontes, necessárias no recinto da
ra os Estados Unidos, e completar própria colônia, verba essa das
a carga dos navios, fretados por mais importantes e dispendiosas,
emigrantes subsidiados, caso não p8la multidão de pequenos e gran-
haja número suficiente de abasta- des ribeirões, que existem e das
dos, devendo-se ainda acrescer, a pontes, que se tornam indispensá-
estas despesas, a comissão do a- veis; com os adiantamentos a fazer
gente, ou da casa comercial, en- aos colonos mais ativos, morigera-
carregada da expedição dos colo- dos e algum tanto adiantados nns
nos. seus trabalhos de lavoura, para po-

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derem estabelecer engenhos, etc. imperial, do meu contrato de 17
e comprar uma vaca e porcos, ou, de abril de 1855, que já não posso
em outras palavras, com adianta- cumprir, não pode ser normalmen-
mentos em favor do progressso da te paga. Não posso, com os meios
lavoura e produção, a fim de que ordinários, proporcionar à colônia
progridam, em proporção à imigra- os meios indispensáveis para conti-
ção, servindo, além disso, para a- nuar o seu alargamento e a intro-
nimar os colonos em geral, evitar dução de colonos e estou na imi-
o seu desânimo e premiar os mais nência de perder inteiramente o
trabalhadores; com, finalmente, a fruto do árduo trabalho de treze
administração, despesas de escritó- anos de sacrifícios feitos em bene-
rio, viagens indispensáveis, etc. fício da colonização brasileiro-
Para obter um sucesso completo germânica.
e, a todos os respeitos, satisfatório, E como essa minha dívida se tor-
deve-se providenciar, simultânea- na sempre e cada vez mais pesada
mente, todos êsses requisitos e des- e não me restando probabilidade
pesas. alguma de poder resgatá-la, ve-
Segundo um cálculo, bastante nho insistindo, desde o ano de
exato e baseado em experiências 1856, para que o govêrno imperial
feitas, nesta e em outras colônias venha em ajuda da minha emprê-
do império, as despesas a fazer-se sa, concedendo-lhe mais alguns fa-
com os negócios gerais de uma co- vores complementares e análogos
lônia e do estabelecimento dos emi- àqueles com que outras emprêsas
grados, montam no Brasil, 110$000 foram subvencionadas e, assim, me
a 140$000, por pessoa, variando al- ponha no caso de, com elas, poder
guma cousa, segundo a localidade competir e continuar na minha
dada, podendo-se contar, num fu- emprêsa e tarefa.
turo mais ou menos remoto, com Com efeito, o govêrno imperial
uma recuperação de 35$000 a dignou-se favorecer-me com um
55$000. novo subsídio, mas como devo re-
Para concorrer às despesas enu- embolsá-lo, aumentou considerà-
meradas, que tenho que fazer, tan- velmente a minha dívida, já mui-
to na Europa como no Brasil, estou to alta, e com um dom gratuito,
reduzido: que recebi com vivo reconhecimen-
1.0) ao rendimento líquido da to, mas que nas atuais circunstân-
venda das terras e êste importou, cias, não trouxe senão um alívio li-
em 7 anos, apenas em 8 contos; geiro e incapaz de sustentar e,
2.°) ao reembôlso dos adianta- muito menos, de ampliar a emprê-
mentos, anteriormente feitos aos sa.
colonos - e êste se efetua com ex- Em virtude de tudo isso, ví-me
trema lentidão e em escala dimi- constrangido a apertar sempre
nutíssima, além das muitas perdas, mais, desde o princípio do ano de
que nele se dão. A sua cobrança 1857, o círculo das minhas opera-
não pode ser apressada sem o gra- ções e as restringir ao mínimo pos-
víssimo inconveniente de apertar sí.vel, a fim da que esta emprêsa
o~ colonos, torná-los descontentes não desapareça inteiramente do
e arruinar e afugentar muitos dê- campo da concorrência na Alema-
les, e, enfim nha.
3.°) ao prêmio que o govêrno im- A consequência lógica foi a di-
perial me paga e êste é, apenas, de minuição da imigração nesta colô-
20 e 30 mil réis por pessoa, ao passo nia.
que a despesa geral, que com ela Restava, ainda, consolidar os ali-
se faz, desde o ano de 1856 em cerces da colônia, pô-la definitiva-
diante, vai além do triplo e do qua- mente ao abrigo de catástrofes e
druplo. promover a sua prosperidade in-
Ora, é óbvio que a maior parci- terna.
mônia e abnegação, a melhor ad- Favorecido pelas circunstâncias
ministração e cuidado no emprêgo propícias da localidade escolhida e,
dos fundos disponíveis, não po- à fôrna de extrema economia, de
diam, nem poderão vencer tão sacrüícios de tôda a casta e pri-
enorme desproporção. vações pessoais, fui bastante feliz
Reconhecendo isso e vendo que a em conseguir também êste fim: a
minha dívida para com o govêrno colônia e sua população se acham
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em próspera situação e já não exis- exageradas, de cujo cumprimento
te o perigo de catástrofés irrrepa- pouco se importavam, desbarata-
ráveis e o crédito na colônia não só ram os fundos dos seus comiten-
não foi abalado, como tornou-se tes, como se fôssem inexauríveis.
até mais forte. Em vez de procurarem enganjar
Se o govêrno imperial julgar por colonos escolhidos e aproveitáveis,
bem desampará-la e tirar dela a o que não seria difícil com enormes
sua poderosa mão, ela ficará estag- quantias na mão, das quais dispu-
nada, é verdade, mas não aniquila- zeram e gastaram com o recruta-
da, não perdendo nenhum dos seus mento de elementos na ínfima ple-
habitantes o fruto do seu trabalho, be proletária e mesmo entre os
a não ser o empreendedor, não fi- verdadeiros criminosos, mandando
cando ninguém desamparado e in- uma chusma de gente, em grande
feliz, senão êste . parte mais apta a povoar de salte-
Se lançar, porém, sôbre a colônia, adores as estradas, de freguêses as
vistas benignas, e querer alargar o tavernas, os asilos de mendigos e
seu círculo, achará prontas e pre- as casas de correção do que mesmo
sentes tôdas as condicões e o fun- para cultivar a terra e para servi-
damento do mais vántajoso em- rem de cidadãos aproveitáveis.
prêgo dos seus fundos, em proveito A imediata consequência de tão
do país inteiro; pode ficar seguro inqualificável proceder foi que os
de feliz sucesso e salvará o futuro govêrnos e a opinião pública se al-
de um importante estabelecimento voroçaram; que os emigrados ho-
que, a muitos respeitos, merece as nestos e aproveitáveis se afastaram
suas simpatias e já foi bastante fe- e as casas expedidoras de emigra-
liz em grangear atenção e benque- dos, respeitáveis e conscienciosas,
rência daquém e dalém Atlântico . desiludiram-se do negócio e o a-
A importância das razões acima bandonaram, por não poderem con-
reunidas sob n .O 4, constrange-me correr com os angaria dores e, por
a dedicar-lhes ainda algumas pa- sua honra e reputação, não que-
lavras. rem fazer causa comum com êles.
A atitude dos govêrnos e da opi- Continue-se ainda um ano nessa
nião pública a respeito da nova fa- senda e a boa emigração para o
se em que , no último ano, entrou Brasil se tornará um mito, apenas.
a imigração e colonização no Bra- Entretanto, teria sido um grande
sil, tornou-se tão ameaçadora, que benefício diminuir o preço da pas-
merece a mais séria atencão dos sagem ao nível do que se paga pa-
poderes do Estado, para . afastar, ra os Estados Unidos; em vez dis-
em tempo, um golpe mortal nos so, meteram-se a adiantar a torto
interêsses vitais do país. e a direito a passagem inteira, ca-
A circunstância de que, na últi- ra mesmo, a quem se quiz alistar,
ma legislatura, não passasse uma sem discriminação, nem prudên-
boa lei sôbre o casamento misto e cia.
civil, causou a mais desfavorável Ainda bem se tal medida fôsse
impressão e acabou, infelizmente, geral, emanada, diretamente, do
com muitas simpatias que começa- govêrno imperial e confiada a sua
vam a brotar. execução a mãos hábeis, honradas
Não menos - e talvez ainda e rigorosamente fiscalizadas, a
mais - perniciosa foi a influên- homens bem reputados e conheci-
cia exercida com o proceder irre- dos e nela participasse o país in-
fletido e inconsciente de muitos teiro e tôdas as emprêsas de colo-
agentes de imigração que traba- nização que se achassem em bom
lhavam para diversas companhias, andamento e progresso e fôssem
ou províncias, e se disputavam procuradas pelos colonos. Mas, co-
mutuamente, os emigrados. mo tal benefício ficou restrito a
Em vez de principiarem a criar, mui poucas emprêsas, que gozam de
para si e para as emprêsas, até maiores favores do govêrno impe-
então desconhecidas, ou pouco co- rial e dispo em de grandes fundos
nhecidas, que repres?ntavam , boa e, da maneira como a medida foi
e sólida reputação, por um proce- executada, o seu efeito é o mais
der honesto e circunspecto, pro- pernicioso e, emvés de encorajar a
curaram angariar os emigrados por emigração espontânea para o Bra-
meio de engôdos e de promessas sil e de promover a sua colonização,
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há de aniquilá-la. Enormes quan- dermos competir com os demais a-
tias, que assim se gastaram, foram, gentes de emigração para êsse país,
em grande parte, desperdiçadas, deverá abandonar tôda a esperan-
não só sem proveito algum para o ça de bom sucesso e evacuar o
país, mas ainda em manifesto de- campo; o negócio se torna ruinoso
trimente e pesar seu. As emprêsas nas atuais condições e não podere-
de colonização, de menor monta e mos continuar nêle, enquanto es-
menos dotadas, não podendo acom- tas não forem mudadas.
panhar as companhias poderosas Se, porém, V. S . puder acompa-
na senda encetada, hão de sucum- nhar as demais emprêsas no Bra-
bir, uma após outra, e desaparecer sil, na proporção conveniente e
de cena e a pequena, mas sempre, moderada, e conceder aos emigra-
aproveitável, emigração espontâ- dos subsídios análogos aos que a-
nea que atraíriam e que, nos anos quelas dão, teremos grande gôsto
anteriores era comum, há de ficar em continuar a servir a V.S . e en-
reduzida a menos de zero . contraremos colonos escolhidos de
Os meus agentes em Hamburgo, sobra, porquanto a sua colônia go-
casa bem respeitável e bem repu- za da melhor reputação".
tada na Alemanha, escreveram-me Termino esta exposição, implo-
ultimamente a êste respeito: rando, repetidamente, ao govêrno
"Diversas companhias do Brasil, imperial, que lance benévolas vis-
da província do Rio Grande, prin- tas sôbre mim e a minha emprêsa,
cipalmente, aumentaram, nêste rEscindindo o meu contrato de 17
ano, o subsídio e adiantamentos de de abril de 1855, que já não posso
maneira ial que nos foi, e é impos- cumprir.
sível acompanhá-las nêsse cami- Colônia Blumenau, 31 de dezem-
nho. Se V. S . não puder obter do bro de 1858 .
govêrno imperial, e nô-Ios forne-

