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CLINICA MEDICA DE SELVAGENS

EPIDEMIOLOGIA DA FEBRE MACULOSA BRASILEIRA (FMB) NO ESTADO


DE SÃO PAULO
A Febre Maculosa Brasileira (FMB) é uma zoonose, transmitida ao homem e animais,
por diferentes espécies de carrapatos do gênero Amblyomma. O principal vetor é A.
sculptum (ex A. cajennense). A transmissão para o homem é feita principalmente pelos
estádios de ninfa e larva, mas o carrapato adulto também é relacionado à transmissão.
A. aureolatum está envolvido na transmissão da FMB entre carnívoros silvestres.
Para a transmissão é necessário a tríade  Carrapato; Capivara; Homem.
Distribuição Geográfica – Capivara (H. hydrochaeris): Concentração maior na
região Sudeste
A FMB foi descrita pela primeira vez no Estado de São Paulo em 1929, por PIZA e
GOMES, logo depois, foi descrita em Minas Gerais e Rio de Janeiro, sendo àquela
época denominada tifo exantemático paulista, dada à sua semelhança com a febre
maculosa das montanhas rochosas, descrita nos Estados Unidos. Sua reemergencia em
território paulista foi registrada na década de 1980, com confirmação de casos, nos
municípios de Pedreira e Jaguariúna. Em Pedreira, os primeiros casos com confirmação
laboratorial ocorreram em 1987, seguidos de registros na região de Campinas (1995).
Em 1996, a doença foi considerada de notificação compulsória nessas regiões.
De 1929 a 1980, onde a FMB estava? Estava sub diagnosticada; Atualmente a FM
está nos equinos, bovinos e cachorros domésticos.
Sazonalidade: Maior predominância no verão.
Etiologia: A doença é causada pela bactéria Rickettsia rickettsii. Bactérias do gênero
Rickettsia são pequenos bacilo curtos ou cocobacilos (0,1 a 0,3 µm), obrigatoriamente
intracelulares (para matar a bactéria é necessário matar a célula), gram (-), reside no
citoplasma do hospedeiro, tanto do vertebrado quanto do vetor invertebrado que a
transmite.
Letalidade: 39% (alta) que varia de região para região pela demora do diagnostico,
tratamento efetivo e população desinformada.
Sintomas: O período de incubação em humanos pode ser de 2 a 14 dias. A letalidade da
doença, quando não tratada, é maior do que 80%.
O cão quando infectado desenvolve uma forma branda da doença, que geralmente
evolui para cura.
O cavalo e ruminantes parecem ser refratários, embora não haja estudos que mostrem
este aspecto.
Humanos tem início súbito, com febre de moderada a alta, geralmente de 2 a 3 semanas
e é acompanhada de cefaleia, calafrios, congestão das conjuntivas, exantema
maculopapular róseo em punho e tornozelo, irradiando para o tronco, face, pescoço,
palmas e solas. Pode também ser assintomática. Alguns problemas como torpor,
agitação psicomotora e sinais meníngeos são frequentes. Face congesta, com edema
peripalpebral e infecção conjuntival. O edema aparece também nas pernas.
Característica eco epidemiológica da FBM
Característica eco Região Metropolitana de SP Interior de SP
epidemiológica
Taxa de letalidade 56,12% 53,44%
Vetor Amblyomma aureolatum Amblyomma sculptum
Passeriformes que frequentam o Cavalos, antas e capivaras
Hospedeiro do solo (larvas e ninfas) (todas as fases do
Vetor Cães e canídeos silvestres desenvolvimento do
(carrapatos adultos) carrapato)
Ainda desconhecido, porém há
Animal indícios de que seja os gambás e Capivara
Amplificador carnívoros selvagens por causa
do tipo de carrapato

Vetores: Os únicos vetores conhecidos da Febre Maculosa Brasileira são os carrapatos


do gênero Amblyomma, principalmente as espécies A. sculptum e A. aureolatum. Para
ambas as espécies de carrapatos, a perpetuação da bactéria R. rickettsii é feita por
transmissão transovariana e transestagial, sendo que o carrapato é o único reservatório
conhecido da bactéria na natureza.
Ixodideos: Conhecidos como "carrapatos duros", devido ao escudo dorsal; Mais de 800
espécies diferentes no mundo, Brasil 60 espécies; Ovispostura em grande número
(3.000 a 12.000); Ciclo monóxeno (1 hospedeiro), dioxeno (2 hospedeiro) ou trioxeno
(3 hospedeiro); Ingestão de sangue copiosamente; Copula no hospedeiro; Ciclo
evolutivo (2 a 4 semanas – ovo – larva – ninfa – adulto).
