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O principal grupo abordado neste boletim é o das aranhas.

Elas são em sua maioria


noturnas e culpam quase todos os ambientes naturais.
Constituem um grupo abundante em áreas urbanas, o que pode estar relacionado à sua
grande plasticidade adaptativa e alta capacidade de dispersão.
O Estado de São Paulo apresenta 875 espécies descritas, distribuídas em 50 famílias. A
região neotropical possui 11.280 espécies (quase 1/3 das espécies propostas para o
mundo). O Brasil é o país neotropical com maior diversidade
As aranhas podem ser reconhecidas por apresentarem, corpo dividido em duas partes,
cefalotórax e abdômen; oito pernas e dois pedipalpos e ausência de antenas e outras
características, também são a possibilidade de inocular veneno e produzir seda, ambas
bem conhecidas pela população em geral, causando certo medo para a maioria das
pessoas. Esses dois fatores são muito importantes para a sobrevivência delas no ambiente
onde vivem. Eles permitem que muitas aranhas construam teias, servindo de armadilhas
para a captura e imobilização de presas, além de outras funções, como a construção de
sacos de ovos e revestimento de refúgios. O veneno também ajuda na imobilização da
presa, e facilita a digestão que é inicialmente externa, e juntamente com outros fluidos
originários do seu trato intestinal, dissolvem a presa, no qual o líquido é sugado aos poucos
pela aranha.
Apenas três espécies pertencentes a dois gêneros e duas famílias, de um total de 145
espécies e 40 famílias registradas para o PNI, foram consideradas de importância médica,
estando relacionadas a acidentes em humanos ou animais domésticos. Em São Paulo,
podemos destacar apenas três grupos diretamente ligados à sistemática de aranhas. No
Instituto Butantan há quatro taxonomistas empregados, três com título de Doutor: Antonio
Domingos Brescovit (várias famílias de Araneomorphae, com destaque para Anyphaenidae,
Ctenidae e Scytodidae), Cristina Anne Rheims (Sparassidae, Scytodidae), Sylvia Marlene
Lucas (Theraphosidae, Nemesiidae) e Rogério Bertani (Theraphosidae)
Apesar das coletas intensas dos últimos anos, os biomas mal amostrados ainda são os
mesmos. Cabe destacar o Cerrado que, apesar das muitas áreas amostradas no Programa
BIOTA/FAPESP, ainda carece de informações relevantes, uma vez que boa parte do
material coletado ainda não foi totalmente examinado e relacionado em listas faunísticas.
Os gêneros de importância em saúde pública são as seguintes espécies:
São notificados anualmente cerca de 5.000 acidentes. A predominância destas notificações
são nas região Sul e Sudeste, dificultando uma análise mais abrangente do acidente em
todo o país. Em face das informações disponíveis pode-se considerar:

Distribuição segundo os meses do ano: observou-se que os acidentes por Phoneutria


aumentam significamente no início da estação fria (abril/maio), enquanto os casos de
loxoscelismo sofrem incremento nos meses quentes do ano (outubro/março). Isso pode
estar relacionado ao fato de que no Sul e Sudeste, as estações do ano são melhor definidas
quando comparadas às demais regiões do país.

Distribuição dos casos nos estados: a maioria dos acidentes por Phoneutria foram
notificados pelo estado de São Paulo. Com respeito aos acidentes por Loxosceles, os
registros provêm das regiões Sudeste e Sul, particularmente no estado do Paraná, onde se
concentra a maior casuística de Loxoscelismo do país. A partir da década de 80,
começaram a ser relatados acidentes por viúva-negra (Latrodectus) na Bahia e, mais
recentemente, no Ceará.
Três gêneros de aranhas consideradas de importância médica

1. Aranha-marrom (Loxosceles) - Não é agressiva, pica geralmente quando comprimida


contra o corpo. Tem um centímetro de corpo e até três de comprimento total. Possui hábitos
noturnos, constrói teia irregular como “algodão esfiapado”. Esconde-se em telhas, tijolos,
madeiras, atrás ou embaixo de móveis, quadros, rodapés, caixas ou objetos armazenados
em depósitos, garagens, porões, e outros ambientes com pouca iluminação e
movimentação.

2. Aranha armadeira ou macaca (Phoneutria) - Bastante agressiva, assume posição de


defesa saltando até 40 cm de distância. O corpo pode atingir 4 cm, com 15 cm de
envergadura. Ela é caçadora, com atividade noturna. Abriga-se sob troncos, palmeiras,
bromélias e entre folhas de bananeira. Pode se alojar também em sapatos, atrás de móveis,
cortinas, sob vasos, entulhos, materiais de construção, etc.

3. Viúva-negra (Latrodectus) - Não é agressiva. A fêmea pode chegar a 2 cm e o macho de


2 a 3 cm. Tem atividade noturna e hábito de viver em grupos. Faz teia irregular em arbustos,
gramíneas, cascas de coco, canaletas de chuva ou sob pedras. É encontrada próxima ou
dentro das casas, em ambientes sombreados, como frestas, sob cadeiras e mesas em
jardins.

Caranguejeiras (Infraordem Mygalomorphae) - As aranhas caranguejeiras, embora grandes


e frequentemente encontradas em residências, não causam acidentes considerados graves.

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