---*---
cer, os necessários fundos, para po- Dl'. Hermann Blumenau.

o QUE DIZEM DE NóS

Do deputado Pedro Zimmermann, que na assembléia legislativa


de Santa Catarina se vem destacando, pelo seu bom senso e pela sua
inteligência, recebemos a seguinte carta: "Meu caro e ilustre amigo
Ferreira da Silva: Venho recebendo, regularmente, "Blumenau em Ca-
dernos", que circula, já em seu sexto número do 11.° tomo, sob res-
ponsabilidade do eminente amigo . Em apreciando o conteúdo histó-
rico e literário da publicação que tanto honra Blumenau, lembro-me
sempre da sua marcante personalidade, de historiador de mérito irre-
torquível, dando-se a um trabalho árduc, de que não só aproveitam
aquêles que realmente querem bem à nossa Terra, mas que também
serve para aquêles que ignoram os fatos e acontecimentos sôbre os
quais se estrutura a dignificante e exemplar história de Blumenau.
Receba os meus calorosos cumprimentos pelo seu trabalho e os agra-
decimentos dêste blumenauense de coração que o saúda, protestando-
-lhe fundo aprêço e a maior consideração." Somos muito gratos ao
deputado Pedro Zimmermann, pelas suas honrosas palavras que muito
nos lisonjeiam e nos estimulam.
--*--
A cidade de Blumenau foi a primeira do Estado a ter iluminação
elétrica. Êsse serviço foi inaugurado em 19 de fevereiro de 1908,
pelo industrial Frederico Busch, que também instalou ali o primeiro
cinema.
- 150-

