Você está na página 1de 35

Tech is

Human
O Futuro

do trabalho
Como a onipresença
da tecnologia está
despertando valores
humanos na relação
com trabalho.
Apesar do pessimismo que ronda
o imaginário sobre o futuro do
trabalho, onde a automação poderia
tornar as habilidades humanas
obsoletas, o comportamento
das novas gerações e o próprio
excesso de tecnologia estão
atraindo valores humanos para
os negócios, a educação e
as escolhas profissionais.

Será o fim do trabalho?

Desde “The End of Work” (de Jeremy Rifkin, 1995), o


futuro parece amargo para o mercado de trabalho.
Quando a humanidade entendeu que a automação
iria substituir o ser humano em grande parte dos
postos de trabalho conhecidos, passou os mais de
20 anos seguintes tentando prever as possíveis ca-
tástrofes de um cenário assim. Segundo um estudo
do Fórum Econômico Mundial (relatório Futuro do
Trabalho), até 2020 o número de empregos perdi-
dos para a tecnologia pode chegar a 7,1 milhões.

De fato, o desenvolvimento tecnológico é o que
sempre marcou as revoluções industriais que
mudaram o mundo. No final do século dezesse-
te, a vedete da primeira revolução industrial foi
a máquina a vapor, que impulsionou toda a in-
dústria moderna. Já no final do século dezenove,
as indústrias química, de aço, petróleo e elétrica
constituíram a segunda revolução. A terceira teve
como grandes marcos a ampliação das fontes
de energia no mundo e a robótica. E a quarta
se caracteriza pela convergência digital, física e
biológica que estamos conseguindo fazer com
tecnologias como a nuvem, a internet das coisas,
big data, inteligência artificial e biotecnologia,
basicamente. As empresas de tecnologia hoje
dominam o mundo dos negócios. Uma pesquisa
da BrandZ avaliou a marca Google em US$ 302
bilhões, contra US$ 301 bi da Apple. Em tercei-
ro e quarto lugar estão Amazon e Microsoft.
2
O Valor das Competências Humanas

Mas nem tudo está perdido para o homo sapiens. Elas prometem definir os próximos
Ao mesmo tempo em que a automação é um pro- soft skills mais exigidos pelas em-
cesso sem volta, 65% das crianças que hoje estão no presas daqui para a frente. Essas 10
Ensino Fundamental terão empregos que ainda nem competências serão visíveis em tudo
existem (Fórum Econômico Mundial). Segundo estudo o que envolve a vida profissional,
da Gartner, a inteligência artificial vai criar 2,3 milhões desde a nossa capacitação para en-
de empregos em 2020, enquanto elimina 1,8 milhões. trada no mercado até a noção que
Ou seja, o mercado ainda vai mudar muito e nos levar teremos de sucesso e satisfação. Por
a lugares que não podemos imaginar. A melhor for- isso, mapeamos a jornada do traba-
ma de se preparar para esse novo mercado é prestar lho e pudemos identificar o impacto
atenção às transformações que estão acontecendo do fator humano em cada etapa:
agora e reconhecer nelas os embriões desse futuro.
Tendências em consumo, educação, meio acadêmi-
co, obtenção de renda, novas profissões e ambiente
de trabalho nos dão uma dica do que está por vir.

Dentre as descobertas desse estudo, a maior delas


é, no mínimo, curiosa, para não dizer irônica, e vai
animar os otimistas. Aparentando ser uma espécie
de resgate da nossa relevância em meio a tanta tec-
nologia, a Quarta Revolução Industrial tem revelado
a importância das competências humanas para a
gestão e a transformação do mercado de trabalho.
Elas estão sendo colocadas no centro das tomadas
de decisão tanto conscientemente, como é o caso 1. Encarando o novo consumidor
os parâmetros de recrutamento e seleção nas empre-
sas, quanto intuitivamente, como a preferência das 2. Preparando novos humanos:
novas gerações por empresas mais transparentes. A Nova Educação

3. Preparando novas ideias:


O presente estudo identificou as 10 com- A Nova Academia
petências mais recorrentes nas tendên-
cias reunidas pela WGSN. São elas: 4. Preparando novas carreiras:
O Novo Profissional

5. Onde queremos estar:


C RIATIVI DAD E
O Ambiente Profissional

C O L AB O R AÇÃO TR AN S PAR Ê N C IA 6. Reconhecimento financeiro:


Remuneração

7. Valores humanos e as novas


C O M U N I DAD E C O M PARTI LHAM E NTO profissões: O Futuro do Trabalho

8. Recomendações: Como chegar


bem ao futuro do trabalho
CAPAC I DAD E D E
M I N D FU LN E S S
E XPE RI M E NTAÇÃO

I NTE LI G Ê N C IA E M PATIA
E M O C I O NAL

E S PÍ RITO
E M PR E E N D E D O R
3
Encarando
1
é uma das molas propulsoras da viralização
o Novo Consumidor que tão bem caracteriza as redes sociais digi-
tais. Some-se a isso a onipresença de devices
móveis, para se chegar a uma verdadeira Era
do Ativismo, onde pessoas se concentram
A população deve chegar a 7,5 bilhões em
com facilidade em torno de interesses co-
2018, impulsionada por um verdadeiro tsuna-
muns e ganham poder de mobilização. Não
mi de jovens. O UN Population Fund, da ONU,
à toa, essa tendência afeta estruturas sociais
estima que a população jovem global (10-24
importantes, a ponto de oferecer alternativa
anos) atinge 1,8 bilhões de pessoas esse ano.
ao próprio Capitalismo, com economia com-
Se levarmos em conta que a Geração Z (nas-
partilhada e o chamado Capitalismo Comuni-
cidos entre 1994 e 2009) veio para subverter
tário. Tudo isso só é possível porque estamos
radicalmente os valores que conhecemos,
diante de gerações de jovens (Millennials, Z
esse tsunami populacional vai afetar subs-
e em breve Alpha) que desconfiam das ins-
tancialmente as bases das relações de troca,
tituições e estão exigindo transparência de
pautadas principalmente pelo consumo.
empresas e marcas, sob pena de mudar suas
atitudes via consumo se não virem um valor
Uma mudança em três instâncias vai alterar
social no que as companhias entregam.
o perfil de consumo desses jovens e, conse-
quentemente, muitos códigos sociais: capa-
Esses mesmos Millennials (nascidos entre
cidade de transmissão de dados (velocidade),
1979 e 1993), junto com os membros da Ge-
linguagem (imagens mais que palavras) e
ração X, também estão sendo acometidos
valores (ativismo e novas moedas: o tempo).
pelos excessos da hiperconexão. Eles estão
sendo cobrados a ponderar o excesso de
Para começo de conversa, a ultra veloci-
trabalho em que mergulharam, graças ao
dade de internet vai aumentar o impacto
acesso always on e on demandque a qualida-
das informações transmitidas no mundo e,
de de transmissão de dados proporcionou. É
consequentemente, o poder dado a quem
como se os humanos tivessem absorvido as
as transmite. Graças a essa capacidade, é
características das máquinas, uma espécie
natural que as principais fronteiras da comu-
de machine learning invertido, que nos deixa
nicação, tais como o idioma e os códigos
híper ligados ao que está acontecendo e com
culturais, se flexibilizem e deem espaço para
medo de perder alguma coisa, o chamado
linguagens mais universais. A maioria dos
FOMO (fear of missing out). O alerta agora
usuários vai optar por imagens e persona-
é sobre diminuir a distração para conseguir
gens em substituição a palavras como forma
colocar foco no que realmente importa, o
de comunicação, um movimento facilmente
que deve reduzir os níveis alarmantes de an-
notado pelo amplo uso de memes e emojis,
siedade que a OMS (Organização Mundial
inclusive já tendo gerado uma Emojipedia.
de Saúde) tem reportado nos últimos anos.
Qualquer semelhança com a era pré-históri-

1.1
ca não é mera coincidência, afinal, no cerne
da comunicação está a vontade de traduzir
pensamentos em símbolos. Trata-se de um Era da Transmissão
resgate da essência da comunicação humana.

Essa velocidade e essa universalidade de có-


digos, que derrubam barreiras cognitivas, aca- Resumo: A substituição da linguagem
escrita por imagens e emojis faz cair bar-
Consumidor

bam também por agrupar pessoas segundo


seus valores e preferências. Identificar-se com reiras cognitivas e amplia a vontade e a
a causa de outra pessoa (ver relevância nisso) capacidade de transmissão de conteúdo

4
Stream Team, em inglês, é o nome que se dá conectou consumidores e chefes profis-
a um grupo de consumidores que são poli- sionais por meio do Whatsapp. Os par-
glotas das mídias sociais, cidadãos ‘glocais’ ticipantes enviavam seus números pelo
(globais em sua localidade) e desbravadores site da empresa e depois recebiam uma
do conhecimento. Eles estão testando o novo consultoria particular de um chef.
filtro do Instagram e organizando um protes-
to ao mesmo tempo. Por quê? Porque ver o
mundo através de um smartphone deu a eles 1.2
o poder de transformá-lo em um lugar melhor. Ativismo Analógico
Em junho de 2016, cerca de 2 bilhões de
pessoas – 32% da população mundial – usa-
vam as mídias sociais regularmente, criando
Resumo: A Geração Z vai liderar a ‘Era
uma incubadora de relações multiculturais e do Ativismo’, desafiando as injustiças
influências simbióticas. Uma das macroten- sociais e ambientais, onde o smar-
dências identificadas pela WGSN, “Conexão tphone é a arma mais poderosa.
Glocal”, apontou que as pessoas se sentem
cada vez mais multilocais: alguém que se A turbulência do cenário político de 2016,
identifica e se define por uma fusão de luga- assim como suas repercussões, terá efeitos
res, experiências e culturas. A mentalidade duradouros. A Geração Z vai liderar o que
multilocal é influenciada pelo boom das via- podemos chamar de ‘Era do Ativismo’, desa-
gens internacionais, mas o principal fator é fiando as injustiças sociais e ambientais, ao
a ascensão da linguagem visual. Imagens e criar uma nova era em que “o smartphone é
personagens estão substituindo as palavras a arma mais poderosa”. Isso ficou evidente
e, por consequência, a linguagem, o que der- nessa segunda década do século vinte e um,
ruba as fronteiras cognitivas que restavam na seja jogando um balde de gelo na cabeça
internet. As pessoas falam através de emojis, em nome de uma campanha beneficente,
leem por memes e escrevem com símbolos. seja compartilhando um link de apoio a um
novo partido político. Mas a era do ativismo
Existe até uma Emojipedia para pessoas que vai além do digital: embora motivado por e
querem se aperfeiçoar na língua dos emojis. organizado em redes sociais, vai acontecer
À medida que entramos na era da pós-alfabe- no cenário do mundo físico, analógico. Em
tização, nossas mensagens podem ser mais 2020, o ativismo local será a nova norma.
curtas. Mas para os atuantes na era da trans-
missão, elas têm a mesma força. De alguma Os protestos não são novidade, mas a par-
forma, as transmissões ao vivo estão devol- ticipação multigeracional é um fator de di-
vendo o poder para as pessoas. Qualquer ferenciação. Das manifestações contra a
pessoa com um smartphone pode transmitir presidente sul-coreana em Seul aos protestos
ao vivo um episódio de injustiça para o mundo. do Australia Day em Sydney, os Alphas e os
Baby Boomers estão unidos no ativismo.
O assassinato de Philando Castille por um po-
licial, em Minnesota, foi transmitido ao vivo por O analista político Derek Thompson ob-
sua namorada, Diamond Reynolds. Em um co- serva que “as decisões políticas mais sig-
municado, Mark Zuckerburg afirmou que “em- nificativas surgem sempre em nível local
bora nunca mais deseje ver um vídeo como o e estadual”. Os Millennials simplesmente
dela, o vídeo nos lembra porque criar um mun- não tinham o hábito de ir votar. Um estudo
Consumidor

do conectado e sem barreiras é importante, e apontou que a idade média dos eleitores
o quão longe ainda estamos desse objetivo”. é de 60 anos. Depois da campanha presi-
A campanha WhatsCook da Hellman’s dencial americana em 2016, a maioria dos

5
eleitores, principalmente os Millennials, per- Com uma estimativa de crescimento glo-
cebeu a importância das eleições locais. bal de US$ 335 bilhões até 2025, esse seg-
No Reino Unido, mais de um milhão de jo- mento tem tudo para causar ainda mais
vens britânicos se registrou para votar nas impacto no modelo econômico centrado
eleições desde o Brexit. Nos EUA, a adesão nas grandes corporações. Boas-vindas ao
às ONGs ACLU e League of Women Voters capitalismo comunitário – um novo modelo
disparou. Nos dois países, as passeatas, econômico que terá efeitos a longo prazo
os protestos e a participação nos even- nas regulamentações governamentais, no
tos cívicos locais não param de crescer. planejamento cívico e no futuro do trabalho
e do desenvolvimento regional. Em países
Estimulados pela instabilidade econômica e com economias instáveis, a economia com-
pela polarização ideológica, 54 milhões de partilhada é uma fonte de renda segura.
mexicanos têm atuado localmente, princi-
palmente em assuntos como alimentação e Com uma estimativa de crescimento glo-
agricultura. Os protestos civis contra a pro- bal de US$ 335 bilhões até 2025, esse seg-
liferação da comida “fast-food” nas cidades mento tem tudo para causar ainda mais
mexicanas levou os chefs locais a assumirem impacto no modelo econômico centrado
postos em cozinhas de hotéis internacionais. nas grandes corporações. Boas-vindas ao
capitalismo comunitário – um novo modelo
No Brasil, o smartphone não só foi o respon- econômico que terá efeitos a longo prazo
sável pela digitalização das classes socioeco- nas regulamentações governamentais, no
nômicas, menos favorecidas, como permitiu planejamento cívico e no futuro do trabalho
a tantos cidadãos, descontentes com a má e do desenvolvimento regional. Em países
entrega de serviços básicos, denunciar des- com economias instáveis, a economia com-
de tiroteios (como é o caso dos apps “Fogo partilhada é uma fonte de renda segura.
Cruzado” e “Onde Tem Tiroteio”) até assédio
em transporte público (HelpMe). É um tipo
A economia compartilhada está em expansão
importante de inclusão que dá poder ao in-
na América Latina. O Airbnb abriu um escri-
divíduo, independentemente do seu acesso
a tomadores de decisão ou a serviços de tório no Brasil depois de registrar um cresci-
qualidade. Fora isso, o ativismo em sua forma mento anual de 200% desde 2015. O Rio de
mais óbvia, que vimos nascer em 2013 como Janeiro é a terceira cidade que mais recebe
o movimento “Vem pra Rua” (difundido pelo usuários do site, perdendo apenas para Nova
Facebook), teve suas semelhanças com o ‘pai York e Paris. Outro gigante do setor, a Uber,
de todos’, a Primavera Árabe (difundido pelo emprega na Cidade do México mais de 10 mil
Twitter). Desde então, brasileiros convocam motoristas pertencentes à geração do milênio.
encontros e protestos pelas redes sociais
com a certeza do potencial que isso tem para
reunir as massas com uma rapidez impressio- 1.4
nante. Vimos o poder disso durante a parali- Os Aumentalistas
sação dos caminhoneiros, em maio de 2018,
dessa vez protagonizada pelo Whatsapp.

