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A gestão de pessoas e o

comportamento organizacional ao
longo do tempo
ACOMPANHAR A EVOLUÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES, AS ALTERAÇÕES DO

COMPORTAMENTO DOS EMPREGADOS EM SUA RELAÇÃO COM O TRABALHO E AS TRANSFORMAÇÕES

OCORRIDAS NA GESTÃO DE PESSOAS.

AUTOR(A): PROF. AUGUSTO PAULO CARRERA BRAUN

Os primórdios da primeira Revolução Industrial já são bem conhecidos por nós, na substituição de

atividades artesanais por processos industrializados, na forte migração de trabalhadores do campo para as

cidades, no fortalecimento das relações comerciais entre os países a partir do crescimento do volume de

produtos fabricados, na facilitação do transporte ferroviário entre as cidades produtoras e consumidoras e

até seus portos marítimos e fluviais. Depois a ocorrência da segunda Revolução Industrial, com o

aparecimento do aço e do uso da eletricidade, o que ocasionou nova fase de desenvolvimento industrial.  
Legenda: A REVOLUçãO DAS INDúSTRIAS

A Revolução Industrial revolucionou também a produção e aplicação de conhecimentos


administrativos. Na maior parte do tempo que a antecedeu, a história da administração

foi, predominantemente, a história de países, cidades, governantes, exércitos e


organizações religiosas. A partir do século XVIII, o desenvolvimento da administração foi

influenciado pelo surgimento de uma nova personagem social: a empresa industrial. 


(MAXIMIANO, 2007, P.41)

Na base dessas grandes alterações pelas quais o mundo passou ao longo dos últimos 240 anos, e ainda
passa, está a Administração, que se encarregou de interpretar os objetivos das nascentes indústrias e

traduzi-los em ação (CHIAVENATO, 2007), transformando-as nas grandes corporações que hoje
conhecemos. 

Para que isso acontecesse, ao longo do tempo, e em cada caso, decisões e ações foram tomadas na busca dos
melhores resultados para cada empreendimento. Conceitos foram criados e desenvolvidos resultando no

constante aperfeiçoamento das atividades da Administração e na expansão do progresso no mundo. Ideias e


invenções foram desenvolvidas e concretizadas, novas teorias foram sendo acrescentadas às já existentes
no seu campo de atuação. E essas teorias foram sendo colocadas em prática e modernizando os processos

produtivos, fortalecendo o desenvolvimento de mais estudos e de novas tecnologias. 

Assim, a Administração é o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o uso dos


recursos e competências organizacionais para alcançar determinados objetivos com

eficiência e eficácia, por intermédio de um arranjo convergente.


 

(CHIAVENATO, 2007, P.4)

Entretanto, o que sempre tivemos no cerne, na base de tudo isso?

O Homem, nada mais que isso! O Homem acaba sendo o autor, o protagonista e o espectador dessa grande
peça. É ele quem cria e desenvolve novas ideias, e é ele, agora na figura do protagonista, que deve

operacionalizar essas ideias e colocá-las em ação e fazer com que deem resultado positivo.
Ênfase nas tarefas

Ao analisarmos esse desenvolvimento das teorias administrativas, verificamos, na abordagem da Escola da


Administração Científica, que o seu foco determinante eram as tarefas (CHIAVENATO, 2007). Ali a busca da

eficiência das indústrias contou com os métodos de trabalho advindos da metodologia científica. A
experiência do artesanato foi trazida para as indústrias e cada um fazia seu trabalho de acordo com sua

experiência; entretanto, Taylor (busque ler sobre a importância de Frederick W. Taylor, considerado o 'pai

da Administração') e seus seguidores desenvolveram estudos para padronizar a execução racional das
tarefas, efetuando análise de movimentos, tempos e métodos para cada uma delas, criando o que foi

chamado de ‘the best way” (o melhor caminho, a melhor forma). Agora o homem deveria atuar exatamente
da forma definida pelas organizações.
Legenda: ÊNFASE NA TAREFA, UMA LINHA DE MONTAGEM.

Como passou, a partir daí, a ser o comportamento dos empregados? Extremamente padronizado e ele não
podia mais escolher seu jeito de trabalhar. As tarefas foram divididas em etapas e simplificadas, o que
permitia rápida aprendizagem; o operário especializava-se na execução de uma determinada tarefa. Isso
levou as indústrias ao sucesso, pois proporcionou altos volumes de produção em tempo reduzido; estavam

criadas as linhas de montagem, até hoje existentes e eficazes em inúmeras indústrias.