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OS ADMINISTRADORES DE BLUMENAU

1.0 - JOSÉ HENRIQUES FLôRES FILHO


(1883 a 1887)
Criado pela lei n.o 860, de 4 de fe-
vereiro de 1880, o município de Blu- "_"_
menau só pôde ser instalado três
anos depois . Uma grande enchente
cio Itajaí, verificada em setembro
daquele ano, causou enormes pre-
juízos, impossibilitando a imediata
emancipação.
A 1. o de julho, realizaram-se as
eleições para vereadores. Mas, co-
mo apenas quatro vereadores tives-
sem sido eleitos, realizou-se novo
pleito, à 30 dêsse mês de julho de
1882, pa ra a escolha dos outros três.
Foram eleitos : Luís Sachtleben, oto
Stutzer, Jacob Zimmermann, Fran-
cisco Sálvio de Medeiros, José Joa-
quim Gomes, Henrique Watson e
José Henriques Flôres. Êste último
foi, por seus pares, eleito presidente
da Câmara. Fez uma administra-
ção sensata, durante a qual foi de-
cretado o primeiro código de postu-
ras do município (1883) e muitos
melhoramentos foram introduzidos
na vida social e econômica de Blumenau. Flôres Filho era natural da
cidade de Itajaí, filho do Tenente coronel José Henriques Flôres e de
sua espôsa Maria Clara da Silveira Flôres. Era casado com Dona Ma-
fia Luísa da Silveira, não tendo descendência . Ao deixar a presidência
da Câmara, em 1887, foi nomeado coletor das Rendas Provinciais, cargo
de que tomou posse a 15 de junho de 1888. Morava na estrada para
o Garcia, atual rua Amazonas . Faleceu no dia 18 de março de 1891,
vítima de um desastre, quando se dirigia, de aranha, da repartição para
sua residência. Deixou t estamento . Durante o seu govêrno foi criado
o distrito de lndaial - 4 de setembro de 1886 - ; foi instalada, no
município, a Comissão de Terras e Colonização; o Conde d'Eu, marido
da princesa imperial Dona Isabel, visitou a vila, sendo recebido com
grandes festividades ; foi inaugurada a linha telefônica entre Itajaí e
Blumenau; o fundador da colônia, dr. Hermann Blumenau, regressou
definitivamente para a Europa (15 de agôsto de 1884) ; foi criada a
Comarca de Blumenau, pela lei provincial n.o 109, de 20 de agôsto de
1886. Flôres foi reeleito vereador para a segunda Câmara, tendo sido
substituído na presidência por Guilherme Scheeffer.
- 151

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E&CIl~V 1::

