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Neves - Adaptação Às Condições Do Varejo Brasileiro, Lições Do Caso Wal-Mart
Neves - Adaptação Às Condições Do Varejo Brasileiro, Lições Do Caso Wal-Mart
RESUMO
1. Objetivo
A rede
O fundador da rede estabeleceu duas premissas básicas nas quais se baseia a operação da
Wal-Mart em todo o mundo: um controle de despesas melhor que o da concorrência e a
superação das expectativas dos clientes. O padrão geralmente seguida é o de operar na
periferia de grandes cidades, com recursos avançados de logística e a prática de margens
baixas que exigem rigorosos controles de custos e negociações duras com fornecedores.
Dados de setembro de 1996 indicavam que a rede operava nos Estados Unidos com 1.946
lojas Wal-Mart, 324 Supercenters e 436 Sam’s Clubs. Além disso, contava então com
quatro unidades na Argentina, cinco no Brasil, 135 no Canadá, duas na China, uma na
Indonésia, 138 no México e 11 em Porto Rico. 5
Para operar no mercado de varejo brasileiro, a Wal-Mart criou uma joint venture com a
brasileira Lojas Americanas. Em maio de 1995 desembarcou no Brasil, inaugurando o
Sam’s Club de São Caetano do Sul. No total abriu 6 lojas na Grande São Paulo. O grupo
Garantia adquiriu 40% das ações da empresa brasileira, não sendo responsável direto por
sua gestão.
3
EXAME ESPECIAL. Indústrias. 18/12/96. Ed. 625a, pp. 44-48.
4
WALTON, Sam. Sam Walton made in America. Rio de Janeiro: Campus, 1993. A declaração é de 1992,
ano da publicação do original em inglês.
5
NICOLETTA, Costábile & FERREIRA, Alcides. Wal-Mart vai anunciar plano para sua expansão no
Brasil. O Estado de São Paulo, 08/10/96.
URL:<http://www.estado.com.br/jornal/96/10/08/WALLS08.HTM>.
6
O supercenter de Bauru (SP) é o mais recente; foi inaugurado em julho de 1997. V. OLIVEIRA,
Wagner. Loja enfrenta concorrência da Wal-Mart. Folha de São Paulo, 18/07/97, p. 2-7.
2
principais grupos de clientes pequenos empresários e grandes famílias, associados ao
empreendimento. Movimentaram em 1996 cerca de R$ 100 milhões.
Quando desembarcou no Brasil, a Wal-Mart informou que investiria US$ 200 milhões
para abrir 8 lojas.7 Dados de janeiro de 1997 indicavam que os negócios da rede no Brasil
empregavam 2.200 funcionários, depois da demissão de 300 deles.
Os formatos do varejo de grande porte surgidos nas duas últimas décadas no exterior, dos
quais as lojas Wal-Mart são exemplo, têm apresentado uma gestão baseada na prática de
preços agressivos, grande variedade de produtos, concessão de autonomia para os
gerentes e crescimento baseado em recursos autogerados. A importância das economias
de escala tem se mostrado crescente na atividade de comercialização de bens e serviços,
uma vez que conferem melhor posição de barganha para quem as pratica; possibilitam
diluir despesas e operar com margens de lucratividade por produto mais competitivas. 8
Varejistas de grande porte têm operado com significativo poder de pressão junto a seus
fornecedores e em capacidade de lidar de forma radical com o processo de concorrência.
No que diz respeito a lojas de desconto, depois de crescimento significativo ao longo dos
últimos anos, o mercado americano dá sinais de estar próximo dos limites de expansão:
estudo feito pela IBM Consulting Group sugere que tal formato chegou à maturidade
nesse mercado.9
A evolução do mercado de varejo dos EUA teve na figura dos supercenters uma das mais
notáveis modalidades de formatação. Em 1990 havia 195 unidades desse tipo nos Estados
Unidos. Dados de 1996 indicam a existência de 790.10 O formato de clube de compras
adotado no Sam’s Club, por seu turno, obteve significativo sucesso na década de 80 mas
é hoje considerado um modelo esgotado.