Entretanto o papel do homem restringia-se a executar apenas as tarefas que lhe eram destinadas, sem
possibilidade de propor qualquer alteração, o que era função gerencial. O filme “Tempos Modernos”, de
autoria de Charles Chaplin (Carlitos) efetuou uma crítica social a essa visão científica que escravizava o

homem. É atribuída a Henry Ford a frase "Contratamos operários porque precisamos de seus braços e
pernas, pena que eles têm que trazer a cabeça junto", fazendo menção às  necessidades, carências,
experiências humanas que, muitas vezes, atrapalhavam a ideia de produzir-se mais e sem interferências.
Podemos inferir sobre o estilo predominante de liderança praticada, condições de trabalho e outros fatores

que interferiam no comportamento das pessoas no seu dia a dia nas indústrias. 

A ênfase nas tarefas no nível do operário representa o primeiro enfoque administrativo,


ainda míope, limitado e reduzido a algumas poucas variáveis da realidade empresarial.
(CHIAVENATO, 2007, P.9)
Legenda: A ESTRUTURA DA ORGANIZAçãO

Ênfase nas estruturas

Depois, com Henri Fayol (leia mais sobre ele), buscou-se enfatizar a estrutura organizacional, como fator
importante. Aí, procurou-se valorizar a adequação dos processos aos objetivos da organização, com a
divisão racional das responsabilidades, através de órgão e cargos (áreas de competência) e não mais da

divisão das tarefas unitárias. Foram criados os 14 Princípios Gerais da Administração (CHIAVENATO, 2007),
que definiam formalmente, e entre outros fatores, a divisão do trabalho, autoridade e responsabilidade,
unidade de comando, departamentalização. Apareceu a figura do organograma. 
E, com isso, mais uma vez, alguns comportamentos dentro das organizações foram sendo criados e

modificados: os fatores acima citados originaram situações de responsabilidades específicas e


concorrências entre pessoas e áreas, disputas por poder, processos de socialização diferenciados nos vários
níveis. E novas formas de administrar as pessoas.
Uma derivação dessa escola (expressa na teoria da Burocracia, nascida com Max Webber), enfatizava, por

exemplo: a formalização, onde tudo deveria ser definido por escrito, com normas e regulamentos; a
hierarquia, com ordens impessoais e buscando a obediência; a impessoalidade no tratamento com outros
funcionários (o importante são os cargos e não as pessoas); a competência técnica, e não as competências
pessoais. 
E, como consequência, as influências nos comportamentos organizacionais, como o seguimento às regras e
normas sem espaço para a criatividade; a impessoalidade, que dificulta a aproximação entre as pessoas,
pois, afinal, o homem é um animal social; os símbolos de autoridade e poder; resistências às

transformações, às mudanças.  Esse sistema rígido pode, inclusive, dar margem ao aparecimento de formas
inadequadas de resolução de problemas, em especial quando se tem o interesse de agilizar processos
extremamente burocráticos, propiciando casos de corrupção.

A BUROCRACIA
Em nosso país o termo “burocracia” passou a ser sinônimo de ineficiência e demora na obtenção
de resultados, pela excessiva busca de cumprir regras e normas determinadas.

Legenda: ÊNFASE NAS PESSOAS


Ênfase nas pessoas
É, segundo Chiavenato (2007), a abordagem humanística, o lidar com as pessoas.

Partiu do princípio de que as necessidades sociais acompanham o homem quando este entra para o trabalho
e que elas podem ser atendidas, desde que resulte em maior produtividade ou melhores resultados.

Passaram a ser estudados conceitos sobre liderança e seus estilos e resultados, comunicação em suas

variadas formas, motivação e suas características; relacionamentos intra e interpessoais e grupais.


Aí fortaleceram-se e aprofundaram-se estudos sobre o comportamento humano dentro das organizações,

suas causas, seus efeitos, suas variações; ressaltando-se, no entanto, que a finalidade maior sempre foi
adaptar o homem ao trabalho, visando melhoria de resultados organizacionais. 

Na sequência, surgiu a Teoria Contingencial, voltada para a dinâmica dos processos internos existentes nas

organizações e no processo de decisão (convém aqui, reler sobre a Teoria dos Sistemas em Maximiano,
2007), com todas as variações permitidas aos diferentes aspectos e comportamentos apresentados.

O desenvolvimento das tecnologias, as novas gerações, as competências.

Nos últimos vinte e cinco anos tivemos um crescente e rápido desenvolvimento da tecnologia, em todo o
mundo e em diversos segmentos. Os processos comunicacionais evoluíram grandemente; os sistemas de

informações, nas empresas, ampliaram a rapidez com que decisões são tomadas e fundamentadas em um
número muito maior de dados. Computadores e celulares inteligentes fazem parte de nossas vidas pessoais,

acadêmicas e profissionais. E, mais uma vez, modificam os comportamentos das pessoas em seus

relacionamentos e nos seus desempenhos profissionais. E alteram a forma como as pessoas passam a ser
administradas e gerenciadas em seus trabalhos.