C~RiST. DEEKE

Christiana Deeke BARRETO


ABRIL DE 1959 vado o têrmo do contrato entre o
1.° - Uma greve de motoristas govêrno do Estado e o engenheiro
do transporte de madeira, inicia- Hans Broos, para a elaboração dos
da nesta data, para obter novo au- estudos e ante-projeto do prédio
mento nas tarifas, não consegue o destinado à construção do palácio
apôio moral da população, termi- da Justiça, nesta cidade. Coincide
nando, sem nenhum êxito, o movi- o ato com a apresentação, pelo de-
mento. putado Pedro Zimmermann, de um
Problema mais sério para o Va- apêlo ao govêrno do Estado para
le do Itajaí - e todo o Estado - que seja apressado o início dessas
constituiu uma greve promovida obras.
pelos lavradores de mandioca, que "A Nação" publica a despedida
exigem o aumento do preço de Cr$ do dr. Hellmuth Braunert, cônsul
1.100,00 para 1.500,00 por tonela- geral da Alemanha para os Esta-
da. Não concordando com a exi- dos do Paraná e Santa Catarina,
gência, os dirigentes da "Indústria ao transmitir o cargo ao seu subs-
de Fécula Cia. Lorenz" mandaram tituto, sr. Rudolf Rabe .
os seus operários colher raízes de No mesmo jornal aparece a no-
mandioca nas plantações de sua tícia de que o decreto federal, de
propriedade, no que foram impedi- 5 de março dêste ano, caçou os di-
dos pelos grevistas, que invadiram reitos polítiCOS de cidadão brasi-
as plantações armados de foices leiro do jovem blumenauense Ger-
facões, espingardas, porretes, etc.' hard Germer, que se recusou a
Vivendo dez mil famílias do Vale prestar serviço militar, por con-
do Itajaí, ligadas diretamente à vicção religiosa .
cultura da mandioca, o governa- 12 - Pernoita no Hotel Rex,
dor do Estado encaminhou o caso nesta cidade, o prof. Dr . Karve
ao Presidente da República . D . G ., catedrático de Poo-na, Ín-
2 - Sôbre o caso do muro de dia, pertencente à FAG, órgão das
arrimo, à margem do Itajaí, apa- Nações Unidas . A sua visita liga-se
rece na imprensa local a notícia aos seus estudos sôbre a interpre-
de providências acertadas entre o tação da cultura material dos des-
govêrno do Estado e o chefe do cendentes de imigrantes europeus,
D . P . R . C ., para acelerar as forma- que vivem em grupos homogêneos
lidades para o início das obras . no meio rural.
5 - É inaugurada, com a pre- 13 - No 46.0 aniversário de fun-
sença das autoridades e pessoas dação da firma Prosdocimo SI A . ,
gradas, a sede social da Associação a filial de Blumenau promove a
Atlética do Banco do Brasil, ins- execução de um programa de festi-
talada em magnífiCO local do pré- vidades comemorativas, do qual se
dio novo dêsse Banco, à rua 15 de destacam um jantar no Tabajara,
novembro . danças, etc . Ao discurso do repre-
7 - Na sessão do Rotary Clube sentante da firma, sr. Frederico
local, o professor Joaquim de Sales Allende, seguem-se outros oradores
profere belo discurso, subordinado que enaltecem a firma homena-
ao título: "Fraternidade", publica- geada .
do, no domingo seguinte, no jornal 14 - Recebe a nossa cidade a
"A Nação" . visita do Embaixador da Suissa,
8 - A redução no preço das pas- Sire Ma urice, em companhia de
sagens dos transportes aéreos na- sua exma. espôsa, sendo recep-
cionais, como em todo o território cionado com as honras protocola-
nacional, constituiu o assunto do res. Uma companhia de 23. 0 R. I .
dia. presta-lhe as honras do estilo, des-
11 - Pelo decreto n .o 13, assina- filando, em seguida, diante do pa-
do pelo governador do Estado, na lanque armado diante da Prefei-
pasta da Viação e Obras, é apro- tura . No Tabajara Tênis Clube foi-
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1he oferecido, pela colônia suiça, 21 - ' Na pista Rercílio Deeke, à.
um lauto almôço, depois do que o rua Itajaí, é realizada sensacional
ministro e comitiva visitaram vá- competição interestadual de mo-
rios estabelecimentos industriais tociclismo, com quatro provas pro-
da cidade. A noite, o govêmo mu- gramadas e executadas com gran-
nicipal ofereceu, aos visitantes, um de êxito, salientando-se os repre-
jantar no Tabajara. sentantes de Joinvile e Santos.
Ainda nesse dia, de passagem 21 - Ocorre o falecimento do
por esta cidade, acompanhado de benquisto cidadão Platão Guima-
luzida comitiva, o ministro da A- rães, que desaparece aos 87 anos
gricultura, sr. Mário Meneghetti, de idade, legando aos seus nume-
visita o sr. Prefeito municipal, em rosos descendentes uma tradição
seu gabinete. S. Excia . que, pela de honradez e eficiência nos vários
primeira vez, passa por esta re- cargos públicos que exerceu.
gião, declara-se encantado com 22 - Realizou-se o segundo cam-
Blumenau, impressionando-o, prin- peonato de pesca "Pedro Prosdó-
cipalmente, o sistema das pequenas cimo", em Belchior, com a partici-
propriedades agrícolas, instituído pação de 120 pescadores . Cam-
pelo dr. Blumenau e adotado, mais peão: Aurelino Alves.
tarde, por tôdas as emprêsas colo-
niais da nossa zona. 22 - Tem lugar no 23. 0 R. L, com
16 - Verifica-se uma brusca que- várias solenidades, o licenciamento
da de temperatura - 30 .0 no dia e entrega de certificados de reser-
16 para 19. 0 no dia 17 - No dia vistas de 1.& categoria, da 1.& tur-
18 a temperatura entra novamen- ma de praças incorporada no ano
te em elevação, tomando-se está- passado, com a presença do co-
vel, do dia 19 em diante, com um mandante em exercício, Tnte. Co-
calor incomum para esta época do ronel Heitor Silveira de Vasconce-
ano. los . Foi conferida a honorosa me-
18 - Em reunião realizada no dalha "Marechal Hermes" ao cabo
salão nobre do Rex Hotel, é orga- Ivo Klug, da 1.& Cia. que foi o pra-
nizado o Clube Filatélico de Blu- ça que mais se distinguiu entre a
menau, sendo eleita a sua primei- tropa, no ano de 1958 .
ra diretoria, composta de Walter 22 - Na vizinha cidade de Tim-
Berner, como presidente, Alfre- bÓ, falece o grande industrial do
do Campos, secretário, Hermann Vale do Itajaí, snr. Fritz Lorenz,
Wuerz, tesoureiro e diretor de tro- pioneiro da indústria de fécula da
cas e André Zunino, diretor seção mandioca no Brasil, e presidente de
dos juniors. vários estabelecimentos industriais
Completa, neste dia, 25 anos de da região. Desaparece aos 76 anos.
serviços à municipalidade de Blu- Era neto do grande sábio Fritz
menau, o sr. Erico Zwicker, chefe Mueller. Ao seu entêrro compare-
do expediente da Diretoria de Obras ceram figuras representativas das
Públicas . Recebe efusivos cumpri- classes produtoras, autoridades e
mentos de colegas e amigos, aos pessoas de destaque .
quais se associam os órgãos da im- 27 - Realiza-se o sepultamento
prensa. da senhora Martha Anton, viuva
19 - Grandiosa festa popular do farmacéutico Reinholdo Anton,
em benefício da construcão de uma conhecido homem público da vida
nova ala do Hospital Sânta Cata- local de outros tempos. Entre ou-
rina, pertencente à Comuidade tros cargos que ocupara, Reinoldo
Evangélica de Blumenau, e que é Anton, durante uma viagem do
dirigido por um curatório de mem- prefeito Curt Hering à Europa,
bros da comunidade. A festa re- substituiu-o por vários mêses, nas
vestiu-se do máximo brilhantismo, vésperas do 75.0 aniversário da
afluindo enorme multidão ao local fundação de Blumenau. Dona
dos festejos, nas dependências do Martha, nascida nesta cidade, em
Teatro Carlos Gomes, com as cos- 1871, era filha do sr. Júlio Bau-
tumeiras barraquinhas de chur- mgarten, uma das destacadas fi-
rasco, bingo, rifas, roda da fortu- guras das primeiras décadas da
na, etc. e venda de três grandes colonização, que prestou serviços
tômbolas, uma de prêmios varia- em diversos cargos, como no de
dos, outra de 20 geladeiras e a ter- subdelegado de polícia, criado em
ceira de um automóvel . A renda 1859, no de juiz de paz, intérprete
líquida atingiu Cr$ 1.319.932,70. público e escrivão .
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Antigamente ...

A Bacia do Itajaí sempre foi grande produtora de madeira. Desde


os começos do povoamento, as densas matas que cobriam os vales do
grande e do pequeno Itajaí e seus milhares de afluêntes, forneceram
madeira de primeira qualidade para as con.struções navais, de casas e
fabrico de móveis finos . As primeiras crônicas j á se referem a estaleiros,
para construção e consêrtos de embarcações . Aires de Cazal, na sua an-
tiquíssima "Corografia Brasílica" já escrevia que às margens do Itajaí
"havia muitas serrarias". Foi das margens do Itajaí-Mirim que, em
1820, foi embarcada parte da madeira dest inada à construção do museu
nacional. Atinge a cifras muito altas a madeira beneficiada que desce
de todos os recantos do Vale do Itajat e que se destina à exportação
para outros Estados e para o exterior. Entretanto, datam dos meados do
século passado sàmente, os en.genhos de serrar movidos à água, ou a
vapor. Até então, as "serrarias" eram do tipo que nos mostra o clichê .
Tudo feito a braços. Desde a derrubada das grandes árvores e o seu
falquejamento até o desdobramento em tábuas, barrotes e sarrafos, tudo
era fruto de um esfôrço duplicado ; tudo preparado à mão . Hoje, as ser-
rarias, dotadas dos mais aperfeiçoados maquinismos fazem, em poucas
horas, o que muitos homens não conseguiam fazer, antigamente , em
anos inteiros de trabalho porfiado e matante, no sistema dos "estaleiros"
em que as toras, sobrepostas a uma armação, eram serradas por dois
homens, um em cima e o outro "serrando de baixo" . . .
O pôrto de Itajaí é, atualmente, o maior exportador de madeiras
do Brasil.

