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Teorias da administração e suas variáveis

É sabido que a administração possui uma grande amplitude de matérias, o que faz com que a
disciplina receba diferentes contribuições, bem como possui diferentes autores e os mais variados
enfoques. Todas as teorias da administração são válidas, apesar de que cada autor valoriza uma ou
mais variáveis de sua própria teoria. De fato, é correto afirmar que cada conceito surgiu como uma
resposta para os problemas industriais e corporativos de sua época, mas também é certo dizer que
todas foram muito bem-sucedidas ao apresentarem soluções específicas para os problemas
enfrentados.
É correto dizer que todas as teorias administrativas são aplicáveis ás situações corporativas do
mundo moderno e o administrador precisa conhecê-las bem, para ter a sua disposição anos de
conhecimento que irão lhe proporcionar alternativas adequadas para a solução dos problemas. Na
administração existem seis variáveis fundamentais, que são: a tarefa, estrutura, pessoas, tecnologia,
ambiente e competitividade. O comportamento desses componentes é sistêmico e bastante complexo,
onde cada um influencia e é influenciado pelos outros. As teorias da administração existem
justamente para ajudar no entendimento e integração dessas variáveis. Esse é o principal desafio da
administração de empresas.

As principais teorias da administração, escolas e autores

1. Administração Científica (1903): Também conhecida como Taylorismo, a administração


científica foi criada por Frederick Winslow Taylor e se baseia na aplicação do método científico na
administração. Ela faz parte da escola clássica da administração e possui ênfase nas tarefas, buscando
a racionalização do trabalho no nível operacional, ou seja, visa garantir o melhor custo/benefício aos
sistemas produtivos. Taylor propôs a racionalização do trabalho por meio do estudo dos tempos e
movimentos, o qual possuía cinco princípios fundamentais, que são: planejamento, preparo,
execução, cargos e tarefas e padronização.

2. Teoria da Burocracia (1909): Seu autor foi Max Weber, um jurista e economista alemão que
também é considerado um dos fundadores da sociologia. A teoria da burocracia de Weber possui
fundamentos na racionalidade, o qual visa a análise de maneira formal e impessoal. Essa teoria possui
grande ênfase na eficiência e eficácia, apresentando relações mais autoritárias e normativas. Dentre
suas principais características podemos destacar: a autoridade, formalidade, impessoalidade,
hierarquia e divisão do trabalho.
3. Teoria Clássica (1916): Também conhecida por Fayolismo, a teoria clássica da administração
surgiu na Europa junto com o advento da Revolução Industrial. Ela foi idealizada por Henri Fayol e
se caracterizava pela ênfase na estrutura organizacional, pela busca da máxima eficiência e pela visão
do homem econômico. Junto com sua teoria, Fayol também elencou 14 princípios que para ele eram
fundamentais. Foram eles: divisão do trabalho, autoridade e responsabilidade, unidade de comando,
unidade de direção, disciplina, remuneração, interesses gerais, centralização, hierarquia, ordem,
equidade, estabilidade, iniciativa e espírito de equipe.

4. Teoria das Relações Humanas (1932): Trata-se de um conjunto de teorias administrativas que
ganharam força com a Grande Depressão. Teve origem nos Estados Unidos, como resultado da
Experiência de Hawthorne, liderada por Elton Mayo. A teoria das relações humanas ganhou força a
partir do momento em que o "homo economicus" começou a sair de cena, passando a ser visto como
"homo social". Ela possui três características principais, que são: o ser humano não possui
comportamento mecânico, o homem é guiado pelo sistema social e possui necessidades (segurança,
afeto, aprovação, etc.).

5. Teoria Estruturalista (1947): Surgiu por volta da década de 1950, como desdobramento das
análises de autores que tentaram conciliar as teses da teoria burocrática de Weber, com a teoria
clássica e também das relações humanas. O principal objetivo dessa teoria é o de interrelacionar a
organização com seu ambiente e com outras organizações. Dessa maneira, surgiu um novo foco, o
Homem Organizacional, que possui características modernas, como flexibilidade, tolerância, desejo
de realização, entre outros. Importante citar também que o estruturalismo trouxe consigo outro
importante conceito da administração - a reengenharia.

6. Teoria dos Sistemas (1951): Mais conhecida pela sigla TGS. A teoria dos sistemas é uma
abordagem multidisciplinar, que busca entender as propriedades comuns em distintas organizações.
Foi desenvolvida em meados da década de 50, através dos trabalhos do biólogo austríaco Ludwig von
Bertalanffy. A TGS não busca solucionar problemas, mas sim produzir teorias que criem condições
aplicáveis na realidade empírica. Para ela, o sistema é um conjunto de partes interdependentes que
juntos formam um todo unitário, com um mesmo objetivo e função.

