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As Funções do Administrador
1. A ABORDAGEM DO PROCESSO
A abordagem dos processos é coerente com uma análise estrutural da organização, sendo
criticada pelos autores da abordagem dos papéis, pelo seu caráter formal, impessoal e abstrato;
além de sua dependência com a hierarquia de autoridade para obter uma maior eficácia de seu
funcionamento.
O principal autor da abordagem dos papéis é Mintzberg, que apresentou outra descrição a
respeito do trabalho do administrador, além das funções descritas por Fayol. De acordo com
Mintzberg13 a definição das funções do executivo pelas palavras planejar, organizar, coordenar e
controlar vem dominando o vocabulário da administração desde que o industrial francês Henry
Fayol introduziu-as, em 1916. Mas, completa o autor, na melhor das hipóteses elas apenas
indicam alguns objetivos vagos adotados pelos executivos em sua rotina, não enfrentando a
pergunta fundamental: o que fazem os executivos
A corrente dos papéis, em contraposição à “Abordagem do Processo”, enfatiza a
pessoalidade, a informalidade e a necessidade de pesquisa empírica para conhecer o trabalho do
executivo; e não basta confiar simplesmente na experiência e intuição dos executivos 14. A fonte
principal de crítica é o caráter prescritivo dos clássicos, orientando seus trabalhos para “o que
deve o executivo fazer” para ser eficaz. O caráter formal e sistemático que as atividades de
planejamento, organização, direção e controle transmitem, na verdade, está longe das ações de
um executivo de carne e osso15.
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1. PAPÉIS INTERPESSOAIS
REPRESENTATIVO - o executivo desempenha alguns deveres de caráter cerimonial;
LÍDER - o executivo é responsável pelo trabalho das pessoas de sua unidade;
CONTATO - o executivo faz contatos fora de sua cadeia vertical de comando;
2. PAPÉIS INFORMACIONAIS
MONITOR - o executivo, constantemente, examina seu ambiente a procura de informações,
interroga seus contatos de ligação e seus subordinados;
DISSEMINADOR - o executivo passa algumas de suas informações privilegiadas
diretamente a seus subordinados, os quais não teriam de outra maneira acesso a elas;
PORTA-VOZ - o executivo envia algumas de suas informações a pessoas fora de sua
unidade;
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3. PAPÉIS DECISIONAIS
EMPREENDEDOR - o executivo procura melhorar sua unidade, busca adaptá-la às
condições de mudança no ambiente;
SOLUCIONADOR DE DISTÚRBIOS - o executivo responde involuntariamente a
pressões. Aqui a mudança está além de seu controle;
ALOCADOR DE RECURSOS - o executivo decide quem obterá o que em sua
unidade. Talvez, o recurso mais importante seja o seu tempo;
NEGOCIADOR - o executivo gasta considerável parcela de seu tempo em negociações.
Para o autor estes dez papéis em conjunto formam o cargo administrativo. No entanto,
“dizer que os dez papéis formam um todo integrado não é dizer que todos os administradores dão
igual atenção a cada papel” 18. Por exemplo: o gerente de vendas pode dar maior atenção aos
papéis interpessoais, o gerente de pessoal aos papéis informacionais e o gerente de produção aos
papéis decisionais. Mas, nos três casos, os papéis interpessoais, informacionais e decisionais
permanecem inseparáveis e presentes em todo cargo administrativo.
3. A CONTRIBUIÇÃO DE STEWART
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O modelo pode ser estruturado por meio de círculos, tendo a área central ocupada pelas
demandas; a área fronteiriça externa formada pelas restrições; e a área intermediária, a “sobra”
entre demandas e restrições, composta pelas escolhas. Estes limites podem ser considerados a
dinâmica do modelo. A extensão destas categorias muda a todo tempo devido a novas situações
que surgem no funcionamento da organização. Desta forma, os administradores devem estar
habilitados a mudar algumas demandas ou restrições de seu trabalho.
A agenda refere-se “ao processo pelo qual o executivo decide o que fazer” 19. Em outras
palavras, são as estratégias pessoais para realizar as metas de seu trabalho. A autora tem uma
hipótese pessoal, não comprovada empiricamente, que os executivos proativos (aqueles que tem
agenda explícita) parecem ser os mais eficazes.