1.3 Resumo: O medo de uma depen-


dência da tecnologia faz um gru-
Capitalismo Comunitário po de indivíduos sugerir que vida
deve ser otimizada por esses avan-
Consumidor

ços, não consumida por eles.


Resumo: A economia compartilhada
chegou para ficar e segue promo- Gostemos ou não, estamos em um caminho
vendo mudanças no status quo. sem volta no que se refere à co-dependência
6
da tecnologia. Os níveis cada vez maiores de In It together
vício em smartphones, um declínio nas ha-
bilidades sociais e a nossa dependência do A soma da Inteligência Humana (IH) e da In-
GPS (um estudo de 2016 apontou que 67% teligência Artificial (IA) será o futuro da inte-
das pessoas entre 18 e 44 anos não conse- ligência. Muitos especialistas acreditam que
gue entender um mapa físico) mostram que essa combinação vai levar a um crescimento
estamos dispostos a trocar o controle pela exponencial da produtividade. Isso pode
conveniência. É aí que entram os aumentalis- ser traduzido como a chegada da inteligên-
tas, um grupo de indivíduos que defende os cia aumentada, algo que está por trás da
avanços tecnológicos, mas quer que a vida ascensão da indústria neurotecnológica.
seja otimizada por eles, não consumida.
Como os aumentalistas impactarão o futuro
Além das reações do cidadão comum, acio- do trabalho? Novos cargos surgirão, como
nistas e governos estão fazendo pressão: analistas de ética de automação e desenvol-
duas empresas de investimento querem que a vedores de chatbots interativos. De acordo
Apple estude o impacto do uso do smartpho- com o relatório “Emerging Jobs”, produzi-
ne na saúde das crianças, enquanto dois acio- do pelo LinkedIn no ano passado, os mais
nistas moveram uma ação contra o Twitter e beneficiados nesse processo serão os en-
o Facebook para que as empresas lidem com genheiros de aprendizagem de máquinas,
conteúdo negativo de modo mais responsável. seguidos pelos cientistas de dados. Soft
skills serão mais valorizados do que nunca.
Estimulado pelas críticas de políticos, cida-
dãos e mídias, o Facebook está incorporando “Eu acho que o mundo está muito focado
a empatia. Depois de encomendar uma pes- em hard skills como ciência da compu-
quisa para entender como a plataforma afeta tação, ciência de dados e inteligência
as pessoas, a empresa divulgou que imple- artificial. Sejamos claros, essas habilida-
mentará mudanças em seu feed de notícias des são muito importantes. No entanto, a
para 2018. O conteúdo passivo vai diminuir combinação de hard skills com soft skills,
(anúncios, vídeos e artigos) para priorizar como comunicação, pensamento crítico
as postagens de usuários e seus amigos. e trabalho em equipe, é mais vital. Essas
habilidades são necessárias em todos
Ao entender que a internet pode promover os trabalhos e são essenciais para o su-
um senso comunitário, o Linkedin começou a cesso profissional em todos os setores.”
se perguntar e a perguntar aos seus usuários)
sobre o propósito que eles têm ao se envolver Anant Agarwal_ fundador e CEO da eDX,
com um trabalho. As respostas obtidas foram um fornecedor maciço de cursos on-
tão únicas quanto os mais de 500 milhões de line abertos/ MOOC - para o Linkedin
usuários no LinkedIn. Para alguns, a resposta em pesquisa feita com a Capgemini:
é um senso de propósito; para outros, uma The Digital Talent Gap
paixão profunda. Para alguns, é uma manei-
ra de retribuir; para outros, um desejo muito A indústria automotiva também está traba-
mais pragmático de fornecer. Ms indepen- lhando nas interfaces da próxima geração.
dentemente da motivação, o que a pesquisa O protótipo B2V, da Nissan, interpreta sinais
descobriu é que ninguém quer estar nessa enviados a partir do cérebro do condutor
sozinho: “seja o que for que você esteja fazen- por meio de um headset que ajuda a anteci-
do, você quer saber que existe uma comuni- par seus movimentos, como virar ou frear.
Consumidor

dade de pessoas para ajudar, apoiar, inspirar


e estimular você”. Isso rendeu o projeto “In It Eventos esportivos ao vivo estão usan-
together” (em português, “Juntos Nessa”): do experiências de RA e RV para angariar

7
mais fãs e aumentar a receita de patrocínio.
Nos EUA, a liga profissional de beisebol fez 1.6
uma parceria com a Intel para transmitir Distração Zero
os jogos em Realidade Virtual. Os cam-
peonatos da NFL e da UEFA Champions
League já estão fazendo testes com a RV,
obtendo altos níveis de engajamento. Resumo: Hiperconectadas, as ge-
rações X e Y estão ocupadas de-
1.5 mais com produtividade para ter
tempo para processar emoções.
Os Novos Céticos
David Polgar, expert em mídias digitais, disse
durante um TED que “a internet está transbor-
Resumo: A fragilidade da dando de humanos agindo como robôs”. Isso
é especialmente verdadeiro para as gerações
confiança das pessoas nas instituições
X e Y, que estão ocupados demais para pro-
faz da transparência uma atitude
cessar as emoções, em meio a um verdadeiro
exigida de empresas e de marcas culto à produtividade. A mentalidade de estar
por cidadãos e consumidores. sempre conectado ao trabalho causa impactos
em nosso bem-estar. É como se os humanos
Em termos éticos, o auge da tecnologia foi tivessem absorvido as características das má-
2017. Guerras de propaganda nas mídias so- quinas, uma espécie de machine learning in-
ciais, bullying on-line, invasões de dados sen- vertido. Vivemos em um mundo infinito, onde
síveis e vazamentos de informação ocuparam as coisas nunca terminam. Há sempre mais
as manchetes do mundo todo. Adicione a essa e-mails, reuniões e prazos, que resultam em
receita a ameaça da automação, questões que pressão para se fazer tudo e levam as pessoas
envolvem a inteligência artificial e o medo ge- a se sentir desgastadas e distraídas. Em 2019,
rado por empresas de tecnologia muito pode- menores níveis de distração serão essenciais
rosas: o resultado é a fragilidade da confiança por duas razões: muitas pessoas sofrem com
das pessoas no sistema. Desde 2016, a Euro- a ansiedade e a maioria quer dedicar mais
monitor detecta em pesquisa que as pessoas tempo a assuntos que realmente importam.
estão lendo os rótulos de alimentos e bebidas
com mais atenção do que nunca. Transpa- O conceito de “design calmo” para a “inter-
rência torna-se uma atitude default, que as net das coisas (IoT)” é uma tecnologia que
pessoas esperam das empresas e os consu- se molda ao nosso dia a dia sem que pre-
midores esperam das marcas e que, inclusive, cisemos de um dispositivo ou recurso para
passa a fazer parte do seu valor percebido. usá-la, é a porta de entrada. O design calmo
já existe: o Amazon Echo e o Google Home
O CEO da Tesla, Elon Musk, respondeu pes- são exemplos disso, assim como os carros
soalmente a um consumidor que reclamava autônomos. Usar a tecnologia como um meio
no Twitter e, em seis dias, corrigiu um pro- para se distrair menos pode soar contraprodu-
blema de espera em estações de recarga. cente, mas na verdade é questão de saúde.
Jack Dorsey e Brian Chesky, CEOs do Twitter
e do Airbnb respectivamente, também fo-
ram ao Twitter para perguntar como po-
deriam melhorar suas empresas em 2017,
Consumidor

iniciando conversas com consumidores de


seus produtos e ganhando novos clientes.

8
Preparando novos volvidas desde o ensino fundamental. Modelos

2 humanos: A nova
de aprendizagem estão considerando a saída
do ambiente fechado da sala de aula e subs-
Educação tituindo os exames tradicionais por vivência
e experimentação. O ato de brincar ganha
protagonismo no processo de aprendizado
Se pudermos eleger a área mais crucial para e o empreendedorismo, qualidade natural da
FORMAÇÃO
EIXO

uma mudança de mentalidade, que nos geração Alpha, inspira um novo modelo de en-
ajude a fazer uma transição saudável para sino, que dá mais liberdade para o aluno. Até
a Quarta Revolução Industrial, essa é, por mesmo regras centenárias de comportamento
unanimidade, a educação. A educação é o em aula estão sendo revistas ou até elimina-
princípio de tudo. O que aprendemos cedo das, privilegiando uma expressão mais es-
na vida influenciará substancialmente a ma- pontânea de identidade para quem aprende.
neira como enxergaremos a realidade e que
ferramentas usaremos para transformá-la. 2.1
A Escola Alpha
De novos formatos pedagógicos ao uso de
devices tecnológicos, tudo está se transfor-
mando na sala de aula da chamada ‘Geração
Alpha’ (nascidos a partir de 2010), que será Resumo: Escolas e startups atenderão à
cada vez mais personalizada e customizada Geração Alpha com estratégias inova-
para os alunos. De acordo com algumas pro- doras de educação para a era digital.
jeções, eles serão um boom demográfico,
proveniente principalmente de lugares como Codificação está prestes a se tornar tão impor-
a Índia, a China e a África. Isso deve gerar tante quanto alfabetização para todos os alu-
um grande impacto social e cultural no futu- nos, não apenas aqueles configurados para se
ro, uma vez que grande parte da juventude tornarem engenheiros de software. Educado-
ativa e criativa se encontrará fora do eixo oci- res estão encontrando novas maneiras de se
dental EUA-Europa que conhecemos hoje. preparar estudantes para tecnologias que ain-
da precisam ser inventadas, e o Vale do Silício
Para atender às necessidades dessa gera- está cada vez mais vocal sobre o que o futuro
ção, escolas e startups de educação adotam precisa em instituições educacionais. Solução
estratégias inovadoras e revolucionárias. Em de problemas as habilidades natas são valo-
primeiro lugar, os educadores estão buscando rizadas em relação à aprendizagem baseada
novas maneiras de preparar estudantes para em assuntos. Gamification* e Design Thinking*
tecnologias que ainda precisam ser inven- se tornarão conceitos educacionais importan-
tadas. Para viabilizar isso, o currículo escolar tes para uma geração que precisará de criativi-
está incluindo ferramentas e metodologias dade e de uma abordagem colaborativa para
pouco ortodoxas, como gamification e design sobreviver no mercado de trabalho futuro.
thinking, que devem se tornar conceitos edu-
cacionais permanentes na grade das escolas. Gamification (ou gamificação) é uma téc-
Da mesma forma, a prática de mindfullness nica que usa jogos em situações que não
passa a integrar a grade de atividades funda- são brincadeira. Significa usar elementos
mentais, afetando presença e concentração dos jogos de forma a engajar pessoas para
para um melhor aprendizado. Coerentemente atingir um objetivo. Na educação, o po-
com o que o mercado de trabalho tem exi- tencial da gamificação é imenso: ela fun-
Educação

gido, criatividade e colaboração se tornam ciona para despertar interesse, aumentar


competências fundamentais a serem desen- a participação, desenvolver criatividade e