A ponte de cimento armado sôbre o rio Itajaí-Mirim, na estrada Itajaí-


Blumen.au (Barra do Rio) foi inaugurada no dia 10 de agôsto de
1930, no govêrno do prefeito Marcos Konder.
- 154-

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SCULI1ANDO .
ELI10S AROUIVOS
por

Por um feliz acaso, achamos entre os escombros e cinzas do prédio do "Fo-


rum" e Arquivo de Blumenau, destruídos pelo incêndio do dia 8 de novembro
de 1958, e salvamos vários livros de atas da Câmara de Blumenau, que, embora
carbonizados nas partes externas e nas margens, ainda permitem a leitura, em
grance parte, das atas nêles lavradas .

Folheando, com muito cuidado, as folhas frágeis devido à ação do fogo ,


encontramos uma interessante ata, da época da Revolução de 1893, quando Blu-
menau foi elevada provisoriamente, à séde do Govêrno e Capital do Estado de
Santa Catarina . Damos a seguir a íntegra da referida ata:

ATA DA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DO DIA 22 DE JULHO DE 1893.


Presirlente: Henrique Probst. Secretário: Francisco Margarida .
Aos vinte e dois dias do mês de Julho de mil oitocentos e noventa e três,
no Paço da Municipalidade de Blumenau, presentes os membros do Conselho,
Henrique Probst, J ens Jensen, F ernando Hackbarth, Antônio Bernardo Haend-
~hen , foi aberta a sessão, declarando o cidadão Presidente que esta tinha sido
convocada afim de prestar juramento o cidadão DI". HERCíLIO PEDRO DA LUZ,
aclamado pelo povo> catarinense governador do Estado de Sta. CataTina. Em se-
guida o mesmo cidadão Dl' . Hercílio Pedro da Luz prometeu cumprir bem e
fielmente com tôda a. dedicação e patriotismo o cargo de Governador de que foi
investido pela população catarinense. E nada mais havendo a tratar-se, o Sr .
Presi.dente suspendeu a sessão pelo que sp lavrou a presente ata. Eu, Francisco
Antônio de Oliveira Margarida, a escrevi. (assinados ) Henrique Probst, Jens J en-
sen, Luiz Abry, Fernando Hackbarth, Antônio Haendchen, Hercílio Pedro da Luz,
Leopoldo Knoblauch, Dl' . José Bonifácio da Cunha, Francisco da Cunha Silveira,
Vitorino de Paula Ramos, Manoel dos Santos Lostada, Hermann Baumgarten,
Antônio José SChneider, Ernesto Eckhardt, Leopoldo Francisco Zimmermann,
H .F . Schmidt, Guilh . Gross, João Wagner, Guido von Seckendorff, Augusto
Bussi. Jacob SChmidt, Fernando Kincler , Robert Boddenberg, August Arnold, Carl
(ilegível) , otto Freygang, otto Wehmuth Jnr ., Curt Michel, Hermann Schossland ,
Otto Bublitz, Hermann Brunner, Ferdinand Fritzke, Wilhelm Klein , Christian
Reif Jnr ., Carlos Jacobsen, Karl Kampert, Gottlieb Reif, Hermann Klein, Oscar
K.retzschmar, João Bento, Reinhold Butzke, Bruno Scheidemantel, Paulo Meyer,
Hermann Jahn, Ferdinand Teske, Wilhelm ott, Hermann Marquardt, Emílio
Wachholz, Augusto Leber , Erwin Wagnel , August Fey, Richard Enke, Franz
Schroeder, (ilegível) Seífert, Otto Steinbach, otto Schneider, Leopold Richter,
Luiz Jasper, Fritz Reif, Richard Jurk, HE'rmann Jmk, Max Haertel. Ernst Neu-
mann, August Boettger, Adolf Grummenauer, P. Chl . Feddersen, otto Wehmuth.

- 155-

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NOTíCIAS
de

BRUSQUE E NOVA TRENTO isto é das Colônias


ITAJAí E PRíNCIPE DOM PEDRO
na Província de Santa Catarina
IMPÉRIO DO BRASIL
por
D. Arcângelo Ganarini

-*-
Trento
Estbl. Tip . G . B . Monauni, Edit.
1880
Traduzidas do Italiano
por
LUCAS ALEXANDRE BOlTEUX

