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Aracnídeos

Artrópodes com corpo fundido em cafalotórax e abdome, com quatro pares de patas e sem
antenas.

Na parte anterior, a gnatosoma, localizam-se as peças bucais: quelíceras e os palpos ou


pedipalpos.

As quelíceras possuem “pinças” em suas extremidades utilizadas para cortar ou perfurar


tecidos. Os palpos e pedipalpos são órgãos que auxiliam na alimentação.

Em alguns ácaros e nos carrapatos existe um órgão relacionado com os pedipalpos e


quelíceras, o hipóstomo, que auxilia na fixação do acarino aos tecidos do hospedeiro.

A parte posterior, chamada idiosoma, corresponde ao restante do corpo, onde estão inseridas
as patas.

Classificação

A Classe Arachnida compreende as seguintes ordens de interesse médico e veterinário:

Scorpiones: Corpo alongado, segmentos anteriores mais longos que os posteriores, possuem
um aguilhão curvo na extremidade, para a inoculação de veneno. Escorpiões verdadeiros

Araneida: prossomo separado do opistosoma por uma constrição, quelíceras com um dente e
glândulas de secreção venenosa. São as aranhas

Acari: corpo fundido, achatado dorsoventralmente, peças bucais situadas na falsa cabeça ou
gnatosoma. Inclui os carrapatos ou ixodídeos, os ácaros das sarnas, dos grãos e do pó
domiciliar e ainda os “micuins” e os “piolhinhos” de ninhos de aves.
Aranhas: No Brasil, apenas três gêneros de aranhas tem interesse médico:

Phoneutria (Armadeira):

Características: tamanho médio (cerca de 3cm de comprimento), quando ameaçadas, colocam-


se em posição de ataque, possui casulo branco e achatado, não faz teia, Vivem em arbustos,
árvores, paredes rústicas, sob as cascas desprendidas dos troncos, em locas de pedras,
refugiando-se da luz. A peçonha da armadeira é um complexo de diversas substâncias tóxicas,
agindo no homem, principalmente sobre o sistema nervoso periférico e secundariamente
sobre o sistema nervoso central. Sua picada é extremamente dolorosae persiste durante
algumas horas, irradiando-se por toda a região adjacente. A armadeira ocupa o primeiro lugar
em agressividade entre todas as aranhas do mundo e cerca de 90% dos acidentes ocorrem no
interior das residências.

Sintomas: hipotensão, prostração, tonturas, vômitos, dispnéia, sudorese abundante


(principalmente, na região da nuca), aumento das secreções glandulares e espasmos.

Crianças sempre correm grande perigo de vida, sendo necessário tratamento nas primeiras
horas.

Tratamento: Uso de soro antiaracnídico polivalente (5 a 10 ampolas), em dose única, por via
endovenosa.

Loxosceles (Aranha Marrom)

Aranha pequena, 1 cm de comprimento, casulo semi-trasnparente, sedentária, suas teias são


construídas em ambientes escuros, tais como: atrás de móveis, porões, quarto de despejo.
Tem hábitos noturnos. Seu veneno é um dos mais ativos sobre o organismo humano. Uma
única picada pode determinar a morte de uma criança ou até mesmo de um adulto.

A peçonha da Loxosceles é do tipo proteolítico e hemolítico, produzindo sintomatologia


cutânea e renal. Dores intensas logo após o incidente são pouco frequentes, mas costumam-se
tornar muito fortes, às vezes lancinantes, depois de algumas horas, ou no decorrer do primeiro
dia. Febre, náuseas, vômitos e, às vezes diarréia são relatados. A aplicação de soro nas
primeiras 14 a 24h após o acidente previne a hemoglobinúria e as lesões renais.

Latrodectus (Viúva negra)

Aranha pequena, 1 cm de comprimento, um a quatro casulos brancos e construindo teia


irregular. É cosmopolita, sedentária, anda pouco, arrastando o abdome. Vive em tocas,
principalmente em campos de cultura.

A peçonha da viúva negra é uma neurotoxina de ação difusa sobre o sistema nervoso central,
medula, nervos e músculos lisos.

O latrodectismo caracteriza-se por dor aguda que se irradia por toda a área, angústia,
irritabilidade, tremores, contrações na área da picada, que depois se generaliz, rigidez
abdominal e torácica, delírio, alucinações, sudorese, lacrimejamento, reflexos exagerados,
taquicardia, uremia, albuminúria, paralisia visceral, priapismo, etc

O tratamento é à base de medicações antiálgicas e estimulantes.