9
autonomia, promover diálogo e resolver Fogle, mais experiências em educação deve-
situações-problema. – Geekie.com.br riam ser moldadas ao ar livre, porque a nature-
za é muito mais tangível e experimental do que
Design Thinking É uma abordagem que busca qualquer sala de aula tradicional. Numa so-
a solução de problemas de forma coletiva e ciedade onde a tecnologia convida, cada vez
colaborativa, em uma perspectiva de empatia mais, a brincar dentro de casa e em realidade
máxima com seus stakeholders (interessados): cada vez mais virtual, experimentar o mundo lá
as pessoas são colocadas no centro de de- fora deveria ser matéria obrigatória em escolas.
senvolvimento do produto – não somente o
consumidor final, mas todos os envolvidos na Deep Green Bush é o nome de uma nova es-
ideia (trabalhos em equipes multidisciplinares cola alternativa da Nova Zelândia, onde a sala
são comuns nesse conceito) – Endeavor.org de aula é virada do avesso e os alunos pas-
sam a maior parte do tempo entre as árvores,
A Fluent City é uma escola de idiomas nesses aprendendo a pescar, caçar e cozinhar, inclu-
moldes. Considera-se “a escola de cultura sive fazendo seu próprio fogo. No Reino Unido,
para o curioso insaciável”. A start-up de Nova em um cenário único de floresta nativa, está
York garantiu um financiamento de US $ 2,5 o Jardim da infância de floresta Sevenoaks.
milhões em 2016 e hoje está aplicando seu
ensino através de métodos não-convencionais Sua fundadora, Caroline Watts, explica:
e a chamada filosofia experiencial em áreas “Aqui, estamos muito longe de quaisquer
que vão além dos idiomas, como culinária, problemas criados pelo mundo moderno,
cultura e viagens. Acredita em cursos disco- ligados a administração, tecnologia e geran-
very-based e em aulas que se transformam do tédio. As alegrias de cada estação estão
em imersões de um mês inteiro. “Nós ansia- presentes, enquanto coletamos castanhas
mos por uma vida próspera e multidimensio- com as formigas olhando e a água da chu-
nal ” diz o CEO James Rohrbach. “Estamos va tocando o rosto”. Isso é o mundo real.
construindo o primeiro hub multidisciplinar
para esse tipo de aprendizado em rede e
baseado em exploração de formatos.”
2.3
Sem Regras
2.2
Rewilding Education Resumo: Escolas que experimentam
modelos de ensino menos estrutu-
rados pretendem abolir muitas das
Resumo: Desiludidos com o siste- regras que julgávamos fundamen-
ma escolar, modelos de aprendiza- tais para o formato de educação.
gem privilegiam o contato com a
natureza em detrimento das avalia- A sensação de que a educação não está fun-
cionando porque está muito desconectada
ções tradicionais de performance.
das necessidades do nosso tempo é presente
em muitas sociedades. Em resposta a isso,
Desiludidos com o sistema escolar, modelos
uma abordagem que pretende abolir regras
de aprendizagem que pressupões contato
está construindo escolas que experimentam
com a natureza e a exploração do lado de fora
modelos de ensino bem menos estruturados.
da sala de aula pedem menos exames e mais
vivência no processo de avaliação dos alunos.
Educação

Nas palavras de Krzysztof Zajaczkowski,


professor-chefe da Drumduan School, uma
De acordo com o aventureiro e viajante Ben

10
escola escocesa, “A educação ainda res- presas, e a pesquisa sugere que os estudantes
ponde a um modelo pós-industrial vitoriano. de baixa renda que vivem em ambientes de
É preciso ampliá-lo, dar muito mais possi- maior stress poderiam experimentar muitos
bilidades para os jovens construírem sua benefícios. “Não é irônico que ensinamos
resiliência, sua coragem e compaixão - ha- tudo aos alunos, exceto sobre eles mesmos?”,
bilidades para a vida – junto com habilida- pondera Carlos Garcia, Superintendente
des acadêmicas. Para isso, mais ênfase será do ‘San Francisco Unified School District’.
dada à promoção de um pensamento livre,
independente e à educação emocional.” Amanda Moreno, especialista em desenvolvi-
mento infantil do Instituto Erikson de Chicago,
A Escola Berlin Center tem uma abordagem estuda mindfulness em 30 escolas públicas
sem regras para o aprendizado. Sem notas, de áreas de alta pobreza nos EUA. Acompa-
sem calendário, sem agenda. Os alunos de- nhando 2 mil alunos de pré-escolares até a
cidem quais matérias estudar e quando que- segunda série, ela conclui: “as pessoas estão
rem fazer os exames. A escola se concentra começando a perceber que produtividade e
em cultivar a confiança. A diretora Margret humanidade estão ligados na educação. As
Rasfeld explica: “Olhe para crianças de três duas são compatíveis e necessárias uma para
ou quatro anos - elas são todas cheias de au- a outra”, diz em entrevista à ‘The Atlantic’.
toconfiança. Mas, frustrantemente, a maioria
das escolas tradicionais consegue, de algu- O programa The Quiet Time, da Fundação
ma forma, minar essa confiança natural”. David Lynch, atende escolas de São Francisco,
Califórnia, que apresentam grandes desafios
Na França, a Ecolé 42 foi revolucionária. com o comportamento juvenil, alta rotativida-
Criada pelo bilionário francês Xavier Niel, de de professores e lacunas de desempenho
a universidade experimental de três anos acadêmico. Introduzindo meditação para toda
é revolucionária em sua abordagem sem a comunidade escolar - alunos, professores
regras. Sem professores. Sem livros. Ne- e diretores – essa inovação restaurou efetiva-
nhum currículo. Os alunos seguem sozi- mente a cultura acadêmica e o bem-estar nas
nhos no seu próprio ritmo, levando o tem- comunidades escolares e informa que as taxas
po que precisam para concluir o curso. de suspensão estão baixas e os resultados
acadêmicos melhoraram substancialmente.
2.4
Mindful Schooling 2.5
Alpha Play

Resumo: Práticas de concentração,


respiração e presença pressupõe Resumo: A previsão de que a Geração
abordagens mais holísticas para Alpha terá menos oportunidades
o processo de aprendizagem. de brincar, gera um alerta sobre a
importância dessa atividade para
Uma reação contra o aprendizado conduzi- o processo de aprendizagem.
do por exames e uma maior conscientização
sobre saúde mental levarão a escolas a expe- A Geração Alpha desperta algumas preocu-
rimentar abordagens mais holísticas para a pações. Há uma aposta de que esses nativos
educação. Práticas de atenção plena - como digitais tenham menos oportunidades de
Educação

“desligar” e respirar ou exercícios de alonga- brincar do que nunca. Em pesquisa de 2017,


mento - tornaram-se populares em muitas em- encomendada pela Edelman Intelligence

11
com 12.710 pais de Alphas em dez países, Resumo: Educação antecipa
56% dos entrevistados disseram que seus o treinamento de habilidades
filhos passam menos de uma hora por dia
profissionais, colocando o brincar,
brincando do lado de fora de casa. Uma em
o empreendedorismo e a tecnologia
cada dez crianças nunca brinca fora e dois
terços dos pais dizem que seus filhos brincam no centro do aprendizado.
menos do que eles brincaram na infância.
Pais Millennials querem munir seus filhos com
Smartphones, videogames e uma agen- as habilidades que eles acreditam ser mais
da lotada de atividades seriam os maiores valiosas na vida, e isso levou a um au-
responsáveis por esses índices. Acredi- mento da demanda por brinquedos,
tando que as crianças precisam se realizar aplicativos e até acampamentos de ve-
no campo acadêmico, nos esportes ou na rão que prometem desenvolver habi-
música para “ter sucesso”, os pais privile- lidades de negócios cedo na vida.
giam essas atividades formais de aquisição Uma nova onda de escolas, muitas delas
de conhecimento, vendo no brincar uma fundadas por ex-executivos de tecnologia,
trivialidade que pode ser sacrificada. colocam o brincar, o empreendedorismo
e a tecnologia no centro do que fazem. A
Mas “brincar é uma abordagem fundamen- resolução de problemas através da cola-
tal para a aprendizagem, um compromisso boração e da criatividade está no cerne de
divertido, uma maneira curiosa de desco- seus valores. Isso é uma reação ao domí-
brir o mundo”, afirma a doutora Catherine nio de um regime no qual só as habilida-
Tamis-LeMonda, professora de psicolo- des que seriam valorizadas em um futuro
gia aplicada na New York University. emprego interessavam à educação.

Preocupados com isso, a Learning Lands- Financiada por empresários do Vale do Si-
capes Initiative, nos EUA, visa criar oportuni- lício, a Portfolio School, em Manhattan,
dades de aprendizagem em locais públicos. ensina crianças a partir dos cinco anos e é
Uma delas é o projeto Urban Thinkscape, na projetada para operar mais como um local
Filadélfia, que envolve bancos de quebra-ca- de trabalho que privilegia ideias inovadoras
beças em paradas de ônibus, com jogos que do que uma sala de aula tradicional. Ela está
desafiam a mente, projetados para desenvol- na vanguarda de um movimento de esco-
ver habilidades STEM (termo em inglês para las startup que incentivam a aprendizagem
ciência, tecnologia, educação e matemática). através do brincar. “Eles nunca aprendem
“As pessoas aprendem melhor quando são alguma coisa por um dia poderem preci-
ativas, quando estão engajadas em vez de sar disso, mas porque precisam disso agora
distraídas, quando são socialmente interativas mesmo.” diz a educadora Shira Leibowitz.
e estão alegres”, diz Kathy Hirsh-Pasek, pes-
quisadora sênior do instituto The Brookings
Institution, de Washington. “O jogo livre reduz
o estresse e permite que nossos filhos flexio-
nem seu músculo empreendedor”, diz ela.

2.6
Empreendedores Criativos
Educação

12
Preparando Muitas grandes empresas estão, inclusive,

3 Novas Ideias:
destacando a importância do brincar como
forma de moldar força de trabalho do futuro.
A Nova Academia É como se as pessoas precisassem reapren-
der a ser pessoas, antes de se entender e se
apresentar como profissionais. Isso afeta as
Se a educação fundamental quer uma revolu- grades e as abordagens de ensino. Nesse
FORMAÇÃO
EIXO

ção, não pode ser diferente no ensino superior. cenário, faz todo o sentido que as empresas
As empresas do futuro vão procurar funcio- e as marcas se coloquem como parceiras
nários com uma gama diversificada de habili- das universidades para gerar a força de tra-
dades, que combinam capacidades técnicas balho que desejam contratar. Essa parceria é
com inteligência emocional e social. Pesquisa muito facilitada pelo sucesso do e-learning,
da Deloitte de 2016 mostra a importância de que hoje já tem universidades importante as-
se ensinar criatividade, empreendedorismo e sinando cursos dos assuntos mais diversos.
resolução de problemas complexos em pro-
gramas acadêmicos, tornando quase obsoleto Diante de mudanças tão rápidas, o próprio
o ensino que não considerar esses recursos: e-learning é o responsável pelo boom da
educação continuada para a maturidade. É
“As habilidades priorizadas por escolas preciso reconhecer que aprendizagem é um
de pensamento linear são precisamente estado de entrega permanente, afinal, quanto
aqueles que os algoritmos são capazes mais a tecnologia avança, mais desejaremos
de produzir, de forma muito mais rápida nos atualizar. Afinal, o FOMO (fear of missing
e confiável” out) é um sentimento que marca a nossa era e
todas as gerações estão expostas à presença
David Deming_ professor da Escola de Pós- dele. O próprio Linkedin, entendendo a impor-
-Graduação em Educação de Harvard tância disso, possui uma unidade de negócio
chamada “Linkedin Learning”, uma plataforma
Para se adaptar a essa demanda já tão evi- de aprendizagem online que permite que
dente, o ensino superior têm modificado indivíduos e organizações atinjam seus obje-
seus programas de ensino para incorpo- tivos e aspirações com ajuda do meio digital.
rar 5 disciplinas estruturantes de um novo Seu objetivo é ajudar as pessoas a descobrir
modelo mental e de uma nova configu- e desenvolver as habilidades necessárias por
ração para as relações interpessoais: meio de uma experiência de aprendizado per-
sonalizada e orientada por dados. Com mais
de 570 milhões de perfis de usuários e bilhões
Inteligência emocional de compromissos, é possível ter uma visão
única de como empregos, indústrias, organi-
zações e habilidades evoluem com o tempo.
A partir disso, identificam-se as habilidades de
que um profissional precisa ter e se podem
Aprendizado Tecnologia ministrar cursos orientados por especialis-
multicanal imersiva tas para ajudá-lo a obter essas habilidades.
Com isso, o Linkedin acredita estar tirando a
“adivinhação” do processo de aprendizado.

Outra novidade na educação é a aprendiza-


gem socioemocional, responsável por comba-
Sustentabilidade Intersetorialidade
Academia

ter depressão, ansiedade e estresse, que levou


as escolas e introduzir empatia e resiliência no

13
currículo. Seguindo o mesmo raciocínio, o sis- noturna, que procura cultivar os talentos cria-
tema superior também entendeu que sua gra- tivos do futuro. Destinado a jovens com perfil
de precisa incorporar necessidades profissio- inovador, mas que não possuem um diploma
nais de ordem prática. Por isso, está tratando a universitário, dedica-se a treinar os talentos
empregabilidade como um verdadeiro retorno inexplorados. A escola, livre de taxa de matrícu-
sobre o investimento dos alunos, inclusive con- la, explica que “Talento não é sobre onde você
dicionando o pagamento dos cursos ao suces- esteve ou quem você conhece. E não é sobre
so na obtenção de um primeiro bom emprego. ter um grau universitário. O sucesso deveria ser
pautado sobre habilidades cruas, vocação.”