Mintzberg demonstrou que o trabalho executivo é fragmentado e, em função disso, ele é
um respondente em tempo real das pressões do cargo. Ou seja, o gerente tem uma agenda
(estratégia pessoal) reativa. Stewart confirma em parte: “a maioria dos executivos não tem
agendas explícitas... executivos com tal padrão de trabalho fragmentado provavelmente terão
uma agenda reativa... No entanto, isto não é verdade para todos os cargos” 20, mas apenas para
aqueles com trabalho fragmentado.
Os poucos executivos que possuem agendas explícitas estão provavelmente em
cargos não fragmentados, isto sugere que “a natureza do cargo pode fornecer um estímulo para
estabelecer agendas explícitas”21.
Portanto, o estudo empírico do comportamento é insuficiente para explicar as funções
administrativas se não forem levantadas as escolhas disponíveis ao ocupante do cargo.
Quando é medido o comportamento, a atividade de ronda pela fábrica é indiferente para o
executivo que vai motivar seus funcionários ou aquele que busca encontrar melhorias. Quando
são examinadas as escolhas, as ações dos executivos são bem distintas.
A lição apreendida da exposição da autora diz respeito a impossibilidade de generalizar
sobre o trabalho administrativo apenas pelo estudo do comportamento. Há de se entender,
também, a flexibilidade do cargo através do estudo de suas demandas, restrições e escolhas.
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Este modelo proposto por Stewart representa uma forma de pensamento sobre a natureza
do trabalho gerencial e sobre o que os administradores fazem. A contribuição deste trabalho está
no entendimento das similaridades do trabalho gerencial; na exploração das diferenças existentes
no trabalho dos executivos; na identificação dos tipos de trabalho que o modelo pode ser
aplicado; e na avaliação e identificação das diferenças entre níveis hierárquicos e funções.
4. A CONTRIBUIÇÃO DE KOTTER
John P. Kotter diz que a visão convencional das funções, ferramentas e sistemas
gerenciais, discutida em termos de planejamento, controle, ações relativas a recursos humanos,
organização e direção, está muito distante do atual comportamento gerencial.
Kotter23 a partir da análise das atividades desenvolvidas por gerentes de sucesso em
grandes empresas, observou que os executivos gastam a maior parte de seu tempo com outras
pessoas, tais como subordinados diretos e chefes; os tópicos abordados em suas discussões são
extremamente amplos; nas conversas, os gerentes fazem várias perguntas; durante as conversas,
os gerentes raramente tomam grandes decisões; nestas discussões geralmente há várias piadas e
brincadeiras sobre assuntos não relacionados ao trabalho; grande parte das discussões aborda
assuntos de importância relativa ao negócio da organização; os executivos raramente dão ordens;
os gerentes comprometem-se à tentativa de influenciar outras pessoas; os gerentes apresentam-se
reativos com iniciativas de outras pessoas; a maior parte do tempo é gasto com outras pessoas em
conversas curtas e não planejadas; os executivos trabalham por longas horas.
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Esta abordagem baseia-se na idéia de que qualquer ação gerencial deve preceder de um
diagnóstico. Desta forma, sua metodologia está organizada em três fases26:
Diagnóstico: Esta etapa tem como base a idéia de que qualquer ação gerencial deve ser
precedida de um diagnóstico sistemático do sistema sob investigação. Esta fase pode ser
dividida em quatro distintos, mas relacionados, passos.
1. Identificação do sistema, especificando-o claramente;
2. Determinação da natureza das variáveis-chave;
3. Diagnosticar os desajustes e a relação desses com os procedimentos;
4. Identificar os problemas críticos do sistema;
Soluções alternativas de ação: Esta etapa pode ser dividida em três passos:
5. Geração de soluções alternativas
6. Avaliação de alternativas estratégicas
7. Escolha das estratégias a serem implementadas
Avaliação e Feedback: Estes dois componentes da última etapa permitem ao gerente trabalhar
com um plano de ação para lidar com problemas críticos do sistema. A fase finais consiste
não só na implementação do plano de ação mas também com a avaliação, feedback, e ajustes
das estratégias para encontrar os requisitos emergentes do sistema. A última etapa pode ser
dividida nos seguintes passos:
8. Implementação das estratégias
9. Avaliação e exame
O novo gerente deverá criar estratégias, determinar a direção na qual a empresa deve
avançar e conseguir fazer com que seus subordinados o sigam por estarem convencidos da
validade de suas idéias. Mas, além de tudo isto, o gerente na próxima década deverá concentrar-
se em criar equipes de trabalho competentes e motivadas, para poder alavancar os recursos da
14
empresa, criar um sistema flexível capaz de reestruturar recursos para tratar as oportunidades e
desenvolver uma capacidade global.