Mercado brasileiro
3
comparação com outros países: cerca de cem empresas controlam aproximadamente 50%
dele; em países como a França e a Alemanha, esse controle é exercido por menos que dez
grupos. As expectativas são de que as transformações na estrutura do varejo brasileiro
sejam aceleradas pela vinda de novos competidores estrangeiros, em parte pelo fato de
que as margens praticadas em economias consolidadas têm mostrado tendência
declinante.13
13
BLECHER, Nelson. O futuro...
14
PESCIOTTA, Fernando. Abras prevê novos investimentos de redes estrangeiras. O Estado de São
Paulo, 8/3/96. <URL: http://www.estado.com.br/jornal/96/03/08/ABRAS08.HTM>.
15
BLECHER, Nelson. O futuro...
16
SCHWARTZ, Gilson. Rumos do varejo...
17
PEREZ, Luís. Guerra comercial abre vagas no varejo. Folha de São Paulo, 14/01/96, p. 6-1.
18
FERNANDES, Fátima. Redes devem investir R$ 700 mil. Folha de São Paulo, 15/03/96, p. 2-12.
19
GUERRA TEVE INÍCIO EM 1995. Folha de São Paulo, 12/05/96, p. 6-9.
4
Os desafios do novo contexto
Dados disponíveis indicam que em dezembro de 1995 a loja de Osasco alcançou vendas
próximas de US$ 1 milhão por dia, recorde no varejo brasileiro. A despeito do bom
volume de vendas, nesse mesmo ano os prejuízos da Wal-Mart no Brasil foram de R$
16,538 milhões.
Há indícios de que a falta de sintonia com o mercado local tenha prejudicado os negócios
da empresa em seu processo de inserção no varejo brasileiro. Dentre eles, o oferecimento
de produtos de reduzido interesse para os consumidores locais. Nos supercenters, a loja
chegou a manter itens como tilápias vivas , trituradores de alimentos, coletes salva-vidas
e sacolas para tacos de golfe,22 produtos estranhos aos hábitos de consumo dos clientes da
região.
Semelhantemente, as plantas das lojas do Brasil foram elaboradas nos Estados Unidos, e
assim também os softwares de controle e de logística foram reproduzidos e usados aqui,
cabendo considerar a presença de diferenças na forma de operar dos fornecedores, pouco
familiarizados com expedientes de troca eletrônica de dados (EDE) e habituados a
controlar manualmente o processo de reposição das mercadorias.
5
estoques e aprimoramento da logística, com redução de custos e a possibilidade de
praticar preços mais competitivos. Dados referentes ao Brasil, porém, indicam que 3%
das lojas existentes estão informatizadas; prevê-se que até o ano 2.000 essa parcela
chegará a 60%.24 A isso deverão corresponder investimentos superiores a US$ 2 bilhões;
as expectativas são de que em decorrência dos investimentos em informatização
possibilitem redução na representatividade dos custos operacionais do segmento de 17%
para 10% das vendas.25
No que diz respeito às relações com fornecedores, cabe considerar que alguns dentre eles
chegaram a manifestar clara insatisfação com a política de compras da rede no Brasil. Em
dezembro de 1995 a Nestlé declarou à imprensa ter restrições à prática da Wal-Mart de
vender produtos abaixo do preço de custo.26
6
quilômetros e se situam próximas do supercenter de Santo André, onde predominam
fábricas e não residências. Trata-se ainda de região coberta por dois hipermercados
Carrefour.29
Desde a instalação da rede, algumas idas e vindas são dignas de referência. Em 1995, a
empresa anunciou a intenção de construir um shopping center numa parte de seu terreno
na cidade de Osasco.30 No final desse ano, animada com o desempenho de seu
supercenter, optou por ampliar seu estacionamento nesse mesmo espaço. No ano
seguinte, reviu sua decisão e a imprensa anunciou a retomada do projeto do shopping.
No primeiro trimestre de 1996 a rede dava sinais de mudança na sua forma de operar.