Amblyomma sculptum
Macho: Escudo dorsal completo. Ingurgita, portanto bem menos que a fêmea, não é
perceptível.
Fêmea: Escudo dorsal incompleto. Fica completamente ingurgitada.
Comparação do Gnatossoma de Carrapatos
Haemaphysalis: Projeção lateral do palpo
Rhipicephalus: Base do capitulo hexagonal
Amblyomma: Palpos alongados
Dermacentor: Palpos segmentados em 3 partes iguais
Ciclo do Carrapato de 1 hospedeiro (monóxeno): Larva no chão  Vai pro
hospedeiro  Vira ninfa  Vira adulto  Postura no chão.
Hospedeiros Vertebrados: Os hospedeiros dos carrapatos desempenham o importante
papel de amplificadores horizontais da bactéria na população de carrapatos. Uma vez
que um carrapato infectado se alimenta em um animal suscetível, este desenvolve
riquetsemia e se torna fonte de infecção para os carrapatos livres da bactéria. O período
de riquetsemia para os animais que participam como hospedeiros para os vetores da
FMB é controverso, capivaras e gambás podem desenvolver períodos riquetsemicos
pouco mais longos do que 10 dias.
Profilaxia: O carrapato infectado fixado ao hospedeiro, leva o mínimo de 4 a 6 horas
para transmitir a riquétsia, portanto quanto mais rápido retirar os carrapatos do corpo do
animal, menor será o risco de contrair a doença. A alta carga de carrapatos está
diretamente ligada a probabilidade de contrair a enfermidade.
Ao entrar em Área com Infestação de Carrapatos:
a) Usar macacão, calça e camisa de mangas longas, de cor clara, dentro das meias.
Utilizar fita adesiva prendendo a meia à calça ou ao macacão e com a parte colante para
fora. Após a utilização, todas as peças de roupas devem ser colocadas em água fervente
para a retirada dos carrapatos.
b) Evitar caminhar, sentar ou deitar em áreas conhecidamente infestadas por carrapatos.
c) Vistoriar o corpo minuciosamente, a cada 2 ou 3 horas. Atenção para a forma jovem
do carrapato (larva e ninfa)
d) Tomar banho quente utilizando bucha vegetal.
e) No caso de encontrar carrapato fixado à pele  Não espremer com as unhas; Não
encostar objetos aquecidos (fósforo, cigarro) ou agulhas; Retirá-lo com calma,
realizando torções em volta do próprio eixo do carrapato.
Controle no Ambiente
Controle Mecânico: Roçagem do pasto, rente ao solo, nos meses de verão.
Controle Químico: O controle químico no ambiente é recomendado em pequenas áreas,
e causam forte impacto no ambiente. Fumo de rolo não causa dano (aplicação semanal).
Controle Biológico: Realizar rodizio de pastos e colocar predadores naturais dos
carrapatos (aves). Plantar capim gordura em divisas de pastos.
O ideal é usar os 3 métodos associados.
PARECER TÉCNICO DO DEFAU 33/2017: Autorização de manejo de capivara
(captura e eutanásia). A autorização demora anos para ser aprovada.
O parecer determina a captura, sorologia, US. Animais positivos (castração fêmeas e
machos), animais negativos e gestantes (eutanásia).
Os positivos após 15 dias da riquetsemia não transmitem mais. Os negativos podem ser
contaminados e assim serem transmissores da doença.
Captura: Construção de brete; Alimentação dos animais com o brete aberto; Com a
autorização coloca porta guilhotina no brete; Sem a autorização configura caça;
Com os animais contidos dentro do brete usa dardo anestésico para manejo; Coleta
sangue dos animais
ESTUDO/ PESQUISA: A FM é mais frequente nos homens, com 73% (513/700), na
faixa etária economicamente ativa (trabalhos do campo, pescadores...). Dos casos
confirmados, 60,7% (425/700) foram hospitalizados.
O coeficiente de letalidade médio foi de 55,45% em São Paulo (178/321), 33,33% no
Espírito Santo (7/21), 31,48% em Minas Gerais (17/54), 28,20% no Rio de Janeiro
(11/39)
Porque essa variação? Não se sabe.
REFLEXÃO: Como anda a epidemiologia da FMB no Pantanal? Desconhecida. Há
superpopulação de capivaras na Amazônia brasileira? Não tem. A FMB, é de fácil
tratamento? Sim.