Os sinais de recuperação aparecem depois de alguns dias, em geral, com grande fadiga,
desânimo e prostração. Nos casos graves, emprega-se a soroterapia.
Ordem Acari: A ordem Acari compreende várias subordens de interesse médico e veterinário:
Mesostigmata, Trombidiformes, Ixodides e Sarcoptiformes.

ÁCAROS

São os aracnídeos que mais afetam a saúde dos humanos.


Os ácaros que mais se destacam pelas afecções diretas que causam aos humanos são:
carrapatos, ácaros produtores de sarna e os aqueles armazenados em poeira domiciliar.
O grupo apresenta um cefalotórax fundido com o abdome, resultando em um corpo e uma
região separada, o gnatossoma ou capítulo, no qual situa-se os apêndices bucais.
O gnatossoma é um tubo pelo qual o alimento é conduzido para o esôfago, seu cérebro
localiza-se no idiossoma. As larvas tem . três pares de patas, enquanto ninfas e adultos têm
quatro. As larvas não apresentam aberturas respiratórias ou genitais, e as ninfas pela ausência
de abertura genital.
 Ácaros hematófagos/ carrapatos
Os carrapatos são, depois dos mosquitos, os mais importantes vetores de doenças humanas.
Estão envolvidos na veiculação de vírus, bactérias, protozoários e helmintos, tanto para o ser
humano como para animais. Existem mais de 870 espécies de carrapatos.
Além da espoliação sanguínea, algumas espécies de carrapatos injetam, juntamente com a sua
saliva, toxinas debilitantes e paralisantes, às vezes fatais aos hospedeiros, incluindo o homem.
A subordem Ixodides tem duas famílias de interesse médico e veterinário: Argasidae
(carrapatos moles) e Ixodidae (carrapatos duros).
Diferem dos demais ácaros por serem maiores e por apresentarem hipostômio bem
desenvolvido e repleto de dentes, pelo qual se ancora no hospedeiro. Apresentam órgão de
Haller, estrutura que auxilia na localização do hospedeiro.
São ectoparasitos obrigatórios, hematófagos ou dependentes de fluidos orgânicos de
vertebrados, que determinam alterações orgânicas ou teciduais nos hospedeiros denominadas
ixodidoses.
Família Ixoidae: Apresentam dimorfismo sexual acentuado, os machos são menores que as
fêmeas e apresentam um escudo recobrindo toda a área dorsal, já nas fêmeas o escudo é
limitado ao terço anterior do dorso.
Possuem três estágios durante seu ciclo biológico: larvas, ninfas e adultos.
Cada um desses estágios suga sangue durante alguns dias, antes de uma ecdise ou do início da
postura de milhares de ovos. Após a ovoposição, as fêmeas morrem. Os machos não sugam
sangue ou sugam muito pouco. Está representada no Brasil por vários gêneros: Anocentor,
Boophilus e Rhipicephalus cada um com uma espécie, Ixodes, com nove espécies,
Haemaphysalis, com três espécies e Amblyomma, com 33 especies.
Amblyomma cajennense: Possivelmente esta é, entre as dezenas de espécies no Brasil, a mais
comum e mais importante na transmissão de doenças para humanos. Suas larvas são
conhecidas como “carrapatinhos” ou “micuins” e atacam o homem vorazmente. Os adultos
são conhecidos como “carrapato-estrela” ou “rodoleiro”. Durante a estação seca, as larvas
desta espécie são comuns nas pastagens. Exigem três hospedeiros para completarem seu ciclo.
As fêmeas fazem postura de 6 a 8 mil ovos.
As picadas desta espécie provocam ferimentos, às vezes, de cura demorada. Pode reter o vírus
da febre amarela e é, em nosso meio, a mais importante transmissora da febre maculosa
(Ricketssia rickettsi). Essa riquétsia pode ser mantida em reservatórios silvestres e domésticos
(cão), bem como no próprio carrapato, onde ocorre transmissão transovariana.
O A. cajennese é também o provável vetor da doença de Lyme no Brasil. No Mato Grosso do
Sul, foram encontradas formas espiraladas semelhante a Borrelia burgdorferi em culturas
desses carrapatos. Entre as borrélias, essa parece ser a única capaz de infectar aves e
mamíferos, o que, certamente, pode facilitar a transmissão desse patógeno.
Família Argasidae: os Argasidae têm um aspecto coriáceo, praticamente sem
dimorfismo sexual. Tanto os machos quanto as fêmeas, de hábitos noturnos, sugam várias
vezes em sua longa vida. A sucção sanguínea dura aproximadamente 30 minutos. De três a
cinco dias após cada repasto sanguíneo, as femeas fazem uma postura de aproximadamente
100 ovos. Cada fêmea pode pôr cerca de 800 ovos no total. No Brasil, existem dois gêneros de
importância parasitológica: Argas e Ornithodorus. Argas não ataca humanos.
Gênero Ornithodorus: No Brasil, já foram encontradas as seguintes espécies: O. rostratus, O.
braziliensis, O.turicata, O. talaje.
As espécies O. rostratus e O. braziliensis são conhecidas como “carrapato do chão”, devido
seus hábitos de viverem escondidas no chão de casas primitivas, ranchos e abrigos de animais.
À noite saem dos escoderijos para parasitar o homem e animais domésticos. A sucção dura
aproximadamente 30 minutos.
As picadas dessas espécies podem provocar no homem: forte prurido, eritema, ferimentos de
cura demorada e, às vezes, febre.
Sabe-se que essas espécies podem resistir a jejum de mais de seis anos!
As espécies O. turicata e O. talaje vivem em forros e telhados de residências humanas onde os
morcegos se abrigam.
Atacam, além dos quirópteros, humanos e outros animais, provocando:
Edema, prurido e feridas de caráter rebelde.