Reduziu o ritmo de compras e chegou a suspender por tempo indefinido as encomendas
junto a fornecedores.32 Passou a mostrar maior cautela nos processos de compra e venda.
Nesse mesmo ano o executivo norte-americano da rede Robert Martin, responsável pelos
negócios internacionais, anunciou no Brasil o alongamento de prazos nos planos de
expansão da rede. Especulava-se que o crescimento dos Sam’s Clubs no país seria
paralisado.33
“(...) estabeleceu três fases para ingressar no Brasil. Em primeiro lugar, investiu
US$ 200 milhões no país com as primeiras lojas. Depois, vai avaliar os
resultados e em seguida ingressar no Brasil de uma forma agressiva.” 34
Alguns meses depois Robert Martin, presidente da Wal-Mart International, declarou que
os últimos anos têm presenciado grandes alterações no comportamento do consumidor
brasileiro e que a adaptação da rede ao mercado de varejo do país se faz aos poucos.35
Em janeiro de 1997 foi anunciada a demissão de 300 funcionários das cinco lojas então
instaladas no Brasil. A rede alegou necessidade de ajustar seu quadro de funcionários ao
29
VASSALLO, Cláudia. Para onde, afinal...
30
NETZ, Clayton. Os ziguezagues da Wal-Mart. Exame, 08/05/96. Ed. 609, p. 11.
31
COELHO, Edilson. Wal-mart tem prejuízo de R$ 16,5 milhões. O Estado de São Paulo, 29/03/96.
URL:<http://www.estado.com.br/jornal/96/10/08/WALLS29.HTM>.
32
FERNANDES, Fátima & CHIARA, Márcia de. Wal-Mart Muda...
33
VASSALLO, Cláudia. Para onde, afinal...
34
CONSTANTINO, Jacques. Perda da Wal-Mart atinge R$ 14,25 milhões. Folha de São Paulo, 23/08/96,
p.2-6.
35
FERNANDES, Fátima. Wal-Mart vai investir US$ 100 milhões no país. Folha de São Paulo, 25/10/96,
p. 2-5.
7
nível de vendas. Em março de 1997 foi anunciado o nome de um novo executivo para
dirigir a Wal-Mart no Brasil.36
As expectativas são de que a rede continue a manter investimentos significativos fora dos
Estados Unidos, uma vez que o mercado norte-americano dá sinais de saturação. São
grandes as chances de que no Brasil esse crescimento tome a forma de investimentos em
novos supercenters, uma vez que o modelo de clubes de compras como os Sam’s Clubs
está esgotado. A Wal-Mart previa para 1997 investimentos de US$ 100 milhões em
novos supercenters, parte dos quais em cidades do interior do estado de São Paulo como
Ribeirão Preto (com inauguração prevista para o terceiro trimestre de 1997) e Bauru (loja
já inaugurada).40
3. Enquadramento e Comentários
36
Seu nome é Vicente Trius. Substituiu Arthur Emmanuel, que trabalhava havia quatro anos no Brasil.
37
FERNANDES, Fátima. Wal-Mart vai investir...
38
DANTAS, Vera. Carrefour quer expandir rede de supermercados. O Estado de São Paulo, 15/05/96.
URL: <http://www.estado.com.br/jornal/96/05/15/CARFU15.HTM>.
39
SCHWARTZ, Gilson. Rumos do varejo...
40
COELHO, Edilson. Wal-Mart promete investir, apesar do prejuízo. O Estado de São Paulo, 24/10/96.
URL:<http://www.estado.com.br/jornal/96/10/08/WALL24.HTM>.
8
Mintzberg e Quinn (1992) chamam a atenção para o fato de que contextos diversificados
exigem uma organização suficientemente diversificada para lidar com a complexidade e
Peters (1992) sugere que a adequação ao contexto depende de redefinição permanente da
organização e a reinvenção de estratégias adaptativas.
Particularmente atento para a análise dos contextos interno e interno à empresa, Pettigrew
(1985, 1989) sugere uma visão na qual o entendimento dos fenômenos depende da
compreensão de seu contexto e de sua dinâmica ao propor a análise que chama de
contextualista como método.