PROTOCOLO TERAPÊUTICO
Adulto:
Doxiciclina – 100mg de 12 em 12 horas, por via oral ou IV, a depender da gravidade do
caso, o tempo de tratamento padrão é de 7 dias, mas pode ser optado por uma duração
que inclua 3 dias adicionais após o termino da febre. Sempre que possível a doxi deve
ser priorizada.
Cloranfenicol – 500mg de 6 em 6 horas, por via oral, o tempo de tratamento padrão é de
7 dias, mas pode ser optado por uma duração que inclua 3 dias adicionais após o
termino da febre. Em casos graves, recomenda-se 1 g por via IV, a cada 6 horas até a
recuperação da consciência e melhora do quadro clinico geral, mantendo-se o
medicamento por mais de 7 dias, por via oral, na dose de 500mg de 6 em 6 horas.
Crianças
Doxiciclina – Para crianças com peso inferior a 45kg, a dose recomenda-se é 2,2 mg/kg
de 12 em 12 horas, por via oral ou IV, a depender da gravidade do caso, o tempo de
tratamento padrão é de 7 dias, mas pode ser optado por uma duração que inclua 3 dias
adicionais após o termino da febre. Sempre que possível seu uso deve ser priorizado.
Cloranfenicol – 50 a 100mg/kg/dia de 6 em 6 horas, até a recuperação da consciência e
melhora do quadro clinico geral, nunca ultrapassado 2 g por dia, por via oral ou IV,
dependendo das condições do paciente. O tempo de tratamento padrão é de 7 dias, mas
pode ser optado por uma duração que inclua 3 dias adicionais após o termino da febre.

LEISHMANIOSE EM CANÍDEOS SILVESTRES


Protozoário da família Tripamosomatidae  Leishmania donovani (Ásia); Leishmania
infantum (Ásia, Europa e África); Leishmania chagasi (América)
A Leishmaniose Visceral (LV), no Brasil é causada pelo protozoário da espécie
Leishmania chagasi. O ciclo evolutivo apresenta duas formas – Amastigota, que é
obrigatoriamente parasita intracelular (destruição da célula) em mamíferos e
promastigota, presente no tubo digestivo do inseto transmissor. É conhecida como
calazar, esplenomegalia tropical e febre dundun.
Promastigota: É uma zoonose de evolução crônica, com acometimento sistêmico e, se
não tratada, pode levar ao óbito até 90% dos casos. É transmitida ao homem pelo inseto
vetor infectado. No Brasil, a principal espécie responsável pela transmissão é a
Lutzomyia longipalpis, conhecidos popularmente como mosquito palha, asa-dura,
tatuquiras, birigui. Podem se deslocar até cerca de um quilômetro, mas a maioria não
voa além dos 250 metros (área de bloqueio de combate ao vetor).
Amastigota: Raposas (Lycalopex vetulus e Cerdocyon thous) e marsupiais (Didelphis
albiventris), têm sido incriminados como reservatórios silvestres. No ambiente urbano,
o cão é a principal fonte de infecção para o vetor, podendo desenvolver os sintomas da
doença, que são emagrecimento, queda de pelos, crescimento e deformação das unhas,
paralisia de membros posteriores, desnutrição (sinais inespecíficos).
Distribuição: É endêmica em 76 países e, no continente americano, está presente em 12
países. Dos casos registrados na América Latina, 90% ocorrem no Brasil. Os países que
compõe América do Sul são Guiana francesa, Suriname, Giana Inglesa, Venezuela,
Colombia, Equador, Peru, Bolívia, Chile, Paraguai, Argentina, Uruguai, Brasil.
Apenas 1 não apresenta a doença (supõe-se que seja o Chile pelo seu clima).
Em 1913 foi descrito o primeiro caso em necropsia de paciente oriundo de Boa
Esperança, MT. Em 1934, 41 casos foram identificados em exames post-mortem, em
indivíduos oriundos das Regiões Norte e Nordeste, com suspeita de febre amarela.
A doença, desde então, vem sendo descrita em vários municípios brasileiros,
apresentando mudanças importantes no padrão de transmissão, inicialmente
predominando em ambientes silvestres e rurais e mais recentemente em centros urbanos.
Em média, cerca de 3.500 casos são registrados anualmente e o coeficiente de
incidência é de 2 casos/100.000 habitantes. Nos últimos anos, a letalidade vem
aumentando gradativamente, passando de 3,1% em 2000 para 7,1% em 2012.