3.1 3.2
Human Learning, Education Partnerships
Not Machine Learning

Resumo: As marcas, na condição


Resumo: Cultivar a criatividade, de empreendedores sociais, lançam
desenvolver inteligência emocional e parcerias educacionais que inovam
construir empatia são as habilidades que a experiência de aprendizagem.
os robôs ainda não podem substituir.
Mudanças tecnológicas e sociais estão trans-
Pesquisa sugere que a capacidade de brincar é formando as habilidades que as empresas
mais importante ainda num mundo dominado vão exigir de seus empregados. Enquanto o
por tecnologia. Muitas grandes empresas estão sistema de educação global luta para acom-
destacando a importância do brincar como panhar essas mudanças, as marcas atuam
forma de moldar a força de trabalho do futuro. como empreendedores sociais, oferecendo
O jogo permite cultivar a criatividade, desenvol- seu apoio e parceria. Isto está lançando as
ver inteligência emocional e construir empatia – bases para novas parcerias educacionais que
habilidades que os robôs não podem substituir. trazem à tona o uma experiência de apren-
dizagem inovadora, responsiva e orientada
Considerando que, das habilidades humanas, para a realidade mais prática possível.
talvez a criatividade seja a mais difícil de se re-
produzir por machine learning, esse é um passo Um relatório de 2017 do Institute for the Future
mais estratégico que intuitivo da mentalidade e da Dell Technologies prevê que “85% dos
de ensino. empregos existentes em 2030 ainda não foram
inventados”. Isso significa que as empresas
“Isso é o que vai continuar nos garantindo precisam antecipar as habilidades que o futuro
um lugar na mesa da evolução”, diz Viktor exigirá e fabricar estratégias complementares
Mayer-Schonberger, professor de governan- de aprendizado. Investir em educação e no
ça da internet e regulamentação, da Univer- desenvolvimento dessas novas habilidades
sidade de Oxford, em artigo de março de garantirá um futuro próspero e mais iguali-
2017 para a BBC. Dr. Peter Gray, psicólogo tário, do qual consumidores, instituições e
e professor no Boston College, argumenta marcas podem participar colaborativamente.
que as crianças que brincam menos na in-
fância têm aumento de desordens mentais, Em 2017, a escola de design holandesa Kol-
incluindo ansiedade e depressão, bem como ding uniu forças com a LEGO Foundation e
Academia

um declínio da capacidade de ter empatia. o LEGO Group para estabelecer o Design


New Blood Shift é uma escola exclusivamente for Play, um programa de mestrado de dois

14
anos. Os alunos aprendem sobre a impor- hoje expande possibilidades de emprego de
tância do brincar e da criatividade na educa- amanhã – e as marcas já percebem isso. Es-
ção, no trabalho e nos ambientes sociais. O colas e universidades são investimentos de
Design for Play visa impulsionar estes valores longo prazo para um futuro de alta qualidade.
e abordagens para o mundo mais amplo
através dos seus graduados, provocando A aprendizagem baseada em desafios é um
mudanças e melhores resultados no futuro. modelo de educação prática e multidisciplinar
desenvolvida pela “Apple Classrooms of Tomor-
Fabrica, um projeto do Grupo Benetton e de row - Today”, um projeto em andamento inicia-
Oliviero Toscani, é um centro de comunica- do pela Apple em 2008. Em 2016, o programa
ção e pesquisa com sede em Treviso, Itália. de aprendizagem baseado em desafios foi
Fundada em 1994, o projeto prepara jovens ativado com o lançamento da Developer Aca-
disruptores sociais, que continuam sua práti- demy, uma parceria com a Universidade de Ná-
ca de forma independente depois de deixar poles Federico II. O programa de um ano é de-
o centro. Relançado em 2018 sob a direção dicado a desenvolver aplicativos com foco em
de arte de Luciano Benetton e Oliviero Tos- uma metodologia colaborativa e proativa. Alu-
cani, Fabrica lançou iniciativas exclusivas, nos de diversas origens são convidados a expe-
como Fabrica Circus 24 / 7x52, uma série de rimentar o processo de aprendizado e adotar
eventos conectando estudantes com profis- a tecnologia para resolver problemas reais.
sionais e o público para estimular a discus-
são em torno de temas contemporâneos. A Microsoft e a escola Pearson se uniram para
projetar novas experiências de aprendizagem
3.3 misturando o físico e o digital. Anunciada
em janeiro de 2018, a colaboração produzi-
Experiential Knowledge rá e implementará seis aplicativos que usam
o HoloLens, da Microsoft, e outros headsets
do Windows para imergir alunos em áreas de
Resumo: Ao participar do investimento conhecimento, como saúde e história. “Tra-
ta-se de fornecer ferramentas digitais para
em educação, marcas extraem
professores e alunos, não substituindo apren-
inteligência direcionada para seu dizado e ensino, mas aprimorando-o “, diz
negócio e facilitam a construção de Michael Christian, diretor global da Pearson.
uma sociedade mais inclusiva.

Responder eficazmente aos desafios glo-


3.4
bais, como desemprego e mudança cli- The Lifelong School
mática, requer colaboração e cooperação.
Ao oferecer apoio transparente e imparcial
aos educadores, as marcas podem facilitar
Resumo: Para dominar novas
o progresso e levar a sociedade a um fu-
turo inteligente, sustentável e inclusivo.
habilidades na era da automação, é
preciso aceitar que a aprendizagem
Instituições de ensino estão lutando para se é um processo para toda a vida.
adaptar ao futuro do trabalho e apresentando
uma oportunidade para as marcas fornecerem Já que o movimento da automação promete
suporte. Investir em instituições incentiva o muitas mudanças no mercado de trabalho,
crescimento econômico e o progresso social, também haverá esforços voltados à edu-
Academia

e ajuda a assegurar a estabilidade e o empre- cação de adultos. É preciso dominar novas


endedorismo social. Fornecer treinamento habilidades na era da automação. Como

15
o jornalista Max Opray, do The Guardian, introduzir disciplinas escolares menos tra-
declarou: “A quarta revolução industrial é dicionais, tais como empatia e resiliência.
a economia do ‘sempre aprendendo’.”
Os programas especiais de Yale incluem
A SkillsFuture, em Singapura, e a ‘Compte Pes- um centro dedicado à inteligência emocio-
soal de Formation’, na França, fomentam uma nal que trabalha para aproveitar o poder das
cultura de lifelong learning, oferecendo para emoções através de pesquisa e educação,
adultos contas pessoais com as quais eles po- e cria oportunidades de estudo que esti-
dem comprar aprendizado. Outro expoente do mulam a colaboração entre departamentos
movimento é o FutureLearn, um hub de educa- que podem ser complementares, tais como
ção onde se pode encontrar centenas de cur- drama e negócios, arte visual e neuroci-
sos gratuitos de alta qualidade, provenientes de ência, arquitetura e estudos ambientais.
importantes universidades e escolas do mundo:
“Queremos criar uma comunidade de “lifelong
learners” e prover os degraus entre um apren-
3.6
dizado e outro. As marcas também estão inte- Skill-Based Learning
ressadas em investir. A Adobe lançou o Creative
Summer School, uma plataforma para ‘turbinar’
as habilidades dos usuários de seus produtos. Resumo: Integrar ao currículo tradicional
habilidades mais práticas tornou-se
“Vamos reconhecer que os empregos não são
mais para a vida e a educação não é apenas
garantia de maior retorno dos alunos
para os jovens “, declara Maddalaine Ansell, sobre investimento feito na universidade.
CEO da A University Alliance (associação de uni-
versidades britânicas, cuja missão é impulsionar Um relatório de 2017 da Fundação da Câmara
o crescimento e a inovação regional por meio de Comércio dos EUA (USCCF) descobriu que
de pesquisa, ensino e atividades empresariais). universidades são mais bem-sucedidas quan-
do focam no retorno sobre investimento nos

3.5 alunos e integram habilidades específicas rela-


cionadas à prática (carreira) no currículo tradi-
Aprendizagem Socioemocional cional. Programas de graduação híbridos agora
incorporam habilidades de aprendizagem e
parcerias diretas com empregadores, enquanto
startups de educação também são tendência.
Resumo: Programas
universitários absorvem uma MissionU é um programa que se concentra
abordagem socioemocional da em disciplinas de alta demanda de habilidades
aprendizagem para combater sociais, tais como análise de dados, inteligência
depressão,ansiedade e estresse. de negócios, colaboração e pensamento críti-
co. Para desenvolver esse programa, a startup
De acordo com o American College Health de São Francisco trabalhou com empresas
Association, as taxas de depressão, ansieda- líderes em tecnologia, como Lyft e Spotify. Não
de e estresse em universitários continuam há taxas de matrícula para a MissionU, pois os
criando uma demanda por serviços que estudantes só pagam quando conseguem um
ajudem a priorizar e desenvolver habilida- emprego que os remunere com mais de US$
des para lidar com esses estados. Novos 50 mil por ano, quando a startup passa a cole-
programas universitários estão apelando tar 15% do salário desse aluno por três anos.
Academia

para a crescente demanda por uma aborda-


gem socioemocional da aprendizagem, ao

16
Preparando Outra marca desse novo profissional é a empa-

4
tia. Millennials colocam as pessoas em primeiro
Novas Carreiras: lugar e, portanto, entendem que os objetivos
O Novo Profissional das empresas precisam partir do bem-estar
de seus colaboradores. Para eles, os valores
morais influenciam muito as suas decisões
Antes mesmo que uma revolução na educação profissionais e não dá para passar por cima de
MERCADO
EIXO

venha produzir profissionais preparados para valores. Isso afeta diretamente a maneira como
esse futuro, os jovens que estão no mercado já querem ser avaliados e a relação com supe-
vêm causando alterações importantes no mo- riores, que precisa ser frequente e próxima. O
delo corporativo. O impacto da multilocalidade curioso é que a geração seguinte, os Zs, vem
sobre a sociedade em rede causou uma mudan- resgatar códigos de responsabilidade profis-
ça importante da construção da nossa identida- sional que os Millennialsignoraram, tais como
de, que tende a ficar cada vez mais fluida. Em estabilidade e longevidade na empresa. Ou
vez de nos sentirmos apegados a uma nação seja, o caminho contrário também precisará
específica, sentimo-nos cada vez mais à vonta- ser percorrido: o de transformar o mundo cor-
de em vários lugares diferentes. A identidade é porativo num ambiente mais empático, tanto
forjada na experiência e a experiência passa a para os revolucionários Millennials como para
ser mais definidora do que somos do que nos- quem chegou num mercado já transformado.
sas origens. Essa fluidez identitária tem impacto
direto na forma como nos relacionamos com Sabendo que Millennials são muito propensos a
trabalho. E, para os jovens profissionais, se a ex- mudar de emprego e estão em busca de senso
periência os define, eles vão experimentar muito. de propósito, o Linkedin estudou o comporta-
mento profissional dessa geração para apontar
Tudo começou quando os Millennials decidiram as principais indústrias receptivas a esse perfil.
que não queriam limitar sua vida, já muito to- A taxa de rotatividade para os Millennials é mais
mada por trabalho, a um ambiente entre quatro de duas vezes maior do que as outras gera-
paredes. Isso não era nem um pouco sedutor ções na força de trabalho atual, e eles tendem
para eles e, mais grave, não era produtivo. Por a trocar de emprego duas vezes mais rapida-
isso essa geração transformou o estilo de vida mente do que os não-millennials. De acordo
autônomo em uma de suas maiores marcas. com o relatório do Inside the Mind of Today’s
Isso só foi possível graças à mobilidade, propor- Candidate do LinkedIn, as três principais razões
cionada pelo boom da tecnologia mobile e pela pelas quais eles decidem mudar de emprego
tolerância com trabalhos remotos, que come- são 1) falta de oportunidades de progressão na
çaram com os famosos home offices. Automati- carreira, 2) compensação/ recompensas insa-
camente, isso atraiu os formatos de trabalho on tisfatórias ou 3) falta de trabalho desafiador. Dito
demand (demandados por job), o que contribuiu isso, essa geração muito mais flexível: 50% mais
muito para desatar o nó da escassez de empre- propensa a se mudar para uma nova função.
gos fixos, um resultado da crise financeira global
de 2008. Já podemos nos despedir das sema-
nas formatadas em 8 horas por dia, o chamado
4.1
trabalho “9to5”. Até 2020, 40% dos trabalhado- Freelance: The Millenium Way
res americanos serão independentes (freelan-
cers). O futuro está em formatos progressivos
de demanda, como Uber e TaskRabbit, e em Resumo: Millennials almejam combinar
programação flexível, que fornece contratantes
suas vidas pessoais e profissionais,
independentes e em plataformas online de re-
espaço que só a fluidez de um
Carreiras

crutamento. Isso permite às empresas encontrar


os melhores talentos de forma rápida e eficiente. freelancer permitiu conquistar.