Essa forma de análise combina a comparação entre casos com a visão temporal do objeto
de análise; nela o contexto é visto como limitante, influenciador e ao mesmo tempo
continuamente influenciado por ações e processos que cabe examinar, cabendo
considerar que essas ações e processos atuam no sentido de alterar ou preservar o próprio
contexto. O autor lembra que sob as limitações impostas pelo contexto as empresas têm a
possibilidade de optar entre alternativas de estratégia, cabendo aos administradores
visualizar alternativas possíveis, compreender as mudanças no contexto e buscar a melhor
forma de fazer frente a elas. Segundo o autor:
“I have tried to give emphasis to several critical things. One is catching reality in
flight. A second is a return to the embeddedness serious treatment of levels of
context in approaching the study of change and innovation. A third is the attempt
to get contextual realism to understand enough about the setting and the behavior
of actors in their context to really expose the realism of action.” 41
Para Hamel e Prahalad (1990, 1994) desenvolver o que chamam de core competencies
(competências essenciais) é fundamental para que as empresas possam manter
competitividade duradoura. Para eles, abordagens parciais voltadas para um ou outro
aspecto do negócio (por exemplo: os produtos, os processos ou a concentração em um
certo nicho de mercado) revelam-se geralmente insuficientes. Haver criado e mantido
certo tipo de competência, por outro lado, é crucial para que uma empresa possa obter
sucesso em seu ambiente.
41
Entrevista a Matthew S. Kraatz, da University of Illinois, em 1995. V. URL:
<http://www.hec.fr/omtfev1.htm>.
9
Em vista disso, uma empresa poderá ser prejudicada por produtos, formas de proceder e
uma conformação estrutural que, por a haverem levado ao sucesso possam funcionar
como inibidor de futuras mudanças úteis.42 Diante disso, deverá desenvolver uma postura
que possibilite conservar e desenvolver as competências necessárias, dispondo-se a rever
o estado de coisas existente com genuína disposição para mudanças necessárias.
Estruturas, grau de centralização das decisões, cultura organizacional e aspectos do
ambiente podem estar a favorecer ou a dificultar o florescimento dessa postura. Excesso
de competição interna, rigidez de procedimentos ou na composição das linhas de
produtos, falta de envolvimento das pessoas na empresa, ausência de um ambiente
interno que estimule ações de risco, dentre outras coisas, costumam restringir o
surgimento de novas competências e a manutenção das já existentes. Estar voltado para o
cultivo de competências, ter capacidade de distinguir quais são as essenciais e poder
investir nelas fazem diferença apreciável para empresas que operam sob condições de
baixa previsibilidade e competição intensa.
“Top management must add value by enunciating the strategic architecture that
guides the competence acquisition process. We believe an obsession with
competence building will characterize the global winners of the 1990s. With the
decade underway, the time for rethinking the concept of the corporation is
already overdue.”
Se por um lado para se situar em seu mercado uma empresa deve se diferenciar da
concorrência, haverá situações em que terá de diferenciar-se de si mesma: no processo de
expansão dirigido a novos mercados, reconhecer acertadamente diferenças do ambiente e
dos elementos que compõem o processo competitivo e agir em função desse
reconhecimento são elementos de grande importância.
10
formar um padrão para as tentativas da Wal-Mart de conquistar mercados fora dos EUA.
Segundo Kathleen O’Connor, psicóloga norte-americana especializada em marketing,
esse insucesso da rede em outros países que não os Estados Unidos pode muitas vezes ser
atribuído a
“(...) uma questão de atitude. Algumas redes, por se considerarem muito bem-
sucedidas, entram num novo mercado dizendo: ‘Ei, aqui estamos, veja como
vocês são sortudos’. E não se preocupam em adaptar sua cultura à do outro
país.” 44
“A Wal-Mart tem problemas em todos os lugares fora dos Estados Unidos. E isso
porque, além de exportar seus valores fundamentais, eles estão exportando
também suas práticas e estratégias. Eu diria até que a Wal-Mart deveria ter
empresas diferentes para diferentes países, mas sempre mantendo seus valores.