Recomendações: Limpeza periódica dos quintais, por meio da retirada da matéria
orgânica em decomposição (folhas, frutos, fezes de animais e outros entulhos que
favoreçam a umidade do solo), a fim de impedir o desenvolvimento das formas imaturas
dos flebotomíneos. Utilização de coleira inseticida. Telar quando possível
Os cães não são curados parasitologicamente, permanecendo como reservatórios do
parasito, além de haver o risco de desenvolvimento e disseminação de cepas de
parasitos resistentes as medicações. Os medicamentos utilizados atualmente para tratar a
LV não eliminam por completo o parasito nos cães.
A recomendação para cães infectados com a Leishmania chagasi é a eutanásia 
Parecer da Advocacia Geral da União com orientações em caso de descumprimento da
Portaria GM/MS 1.426, de 11 de julho de 2008.
Leishmaniose Visceral está em vigor a Portaria nº 1.426/2008 proibindo o tratamento
canino da LV; Portaria interministerial no. 1426 de 11 de julho de 2008
Diagnóstico Clínico: Difícil de ser realizado devido à variedade de sintomas. Além
disso, os animais podem permanecer assintomáticos por toda a vida ou desenvolver
sintomas após períodos que variam de três meses a alguns anos. Além disso, os achados
clínicos são comuns a outras enfermidades. As alterações laboratoriais encontradas no
hemograma, ou nos exames de função renal ou hepática são também inespecíficos
A confirmação do diagnóstico da LV pode se basear em métodos parasitológicos,
sorológicos e moleculares.
Diagnóstico Parasitológico: É considerado por alguns autores, um exame chave, onde se
observa as formas amastigotas em esfregaços de linfonodos, medula óssea, aspirado
esplênico, biópsia hepática e esfregaços sanguíneos corados com corantes de rotina, tais
como Giemsa, Wright e Panótico. Citologia aspirativa também é um excelente meio de
diagnóstico.
Também é possível realizar biópsias cutâneas coletadas de áreas com lesões
(normalmente extremidades – orelha, focinho). Em casos positivos, é possível observar
as formas amastigotas, cuja forma pode ser de esférica a ovóide, com núcleo
arredondado e um cinetoplasto alongado. Cuidado podem ocorrer resultados falso
negativos.
Diagnóstico Sorológico: Se baseia na detecção de anticorpos anti-Leishmania
circulantes. Os animais desenvolvem resposta imune humoral e produzem altos títulos
de IgG anti-Leishmania. A soro conversão ocorre aproximadamente três meses após a
infecção e os títulos permanecem elevados por, pelo menos, dois anos. Estes testes
sorológicos podem falhar, por exemplo, em cães infectados no período pré-patente e
antes da soroconversão. As técnicas sorológicas recomendadas pelo Ministério da Saúde
para o inquérito canino são a imunofluorescência indireta (RIFI) e o Elisa. A RIFI ainda
é o teste de eleição para ser utilizado em inquéritos epidemiológicos por reunir uma
série de vantagens (fácil execução, rapidez, baixo custo e sensibilidade e especificidade
adequadas quando comparada a outras técnicas).
 Princípios do Teste: Para a determinação de autoanticorpos ou de anticorpos contra
agentes infecciosos, células, tecidos, e substâncias específicas são utilizados como
antígenos (substratos).
Se a amostra for positiva, anticorpos específicos no soro diluído ligam-se aos antígenos
acoplados a uma fase sólida.
Em um segundo estágio, os anticorpos ligados são marcados com fluoresceína e
visualizados no microscópio de fluorescência.
Amostras positivas podem ser tituladas em etapas.
Dentre os métodos moleculares, a reação em cadeia da polimerase (PCR) permite
identificar e ampliar seletivamente sequências de DNA do parasita. Há ainda outros
métodos, como o cultivo parasitológico, a inoculação experimental em hamster ou ratos
e o xenodiagnóstico (técnica laboratorial que consiste em submeter um suspeito de
doença parasitária à picada de um inseto sadio da espécie vetora e, em seguida,
investigar, nesse inseto, a presença do parasita).
Tratamento: Miltefosina (1 ml: 20 mg) – Administrar VO 1 ml de Milteforan™ para cada
10 kg de peso, o que corresponde à dose de 2 mg/kg de peso, uma vez ao dia, durante 28
dias consecutivos.
Profilaxia: Leish-Tec® é uma vacina recombinante contra Leishmaniose Visceral
Canina composta pelo antígeno de Leishmania sp. produzido a partir da Escherichia
coli sob a forma de uma proteína recombinante capaz de induzir resposta imunológica
contra Leishmania donovani, L. infantum, L. chagasi, L. amazonensis e L. mexicana.
A vacina deverá ser aplicada somente em cães assintomáticos com resultados
sorológicos negativos contra Leishmaniose Visceral Canina.