E foi esse desenvolvimento tecnológico que redesenhou as novas estruturas organizacionais, pois exerceu

bastante influência nas atividades humanas, tanto que o homem passou a ser abordado "de maneira
multidimensional e complexa, ou seja o 'homem complexo'", segundo Masiero (2009, p.35). Cita este autor

que os ambientes organizacionais vêm mudando de forma constante e rápida, tornando-se ameaças
constantes às portas das emprresas; os consumidores têm novas posturas, a concorrência extrapola os

limtes dos países, legislações são alteradas, normas de produção, segurança, qualidade, ambientais

modificam-se, Como as organizações são diferentes entre si, nem todos os princípios podem ser aplicados
indistintamente a todas elas, e as respostas também se tornaram contingenciais.

E as diferenças, de forma semelhante, atingiram as pessoas e suas formas de pensar e agir, querendo maior

autonomia em suas atividades, crescimento pessoal e profisssional mais rápido, situações menos ambíguas
e sendo menos tolerantes (MASIERO, 2009).

Não se pode comparar uma padaria em uma pequena cidade do interior com uma

multinacional. As situações são totalmente diferentes. A aplicação de modelos iguais nas


duas empresas jamais será possivel, caso não sejam consideradas as duas

realidades.Tanto a situação das empresas como também dos diferentes ambientes nos


quais elas estão inseridas  exigem modelos próprios de gerencianento.
MASIERO, 2009, P.35

ADMINISTRAçãO E GESTãO DE PESSOAS:


EVOLUINDO.
Então, temos aqui, mais alguns dados para alimentar nossas reflexões sobre a constante e

contínua evolução dos conceitos de Administração à gestão de pessoas e de seus


comportamentos. Vamos testar nossos conhecimentos realizando os exercícios abaixo.  

ATIVIDADE FINAL

Marque a alternativa correta.

A ênfase nas pessoas parte do princípio de que o homem entra para o

trabalho acompanhado de suas necessidades sociais. Então, é certo

afirmar que:

I - Essas necessidades sociais podem ser atendidas, pois essa é a

finalidade das organizações.

II - Os inúmeros conceitos de liderança e comunicação empresarial,

além das características da motivação e relacionamentos interpessoais

devem ser estudados profundamente, adaptando a organização ao

homem.

III - Na busca de maior produtividade e melhores resultados, a

organização deve preocupar-se com o homem dentro do trabalho, pois

ele não se separa de suas necessidades sociais.

IV - A prática da liderança, da correta comunicação empresarial e dos

relacionamentos interpessoais nada têm a ver com as necessidades

sociais do trabalhador. 
A. I - Essas necessidades sociais podem ser atendidas prontamente, pois essa é a finalidade das
organizações.

B. II - Os inúmeros conceitos de liderança e comunicação empresarial, além das características da


motivação e relacionamentos interpessoais devem ser estudados profundamente, adaptando a

organização ao homem.

C. III - Na busca de maior produtividade e melhores resultados, a organização deve preocupar-se com o
homem dentro do trabalho, pois ele não se separa de suas necessidades sociais.

D. IV - A prática da liderança, da correta comunicação empresarial e dos relacionamentos interpessoais

nada têm a ver com as necessidades sociais do trabalhador. 

Marque V para verdadeiro e F para falso.

I - O desenvolvimento da tecnologia pouco interferiu no trabalho

executado dentro das empresas, a não ser no processo decisório que

passou a ser mais ágil.

II – Equipamentos inteligentes, como computadores e celulares,

passaram a integrar a vida das pessoas, interferindo em seus

processos comunicacionais e de relacionamento.

III – Apesar de termos diferentes gerações trabalhando juntas, e de

suas diversas características diferenciais, elas encontram-se na

mesma eficiência com que lidam com a informática.

IV – Os comportamentos das pessoas nas organizações foram

modificados graças à tecnologia, que evoluiu rapidamente e alterou

processos comunicacionais e de informação.

A. VFVF

B. FVVV

C. FVFV

D. FFVV

Segundo Chiavenato, a Administração adequada de uma organização

visa auxiliá-la a alcançar determinados objetivos com eficácia e

eficiência. Quais são, então, os princípios da Administração?

I – Comandar, organizar, dirigir e controlar;

II – Planejar, motivar, dirigir e controlar;

III - Planejar, organizar, negociar e controlar;

IV -  Planejar, organizar, dirigir e controlar.

A. Comandar, organizar, dirigir e controlar;

B. Planejar, motivar, dirigir e controlar;


C.

Planejar, organizar, negociar e controlar;

D. Planejar, organizar, dirigir e controlar.

REFERÊNCIA
CHIAVENATO, Idalberto. Administração, teoria, processo e prática. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. 411

p.

MASIERO, Gilmar. Administração de Empresas: teoria e funções, com exercícios e casos. 2.ed. São Paulo:

Saraiva, 2009.
MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru (1997). Teoria Geral da Administração: da revolução urbana a revolução

digital. 6.ed. São Paulo: Atlas, 2007. 492 p.


www.administradores.com.br (http://www.administradores.com.br/), acessado em 20 de maio de 2017, às 22
horas e 33 minutos.

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