--*--
( CONTINUACAO )
Enumeram-se mais de 18 fontes se possa desejar, o ar é puro e sê-
de águas ferruginosas, mais ou me- co, sem névoa matutina, nem hu-
nos ricas de ácido carbônico. Entre midade perto da noite, pelo que o
as alcalinas-gasosas são dignas de sol se mostra, desde o nascer, em
menção as de Caxambú na provín- todo o seu esplendor, e a atmos-
cia de Minas Gerais, ricas de ácido fera é purificada pela constante
carbônico livre, além de outros sais ventilacão. Outras fontes se co-
e ácidos . Pelas suas virtudes ter a - nhecem em S. Paulo, no Rio Gran-
pêuticas, são chamadas águas vir- de do Norte, em Goiás, no Ceará,
tuosas e também águas santas. Na mas de muitas ainda faltam aná-
província da Bahia são notáveis as lises químicas, e são usadas só pe-
de Itapiru, que, além de serem ga- la vizinhança . que experimenta
sosas, são também termais com a curar-se de certas moléstias .
temperatura de 31° Reaumur. En-
tre as fontes termais, quatro delas AGRICULTURA
possue esta província de Santa Ca-
tarina, entre as quais as chamadas Esta é a parte mais interessante
Caldas de Tubarão com a tempe- dêstes meus quatro gatafunhos,
ratura de 30 graus . arrancados à fôrça e reunidos nos
As de Lagôa Santa, em Minas poucos intervalos que me são li-
Gerais, formam uma lagôa de lar- vres, porque aquela sôbre quem se
gura de dois quilômetros e de três possa basear um juízo sôbre a si-
de comprimento, que se conserva tuação dos nossos compatriotas,
constantemente tépida . Nas mes- nestas colônias. Em nossa terra
mas províncias existem três fon- reina uma confusão por causa das
tes conhecidíssimas e muito fre- notícias contraditórias que, diària-
quentadas de água sulfurosa e ter- mente, chegam procedentes do
mal, que deram nome ao sítio cha- Brasil; confusão aumentada pelas
mado Vila das Caldas. Para como- notícias de gente mal intenciona-
didade dos pacientes, que vão vi- d~" que retoma à antiga pátria.
sitá-las, foi construído um estabe- Não desejo aqui defender-me das
lecimento balneário, situado a 1826 causas de tanta discrepância de
metros acima do mar, em uma das juízos, e porque tantos bendizem a
mais salubres situações do Impé- hora em que puderam assentar os
rio. O clima é o mais ameno que pés neste solo, que outros chamam
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terra de Cairo; se não me faltar serragem de madeira, de coloração
o tempo, o farei mais tarde. No branca e tão sêca que se pode con-
entanto, admito que a mór parte servá-la de ano para ano sem es-
dos terrenos dos nossos colonos são tragar-se. Não contém grande do-
geralmente montuosos, com mais se de princípios nutritivos, mas li-
ou menos planura no fundo dos gada aos feijões, tem a proprieda-
vales onde as porções de terreno de de corrigir os inconvenientes
confinam com o rio ou a estrada produzidos pela nutrição dêsses le-
que ali passa, irei referindo os gumes . Pode-se ingeri-la assim sê-
principais produtos, que se podem ca, sem qualquer preparo, beben-
cultivar com êxito, atendo-me à do-se, entre um bocado e outro,
mais escrupulosa verdade . café para facilitar-lhe a umec-
tação, ou ainda, misturando-a com
1 - Mandioca água ou caldo de carne quente e
fazer pão, misturando-a com fa-
A mandioca (Manhiot utilíssi- rinha de milho . Um brasileiro que
ma) é uma planta lenhosa, que viaja, não tem necessidade de tan-
cresce à altura de metro e meio a tos albergues e provisões; é bas-
dois, em forma de sarça, com mui- tante uma trouxinha de mandioca
tos ramos entre sI unidos, quase e um pedaço de carne sêca, e em
em ângulo reto, com folhas de um qualquer clareira que encontra,
verde escuro, setipartidas como as pode montar sua mesa, alcançan-
do hipocastano . As plantas não do a água com uma folha de ba-
dando sementes, se empregam na naneira brava . Se antes de secá-
reprodução os próprios ramos, mui- -la fór lavada, deposita na água a
to ricos de gemas, que se cortam parte mais fina, com facilidade, e
em pedaços de um palmo, e se fin- sêca dá a chamada tapioca ou pol-
cam inclinados à flôr da terra. Em vilho, que serve de grude de ami-
um ano e meio pode arrancá-la; do e se presta, como a farinha de
mas deixando-se ficar por dois a- araruta, para preparar pratos le-
nos até três, retira-se um produto ves e nutritivos, melhor do que a
relativamente muito maior, e isto maizena, proveniente dos Estados
se pratica quando êsse gênero se Unidos.
mantém em alto preço. Produz raí- Os nossos colonos mal chegados
zes fusiformes, unidas à haste por ao Brasil, bem remunerados de di-
uma espécie de gola, disposta à nheiro pelo govêrno como eram não
flôr da terra, em volta da planta. podiam habituar-se e por desprezo
Eu as vi do tamanho de um pé e chamavam-na farinha de pau e
grossas como um braço, com o pê- comida de animais . Devido à essa
so de oito quilos . A raiz verde é estúpida antipatia não trataram
venenosa e é preciso ter muita em princípio de plantá-la ; e só
cautela para não confundi-la com agora compreendem que aquela
o aipim com o qual se parece e não mandioca , uma vez tão despr ezada,
ser êste venenoso . Para extrair-se será sempre o produto mais lucra-
a farinha, o processo é muito sim- tivo e de mais seguro comércio .
ples, bastando ralar-se a raiz e de- Além do consumo interno, se ex-
pois secá-la em um tacho ao fogo. pande por tôda a América Meridio-
Comumente, se emprega um enge- nal, onde é conhecida há anos e
nho próprio (engenho de farinha) dela exportam mais de oito milhões
composto de três partes : de uma de quilos anualmente. O preço or-
roda raladora, girando velozmen- dinário é de 2 a 3 florins o saco,
te, à fôrça de bois ou de água, de não faltando anos em que chegou
uma prensa, e de dois tachos de até 9 florins , como 1877-1878, em
cobre murados. Lavada a raiz e li- que houve grande procura para as
berta da casca, é ralada , colocada provínCias do norte, onde reinava
em cestos elásticos sob a pressão a carestia devido à prolongada sê-
de uma forte prensa, parecida com ca. Em ser ela insípida torna-se
as nossas com o bagaço das uvas, a ntipática a quem não está acostu-
sendo expremida a substância a- mado, e é talvez por isto que a Eu-
quosa, na qual, se encontram os ropa, abastecida como está de ou-
prinCÍpios venenosos. Depois, é le- tros produtos, até agora dela não
vada aos tachos para ser secada . se interessou. Tenho esperança
Sai daí uma farinha semelhante à que com o tempo sua sorte será
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igual a da batata, que vista no crédito e dinheiro emprestado com
princípio com desprezo, tornou-se maior facilidade do que entre nós
copiosa na opinião popular e sob na expectativa dos casulos da sê-
a penúria dos anos de carestia, al- da e nas pinhotas . Essa planta-
cançou agora a posição que merece, ção está sujeita a alguns danos de-
participando largamente da mesa vido às formigas e lagartas, que
frugal do camponês como de todos desfolhando-a retardam seu de-
os lautos jantares dos ricos. Talvez senvolvimento e pelo granizo qu~
em qualquer ano de penúria, con- destroça a planta e as raízes a
tinuando as atuais e sempre cres- flôr da terra pelas quais nascem .
centes relações dêste país com a Afinal, tudo somado, mantém-se
Europa ,pode vir à lembrança dos sempre ~omo o principal produto