O animal apresentará resposta imunológica completa somente 21 dias após a 3ª dose.
3 doses de 1 mL por via subcutânea, com intervalos de 21 dias, em cães a partir de 4
(quatro) meses de idade.
Revacinar anualmente em dose única usando como base a data da primeira dose.
LEISHMANIOSE EM CANÍDEOS SILVESTRES
500 mil casos / ano no mundo; 50 mil morte / ano no mundo; 3.5 mil casos / ano Brasil
Treinamento para coleta de amostras para investigação da ocorrência de
Leishmaniose Visceral Americana em canídeos silvestres mantidos em cativeiro no
Estado de São Paulo (solicitação do Ministério da Saúde): Biopsia de 3 partes de pele
integra, mas se o animal tiver lesão, coleta das lesões (punch de 0,3cm). Região de
cernelha. Animal Anestesiado. Bloqueio local. As coletas são enviadas para testes de
PCR, parasitológico e histológico (material esterilizado).
Coleta de sangue para sorologia. Aspiração do linfonodo poplíteo.
Leishmaniose visceral e hepatite infecciosa em cachorro-vinagre (Speothos
venaticus) mantido em cativeiro no Brasil – Relato de Caso (2011): Animais em
extinção; Manter telados com coleira; Realizar combate ao vetor; Dependendo das
condições do animal e ambiente realizar a eutanásia;
Rota do mosquito Lutzomia sp. em SP: As enfermidades acompanham os rios,
estradas.

DOENÇAS EM AVES SELVAGENS: Clamidiose; Capilariose; Coccidiose;


Ectoparasitos.
 CLAMIDIOSE, PSITACOSE OU ORNITOSE
A doença foi primeiramente descrita em humanos por Morange em 1893
Agente Etiológico: Chlamydophila psittaci, cosmopolita da família Chlamydiceae.
Bactéria intracelular obrigatória, causando enfermidade em aves e mamíferos (homem)
possuem prevalência subestimada, devido ao seu diagnóstico definitivo ser difícil, em
virtude da complexa fisiopatologia da infecção.
Diagnóstico: Antemorten e requer uma combinação de testes e associação com sinais
clínicos e histórico, representando um desafio ao médico veterinário.
Grupo de Risco: Pessoas entre 50 e 64 anos, com contato próximo com aves
(proprietários de aves pet, tratadores de animais, trabalhadores em criação de aves
comerciais, em linhas de processamento de carne, funcionários de lojas que
comercializam aves e médicos veterinários).
RASO et al. (2010) realizaram o primeiro estudo soro epidemiológico para C. psittaci
em humanos no Brasil. A pesquisa contemplou 364 funcionários e veterinários, entre 15
e 64 anos, de 20 zoológicos no país, com resultados demonstrando 4,7% (17/364) de
pessoas soro reagentes a C.psittaci, em 7 zoológicos. Vale ressaltar que os autores
encontraram valores de titulação entre 16 e 256, demonstrando a presença de infecção
recente ou em andamento.
Nos Estados Unidos, 66 casos da doença foram registrados em humanos, de 2005 a
2009. Casos fatais ocorrem em até 25% dos pacientes não tratados e em menos de 1%
dos pacientes tratados corretamente. A dificuldade e a demora em reconhecer e tratar a
enfermidade são considerados fatores de risco em pacientes humanos.
A presença de C. psittaci foi comprovada em ninheros de psitacídeos em vida livre por
RASO et al. (2006). O estudo com 32 amostras de A. aestiva e 45 amostras de A.
hyacinthinus de vida livre no Mato Grosso do Sul demonstrou resultados positivos na
detecção de C. psittaci em 6,3% (2/32) dos papagaios e em 26,7% (12/45) das araras
Transmissão: Em aves, a transmissão ocorre por via aerógena, com a inalação de
excretas secas e secreções nasal e ocular de aves infectadas. Outras vias de transmissão
incluem ingestão de fezes contaminadas e por meio dos pais na alimentação dos filhotes
no ninho. Há evidências de transmissão vertical da bactéria pelo ovo. Espécies de aves
de vida livre são fonte de contaminação e seu contato com aves domésticas deve ser
evitado.
Calopsitas: São consideradas portadores frequentes de C.psittaci e podem excretar a
bactéria por mais de um ano após a infecção ativa.
Sinais Clínicos nas Aves: Podem se apresentar de forma aguda, subaguda, crônica ou
inaparente.