Fixação, alimentação e resposta dos hospedeiros aos carrapatos aRACHNIDA


Após a penetração do hipóstomo na pele,
as glândulas salivares secretam uma substância leitosa (cemento), que se endurece em volta
do hipóstomo. Em algumas espécies, este cemento reflui lateralmente sobre a pele do
hospedeiro, debaixo dos palpos, facilitando a fixação do carrapato.
As glândulas salivares secretam ainda agentes farmacológicos (glicoproteínas,
tromboquinases, prostaglandinas, etc), com varias funções como anticoagulantes e citolíticas,
além de antígenos mediadores de reações nos hospedeiros.
Essas substâncias e antígenos promovem no hospedeiro aumento da permeabilidade vascular,
dilatação dos vasos sanguíneos, hemorragia e intenso prurido. Evitam ainda a coagulação
sanguínea e promovem desgranulação leucocitária com lesão dos tecidos, formando um
“poço” de sangue que facilita a sucção.
Em infestações primárias, as secreções salivares promovem uma infiltração leucocitária na
lesão: inicialmente, neutrófilos e, em seguida, basófilos e eosinófilos. Ocorre ainda uma
moderada desgranulação de mastócitos e basófilos, com liberação de histamina, formação de
eritema e edema. As células de Langhans microfagocitam o material salivar antigênico e os
apresentam aos linfócitos da pele e linfonodos responsáveis pela resposta imunológica
primária dos hospedeiros.
Em infestações secundárias, os granulócitos elevam-se a altos níveis e os basófilos e
mastócitos rapidamente invadem a lesão, desgranulando e liberando mediadores vasoativos
de histamina. Em consequência, ocorrem prurido, formação de edema, vesícula, etc.

Transmissão de doenças
Work (1975) lista 15 espécies de vírus que são transmitidos aos humanos pelos carrapatos.
Estão ali incluídas as viroses, seus vetores e a distribuição geográfica, além dos sintomas:
desde estado febril com dores de cabeça, musculares ou articulares, até encefalites e febres
hemorrágicas ou agudas, com acometimento do SNC. Epidemiologicamente, os casos de
viroses humanas originárias de carrapatos estão ligadas a atividade ocupacional ou recreativa,
quando o homem entra no hábitat dos ixodídeos.
No Brasil, além da febre maculosa, com ocorrência periódica de focos ou casos isolados, não
existe ainda descrição dos vários tipos de febres hemorrágicas, encefalites e da doença de
Lyme, causada pela Borrelia burgdorferi.