7. Abordagem Sociotécnica (1953): Também conhecido como sistema sociotécnico, ou pela sigla
STS. É uma abordagem que reconhece a interação entre as pessoas e a tecnologia existente nas
organizações, como também entre as estruturas da sociedade e o comportamento humano. O termo
foi elaborado durante a Segunda Guerra Mundial, pelos cientistas Eric Trist, Fred Emery e Ken
Bamforth. Essa abordagem possui quatro princípios centrais, que são: a autonomia responsável,
adaptabilidade, tarefas inteiras e o significado da tarefa. Juntas visam otimizar a produtividade e o
bem-estar dentro das organizações.

8. Teoria Neoclássica (1954): É considerada como um conjunto de teorias que surgiram durante a
década de 1950. Curiosamente, essas teorias da administração buscavam retomar alguns conceitos e
abordagens clássicas, possuindo como principal referência Peter Drucker, William Newman, Louis
Allen, Ernest Dale, entre outros autores. Dentre os principais conceitos da teoria neoclássica, nós
temos a reafirmação das teorias clássicas, a ênfase na prática administrativa, na gestão, nos objetivos
e também nos resultados.

9. Teoria Comportamental (1957): Teve início em 1947, com o surgimento do livro "teoria
comportamental na administração: o comportamento administrativo", que se firmou apenas dez anos
depois. A teoria comportamental, ou behaviorista trouxe uma nova concepção dentro da teoria
administrativa. Ela veio como uma crítica aos princípios da teoria clássica e à teoria das relações
humanas. Dentre suas principais características nós temos a ênfase nas pessoas, a preocupação com
o comportamento organizacional e os processos de trabalho e o estudo sobre a motivação humana
(teoria de Maslow).

10. Desenvolvimento Organizacional (1962): Essa teoria é um desdobramento prático e operacional


da abordagem comportamental, partindo mais para o lado da abordagem sistêmica. O principal autor
deste movimento foi Leland Bradford, que indica a teoria como a fusão de duas tendências nas
organizações- o estudo da estrutura e o estudo do comportamento. A teoria do desenvolvimento
organizacional possui como características: os processos grupais, orientação sistêmica abrangente,
orientação contingencial, retroação de dados, solução de problemas e a interação.

11. Teoria da Contingência (1972): Também conhecida como teoria contingencial. Dentre as teorias
da administração é o ramo que enfatiza a relatividade, ou seja, não existe nada de absoluto nas
organizações ou na própria teoria administrativa. Para ela tudo é relativo, tudo depende. A teoria da
contingência nasceu de uma série de pesquisas realizadas nas décadas de 1960-70. As pesquisas
buscavam entender os modelos de estruturas organizacionais e a eficácia em determinados tipos de
indústrias. Alfred D. Chandler, T. Burns e G. Stalker são alguns dos autores da teoria contingencial.
12. Novas Abordagens (1990): Como toda ciência, a administração também passou por diversas
mudanças e atualizações ao longo de sua existência. E dois fatores contribuíram fortemente para isso,
sendo eles: o avanço tecnológico e a concorrência global (globalização).

Com a evolução das organizações, estas foram obrigadas a implementarem novos recursos,
novos modelos de produção, conceitos de qualidade total, sistemas de programação, novas filosofias
e também da própria cultura administrativa. Dentro desse turbulento ambiente, podemos ter certeza
que a teoria administrativa continuará a ter grande mudanças à frente.

Conclusão - Teorias da Administração

Na medida em que a ciência da administração encara novos problemas e situações, suas teorias
precisam adaptar suas abordagens a fim de mantê-las úteis e aplicáveis no mercado. As teorias da
administração continuam se ampliando e expandindo, levando o aluno a ter certa dificuldade em se
familiarizar com os assuntos tratados pela administração. Pode-se afirmar que a administração é um
fenômeno global do mundo moderno, onde cada organização requer o alcance de objetivos dentro de
um cenário de alta concorrência. A partir disso, as teorias da disciplina que antes possuíam ênfase
apenas nas tarefas, ampliaram seu escopo, englobando diversos outros aspectos do mundo
corporativo.
Após a ênfase nas tarefas, as teorias administrativas passaram a ter destaque na estrutura,
seguindo posteriormente para uma reação mais humanística, com fundamentos e estudos sobre o
comportamento humano inserido no meio corporativo. A partir disso, as teorias da administração
passaram a visualizar de maneira mais ampla o ambiente, buscando entende-lo e aprimorá-lo em prol
das organizações. E somente após o passar dos anos e o desenvolvimento de sistemas e equipamentos
mais complexos, é que as teorias da administração começaram a ter ênfase na tecnologia, uma vez
que o mundo globalizado mostrou a emergente necessidade das corporações de se transformarem.

Autor: Filipe Bezerra


Referências Bibliográficas:
MAXIMIANO, Amaru. Teoria Geral da Administração. Atlas, 2012
CHIAVENATO, Idalberto. Introdução a Teoria Geral da Administração. Elsevier, 2004.

FONTE: Portal do Administrador. Disponível em: https://www.portal-


administracao.com/2017/08/principais-teorias-da-administracao.html. Acesso em: 04 mar. 2020.

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