Depressão, penas arrepiadas ou eriçada, tremores, letargia, anorexia, desidratação,
blefarite, ceratoconjuntivite, sinais respiratórios, digestórios, urinários, neurológicos,
emaciação, conjuntivite, recorrente, pode ser, o único sinal clínico aparente
 CAPILARIOSE
Agente Etiológico: Capillaria sp, nematódeo filiforme, de pequeno tamanho (15 a 25
mm – ♂ 35 a 80 mm ♀); Ovos bioperculados; Ciclo biológico direto; Reprodução em
células epiteliais com edema de mucosa, congestão e síndrome de má absorção de
nutrientes e ciclo errático em fígado, causando grave hepatite.
 COCCIDIOSE: Considerada uma importante causa de enterite e morte em pássaros
de todas as espécies. Tem grande importância.
Agente Etiológico: Os gêneros Isospora e Eimeira são considerados os coccídios mais
relevantes em Passeriformes, sendo Isospora o mais prevalente. Geralmente são
espécies específicos.
Estes parasitos apresentam ciclos de vida intestinais apesar de algumas espécies
promoverem fases extra-intestinais. Geralmente estão relacionados a infecções
entéricas, mas podem acometer outros órgãos como rins, fígado e baço. No intestino,
infectam as células do epitélio intestinal causando sua destruição. Merogonia,
reprodução assexuada, na célula intestinal
Sinais Clínicos: Diarreia, desidratação e morte principalmente em animais ainda jovens.
Determina processos inflamatórios de diferentes graus em hospedeiros que não tiveram
exposição prévia ao parasita ou quando a carga de infestação de oocistos for
suficientemente alta; No entanto, a maioria das infecções não causa manifestação
clínica.
Taxonomia
Reino (Protista) e Sub Reino (Protozoa)  Filo (Sarcomastigophora); Sub Filo
(Sarcodina; Mastigophora); Ordem (Kinetoplastoridae; Leishmania; Diplomonarida;
Trichomonadorida; Trichomonas)
Reino (Protista) e Sub Reino (Protozoa)  Filo (Apicomplexa); Ordem
(Eucoccidiorida; Eimeria e Isospora; Piraplasmorida; Babesia; Hemosporida;
Leucocytozoon)
Reino (Protista) e Sub Reino (Protozoa)  Filo (Ciliophora); Sub Filo (Balatidium)
Reino (Protista) e Sub Reino (Protozoa)  Filo Microspora; Sub Filo
(Encephalitozoon)
Laudo Histopatológico: Hemorragia renal e pulmonar multifocal severa, associada a
pneumonia e nefrite intersticial mononuclear concomitante merozoitos dispersos em
diversos macrófagos;
Granuloma cutâneo (derme/muscular) constituído por megaloesquizontes multifocais;
Edema centro lobular severo hepático associado hepatite fibrinonecrótica histiocitária
severa concomitante a merozoitos intracitoplasmáticos difusos;
Esplenite fibrinonecrótica edematosa granulomatosa hemorrágica severa associada
megalomeronte difusos;
Focos de mionecrose moderada em parede traqueal; Musculatura esquelética; Miocárdio
e ventricular e proventricular;
Infiltrado mononuclear moderado granulomatoso com merozoitos dispersos, além de
calcificação distrófica;
Enterite hemorrágica associada a megalesquizontes/merozoitos histiocitários
multifocais;
Êmbolos sépticos acompanham o processo.
Parecer Técnico-Clínico: Leucocytozoon spp  Hemosporídos
Sintomatologia: Anemia, emagrecimento, dispneia, espleno/hepatomegalia;
hemorragias; leucopenias. Alta mortalidade em aves jovens.
Vetor: Mosca hematófaga Simulium
 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL (MALLOPHAGA): Sub Ordem Amblycera
(antena escondida) e Ischnocera (antena livre).
Parasito á pteros obrigatório em aves e mamíferos, toda a vida no hospedeiro; Tamanho
reduzido (- de 1 cm); Corpo achatado dorso ventralmente; Cabeça, geralmente mais
larga do que o corpo; Armadura bucal, com função mastigadora e posicionado
ventralmente; Fora dos hospedeiros podem sobreviver por 1 a 3 semanas.
Menacanthus stramineus; Lipeurus tropicalis
Corrigir o manejo / Evitar associar entre pavões e araras (Goniodes pavonis)
Classe (Arachinida); Sub Classe (Acari); Sub Ordem (Sarcoptiformes [Stigmata]);
Família (Sarcoptidae [Sarcoptes e Notoedres]; Psoroptidae [Psoroptes, Chorioptes e
Otodectes]; Knemidocoptidae [Knemidocoptes]).