Ciclo Biológico
As fêmeas dos ixodídeos, após se destacarem dos hospedeiros, procuram um abrigo próximo
do solo, onde põem milhares de ovos. O período de ovopostura dura vários dias. Terminada a
ovoposição, as fêmeas morrem. Os ovos são pequenos, esféricos e de coloração castanha.
O desenvolvimento do ovo ate imago depende bastante da temperatura. Durante o
desenvolvimento, os ixodídeos passam pelos estágios de “larva hexápoda”, ninfa octópoda e
adulto.
As “larvas” dos ovos sobem pelas gramíneas e arbustos ou paredes de abrigos e esperam a
passagem dos hospedeiros. Após sugar o sangue dos hospedeiros por alguns dias, a larva sofre
muda da cutícula e se transforma no estágio seguinte, que é a ninfa. Esta, após alguns dias,
quando ocorre o endurecimento do tegumento, ingurgita-se de sangue e muda novamente de
cutícula, transformando-se em imago. Este espera alguns dias para endurecer o tegumento,
quando então ingurgita-se de sangue.
As fêmeas, repletas de sangue, se desprendem do hospedeiro e no solo, após um período de
pré-postura, iniciam a oviposição. Os machos permanecem mais tempo no hospedeiro.
De acordo com o número de hospedeiros utilizados para completarem o ciclo, os carrapatos
são divididos em três grupos:
1. carrapatos de um só hospedeiro: quando, em todos os três estágios, alimentam-se no
mesmo hospedeiro, onde também se realizam as ecdises (moxeno)
2. carrapatos de dois hospedeiros: quando, nos estágios de larva e ninfa, se alimentam no
mesmo hospedeiro, onde também se realiza a primeira ecdise. A segunda ecdise se realiza no
solo e o ixodídeo adulto procura um segundo hospedeiro para se alimentar (dioxeno)
3. carrapatos de três hospedeiros: para cada estágio corresponde um hospedeiro. Todas as
mudas são realizadas fora do hospedeiro (trioxeno).

 Ácaros não hematófagos indutores de dermatoses e alergias


1. Ácaros indutores de sarna
A escabiose humana, conhecida popularmente como sarna é causada pelo ácaro Sarcoptes
scabiei var hominis.
A transmissão ocorre por contato direto, inclusive sexual. A transmissão por meio de fômites
pode ocorrer, porém em condições normais, o contato físico é a única via de transmissão de
importância epidemiológica.
Condições socioeconômicas precárias, aglomerações, não aderência aos tratamentos tópicos
comumente utilizados e o desenvolvimento de resistência medicamentosa são os grandes
responsáveis pela manutenção de altas taxas de prevalência, especialmente em populações
carentes.
Sarcoptes scabiei apresenta quatro fases no seu ciclo de vida: ovo, larva e adulto. As femeas
depositam 2-3 ovos por dia. A fase larval, que emerge a partir dos ovos, tem apenas três pares
de pernas e dura cerca de 3 a 4 dias. Após a muda das larvas, as ninfas resultantes tem quatro
pares de pernas. As larvas e ninfas podem ser encontradas em túneis na pele e são
semelhantes aos adultos, só que de menor tamanho. Os adultos são redondos, em forma de
saco ácaros sem olhos.
Após o acasalamento, a fêmea fica fértil para o resto de sua vida. Fêmeas férteis deixam suas
bolsas de muda e buscam na superfície da pele um local adequado, perfuram a pele e cavam
túneis para a deposição dos ovos (uma fêmea adulta vive em média 2 meses).
Produtores metabólitos do ácaro na pele causam reação alérgica que produz intenso prurido
na pele lesada, presente geralmente à noite. O prurido cutâneo pode levar a infecções
secundárias. As lesões apresentam-se como pequeno trajeto linear da cor da pele ou um
pouco avermelhado, sendo que estas normalmente não são observadas, uma vez que o ato de
coçar a torna irreconhecível. Na maior parte dos casos são observados diminuídos pontos
escoriados ou cobertos por crostas. As áreas mais acometidas por esse parasita entre os dedos
das mãos e dos pés, ao redor dos pulsos e cotovelos, nas axilas, na dobra do joelho e ao redor
da cintura; todavia, pode afetar qualquer área do corpo. Em crianças pequenas e bebês é
comum acometer as regiões da cabeça, pescoço e palmas das mãos.
O controle efetivo da escabiose na comunidade envolve o tratamento em massa associado à
educação em saúde. O tratamento em massa da escabiose com ivermectina ou com
piretróides foi demonstrado como eficiente em comunidades carentes. Especialmente no
controle da escabiose, é necessário o tratamento de todos os membros da família do individuo
acometido e dos parceiros sexuais, inclusive dos assintomáticos. Nesse caso, não há
necessidade de lavar e/ou tratar a roupa, pois o ácaro não sobrevive muito tempo fora do
hospedeiro humano. Infelizmente, o tratamento extensivo aos contatos mais próximos do
individul acometido raramente acontece, seja por falta de informação da população, pela
negligencia dos profissionais de saúde ou ainda pela não aderência do paciente ao tratamento
tópico com benzoato de benzila, substancia que causa ardor, dor forte, que existe várias
aplicações e único medicamento para escabiose disponível nas farmácias básicas do SUS.

2. Ácaros de poeira e de produtos armazenados


3. Caracteristicas

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