17
Atualmente, 53 milhões de americanos são de de trabalhadores temporários continuará
autônomos (eram 42,6 milhões em 2004) crescendo nos próximos três a cinco anos.
e, desses, 38% são Millennials. Então, o que
fez deles a geração freelancer? Muito disso Os trabalhadores se beneficiam porque são
tem a ver com os objetivos, valores e cren- capazes de trabalhar para várias empresas de
ças centrais da época. Criados por pais que uma só vez, atendendo continuamente a seus
conseguiram prosperar e em uma sociedade interesses enquanto mantêm o controle de
politicamente correta, os Millennials se esfor- suas carreiras - se o trabalho é ruim ou o pa-
çam para sentir que estão no controle de sua gamento é inadequado, eles podem, simples-
carreira. 30% admitem deixar um emprego mente, passar para uma empresa diferente.
porque os objetivos de sua carreira não es-
tavam de acordo com o empregador. Eles Os usuários do Tispr, um mercado mó-
almejam a capacidade de combinar suas vidas vel hiperlocal, criam perfis que mos-
pessoais e profissionais, o que só a fluidez de tram seus talentos (da contabilidade
um freelancer permite realizar. De fato, 45% ao planejamento partidário) e podem
dos Millennials escolhem a flexibilidade do se conectar com os clientes locais.
local de trabalho em relação ao pagamento,
e 60% dos trabalhadores deixam o emprego 4.3
se forem impedidos de enviar mensagens de
Mobile Management
texto ou usar as mídias sociais no trabalho.

4.2 Resumo: Com mais funcionários


Instawork trabalhado de forma remota, as
empresas recorrem a estratégias
de capital humano.
Resumo: A palavra de ordem é on-
demand: uma solução para a falta Desde 2009, o número médio de funcio-
de postos fixos de trabalho, uma nários móveis aumentou em 50% nos Es-
economia para as empresas e um tados Unidos. À medida em que o modelo
de negócios de uma organização evolui de
alívio para Millennials multilocais.
multinacional para internacional e global,
em 2020 o trabalho remoto (‘telecommu-
Uber, TaskRabbit, Angie’s List e até LinkedIn
ting’) se tornará a norma. Diante disso,
- essas plataformas de talentos on-line estão
como as empresas podem gerenciar suas
ajudando as pessoas a se conectar às oportu-
vastas redes de trabalhadores móveis?
nidades de trabalho certas e permitindo que
desempregados voltem ao trabalho. Segundo
Empresas estão integrando seu geren-
o McKinsey Global Institute, a ascensão das
ciamento de capital humano, de siste-
plataformas de talento online poderia adicio-
mas de gerenciamento de fornecedores
nar US $ 2,7 trilhões ao PIB americano total
e de freelances a sistemas baseados em
até 2025. E em países como Brasil, China,
nuvem, que permitem gerenciar todo o
Alemanha, Índia, Japão e Reino Unido, onde
trabalho a partir de um único painel. “Ter
30-45% da população está ou esteve recen-
uma estratégia de capital humano que
temente desempregada ou trabalhando meio
antecipe e espelhe nossa estratégia e pla-
período, essas plataformas proporcionam
no de negócios é um ponto de partida.
transparência na demanda por habilidades.
E é um desafio por si só”, diz Rohana Ro-
De acordo com um relatório da Deloitte, quase
Carreiras

zhan, CEO da Astro Malaysia Holdings.


metade dos gerentes afirma que a necessida-

18
Em termos de desenvolvimento e retenção para os Millennials. 52% dizem que este é o
de talentos, as empresas estão mudando de principal atrativo de um empregador - mais
um modelo de avaliação para um modelo do que os benefícios financeiros - e 35%
de coaching e desenvolvimento. Nos Esta- alegam que programas de treinamento e
dos Unidos, dois terços dos CEOs dizem que desenvolvimento são os principais bene-
planejam dedicar mais atenção ao desenvol- fícios que uma empresa pode oferecer.
vimento do fluxo de talentos e aos futuros
líderes de sua organização, e 78% dizem es-
perar mudanças na forma como a empresa
4.5
administra talentos no futuro próximo. Z Versus Y

4.4
Resumo: Ao contrário os
A Geração da Empatia
Millennials, que praticamente
fugiram dos códigos tradicionais
de responsabilidade, a Geração Z
Resumo: Millennials colocam as
vem para resgatar alguns deles.
pessoas em primeiro lugar e os
valores morais influenciam muito as Em 2020, a Geração Z representará 20% da
decisões profissionais dessa geração. força de trabalho. Ao contrário dos Millennials,
que praticamente fugiram dos códigos tra-
Para os Millennials, as pessoas estão em dicionais de responsabilidade, essa geração
primeiro lugar e essa é uma das caracterís- vem para resgatar alguns deles. Eles cresce-
ticas que mais os diferenciam das gerações ram num mundo pós-recessão e permeado
anteriores. Os valores pessoais e morais in- por terrorismo. Isso os tornou mais financei-
fluenciam muito as decisões profissionais ramente conservadores que as gerações
da Gen Y. Em 2016, a Deloitte descobriu que anteriores – eles temem e evitam dívidas e se
56% desses jovens em todo o mundo “des- preocupam com estabilidade e longevidade.
cartaram trabalhar para uma empresa por Salário e benefícios, oferecidos pelos empre-
questão de valores ou conduta”, enquanto gadores, tornaram-se grandes motivações.
que 49% rejeitaram executar tarefas que
não condiziam com sua ética pessoal. “Eles estão mais focados em ganhar bons
salários e trabalhar em ambientes de traba-
A geração mais jovem acredita que as em- lho estáveis do que pessoas que podem ser
presas que se envolvem com causas e prio- um pouco mais velhas”, diz Ester Frey, vice-
rizam as pessoas, e não o lucro, garantem -presidente sênior de serviços de pessoal de
sucesso em longo prazo. Eles tendem a tecnologia na Robert Half Technology. De
ser partidários da empresa e a confiar nos fato, quase 80% da Geração Z diz que pre-
líderes empresariais para preencher as la- feriria trabalhar em uma empresa de médio
cunas que o governo falha em preencher. ou grande porte depois da graduação, ao
contrário dos Millennials, que preferiam tra-
Isso também tem impacto na maneira como balhar em uma empresa que está no início.
desejam ser avaliados. Eles estão exigin-
do cada vez mais desenvolvimento pro- Pesquisa feita pelo LinkedIn com mais de
fissional, oportunidades de aprendizado e mil profissionais brasileiros entre 25 e 33
mentoria, com feedback e estímulo regular. anos mostra que 80% deles foram pegos
De acordo com um estudo da PwC, a as- pela “Crise dos 25 anos”. Conhecida como
Carreiras

censão na carreira é a principal prioridade “quarter-life crisis” (crise do quarto de vida),

19
é uma época em que muitas pessoas co-
meçam a reavaliar escolhas de vida, for-
mação e caminhos profissionais. E, com
isso, fertilizam terreno para ansiedade.

A pressão maior, segundo os jovens, é pela


compra da casa própria. Esse motivo apare-
ceu em 65% das respostas da pesquisa. Em
seguida, duas questões ligadas à carreira: en-
contrar um emprego pelo qual se apaixone,
com 46%, e ter as qualificações certas para
o trabalho (39%). Ficar endividado assusta
37% dos entrevistados e a pressão para ser
promovido é razão de ansiedade para 35%. A
idade em que se sentem mais pressionados
é entre 32 e 33 anos e, para 75%, a crise res-
pinga em relacionamentos, além da carreira.
E essas percepções da dificuldade da fase
de vida ainda variam por regiões do país.

O Linkedin enxergou isso como oportunidade


para criar uma ferramenta: a Central de Acon-
selhamento Profissional (Career Advice Tool)
conecta usuários interessados em receber con-
selhos e profissionais que querem compartilhar
experiências e dicas de carreira. O objetivo é
ajudar as pessoas a entenderem caminhos, ce-
nários e possibilidades no campo profissional.

4.6
Empreendedorismo Natural

Resumo: Enquanto os Millennials


exigiam feedbacks e propósito de
seus chefes, a Geração Z decidiu
que não precisa de um chefe.

A dose de responsabilidade que faz os Zs


valorizarem estabilidade financeira também
os transforma num caso curioso de prota-
gonismo profissional precoce. Essa geração
é formada por empreendedores naturais e
inovadores, que gostam de resolver proble-
mas complexos. Desde cedo, eles forjam
seus próprios caminhos e inventam novas
Carreiras

oportunidades de realização profissional.

20
Onde Queremos A hiperconexão decretará o fim da distinção

5 Estar? O Ambiente
entre on e offline. Coerentemente com o que
faz em suas vidas pessoais, a Geração Z vai
Profissional preferir trabalhar em empresas que estão
ativas nas mídias sociais e atualizadas com
os recursos digitais mais novos à disposição.
A melhor forma de se conseguir imaginar o Isso também corrobora com sua vontade de
MERCADO
EIXO

ambiente de trabalho do futuro, já tendo en- flexibilizar carga horária e a presença em es-
tendido como serão seus profissionais, é des- critórios, uma vez que a presença física deixa
construir nossa noção de “limites”, tanto físicos de ser determinante para a realização de um
quanto comportamentais. É nítido que a satis- bom trabalho. O auge dessa liberdade é o
fação com esse espaço conceitual é determi- que chamamos de “nomadismo digital”, um
nante para a realização profissional e ele estará estado permanente de deslocamento, que vai
cada vez mais livre de paredes e formalidades. do home office a viagens, permitindo traba-
Uma organização “sem limites” (Boundaryless) lhar remoto de qualquer lugar do mundo que
se baseia em comportamentos fluidos e adap- tenha uma boa internet. A multilocalidade se
táveis, e não em práticas corporativas rígidas. concretiza e se realiza no nomadismo digital.
Não há isolamento entre as áreas, a mudança
é bem-vinda e o que importa são as pesso-
as e o interesse comum. Sim, essa também
5.1
é uma consequência da multilocalidade. Transparent Workspace

Indiscutivelmente, a internet é o primeiro siste-


ma sem limites com adoção em massa e que Resumo: Honestidade e transparência
continua a permear as nossas vidas. Temos serão os principais filtros que a Geração
mais poder do que nunca em nossas mãos.
Z vai colocar em sua vida corporativa.
Entretanto, também estamos mais impacientes
e insatisfeitos. O resultado é o crescimento da
A primeira característica que dá o tom para
Economia de Experiência, formada por pesso-
esse cenário é da natureza da Geração Z. Esta
as que atuam em áreas diferentes ao mesmo
é uma geração incrivelmente auto-motivada e
tempo (contador de dia/professor de ioga à
que quer apender com chefes honestos. Um
noite) e cada vez mais trabalhadores remotos.
estudo da empresa americana GenZGuru, o
“Gen Z @ Work”, descobriu que 84% dos en-
Nesse novo ‘espaço’ conceitual, a transparên-
trevistados preferem as conversas cara-a-cara,
cia é uma via natural de relacionamento para
consideradas o método ideal de comunica-
as novas gerações. Os Millennials preconiza-
ção no local de trabalho. A Gen Z procurará
ram isso e os Zs irão exigir isso. A troca com
locais de trabalho transparentes e não quer
chefes e equipes tendem a ser mais frequen-
seguir cegamente as ordens, mas sim en-
tes e honestas, atendendo a uma demanda
tender como seus esforços estão realmente
por rápida adaptação e rápida satisfação, uma
mexendo os ponteiros do negócio. Recomen-
vez que não há tempo a se perder com forma-
da-se que as empresas usem parte do tempo
lidades desnecessárias. Da mesma maneira,
regular do trabalho para que chefes e equipe
a presença de diversidade étnica, racial, de
possam compartilhar pessoalmente seu pro-
crenças e de formações será uma realidade
gresso, tirar dúvidas e falar o que pensam.
óbvia nas empresas e demandará políticas
igualmente transparentes de oportunida-
Um relatório de 2017 da Bridgeworks, em-
des, reconhecimento e remuneração justa.
Workspace

presa que estuda diferenças geracionais no


local de trabalho, descobriu que 26% dos

21
Gen Zs querem que seu chefe seja honesto A Bridgeworks descobriu que 50% da Ge-
com eles, enquanto 54% querem incentivo ração Z vê o gênero como um obstáculo na
de seu chefe. “Eles não querem uma ava- carreira, enquanto 90% querem mais líderes
liação anual do seu trabalho, eles querem femininos no local de trabalho. Além disso, a
ser orientados e receber feedback regular- EY descobriu que as mulheres da Geração Z
mente”, diz Christine Comaford na Forbes. veem a inclusão como um fator chave para
confiar em um chefe: 70% das mulheres da
5.2 Geração Z citam que “compensar e promover
pessoas consideradas ‘diversas’” é um fator
Inclusão Já é Parâmetro muito importante para confiar em um chefe.