Cabe ressaltar que se torna difícil a análise das funções dos administradores desvinculadas
ao momento histórico. Nas burocracias o trabalho foi racionalizado desde os níveis gerenciais até
os níveis de tarefa. Os administradores planejavam, comandavam e controlavam o trabalho dos
outros, onde cada nível da hierarquia depende dos níveis superiores. Atualmente o processo de
desverticalização das estruturas administrativas coloca as tradicionais funções dos
administradores em questão. Além das mudanças na natureza das funções administrativas, as
novas relações da organização com o ambiente externo (fornecedores, clientes, regulamentações
governamentais, concorrência, sociedade entre outros) inserem um novo conjunto de habilidades
e funções importantes ao trabalho administrador.
NOTAS:
1
MINTZBERG, Henry. Trabalho do executivo: o folclore e o fato. São Paulo:: Abril Cultural, 1986. (Coleção HARVARD
de Administração). p.8;
2
CARROLL, Stephen J. e GILLEN, Dennis J. Are the classical management functions useful in describing managerial
work? Academy of Management Review, 1987, V. 12, n. 1, p.38;
3
GULICK, L. Notes on theory of organization. In: GULICK, L. et. al. Papers on the science of administration. New York:
M. Kelly; 1973.
4
WREN, 1979, p. 4l7.
5
WREN, 1979, p.440.
6
NEWMAN,1977, p.11;
7
WREN, 1979, p.44l
8
NEWMAN, 1977, p.14-5;
9
WREN, 1979, p.445;
10
KOONTZ e O'DONNELL 1978, p.48-50;
11
DAFT, R. L. Administração. Rio de Janeiro: LTC.,1999, p. ;
12
DAFT, 1999, p. 5;
13
MINTZBERG, 1986, p. 7-8;
14
ESCRIVÃO FILHO, E. (1995). A natureza do trabalho do executivo: uma investigação sobre as atividades
racionalizadoras do processo produtivo em empresas de médio porte. Tese de Doutorado. Florianópolis: Universidade
Federal de Santa Catarina.
15
ESCRIVÃO FILHO, E. e CUNHA, Cristiano J. C. A. As funções do executivo e a engenharia de produção. Anais do XV
Congreso Nacional de Engenharia de Produção (ENEGEP). São Carlos: ABEPRO, setembro de 1995. p.1787.
16
MINTZBERG, 1975, p.51-3;
17
MINTZBERG, 1986, p. 13;
18
MINTZBERG, 1975, p.59.
19
STEWART, 1979, p.35;
20
Stewart, 1979, p.45;37;38;
21
STEWART, 1979, p.38
22
HAMPTON, 1990, p.13;
23
KOTTER, J. P. What effective general managers really do. Harvard Business Review, v.60, n.6, nov-dec 1982. p156-
167
24
Elaboração própria a partir do texto;
25
KOTTER, 1982, p.161-3;
26
NADLER, David A. e TUSHMAN, Michael L. A diagnostic model for organizational behavior. In: HACKMAN, J.
Richard; LAWLER III, Edward E. e PORTER, Lyman W. Perspectives on behavior in organizations. New York:
McGraw-Hill, 1977. p.94-7.
27
NADLER, David A. e TUSHMAN, Michael L. Projetos de organizações com boa adequação: uma moldura para
compreender as novas arquiteturas. IN; NADLER, David, GERSTEIN, Marc S., SHAW, Robert B. e associados.
Arquitetura organizacional. Rio de Janeiro: Campus, 1994. p.43;
28
RAMOS, A. G. .Modelos de homem e teoria administrativa. Revista de Administração Pública, v.18, n.2, abr/jun.
1984. p.3-12;
29
PRAHALAD, C. K A atividade dos gerentes da nova era no emergente panorama competitivo. In: HESSELBLEIN, F.
et. al. A organização do futuro. São Paulo: Futura, 1997. p. 176-186.
30
ASHKENAS, R. A roupa nova da organização. In: HESSELBEIN, F. et. al. A organização do futuro. São Paulo:
Futura, 1997. p118 - 126
31
Idem?
32
SENGE, P. M. A nova função do dirigente. In: A Quinta Disciplina. São Paulo: Best Seller, 1990. p 299-311
33
Elaboração própria a partir do texto;