Knemidocoptes sp.: Ácaros ovalados, com patas curtas; Penetram na pele gerando
substância córnea; Lesões em patas e bicos  Ivomec 0,2 mg/kg, V.O. ou tópico, durante 04
aplicações
Sub Ordem Mesostigmata
Ophionyssus sp.; Ornithonyssus sp.
Dermanyssus gallinae: Corpo achatado e oval + ou – 1.5 mm; Patas bem robustas e
iguais entre elas; Escudo dorsal e placas ventrais presentes; Quelíceras constituída de 3
segmentados; Hipostomio sem dentes recorrentes; Durante o dia vivem escondidos
abrigos, ninhos, frestas e no ambiente; Alimentam-se de sangue durante a noite; Ciclo
evolutivo (1 semana); Ovo - ninfa - larva – adulto.

CLÍNICA DE REPTÉIS
Anatomia Respiratória: Répteis não possuem diafragma e dependem dos músculos
peitoral, intercostal e abdominal, para respirar; Estrutura e fisiologia do aparelho
respiratório em répteis, varia de acordo com as espécies; Em serpentes, o pulmão
esquerdo é vestigial; Em lagartos carnívoros a glote é mais rostral do que nos
herbívoros; Nos quelônios os anéis traqueias são completos, nos lagartos incompletos;
Em crocodilianos a glote está protegida por uma membrana cartilaginosa; Saco aéreo
não realiza troca gasosa.
Fisiologia Respiratória: O pulmão é o maior órgão relacionado à troca gasosa, porém
há espécies que realizam respiração cutânea, principalmente com eliminação de CO 2;
Pulmão em répteis, possuem menor superfície de área de troca gasosa, apesar do
tamanho; A respiração é relacionada a hipóxia e a hipercapnia (é o aumento anormal da
quantidade de gás carbônico no sangue arterial); Receptores aumentam ventilação com
a diminuição de O2 e aumento de CO2.
Anestésicos Injetáveis: Quetamina causa depressão cardiopulmonar, indução e
recuperação prolongada e pouco relaxamento muscular; Porém, grande margem de
segurança e pode ser IM ou IV; Quetamina pode ser associada a benzodiazepinicos,
opiodes e relaxantes musculares; Zoletil e quetamina associado a ୪ 2 adrenergicos,
devem ser usado para pequenos procedimentos em grandes répteis; Propofol pode ser
usado para breves manejos, deve ser I.V. ou I.O., usado em infusão ou em doses com
intervalos (bolus); Proporfol quando aplicado de maneira rápida pode causar apneia.
Cuidados Pós Anestésicos: Durante o retorno anestésico, manter temperatura e
umidade do ambiente do animal; Ideal retornar em incubadora com oferta de 0 2;
Acompanhar frequência respiratória e cardíaca; Durante o retorno, o animal deve estar
sozinho; Caso necessário, usar máscaras e sondas traqueais.
Eutanásia: Morte serena, sem sofrimento; Prática sem amparo legal, pela qual se busca
abreviar sem dor ou sofrimento a vida de um paciente enfermo incurável ou terminal; É
uma ação irreversível, deve ser muito bem avaliada, faça com calma e tranquilidade;
Realizar a necropsia após a eutanásia;
Profunda anestesia Telazol 50 mg/kg ou quetamina 100 mg/kg, IM  Aplicação da
solução de eutanásia (NaCL) Após estes procedimentos descritos acima, decapitar o
animal, ou congelar por 24 hs para confirmar o óbito  Cuidado, com os “mortos
vivos”  Répteis < 40 g, colocar no freezer, menos os crocodilianos.
Anestesia profunda e NaCl, é a mais utilizada; Anestesia profunda e decapitar, indicado
para animais perigosos; Arma de fogo, no ponto certo (cérebro) indicado em grandes
répteis.

MANEJO E CLÍNICA DE UNGULADOS: A nomenclatura ungulados não faz parte


das classificações científicas, e significa mamíferos com cascos, representada pelas
ordens  Perissodactyla (3 famílias); Artiodactyla (9 famílias).
PERISSODACTYLA: Equidae (cavalos, asnos e zebras); Tapiridae (anta) 04 sp.;
Rhinocerotidae (rinoceronte) 04 sp.
 Tapiridae: Pele + olho (nutrição + excesso sol); Miopatia (recintos inadequados);
Manqueira (substrato impróprio); Abcesso dentário (molares + osteomielite);
Corrimento nasal (pneumonia); Prolapso retal (dieta incorreta + restrição à água).