(...) A questão com a Wal-Mart - e isso é uma pergunta, não uma resposta - é se
a empresa vai conseguir transcender Sam Walton.” 45
Collins e Porras (1994) salientam uma empresa pode preservar seus valores centrais sem
deixar de ser capaz de mudar e se adaptar a diferentes situações. Combinar a preservação
de competências já existentes com a capacidade de atuar de forma diferenciada conforme
44
Entrevista concedida a Jacqueline Breitinger. V. <URL: http//fws.uol.com.br/folio.pgi/exame96.nfo>.
45
PILAGALLO, Oscar. Guru dos negócios avalia chance do Brasil. Folha de São Paulo, 20/10/96, p. 2-4.
11
as mudanças nas exigências do ambiente, aliás, está presente segundo os autores em
grande parte do que chamam de empresas visionárias.
4. Considerações Finais
A natureza dos problemas enfrentados pela Wal-Mart refletem a presença de uma visão
particular quanto a quais são os elementos em que deve residir uma vantagem
competitiva e em quais devem ser as capacitações a desenvolver para se situar em um
contexto diferenciado do já conhecido. O emprego de estratégias padronizadas pela rede
pressupôs a expectativa de condições assemelhadas àquelas enfrentadas em situações
anteriores que não se verificaram.
12
condições de seus mercados de origem, muitas empresas de varejo têm falhado na
tentativa de se instalar em outros mercados, particularmente no que se refere à questão de
se adequar às peculiaridades dos mercados locais e empregar estratégias consistentes com
as condições desses mercados.
O exercício de uma postura adaptativa requer dentre outras coisas uma estratégia de
leitura dos indícios fornecidos pelo mercado, isto é, de interpretação de indícios
disponíveis quanto a em quê residem as preferências dos clientes.
À suposição de que diferenças de contexto não são relevantes deve se contrapor uma
atitude de buscar conhecimento do mercado local e das alternativas existentes em termos
de relacionamento com outros agentes da arena em que a empresa atuará. Parece lícito
supor que associações com empresas locais devem ser aproveitadas ao máximo como
forma de acesso a esse conhecimento e para o intercâmbio de experiências, uma vez que
particularidades do mercado local têm de ser percebidas, analisadas e compreendidas para
que sirvam de base para ação.
13
Administradores habituados a reforçar e repetir aquilo que funcionou bem no passado
podem perder a sensibilidade para aspectos de contexto e a capacidade de interpretar
grupos de elementos que tomados em conjunto conduziriam a outro tipo de decisão e
ação.
Uma boa dose de discernimento se faz necessária para a visualização adequada de limites
outros no processo de inserção de um negócio no mercado de varejo, diferentes daqueles
usualmente referidos, associados a fatores como bom gerenciamento de estoques, preço
praticado, adequação da logística ou grau de disseminação da marca.
Quanto mais difícil é prever o futuro, maior tem se mostrado a importância de ser
flexível. Flexibilidade não reside somente na capacidade de se mobilizar prontamente
para disponibilizar produtos, mas também na postura de estar atento a sinais de
necessidade de mudança e na disposição de adotar procedimentos, métodos e ações que
reflitam a consciência desses sinais. Deve haver disposição para sistematicamente
repensar o negócio e revisitar suas características, rever objetivos e se mover em nova
direção, mudando o que for necessário na estrutura e na forma de fazer as coisas.
Os problemas indicados neste estudo com certeza não são novidade para os executivos da
Wal-Mart. Sob pena de serem ineficazes, os esforços para resolvê-los não deverão se
basear em uma visão individualizada e desconexa dos desacertos verificados. Eles fazem
parte de um padrão, de maneira que requerem soluções abrangentes em vez de isoladas;
são sintomas de um problema amplo, que é a dificuldade em lidar com diferenças de
contexto.
14
dentro de limites antes despercebidos. Reverter os erros observados depende de ter
consciência deles e de poder promover as mudanças necessárias. Tais mudanças são
possíveis, mas a que custo?
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