famintos substituir pela farinha dêstes sítios, e pelo qual devem
de mandioca o trigo e o milho, e aplicar-se muito bem e com ardor
constrangidos a empregar por ne- principalmente os colonos que dis-
cessidade, afastando a desfavorá- põem de terras montuosas .
vel opinião que até agora a ex-
cluiu dos mercados da Europa . E 2 - Feijões
se os anos continual'em assim no
ultramar, prevejo próximo o dia em Não saberei dizer quantas sejam
que também ali aceitarão de bom as variedades dêste legume de que
grado êsse artigo . Tanto mais se mostra rica esta terra. Existem
quando os que estiverem de volta os que semeados uma vez, as plan-
do Brasil lhes haverem explicado tas duram mais de um ano conti-
os vários processos de usá-la . nuando a dar flôres , e servem mui-
Muitos dos nossos colonos tão to bem para o revestimento de cêr-
bem a ela se acostumaram, que a cas. Uma outra qualidade, que
consomem de tôdas as maneiras chamam arbóreo, cresce com has-
como o mais consumado aprecia- te forte e grossa e com folhas lar-
dor brasileiro . A mandioca é um gas. Seus bacelos são da largura
dos produtos mais remuneradores de dois bons dedos e de compri
a estas colônias, crescendo em sí- mento de um pé e talvez mais; o
tios montuosos e secos, onde ou- feijão de côr branca é proporcio-
tras plantas produzem pouco . Ren- nal em grandeza e difícil de cosi-
de o decuplo do milho semeado na nhar, porque tem uma casca mui-
montanha, e o quadruplo daquêle to dura . Entre tôdas as qualidades
semeado em terreno plano e fér- porém distingue-se um pequeno
til. Quem quizer tirar dela o ma- feij ão prêto, gostoso, e de casca
ior proveito deve construir um en- muito fina . É semeado duas vêzes
genho de fazer a farinha, do que ao ano, em agôsto e fevereiro, e é
mandar fazê-la por outrem ; re- a única qualidade, podemos dizer,
querendo muita mão d'obra, não se que entra no comércio. Seu preço
lucra se não uma escassa metade, usual oscila entre 5 e 7 florins por
cabendo o resto para o fabricante . saco, e em circunstâncias excep-
Por isso, alguns colonos que têm cionais vi que o pagavam até 16
alguma visão, não podendo sozi- florins . Os brasileiros fazem dêle
nho suportar a despeza, reune-se muito uso, e quando podem comer
em sociedade, podendo um só en- uma boa feijoada com um pouco
genho satisfazer a necessidade de de mandioca e carne sêca não de-
vários . sejam mais nada. A sôpa de feijão
Os mais perspicazes compreende- é tão comum que não posso deixar
ram logo o que se devia fazer , e de ensinar a maneira de prepará-
que era inútil persistir em certas la . Põem-se a cosinhá-lo com água
idéias trazidas dos seus países, e e toucinho em fogo brando duran-
irrealizáveis aqui ; passaram a imi- te várias horas, sempre juntando
tar os brasileiros, e agora vendem água quente, quanto baste para
a 3 e 4 florins a farinha de man- que no fim fique uma boa quanti-
dioca aos próprios patrícios, que dade de caldo, que se torna menos
coçando o queixo dizem: nunca te- líquido esmagando uma parte dos
ria pensado ser mais útil cultivar feijões. Ainda quente é servido à
mandioca do que milho . Quem dis- mêsa, e cada qual o mistura com
põe de uma boa plantação de farinha de mandioca à vontade.
mandioca pode adquirir gêneros à Torna-se uma polenta escura, que
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os brasileiros comem como uma dioca, alplm e outras especles de
comida excelente . Os nossos em batatas que constituem a comida
princípio não quizeram acostumar- mais comum dos colonos polacos e
se; e comer feijões, especialmente alemães em semelhante circuns-
assim tão pretos, com mandioca tància . Essa pretensão de que a
misturados, tornava-se para êles terra se adapta ao seu emprêgo,
coisa intolerável ; agora, porém, já antes que lhe conheça a natureza,
os usam, se· não preparados à bra- é uma causa do descontentamento
sileira, pelo menos à européia . t:s- de muitos, e se não mudarem de
se legume tão nutritivo tem um ini- sistema, um dia ficarão reduzidos
migo num pequeno inseto que o à miséria . Para os nossos mal che-
perfura, pelo que se não se toma- gados a estas colônias, causou do-
rem tôdas as cautelas, não se po- lorosa surprêsa chegar a um. país
derá conservá-lo por muito tempo. onde não se usava a polenta . Nos
As pessôas idosas do país costumam primeiros mêses, para aquietar pe-
semeá-los e colhê-los, como tudo lo menos algumas vêzes o imenso
mais, no minguante da lua, to- desejo, inventaram moer o milho
mando isto como um preservativo, com o pó de café . Mal tomaram
e depois o secam bastante ao sol conta de suas terras, a primeira se-
ou no fôrno , e dessa maneira os meadura foi a de milho, e a pro-
conservam perfeitos. É preciso ou- porção que êle empenachava, tra-
virmos os nossos descontentes do tavam de montar um moinho ; e,
Brasil, queixando-se sobremodo depois, polenta três vêzes por dia .
dêsses insetos, que na sua opinião O comércio, que se faz , limita-se
tudo devoram . O certo é que na quase exclusivamente ao interior,
casa de muitos dêles, em seus paí- não sendo de vantagem exportá-lo
ses, não era de t emer qualquer da- pelo elevado preço do transporte .
no, porque nada havia para co- Por isso, no entanto, enquanto não
mer, nem para êles nem para os se concluem as estradas mais fa-
animais. voráveis, o que sobeja numa famí-
lia é consumido com a manuten-
3 - Milho ção de galináceos e porcos . No ano
passado pagou se mais caro 3 flo-
O milho é cultivado em larga es- r ins e meio por um saco de 60 qui-
cala entre os nossos italianos, que los; e neste ano é comprado a 2 e
até agora fazem dêle sua principal meio. Por êste preço os colonos de
alimentação, enquanto os alemães Blumenau o conduzem ao pôrto de
e os brasileiros não tratam muito Itajaí. No município de Lages e
dessa cultura . Depois de limpo o em outros lugares costuma-se des-
terreno das ervagens, sem ará-lo cascá-lo como se faz com o arroz,
ou fazer-lhe qualquer outra coisa, e depois fazem sopa, cosinhando-o
fazem-se com a enxada buracos na com leite . Os alemães fazem , com
distância de um metro um do ou- êle, pão, misturando-o com man-
tro, lançando nêles três ou quatro dioca e batata de cará ralados .
grãos e em seguida cobertos . De- Também êsse grão tem o seu in-
pois disso, nada mais é preciso se seto que o róe, principalmente des-
não manter limpo o terreno . Nos cascado, mas colhendo-o bem sê co
lugares planos e ao longo dos rios e conservando-o em sítio enxuto
cresce em extraordinária altura, sem estar debulhado, é possível re-
dando de duas ou mais espigas por duzir ao mínimo o prejuízo . No
plantas, enquanto que é raro dar geral, com a exceção de alguns sí-
boa colheita nos lugares monta- tios, tôda família pode cultivar o
nhosos, onde mesmo nos anos úmi- milho com fartura para o ano in-
das cresce sempre mesquinho . E teiro; e também os mais descon-
curioso é como muitos, esclareci- tentes confessam, teriam sido outros
dos pela experiência de vários anos, tantos senhores, se na Europa ti-
são tão teimosos e querem plantar vessem tanta polenta como aqui .
milho à fôrça, e depois se atiram
contra o Brasil devido à fraca co- 4 - Arroz
lheita, quando se soubessem se a- O arroz, que na Itália só cresce
moldar à natureza do solo, pode- nos arrozais, aqui no Brasil pros-
riam colhêr boas cargas de man- pera em todos os terrenos planos,