Principais Enfermidades em Tapiridae: Mycobacterium bovis, M. tuberculosis e M.
avium; Salmonelose; Corynobacterium pyogenes
Ixodideos: Amblyomma cajennense; A. dubitatum; A. brasiliensis; Amblyomma sp;
Anocentor nitens; Boophilus microplus
Discussão: Das espécies encontradas, B. microplus e A. nitens não são de registro
rotineiro parasitando T. terrestris. Em T. bairdii, no México, foi assinalado como
hospedeiro de A. nitens, mas em T. terrestris ainda não houve registro.
B. microplus e A. dubitatum já foram assinalados em T. terrestris na Guiana Francesa e
Argentina, respectivamente, mas não no Brasil.
Protocolos Anestésicos: Ketamina 3 mg/kg e xilazina 0.7 mg/kg; Butorfanol 0.15 mg/kg +
xilazina 0,3 mg/kg; Detomidina 0,06-0,04 mg/kg; Cetamina 0,62-0,41 mg/kg; Atropina 0,025-
0,04 mg/kg; Tiletamina-Zolazepan 1,25-0,83 mg/kg
Protocolo para Curral / Recintos: Azaperone 40mg/ml (0,5mg /kg) + Butorfanol 10mg/ml
(0,15 mg/kg)
ARTIODACTYLA: Suidae; Tayssuidae; Hipopotamidae; Camelidae; Tragulidae;
Cervidae; Girafidae; Antilocapridae; Bovidae
 Tayassuidae: Doenças virais  Raiva; Febre aftosa; Peste suína africana; Estomatite
vesicular; Pesudo raiva ou Aujeszky
Contenção Física: Pior momento para o animal, manejar em grupo;
Contenção Química: Alerta para dias quentes  Zoletil 3 a 9 mg/kg; Quetamina 20mg/kg;
Zoletil + Xilazina 2 + 1 mg/kg; Butorfanol, proporfol com infra estrutura boa;
Acepram/zoletil/propofol 0,1+ 2,0 + 5,0 mg/kg (IV).
 Camelidae: 03 compartimentos, todos com mucosa glandular, sem analogia aos
ruminantes (rúmen, retículo, omaso e abomaso); Emagrecimento progressivo e óbito
(dentes); O pelo esconde as enfermidades; Miiase; Diarreia.
Protocolos Anestésicos Camelideos Sul Americanos: Xilazina 0,1 – 0,5 mg/kg; Zoletil 4
– 7 mk/kg; Quetamina / Medetomidina 2-3 + 0,03-0,05 mg/kg; Quatamina / xilazina 2-5 +
0,25-0,5 mg/kg; Quetamina / Diazepan 3-7+ 0,1-0,3 mg/kg.
 Cervidae: Blastocerus dichotomus; Ozotocerus bezoarticus; Odocoileus
virginianus; Mazama gouazoubira; Mazama nemorivaga; Mazama americana;
Mazama bororo; Mazama nana
Doença hemorragica (LA e DEH); Miopatia de captura (MC); Traumas; Problemas com
cascos e chifres; Bernes, miiases e carrapatos; Pneumonia; Febre aftosa
 Doença da Língua Azul - Doença Epizoótica Hemorrágica: Doenças virais
(reovirus), aguda e sub aguda, transmitida por mosquitos, é sazonal; Não há cura, nem
prevenção; Tratamento suporte; Edema submandibular, congestão, hemorragias,
salivação, laminite e sangue nas fezes.
 Miopatia de Captura: Síndrome causada pelo intenso esforço físico; Dor muscular,
incoordenação, oligúria, apatia, o animal olha para o nada; Geralmente evolui para o
óbito; Sem achados significantes macroscópicos; Necrose muscular
Tratamento: Fluidoterapia, glicose, vit. C, E e complexo B + anticoagulantes
 Febre Aftosa: Soropositividade para a enfermidade, em cervos do pantanal; Sem
presença do vírus em secreção oral; Vacinação é preconizada em áreas de risco; Vacina
oleosa para animais domésticos pode ser utilizada; Soropositividade para a enfermidade,
em cervos do pantanal; Sem presença do vírus em secreção oral; Vacinação é
preconizada em áreas de risco; Vacina oleosa para animais domésticos pode ser
utilizada
Contenção Química: Pequenos cervideos e fêmeas das demais espécies  Quetamina /
xilazina 5 a 10 / a 0,5 a 1,5 mg/kg; Quetamina / xilazina 6 / 1mg/kg; Quetamina / midazolan/
acepromazina 5 / 0,5 / 0,05 mg/kg; Quetamina / midazolan / xilazina 7 / 0,5 / 0,5 mg/kg.
 Bovidae: Problemas podais e chifres; Fratura de falange; Berne, miiase e carrapatos;
Brigas e traumas

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