A tecnologia promete ajudar a diminuir o pre-


Resumo: A diversidade é um diferencial conceito de gêneros. Os currículos desaparece-
rão, as máquinas impulsionarão a diversidade de
competitivo nas empresas e afeta direta-
gêneros e o recrutamento para algo chamado
mente sua reputação junto à geração Z. “LQ” será a próxima grande novidade. Estas são
três previsões sobre o futuro do recrutamento
A Gen Z é a geração com maior diversida-
do ex-chefe global de recrutamento da Accen-
de étnica que já conhecemos. As empresas
ture, que contratou mais de cem mil pessoas
não podem ignorar isso e devem promover
em 120 países somente em 2016. Para recrutar
inclusão e oportunidades iguais em tudo o
nessa escala, é preciso uma abordagem voltada
que fazem. Isso inclui a linguagem usada den-
para o futuro para a contratação, incluindo o
tro dos escritórios, políticas e recrutamento.
entendimento de como a tecnologia irá remo-
Caso contrário, as elas perderão “oportuni-
delar o recrutamento. Nesse estudo, Jennifer
dades para diferentes conjuntos de habili-
Carpenter, ex head global de recrutamento da
dades e maneiras de pensar, e serão vistas
Accenture, revela o futuro do recrutamento e
negativamente por funcionários e potenciais
dá algumas dicas para nos aproximar dele:
funcionários”, diz Tanya Duncan, diretora ad-
ministrativa da empresa de dados Interxion.
1. O fim do currículo está próximo - a
tecnologia fornecerá mais sinais so-
De acordo com um estudo de 2016 da
bre o potencial de um candidato
empresa de contabilidade EY, dois terços
da Geração Z citaram a remuneração e
2. Máquinas vão alimentar “inclusão inte-
a promoção em bases igualitárias (inde-
ligente”, reduzindo o viés de gênero
pendentemente de diferenças de gênero
ou raça) como um fator chave quando se
3. Ferramentas online ajudarão os re-
trata de confiar em um empregador.
crutadores a testar o “LQ” (quociente
de aprendizado de um candidato).
Os membros da Gen Z testemunharam, en-
quanto cresciam e se tornavam estudantes,
uma fase do mundo em que as grandes cor- 5.3
porações foram explicitamente criticadas The Connected Workspace
sobre suas posturas em relação à igualdade
no local de trabalho. Com isso, eles se im-
portarão profundamente com a integridade
de uma marca e evitarão aquelas que não Resumo: A relação simbiótica da
estiverem à altura de suas convicções: eles Gen Z com tecnologia, em que não
Workspace

querem trabalhar para empresas que sejam há separação entre on o offline, não
justas, imparciais e adotem a diversidade. é exceção no local de trabalho.

22
Os Gen Z são os primeiros 100% nativos digi- O estudo de 2017 da Global Workplace Analy-
tais, por já terem nascido com a presença da tics descobriu que 80% a 90% da força de
internet. Eles confiam na conectividade digital trabalho dos EUA dizem que gostariam de
mais do que em qualquer outra geração, adap- trabalhar remotamente pelo menos meio
tam-se a novas tecnologias mais rapidamente período, enquanto 50-60% dos funcionários
e se movem facilmente entre as plataformas. das empresas da ‘Fortune 1000’ tendem a
trabalhar longe de suas mesas. A fluidez en-
Por isso, eles optam por empresas que tre vida profissional e pessoal e as vantagens
estão ativas nas mídias sociais e atualiza- da multilocalidade têm tornado obsoleto, em
das com os recursos digitais mais novos muitos casos, a presença física e o bater do
à disposição. Como querem informações ponto em escritórios. O tempo de desloca-
que sejam rápidas e de fácil acesso, em mento, a poluição gerada pelo transporte e
qualquer lugar, os sites de empresas mo- a diminuição de empregados domésticos
bile-friendly serão fundamentais. integrar na vida das classes econômicas mais fa-
tecnologias sofisticadas ao local de trabalho vorecidas tem obrigado os profissionais a
será cada vez mais atraente para a Gen Z. rever o formato presencial de trabalho.

Um estudo de Randstad sobre o futuro do lo- Embora ainda haja algum estigma em torno
cal de trabalho de 2017 descobriu que os mais dos níveis de produtividade em home office,
jovens estão interessados em locais de traba- os Millennials ajudaram a quebrar tabus em
lho que incorporam tecnologias emergentes torno do assunto e defenderam um equilíbrio
como realidade virtual, robótica e wearables: maior entre trabalho e vida pessoal. Em con-
91% da Geração Z acredita que a sofisticação trapartida, a Gen Z vai querer “integração entre
tecnológica afetaria seu desejo de trabalhar vida e trabalho”, diz Kunal Kerai, especialista
para uma empresa (estudo da GenZGuru). em ambiente de trabalho da GenZ e diretor
de recursos humanos da Visa. Isso significa
“Como o local de trabalho continua em busca que as empresas precisarão ser mais flexí-
da melhor forma de incorporar tecnologia, veis e permitir que os Zs funcionem sempre
esta geração vai liderar o caminho ... Esta é e onde quer que sejam mais produtivos. “As
a primeira vez que temos na geração mais empresas progressistas que buscam recrutar
jovem uma figura de autoridade em algo re- talentos da Gen Z provavelmente adotarão
almente estratégico para o mundo corpora- políticas de trabalho remoto robustas e ain-
tivo”, diz o co-fundador da GenZGuru, David da mais flexíveis. À medida que a Geração
Stillman. Isso pode resultar em significativas Z entra na força de trabalho, o trabalho se
alterações na hierarquia corporativa no mer- tornará cada vez mais remoto por razões de
cado de trabalho como o conhecemos. integração entre trabalho e vida”, diz Kerai.

5.4 No Brasil, Ticket, Philips, 3M, Unysis e Localweb


já estavam entre as empresas que adotaram
Anytime, Anywhere home office antes da reforma trabalhista. Em
matéria da Revista Exame, Eduardo Távora,
diretor regional de vendas para Norte e Nor-
Resumo: A flexibilização de carga deste da Ticket, conta que o trabalho remoto
surgiu da necessidade de reduzir custos, com
horária e de local de trabalho deixará
a chegada de novos concorrentes. Ele revela
de ser uma possibilidade para ser que as receitas de vendas novas aumentaram
necessidade e a Geração Z tem em 40% e a economia chega a 3,5 milhões
Workspace

exigências a esse respeito. por mês com apenas 150 pessoas em regime

23
remoto. Depois da reforma trabalhista, mais to é realmente a comunidade. Todos nós
empresas aderem ao home office, defendido sabemos que o trabalho remoto está au-
principalmente por melhorar a mobilidade mentando, e o que isso mostra é que isso
e ampliar a qualidade de vida, mas também não tem que ser apenas em casa. Ele tam-
pela otimização das atividades e a redução bém tem a vantagem de ser mais social “.
de custos. Para citar um exemplo, na Kimber-
ly-Clark, já não é possível comportar todos
os funcionários no escritório, simplesmente
porque não há estações de trabalho sufi-
cientes para todos ali e isso é proposital.

5.5
Creative Nomadic Life

Resumo: O nomadismo digital prova que


é possível trabalhar viajando o mundo e
inspira o estilo de vida dos autônomos.

O nomadismo digital foi inspirado na pos-


sibilidade que profissionais autônomos
têm de trabalhar enquanto viajam. À me-
dida que a economia cresce e os nôma-
des digitais se multiplcam, o mercado se
torna cada vez mais viável para atender
o autônomo que deseje abraçar o poten-
cial criativo e social da economia peer-
-to-peer enquanto estiver no exterior.

Mas a liberdade de não precisar do escri-


tório para fazer valer a produtividade ex-
trapolou os contextos de viagem para se
tornar um estilo de vida. A realidade mul-
tilocal e a condição nômade levam à ideia
de COMUNIDADE, já bem consolidada pela
explosão de espaços de coworking, que
agora apontam para organização social
de agrupamento, apoio e colaboração.

O modelo de negócios da startup Remote


Year reúne criativos - como desenvolvedores
da Web, designers gráficos e jornalistas - de
todo o mundo, para passar um ano traba-
lhando e viajando juntos, resultando em 75
pessoas visitando 12 cidades diferentes ao
longo de um ano. Como diz o CEO Greg
Workspace

Caplan, “O principal ponto do Ano Remo-

24
Reconhecimento digitais é, sem dúvida nenhuma, a segurança.

6 Financeiro:
Mas seguida dela, podemos apostar que o
desafio é a transparência, que é justamente
Remuneração onde o sistema financeiro tradicional peca.

O fato é que quando a Geração Alpha já


Não é automático pensar no dinheiro virtual estiver ganhando salário, as criptomoedas
MERCADO
EIXO

como um influenciador direto das decisões deverão exercer um papel muito mais im-
profissionais que Millennials e Zs estão toman- portante na economia, e um número cada
do hoje. Mas quando se leva em conta que o vez maior de iniciativas está familiarizan-
sistema financeiro tradicional pode deixar de do as crianças com esse conceito. Mas é
ser soberano na economia capitalista, abre-se preciso educar crianças e adultos desde
espaço até para o escambo como forma de já nesse contexto, pois há uma mudança
oferecer e obter serviços. Agora podemos importante de mentalidade em curso.
falar em moedas sociais. Isso muda a relação
entre contratante e contratado, muda o acesso Estamos vendo o desabrochar de moedas
à educação e a serviços e muda a economia. sociais, que eliminam o dinheiro da jogada e
privilegiam trocas de ‘favores’ entre marcas
Rumo a uma maior automação se sistemas e consumidores. Em países em desenvolvi-
e serviços, o futuro da remuneração sugere mento, os ‘localtivistas’ estão determinados
uma transição da sociedade focada no di- a manter o dinheiro em suas comunidades,
nheiro físico para um sistema digital, o que defendendo-se das instituições em quem não
está sendo rapidamente conduzido pelos confiam ou que tornam caras as transações
avanços tecnológicos. Cerca de 23 bilhões financeiras. Essa mentalidade foi possível gra-
de cédulas de dinheiro foram retiradas da ças ao surgimento das criptoeconomias, o
economia da Índia, a nota de €500 vai parar que deu a sensação de independência para
de ser fabricada em 2018 e pequenas empre- os indivíduos e permitiu as transações peer-
sas começarem a recusar dinheiro de seus -to-peer (do inglês par-a-par)*. Em um futuro
consumidores. Mas há um contraste curioso de transações digitais, é até possível pensar
entre países de economia estável e países nas pessoas como o próprio dispositivo de
em desenvolvimento, que sugere que o di- pagamento, eliminando até os smartpho-
nheiro físico ainda está longe de morrer. nes da intermediação de uma transação.

Pesquisa da International Journal of Central * Com sigla P2P, é uma arquitetura de redes
Banking, de 2016, revelou que os indivíduos onde cada um dos pontos da rede funciona
das nações em desenvolvimento estão mais tanto como cliente quanto como servidor, per-
interessados em adotar um sistema sem mitindo compartilhamentos de serviços e da-
dinheiro do que aqueles que vivem em paí- dos sem a necessidade de um intermediário.
ses mais ricos (por exemplo, 42% na Turquia
em comparação a 21% na Grã-Bretanha). Na
África e na América do Sul, as criptomoedas
6.1
são cada vez mais proeminentes, graças ao Dinheiro para as Gerações Y,
alto valor cobrado para transações que en- Z e Alpha
volvem os bancos. Por outro lado, a mesma
pesquisa revelou que 59% dos entrevistados
consideram o pagamento em dinheiro mais Resumo: Millennials são uma geração
Remuneração

seguro, o que é de se esperar em uma época


ansiosa e mal informada sobre dinheiro;
que precisa discutir seriamente a privacida-
de dos dados. O grande desafio das moedas
a Geração Z está sendo preparada desde

25
cedo para administra-lo; e a geração Geração Z deve se tornar mais influente do
Alpha se depara com uma complexidade que a Geração Y e isso está acontecendo
depressa”, afirma Jason Dorset, Presidente do
tecnológica que dificulta sua
Center for Generational Kinetics. “Seu com-
financeiramente, mas é quem mais cedo
portamento financeiramente conservador
vai ter que lidar com transações digitais. e prático permite com que os jovens dessa
geração já se tornem parte de negócios e
Y: da economia, apesar da pouca idade.”

A maioria das inovações fiscais foi projetada A maioria das grandes operadoras financei-
priorizando segurança e eficiência, mas a Ge- ras, incluindo Mastercard, Visa e American
ração Y precisa de mais do que transações Express, já oferecem cartões de pagamen-
eficientes para sanar sua falta de conhecimen- to pré-pagos, que não só permitem que
to financeiro. As startups estão começando menores de idade tenham um gostinho do
a tratar desse abismo de conhecimento e, ao mundo financeiro, mas também mostram
mesmo tempo, a reconhecer que Millennials como funciona a ideia das transações sem
respondem melhor à marcas e produtos que dinheiro desde o início. As startups como a
se alinhem às suas prioridades e entreguem goHenry e a Greenlight têm seu alvo voltado
benefícios num formato que facilite a sua vida. diretamente para a geração que prioriza os
dispositivos móveis. Os cartões pré-pagos e
A abordagem da Finimize, voltada 100% para aplicativos de rastreamento conectado des-
essa geração, é a de condensar matérias im- sas startups são voltados para jovens de 6 a
portantes dos noticiários financeiros em uma 18 anos. Os pais podem carregar os cartões
newsletter diária, fácil de digerir – além de com dinheiro e estipular o limite a ser gasto
dicas de economia e investimentos. O aplicati- em determinadas lojas e os filhos conseguem
vo TransferWise, financiado pela “The Richard rastrear suas próprias despesas e economias.
Branson”, se apresenta como um método
antissistema ‘transparente’ de transferência
monetária. O Square Cash é uma ‘conta sem
Alpha:
conta’, em que transferências podem ser feitas É mais difícil ensinar o valor do dinheiro em
por e-mail por meio de um relógio inteligente. um mundo onde cartões de crédito, depósi-
Um sistema criado pela empresa Dwolla per- tos diretos, transferências eletrônicas, micro-
mite que o usuário faça doação para organi- doações e pagamentos feitos com celular
zações sem fins lucrativos a cada transação. estão se tornando comuns. Soma-se a isso
a importância cada vez maior das criptomo-
Z: edas, uma sociedade marcada por crises e
austeridade financeiras e um mercado de
Para prevenir o abismo existente em relação trabalho onde o empreendedorismo é uma
ao conhecimento financeiro que acometeu carreira válida para os jovens. Uma nova leva
os Millennials, a Geracão Z já está sendo de fintechs startups está encontrando meios
bem preparada para lidar com dinheiro. Um de ensinar o valor do dinheiro às crianças e,
estudo de 2017 feito pelo The Center for Ge- ao fazer isso, está criando um novo sistema
nerational Kinetics em Austin, Texas, revelou bancário. O marketing dessas empresas bus-
que 12% dos jovens de 14 a 21 anos já estão ca educar sobre conceitos econômicos, mais
economizando para a aposentadoria, que 21% do que fornecer um modo conveniente de
já tinha sua primeira poupança antes dos dez estimular o uso do dinheiro em um mundo de
Remuneração

anos de idade e que mais da metade (56%) pagamentos automáticos. Isso sugere que as
discutem sobre poupança com os pais. “A fintechs entendem que os pais de hoje em dia