1De

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especialmente se são pouco úmidos. especiaJmente no seu curso infe-
Os nossos trentinos, acostumados rior, observam-se vastas planta-
a fazer dêle pouco uso, não cui- ções de cana de açúcar a que os an-
dam muito em semeá-lo, mas os tigos brasileiros se aplicam com
Cremoneses e Mantuanos, que usam preferência . Costuma-se plantá-la
em sua pátria dêsse alimento, '0 se- na distância de meio metro, ser-
meiam bastante e apesar ,do notá- vindo-se de canas já maduras cor-
vel prejuízo causado pelos passarF tadas em pedaços, que se plan-
nhos, '(luando da maturação, co- tam do mesmo modo que a man-
lhem ainda apreciável quantidade. dioca . Cada um dêsses pedaços
No geral cada qual o trilha em ca- produz três ou quatro canas com
sa, usando um pilão de mão . Para a altura de 2 a 3 metros que de-
trilhá 10 pagam-se de dois e meio pois de ano e meio são cortadas,
a quatro florins e se emprega co- despojadas das fõlhas e do tope,
mo oomida de cavalos e galinhas ; que servem de pasto aos animais,.
trilhado, varia de 8 a 14 florins o fazendo·- as passar uma à uma fen-
saco. Até agora não tem sido ex- da de uma engrenagem de três ci-
portado, porque a produção é ape- lindros de madeira, movidos pela
nas suficiente ao oonsumo da co- fôrça de bois . O suco aquoso-saca-
lônia . Produzindo-o d'antemão po- rino, desprendido, é evaporado nu-
der-se-ia exportá-lo quando os ma caldeira até a cristalização.
meios de transporte fôssem menos Resulta daí um açúcar avermelha-
gravosos . de de pequenos cristais. A parte
que fica no fundo não cristalizada
5 - Cana de açúcar é levada ao alambique, onde é des-
tilada a assim chamada aguarden-
Esta planta, que constitue uma te ou cachaça, que não é mais do
das principais produções das pro- que uma aguardente usual, ou rum,
vincias setentrionais, como Rio de se se o deixa forte . Se o Brasil pos-
J.anelro, Espírito Santo, Bahia, A- suisse suas refinarias de açúca.r
lagôas, etc. e parece produzir bem aperfeiçoadas, como na Europa,
nesta província, pouco cultivada cem as suas pl'i vilegiadas qualida-
nestas colônias, pela razão de exi- des de canas que possue não te-
gir tenrenos planos e gordos, os nos- meria a concorrência de nenhum
sos colonos preferem semear o mi- outro país nesse artigo . Por essa
lho e fazer pastagens . Tanto mais falta se vende o açúcar a quase 1
que é necessário um mecanismo a- florim o quilo enquanto o que se
propriado para preparar o açúcar fabrica -com 'Ü sistema local pode-se
e a cachaça (agua.l1dente). Por es- obter de 16 a 22 vintens o quilo.
sa razão pouoos a plantam, prefe- A cachaça custa de 14 a '20 florins
rindo adquirir êstes artigos em São o barril de perto de cem litros .
João e ittajaí .
Nos terrenos ao longo dos rios, (Continua)

DE abaixo-assinado,
um jornal de Itajaí, de 1886, extraímos o seguinte anúncio: "O
professor público jubilado, faz público que conti-
nua a lecionar particularmente à mocidade, em sua aula mixta:
leitura, escrita, as quatro operações aritméticas em números inteiros
e doutrina cristã, mediante a quantia de dois mil réis mensais, por
aluno, sendo os mêses corridos e não contados por dias, com aprovei-
tamento de cinco horas de lições. Também ensina frações ordinárias,
decimais, complexos., proporções, regras de juros e gramática portu-
guêsa mediante a quantia de 3$000 mensais, sendo a mensalidade sa-
tisfeita (tanto no primeiro, como no segundo caso) no primeiro dia
do mês a vencer. 12 de maio de 1886 - Justino José da S . e Silva."
-*-
P OR aviso ministerial de 23 de agôsto de 1879, foi extinta a Compa-
nhia de Batedores de Mato que se encontrava em Blumenau" para
proteger os colonos contra os constantes ataques dos silvícolas.
-HO-

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A ssma numeros.
) .. . . . . . . . Cr $ 100
, 00 ~~~
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Número avulso.. .. .. . . . . .. . . . . Cr$ 10,00
i
~ ~

I
i;:~ Administração e responsabilidade de LUIZ FERREIRA DA SILVA.

~ Tôda correspondência deverá ser dirigida a


~ Caixa Postal, 425 ~.~
~ ~
~ BLUMENAU - S. CATARINA ~
A ~
~~(:*~~!::C!~.:!~::C!:~::.~~;~::.~!·~~::.;!~;~::C~:~!»l~~::G~::C~S~»:!:~::.~l::.~~:}~-:C!~:K.~~!»;!{;~:*~::~~:e~:~~3>l~~,~~

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COM·PANHIA CATARINENSE
DE SEGUROS GERAIS
FUNDADA EM 1938 - MATRIZ: B L U ME NAU

Capital e Reservas:.. Cr$ 29.969.829,30


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"A PIONEIRA

DAS SEGURADORAS

CATARINENSES "

PREFERI-LA. É CONTRIBUIR

PARA
'..


O PROGRESSO DO ESTADO

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