Você está na página 1de 4

Prelúdio de Edgar Karkarov

_ Por Edgar K.

Desde muito jovem conheci o mundo, minha família, incrivelmente rica, me


proporcionou uma educação de primeira e estar em locais que os demais
jamais poderiam.

Isso é o que se supõe quando se fala que vem de uma família rica, mas não é
assim que os Karkarov agem. Sabe aquela conversa sobre estar em locais que
os demais jamais poderiam? Então, não se trata de lugares pagos, e sim de
lugares que as pessoas simplesmente não querem ir.

Sempre foi assim, eles diziam que iam acampar, mas eles não diziam que seria
no inverno russo entende? Ao menos sobre uma coisa eles tem razão, os
Karkarov são feitos para durar.

Uma vez eu arrumei uma briga na adolescência, Como qualquer bom


adolescente faria, eis que pra minha surpresa aquele garoto que que tentou me
atacar sequer sabia o básico de combate... patético, bom, ao menos após esse
episódio ninguém mais quis passar pelo meu caminho.

Após um tempo descobri o porquê da família ser tão rica. Você acredita que “o
negócio da família” é traficar “itens mágicos” ? Sim, eu levei um tempo pra
acreditar nessa merda também, mas uma vez que se descobre isso, você é
incorporado ao negócio da família.

Me colocaram com meu primo a princípio, Dimitri Karkarov. Ele era do nicho
principal da família e isso meio que o tornava a estrela da família. O meu tio o
treinava de forma leve, e aquele molenga sempre reclamando de levar uns
tapas na cara... somos Karkarov, o que você esperava? Quando algum de nós
sai da linha não sai por muito tempo ok.

A vida do meu primo era tranquila até aquele idiota finalmente conseguir se
tocar de qual era o negócio da família. Eu passei uns bons anos em uma vida
bem tranquila em Nova York até que ele resolveu se juntar a um bando de
desajustados e começar a procurar confusão.
Eles cometeram alguns crimes, mas aparentemente meu primo não estava
apenas acima da lei como também meu tio decidiu por limpar o rastro de
bagunça que ele fez.

Levou algum tempo até ele realmente encontrar alguma coisa. Minhas ordens
eram para apenas observar e relatar, mas preciso dizer, houve vários
momentos que pensei que aqueles desajustados não veriam o sol nascer de
novo.

Depois de um tempo com meu primo aparentemente ele aprendeu a andar com
as próprias pernas e eu finalmente teria um olhar mais carinhoso da família,
coisa que só se ganha através de muito esforço.

Sim, a essa altura eu já sabia o porquê da família acumular aquelas


bugigangas, magia era real, vampiros eram reais, olha meu chapa, eu tenho
que te dizer, talvez até o Batman seja real!

Não me olhe assim, sério, se você visse as coisas que eu vi não duvidaria de
mais nada. De alguma forma aquele bando de desajustados sobreviveram a
invocação de um demônio e a um ataque de lobisomens.

Quando você ver um lobisomem de perto você vai perceber o quão patético é
aquele rato de academia. Todos os músculos que aquele pateta tem no corpo
não seria o suficiente para preencher a perna de um lobisomem.

Minha avó é uma mulher sábia, ela entende dessas coisas. Ela me ensinou
uma antiga música de ninar pra espantar lobisomens e te digo, depois que vi
uma dessas coisas de perto, eu nunca mais fui dormi sem cantar a cantiga.

Você pode rir, eu não ligo. Sabe o encontro com os tais lobisomens, então, é
por causa deles que eu estou aqui olhando pra sua cara feia e contando como
eu vim parar aqui.

A primeira tarefa que minha família me passou depois de parar de ser babá do
meu primo foi justamente de lixeiro. Não entendeu? Eu explico. Quando
alguém da família age costuma deixar um rastro de bagunça para trás e
convenhamos, os patetas do Le Mundi jamais seriam capazes de falar sobre
um homem que se tornou pó sem causar um pânico generalizado no planeta.
Eu fui arrumar a bagunça do meu primo depois dele ter a maravilhosa ideia de
invadir um complexo de segurança da Pentex. Cheguei eu sozinho a princípio,
precisava ver o tamanho do estrago antes de pedir que os rapazes viessem.

Eu achei que aquela merda toda já tinha acabado, erro de principiante eu acho,
Pois quando eu entrei no complexo dei de cara com um bando de lobisomens
correndo em minha direção.

Não houve nem tempo para gritar ou esboçar qualquer reação. Aquele que
estava a frente dos demais me deu um tapa que amorteceu todo meu corpo.
Enquanto estava no ar me lembrei de um pulo de bang jump, mas diferente de
quando fiz o salto, eu não conseguia sentir o vento, a adrenalina, eu sequer
conseguia as coisas.

Eu finalmente cheguei ao chão e olhei pro céu que era o único lugar pra onde
eu conseguia olhar. Ele estava todo negro, meio vermelho, mas em missões
como essa a gente sempre vai de dia certo?

É, aquele tapa com certeza acabou com todos os ossos do meu corpo, eu abri
um breve sorriso naquele momento, eu tenho certeza disso, afinal, eu ia
finalmente me livrar daquela família maluca que eu tinha.

Um tempo passou e eu comecei a pensar, o que será que vai acontecer agora?
Espero ter rezado pro Deus certo, ou que ao menos o Deus certo não se
incomode com isso... a foda-se, quem eu estou querendo enganar, se Deus
existe ele faz o Tarantino parecer um anjo hahahahhahaha.

Droga, eu não consigo mais sequer rir. Agua, preciso de agua. Que sede, pelas
luzes em volta a ambulância deve ter chego e eu não arrumei essa bagunça,
merda, vão arrancar meu coro na família.

Ou não, afinal, eu estou morto não é? Bom, seria se eu não tivesse dito sim
para aquele cara que apareceu em seguida. Eu não tenho certeza se era um
cara, afinal, eu não conseguia ver mais se lembra?

De qualquer forma, aquele cara falou pra mim umas paradas sobre ser imortal,
ganhar poderes mágicos e bem, ser imortal.... isso me parecia um ótimo
negócio e bem, o cara só me pediu que fizesse uns trabalhos pra ele, nada de
novo pra mim, afinal, essa foi minha vida né? O que aconteceu depois foi
surreal, meus sentidos voltaram, o odor horrível de Nova York entupiu meu
nariz, mas dessa vez eu tenho que dizer, valeu a pena.

De alguma forma aquela coisa cumpriu a promessa dela... aquela coisa meio
que sou agora, eu não entendo bem, ele falou um monte mas tudo que eu
ouvia era a palavra “imortal”.

Valeu a pena, mas é isso, sobre o tempo que você me pediu, bem, acho que
você o utilizou bem me ouvindo, mas agora é hora, eu tenho que ir antes que
os policiais nos achem sabe, essa coisa de imortalidade não é tão legal quanto
parece, ainda dói, mas é bem melhor que morrer, com certeza.

Até mais amigo, e bem, tome cuidado na próxima encarnação, espero que os
dizeres estejam errados e você não volte como vou te deixar, de qualquer
forma, se voltar fica meu pedido de desculpas, eu ainda não tenho certeza
sobre o que estou fazendo....

(Segue um som de chamas e gritos abafados, ao longe se ouve as sirenes


vindo. O ar fica carregado com cheiro de carne queimada e a porta de um
salão em um beco se abre, com um homem saindo caminhando por ele como
se absolutamente nada estivesse acontecendo)

Você também pode gostar