26
valorizam a educação financeira de um jeito que cidades e áreas metropolitanas devem
que as gerações anteriores nunca fizeram. cuidar do próprio futuro. E eles estão assu-
mindo o controle, inclusive no que for pos-
Cartões pré-pagos, como GoHenry, Osper, sível em relação à sua realidade financeira.
Piggy, Spriggy e Nimbl, permitem aos pais
carregá-los com dinheiro para que crianças Com a ameaça da automação rondando o
de seis anos ou mais possam usar fazendo mercado de trabalho, os localtivistas estão
saques em terminais de autoatendimento, determinados a manter o dinheiro em suas
comprando on-line e realizando pagamentos comunidades. Mais do que patriotismo, o que
automáticos. Para o bem e para o mal, esses importa agora é a sobrevivência da comunida-
serviços também permitem aos pais monito- de. Grant Henninger, planejador urbano e fun-
rar e controlar os gastos dos filhos. O Robin dador da On Prosperity’s Road, uma ONG que
é um aplicativo financeiro para crianças e se- propõe ações locais para resolver problemas
gue o conceito de gamificação, ou seja, usa globais, lembra que “cada dólar gasto local-
recursos de jogos no contexto da educação. mente é um dólar reinvestido na comunidade.”

A Banqer, uma startup neozelandesa, ensi-


na às crianças noções básicas do sistema
6.3
bancário na sala de aula. Desde cedo, ela dá Criptoeconomia Local
exemplos de como integrar a educação finan-
ceira no dia-a-dia escolar. O aluno “abre” sua
própria conta bancária com “dinheiro” dado Resumo: À medida que a confian-
pelos professores, de acordo com a conclu-
ça nas instituições financeiras tra-
são das tarefas. Os fundos são usados para
comprar novos livros ou outros equipamentos.
dicionais despenca, os localtivistas
O sistema também permite que as crianças estão experimentando novos meios
paguem impostos e façam empréstimos. e testando as criptomoedas.

6.2 Na África do Sul, o novo movimento “Be


Local-Buy Local” tem ganhado força por
Localtivismo duas razões: ele apoia os empreendedo-
res locais e celebra as tradições africanas.
Trevor Stuurman, promotor da cultura sul-
-africana, acredita que isso vai estimular
Resumo: Em países em desenvolvimento,
a economia e que “os africanos precisam
os localtivistas estão determinados monetizar a própria cultura”, citando o mer-
a manter o dinheiro em suas cado de joias de luxo como exemplo.
comunidades, uma consequência da
queda de confiança nas instituições. Em uma palestra do TED Talk de 2016,
Neha Nerula, diretora do Digital Currency
Da China ao Brasil, o ceticismo existe e está Initiative do MIT, descreve o futuro do di-
crescendo. Segundo o relatório de pesquisa nheiro como “algo programável. Quando
mundial “Government at a Glance”, da Gal- unimos software e moedas, o dinheiro não
lup e OECD de 2016, a confiança global nos é mais apenas uma unidade estática de
governos despencou de 70% para 42% em valor e não precisamos depender de insti-
2009. Qual é a alternativa? À medida que as tuições que forneçam segurança”. Por isso,
Remuneração

pessoas sentem que países e governos não os localtivistas estão experimentando no-
têm mais poderes para lidar com as ques- vos meios e testando as criptomoedas.
tões do mundo atual, os cidadãos acreditam

27
A Cityshares, moeda digital da cidade de nos compartilhamentos de mídia social dos
Austin, no Texas, estimula os moradores a usuários. As recompensas dos compradores
investirem no comércio local por meio de são baseadas em seguidores e/ou quantida-
transações pelo site Cityshares.com, en- de de postagens. Empresas de moeda social
quanto a Austin.City oferece reservas de ho- estão surgindo; O popular Pays e Tsu oferecem
téis e restaurantes, além de produtos feitos “regalias” (refeições gratuitas, estadias em
por artistas locais. O objetivo da empresa hotéis) em troca de posts nas mídias sociais.
é fomentar transações diretas entre co-
mércios e clientes, cortando intermediá-
rios que cobram pequenas taxas de ser-
6.5
viço, como Expedia ou Booking.com. Transações Peer To Peer

Em 2016, Dubai lançou a sua moeda digital,


a emCash, enquanto que em Hull, uma cida- Resumo: Em um futuro de transa-
de no nordeste da Inglaterra, a criptomoeda
ções digitais, as pessoas serão as pró-
lançada em 2015, a HullCoin já está em alta.
prias instituições de pagamento.
No Brasil, o bitcoin teve seu pico, virou fris-
son e colocou muitos investidores modera-
De acordo com a BI Intelligence, as realiza-
dos a começar a pensar em criptomoeda.
ções de pagamento de “pessoa para pes-

6.4
soa” (PPP) em dispositivos móveis nos EUA
devem subir para US$ 336 bilhões até 2019.
Moeda Social, Não Financeira Somente em 2016, a Venmo processou mais
de US$ 20 bilhões em pagamentos e a taxa
de absorção do aplicativo tem um aumen-
to anual de 13%. O mercado de pagamento
Resumo: Moedas sociais elimi- PPP atualmente está saturado, mas os novos
nam inclusive o dinheiro da joga- avanços em IA, bots e tecnologia blockchain
da e privilegiam trocas de ‘favores’ passam a segmentar o ramo. Os aplicativos
entre marcas e consumidores. de pagamento PPP dependem basicamente
das conexões entre os usuários. Portanto, as
A potência das transações em rede, sem redes sociais e plataformas de mensagens
intermédio de um banco, está levando a são territórios férteis para a expansão.
um verdadeiro desabrochar de moedas
sociais: as que eliminam inclusive o di- Com mais de 1 bilhão de usuários em todo
nheiro da jogada e privilegiam trocas de o mundo, o Facebook Messenger anunciou
‘favores’ entre marcas e consumidores. em abril de 2017 a ampliação do seu serviço
de pagamento PPP, permitindo pagamentos
Os varejistas Marc Jacobs e Kenzo alavan- entre pequenos grupos, depois do sucesso
caram as plataformas de seus clientes em de aplicativos similares, como o Mypoolin.
2014 (via Tweet Shop e pop-up digita) con- Em 2017, a Airbnb adquiriu a Tilt, uma pro-
seguindo muita cobertura de notícias e em missora startup do setor que originalmente
mídias sociais. A evolução da moeda social ganhou popularidade nas universidades
é uma estratégia “pay-for-play”, o que dá aos dos EUA ao convergir elementos da tecno-
compradores crédito de loja e/ou dinheiro logia de crowdfunding e marketplace. A Tilt
por postagens feitas em de mídias sociais. deverá se tornar uma provedora completa
Remuneração

de serviços de viagem, focada em adaptar


Mesmo a tempo das férias, a One Piece lança sua tecnologia para permitir que turistas di-
o Piece Keepers, uma moeda na loja com base vidam facilmente os custos entre grupos.

28
Valores Humanos e lado, uma série de novos cargos - ethics

7 as Novas Profissões:
compliance manager, por exemplo – devem
exigir graus e conjuntos de habilidades alta-
O Futuro do Trabalho mente especializados. Ambos os casos im-
pactam os processos de recursos humanos
nas empresas. O artigo termina afirmando,
A existência da inteligência artificial convida categoricamente, que “com tantas transfor-
FUTURO
EIXO

à criação de novas categorias de trabalho, mações tecnológicas, os desafios serão mui-


“eliminando milhões de cargos de nível mé- tas vezes mais humanos do que técnicos.”
dio e baixo e criando milhões de novas posi-
ções de alta qualificação” (Svetlana Sicular, Para melhor investigar a origem dessas novas
vice-presidente de pesquisa do Gartner). características que vão definir o mercado e
as profissões, rastreamos as tendências dos
Um artigo da revista MIT Sloan, do Mas- últimos dois anos para chegar nas 3 maio-
sachusetts Institute of Technology (MIT), res apostas dos especialistas para o futuro:
cita um estudo global da Accenture PLC
com mais de 1.000 grandes empresas que
já estão usando ou testando Inteligência Cobot Code Designing
Artificial, e identificou o surgimento de ca- Revolution Create Emotion
tegorias inteiras com atribuições exclusiva-
mente humanas. São elas: Trainers, Explai-
ners e Sustainers, ou seja, os que treinam,
os que explicam e os que sustentam.
Cobot Revolution
A primeira sugere que o mundo corporativo O futuro é híbrido
precisará de pessoas que ensinem os sistemas
de inteligência artificial a operar certas suti-
lezas da comunicação humana. Os chatbots A humanidade floresceu graças à colabo-
(robôs de atendimento ao cliente) precisariam ração. Nós humanos fazemos isso extre-
aprender a ter empatia e saber fazer sarcas- mamente bem. Então por que não aplicar
mo. A segunda categoria seria a que mistura essa mesma relação colaborativa entre
os tecnólogos com os gestores empresariais, pessoas e máquinas? A indústria de robó-
treinados para entender quando o sistema tica colaborativa está projetada para valer
apresenta erro. E a terceira categoria seria a mais de US $ 1 bilhão até 2020, à medida
que garante que o sistema opere conforme que entramos em uma nova era de for-
planejado. Ou seja, é um futuro que nos obriga mação de equipes de robôs humanos.
a aprimorar e desenvolver competências hu-
manas dentro de tecnologia e serviços e que, SAM é um robozinho desenvolvido pela Cons-
definitivamente, criará profissões*. Um tanto truction Robotics que pode empilhar cerca de
menos apocalíptico que a previsão de 1995. 3 mil tijolos por dia - mais ou menos o trabalho
de seis pessoas - por uma fração do custo de
Além disso, essa inovação também altera a contratar essas pessoas. O que não podía-
lógica da educação e do mundo acadêmico, mos prever anteriormente é que a introdução
uma vez que “Treinadores de empatia”, por da ‘robótica colaborativa também poderia
exemplo, podem não precisar de um diplo- ajudar a criar um tipo de força de trabalho
ma universitário. Indivíduos inerentemente fundamentalmente diferente daqueles que
empáticos (uma característica mensurável) conhecemos. O relatório de 2016 do Fórum
podem ser ensinados por um programa de Econômico Mundial, O Futuro dos Empregos,
sugere que as tecnologias disruptivas po-
Futuro

treinamento interno da empresa. Por outro

29
dem ter mais impacto nos perfis de emprego colaborem entre si em projetos individuais.
existentes do que no próprio trabalho. Isso
significa que a automação integrada, em vez A italiana Comau, parte do grupo Fiat, está
de substituir completamente um funcionário, usando o HoloLens na fabricação de peças
seria usada para executar tarefas físicas repe- automotivas e no monitoramento de seus
titivas ou simples com maior eficiência, o que, robôs. A interface, de mãos livres, é conduzi-
por sua vez, permitiria que um funcionário da por gestos e permite que um supervisor
buscasse outros aspectos mais criativos de humano reaja naturalmente aos dados ge-
sua função. Isso também permitiria que os rados em tempo real no chão de fábrica.
funcionários desenvolvessem novos produtos
ou aprendessem conjuntos de habilidades O Project Emma é um dispositivo ‘wereable’
relevantes à medida que o mercado mudas- inicialmente criado para ajudar uma pessoa
se, criando uma força de trabalho flexível e específica que sofre de Parkinson, Emma Law-
capaz de se adaptar sempre que necessário. ton, a compensar os tremores intencionais em
A complementação de funções existentes suas mãos. Essa moça de 29 anos, designer
com robótica colaborativa será fundamental e diretora de criação, temia que o diagnósti-
quando se trata de recrutamento e retenção co significasse o fim de sua carreira. Trata-se
de talentos futuros, especialmente para as de um dispositivo biomédico, tecnologia
gerações nativas digitais e para os Millennials. entitulada ‘Emma Watch’, que ajudou Emma
a recuperar o controle de sua mão na execu-
Já estamos vendo uma integração automati- ção de tarefas simples de desenho e escrita.
zada significativa em campos especializados.
O IBM Watson está sendo usado atualmente
em 45 países por 20 setores, fornecendo Code Create
soluções de processamento de dados, diag- Reescrevendo os códigos
nóstico e análise. Em uma área como a da de criatividade
saúde, a capacidade do Watson de processar
grandes volumes de dados com precisão e
rapidez é inestimável para os oncologistas, De códigos biológicos a códigos de ves-
que precisam personalizar tratamentos para timenta, passando por códigos de com-
casos complexos com bastante rapidez. No portamento, logo será possível reprojetar
projeto CoBots, da Carnegie Mellon University quase tudo. A natureza e a tecnologia
(Estados Unidos), os robôs e os humanos têm serão intimamente misturadas para criar
uma relação simbiótica, que acontece em novos sistemas, materiais e produtos que
tempo real. As máquinas aprendem colabo- fundem os mundos físico e digital.
rando com as pessoas ao seu redor e, se não
conseguirem resolver um problema, simples- A economia do DNA vai impactar uma ampla
mente pedem ajuda ao humano mais próximo. gama de indústrias, de alimentos à moda,
e ver o crescimento das empresas ‘direct-
HoloLens, da Microsoft, é um dos principais -to-consumer’, que colocam as pessoas no
headsets de realidade aumentada encon- comando de como seus dados genéticos
trados no mercado hoje. Ele já se estabele- podem ser usados. O sequenciamento de
ceu como uma ferramenta colaborativa em DNA combinado com o aprendizado da inte-
áreas como design industrial e engenharia. ligência artificial permitirá um nível extremo
Suas sobreposições digitais permitem que de personalização. Até 2022, o mercado de
o sistema renderize modelos gerados por testes genéticos deverá atingir 10,04 bilhões
computador em ambientes reais, acelerando de dólares globalmente. De códigos bioló-
o processo de prototipagem exponencial- gicos a códigos de comportamento, logo
mente. Também permite que vários usuários será possível a reengenharia de quase tudo.
Futuro

30
Empresas como a 23andMe e a AncestryDNA vos empregos, e o Governo Metropolita-
realizam testes genéticos, tanto para entre- no de Tóquio espera que isso estimule as
tenimento como para grandes negócios. economias das comunidades locais.

A medicina de precisão irá revolucionar a


saúde. A decodificação do DNA reduz o Designing Emotion
desperdício farmacêutico e permite diag- A emoção no centro de tudo
nósticos mais precisos. Não haverá mais
efeitos colaterais desnecessários nos remé-
dios de uso mais comum e poderemos falar, O quociente emocional (QE) está emergin-
inclusive, em remédio feito sob medida. do como uma habilidade não só desejada
como essencial na vida profissional e muitas
Frustrados com os “custos crescentes do empresas estão investindo em treinamento
tratamento médico”, a Amazon, a Berkshi- de funcionários para garantir isso. Ao mes-
re Hathaway e o JPMorgan Chase estão se mo tempo, o terceiro setor está sendo en-
unindo para formar uma empresa de saúde tregue a sistemas automatizados. Devemos
independente nos EUA. A Apple está fa- nos perguntar como as empresas podem
zendo o mesmo com a AC Wellness - uma construir inteligência emocional em serviços
cadeia de clínicas médicas independentes e na cadeia de valor? Como atender a con-
para funcionários, que será inaugurada em sumidores que se importam com os valores
2018. A China é líder global em medicina de das empresas de quem contratam serviços
precisão (pesquisa, diagnósticos e cuida- e compram produtos? Como refletir esses
dos baseados em dados genéticos), e deve valores nas marcas e como garantir uma re-
investir US$ 9 bilhões no setor até 2021. lação mais emocional com consumidores,
como um contrapeso a tão alta tecnologia?
Uma lista crescente de planejadores urba-
nos e ambientalistas acredita que o futuro À medida que os humanos se tornam mais
do nosso planeta está nas ‘Cidades Positi- digitais, a tecnologia se tornará mais humana.
vas’, que estão focadas em fazer mais bem,
ao invés de menos mal. Isso inclui o uso de Para o CEO do LinkedIn, Jeff Weiner, líderes de
resíduos para gerar energia, bem como a sucesso não alcançam grandeza por aciden-
construção de comunidades onde as pessoas te. Ao longo de suas carreiras, eles estabele-
podem viver e trabalhar no mesmo bairro. cem princípios que são fundamentais para a
maneira como abordam seus papéis. Esses
O aeroporto OAC, na Noruega, será auto- princípios começam com um gerenciamento
-sustentável, alimentado exclusivamente por compassivo. Enquanto alguns podem interpre-
energia renovável e usando a tecnologia de tar mal a compaixão como suavidade ou ma-
resíduos inteligentes. E também é projetado leabilidade, ele argumenta que a compaixão
para ser socialmente sustentável, impulsio- verdadeiramente incondicional pode na verda-
nando o crescimento regional através da cria- de exigir força de super-heróis. É um ideal que
ção de empregos e eventos comunitários. desafia a confiança, o senso de identidade e
o comprometimento com a visão, apesar das
Tóquio usará as Olimpíadas de 2020 para dúvidas internas e críticas externas. O segun-
impulsionar uma sociedade de hidrogênio, do curso de aprendizado do LinkedIn do Jeff,
gastando US$ 348 milhões em estações On Compassionate Management, ensina aos
de reabastecimento de hidrogênio e outras espectadores o que significa “aspirar a admi-
infraestruturas. Mas não se trata apenas de nistrar com compaixão”. Ele o descreve como
reduzir a carga sobre o meio ambiente - a um trabalho constante em progresso, pois a
Futuro

nova fonte de energia também criará no- compaixão não é condicional. Essa aborda-

31
gem será inevitavelmente mais fácil ao ge-
renciar funcionários com perspectivas seme-
lhantes, no entanto, ela precisa ser estendida
a todos, de cima para baixo em uma organiza-
ção, para realmente gerar valor a longo prazo.

Estudo de 2017 do Google descobriu que seus


melhores gerentes são mais ricos em QE do
que em QI. Mas foi o capitalista bilionário Mark
Cuban que solidificou o valor de Inteligência
Emocional quando disse, em uma conferência
da AOL, de 2017: “Em 10 anos, um diploma
em filosofia da arte mundial valerá mais do
que um grau de programação tradicional.”

A Ford declarou: “Estamos treinando nos-


sos engenheiros para serem melhores em
reconhecer seus próprios sentimentos e
em ler os dos outros. Uma pessoa irritada
pode causar problemas, uma pessoa fe-
liz está interessada em colaborar, e uma
pessoa estressada quer conversar”.

O desenvolvimento da inteligência artifi-


cial tornará possível projetar emoção em
nossas interações com as máquinas.

A Alexa pode rir e contar piadas. A Apple re-


centemente patenteou um sussurro para Siri e
o Google Assistente está ocupado melhorando
sua entonação de voz. As máquinas estão se
tornando mais humanas, pelo menos na super-
fície. Mas o que isso significa para o nosso re-
lacionamento com eles e como nos sentimos
humanos em comparação com eles? Perso-
nalidades artificiais estão sendo aprimoradas.
A voz está se tornando a principal interface
humana com a tecnologia. E em 2020, a emo-
ção será a aposta do design de tecnologia.
Futuro

32
Recomendações: • A diversidade é a tendência que trará mais

8 Como chegar bem


mudanças, e já está sendo por mais da me-
tade das empresas. Muito além de recrutar
ao Futuro do Trabalho minorias, a empresa que quer absorver a diver-
sidade precisa criar um ambiente de seguran-
ça psicológica para seus funcionários. A sen-
O estudo do Linkedin, Tendências Globais de sação de pertencimento é o que permite que
FUTURO
EIXO

Recutamento 2018, que entrevistou mais de 8 eles possam ser sua melhor versão no trabalho
mil especialistas em recursos humanos aponta e a empresa se beneficiará disso. A recom-
que a contratação de talentos se tornou extre- pensa é uma cultura mais forte, um desem-
mamente transacional. As buscas por candida- penho melhor e mais informações sobre seus
tos, a série de entrevistas e a triagem repetitiva clientes segundo o estudo. Equipes diversas
são cansativas, ineficientes e mesmo entedian- são mais produtivas, inovadoras e engajadas.
tes. Estamos em uma nova era de recrutamen-
to, que se concentra nas partes mais gratifi- • As novas técnicas de entrevista (p.ex., ava-
cantes do trabalho, a humana e a estratégica. liações de competências interpessoais e
testes na prática) estão ganhando espaço
As quatro tendências deste ano estão fa- como formas de melhorar as entrevistas tra-
zendo exatamente isso. A proposta do dicionais, mas a adoção ainda está no início.
Linkedin é acompanhar a tendência e
concentrar o processo de aquisição e de- • Cerca de metade dos recrutadores en-
senvolvimento de recursos humanos jus- trevistados no estudo vêem os dados
tamente em sua porção mais humana: como críticos para o futuro das con-
tratações, mas sua utilização de forma
consistente ainda não se difundiu.

AS PRINCIPAIS TENDÊNCIAS QUE ESTÃO • Mesmo sendo a tendência que menos


MOLDANDO O FUTURO DO RECRUTAMENTO
E DAS CONTRATAÇÕES: avançou, a inteligência artificial (IA) de-
verá ser a mais revolucionária de todas.
Muito/extremamente
Além disso, ela provavelmente já está in-
importante serida no dia a dia de muitas empresas.
Muito/completamente
adotado

Só o ser humano
Diversidade Novas ferramentas pode construir cultura
de entrevistas

A inteligência artificial não vai substituir o pro-


fissional de RH, mas sim empoderá-lo. Ao dar
78% 53% 56% 18%
conta da fase analítica, mais mecânica, ela
permite ao avaliador focar na fase estratégica
e dar mais atenção à avaliação de compe-
Dados Inteligência artificial
tências interpessoais, que só um ser humano
pode fazer. O maior aprendizado desse es-
8%
tudo é que que as empresas ainda precisam
Recomendações

50% 18% 35% das pessoas para persuadir e negociar, para


entender as necessidades dos candidatos
e para construir comunidades e culturas.

33
Paradoxalmente, quanto mais usamos a estão negligenciando ou desperdiçan-
tecnologia, mais podemos investir no lado do, em média, 38% de seu talento.
humano do trabalho. Embora ainda não
seja fácil para um computador formar um Os líderes no ranking são Noruega (1º), Fin-
vínculo com um gestor de contratação ou lândia (2º) e Suíça (3º). Os dois países com
convencer um candidato a mudar de ci- melhor desempenho na região de América
dade, no futuro a tecnologia vai melhorar Latina e Caribe são a Argentina (52º) e o Chile
e começará a se infiltrar nas tarefas mais (53º). As duas maiores economias da região,
avançadas, ampliando ainda mais as fun- México (69º) e Brasil (77º), estão no meio e na
ções que o profissional de RH exerce hoje. metade inferior do Índice, junto com o Peru
(66º) e a Colômbia (68º). Nas fileiras inferiores
Capital humano é o da região estão a Venezuela (94º) e nações
da América Central, como Honduras (101º).
melhor investimento
Esse estudo faz um alerta: é preciso inves-
tir no desenvolvimento de talentos em todo
“Capital humano” pode ser entendido como
o ciclo de vida útil e produtiva - por meio
o conjunto de conhecimento e habilida-
da educação e do emprego – porque isso
des que permitem às pessoas criar valor no
aumenta o capital humano.Dados da pes-
sistema econômico global, reconhecendo
quisa, feita em parceria com LinkedIn, con-
que isso é impulsionador de uma economia
firmam que a especialização e a capacidade
próspera e inclusiva. A importância desse
do indivíduo se expandem à medida que
conceito é tanta que o World Economic Fo-
ele começa a trabalhar. Essa divisão de res-
rum criou um “Índice de Capital Humano
ponsabilidade das escolas com o mercado
Global” para acompanhar o nível de desen-
de trabalho pode promover uma verdadei-
volvimento das nações nessa transição. Ele
ra revolução nos sistemas educacionais e
mede os elementos quantificáveis do poten-
nas tomadas de decisão das empresas.
cial de talento em cada país e nos mostra
que ainda há muito espaço para melhorar.
Tech is human

LACUNA NO DESENVOLVIMENTO DO CAPITAL “Concentre-se em valorizar as pessoas. Enri-


HUMANO, POR REGIÃO, 2017 (RELATÓRIO DO WEF):
queça o trabalho das pessoas, repense antigas
tarefas e crie novas indústrias. Transforme sua
26% North America
cultura para torná-la rapidamente adaptável
29% Western Europe
a ameaças ou oportunidades relacionadas
33% Eastern Europe and Central Asia
à inteligência artificial”, diz Svetlana Sicular,
34% East Asia and the Pacific
vice-presidente de pesquisa do Gartner.
38% Global Average

40% Latin America and the Caribbean


Pesquisas sugerem que muitos consumido-
44% Middle East and the North Africa res ainda preferem interagir com um parceiro
46% South Asia de vendas experiente quando visitam uma
47% Sub-Saharan Africa loja, especialmente em áreas especializadas,
onde atendentes bem informados exercem
influência significativa na satisfação do cliente.
Recomendações

Embora se reduza a mão de obra em ativida-


Em média, o mundo desenvolveu ape- des operacionais, os varejistas terão dificul-
nas 62% de seu capital humano medi- dade em eliminar os consultores de vendas
do por este Índice. Ou seja, as nações tradicionais do esquema, segundo estudo

34
da Gartner. A inteligência artificial passará a
ser vista como uma forma de amplificar as
experiências do cliente, em vez de apenas
remover os seres humanos de cada processo.

“A tecnologia pode assumir tarefas re-


petitivas e mundanas, liberando hu-
manos para outras atividades, mas a
simbiose de humanos com ela será
mais sutil e exigirá reinvestimento e
reinvenção, em vez de simplesmente
automatizar as práticas existentes”

Mike Rollings_ vice-presidente de


pesquisa de I.A. da Gartner
Recomendações

35

Você também pode gostar